pertencer

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valĂŠria scornaienchi

pertencer

pequeno diĂĄrio


pertencer Pertencer é uma busca do ser, de se encontrar em meio dos seus. Seus que não são outros, mas seu próprio ser. É um convite para se aproximar e refletir sobre a vida, sobre suas escolhas, para encontrar algo maior. Aquilo que só você é capaz de encontrar, um caminho que não te tira do seu caminho, mas o reforça.




Sublime

Ser Poros Legados Enredos Camafeu Aromas


Sublime. O que pode ser mais sublime que um olhar desinteressado e puro sobre as coisas. O mais difícil é ver o que realmente é e não aquilo que eu penso que é. São julgamentos o tempo todo. Será que ouço o que as pessoas tem a dizer, ou aquilo que quero ouvir? Comunicação frágil. Desgastada. Desprovida de verdade. Parto do princípio que todo mundo dá o seu melhor. Cada um só faz o que consegue fazer. E o limite de um é diferente do limite do outro. As pessoas tem os motivos para fazer ou não fazer algo. É muito comum olhar para o outro e ficar cobrando pelo que o outro não fez ou fez. O que importa de fato não é o que o outro faz ou não, é o que eu faço com o que o outro faz. É como eu lido com as situações. Há uma tendência de sempre olhar para fora. Entender que eu sou responsável por aquilo que me acontece e por aquilo a que me proponho já é uma grande coisa. Olho para dentro e esqueço o outro. Não posso controlar o outro. E nem o que as atitudes do outro vão gerar. Deixo as coisas fluírem. Deixo que se acomodem como for. Eu preciso aprender a conviver com maneiras diferentes de entender a vida, de agir e de me relacionar. Isso vai me fazer parar de gastar energia e ficar querendo controlar tudo ao meu redor. Experimentei pensar diferente, observar o que acontece de fato e não ficar pensando no que vai acontecer se um ou outro não fizerem algo de uma determinada forma, sobrevivi ao experimento. Sou um ser adaptável. Eu só posso me responsabilizar pela minha própria vida, por aquilo que eu digo, penso e faço. Procuro trazer a leveza para as minhas relações, mas não a submissão. Aprendi desde de muito cedo que falar as coisas da maneira certa é a melhor forma de resolver. E ouvir o que o outro tem a dizer sem ficar querendo ter razão é a única forma de uma comunicação não violenta.



Ser. É difícil encontrar quem e sou quando tudo que tenho é um modelo de quem deveria ser. Quando o mundo todo ao meu redor dita o que preciso fazer e como. É difícil acreditar que eu posso não ser nada disso que me falam e ainda assim a vida pode dar certo. Será que o que determina que eu sou bem-sucedido é dinheiro no bolso, bens materiais (carro, casa, uma casa na praia), um bom trabalho? Eu penso que ser é muito mais que ter e que alcançar objetivos coletivos que a sociedade impõe. Ser é de uma liberdade incrível. Ser não tem conta no banco, não tem carro do ano, não tem casa na praia, não tem passar na prova. Tudo isso é o que o outro espera de mim e sempre esperou de mim, ou será que é o que eu acredito que esperam de mim? Encontrar um equilíbrio entre o ter e o ser me parece um desafio. Ou fico muito para lá, envolvida com minhas convicções espirituais, emaranhada num discurso perfeito cheio de falhas; ou fico deixando as vontades escondidas de mim mesma. Quando fui mãe mudei muito. O amor me fez mudar. E pensar que quem eu sou é que vai ajudar minha filha a se encontrar no mundo me fez repensar muitas coisas. Confesso que ela é bem melhor do que eu. O amor é a parte que mais eu compartilho com ela. Quero que ela saiba que eu tenho um amor profundo por ela e muita gratidão por todas as coisas que ela me fez perceber. Para mim ser mãe é ser quem eu sou, me aceitar e dar o meu melhor. Sou aquela mãe que quase não compra nada, mas que está sempre presente. Eu cultivo estar junto como o meu presente para ela. Isso em fez perceber um ser múltiplo. Que quando pensa no outro como pensa em si mesmo oferece o seu melhor. As experiencias vividas com minha filha foram intensas, me fizeram sair de mim e ser outra. Quando ela era pequena, sentia o seu cheirinho, fazia massagens enquanto tomávamos banho de sol, conversava o tempo todo com ela narrando o meu amor. Uma narrativa sem fim. Nos primeiros meses aquele sofrimento de mãe de primeira viagem que não sabe porque o bebê chora, mas depois me acostumei com os tipos de choro. E sabia quando fazer cada coisa. Minha filha teve o que a pediatra chamou de síndrome do entardecer, chorava todos os dias, das 18h as 19h, como um relógio. Três meses ininterruptos. No começo não sabia o que fazer, mas quando descobri resolvi cantar enquanto ela chorava. Cantava canções inventadas em ritmo de canções conhecidas. Já não me lembro mais as palavras, mas eram sublimes e delicadas como o momento pedia. Para acalentar um sofrimento para ela desconhecido. Essas experiencias me fizeram um ser melhor.


Depois ela foi a escola. Esse foi um momento difícil para mim. Eu não acredito em escolas. E submeter minha filha a escola foi um sofrimento. Mas não tive outra saída. Mas isso é um capítulo a parte. E hoje adolescente ela é um ser incrível. Suave, amorosa e muito criativa. Conviver com ela é uma alegria, enche meu coração de amor. As questões que todo mundo fala de adolescentes, eu prefiro não pensar e nem colocar rótulos para que ela possa ser quem é e não quem eu determinar. A liberdade de ser é uma das coisas mais importantes da vida. Eu espero que ela sinta que tem essa liberdade de ser quem ela quiser, e compreenda que desde que ela nasceu, já é. Que as escolhas do seu caminho sejam escolhas da alma e não só do corpo e do material. Desde quando minha filha nasceu eu peço a mesma coisa, que eu seja capaz de aceitar com muito amor as suas escolhas, sejam elas quais forem. Minha filha cresceu com a metade dos avós, isso me entristeceu, meus pais teriam sido avós incríveis. E avós são seres sublimes na vida, são um aconchego, um amor profundo, não há como se esquecer do olhar de uma avó para um neto. É um colo de mãe duas vezes. Eu mostro fotos dos meus pais e conto-lhe histórias, tento manter viva uma história que não esteve presente para ela. Escrevo sobre eles para que ela saiba quem foram e possa se identificar com seus antepassados um dia. Não será o saber que pertence a um todo maior a verdade do ser?



Legado. Qual é a minha contribuição para o mundo? O que eu gostaria de deixar para o mundo quando eu não estiver mais aqui? Perguntas que me pertencem desde muito cedo. Há quem pense só no passado, há quem fique vislumbrando o futuro, mas quem realmente está vivendo o presente é quem pode deixar algo de presente para o mundo. Louis Armstrong deixou sua experiência de ter ido a lua, contribuiu com a ciência, Hilma af Klint deixou suas pinturas para o futuro cheia de significados ocultos, verdadeiras joias espirituais e artísticas, os filósofos, poetas, artistas, escritores deixam suas obras escritas, faladas, vivas sendo disseminadas de post em post, de boca em boca. Essas pessoas só são diferentes de mim porque seguem sua alma, o tempo todo, não se distraem. Acreditam no caminho mesmo que todos digam que não vai dar em nada. Einstein quando estava na escola ninguém poderia acreditar que ele viraria alguém tão importante para física e matemática ele era ruim em humanas e muito à frente do pensamento da escola militar de sua época, mas ele não desistiu. Há gênios, há pessoas dotadas de sensibilidade, há quem seja visionário. Isso não determina que essas pessoas deixem legados. Há internos de sanatórios como o Bispo do Rosário que deixa uma obra incrível. O que todas essas pessoas tem em comum é uma obsessão por fazer algo. Foco. Eu sei que só poderei deixar algo que permaneça se eu tiver foco. Acordo todos os dias e venho para o ateliê. Não me importa se as pessoas vão ver ou não aquilo que eu produzo, mas eu faço. Tenho uma necessidade interna de me comunicar, de inventar novas imagens, de escrever pensamentos e criar conexões que podem parecer desconexas, mas é o amor que eu sinto quando olho a mesa do ateliê cheia de elementos da natureza, ou de desenhos que me faz feliz. Tenho uma vontade incansável de escrever, de desenhar, e de fotografar meus processos. Nada é mais importante. A maior parte das pessoas nem sabe o que eu faço, não compreender, acho que nem eu mesmo compreendo, mas eu preciso fazer. É como uma conexão com algo superior que me transporta para outro lugar. Tenho um comprometimento com os meus objetivos, com minha produção artística, com os textos, é maior do que eu. Se eu tiver que abrir mão de alguma coisa não vai ser da arte. A vida me dispersa quando não estou focada. O tempo é muito precioso para não aproveitar com coisas essenciais. Se aprofundar em alguma coisa é um exercício que ajuda a focar. Pode ser em qualquer coisa desde que a ação seja minha e não do outro. Eu sei que o meu caminho pode abrir caminho para outros. Se a minha luz for capaz de me iluminar será capaz de iluminar o outro também. Só a alma é capaz de transformar o mundo, e a alma está na arte, seja ela qual for. Será que quando a alma se conecta com algo maior, o corpo reage fazendo com arte?


Enredos. Uma ação que puxa outra, outra, outra e vai criando nossas histórias. Cada um com a sua e todos nós com o coletivo. Não posso controlar o que acontece no coletivo ainda mais quando penso em tanta destruição que a natureza já sofreu até hoje. Também não posso mudar o outro. Porque o outro não sou eu. O único poder que tenho de verdade é em relação a mim mesmo. Posso oferecer oportunidades para as pessoas saíram de onde estão, mas nunca a garantia de que elas o farão. Cada um tem seus motivos internos para ficar onde está. Pode ser medo, ignorância, falta de recursos internos que geralmente cria a falta de recursos externos, necessidade de manter o ego alimentado, ficar no papel da vítima ou do salvador entre outros. Eu mesmo já estive nesse lugar, e ora ainda me vejo lá. Me desvencilhar do ego tem sido uma luta diária. Quando percebo, há alguma coisa acontecendo. Me vejo pensando, me sentindo melhor ou pior que outras pessoas, me comparando, me exigindo nem a menor necessidade. É ele, o ego, que ainda está aqui. O cotidiano narra todos os capítulos da minha história, e olhar para os fatos como são me ajuda a pensar onde é que eu ainda estou errando? Qual atitude que me falta? Como posso melhorar? Não tive uma vida com dificuldades materiais, pelo contrário, nunca me faltou nada, mas tive uma vida de perdas e afetos tumultuados. Olhar para os fatos da minha história me ajuda a compreender de onde eu venho e como é possível me reinventar naquilo que mais me dói. A arte faz isso, reescreve a história em signos ocultos e me faz renascer todos os dias como outra. Carrego meu passado numa nuvem longe de mim, ligada por um fio imaginário, e acesso sempre que preciso. As memórias não saem de mim, mas me fazem inteira numa vida de tantos fragmentos. Na vida que eu escolhi não cabe reclamar, não cabe me aborrecer, não cabe me irritar com pequenas coisas, mas cabe falar de amor, de alegria e de convivência. Cabe trocas e verdades. É claro que as verdades nem sempre são as melhores palavras, mas as necessárias. No enredo da minha vida tem histórias de amor não correspondidos e correspondidos, tem histórias de tristeza e de morte, mas também tem muitas histórias de afeto. De palavras delicadas e muito abraço. A história da minha vida é regada por arte, por palavras, sons e imagens de tirar o folego. Tem choro de emoção, de alegria e de tristeza. A história da minha vida só pode ser contada por mim, afinal ninguém melhor do que eu para narrar meus próprios fatos e sentimentos.



Camafeu. Diferente dos séculos passados onde os camafeus tinham imagens de Deusas esse traz consigo vestígios do mar. Fragmentos da natureza. Quais são as coisas que sua alma pede? Minha alma súplica por arte. A joia mais valiosa da vida é a que alimenta a alma. Cada minuto que eu alimento a alma ilumino o mundo com uma luz profunda. A luz do amor. Sinto que estou aqui para isso. Para viver a expressão da alma através do corpo, que é o que me permite me relacionar com o outro e com a natureza. Quando olho para esse pensamento posso me observar, observar o cotidiano, as relações. Será que estou de fato fazendo aquilo que a minha alma pede? Ou será que estou apegada ao mundo material, ao certo e ao errado, ao que parece que o mundo quer de mim? Me parece porque acho que é tudo ilusão. Sempre que eu começo a me questionar sobre tudo chego em nada. Chego à conclusão que passei a vida correndo atrás de tudo e não vou levar nada. Mas se eu for alimentando a minha alma vou levar e deixar luz por onde eu passar. E o que alimenta a alma? Me pergunto isso todos os dias, já alimentei minha alma hoje? E assim vou caminhar sentindo o cheiro do mato, dar um mergulho no mar, abraçar um amigo, dizer palavras de conforto as pessoas, me abraçar, fazer um esporte por prazer, andar descalça, observar o céu, respirar profundamente, desenhar, pintar, esculpir, escrever, fazer arte, meditar, relaxar. Me certifico de alimentar muito bem minha alma todos os dias. Criei essa série de miniesculturas chamadas de camafeus como as joias da natureza, servem para me lembrar que a vida é mais que valores materiais, que a vida é a expressão da alma. E para expressar a alma é preciso delicadeza e sentido. Assim como o camafeu que carrega uma história e o tempo que ela sobrevive em mim.



Poros. Orifício por onde qualquer ser vivo expele substâncias. Quando carrego na vida coisas além do necessário o corpo sofre. Impedido de fluir por excesso de pensamento, excesso de alimento, excesso de sono, excesso de nada ou excesso de tudo. Não é porque algo é bom que o excesso desse mesmo algo também é bom. Excesso de amor próprio me faz não enxergar o outro. Excesso de exercícios faz o meu corpo padecer. Excesso de sono faz a vida desandar. Encontrar o equilíbrio para a saúde do corpo e a alma é um desafio diário. Uma das batalhas travadas diariamente como um ser que quer viver muito. Eu penso que para viver muito preciso estar bem de saúde. Me comparo a uma planta. Preciso de água, preciso de luz, preciso de sombra, preciso do sol, precisa ser podada vez ou outra, preciso de amor para sobreviver. Preciso além disso de uma alma feliz que seja alimentada com a quietude e com a liberdade. Olho atenciosamente para aquilo que coloco para dentro do corpo e percebo que o sai do corpo também me conta coisas sobre mim mesma. Não me acostumo com cenas de violência, nem mesmo com palavras ditas rudemente, os sons são como uma música, precisa de boas palavras, um ritmo agradável e a suavidade de notas. Me libertei da violência quando parei de me agredir. Ainda tenho alguns deslizes que agora me são conscientes. A tolerância é uma virtude que ainda venho trabalhando em mim, as vezes tolero fora e não dentro de mim. A exigência que tenho comigo entope meus poros e não me deixa respirar. Tem hora que sou tão exigente que pareço uma força militar dentro de mim mesma. A consciência me alivia, mas ainda não em deixa livre. Como alguém que tem a intenção de fazer a diferença no mundo, nem que seja para apenas uma pessoa, eu procuro me melhorar, me observar, e me perguntar o quanto de preconceito ainda há dentro de mim? O quanto eu sou capaz de suportar de dor? Como é possível ver tantas desgraças no mundo e não me abalar o suficiente para fazer algo mais concreto? Difícil assumir que não sou o bastante e que me pego pensando em mim enquanto deveria estar pensando no todo. Me negligencio nas pequenas coisas, me coloco no lugar do outro, mas não sou o outro e não sei me sentir o outro de fato. Me sinto uma farsa. Assim mudei o rumo e procuro pensar em mim, e me melhorar, e me resolver como pessoas para assim poder ser alguém melhor para mim mesma. E quem sabe um dia conseguir ser alguém melhor para o outro. O poro expele o suor, e o suor só sai quando estou em movimento, gastando energia, agindo. Preciso descarregar os excessos de tudo para viver a plenitude da simplicidade e, assim poder dar o meu melhor a mim mesmo e ao mundo. E o melhor é sempre o amor e a compreensão de que eu não posso mudar o outro, mas posso mudar a maneira como o vejo e como me relaciono com ele e talvez assim deixar meus poros mais abertos para respirar melhor.



Aromas. Observo a temperatura não para dizer está quente ou está frio, mas para perceber como o meu corpo sente o calor ou o frio, como eu me sinto. Faço o dia se equilibrar com a temperatura, com os fluxos. Eu percebo a minha respiração todas as manhãs, e que cada dia ela está de um jeito. As atividades do meu dia me ajudam a me equilibrar. Se acordo agitada, deixo o dia mais ameno, respiro mais, aumento o tempo entre as coisas. Procuro observar mais a respiração durante o dia, e conversar comigo. O que será que me deixa tão agitada? Na maioria das vezes não é algo do consciente, mas algo oculto. Observo o céu e me deixo ser o céu por instantes. Respirações profundas acalmam minha alma e relaxam o corpo. Observo a vibração do meu corpo. Meu corpo saudável vibra o tempo todo, a energia flui, e eu posso sentir isso. Se não sinto me aquieto e respeito. Diminuo as palavras dentro e fora de mim. Me distancio das pessoas para me compreender melhor. Busco minha quietude interna. Ela está dormindo em algum lugar. Basta encontrar. Me encontro com ela através de uma respiração, de uma música, de um mergulho na água, de um abraço, de uma conexão com a natureza, do contato com a arte, fazendo movimentos prazerosos com o corpo, ou simplesmente estando presente no eu sou. Na essência divina do meu ser. A harmonia do mundo vem de um ser perfeito que existe dentro de mim. De um viver mais com o coração do que com a mente, mais criatividade e amor. Só eu mesma sou capaz de me proporcionar isso. Viver em harmonia depende de me autoconhecer, de perceber quem eu sou no mundo, de que diferença eu quero fazer na minha vida e na vida das pessoas ao meu redor. Eu falo de coisas simples como a gentileza. Ser gentil transforma o mundo. Mas a gentileza precisa começar dentro de mim. Procuro um olhar amoroso para quem sou, sentindo gratidão pela oportunidade de estar aqui e de ser luz no mundo. Não quero ser treva e nem brigar por aí. Quero ser justa, mas o que é de fato ser justa? Nem eu mesma sei. Tenho a intenção de ser justa, de falar o que é preciso, colocar limite numa situação, mas sempre com essa questão dentro de mim, o que é ser justo? É uma tarefa árdua porque se eu não estou consciente o tempo todo, estou reagindo aos meus próprios pensamentos conturbados e ao que acontece fora. Vivo em busca da coragem de olhar pra dentro, me reconhecer e assim enxergar melhor o outro.



Textos e imagens produzidos entre 2019 e 2020 postados no facebook e adaptados para essa publicação. Textos e imagens: Valeria Scornaienchi


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