Revista Varejo Ponto Com

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Ano1 • Edição 1 • Novembro/2010

rotatividade O varejista de sucesso entende a naturalidade da situação, mas se previne treinando os funcionários e oferecendo melhores condições de trabalho


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Sumário

consumidor

bem estar

Atendimento pode conquistar fidelidade e respeito do consumidor, que é cada vez mais exigente

O varejo é um dos cinco segmentos de atividades que mais concentram doenças ocupacionais

7- Cartão de visitas do comércio

economia

inovação

Com a evolução da economia e aquecimento dos negócios, investir na Bolsa de Valores é opção

Redes sociais são utilizadas para divulgar marcadorias e manter o coontato com consumidores

10- Alternativa de renda

30- Novas dimensões no varejo

responsabilidade

negócios

Destinação correta de materiais e substituição de fontes de energia ajudam a preservar a natureza

Empresas familiares porecisam ter critérios e relacionamento profissional no local de trabalho

14- Atitudes que fazem diferença

estado

18- Sorria, você está sendo filmado!

Com a insegurança, varejistas recorrem à sistemas particulares, câmeras e alarmes monitorados

especial

entrevista

36- Bate-papo com Darci Piana

Presidente da Federação do Comércio do Paraná fala da expectativa do comércio para 2010

40- Moda para cachorro

Com mais de 33 milhões de cães de estimação no país, nicho canino luxuoso ganha espaço

40 - produto

18 - estado

7 - consumidor

Com índices de até 20%, o turnover pode ter impacto financeiro e de rotatividade nas empresas

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33- Finalidades em comum

produto

22- Desafio para o sucesso

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26- Ginástica laboral combate dores


M O D E L O


Editorial A primeira impressão é a que fica? Ao se analisar a expectativa do bom desempenho econômico brasileiro para os próximos anos, o comércio varejista se apresenta como um dos fatores determinantes para essa projeção otimista. Além de ter minimizado os efeitos da crise mundial no Brasil, o segmento experimenta o aumento do

A revista Varejo.com é uma publicação experimental mensal dos alunos do quarto ano de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo como atividade da

consumo, principalmente das classes D e E, que pro-

disciplina Projetos Experimentais em Jornalismo.

piciou a expansão do setor e a potencialização do

Editora: Thaís Koga

mercado, com o aumento de postos de trabalho e a

Redação: Francisco Verri, Kristianne Perez, Talita Corrêa e Thaís Koga

criação de empresas varejistas.

Tiragem: 6.000 exemplares

Especificamente em Maringá, o varejo representa quase 40% das empresas e emprega cerca de 20 mil funcionários. Toda a movimentação econômi-

Diagramação: Vander Marques

Centro Universitário de Maringá – Cesumar Av. Guedner, nº 1.610, Jardim Aclimação, Maringá – Paraná – CEP: 87050-390 Telefone: (44) 3027-6360 Home Page: www.cesumar.br

ca afeta a região metropolitana e traz conseqüên-

Reitor: Wilson de Matos Silva

cias para 670 mil pessoas. Por isso, a Varejo.com

Diretora de Graduação: Solange Lopes

Vice-Reitor: Wilson de Matos Silva Filho

vem atender a demanda de informações e atualiza-

Coordenadora de Comunicação Social: Cibele Abdo Rodela

ções para o desenvolvimento do setor.

Rosane Verdegay de Barros

Para auxiliar os comerciários e os funcionários, a primeira edição da revista tem como destaques a entrevista com o presidente da Fecomércio, Darci Piana, para a compreensão da conjuntura do varejo no Paraná e um dos maiores problemas enfrentados

Professor Responsável: Ana Paula Machado Velho Endereço Eletrônico: contato@revistavarejo.com www.revistavarejo.com Proibida a reprodução deste material sem autorização prévia e escrita dos coordenadores. Todas as informações e opiniões são de responsabilidade dos respectivos autores.

pelo setor, a rotatividade de trabalhadores. Além disso, busca-se levar ao leitor não apenas conhecimento técnico ou informações cotidianas, e sim notícias a respeito de economia, bem estar, responsabilidade social e ambiental, entre outros. Ou seja, o principal objetivo da Varejo.com é fazer com que os envolvidos no comércio varejista possam colocar em prática as informações do dia a dia para melhor atender a clientela, seja pelo crescimento pessoal ou do negócio. Por isso, boa leitura! (esq. para dir.) Talita Corrêa, Thaís Koga, Francisco Verri e Kristianne Perez

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Consumidor

Consumidor satisfeito! Sinal de bom atendimento Texto: Kristianne Perez

A qualidade no atendimento ao cliente se tornou primordial no mercado. O consumidor exige cada vez mais cuidado ao ser atendido, além disso, a situação é ainda mais delicada, pois envolve direitos garantidos pelo Código de Defesa do Consumidor. Os empresários devem ter consciência de que um bom atendimento, cartão de visitas do comércio, não

é o diferencial competitivo, mas o fator inicial para um estabelecimento conquistar o respeito e a fidelidade do consumidor. Quando procura o comércio, o cliente só quer ter as expectativas sanadas, de acordo com a consultora de desenvolvimento humano Jane Eyre Colombo da Cruz. Para ela, se o funcionário se preocupa com essas expectativas, o consumidor já sai da loja meramente satisfeito.

O atendimento pode influenciar não apenas na decisão de uma compra, mas também na imagem do comércio, por isso é considerado um fator problemático pelo coordenador de Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos do Cesumar (Centro Universitário de Maringá) Reginaldo Aparecido Carneiro. “É um fator extremamente negativo, quando [o consumidor] é mal atendido.

Você não fala mal do vendedor, fala mal da empresa.” Por isso, o consultor do Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) João Luis de Moura afirma que o atendimento ao cliente é a vitrine da empresa, é a responsabilidade e o tratamento que a loja oferece ao consumidor. O Sebrae oferece consultorias aos empresários, para que tenham

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cuidado com o atendimento. Segundo Moura, não adianta ter somente um bom produto, uma boa fachada e um bom layout do varejo. “O atendimento está dentro do processo macro da empresa, ou seja, o que precisa para ter sucesso dentro dos negócios”, garante. O consultor explica que existem duas fases na orientação para o bom atendimento. A primeira, segundo ele, é a conscientização do proprietário, pois é necessário fazer o levantamento do perfil da pessoa que se está atendendo e verificar as preferências, para a elaboração de estratégias. Já na segunda fase há a capacitação específica do funcio-

A gerente de vendas Anacléia da Silva afirma que o atendimento tem de ser satisfatório tanto para o vendedor quanto para o consumidor, além de o bom relacionamento entre ambos ser a chave para uma boa venda. “O atendimento é tudo. Você pode ter a mercadoria, mas se não atender direitinho, o cliente muitas vezes não volta.” Já para Márcia Tomo, dona de uma loja de roupas femininas e infantis, o vendedor deve ser sempre simpático, pois o bom atendimento começa na maneira de cumprimentar as pessoas. “Senão a pessoa sai rapidinho, você não tem nem tempo de mostrar o que tem na loja, as mercadorias, as variedades e o preço.”

nário. Com a preparação, de acordo com Moura, é possível que os empresários e os funcionários cumpram as linhas de atendimento, que envolvem a cultura da empresa, o modo de se vestir, de se portar, as formas de abordagem e a negociação de preços.

Tipos de clientes A melhor forma de atendimento não é padrão, deve-se levar em consideração as variações dos tipos de clientes. A consultora de desenvolvimento humano Jane Eyre Colombo da Cruz explica que não existem diferentes tipos de atendimento, e sim diferentes perfis de consumidores. Há pessoas que gostam de ter um vendedor sempre à disposição, outras querem ficar à vontade para olhar as vitrines e os cabides. Por isso, é necessário

ter o discernimento e identificar o cliente a distância, segundo Jane. O consultor do Sebrae João Luis de Moura explica que o vendedor não pode estar formatado para atender os clientes. De acordo com ele, cada pessoa deve ser singular para a empresa. Isso determina a customização na hora do atendimento, dando uma flexibilidade e, assim, a fidelização do cliente à empresa e ao próprio vendedor. Conforme Moura, o funcionário precisa estar atento a todos os sinais que o freguês pode transmitir. Exemplo: se o cliente chega à loja, já pede algum produto especifico ou dá detalhes, é que provavelmente já está decidido. “Diferente do cliente que está pesquisando, que ainda não tem uma definição daquilo que quer comprar”, afirma. Procon O Procon (Programa de Orientação e Proteção ao Consumidor) é um órgão administrativo que tem como finalidade solucionar os problemas dos clientes com relação ao consumo. No Procon de Maringá, em 2009, as reclamações sobre o mal atendimento no comércio varejista represen-


Consumidor taram 1,61%, ou seja, 292 reclamações de um total de 18.139 registradas. De acordo com o coordenador de pesquisa e estatística do Procon, Antonio Carlos de Faria, esse número é considerado baixo. Mas acontece, segundo ele, pois o consumidor, ao chegar ao órgão, já está tão desgastado com todo o envolvimento, que fica somente preocupado em resolver os problemas e deixa de lado a questão do atendimento. “Na verdade ele [consumidor] vem buscar a solução, que é a parte mais importante naquele momento”, aponta. No entanto, sem esses dados, outro problema surge, segundo Faria, pois o Procon acaba impedido de estabelecer medidas para resolver esse tipo de reclamação. “Enquanto o consumidor não trouxer essas reclamações, as ações ficam prejudicadas, porque vai aparecer nos índices de estatísticas um número muito baixo.” Para o consultor do Sebrae João Luis de Moura o baixo índice de reclamação é uma questão cultural. Segundo ele, as pessoas no Brasil não estão acostumadas a formalizar as suas reclamações quando não são bem atendidas. “Talvez se isso acontecesse, podería-

mos ter empresas mais preocupadas em dar esse bom atendimento.” Diferencial Há uma variedade de técnicas desenvolvidas para o auxílio do atendimento, de acordo com os objetivos e o público alvo das empresas. Uma que é bastante utilizada atualmente, conforme Jane Eyre Colombo da Cruz, é o atendimento de alta performance. Ou seja, que supera as expectativas dos clientes. Segundo a consultora, busca-se agregar valor extra na passagem do consumidor pela loja, seja por meio de conversas ou dicas sobre o produto. “Não precisa fazer muito, só ter boa vontade em querer atender, sanar as expectativas e oferecer o melhor para o cliente.” Por isso, ela afirma que esse é o atendimento que fideliza o consumidor. Independentemente da escolha, quando há mau atendimento, de acordo com a consultora, todos saem perdendo. O vendedor perde a venda. O cliente pode ter deixado de comprar um produto que lhe interessa por um preço competitivo. O dono da loja perde a venda e os lucros, além de o consumidor insatisfeito poder sair falando mal da empresa.

Na condicional Wilame Prado*

Bons tempos eram aqueles em que, somente quando a camiseta estava rasgada e a calça de moletom esculhambada, a minha mãe, e não eu, via-se forçada a buscar algumas roupas na loja do turco. De repente, voltando de mais um futebol, eis que, em cima da minha cama, havia todas aquelas sacolas, com um monte de roupas novas para mim. Ela, sabendo da minha apatia por lojas e por provadores que nos separam dos olhos alheios apenas por uma cortininha vagabunda, dava-se ao trabalho de escolher uma renca de peças de roupas para prová-las em casa. Ela pegava as roupas na condicional para, no meio daquele bolo de camisetas, blusas e calças, eu escolher uma ou duas peças, no máximo. Hoje, algumas coisas mudaram, caro leitor. A mãe ficou na cidade das lojinhas dos turcos, lá pelas bandas do interior. E eu, entrelaçado com minha mulher, vim para a cidade grande, onde tem até mesmo loja que vende roupas por atacado e que, dificilmente, encontro lojinhas de turcos que nos deixam levar peças de roupas na condicional. Diante disso, estou pensando seriamente em ajuntar uma grana e alugar uma portinha para ela, a mulher, começar a vender roupas também. Pois, já que gosta tanto de comprar, que pelo menos compre naqueles shoppings que vendem por atacado da nossa cidade grande, mas que revenda tudo isso depois para os outros. Lucros, não sei se teremos. O que sei é que, pelo menos, voltarei a experimentar, na condicional, roupas em casa. *Jornalista e cronista do Diário do Norte do Paraná

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Como investir na Bolsa de Valores Texto: Thaís Koga

O otimismo dos especialistas quanto ao crescimento do comércio em 2010 não cria expectativas apenas ao setor. O varejo reflete as condições econômicas. Por exemplo, a expectativa do aumento de 7% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, divulgada pelo Banco Central no relatório Focus, que mede as projeções do mercado, em julho deste ano, apresenta a perspectiva de o Brasil até o final do ano alcançar o sexto maior crescimento mundial. Ou seja, para o comércio, além de melhor desempenho, há a possibilidade de o desenvolvimento estar ligado à melhoria de renda e consumo da população, sendo que o setor é a porta de entrada para os consumidores. O economista Enio Verri, que esteve à frente da Secretaria de Planejamento e Coordenação Geral do Pa-

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raná em 2009, relaciona o bom desempenho do varejo paranaense com o momento da economia e da inclusão social. Isso se dá pelo contexto vivenciado, pois de acordo com o economista, no Estado, o varejo foi o único setor que aumentou os postos de trabalho. Dessa forma, obteve-se saldo favorável, comparado a outros setores. Com relação às expectativas de crescimento no ano, Verri prevê bons momentos. “Se a expectativa do Banco Central e de outros setores do mercado é de um PIB de 7%, ouso dizer que o Paraná pode chegar a 8%.” É justamente na perspectiva do aquecimento da economia que se percebe a evolução nos negócios, gerando o crescimento das empresas. Contudo, é possível acompanhar o bom momento varejista sem ter de abrir um novo empreendimento.

Segundo divulgação do grupo Varejo e Consultoria, devido ao aumento de vendas no último trimestre de 2009 e às expectativas de bons resultados em 2010, as ações das redes varejistas tiveram valorização acima do índice Ibovespa. A Varejo.com apresenta o investimento na bolsa de valores como uma alternativa de renda. Bolsa de Valores Enio Verri explica que, no início do século 20, os padrões econômicos se modificaram, reafirmando o capitalismo. Nesse momento, as grandes obras do século 19, construídas por investidores individuais, inviabilizaramse, tornando necessários investimentos coletivos. Entretanto, ainda não se sabia de onde seria obtido esse capital. É neste contexto que surge a Bolsa de Valores. Tem-se o exemplo do

Grupo Pão de Açúcar. Em 1997, foi a primeira empresa varejista nacional a disponibilizar ações na Bolsa de Valores. Assim, abriu o capital na Bolsa de Valores de Nova York. Quando os interessados compram as ações, a organização capta os fundos necessários para realizar investimentos. As pessoas tornam-se acionistas. Isso quer dizer, segundo o economista José Carlos Bornia, que investir na bolsa é tornar-se sócio de uma empresa. Evidentemente, essa sociedade é relativa à quantia investida na empresa. Por exemplo, quem possui mil ações das Casas Bahia, uma das maiores empresas varejistas brasileiras, recebe o lucro referente a esse montante, porém, não tem expressividade nas decisões da organização. Para isso, é necessário investir milhões de reais. Mas, calma! Não é preciso ter tantas ações para ganhar dinheiro na bolsa. “Acham que consigo ganhar 7% ao mês. Consigo? Consigo. Se faço 7% todo mês, fico milionário em cinco, seis anos”, afirma Felipe Bernardes, consultor de investimentos. O segredo do sucesso, para Bernardes, é a disciplina, a estratégia e, principalmente, o conhecimento.


Economia Para ele, as oportunidades sempre existirão, basta estar preparado para aproveitálas, pois a partir do momento que o investidor sabe os procedimentos necessários para as modificações do mercado, obtém êxito na bolsa. Esse pensamento desmistifica o raciocínio de algumas pessoas que acreditam que, somente quando estão em alta, alcançam-se bons resultados.

O consultor explica que os pregões são inconstantes, ou seja, o encontro dos operadores e a realização de compra e venda de títulos e valores mobiliários em mercado livre. Há dias que se fecha em alta, outros em baixa. Por isso, o conselho é que os investidores tenham paciência, fundamental para estabelecer qualquer estratégia. Justamente por exigir uma tática

Passo a Passo •

Defina o valor que vai

investir. •

Estude

o

funciona-

mento da Bolsa de Valores. •

Cadastre-se em uma

corretora – com carteira de motorista, comprovante de residência recente e conta no banco. •

Estabeleça a estra-

tégia adequada com o corretor. • se

Pesquia

em-

presa

que

quer investir. •

Acompanhe

a

Bolsa de Valores e faça as movimentações.

elaborada, os resultados do investimento na Bolsa de Valores são em longo prazo. Só que para traçar linhas estratégicas, o acionista deve conhecer o mercado e a conjuntura do setor em que se está investindo. Se o varejista não tem conhecimento de como é feito o produto, do valor de fabricação, por que se tornar sócio de uma organização? O economista José Carlos Bornia ressalta que, antes de investir, deve pesquisar aspectos, como o funcionamento da empresa, quais as perspectivas, as mudanças históricas, como são gerenciadas, entre outros. A sugestão é que se invista nas empresas mais tradicionais da bolsa, como a Petrobras, o Banco do Brasil, Grupo Pão de Açúcar ou siderúrgicas, pois são empresas que têm, historicamente, apresentado bons resultados, aumentando a possibilidade de garantir renda maior no final do ano. Só que Bornia alerta que o histórico positivo não é certeza de bons resultados, por isso recomenda a diversificação da carteira de investimentos. Assim, diminui-se o risco de ficar zerado. Quando se pensa nas incertezas da bolsa, pode-se utilizar o ditado: “nunca coloque todos os ovos em uma

mesma cesta, pois se cair, quebrará todos”. Riscos O receio das pessoas ao investir não é só pelo medo de não ter retorno na compra das ações, mas também de ficar no prejuízo. Segundo o economista Claudir Rheinheimer, no investimento há dois fatores: o risco e o retorno. Logo, quando se busca adquirir fundos de curto prazo, não há como eliminar alguns riscos. Já no momento em que se tomam caminhos mais seguros, o retorno tende a ser menor. Devido às incertezas, também é fundamental estar contextualizado às informações econômicas no dia a dia, pois estas afetam as transações da bolsa. Enio Verri explica que, apesar de o momento brasileiro ser ótimo, ainda deve-se ter cautela ao se investir, já que a bolsa é suscetível a especulações. Ele exemplifica supondo a confusão que ocorreria caso o presidente Luiz Inácio Lula da Silva renunciasse. O desenvolvimento econômico manteria o ritmo, mas o mercado brasileiro entraria em crise, visto as incertezas no curso do Brasil. Logo, traria consequências para investidores de todo o mundo.

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Sustentabilidade; bom para o varejo, melhor

A loja feminina Joyful é exemplo de sustentabilidade; a iniciativa vai desde a utilização da matéria-prima para a produção de roupas até a decoração

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De todas as obrigações que as pessoas físicas e jurídicas têm de cumprir, nada é mais comentado, atualmente, do que a responsabilidade socioambiental. Com inúmeras campanhas realizadas para a conscientização e diversos desastres naturais acontecendo, cobram-se atitudes não apenas dos governantes, mas também das grandes empresas e da sociedade em geral. Por isso, é importante saber que, mesmo sem ter um grande estabelecimento, pode-se fazer a diferença e contribuir para a preservação do meio ambiente. O impacto do comércio varejista no ambiente tem, como toda a atividade humana, determinados conflitos. Por mais insignificante que pareça, algum aspecto será modificado no futuro e, sempre se pode melhorar as práticas e tornar as atitudes sustentáveis. De acordo com o promotor do Meio Ambiente de Maringá, Manoel Ilecir Heckert, o princípio da relação entre o comércio e a natureza é: quem gera o lixo tem de dar a destinação correta a esse material. Portanto, independentemente do setor em que se trabalha,

o proprietário tem de saber administrar os dejetos para que estes não prejudiquem a sociedade e o meio ambiente. Em Maringá, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente lançou, no ano passado, o Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos, um sistema de gestão ambiental que informa aos empreendedores as responsabilidades legais e ambientais para o gerenciamento dos resíduos gerados. Dessa forma, busca-se minimizar a produção do lixo e garantir encaminhamento seguro, a partir de bases científicas, técnicas, normativas e legais. De acordo com a consultora Julimari Bonvecchio, os resíduos devem ser destinados à reciclagem corretamente e somente o lixo orgânico deve ser deixado sob a responsabilidade da coleta municipal. Além disso, os aparelhos eletrônicos, celulares e baterias devem ser entregues direto ao fornecedor. Além da reciclagem, atitudes consideradas pequenas podem ser realizadas pelo estabelecimento para diminuir o impacto causado no meio ambiente, como a


Responsabilidade

para o meio ambiente

Texto: Thaís Koga

contensão de energia, água e luz. Para a consultora, as empresas podem criar mecanismos para substituir as fontes de energia, como a utilização de lâmpadas econômicas, buscar inclinação solar, utilizar portas amplas, entre outros. Para os varejistas interessados em alternativas sustentáveis ou de menor conflito ambiental, o arquiteto e professor de sistemas urbanos Igor José Botelho Valques dá algumas dicas. Novas construções O primeiro cuidado a ser tomado ao se construir uma edificação é a escolha do terreno correto, segundo Igor José Botelho Valques. Para isso, é necessário verificar a relação da terra com os condicionantes tópico climáticos. Ou seja, deve-se evitar mexer na topografia da área, pois assim não se atrapalha o escoamento das chuvas. Também é necessário perceber a relação do terreno com a insolação e a ventilação. Depois disso, um arquiteto deve posicionar a construção, para que tenha conforto ambiental. De acordo com o professor, esse conforto ajuda o estabelecimento a

ter a iluminação e ventilação naturais, além de ter a possibilidade de as águas pluviais serem utilizadas. Para a captação da água da chuva, é possível fazer uma cisterna, ou seja, um reservatório, e essa água ser usada no vaso sanitário ou regar uma pequena área de jardim. Além disso, Valques lembra que, todas as obras, inclusive as comerciais, têm de ter, pelo menos, 10% de área permeável. Outro recurso sustentável é fazer uma entrada no telhado, que pode ter duas funções: a possibilidade de iluminação em horários diferenciados do dia e o insuflamento de ar natural, que evita o condicionamento de ar. Dessa forma, impede-se o ambiente salubre, ou seja, o ar viciado. Se o comerciante estiver disposto a investir, vale a pena mexer na automação. Pode-se determinar horários para acender e apagar as luzes ou deixa-las mais fortes ou fracas, conforme a necessidade. Ainda há a instalação de sensores de temperatura para, quando chegar em determinada intensidade, o ar condicionado pare de funcionar e fique constante. Além

Além do cuidado com a matéria-prima, a loja investiu na distribuição de luz solar no interior do ambiente para diminuir o gasto com a energia elétrica

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do investimento em torneiras de pressão, vasos sanitários com caixa acoplada, em que se pode escolher liberar três ou seis litros d’água e a instalação de hidrômetros individuais. Desse modo, é possível fazer, de acordo com o arquiteto, “desde o início, uma obra voltada à

“Vários elementos podem maximizar a utilização dos recursos, sem tirar muito do meio.” Por fim, existe o teto verde, uma laje, inclinada ou não, impermeabilizada, onde se coloca uma quantidade de terra e grama. Isso ajuda na captação de água.

sustentabilidade, até a eficiência energética”. Há ainda a possibilidade de usar um gerador eólico de tamanho reduzido, para colocar nos telhados. Voltado aos ventos predominantes, consegue-se gerar energia, apesar de pouca. O gerador suporta aparelhos ligados constantemente, como um freezer ou uma câmara fria.

Reformas A maioria dos varejistas já está estabelecida em locais construídos. Nesse caso, a alternativa para ajudar o meio ambiente é reformar a edificação. Quando se está em uma construção, usada ou antiga, a primeira atitude a ser feita é a averiguação dos cabos elétricos. Além disso, uma decisão

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simples, mas que faz diferença, é trocar o uso da lâmpada incandescente para a fluorescente ou de led. Apesar de a lâmpada de led ser mais cara, o custo benefício compensa. Segundo Valques, gera-se uma luz mais forte e a redução efetiva no gasto com a energia elétrica. Outra atitude simples é a utilização de eletrodomésticos com selo A, pois gasta menos energia. Quanto à estrutura da edificação, não há o que ser feito, de acordo com o arquiteto. Geralmente o local do comércio é alugado e é complicado efetivar uma obra e ter de se mudar para construir ou realizar o inves-

timento do qual não será dono. No entanto, ele explica que, caso seja possível fazer pequenas modificações, uma delas é tentar aumentar a área envidraçada, para o ambiente receber mais luz. Outra mudança viável é a troca de metais sanitários pelos de pressão, que pode diminuir em até 50% o consumo de água. De acordo com Valques, até as cores influenciam. “Se o comércio precisa de um ambiente um pouco mais gelado, você vai pintar de preto por fora e colocar o ar condicionado no máximo? Não!” Segundo Igor José Botelho Valques, os custos são relativos. Entretanto, em


Responsabilidade uma edificação de 150 m², a automatização custa cerca de R$ 15 mil. Na mudança dos metais sanitários, quase não há diferença de preço e, se o varejista optar pelo metal de pressão e caixa acoplada, “talvez até fique mais barato do que o convencional”. Na iluminação, gasta-se um pouco mais nas lâmpadas, mas compensa devido ao maior tempo de vida útil. “Com relação à energia eólica, é caro, mas não é nada absurdo.” Custo benefício Caso a edificação seja nova, o Igor José Botelho Valques diz acreditar que o valor do imóvel aumente de 10% a 15%, se tiver elementos sustentáveis. Por isso, ele afirma que, se todos fizessem sua parte, em certo momento todo o custo não vai existir, pois as atitudes terão se transformado em algo natural. “A tendência vai ser que todos os elementos já sejam certificados, sejam verdes. Mas ainda não estamos lá. Então, a opção é gastar um pouquinho mais. Estou fazendo dois favores: um ao meu bolso e outro à natureza.” Futuro Os investimentos realizados pelos varejistas po-

dem não parecer suficientes, imediatamente. De acordo com o economista José Cláudio de Freitas Cruz, a curto prazo não se vê resultado nenhum, pois não se percebe o que se faz no momento. Para ele, as conseqüências serão sentidas no futuro, quando faltar água potável e o custo for muito alto, por exemplo. “Na realidade, o que estamos fazendo hoje, não usando atividades que sejam sustentáveis, é gastando a nossa poupança de amanhã.” Penalidades As pessoas que não cumprem o Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos ou agridem o meio ambiente de alguma forma podem sofrer multa ou processo, de acordo com o promotor do Meio Ambiente de Maringá, Manoel Ilecir Heckert. Na primeira, o município faz um auto de infração e aplica a multa. O valor estabelecido é baseado nas leis municipais. Também se pode sofrer uma penalidade de ordem criminal, segundo o promotor. Isso acontece quando se ultrapassa os limites legais, então o indivíduo responde por crime ambiental e as penas variam de três meses até um ano de detenção.

Consumidor consciente Marino Elígio Gonçalves*

A Natureza é o manancial de recursos para a sobrevivência e o desenvolvimento do ser humano. Não há vida sem água, ar, alimentos, minerais, remédios etc. Esses recursos são encontrados no ambiente ou processados a partir deles. Acontece que o ser humano em sua busca frenética pelo lucro apartouse da Natureza. Agiu irracionalmente e provocou sério desequilíbrio ambiental - o aquecimento global é real. O meio ambiente está ligado ao direito fundamental à vida. No Brasil, recebeu tratamento especial no artigo 225, da Constituição Federal, que dispõe que todos têm direito ao meio ambiente sadio e equilibrado, sendo essencial à qualidade de vida, cabendo aos governos e à coletividade o dever de defendê-lo para as presentes e futuras gerações. Mas, contrariamente, o que se vê é o aumento da degradação ambiental. A situação é grave e exige mudanças. O ser humano sabe o que é certo e errado. Tem, portanto, a capacidade para a transformação. Agir como consumidor consciente é uma boa iniciativa. Assim, deve estar atento às formas sustentáveis de produção daquilo que consome, não adquirir produtos advindos de exploração irregular de florestas, exigir a identificação de produtos transgênicos, optar por alimentos isentos de agrotóxicos e evitar o desperdício. São pequenos gestos que no conjunto fazem a diferença. Experimente falar com o gerente de seu supermercado sobre esses pontos. Exija seu direito ao meio ambiente sadio e equilibrado. *Advogado e professor de Direito

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Quanto vale a segurança A insegurança não é mais um problema dos centros urbanos. Discute-se abertamente as situações que acontecem, quais as causas, as consequencias e o que pode ser feito. Tanto que, em ano de eleição, a segurança é um dos temas mais abordados pelos candidatos, nas esferas estaduais e nacional. De acordo com dados do Ministério da Justiça, o total de gastos realizados pelos governos estaduais em segurança pública aumentou consideravelmente em apenas quatro anos. Subiram de R$ 24 bilhões para R$ 33,5 bilhões, entre 2005 e 2008. Em relação aos gastos por habitante, houve crescimento de 36%, passando de R$ 130,52 para R$ 175,95. No Paraná, os números subiram de pouco mais de R$ 853 milhões para R$ 1.154 bilhão no mesmo período. O aumento do investimento em segurança pública, ou seja, na aplicação de dinheiro em medidas de pre18

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caução para assegurar à população evitar riscos de vida e perdas de patrimônio, além da liberdade garantida pela Constituição, deveria oferecer tranquilidade ao cidadão. No entanto, é cada vez mais comum o comércio varejista, as empresas e os domicílios recorrerem à segurança privada. O artigo 144 da Constituição Federal Brasileira diz que a segurança pública é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos e deve ser exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, por meio de órgãos como o Conasp (Conselho Nacional de Segurança Pública), Corpo de Bombeiros, além das polícias Federal, Civil e Militar. Os órgãos participam da organização e funcionamento da administração pública federal para o desenvolvimento do programa de cooperação denominado Força Nacional de Segurança Pública. Dados divulgados pela Sesp (Secretaria de Estado

da Segurança Pública do Pa- proteção e liberdade são raná), indicam que as ações significativamente atrelados de investimento para a segu- aos grupos sociais em que rança no Estado são de combate às drogas e à corrupção policial, gestão de investimento em tecnologia, implantação do policiamento comunitário e promoção da cidadania. D e s s a maneira, a definição de segurança pública acaba sendo ampla e, analisada dentro do contexto, implica uma relação direta com a educação, a saúde, o desenvolvimento econômico, as políticas públicas, entre outros. Como os A Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) e sentimentos de


Estado

do meu estabelecimento? Texto: Talita Corrêa

nante no conceito de segurança. Justamente por isso, as pessoas têm buscado aderir a sistemas particulares de segurança, como alarmes monitorados por empresas, guardas que fazem rondas em casas e estabelecimentos comerciais nos horários mais suscetíveis à ação criminosa, lojas vigiadas por câmeras, alarmes antifurto, implantação de cercas elétricas, dentre outros. Segundo o coronel Antonio Tadeu Rodrigues, presidente do Conseg (Conselho Comunitário de Segurança de Maringá), atualmente é estima alta de 70% na segurança eletrônica nos próximos três anos comum ao emas pessoas estão inseridas, o desenvolvimento econômico acaba sendo fator determi-

presário fazer a segurança individualizada, entretanto, nem todos os artifícios utilizados solucionam o problema, como a instalação de câmeras. Antonio Rodrigues explica que a câmera registra a ação criminosa, mas somente depois de o evento ter sido consumado, poderá auxiliar as autoridades nas investigações referentes ao caso. Ele evidencia que, em muitas ocasiões, o material gravado é arquivado no próprio estabelecimento alvo dos criminosos para, em seguida, as provas serem destruídas. A iniciativa para a procura de alternativas de segurança privada é cada vez mais comum, de acordo com o professor de economia da UEM (Universidade Estadual de Maringá), Jaime Trintim, pois as pessoas procuram proteger a família, o domicílio e o estabelecimento comercial. “É como se o Estado não estivesse presente. Então, crescem as ações in-

dividuais, as pessoas ficam a mercê dessas ações.” Por essa preocupação individualizada, Delana Gerke Martins, gerente de uma loja de equipamentos eletrônicos, afirma que sempre há procura por produtos como câmeras e cercas elétricas. No entanto, na maioria dos casos, a procura ocorre depois de algum incidente. “A procura é sempre a mesma [constante], mas só acontece depois que alguém chega e rouba sua casa ou algo assim”, conta. Só que é preciso cuidado e bom senso para combater a insegurança. Se um dos princípios de segurança pública é a garantia de liberdade à população, o resultado pode ser o contrário do planejado e o indivíduo acaba sendo refém da própria situação criada. Delana Martins explica que, muitas vezes, oferece o serviço de cercar todo um estabelecimento. “Assim, as pessoas vivem em uma prisão, mais ou menos.” www.revistavarejo.com

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M O D E L O


Especial

A casa caiu, e agora?

Texto: Francisco Verri

A rotatividade, que pode chegar a 20%, assusta os varejistas. A mรฃo de obra estรก cada vez mais escassa, obrigando maiores esforรงos no treinamento www.revistavarejo.com

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De pernas para o ar Realidade no varejo, a mudança constante de funcionários pode prejudicar o comércio e incomodar os consumidores. Quantas vezes o comerciante não perdeu aquele colaborador, que dava bons resultados, para o concorrente ou, por algum outro motivo, teve de ouvir o cliente reclamar? Esse fator, que representa um dos grandes desafios para o sucesso das empresas, tem

nome: turnover ou rotatividade de funcionários. Reginaldo Aparecido Carneiro, coordenador do curso de Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos do Cesumar (Centro Universitário de Maringá) define a rotatividade de pessoal como a entrada e a saída de funcionários de uma empresa, ou seja, demissão versus admissão. Para o professor de administração da UEM (Universidade Estadual de Maringá) Osmar Gasparetto a situação representa uma anomalia no mercado ou na organização. Se o mercado está aquecido, a tendência é de o colaborador procurar outro emprego que lhe agrade, já que cresce o número

Em muitos casos, o comércio varejista é a porta de entrada dos jovens no mercado de trabalho, pois buscam experiência, qualificação e renda extra

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de opções e alternativas. Caso esteja menos ativo, a disposição é de se manter no posto de trabalho. Em relação à saída dos funcionários das instituições, o principal motivo se dá por problemas internos ou pela demissão. A situação vivenciada pelos azulejistas, atualmente, ilustra o que diz o professor. Com a expansão da construção civil no Brasil, a venda de azulejos aumentou. Entretanto, pela marginalização da profissão, não existe mão de obra suficiente e, consequentemente, esses profissionais são valorizados. A disputa por azulejistas cresce e os profissionais podem escolher a empresa que melhor atende seus anseios, aumentando a rotatividade. De acordo com a assessora de Apoio e Desenvolvimento em Recursos Humanos da Acim (Associação Comercial de Maringá), Dayane Silva, este ano o índice de turnover no perfil de vendas é de 17%, enquanto no administrativo é de apenas 5%. Esses números acabam tendo impacto financeiro e de produtividade. O primeiro ocorre motivado

pelos gastos que o varejista tem no treinamento e nos deveres trabalhistas com os funcionários. Já a produtividade é prejudicada pela lacuna deixada pelo colaborador ausente e pelo tempo de preparação de um novo profissional. Para ela, a dificuldade em qualificar o vendedor, adaptando-o aos valores da organização, prejudica a relação entre consumidor e o varejo, contribuindo para a insatisfação do cliente e resfriamento nas vendas no comércio. No entanto, os profissionais também devem ter consciência do papel que exercem em uma organização. O presidente do Sivamar (Sindicato dos Lojistas do Comércio e do Comércio Varejista de Maringá e Região) Amauri Leal lamenta a despreocupação em se especializar no varejo, principalmente dos jovens. Ele afirma que eles procuram apenas experiência ou renda enquanto fazem faculdade ou por períodos determinados, como no Natal. Motivos Leocides presidente do

Fornazza, Sincomar


Especial (Sindicato dos Comerciários de Maringá) explica que o salário, a falta de ginástica laboral, a carga horária e ter de trabalhar em feriados e fins de semana são os principais motivos para que os colaboradores procurem outro emprego. Por isso, “o empregado não vê a hora de dar seis meses e requisitar o seguro desemprego”, afirma. Para ele, o setor mais crítico são os supermercados, lojas abertas por, aproximadamente, 17 horas, e que mantém expediente também aos sábados, domingos e feriados. Dessa forma, a vida social do funcionário é prejudicada, já que, apesar da carga horária pré-estabelecida, não há rotina fixa. Outro aspecto evidenciado por Fornazza é o desgaste físico, pois há uma repetição de movimentos. Como são poucas as organizações que oferecem tempo para alongamento, algumas doenças podem ser desenvolvidas, como a LER (Lesão por Esforço Repetitivo) e o Dort (Distúrbios Osteo-Musculares Relacionados ao Trabalho). O presidente do Sincomar afirma que o piso salarial dos comerciários é de R$ 588. No entanto, ele diz acreditar que o salário deveria ser de R$ 815 e,

para o funcionário de serviços administrativos, o valor seria R$ 1.200. As quantias estabelecidas pelo sindicato têm referência nos estudos do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e

para uma profissão”, revela Késsia Stremmer, gerente de marketing de uma rede de supermercados. Por esse motivo, o empregado que receber R$ 50 a mais ou uma cesta básica, provavelmente

Com a economia em boas condições, a tendência é que o funcionário busque outro emprego que lhe agrade, já que cresce o número de alternativas

Estudos Socioeconômicos). A questão salarial é um fator determinante na escolha do local de trabalho. “Ninguém nunca sonhou um dia ser operador de caixa, faxineiro. É diferente de se preparar

trocará o posto e trabalho. Segundo Dayane Silva, assessora de Apoio de Desenvolvimento de Recursos Humanos da Acim, o funcionário observa o estabelecimento em que irá tra-

balhar e busca informações, quer saber se o comércio é grande, se paga em dia, se o fluxo de caixa é correto, se cumpre as promessas com os clientes, entre outros. Mão de obra No Brasil, o nível de desemprego vem regredindo, segundo Osmar Gasparetto, contudo ainda existe um alto número de vagas ociosas. Ou seja, falta mão de obra especializada. Dayane Silva expõe a necessidade de trabalhadores operacionais, como soldador, costureira, azulejista, entre outros. Para a assessora, um soldador ganha, em torno de, R$ 1.200. Ganhando bem acima que a mão de obra administrativa, que ganha em média R$ 700. Isso ocorre devido aos poucos profissionais operacionais e ao grande número de administrativo. Kyria Rebeca Moreno Brambilla, consultora em recursos humanos, explica que, atualmente, os trabalhadores não têm visão de carreira, por isso, qualquer problema na organização ou uma proposta um pouco mais vantajosa, os leva a abandonar a empresa. Ela expõe que algumas pessoas, logo ao se inserir no novo posto de trabalho, já deiwww.revistavarejo.com

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Alguns fatores podem amenizar o turnover, como a liberdade de diálogo entre patrão e colaborador; estabelecimento de plano de carreira e a qualificação

xam currículo, atrás de outro emprego. “Tanto as pessoas com menor escolaridade, quanto as mais novas, são imediatistas, não esperam para fazer carreira naquela empresa”, afirma Kyria. A consultora destaca a qualificação da mão de obra que vem de São Paulo, pois um grande número de trabalhadores daquele Estado vem buscar emprego em Maringá. O diferencial, para ela, é a bagagem trazida pelos paulistas, que têm 24

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experiência e visão diferente da encontrada na cidade. Outra questão preocupante é o despreparo dos funcionários maringaenses. De acordo com Kyria Brambilla, isso dificulta a instalação de grandes empresas de outras regiões em Maringá, pois há a procura dos empresários, mas a mão-de-obra não atende as exigências das organizações. Para evitar os problemas causados pelo turnover, o primeiro passo é se

programar para enfrentá-lo. Segundo Osmar Gasparetto, como o varejista conhece a média de rotatividade, deve-se contratar um número maior de funcionário para suprir as necessidades da organização quando um colaborador sair. Saber contratar também é um fator determinante. O coordenador do curso Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos, Reginaldo Carneiro, expõe que o proprietário tem de identificar o perfil do empregado

e colocá-lo em uma função que enalteça as características desejadas. Por exemplo, se a pessoa é carismática e dinâmica, não adianta colocá-la sozinha em um ambiente. Dessa maneira, a chance de o funcionário ficar insatisfeito e sair da empresa são maiores. Como amenizar O presidente do Sivamar, Amauri Leal, ressalta que se os colaboradores estão infelizes, a franqueza en-


Especial tre empresário e empregado é essencial. Para ele, deve haver um canal aberto de ambos os lados, para o diálogo desde a contratação e situação do ambiente de trabalho até a reivindicação na melhoria do salário. Por meio da conversa, os varejistas devem tentar reverter todo o pedido de demissão, segundo a gerente de marketing Késsia Stremmer. Ela afirma que, se o pedido for motivado por uma cesta básica ou pelo aumento salarial, deve ser feito um esforço para a manutenção do funcionário. A política também serve para os que forçam ser demitidos, para a obtenção do fundo de garantia. Para o desenvolvimento de um bom ambiente de trabalho, fundamental às organizações, a especialista em comunicação organizacional Cibele Abdo Rodella indica a comunicação horizontal, pois valoriza a participação dos funcionários e os insere nas decisões da empresa. Para a especialista, esse processo é denominado comunicação interna e traz grandes resultados para o comércio. No entanto, é preciso cautela no desempenho da comunicação, senão as conseqüências podem ser desastrosas. Por isso, a assessora de imprensa do

Cesumar, Valdete São José, ressalta a importância da contratação de um profissional da área para desempenhar a comunicação em uma empresa com grande número de funcionários. Já para os pequenos empreendedores, ela sugere a escolha de um empregado carismático, que consiga ter diálogo com os colegas de trabalho e com o próprio chefe. Além disso, estabelecer um plano de carreira é fundamental para o sucesso. Para Késsia Stremmer, a condição de crescer dentro da empresa e a possibilidade de assumir uma nova responsabilidade contribui para o desempenho e a permanência do funcionário. Entretanto, para o plano de carreira dar certo, é essencial investir em treinamento e em conhecimento. Um dos conselhos da gerente é incentivar os colaboradores a continuar estudando e, quando possível, investir e auxiliar no pagamento de cursos, ou até mesmo pósgraduações. Segundo Dayane Silva, a rotatividade pode ocorrer em qualquer instituição, mas, ao se qualificar os trabalhadores, o risco acaba sendo menor , por isso, independentemente se o colaborador ficar ou não, devese qualificar.

Redução da rotatividade Amauri Donadon Leal*

O varejo desempenha importante papel na economia. Em Maringá o peso do setor é ainda mais evidente porque a cidade polariza uma região de, aproximadamente, 127 municípios. Além do fato de ser uma porta de entrada para o mercado de trabalho. É comum o jovem que procura o primeiro emprego encontrá-lo no comércio, um setor que emprega muito e oferece ao trabalhador a oportunidade de se profissionalizar. É justamente esta característica que explica, em partes, a rotatividade de mão de obra que existe no setor. Muitos os que encontram o primeiro emprego acabam migrando não só para outros setores de atividade, como também para outras empresas do mesmo segmento. Sem contar que nesta fase da vida, o jovem está propenso a buscar novas experiências e isso se reflete na vida profissional. Além disso, é comum universitários buscarem a oportunidade de ter uma renda extra enquanto cursam o ensino superior. Depois de formados, estes jovens saem em busca de emprego na profissão que escolheram. A profissionalização é o caminho para reduzir a rotatividade no comércio porque, além de capacitar o trabalhador, pode revelar grandes talentos na área e levar muitos a escolherem o varejo como alvo das carreiras profissionais. Por conta disso, o Sivamar, em parceria com o Senac, o Sesc e o Sebrae, tem investido na capacitação para comércio. Este serviço, além do benefício para o lojista, reverte-se também em incentivo para o fortalecimento do comércio como um todo. *Presidente do Sivamar

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10 minutos: tempo para boa forma do colaborador

Texto: Thaís Koga

Em um cotidiano atribulado, preza-se cada vez mais por momentos de calmaria. Isso inclui o ambiente de trabalho, pois as pessoas passam, pelo menos, 30% (8 horas) do dia envolvidas e comprometidas com os afazeres trabalhistas. Por isso, a maneira como o funcionário lida com essa atmosfera é determinante para o próprio bem estar. Estresse, fadiga, cansaço e mau humor são apenas alguns dos sintomas decorrentes da insatisfação no trabalho. No entanto, é necessário tomar precauções para que a situação não se transforme em uma doença. Ainda pouco conhecida, a Síndrome de Burnout é um tipo de estresse e faz com que o empregado tenha perdas emocionais, gerando agressividade, desinteresse e frustração, além das perdas fisiológicas, tais como as dores musculares, falta de apetite e insônia. Devido aos problemas, perde-se rendimento e motivação para as responsabilidades da ocupação. Cientes da perda iminente, as empresas buscam alternativas para melhorar a condição de vida 26

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dos funcionários. A inserção da ginástica laboral no ambiente de trabalho é uma delas. Isso ocorre devido às evidências de que o número de doenças ocupacionais é crescente, segundo dados do Ministério da Previdência Social. Uma delas é a LER (Lesões por Esforço Repetitivo), uma das ocorrências mais omitidas pelos empregadores. O comércio varejista é um dos cinco segmentos de atividades que mais concentram o problema, Os demais setores são intermediação financeira, a montagem de veículos, os serviços às empresas e os alimentos e bebidas. A ginástica laboral é a atividade física praticada em horário de expediente, que visa oferecer ao funcionário melhores condições de saúde e aproveitamento no trabalho. De acordo com o educador físico Douglas Lopes de Almeida, a ginástica envolve exercícios desde a correção da postura até movimentos de flexibilidade com musculaturas específicas. Ele cita um dos exercícios mais comuns para os varejistas: o alongamento do quadríceps, que é o músculo

da coxa. O varejista, normalmente, fica bastante tempo em pé, sobrepondo o peso nos joelhos e nos tornozelos. “Então eu procuro alongar o quadríceps, que é a musculatura auxiliar, para a pessoa ter um relaxamento, que auxilia na articulação do joelho e também a panturrilha.” Apesar do pouco tempo de exercício, em média são 10 minutos de duração, de duas a três vezes por semana, a prática faz a diferença. Segundo Adelson de Souza Lipoli, o número de atestados médicos diminuiu cerca de 30%, pois a ginástica laboral previne contra alguns problemas. Já a funcionária da empresa Fernanda Accorsi afirma que demorou para participar das atividades, pois acreditava que eram ineficazes. Ela explica que, mesmo praticando exercícios físicos fora do horário de trabalho, sentia dores e tensões por ficar sentada na mesma posição o dia inteiro. “No começo eu tinha um pouco de preconceito, achava que não funcionava porque é rápido. Fiz a primeira vez e quando voltei meu rendimento já começou a ficar melhor”, conta.


Bem Estar Influenciadores A professora de Psicologia do Trabalho Regiane Cristina de Souza ressalta a importância de períodos de lazer no trabalho, pois quando se proporciona que os funcionários expressem a criatividade, ou seja, os momentos livres, eles conseguem retomar as atividades para as quais são cobrados. “Eles [empregados] desejam um tempo em que não sejam só cobrados pela meta. Isso dá retorno também ao ambiente de trabalho.” Além de momentos mais tranqüilos e atividades físicas, outros fatores influenciam o bem estar físico dos funcionários, o bem estar psíquico e o social. Segundo o professor de Psicologia do Trabalho Jorge Manoel Cardoso há uma unidade próxima entre os dois primeiros. Ele exemplifica que, se o empregado está satisfeito do ponto de vista físico, a ginástica laboral vai desenvolver hábitos saudáveis e, consequentemente, cuidados com a saúde mental. Já o bem estar social decorre da cultura e do clima organizacional, ou seja, como as pessoas lidam com as regras e valores da empresa, conforme a professora de Administração de Recursos Humanos, Gláucia de

Souza Munhoz. Dessa forma, a convivência com essas normas pode trazer, ou não, identificação e insatisfação, resultando em vários outros problemas. O professor Cardoso vai além. Ele explica que é por meio do trabalho que projetamos as expectativas de vida. “Determina onde moro, como vou ao trabalho, como me visto, o que faço nas horas extras e de folga. Então o trabalho é essencial na nossa vida. Não dá para pensar no ser humano sem o trabalho.” Contraponto Ao se debater a intenção dos incentivos propiciados aos funcionários no ambiente de trabalho, a pauta de discussão é polêmica. Argumenta-se que os proprietários, em sua maioria, estão preocupados mais com a diminuição de produção e rendimento do que com a saúde e bem estar dos empregados. Esse é um dos lados a serem expostos. De acordo com a professora de Psicologia do Trabalho Regiane Cristina de Souza as pessoas satisfeitas têm melhor rendimento, porém, entra-se na discussão da estrutura histórica do capitalismo, já que as empresas também têm como objetivo que o funcionário trabalhe melhor

para obter em retorno. A professora de educação física, da disciplina Teorias do Lazer, Elizandra Garcia da Silva, afirma que a ginástica laboral está cumprindo um papel importante para a estruturação da sociedade. “O sistema capitalista passou por uma crise forte na década de 1970 e, depois, a ginástica laboral passou a ser muito utilizada.” Isso acontece, segundo ela, porque os trabalhadores têm que render cada vez mais em um curto período de tempo. Elizandra destaca que as iniciativas tomadas pelas companhias, especificamente com a ginástica laboral, é no sentido de diminuir os afastamentos por complicações médicas, já que, algumas vezes, as empresas não cumprem os padrões de segurança no trabalho e os funcionários realizam esforços repetitivos. “Algumas atividades da ginástica laboral são especialmente voltadas para esses pequenos problemas, mas trabalham como se fossem salvar a saúde do trabalhador”, ressalta. Outro aspecto que pode ser negativo é a obrigatoriedade do exercício. Qualquer atividade realizada contra a vontade, perde-se o prazer. www.revistavarejo.com

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Redes sociais trazem novas perspectivas de marketing

Texto: Francisco Verri

Atualmente, é bastante simples manter uma vida social ativa e badalada, mesmo afastado do convívio com a sociedade. Apesar de intrigante, a afirmação é possível! Com a criação de tecnologias cada vez mais aprimoradas à realidade humana, as pessoas se adaptam aos novos padrões de vida e, para isso, desenvolvem formas de organização

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para melhorar as condições sociais, econômicas, culturais e políticas. Com o boom da globalização no final do século 20 e início do século 21, adotouse um novo conceito para a contextualização sócio-histórica: a Sociedade da Informação. Ou seja, entre as constantes mudanças fruto das novas tecnologias, a informação passa a desempenhar papel fundamental para o bem estar e a qualidade de vida das pessoas. Portanto, as maneiras de como e quando se comunicar ganham destaque. Contextualizados com as infinitas possibilidades propiciadas pela internet, o convívio em sociedade ganha novas proporções. A utilização das redes sociais é um exemplo. Essas redes já existiam antes de o computador e a web serem criadas, mas ampliaram as dimensões significativamente. Segundo a coordenadora do Departamento de Informática da UEM (Universidade Estadual de Maringá),

Tânia Tait, atualmente foram desenvolvidas as redes sociais digitais como um local para a discussão de determinados assuntos, com objetivos e interesses em comum. “A internet possibilitou esse alcance, esse aumento da disseminação da informação.” De acordo com Tânia, em um primeiro momento, as redes sociais foram aproveitadas com o intuito de lazer. Buscavam-se os relacionamentos amorosos e o contato com os amigos. Entretanto, com o aprimoramento das ferramentas, as redes podem ser aplicadas em todas as áreas. Diversos setores e pessoas já vislumbraram as possibilidades de usá-las para atrair o público aos negócios.

Comparado a outros setores, que podem chegar a até 70% de inserção nas redes sociais, para Tânia, o comércio varejista ainda desenvolve a exploração do nicho. Ela cita pesquisas em que apenas 12% do setor investe nas redes sociais como ferramenta de marketing. Apesar de os funcionários do comércio saberem utilizar os programas para fins pessoais, acabam não transmitindo o conhecimento de maneira a auxiliar o local de trabalho. Quando inseridas no ambiente virtual, as redes são utilizadas pelo varejo para divulgar as mercadorias e a manutenção e atualização de contato com os clientes. “Você consegue selecionar as pessoas que


Inovação possam ter interesse naquele produto e faz a divulgação. Também pode estabelecer uma rede de contatos e manter o relacionamento com os clientes”, explica Tânia Tait. O pesquisador Álvaro José Periotto analisa como as inovações tecnológicas afetam as atividades humanas. Ele diz acreditar que os empreendedores sabem que se não investirem nas tecnologias, podem promover a deterioração da imagem da empresa em função do não investimento. Por outro lado, a adoção da estratégia pode proporcionar o aumento da eficiência, a obtenção de melhores resultados com os clientes

e a produção. Outro aspecto evidenciado por Periotto é o uso da tecnologia pelo consumidor pois, além de estar

mais exigente, pode-se fazer com que uma idéia repercuta por toda a rede. “O atendimento é muito importante, é um diferencial. Os produtos da empresa, se são socialmente responsáveis, se agridem ou não o meio ambiente, entram no julgamento [do consumidor]. Mas o aspecto tecnológico é fatal”, afirma. A coordenadora Tânia Tait explicita dois fatores que influenciam para que a u t i l i z a - ção do meio digital seja benéfica no negó-

cio. Para ela, as redes sociais tornam-se um canal de comunicação interessante, que viabiliza o relacionamento entre cliente e comércio, mesmo que não seja grande. Tânia explica ao usar a conexão da internet, a única preocupação é com a disponibilização de uma conexão mais veloz, já que o custo é relativamente baixo. Além disso, os programas mais utilizados

pelos usuários são livres. “Ainda não descobriram [varejo] que é um canal aberto, que pode ser bem utilizado e sem custo adicional.” Várias são as opções para se conectar no ambiente digital. De acordo com o Ibope, mais de 70% dos brasileiros têm um perfil no Orkut, sendo a rede social mais utilizada no país. No entanto, outras também se destacam, como o popular Twitter, com mensagens curtas e atualizações constantes; o Facebook, para fotos e listas de interesses pessoais; o My Space, com fóruns e grupos de discussão internos; o Flickr, para a postagem de fotos, entre outros. Há também os blogs, onde se pode divulgar idéias e produtos de maneira mais livre, com mais espaço e, dependendo do servidor, com mais recursos. Apesar das facilidades, alguns cuidados devem ser tomados ao se ingressar na rede social. Tânia Tait esclarece que deve ser feito um projeto, especificando quais os objetivos, o público alvo, o que se pretende com a ferramenta. Dessa forma é possível obter retorno posi-

tivo. “Tem de especificar o que quero, como vou fazer, porque sem planejamento, não tem muita finalidade.” Com o projeto especificado, é possível organizar quais redes sociais vão ser utilizadas, quantas vezes serão atualizadas, quais serão os conteúdos, quem será o responsável. Assim, não há perigo de a página ter informações erradas e desatualizadas. Essa foi a alternativa de Marcos Thiago Silva, proprietário de uma loja de roupas e acessórios femininos. Recentemente, o estabelecimento participou de uma promoção pelo Twitter. Apesar do sucesso da iniciativa, decidiu não continuar com a ferramenta, pois nem ele, nem as funcionárias a dominavam. Contudo, a loja mantém um perfil no Orkut. Para a divulgação da loja e dos prdutos naa rede, é oferecido ao cliente a oportunidade de tirar uma foto e tê-la postada na página da loja. “Hoje, a utilização da internet é o que mais dá retorno. É um resultado que vem e é gratuito”, conta. www.revistavarejo.com

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Inovação Twitter Criado em 2006, permite que os usuários enviem e recebam atualizações pessoais de outros contatos por meio de textos de até 140 caracteres. As atualizações, em tempo real, podem ser enviadas pelo próprio site, por SMS e por softwares específicos.

Orkut Filiado ao Google e criado em 2004, a rede social tem como objetivo que os membros conheçam e mantenham relacionamentos. Permite que os usuários se comuniquem por mensagens de textos, fotos e vídeos, além de contar com mais de 600 aplicativos, os mais famosos são Colheita Feliz, BuddyPoke e Café Mania. Facebook Também lançada em 2004, é o principal concorrente do Orkut. No início, o acesso era restrito aos estudantes de Harvard, nos Estados Unidos, mas em pouco tempo foi aberto a outros usuários. De acordo com pesquisas, é o site mais visitado por meio da ferramenta de busca do Google. My Space É uma rede interativa de fotos, músicas, blogs e perfis dos usuários. Criado em 2003, é popular entre bandas e possui um sistema interno de e-mail, fóruns e grupos de discussão.

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O uso das redes sociais Tania Tait*

As redes sociais existem na sociedade desde tempos remotos. Com a disseminação da internet, o conceito passa a incluir o relacionamento digital, ou seja, as pessoas estão fisicamente dispersas e se comunicam por meio de tecnologia da informação. A internet está em nossas vidas desde os anos 1990 e contribui para a disseminação da informação em várias áreas: lazer, pesquisas, relacionamentos de amizade e amorosos. Na área de negócios, as organizações procuram expandir os negócios a partir do comércio eletrônico alcançando novos públicos. Com as redes sociais, novas formas de negócios surgem, como a divulgação de produtos e o contato com os clientes. As redes são vistas como canais para realizar pesquisa de mercado, de público-alvo e lançamento de novos produtos. Segundo pesquisa realizada pela Associação Comercial de São Paulo com 500 empresas de vários setores, 83% não possuem cadastro em redes sociais. Destas, o comércio varejista é o setor que menos as utiliza (representa 12%). Nesse universo, as empresas não podem ignorar as potencialidades das redes sociais. Principalmente, as pequenas empresas, tradicionalmente castigadas por dificuldades em aquisição de tecnologia, tem agora a possibilidade de divulgar os produtos e se relacionar com os clientes de maneira rápida e sem alto custo. Mas, não se pode esquecer os problemas que ainda existem, como a exclusão digital; o uso para fins ilícitos; o vício eletrônico e o isolamento social. *Chefe do departamento de Informática da UEM


Negócios

Família, família; negócios a parte Texto: Kristianne Perez

A maioria dos negócios tem início por objetivos e finalidades em comum. Portanto, é completamente normal que familiares se unam para abrir um novo empreendimento. No Brasil, de acordo com dados do Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), 73% das empresas, independentemente do tamanho, têm a gerência familiar. Baseado nesses números, o consultor João Luis de Moura ressalta a importância das empresas familiares no contexto empresarial e econômico do País. Esse tipo de empresa, segundo Moura, é toda a gestão centralizada em um núcleo familiar e a tendência é a continuidade de gerações, garantindo partes dessa empresa. Ele explica que a empresa não precisa, necessariamente, ter uma sucessão de familiares na administração, basta apenas a primeira geração ter parentesco. “É uma tendência, o patriarca inicia um negócio e à medida que a empresa cresce, vai trazendo também a família dentro do negócio.” Ou seja, para o consultor, a

empresa familiar acaba sendo uma tendência natural, pois a família se incorpora ao desenvolvimento da empreendimento. No entanto, justamente por isso, uma das maiores preocupações do Sebrae e de outros órgãos que auxiliam empreendedores, é a profissionalização. Os envolvidos precisam ter a consciência de que, apesar

da intimidade, é preciso ter critérios e relacionamento profissional no local de trabalho. É importante, também, contratar pessoas de fora, pois há a necessidade de se ter todos os elementos de gestão. “Precisa ter uma gestão financeira, de marketing, do processo da empresa para que possa ter longevidade.”

Negócios em família: Joana Lopes Gonzalez e o filho trabalham juntos há 20 anos, ela garante nunca ter tido desentendimentos por causa da loja

Situação oposta Após a abertura de uma empresa, uma situação diferente pode acontecer. Entusiasmada com o negócio da família, a nova geração pode se interessar pelo setor e ingressar em uma faculdade ou curso de capacitação para dar continuidade e melhor administrar o empreendimento. De acordo com João Luis de Moura, isso ocorre devido ao acesso e à necessidade de informações terem crescido nos últimos anos. Dessa forma, eles já assumem funções melhor preparados. Entretanto, a sucessão não deve ser imposta a ninguém. Para ele, é um processo natural, pois quem está assumindo tem de gostar de gerenciar e sentir prazer em ser responsável pelo negócio. Caso contrário, a tendência é de que a empresa vá se perdendo aos poucos. Segundo Moura, no momento da sucessão, “os pais têm de ir preparando o filho, ver se ele tem interesse, empatia com os negócios”. Um dos pontos mais delicados nas empresas familiares é o relacionamento. www.revistavarejo.com

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• As empresas familiares geram 2 milhões de empregos formais

• 95% das maiores empresas são familiares

• As empresas vão desde a padaria da esquina até as grandes corporações

• No país há entre 6 e 8 milhões de empresas familiares

Fonte: Você S/A

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De acordo com João Luis de Moura, no Sebrae os empresários são orientados a seguir regras. Devem “tomar cuidado com o modo que tratam um parente, como chamam a atenção de um familiar na frente do funcionário”. Ou seja, deve haver uma separação: família em casa e colegas de trabalho no negócio. Outra cuidado é com relação aos privilégios. Relacionamento Devem ser evitados, porque todos devem receber o mesmo tratamento e estar aptos a exercer qualquer função, já que os consumidores não sabem distinguir quem é parente do dono ou não, segundo Moura. Por isso, todos precisam estar preparados para oferecer bom atendimento. De acordo com a psicóloga Matilde da Silva, deve-se haver um diferencial entre a empresa familiar e a família. Para ela, no negócio, todos estão envolvidos pelo objetivo da empresa de vendas e crescimento da loja. “Quando estou no trabalho, preciso pensar na questão do trabalho e não envolver tanto o parentesco.” Já no ambiente familiar, os objetivos mudam. Para que não haja má continuidade do trabalho em casa, Matilde explica que

é necessário desenvolver outros valores. Segundo a psicóloga, quando uma família se encontra em casa, normalmente conversa-se e compartilha-se informações de como foi o dia. Mas se a família trabalha no mesmo establecimento, vão acabar discutindo assuntos da empresa. Para Matilde, nesse ponto deve haver entendimento para que se possa ter a diferenciação de valores e prioridades e, assim, não atrapalhar a família e o trabalho. Essa separação é importante para se evitar conflitos. “Se alguma coisa não deu certo no trabalho, vou discutir no trabalho, porque se discutir em casa vêm as cobranças em família.” Exemplos Joana Lopes Gonzalez, proprietária de uma loja de artigos e roupas feminina e masculina há 34 anos, conta que começou no ramo por influência do cunhado, que já possuía lojas em Cianorte (aproximadamente 70 km de Maringá). Como sabia que Joana já estava no ramo havia cinco anos, ele ofereceu a sociedade no comércio, abrindo, as-

sim, uma filial em Maringá. Por fim, todos acabaram entrando no ramo de confecção devido ao sucesso que tinham nos negócios. “Nós somos seis irmãos, todos foram para a área de confecção, uns a fabricar e outros a vender”, afirma. Atualmente, os três filhos também trabalham com o setor de roupas. Um deles trabalha com Joana há 20 anos. Outro tem uma facção de jeans em São Paulo, e a filha é gerente de uma das lojas da tia. “Os três mexem com a mesma coisa, estão todos envolvidos com confecção e trabalhando em família.” Ela garante que, até hoje, nunca houve um desentendimento em família por causa dos negócios. O segredo é conversar sobre de maneira simples e tratar os negócios de forma vaga, segundo Joana. “O assunto é o mesmo, eu lancei esse modelo, fiz aquela roupa, estou vendendo bem isso e aquilo.” Satisfeita com a profissão, a empresária se orgulha do trabalho, pois além de estar em contato com os clientes, faz algo que lhe dá retorno, bem como os filhos. Elieger Aparecida Scanferla é sócia-gerente de uma loja de artigos masculinos desde 1999, quando a empresa foi fundada. No iní-


Negócios cio, segundo a empresária, ela e o marido, juntamente com o irmão e a mulher dele estavam na sociedade, depois entrou a cunhada do irmão e o marido dela. Atualmente, permanecem na sociedade somente ela e a sua cunhada, dividindo as funções administrativas da loja. Ela afirma que até hoje nunca houve desentendimentos, mesmo com a entrada e saída de alguns sócios. O irmão de Elieger possui uma loja da mesma marca em outro ponto da cidade. “Nossa família é muito consciente. Em tudo o que um pode ajudar o outro, a gente ajuda”, afirma. Elieger revela que não tiveram dificuldades em separar trabalho e família. Segundo ela, quando se encontram e conversam sobre assuntos da empresa, é sempre bastante informal e, por trabalharem muito, até se esquecem que são donas do negócio. A empresária explica que ela vê a empresa como trabalho e não como propriedade. “Eu saio da minha casa para ir para o meu trabalho, não saio da minha casa para ir só para a minha empresa.” Ela garante que isso faz diferença, pois, para ela, uma coisa é ser dona de uma loja e outra é trabalhar no que é seu.

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Entrevista: Darci Piana Maior receita do Estado, setor varejista precisa se modernizar para crescer. Alerta é do presidente da Federação do Comércio do Paraná; segmento representa hoje 63% da receita do Paraná Texto: Francisco Verri

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Entrevista Criada em 1948 com a junção de sindicatos empresariais, a FecomércioPR (Federação do Comércio do Paraná) é a instituição que representa e defende os interesses e o desenvolvimento do comércio de bens, serviços e turismo paranaense. Dessa forma, exerce a liderança da comunidade empresarial e acaba tendo influência decisiva no desenvolvimento econômico e social do Estado. A federação também administra outras instituições no Estado, como o Sesc (Serviço Social do Comércio) e o Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial). Além de representar, aproximadamente, 415 mil empresas. A equipe da Varejo.com viajou 436 km até Curitiba, para uma conversa com o presidente da entidade, Darci Piana. No currículo, ele também ostenta as presidências do Sindicato do Comércio Varejista de Veículos, Peças e Acessórios do Paraná, do Conselho do Paranacidade e do Conselho Deliberativo do Sebrae-PR (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Ele, ainda, recebeu este ano o título de Cidadão Honorário de Maringá. Piana falou sobre expectativa do comércio varejista em 2010, além de outros assuntos. Confira: Varejo.com: Qual é a conjuntura do comércio varejista no Paraná? Darci Piana: Especificamente no comércio, fazemos uma pesquisa semestral de opinião. A pesquisa do segundo semestre deste ano mostra que 77% dos empresários informaram que vamos crescer em torno de 9% - acima do que crescemos ano passado. A expectativa no primeiro semestre foi um

pouco maior, 88% esperavam um crescimento acima de 10%, em relação ao mesmo exercício do ano anterior. O segundo semestre, geralmente, é melhor que o primeiro porque entram o Dia dos Pais, Natal, final de ano, época de presente etc. Mas este ano teve um fato diferente, a Copa do Mundo, que ficou no semestre anterior. Muita gente gastou dinheiro para se equipar: um televisor novo, um equipamento moderno. O próprio automóvel, em função da redução do IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados], forçou a redução do IPI da linha branca [geladei-

cio] um volume do PIB (Produto Interno Bruto) do Paraná na ordem de 63%. A capital [Curitiba], ao contrário do interior, sempre é mais estável em função da própria estrutura econômica - por ter gente de todo o Estado e o governo estar concentrado aqui. A cidade de Maringá é um caso típico. Quando a agricultura vai bem, o crescimento do comércio melhora acima da média do Estado. Este ano, no primeiro e no segundo semestres, a pesquisa dá Maringá [com crescimento] acima dos 9%.

ras, fogões, máquinas de lavar]. Muita gente se antecipou e comprou antes da redução desses valores. A perspectiva do segundo semestre, em função disso, sofreu queda. Assim mesmo, até o final do ano esperamos que o comércio esteja acima do crescimento de 10% do ano anterior. Isso representa em torno de 1.650.000 pessoas trabalhando no sistema. pessoas trabalhando no sistema.

Os empresários estão preparados para atender às necessidades do comércio varejista? Muita gente diz que o comércio não tem muitas mudanças. Tem e bastante. Principalmente agora, que o governo se prepara para uma melhoria na arrecadação. Até porque, não pode aumentar em muito o índice de sua carga tributária, já que há uma pressão popular. A nota fiscal e a contabilidade eletrônica são dois elementos fundamentais para o aumento da receita dos governos federal, estadual e municipal. Isso vai fazer com que o empresário do comércio, principalmente os menores, enfrente dificuldades. Primeiramente, pelo custo do equipamento que terá que implantar. Segundo, e pior, é a tecnologia que terá que aplicar [software]. Com certeza, essas mudanças farão com que os empresários tenham a muito a fazer para acompanhar a evolução do comércio.

Qual o peso do segmento na economia do Estado? Das receitas, representamos [comér-

Como a federação tem atuado junto a esse segmento no interior? O programa Varejo Mais, em parceria

Ou nossa indústria se atualiza e produz em quantidade para ser barato e poder competir ou vamos ter um sacrifício muito grande neste país.

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O programa Varejo Mais, em parceria com o Sebrae, está em 164 cidades, contribuindo para que o empresário se atualize e receba as informações necessárias, para que não haja uma debandada dos filhos dos habitantes, que saem do interior procurando melhores condições de trabalho. O comércio é o [setor] que mais emprega. Se tiver um comércio forte, não é preciso sair da cidade e nem comprar em grandes centros. Melhora o comércio e o volume de contratação de mão de obra, quando passa a ser competitivo, [a organização] pode competir com as grandes empresas nas grandes cidades. A preocupação da federação é dar oportunidade a essas cidades. As pequenas empresas têm chance de melhorar a estrutura, ganhos, rentabilidade. Com isso, em parceria com os governos, dá para fazer melhorias na iluminação, no asfalto etc, para que dê segurança e as pessoas possam sentir que têm condições de sobreviver ali. Há relação entre o crescimento do comércio e a infraestrutura urbana? Muitas vezes [o consumidor] deixa de comprar por não ter segurança ou um caminho [ruas e avenidas apropriados]. E o que deixou de comprar hoje não compra amanhã, principalmente quando se trata de gênero alimentício ou de uma roupa para uma festa. Se deixa de comprar uma camisa, um paletó, uma gravata, um sapato novo e vai à festa, no outro dia não vai comprar mais. Quando não se sente seguro de sair de casa para ir até o shopping ou a uma loja, [o consumidor] deixa de 38

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comprar. A infraestrutura afeta no custo e no preço. Muitas vezes [o consumidor] compra em outro Estado porque se sente mais seguro ou tem melhores condições. É a guerra fiscal existente entre os Estados. Mas, quando um Estado tem força econômica, tem boa qualidade no comércio, como o Paraná, [não afeta tanto].

Todo negócio que for aberto com planejamento, com boa verificação de potencial de mercado, principalmente com qualidade das pessoas no atendimento, irá bem. Como aproveitar as tecnologias atuais visto que nem sempre os empresários estão capacitados para utilizá-las? A federação e o Senac oferecem cursos que possibilitam colocar o software necessário para que [o empresário] possa melhorar a gestão, através de atualização. Na questão da nota fiscal eletrônica, por enquanto as micro e pequenas empresas não estão incluídas no pacote, mas daqui a dois ou três anos estarão. Hoje, 45 mil empresas já estão incluídas e no final do ano deverão ser 190 mil empresas. Daqui a quatro anos

todas as empresas brasileiras deverão ter nota fiscal eletrônica e, automaticamente, contabilidade eletrônica. O empresário tem de estar preparado. Esse é o segundo maior problema que estamos tendo hoje. A orientação e ajuda a federação está oferecendo nos instrumentos necessários. Em que medida a tecnologia é fundamental? Um exemplo prático e atualizado: Tem em Londres, Paris, Nova York, nas cidades mais importantes do mundo, as famosas lojas eletrônicas. [O consumidor] entra na loja com semblante preocupado e as paredes mudam de cor, para que se acalme e gaste melhor. Se vê uma camisa que gosta, não precisa tirar o paletó, a camisa suada, e esperar que a mulher esteja junto para dizer se a camisa ficou boa. Pensa na camisa, aperta um botão e aparece a camisa vestida, no sistema eletrônico. Imagine a facilidade em escolher um terno, uma camisa, um paletó. [A tecnologia] irá auxiliar as empresas na melhora do atendimento, além de ser um negócio moderno. Mas quanto tempo para avançar aqui? Daqui três a cinco anos, provavelmente, São Paulo, Rio de Janeiro, talvez Curitiba, tenham essas lojas. Como fica a concorrência? Ou se atualiza ou ficará fora, até porque o comércio não se limita à concorrência local. O concorrente está na China, no Japão, na Coréia. É uma concorrência do outro lado do mundo. Tem gente comprando celulares com dois chips e câmera por R$ 120, vindos da China. E recebe em casa. Ou a nossa indústria se atualiza e produz em quantidade


Entrevista para ser barato e poder competir ou vamos ter um sacrifício muito grande neste país. Qual a influência da rotatividade de trabalhadores, que pode chegar a 20%? É um grande problema. O comércio não tem condições de oferecer grandes salários, principalmente pelo volume de empresas existentes. A indústria, normalmente, paga um pouco mais. Então, quaisquer R$ 50, R$ 100 [a mais, o funcionário] troca de emprego. É ruim para o comércio e para o funcionário. Às vezes [o colaborador], pensa que ganhará R$ 100 a mais na outra empresa, mas não observa a qualidade, a evolução e o crescimento da mesma. Muitas vezes ele pede demissão para poder receber o Fundo de Garantia e o Auxílio Desemprego. Fica cinco meses sem emprego, mas como não pode ficar todo esse tempo sem trabalhar, força a empresa a empregar sem registro. É tudo aquilo que o país não poderia permitir: o próprio funcionário forçar sua contratação irregular para não perder as prestações do Auxílio Desemprego, quer somar e acabam aceitando um salário menor. É péssimo para o governo, que deixa de arrecadar, cria um clima desfavorável e permite que as empresas façam coisas erradas. Mas o problema são só os baixos salários? Infelizmente a rotatividade existe, também, pela desqualificação de mão de obra. Agora, não temos capacidade para atender todo mundo. Podemos atingir de 120 mil a 140 mil matrículas

por ano. Inclusive, gratuitamente. Um acordo com o Ministério da Educação disponibiliza 25% dos recursos [do sistema Fecomércio] de 2010 para quem é de baixa renda, oriundo da escola pública. Um grande avanço para que as pessoas que não têm chance de arrumar emprego, por não terem qualificação, possam se qualificar. O Senac, em 2014, deve disponibilizar 63% dos seus recursos. Só no Paraná, deverá ter entre 35 mil e 40 mil alunos se qualificando de graça nos cursos acima de 140 horas.

Comércio não depende de investimento em longo prazo. Entre 90 a 120 dias [empresário] ajusta, modifica e troca de produto. Qual a importância da discussão sobre responsabilidade ambiental e social para o varejo? Pega muito na indústria, na agricultura, no transporte, em função da poluição dos veículos, dos caminhões etc. O comércio sempre ficou à margem do processo do meio ambiente. Mas não há dúvida, deve ter essas preocupações. Nós [federação] fazemos um esforço grande para que haja concentração das lojas, porque o grande consumo de energia elétrica gera um problema. [Há preocupação] na limpeza das lojas, nos

produtos que são estocados. Temos que falar de oficina mecânica, de lojas de autopeça, lojas de pintura, de uma série de produtos que são comercializados, como a bateria dos celulares, as lâmpadas. É importante, para que o empresário esteja informado e também cuide do meio ambiente, fazendo com que seu filho receba essa educação já dentro de casa. Amanhã teremos que viver nele [mundo], e que seja para todos. Qual o melhor setor para investir hoje no varejo? Sempre existirá setores que são mais ou menos importantes, regiões mais importantes e segmentos importantes dentro dessas regiões. Não dá para dizer se é esse segmento ou aquele. Porque, aqui, nesta cidade, pode estar em falta e na outra sobrar. Todo negócio que for aberto com planejamento, com boa verificação de potencial de mercado, principalmente com qualidade das pessoas no atendimento, irá bem. Comércio não depende de investimento em longo prazo. Entre 90 a 120 dias [o empresário] ajusta, modifica e troca de produto. Tem de ter consciência daquilo que fará e onde fazer. De preferência, consultar uma instituição que possa orientá-lo. Por exemplo, o Sebrae. O Sebrae mantém em torno de 400 produtos na prateleira, pronto para [o varejista] fazer. É pesquisa. De saber se naquela rua, no ambiente que está abrindo o negócio, é favorável ou não. Qualquer produto tem de escolher a região e o momento oportuno. Tem de saber do concorrente ali na esquina. E hoje, tem bastante. www.revistavarejo.com

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Ofurô, escova de dente, perfume.... Agora para animais Texto: Talita Corrêa

Foi-se o tempo em que os cachorros domesticados eram vira latas que brincavam livres os quintais das casas, à espera da sobra das refeições ou de um ossinho para roer. Atualmente, os cãezinhos de estimação divertem-se com ossos de couro de várias formas, tamanhos e cheiros. Ou com casco de vacas, que são mais resistentes, tem cheiro característico e parecem agradar as raças, que adoram roer tudo o que veem pela frente. Mas não foram só os ossinhos que passaram por modificações. Desde o básico, como a alimentação, até os produtos estéticos, muitas vezes ainda desconhecidos de grande

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parte das pessoas, como as unhas postiças, foram lançados para atender ao emergente público pet brasileiro. De acordo com a Anfal Pet (Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos para Animais de Estimação), a previsão é de que haja em torno de 33 milhões de cachorros de estimação no país em 2010. A relação entre o crescimento do número de animais e o lançamento de produtos que atendam a esse público é diretamente proporcion a l .

Segundo a pesquisa realizada pela Radar Pet, da Comac (Comissão de Animais de Companhia), os valores líquidos apresentados pela indústria do segmento pet brasileiro respondem por cerca de R$ 260 milhões. Ou seja, quando se coloca as despesas referentes aos bichinhos na ponta do lápis, o Brasil só perde para os Estados Unidos. O consultor do Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) João Luis de Moura analisa a elevação da renda per c a -

pita da sociedade brasileira nos últimos dez anos e diz que, naturalmente, as famílias passaram a se organizar melhor. Um exemplo dessa organização é o gasto desembolsado com o animal de estimação estar planejado junto às despesas fixas do lar, como água, luz e mercado. O relacionamento entre homens e cães é antigo e já sofreu inúmeras modificações, transitando de guarda a guia e, nas atuais condições, pode ser considerado mais que o melhor amigo do homem, um membro da família. Essa relação afetiva ganha espaço e é divulgada por meio de livros, filmes e revistas específicas a esse segmento. Em 2009, o filme “Sempre ao seu lado” emocionou milhares de espectadores em todo


Produto

(1) Os banhos nos ofurôs para os cachorros podem ser considerados caros, o preço da banheira (encaixada sem a utilização de pregos) é, em média, R$ 1.500. (2) As colônias e perfumes custam, mais ou menos, R$ 50, dependendo da marca e do modelo escolhido. (3) A novidade é bastante curiosa, agora o animal pode acompanhar o dono nos drinques. A caixinha de cerveja custa quase R$ 30. (4) Essa é uma opção democrática, pode-se encontrar os produtos nos mais variados preços e modelos. Em média, custa R$ 20. (5) A cama também pode ser encontrada por vários preços, mas custa cerca de R$ 120.

o mundo. Baseado em uma história real, conta a trajetória do cão que acompanhava o dono todos os dias, quando ia trabalhar, até a estação de trem. Com a morte repentina do homem no ambiente de trabalho, o cachorro o espera voltar por nove anos na estação de trem. Outro sucesso de vendas, nas livrarias e nos cinemas, é o best seller “Marley e Eu”. Na história, também de nãoficção, narra-se a influência do labrador Marley na vida de um jornalista e de sua família por 13 anos. Quando a relação entre donos e animais é retratada, independentemente da forma ou do gênero, há a identificação do público na emoção transmitida. Se antigamente, o melhor amigo do homem comia as sobras da comida dos donos, hoje passou a comer

ração, algumas desenvolvidas especialmente para cada raça, idade, peso, visando atender às necessidades específicas de cada animal, como pêlo, pele e força. Se a limpeza do cachorro dependia de momentos de lazer com o dono em banhos de chuva ou de mangueira, os serviços variam desde o tradicional banho e tosa, até banhos de chocolate, cauterização e tintura dos pelos, que existem para agradar os cãezinhos mais dengosos ou os donos mais exigentes. Visualizando o nicho estético canino em Maringá, a empresária Eva Cecília do Amaral, formada em Moda, criou uma linha exclusiva de roupas para cachorro e, percebendo a expansão de todo o setor, resolveu ampliar os negócios. Para se diferenciar dos outros pet shops da cidade, ela oferece mais op-

ções de mimos para os animais, como o espaço ofurô. Mas nem todos veem vantagem nesse tipo de serviço, como é o caso do veterinário Bruno Logullo, que diz achar o serviço desnecessário. Além dos tratamentos estéticos, a empresária oferece produtos de uma área pouco explorada no mundo animal: a sexualidade. A novidade se chama Pet Love, ou seja, bonecos infláveis para os cães. “Não tem cachorro com mania de ficar pegando na perna? Tem vários tamanhos, pequeno, médio e grande, para agradar a todos os gostos. Então funciona mesmo”, afirma Eva. O veterinário explica que o animal que não é acostumado com água e pode estranhar ao ficar preso em uma banheira. “Se eu

coloco o animal em um ambiente quente, em uma água quente, em um lugarzinho pequenininho, ele vai se estressar.” Diferentemente da fisioterapia, realizada em uma banheira de hidromassagem, visando melhorar algum problema físico Logullo realça não acreditar que o ofurô traga benefícios estéticos ao animal e diz ainda que, corre-se o risco de o cachorro aspirar a água ou que entre água no ouvido do animal, causando outros problemas. “Eu

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Produto acho isso mais maldade do que benefício.” O consultor do Sebrae João Luis de Mour, afirma que, além do preço e da qualidade, para que um produto se consolide no mercado, tem que ser inovador. Nesse caso, inovação não significa que apenas ganhará

mercado, produtos e serviços ainda inexistentes. É preciso mais, é necessário reinventar o que já existe e modernizar o que é tradicional ao público. Aplicando essa idéia, Eva diz que desde um acessório comum dos bichinhos, como o caso da coleira, há variedade para agradar todos os gostos e bolsos. Podem ser básicas, bordadas, emborrachadas ou vir junto com vestidinho. Com a diversidade, é possível

atender do público habitual até os mais alternativos. Com essa m e s m a sugestão, outro produto para se trabalhar são as roupas pet, trabalhadas paralelamente com as roupas humanas. Há 42

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disponibilidade de modelos de camiseta pólo, vestidos de festa, alguns deles bordados até mesmo de paetê. “Imagina assim, você gosta de camiseta pólo, no pet shop tem a camiseta para o seu cachorro, vai ser o mesmo estilo.” Em pesquisa divulgada pela Anfal Pet, existem cerca de 40 mil pet shops espalhados pelo Brasil. João Luis de Moura diz que já se tem uma ideia de que em algumas capitais, como Curitiba e São Paulo, o número de pet shops é superior ao de farmácias. Pensando justamente nos donos dos animais, o veterinário Paulo Roberto Nunes de Goes, declara que o lado estético e visual é mais para a satisfação do dono do que dos próprios animais. O cachorro precisa estar limpo, bem cuidado, ter boa alimentação e saúde. “O cachorro, tendo o banho normal, a escovação, a nutrição, não vai precisar de mais nada.” Goes chama a atenção para a alimentação. O veterinário diz que comidas diferentes e petiscos são altamente calóricos e podem fazer o cão engordar e desenvolver vários problemas cardíacos e de hipertensão. Após pesquisas de mercado, dados apontaram que as pessoas que mais gastam em lojas destinadas a atender animaizinhos de es-

timação, têm idade superior aos 40, 50 anos. Eva Cecília do Amaral explica que, com os filhos já crescidos e independentes, as pessoas de meia idade acabam se preocupando mais com o cachorro e gastando cerca de R$ 400 a R$ 1.500 por mês, apenas com a compra de produtos, fora os serviços. Há 12 anos, Cleomar Oliveira treina cães em Maringá e o serviço de 12 aulas do mês não sai por menos de R$ 450. O treinador garante que faz um trabalho individualizado com cada animal e não subestima a inteligência de nenhum deles. O tempo é relativo quando a questão é o adestramento de cada cão. Oliveira diz que a raça, a família, tudo influencia, que existem animais preparados em três ou quatro meses, outros com pouco menos tempo. A verdade é que não faltam variedades de produtos e serviços para proporcionar aos pets maior conforto. Das fotos feitas em estúdio ao refrigerante próprio, muito do que era próprio do homem já se incorporou ao mundo canino. Os discursos dos donos em relação ao animal soam familiar, afinal de contas, todos os cachorros são uns amores! A diferença é: o quanto você vai gastar?


M O D E L O


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