1VANDREZA GOMES ARAÚJO
PARQUE JURUBATUBA
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FIAM FAAM FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS VANDREZA GOMES ARAÚJO
PARQUE JURUBTUBA: REVITALIZAÇÃO DA PAISAGEM ÁS MARGENS DO RIO CAMPO GRANDE.
Trabalho Final de Graduação apresentado à banca examinadora da FIAM-FAAM Centro Universitário, como exigência parcial para a obtenção de título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob a orientação da Professora Lígia Pinheiro de Jesus.
São Paulo 2020 3
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.
ARAÚJO, Vandreza Gomes. Parque Jurubatuba, Revitalização da paisagem às Margens do Rio Campo Grande, Cidade Dutra/Vandreza Gomes Araújo - São Paulo, 2020. 92 páginas. Notas: 1. Parque 2. Rio
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VANDREZA GOMES ARAÚJO
PARQUE JURUBTUBA: REVITALIZAÇÃO DA PAISAGEM ÁS MARGENS DO RIO CAMPO GRANDE.
Trabalho Final de Graduação ao curso de Arquitetura e Urbanismo sob orientação da Lígia de Pinheiro de Jesus. Defendido e aprovado em ____ de __________ de 2020, pela banca examinadora constituída pelos professores:
Lígia Pinheiro de Jesus FIAM-FAAM - Orientador
FIAM-FAAM - Professor(a)
São Paulo 2020 5
Convidado Externo
“os rios de São Paulo estão confinados entre avenidas expressas, com característica rodoviárias que aliadas à ocupação das várzeas e à poluição dos rios urbanos e à consequente degradação da orla fluvial, isolaram os rios da cidade. O pedestre não consegue mais se aproximar da beira das águas fluviais. Os rios deixaram de ter uma presença notável na área urbana, os carros em alta velocidade conformam um osbtáculo que impede que eles sejam vistos ou integrados no contexto da cidade.” Hannah Arcuschin Machado
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AGRADECIMENTOS Aos professores que me orientaram até chegar na graduação, motivaram e ensinaram valores de vida, Eduardo Taveira, Simone Medeiros e Osmir Macedo. A minha orientadora Lígia Pinheiro pela confiança e apoio, um apredizado inestimável. Agradeço a minha família, em especial a minha mãe Antônia, pelo surpote necessário durante todo percusso da graduação. Minha profunda gratidão ao meu companheiro de todas as horas, Yakin Borsari, pelo amor, dedicação e paciência. Raquel Lima que esteve presente mesmo de longe, em todos meus momentos difíceis, amenizando-os. A duas pessoas que me acompanharam desde o início da faculdade, Kelly Allencar a melhor dupla que eu poderia ter, Thais Damazio a pessoa que me aconselhou em diversos momentos.
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Não poderia deixar de agradecer, ao grupo Arquitetos Associados. Vocês fizeram toda diferença, durante essa trajetória, crescemos juntos! Sou grata ao Engenheiro Florestal Henrique Pacheco, o qual tive a oportunidade de trabalhar com ele no período da faculdade, ter absorvido todos os conselhos e incentivos à da carreira. Obrigada ao Engenheiro Civil Raul Danfre, meu coordenador atualmente, que deu total apoio, o qual aprendi e aprendo muito com as leis da nossa metropóle. A todos os profissionais da FIAM-FAAM Centro Universitário que fizeram a diferença até eu chegar no décimo semestre, Dalva Thomaz, Mariana Wilderom, Renata Coradin, Edgar Couto, Leonardo Sette, João Bonett, Braz Casagrande e André Ventura.
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SIGLAS
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ACJ
Arco do Jurubatuba
APP
Área de Preservação Permanente
APA
Àrea de Proteção Ambiental
DAEE
Departamento de Águas e Energia Eletrica
EMPLASA
Empresa Metropolitana de Planejamento da Grande São Paulo
FF
Fundação para Conservação e Produção Florestal
LPUOS
Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo
PDE
Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo
PET
Parque Ecológico do Tietê
PIU
Projeto de Intervenção Urbana
RMSP
Região Metropolitana de São Paulo
SABESP
Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
SVMA
Sercretária do Verde e Meio Ambiente
SNUC
Sistema Nancional de unidades de Conservação da Natureza
SMUDU
Secretária do Estado do Meio Ambient de São Paulo
SSRH
Secretária de Saneamento e Recursos HIdrícos
ZEIS
Zonas Especiais de Interresse Social
ZEPAM
Zonas Especiais de Proteção Ambiental
ZEU
Zona de EIxo de Estruturação da Transformação Urbana
ZEUP
Zona Eixo de Estruturação e Transformação Urbana Previsto
ZM
Zona Mista
ZOE
Zonas de Ocupação Especial
ZPR
Zonas Predominantemente Residenciais
ZER
Zonas Exclusivamente Predominatemente Residenciais
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MAPAS
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Mapa 01
Áreas Verdes, Parques, Favelas e Lotes Irregulares
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Mapa 02
Mapa do Projeto de melhoramento viário de Saturino de Britto.
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Mapa 03
Inserção Urbana
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Mapa 04
Zoneamento
38
Mapa 05
Bacia hidrográfica
42
Mapa 06
Uso e Ocupação do solo
44
Mapa 07
Mobiliadade
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Mapa 08
Equipamentos
50
Mapa 09
Parques Guarapiranga
52
Mapa 10
Remoção
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SUMÁRIO 13
INTRODUÇÃO 1 BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO
15 DO TEMA
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1.1 O rio antes da metrópole 1.2 Áreas verdes livres 1.3 Espaços públicos 1.4 Sensações 1.5 Ánalise urbana 1.5.1 Perímetro 1.5.2 Prospecções do espaço
21 25 28 29 30 48 49
2O
PROJETO 2.1 Partido 2.2 Macroplanejamento 2.3 Projeto 2.4Microplanejamento 2.5 Maquete física
56 57 59 61 83 88
Referências bibliográficas
91 14
INTRODUÇÃO Os rios são presentes e abundantes em todo o território nacional, em meados do século XX, cidades como São Paulo, cresceram ao longo deles. Esse crescimento demasiado e desenfreado transformou nossos rios e córregos em esgotos a céu aberto e logo foram encarados como problemas para as grandes cidades. As políticas públicas apresentaram como solução, canalizar os rios e córregos, onde havia maior densidade demográfica, com o discurso do saneamento básico e do trânsito de veículos automotores. A sociedade civil evoluiu e hoje existe conscientização em relação às áreas de mananciais, as quais podem e devem ser devidamente retomadas e utilizadas para o bem-estar social urbano, principalmente nas periferias, onde por décadas o poder público não realizou o esforço necessário para organizar e manter essas áreas protegidas por lei. A inserção dos Parques Urbanos, Parques Lineares e Áreas Verdes entre as Cidades, é uma visão que “parques são espaços sempre singulares, em termos de localização, dimensão, morfologia, história, condições de uso e acesso” (DINIZ, 2019, p.15). Os Parques são áreas polivalentes. “A dimensão e a conformação dos parques, por seu lado, permitem-nos esquecer as obrigações da vida exterior, escapar da sobrecarga sensorial, contemplar a natureza e com ela aprender. São verdadeiras salas de aula de educação ambiental.” (DINIZ, 2019, p.15).
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A área de estudo está localizada no distrito Cidade Dutra, na Região Sul de São Paulo, bairro de Interlagos e Vila da Paz, divisa com o distrito de Campo Grande, onde se situa o perímetro das Bacias Hidrográficas do Rio Jurubatuba ou Rio Grande, como também é conhecido. O objetivo é proporcionar áreas de preservação ambiental, lazer, integração social, mobilidade urbana, cultura e bem estar nessas áreas insalubres e de maior carência de infraestrutura urbana. Um local que facilite as relações sociais, dando aos moradores e visitantes o sentimento de pertencimento e a apropriação do espaço público visando o compartilhamento desses ambientes e proporcionando melhor qualidade de a todos em seu entorno. O Trabalho Final de graduação está estruturado em dois capítulos: o primeiro, trata da contextualização do tema e da sua importância das áreas verdes e espaços públicos. O segundo capítulo, dispõe um estudo de caso que foi analisado como base e se propõe a discutir e ensaiar a estruturação do Parque Jurubatuba, que abrange desde a intervenção da várzea do rio até propostas de regularização fundiária.
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PARQUE JURUBATUBA 17
1
CAPÍTULO
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Parques, Àreas verdes e Vulnerabilidade LEGENDA PARQUES ÁREAS VERDES
RESERVA MATA ATLÂNTICA
ÁREAS IRREGULARES FAVELAS ÁREA DE INTERVENÇÃO REDE HÍDRICA
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fonte: Parques, áreas verdes, hidrográfia e habitação:Geosampa, 2020. Elaborado por Vandreza G. Araújo. Mapa 01
BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO Os parques foram feitos para o refúgio das pessoas, vindo da Revolução Industrial, quando o enorme crescimento demográfico e espacial urbano resultou em cidades congestionadas e em condições de vida insalubres. “Os parques são espaços livres onde cidadãos se relacionam com isonomia, onde se convive tanto com o diferente quanto com iguais. Seus padrões de projeto devem buscar a versatilidade e considerar várias faixas etárias, classes sociais, condições de mobilidade, perfis. São diretrizes complexos a serem consideradas, resultando em um labirinto de experiências possíveis, onde possam coexistir crianças soltando pipa, casais de bicicleta, amantes do cinema ao ar livre, praticamente de ioga, atletas profissionais ou fim de semana..”(NOGUEIRA,2019 P.14)
Esses espaços urbanos chamados de Parques têm sua característica de grandes áreas verdes de uso público, com o objetivo de proporcionar um ambiente recreativo e de lazer a população. Com o hábito de frequentar Parques e lugares arborizados, acaba criando uma relação com a natureza e o ser humano, desenvolve uma saúde mental, e uma conscientização ambiental. A importância da recuperação da paisagem natural, trazendo de volta para o convívio das pessoas junto às grandes cidades.
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O RIO ANTES
DA METRÓPOLE
1.1
O papel dos rios foi um primordial estruturador urbano, porém o crescimento desenfreado da infraestrutura e população, e o modelo planejamento adotado causou uma crescente degradação dos cursos d’água, transformando praticamente todos os rios e seus afluentes em esgoto a céu aberto. Quando isso incomodo, tornou-se demasiadamente grande, eles foram “enterrados”, longe da vista da população e sempre a favor da especulação imobiliária e viária, não só em São Paulo, como também todas as grandes metrópoles do Brasil. A maior metrópole brasileira e com a população mais densa do Brasil, na atualidade, nasceu e desenvolveu-se graças a seus inúmeros cursos d’água, a rica confluência dos rios Tiete, Rio Grande, Tamanduateí, Ipiranga, Guarapiranga, Itaquera e seus afluentes e Ribeirão Santa Rita, fazem da cidade de São Paulo um lugar favorável implantar projetos de parques lineares e urbanos. Em 1926, o Engenheiro Sanitarista Francisco Saturnino Rodrigues de Britto previa a preservação das áreas alagáveis na região da Zona Leste, fazendo a construção do Parque Fluvial Urbano. O projeto previa um grande parque metropolitano que seria a faixa do leito maior, preservado como várzea ao longo do rio para as grandes vazões do Tietê na época das cheias. Segundo o DAEE1 Saturnino apontava as necessidades de preservação dos rios Tietê, Pinheiros e Guarapiranga como ind-ispensáveis ao abastecimento de água não só na Capital, mas como de grande parte do interior do estado. 1
21
DAEE Departamento de Águas e Energia Elétrica, fonte: http://www.daee.sp.gov.br/
O projeto “Melhoramentos do Rio Tietê” do Saturnino de Brito fosse uma realidade intrínseca e disseminada por toda a cidade e seus arredores, por diversas razões, incluindo razões políticas e especulação imobiliária, o projeto não saiu do papel, sendo descartado pela administração que preferiu implantar o “Plano de Avenidas”, elaborado pelo Engenheiro Francisco Prestes Maia, que no ano 1938 foi elegido como prefeito da Capital Paulista. No entanto, foram feitas as canalizações, e o rio sofreu com a instalação de empresas ao longo de suas margens. Nos dias atuais, a sociedade civil e o Estado deram-se conta da importância da preservação das áreas para de várzea para o desenvolvimento sustentável de todas as cidades. “A medida que a cidade se expandia, foi se defrontando com ondulações topográficas variadas e com a densa rede hidrográfica do Tietê e seus tributários. A várzea do Tietê começou a ser drenada e urbanizada a partir de 1920. Na década de 1930, foram iniciadas as obras de retificação do leito do rio e incorporada a proposta do sistema viário marginal do rio, prevista no Plano de Avenidas, de Prestes Maia.” (GORSKI,2010 p.60)
O Parque Ecológico do Tietê no ano de 1976, pelo governador Paulo Egydio Martins, e teve sua inauguração em 1982. Resgatando objetivo de preservar o rio tietê novamente, além de possibilitar uma área de lazer, e aproximar as pessoas e ter um contato com o rio, não trazer barreiras entre as pessoas e os rios ao longo da cidade. Segundo DAEE (Departamento de Água e Energia Elétrica), o parque recebe mensalmente uma média de 330 mil visitantes:300 mil só no seu Núcleo Engenheiro Goularte e 30 mil no Núcleo Jacuí.
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PAISAGEM ÚTIL: O RIO TIETÊ E A URBANIZAÇÃO PAULISTANA (1966-1986)
Figura 0.9. Projeto da Comissão de Melhoramentos do Rio Tietê, dirigida por Saturnino de Brito, para a canalização do rio suas várzeas. Fonte: (SÃO PAULO (Cidade), 1950).
16
23
e saneamento de
Mapa do Projeto de melhoramento viĂĄrio de Francisco Saturnino R. de Britto. Fonte: SĂŁo Paulo (Cidade),1950).
Mapa 02
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ÁREAS VERDES LIVRES
1.2
A paisagem faz parte de todos os lugares das cidades e são compostas também pelo meio ambiente. A ecologia da paisagem é defina em três tipos de elementos base: Manchas o qual se formam um conjunto de espécies; Corredores como efeito de transporte de bens e pessoas através da paisagem; e Matriz, que desempenha um papel dominante na paisagem é constituída pela maior mancha. “[...] paisagem propriamente dita é caracterizada pela diversidade/ heterogeneidade do espaço habitado pela sociedade” (NUCCI, 2008, p. 4). Do ponto de vista do conceito do MMA, segundo o órgão, preservar1 é inviável, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente, preservar é um conjunto de métodos e procedimentos e políticas que visem a proteção a longo prazo das espécies, habitats e ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a simplificação dos sistemas naturais; rendo em vista que o bioma2 original já foi alterado e ou totalmente comprometido, apenas restando-nos a opção de conservar, a definição de conservação, segundo o Ministério é a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural, para que possa produzir o maior benefício, em bases sustentáveis. Recentemente o poder público adotou o SNUC (Sistema nacional de unidades de conservação da natureza) pela Lei Federal nº 9.985/2000 que define as diretrizes e normas para a gestão e o manejo dessas áreas protegidas, subdividindo-as em dois grupos:
1 2
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Fonte Ministério do Meio Ambiente, site://www.mma.gov.br Bioma conjunto de ecossistemas, site site://www.mma.gov.br
1. Grupo 1: Proteção integral (Preservação) estação ecológica, reserva biológica, parque nacional/estatual, monumento natural e refúgio da vida silvestre; " A ação humana deve ser pouca ou nenhuma a utilização deve dos recursos deve ser apenas de forma indireta, ou seja, atividade de educação ambiental, observação, pesquisas e em raras exceções o ecoturismo. 2. Grupo 2: Uso sustentável (Conservação): áreas de proteção ambiental, florestas nacionais/estaduais, reservas extrativistas, reservas de desenvolvimento sustentável; com binando a conservação da natureza com a ocupação humana, usando seus recursos de formas sustentável, fazendas de peixes, coleta de sementes. A Zona de amortecimento e o entorno de uma unidade de conservação, onde as atividades estão distintamente restritas, no intuito de minimizar os impactos ambientais.1
3 Fonte Fundação Florestal, site https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/ indicar data e hora, escolher um único formato de referências.
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Em São Paulo foi criado o PLANPAVEL (Plano Municipal de Áreas Protegidas, Áreas Verdes e Espaços Livres) por SVMA (Secretária do Verde e Meio Ambiente), SMDU (Secretária Municipal de Desenvolvimento Urbano) e a SMSUB (Secretária Municipal das Subprefeituras) e que está ingressado no PDE Lei n° 16.050/2014. No Plano do PLANPAVEL está integrado com o SAPAVEL (Sistema Municipal de Áreas Protegidas, Áreas Verdes e Espaços Livres) e junto com outros três planos os quais são: o Plano Municipal de Conservação e Recuperação de Áreas Prestadoras de Serviços Ambientais; o Plano Municipal de Arborização Urbana e o Plano Municipal da Mata Atlântica. Os conceitos elaborados pelo PLANPAVEL foram Áreas Protegidas, Áreas Verdes e Espaços Livres no intuito de ter uma provisão dessas áreas de proteção ambiental do Município de São Paulo.1
1
27
Fonte Ministério do Meio Ambiente, site://www.mma.gov.br
ESPAÇOS PÚBLICOS
1.3
O bem estar das pessoas, envolve muito mais do que qualidade de vida e saúde, é investir em áreas de lazer, significa não só levar qualidade de vida para as pessoas, mas também cuidar da saúde delas e evitar gastos futuros. Praças e parques deixam as regiões mais bonitas, mas não é só isso, quando aumenta o contato da população de áreas urbanas com a natureza, tendo um estímulo na população uma maior consciência de preservação/conservação ambiental.
“Os espaços de transição da cidade limitam o campo visual e definem o espaço individual. Essas transições contribuem de forma crucial para a experiência espacial e para a consciência do espaço individual como lugar. Assim como as paredes de uma casa protegem as atividades e transmite uma sensação de bem-estar, os espaços da cidade oferecem um sentido de organização, conforto e segurança. Reconhecemos os locais sem espaços de transição ou com espaços de transição ruins em muitas praças, circundadas nos quatro lados por vias de tráfego intenso. Sua função é bem mais empobrecida do que o espaço urbano onde a vida é diretamente reforçada por um – ou mais de um espaço atraente de transição. [...] Uma característica comum da vida no espaço da cidade é a versatilidade e a complexidade das atividades, com muito mais sobreposições e mudanças frequentes entre caminhada internacional, parada, descanso, permanência e bate-papo. Aleatoriamente e sem planejamento, ações espontâneas constituem parte daquilo que torna a movimentação e a permanência no espaço da cidade tão fascinantes. Enquanto caminhamos para nosso destino, observamos pessoas e acontecimentos, somos inspirados a parar e olhar mais detidamente ou mesmo a parar e participar.” (GEHL,2010, p.20)
s áreas verdes e espaços públicos são grandes estruturadores para a paisagem natural da A cidade, e os elementos da topografia entram como um valor importante nesse conjunto de paisagem, cidade e pessoas. 28 28
SENSAÇÕES A interação humana com a natureza não se dá apenas pela visão, todas as sensações podem ser experimentadas e são de suma importância ao desenvolvimento cognitivo humano. O cheiro, o tato, a audição, o paladar são experimentados em sua totalidade quando temos um contato com mais próximo da natureza, em regiões metropolitanas nos afastamos dessa realidade. O projeto que será apresentado neste caderno tem a intenção de promover uma aproximação do cidadão cosmopolita com todo seu ecossistema. Os jardins e parques sensoriais são concebidos para que exista essa reaproximação dos nossos sentidos mais primitivos com a natureza.
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1.4
ANÁLISE URBANA
1.5
O capítulo a seguir trata da análise urbana em determinados segmentos: em uma macro escala, apresentando as principais características do Distrito Cidade Dutra, quanto sua abrangência de infraestrutural; na meso escala, relacionando nos bairros da Capela do Socorro, Interlagos, Vila da paz e Jardim Satélite. As características terão o auxílio de mapas e diagramas para a sua compreensão.
30 30
31
Área de Intervenção
INSERÇÃO URBANA
1.4
O perímetro de intervenção possui extensão linear de 2km e uma área total de 850.000,00m2 localizado no distrito Cidade Dutra, Zona Sul de São Paulo, bairros Vila da Paz e Interlagos, divisa com o distrito de Campo Grande. A região sudeste de São Paulo possui os altos índices de vulnerabilidade urbana de acordo com as variáveis do censo do IBGE,2010. Região Metropolitana de São Paulo
Cidade Dutra Município de São Paulo Perímetro de Intervenção
Localização da área de intervenção. Fonte de dados: Geosampa,2020. Elaborado por Vandreza Araújo
Mapa 03 à esquerda da pag.
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A Usina Piratininga teve um papel precípuo com o desenvolvimento da região. Construída no início de 1925 contando com uma área de 127Km2 e uma reserva de água de 9 bilhões de litros de água, teve sua entrega juntamente a usina Henry Borden da antiga concessionaria Light em 1944. Concebida pelo visionário americano Asa White Kenney Billings, ele fez uso de uma queda natural de mais de 700m até Cubatão, inteligentemente usando a gravidade para a movimentação das turbinas e sendo uma das obras mais complexas e eficientes até hoje.
A Prefeitura de São Paulo constituiu no Plano Diretor Estratégico PDE (Lei nº 16.050/1) 1 e trouxe uma leitura territorial ao Projeto de Intervenção Urbana 2Arco Jurubatuba (PIU-ACJ), composto pelo Setor Orla Ferroviária e fluvial da Macroárea de Estruturação Metropolitana, promovendo o ordenamento e a reestruturação urbana em áreas subutilizadas. Através da nota técnica do ACJ Leitura Territorial (2016), o eixo de estruturação urbana formado pelas vias de transformação ferroviárias e rodoviárias as quais são Avenida Washington Luís e a Avenida Interlagos, que iniciou em 1940 as primeiras conexões sobre os Rios Pinheiros e Jurubatuba as pontes João Dias e Socorro, junto a inauguração do Autódromo do Interlagos, o traçado tinha 7.823 metros, mas, em 1989, com o objetivo de trazer de volta a Fórmula 1 para São Paulo3. No ano seguinte em 1950 veio a implantação das estações ferroviárias Jurubatuba e Santo Amaro e a Usina Termoelétrica de Piratininga nas proximidades da Represa Billings.
1 Lei nº 16.050/14 Aprova Projeto de Intervenção Urbana para o perímetro do Arco Jurubatuba, em atendimento ao inciso III do 3º do artigo 76 da Lei nº 16.050, de 31 de julho de 2014; cria as Áreas de Intervenção Urbana Vila Andrade, Jurubatuba e Interlagos. 2 De acordo com a SP Urbanismo, o ACJ tem área bruta total de 2.158 hectares, 1.400 hectares de área de lote e abrange as subprefeituras de Santo Amaro, Capela do Socorro, Campo Limpo, M’Boi Mirim e os distritos de Vila Andrade, Campo Limpo, Santo Amaro, Jd. São Luís, Capela do Socorro, Campo Grande e Cidade Dutra. 3 http://www.capital.sp.gov.br/turista/atracoes/ar-livre/autodromo-de-interlagos
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Na extensão do Rio Jurubatuba, em 1940 iniciava-se os primeiros bairros operários como o Jardim São Luís, que em 1977 surgia o Centro Empresarial – CENESP Zona Sul de São Paulo, e deu como se referência para modernidade em meados do século XX1. Segundo a OD – Pesquisa Origem e Destino 2007, no ACJ, a população que residente em seu perímetro é de 150 mil habitantes, no total de 43 mil domicílios.
“Atualmente, o perímetro conta com a presença significativa de grandes lotes – 82% da sua área bruta total – dentre os quais, os que apresentam área entre 10.000 e 20.000 m2 somam 10.392.007 m2 e os com área acima de 20.000 m2, um total de 7.312.934 m2”( JURUBATUBA, 2016)
O crescimento acelerado da população, degradou a região, tendo hoje, escassez de áreas com equipamentos públicos, saneamento básico áreas de lazer e espaços culturais.
Com o aumento das indústrias e galpões juntamente com a vinda de operários para as moradias mais próximas a seus serviços, invariavelmente a região sofreu com uma explosão demográfica forçando esses novos moradores a construírem seus lares, irregularmente às várzeas dos Rios Pinheiros, Jurubatuba e as Represas Guarapiranga e Billings “A realidade da região dentro do perímetro da Lei de Proteção aos Mananciais n° 7.663/91 é continuidade da periferia da cidade. Os vetores de crescimento em direção às represas se devem a vários fatores, sendo os mais importantes, a concentração de indústrias e serviços e, portanto, empregos na região e a disponibilidade de "terra para construção".( GROSTEIN 1985, p. 16) 1 http://www.centroempresarial.com.br/pt-br/
34
POPULAÇÃO RESIDENTE
DENSIDADE DEMOGRÁFICA
(MTE/RAIS 2010)
(IBGE 2010)
4.404.576,27M2
150.000 HABITANTES
CONSTRUÍDOS
26.947 UNIDADES
NOVOS EMPREENDIMENTOS
RELAÇÃO EMPREGO / POPULAÇÃO
(EMBRAESP 2010-2013)
(RAIS 2012 E IBGE)
400 300 200
BELA VISTA
100
70 HAB/HA
50
MSP
5.860,00 R$/M2
0,90
EMPREGOS/HAB
ÁREA TOTAL DE
67 %
2.158 ha
LOTES
EMPREGOS
1 EQUIP. CULTURAL/ 3.947 HAB
(RAIS 2011)
60.000
TERRAS PÚBLICAS
SERVIÇOS
40.000 35.000
INDÚSTRIA
50.000
TOTAL DE
135.076
EMPREGOS
30.000
COMÉRCIO
15.000
1 EQUIP. EDUCACIONAL/ 1.851 HAB 16 M2 ÁREA VERDE/ 1 HAB
1 EQUIP. ESPORTE/ 7.142 HAB CTR. CIVIL
10.000 5000
13% DO ACJ
1 EQUIP. SAÚDE/ 9.375 HAB
25.000 20.000
RELAÇÃO EQUIPAMENTOS / POPULAÇÃO
0
Figura 01 – Dados atuais do Arco Jurubatuba inserido no perímetro escolhido – Fonte São Paulo (Prefeitura) Nota Técnica Arco Jurubatuba, 2016, p.2.
35
36
Para minimizar os impactos da urbanização da metrópole nas áreas verdes, tais como as áreas de preservação permanente, parques públicos, praças e espaços verdes destinados à recreação, a Lei16.402/16 cria parâmetros para essas áreas especificas. A área de intervenção está classificada em uma Zona Especial de Proteção Ambiental (ZEPAM), sendo setores destinados a preservação e proteção do patrimônio ambiental. A mesma sendo predominância juntamente com a (ZEP) Zona Especial de Preservação. Há altos índices de permeabilidade ao longo de todo o território de intervenção, contendo regras com um gabarito médio baixo, para não afetar a paisagem e degradar o meio ambiente. As áreas que estão ao entorno do perímetro, acompanha com uma demarcação de ZEIS-1 e ZEIS-2, com uma predominância residencial de precário. Zona: ZEPAM e ZEIS-3 Quoata ambiental: Perimetro 01 Coeficiente de aproveitamento: 0,1 Taxa de ocuapação: 0,10
LEGENDA ÁREA DE INTERVENÇÃO
ZEIS-3
ZEUu
ZMa
CORRÉGOS E REPRESAS
ZEIS-1
ZEUa
ZMu
ZEUP
ZERa
ZOE
ABERTOS E CANALIZADOS
ZEPAM ZONA ESPECIAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL
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fonte: Zonas e córregos: Geosampa, 2020. Mapa elaborado por Vandreza G. Araújo.
Mapa 04
Represa Guarapiranga
Rio a
tub
uba
Jur
38 Represa Billins
39
40 Autoria: Vandreza G AraĂşjo
A Bacia do rio Jurubatuba é composta pelos sub nas bacias Olaria Zavuvus, Córrego Pedreira, Contribuinte da Guarapiranga/Pinheiros, Córrego da Orla, Bacia Intermediaria Poli/Maria Joaquina e as Represas Billigns e Guarapiranga. No perímetro da intervenção, será trabalhado com o Rio Jurubatuba (Rio Campo Grande), Represa Billings e Guarapiranga. De acordo com as informações do Seade (2000), a rede de coleta de esgoto doméstico na região de estudos abrangia em média 86,4% dos domicílios particulares permanentes justamente na área à margem direita do canal do Jurubatuba, onde há a maior ocupação industrial, não há rede coletora de esgoto. Na área de estudo existem 513 poços cadastrados no DAAE. Se a média de poços não cadastrados for a mesma que a observada na BAT , acredita-se que o total de poços existentes supere 1700 poços, total de poços cadastrados na área de estudo, 257 (50%) estão ativos, 68 (13%) estão desativados, 17 (4%) lacrados e 10 (2%) tamponados. Para os demais (157 ou 31%), não há informação sobre o estado do poço.
LEGENDA ÁREA DE INTERVENÇÃO CURVA MESTRA CORRÉGOS E REPRESAS ABERTOS E CANALIZADOS
41
Conforme o DAAE os dados coletados indicam, as maiores condições de recarga do aquífero superficial, é por infiltração de águas pluviais e perdas da rede pública, e a descarga dos fluxos de água segue em direção às drenagens principais: Rio Pinheiros e canal do Jurubatuba. fonte: Bacias hidrográficas, Corregos e Cruva de nível : Geosampa, 2020.
Elaborado por Vandreza G. Araújo. Mapa 05
750
Bacia Interm. Poli/ Maria Joaquim
725
Cรณrrego Cordeiro
740
730
735
725 730
Cรณrrego Zavuvus Cรณrrego Poli 780 735
745
735
800
Bacia Interm. Zuvuvus/Poli
745 740
745
Represa Guarapiranga
Cรณrrego da Orla
735
Bacia Interm. Olaria Zavuvus
Contr. Direta Guarapiranga/ 730 Pinheiros
735
Contr. Direta Guarapiranga/ Pinheiros
750
5 74
730
775
735
Rio
750
780
Cรณrrego Pedreira
725
tub
uba
Jur
725
a
735
725
725
730 735
745
725
755 785
780
760 770
745
Represa 42 Billins
No seu entorno, o Rio Jurubatuba é composto por bairros com a características industrial, tais eles a Capela do Socorro e Jardim São Luís. Também tem uma grande predominância feita por usos residenciais de baixo padrão (veja mapa XX), com gabarito médio de até 2 pavimentos, e terrenos vazios sem nenhum tipo de uso. Devido à essas áreas sem uso, moradores acabam utilizando como deposito de lixo a céu aberto, causando sérios risco a eles mesmo e ao meio ambiente, e ainda composto pelas linhas de alta transmissão de energia elétrica, que passa por todo o perímetro de intervenção, que exige algumas restrições quando o local tem a existência dele. Há uma intensa densidade demográfica no distrito de Cidade Dutra. Ao longo da Avenida Interlagos o uso é predominantemente comercial e residencial, possuindo alguns comércios de pequeno porte, e residências com serviço no térreo.
LEGENDA
43
INDÚSTRIAL
QUADRAS
ÁREA DE INTERVENÇÃO
COMÉRCIO
TERRENOS VAGOS
MISTO
RESIDENCIAL
EQUIPAMENTOS PÚBLICOS CORRÉGOS E REPRESAS ABERTOS E CANALIZADOS
fonte: Uso e ocupação de solo: Geosampa, 2020. Elaborado por Vandreza G. Araújo. Mapa 06
Represa Guarapiranga
Rio a
tub
uba
Jur
Represa 44 Billins
Autoria: Vandreza G Araújo.
LEGENDA VIÁRIO
Os melhoramentos viários definidos pelo Plano Diretor Estratégico têm por objetivo a melhoria do fluxo de veículos da região, uma vez que as vias estruturais por vezes são a única opção de acesso à rede de transportes da grande quantidade de pessoas que reside nas bordas do ACJ. São classificados em melhoramentos pontuais, melhoramentos viários e viários a abrir.
ÁREA DE INTERVENÇÃO CORRÉGOS E REPRESAS
VIAS ESTRUTURAIS
LINHA FERREA
CICLOVIA
PONTO DE ÔNIBUS
QUADRAS
LINHA DE TRAMISSÃO
ESTAÇÃO CPTM
ABERTOS E CANALIZADOS
EXISTENTE
45
NOVA ESTAÇÃO
CPTM CAMPO GRANDE (PROPOSTA)
fonte: Classificação Viária: Quadro 09 - PDE. Córregos, pontos de onibus, estação de trem e linha de tramissão.: Geosampa, 2020. Elaborado por Vandreza G. Araújo. Mapa 07
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Represa Guarapiranga
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Rio
NOVA ESTAÇÃO CPTM CAMPO GRANDE (PROPOSTA)
Jur a
tub
uba
Represa 46 Billins
47
1.5.1
O PERÍMETRO A área de intervenção encontra-se com algumas áreas passíveis de alagamento e um córrego que vem do Autódromo de Interlagos. Vale ressaltar que ao lado do perímetro do parque proposto, existe uma área de ZEIS 3 (zona especial de interesse social), para a qual já existe diretrizes de habitação de interesse social pela Prefeitura. Há uma extensão de 2km de linha de alta tensão por toda várzea do rio. A área do perímetro teve seus estudos iniciados também pela Prefeitura, denominado de “Parque da Orla”, no contexto do projeto de intervenção urbana arco Jurubatuba que visa essencialmente, o equilíbrio na relação entre emprego e moradia a partir do aumento das densidades demográficas e construtivas.
48
PROSPECÇÕES DO ESPAÇO
1.5.2
É essencial a presença de equipamentos públicos para seus moradores e visitantes. No diagnostico realizado da área, os equipamentos existentes atendem parcialmente as pessoas que moram nessa região, sendo eles Centro Educacional Unificado - CEU e Serviço Social da Indústria SESI instituições do estado de São Paulo e algumas escolas da rede privadas desse entorno. Os bairros do diagnostico para a intervenção urbanística, como também existem alguns espaços de áreas de lazeres como o Parque Guarapiranga, o qual é o mais próximo da região e está sem nenhum tipo de manutenção adequado ao local, os equipamentos estão deteriorados em toda sua extensão. LEGENDA
RELAÇÃO DOS ESQUIPAMENTOS COM PARQUE JURUBATUBA
ESPORTE
1 EDUCAÇÃO PÚBLICA 2 EDUCAÇÃO PRIVADA 3 UBS 4 VIGILÂNCIA DA SAÚDE 5 AUTÓDROMO DO INTERLAGOS 6 CLUBE DA COMUNIDADE
CULTURA
7 BIBLIOTECA
EDUCAÇÃO SAÚDE
ÁREA DE INTERVENÇÃO CORRÉGOS E REPRESAS ABERTOS E CANALIZADOS
QUADRAS
49
fonte: Equipamentos e Córregos: Geosampa, 2020. Elaborado por Vandreza G. Araújo. Mapa 08
4
4
1 3
4
2
1 1 3
1
3
Represa Guarapiranga
1
3
3
2 6 1
1
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7 6
4
1
1
Rio
6
6
2
2
Jur a tub
uba
2 2
3
3
5
4
6 2
1
2
1
Represa 50 Billins
Existem parques nas extremidades das margens da represa Guarapiranga, tais como o Parque Ecológico Guarapiranga, Parque Guarapiranga, Parque da Barragem Guarapiranga, Parque do Sol, e o Parque Linear São José. O Parque Ecológico Guarapiranga ocupa 7% das margens dos 28 Km da represa, e com o objetivo de preservar a fauna e flora existente além de despertar a consciência ambiental nos visitantes e principalmente na população que está no seu entorno e feito para causar o mínimo de dano ao meio ambiente. O Parque Guarapiranga é composto por 250 hectares, com suas atividades voltadas para Museu do lixo e uma biblioteca rica de aprendizado do Núcleo de Educação Ambiental, que também tem a mesma característica do Parque Ecológico, ambos são Parques Municipais e com o intuito de trazer a conscientização principalmente aos moradores. Já o Parque da Barragem tem em sua extensão de 2km entorno da represa, contornada por ciclovia e calçada ecologicamente correta e composto por trilhas e playgrounds. O Parque do Sol tem uma área destinada para banhistas e voltada uma prática de esportes náuticos, lazer e contemplação. Por fim o Parque Linear São José, com 538.000 m2 que também é voltado para uma área de banhista, com uma diversidade significativa de fauna. Todos os parques estão ativos atualmente, a maior frequência dos visitantes é nos finais de semana. LEGENDA ÁREA DE INTERVENÇÃO PARQUE EXISTENTE PARQUE
ÁREA DE MANACIAL
ÁREAS VERDES
QUADRAS
Em planejamento(Prefeitura de São Paulo) RESERVA MATA ATLÂNTICA
51
CORRÉGOS E REPRESAS ABERTOS E CANALIZADOS
fonte: Parques, áreas verdes e manaciais: Geosampa, 2020. Elaborado por Vandreza G. Araújo. Mapa 09
Rio a
tub
uba
Jur
Represa Guarapiranga
Represa Billins
52
Após o levantamento de dados obtidos oficialmente pelo Centro de Gerenciamento de Emergências de São Paulo, Áreas alagáveis nos bairros Interlagos, Santo Amaro e Capela do Socorro, foram identificadas algumas áreas de inundações e possíveis alagamentos nas proximidades do Parque proposto.
LEGENDA ÁREAS ALAGAVÉIS
QUADRAS
CORRÉGOS E REPRESAS
ÁREA DE INTERVENÇÃO
ABERTOS E CANALIZADOS
ÁREA DE RISCO GEOLÓGICO
53
fonte: Áreas de Alagamento: Geosampa, 2020. Elaborado por Vandreza G. Araújo. Mapa 10
Represa Guarapiranga
Rio Jur a tub
uba
Represa 54 Billins
O PROJETO 55
2
CAPÍTULO 56
PARTIDO
O projeto do Parque Jurubatuba, visa reavivar, ocupar, socializar todas as margens de rios, bem como suas áreas de várzea, não se trata de uma releitura ou aperfeiçoamento do projeto “Melhoramentos do Rio Tietê”, mas aplicar a visão de uma sociedade mais consciente de suas responsabilidades ambientais e sociais de todo “ecossistema metropolitano”. “A identificação dos significados e valores estéticos e ecológicos das paisagens fluviais é um fator de compreensão de percepção e da utilização do rio pela população, e do potencial de recuperação desses sistemas” (GORSKI,2010 p.36) De acordo com autora GORSKI, a percepção de SARAIVA1 devemos aplicar métodos de valores estéticos, cênicos e culturais, que entraram no plano de ordenação da paisagem do local.
O partido do projeto é trazer travessias para os pedestres, integrando, assim, o parque à malha urbana. acompanhado pela ciclovia. durante o percurso, decks de madeira surgem como opção para o descanso ou área de contemplação da água e vegetação.
1 SARAIVA, Maria da Graça Amaral Neto, O rio como paisagem: gestão de corredores fluviais no quadro do ordenamento do território. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1999.
57
2.1
Visando aspectos de recuperação de ambiental, degradados pela industrialização, a reestruturação da fauna da cidade, dependem da arborização para abrigo e alimentação, tudo isso aliado a harmonização dos diferentes estilos arquitetônicos existentes na cidade se converte em atração. A democratização dos espaços públicos destinados ao lazer, recreação e relaxamento ou ócio do bem. Esses aspectos viabilizam a criação de espaços para a educação ambiental, ensinando respeito ao meio ambiente, preservação sustentabilidade, recuperação. Todas as atividades disponíveis no parque trazem diferentes benefícios psicológicos, sociais e físicos a saúde dos indivíduos, como, por exemplo, a redução do sedentarismo e amenizar o estresse do cotidiano urbano, a beleza da paisagem e a proximidade de um parque, ao local de moradia dos usuários, são os principais fatores que incentivam uma utilização frequente para a atividade física e o lazer. Disponibilizando de infraestrutura adequada, segurança, facilidade de acesso e outros fatores positivos, aumentam a possibilidade de frequência das pessoas e, por conseguinte, um comportamento fisicamente ativo é de relevante importância na promoção da saúde e qualidade de vida de uma população.
58
ESTUDO DE CASO CANTINHO DO CÉU
Fonte: Archdaily – Fotografia feita por Daniel Ducci, Fábio Knoll e SEHAB-PMSP
Projeto: Executado Arquitetos: Boldarini Arquitetura e Urbanismo - Marcos Boldarini e Melissa Matsunaga Localização: Grajaú, São Paulo, SP Área:1.500.000m Ano:2008
59
Análise: A concepção do projeto adotou como diretriz voltar as moradias para o reservatório e revelar a natureza à sua frente, valorizando paisagem e comunidade. O programa funcional do parque associa usos de recreação e lazer à preservação da margem com a manutenção e reconstituição de espécies vegetais nativas, evitando o assoreamento da represa e promovendo a qualidade de vida dos moradores. O projeto considerou as situações especiais identificadas ao longo da área, tendo como prioritárias as condições topográficas, acessibilidade e a articulação com as obras de urbanização em curso. O projeto previu ainda manutenção e a reconstituição de espécies vegetais nativas e articulação das vias principais de acesso à área residencial. Como a permeabilidade do solo é uma premissa em projetos nas áreas de mananciais, a escolha do piso para o sistema viário leva em conta o tipo de tráfego definido, utilizando pisos permeáveis em áreas de circulação de pedestres e o piso intertravado onde há circulação de automóveis. A intervenção ainda contemplou a coleta e o afastamento do esgoto sanitário, o sistema de drenagem e a consolidação geotécnica.
VISTA DO PARQUE E HABITAÇÕES PROPOSTAS
Fonte: Archdaily – Fotografia feita por Daniel Ducci, Fábio Knoll e SEHAB-PMSP
A relação entre o estudo de caso Catinho do Céu, com a projeto de intervenção Parque Jurubatuba, têm o mesmo conceito de trazer a natureza para mais perto dos morades, ao mesmo tempo preservando as margens das rios e represas. Fonte de dados: Archdaily
60
O projeto se iniciou com um macroplanejamento, em relação com as bacias do rio jurubatuba, com manejo de água, e com microplanejamento que será feito detalhamento das etapas do parque.
6161
Adotou-se como macroplanejamento do projeto etapa de propostas do entorno dos rios Jurubatuba e Pinheiros sendo delimitado inicialmente pelas represas Guarapiranga e Billings. O intuito deste projeto é contar com uma expansão das características do parque proposto para essas e outras áreas no entorno desses rios, interligando transposições para o melhoramento dos transportes públicos, conectando a ciclovia do parque e integrando totalmente com as ciclovias existentes e próximas ao perímetro de forma que valorize o percurso dos moradores da Zona Sul. O sistema viário, tem como objetivos reduzir o uso do transporte motorizado; Integrar o modo bicicleta ao Sistema de Transporte Público Coletivo, através de seus terminais e estações; Promover a educação de trânsito; Incentivar o uso da bicicleta como modo de transporte de pequenas cargas e Promover a melhoria da qualidade ambiental e urbanística da região. Serão definidos, em todos os fragmentos existentes, jardins de chuva, corredores verdes para englobar medidas sustentáveis e manejo pluvial. No plano de bacias, será integralizado, com um programa hídrico de saneamento básico, um sistema de captação de água da chuva e outro de tratamento de esgoto para os moradores da Favela da Paz e Jardim Satélite. O dimensionamento do sistema de captação da água de chuva, análise da qualidade desta água a fim de se determinar os possíveis usos e propor um sistema alternativo de tratamento de esgoto para ser utilizado em programas de educação ambiental, juntamente ao programa de conscientização em nosso Centro Ambiental do Parque Jurubatuba ao sistema de captação de água da chuva. Para as áreas sob a passagem das linhas de transmissão, não haverá edificações, apenas caminhos, os edifícios de grande porte e indústrias, deverão seguir a legislação 16.402 de parcelamento e uso e ocupação do solo, no Q2A (Quadro 2A) que regule lotes com áreas impermeabilizadas maior que 500,00m2 a adotar medidas de controle, segundo o artigo 81 Todos os lotes deverão atender as taxas de permeabilidade mínima estabelecidas para cada Perímetro de Qualificação Ambiental, conforme o Quadro 3A da Lei 16.402 do PDE (Plano Diretor Estratégico). Seguindo as diretrizes do Plano Diretor de São Paulo, a proposta segue com Edifícios públicos que serão englobados em projetos sustentáveis, residências e comércios, terão o incentivo fiscal para a implantação de dispositivos de controle de escoamento na fonte.
M
MACROPLANEJAMENTO
ZONEAMENTO: Legislação que regule lotes com área impermeabilizada maior que 500m a adotar medidas de controle
2.2
SISTEMA VIÁRIO: Melhoria de mobilidade e construção de corredores verdes. ÁREAS RESIDENCIAIS E COMERCIAIS: Incentivos fiscais para a implantação de dispositivos de controle de escoamento na fonte. EDIFICIOS PÚBLICOS: Englobar medidas de projeto sustentável nos edifícios existentes e em planejamento. VALORIZAÇÃO DOS ESPAÇOS PÚBLICOS: Ser implantada na faixa de domínio das vias normais, lateralmente no canteiro central, ou em outros locais, de forma independente.
Represa Billigns
62
EIXO ESTRATÉGICO DE MANUTENÇÃO DE PAISAGEM A inserção do Parque foi projetada para que tenha uma forma harmônica e equilibrada, estabelecendo relações e conexões com o entorno, no intuito de garatir uma complementação à paisagem existente, promovendo a interação entre o homem e a natureza.
EIXO ESTRATÉGICO DE CONFORTO Está prevista a instalação de painéis fotovoltáicos na cobertura do Centro de Conscientização Ambiental, para geração de energia limpa para a iluminação, captação das águas pluviais, para reutilização nas hortas (irrigação) comunitárias e nas demais atividades do Parque.
63
EIXO ESTRATÉGICO DE ACESSIBILIDADE Usando os conceitos de acessibilidade, entendida não apenas como o cumprimento de normativas técnicas, mas também no sentido de garantir os acessos de todos os modais (pedestres, bicicletas, apoio e outros), mas também como direito de acesso de todas as camdadas da população aos espaços de domínios públcios da cidade. Além disso, o projeto do Parque Jurubatuba apresenta transposições pelos usuários atrás das passarelas implatadas e os acessos conectando a Favela da Paz e Jardim Satélite. Assim, os eixos direcionam os usuários aos seus principais eixos, Setor Habitacional, Setor Lazer e Setor Linear, complementando todo do fluxo dos modais.
64
PROPOSTA PARQUE JURUBATUBA
LEGENDA Eixo Linear Ciclovia Pista de Cooper 65Grama
LEGENDA Eixo Habitacional HIS Centro de Conscientização Ambiental Apoio do Parque
LEGENDA Eixo Lazer Apoio do Parque Viveiros/Estufas Restaurante
Jardim Sensorial
Mirante
Partida Tirolesa
Ponto de ônibus
Chegada Tirolesa
Jardim Sensorial
Rio Jurubatuba
Pista de Cooper
Bicicletário
Nova Habitação Proposta
acesso principal
acesso
principa
l
Caminho Sensorial
Centro de conscientização Ambiental
Cinema ao ar Livre
Bow 66
Pavilhão de bambu
Ciclovia
1:2500 66
CORTES Proposta Parque Jurubatuba
CORTE TOPOGRÁFICO escala 1:2500 Habitação
67
CORTE escala 1:250
Mirante
Proposta Estação CPTM
Rio Jurubatuba
Área de Equipamentos Centro de conscientização ambiental
Ciclovia
Apoio do Parque
CORTE escala 1:250
68
AMPLIAÇÃO EQUIPAMENTOS ACESSO
L
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PISTA R OPPE DE C
69
NOV
A TAD LAN IMP UA A R
A OVI CICL
70 1:500
AMPLIAÇÃO HABITAÇÃO
HORTA COMUNITÁRIA
ACESSO PRINCIPAL
CENTRO DE CONSCIENTIZAÇÃ O AMBIENTAL
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RIO
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RUA NOVA IMPLANTA DA RUA NOVA IMPLANTA DA
71
N
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1:500
72
PERSPECTIVA EQUIPAMENTOS
73
74
PERSPECTIVA HABITAÇÃO
75
76
77
PERSPECTIVA aterro
Segundo a Sabesp (Saneamento Básico do Estado de São Paulo), os Aterros para recebimento de resíduos devem apresentar impermeabilização inferior e superior, sistema de drenagem de líquidos percolados e drenagem superficial além de operação e monitoramentos adequados. Devem para tanto, possuir características de projeto e construtivas que minimizem riscos de impactos ao ambiente, devem ser projetados implantados e operados de acordo com os critérios estabelecidos nas normas técnicas ABNT NBR 10.157 Aterros de resíduos perigosos e ABNT NBR 13.896 para Aterros não perigosos.
78
79
PERSPECTIVA Praรงa seca
80
81
PERSPECTIVA pavilhão de bambu
82
MICROPLANEJAMENTO
2.4
Proporcionar um auxílio de regularização nas moradias, atualmente irregulares, para os moradores com baixa renda, afim de proporcionar a regularização aos seus imóveis, bem como a realocação de uma área de 19.668,08m2 e 350 domicílios. Será proposto no projeto, 400 domicílios, incluindo comércios, que incidirem nas áreas de risco geológico, serão realocadas para zona de ZEIS-3. Os moradores da Favela da Paz terão um novo cenário pós intervenção urbanística, a sociedade ganhará visibilidade do novo cenário, antes escondido pelos muros de suas residências, unificando a natureza para dentro do habitar. O programa do parque será composto por uma linguagem sensorial que não danifique a fauna e nenhuma área de preservação, contará com conjuntos de hortas comunitárias, viveiros e estufas, trazendo uma unificação com as unidades de habitação inseridas na área de ZEIS-3. A existência do centro ambiental, será responsável pelas pesquisas de tratamento e destinação do aterro que se encontra enfrente ao parque, ele é a fonte para um campo de pesquisa, através de trilhas com rampas por todo esse percurso em todo o aterro. Proposta da estação de Trem “Campo Grande”, junto com as transposições para melhoria do transporte público, trará a conexão ao mirante, que faz parte de uma das atrações do parque, também para melhor acessibilidade dos moradores, juntamente com essa implantação, será interligado um ponto de ônibus próximo a passarela do setor habitação. LEGENDA NOVAS HABITAÇÕES PROPOSTA
REALOCAR REGULARIZAR ÁREA DE INTERVENÇÃO
83
CORRÉGOS E REPRESAS ABERTOS E CANALIZADOS
QUADRAS fonte: Áreas de Risco Geológicos (RA e App) Geosampa, 2020. Elaborado por Vandreza G. Araújo. Mapa 11
Rio uba
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Autodrรณmo do Interlagos
Represa Billins
84
MICRODRENAGEM Solucionar os grandes problemas de alagamentos nas moradias, proximas de áreas de perservação permanentes, utilizando o tipo de paginações corretamente adequadas para o local.Implantação de sistema de microdrenagem que proprõe um recebimento de águas pluviais até os canais dos rios. Nas novas ruas implantadas que dão acesso ao parque, é implantado um novo sistema de drenagem , com pisos intertravados e em algumas áreas com concregramas, para permeabilizar as áreas ao redor da várzea. Os pisos intertravado podotátil, para o auxílio na locomoção pessoal de deficientes visuais, está inserido em toda parte do parque.
85
ESPÉCIES NATIVAS
eugenia uniflora
arachis repens
handroanthus albus
agapanthus africanus
mimosa caesalpinifolia
acalypha reptans
nectandra megapotamica
alternanthera ficoidea
tabebuia roseo alba
pennisetum setaceum
tibouchina mutbilis
tradescantia spathacea
plinia cauliflora
verbena tenusecta
MOBILIÁRIO
PAGINAÇÃO ciclovia
piso intertravado
passeios recreação lixeira
bebedouro
banco
86
87
MAQUETE FÍSICA
88
89
90
3
REFERÊNCIAS
BARATTO, Romullo. "Primeiro lugar no concurso para a requalificação do Vale do Rio Jundiaí" 14 Set 2019. ArchDaily Brasil. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/924824/primeiro-lugar-no-concurso-para-a-requalificacao-do-vale-do-rio-jundiai> Acessado 08 Jan 2020.
ROLNIK, Raquel. A Cidade e a Lei. legislação, política urbana e territórios na cidade de São: Nobel, 1997.
COELHO, Fábio Ulhoa. Direito e Poder. São Paulo: Saraiva, 1992. p. 112.
VILLAÇA, Flávio. Reflexões sobre as cidades brasileiras. São Paulo: Nobel, 2012.
GORSKY, Maria Cecília Barbieri. Rios e cidade: Ruptura e reconciliação. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2010.
GEHL, Jan. Cidade para Pessoas.
HARVEY, David . O Neoliberalismo: História e Implicações. 5 ed. São Paulo: Loyola, 2018.
Secretaria Municipal do Desenvolvimento Urbano, Nota Técnica Arco Jurubatuba. São Paulo: Out. 2015. Disponível em <https://gestaourbana. prefeitura.sp.gov.br/piu-arco-jurubatuba/> Acesso em 20 Janeiro de 2020.
JACOBS, Jane. Morte e vida nas Grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes, 1997. LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1980. PINTO, luiza Helena; Pinheiro, Sérgio Avelino, Orientações Básicas para Drenagem Urbana. Belo Horizonte: Fundação Estadual do Meio Ambiente, 2006. 91
ROLNIK, Raquel. Produzir Cidade. Piseagrama. Disponível em: <https://piseagrama.org/produzir-cidade/> Acessado 08 Jan 2020.
Lei 16.050/2016, SEPAVEL, leismunicipais.com.br
DAEE – Departamento de águas energia elétrica, Restrição e Controle de Uso de Água Subterrânea, São Paulo 2009. Disponível em <http:// www.daee.sp.gov.br/acervoepesquisa/acervo/Jurubatuba.pdf> Acesso em 25 fevereiro de 20 20.
SARAIVA, Maria da Graça Amaral Neto, O rio como paisagem: gestão de corredores fluviais no quadro do ordenamento do território.Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1999. MMA, Ministério do Meio Ambiente > Acessado 15 Abril 2020.
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94
VANDREZA GOMES ARAÚJO 95