Enfoque Vila Brás

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São Leopoldo/RS - Edição 114 - Março/Abril de 2009

Fotografe Marcelo Gomes

Sandra Vargas

Kaiser Konrad

Quem cuida dos cães de rua?

Casas da Bacia estão demorando

Motos viraram táxi na Vila

Animais abandonados na Vila preocupam os moradores, que não têm a quem apelar. Eles temem as doenças. PÁGINA 6

Das 180 previstas para serem construídas na região da Bacia, apenas 14 foram entregues até este momento. PÁGINA 7

Moradores da Brás contam agora com mais uma alternativa de transporte econômica e dinâmica, que está agradando. PÁGINA 3

seu amor pela

Brás! O Jornal Enfoque Vila Brás está promovendo o concurso fotográfico “Eu Amo a Brás”. Para participar, faça uma foto bem bacana que demonstre o amor que você sente pela comunidade onde você mora. As melhores fotos serão publicadas no jornal Enfoque na edição de junho. Você pode mandar sua foto para o e-mail euamoabras@gmail.com ou enviá-la pelo correio para Agexcom (sala 3A001) – Av. Unisinos, 950, Bairro Cristo Rei, São Leopoldo/RS. CEP: 93022-000.

A tão esperada inauguração foi comemorada com apresentações culturais, presença de autoridades e Baile da Lingüiça. O sonho da comunidade demorou cinco anos para se realizar. PÁGINA 2

Marcelo Gomes

Nova sede da Associação é inaugurada com festa


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Vila Brás | São Leopoldo | Março/Abril de 2009

Associação inaugura sua nova sede Prefeito Ary Vanazzi prestigiou a inauguração, em festa ocorrida no dia 21 de março - Fernanda Calegaro Marcelo Gomes

Marcelo Gomes Mônica Patrícia Pauline Costa

A

e Maria Dolores Pessoa. O vereador Ademir de Cesaro foi representado pelo assessor Valdir Becker. Também estavam presentes o presidente da Associação Civil Curupira, Leonildo Piovesan e Padre Ireno.

Comunidade comemora mais uma conquista RECONHECIMENTO: Schütze (à dir.) agradeceu ao prefeito pelo apoio à Brás

entidade, Xexéu, morto em 12 de outubro de 2004. O público acompanhou apresentações de grupos de dança, resultado do trabalho realizado pelo projeto Escola Aberta, além da demonstração de karatê dos alunos do professor Brandolff e do vídeo que mostrou o trabalho da comunidade na construção das novas moradias, doadas pela Prefeitura. A dona de casa Vera Lúcia da Costa, 40 anos, agradeceu ao prefeito Vanazzi em nome de todos os novos proprietários. Moradora da Brás há 20

anos, Vera mudou há um mês para a Rua 24, nº 190. A festa só terminou à noite com o esperado Baile da Lingüiça. Segundo o tesoureiro da Associação, Luis Machado, dois porcos de aproximadamente 400 quilos cada foram abatidos para a realização do baile. Prestigiaram o evento, o capitão da Brigada Militar, Luciano Bernardino dos Santos, o secretário geral de Governo, Paulo Borba, o

Não foi difícil encontrar moradores animados com a nova sede da Associação de Moradores. Leontina Pereira da Luz, de 57 anos, e seu marido, Fredolino Barchfeld, de 62 anos, souberam da inauguração por meio de divulgação feita nas ruas, por moto de som. O casal disse estar feliz com o acontecimento, pois a nova sede será útil à toda comunidade. O evento atraiu também membros de outros bairros, como a presidente da Associação dos Moradores da Vila Progresso, Ana Maria Bandeira, de 49 anos. Segundo ela,

a nova sede representa uma injeção de ânimo nas outras associações, pois, dá mais fôlego ao trabalho comunitário. “A Brás fez com que as demais associações também ganhassem força com esta conquista”.

Marcelo Gomes

festa teve início na manhã do dia 21 de março, com a cerimônia de inauguração, que reuniu moradores, grupos de dança e autoridades. O presidente da Associação, Claudemir Schütze, o Schitz, como é conhecido na Brás, era todo felicidade durante a inauguração da nova sede da Associação dos Moradores. Ele fez um relato da história da Associação desde a sua fundação, em março de 1982, até a inauguração da nova e ampla sede, que custou 95 mil reais. Pessoas fundamentais na evolução da Vila também foram lembradas e homenageadas, como Dona Maria do Cristo Operário, considerada um\ das sábias da Brás. Ela não permaneceu no local até o fim da cerimônia devido a um mal-estar causado pelo calor, que era intenso naquela manhã. Nadir Gazione Mendes, o primeiro presidente da Associação, só não foi mais aplaudido do que o líder comunitário e ex-presidente da

presidente do Conselho de Desenvolvimento Comunitário - CDC, Doraci Luiz da Silva, “o Luiz da Paim”, o diretor do Serviço Municipal de Água e Esgoto – SEMAE, Ronaldo Vieira, os vereadores Alexandre Schuh, Edite Lisboa, “a Cigana”

Leontina e Fredolino estão satisfeitos com a nova sede

Cláudio escolhe a carne pessoalmente - Eduardo Trindade Eduardo Trindade

ASSADOR: final de semana é dia de churrasco no Chuletão

Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Endereço: Av. Unisinos, 950, Bairro Cristo Rei, São Leopoldo/ RS. Contatos: (51) 3591.1122 e unisinos@ unisinos.br. Reitor: Marcelo Fernandes de Aquino. Vice-reitor: José Ivo Follmann. Pró-reitor Acadêmico: Pedro Gilberto Gomes. Diretora de Graduação: Paula Caleffi. Coordenador do Curso de Jornalismo: Edelberto Behs.

enfoque O Enfoque Vila Brás é um jornal-laboratório produzido para os moradores da Vila Brás, em São Leopoldo/RS. Os textos e as fotos foram produzidos pelos alunos da disciplina de Redação Experimental em Jornal.

Todos os sábados e domingos, logo cedo, Cláudio Adão Nascimento, de 41 anos, se veste de assador e assume o comando da churrasqueira do Chuletão, restaurante do qual é proprietário há quase dois anos. Com almoço no bifê de segunda a sexta, aos finais de semana é o churrasco do dono que ganha o cenário e a preferência dos

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enfoque@icaro.unisinos.br

clientes da Brás. É ele quem faz questão de escolher e preparar a carne pessoalmente. Cláudio diz que já sabe como os clientes gostam da carne e, por causa deste atendimento personalizado, vê o movimento crescer cada vez mais. “Lá pelas 11 horas os primeiros clientes vêm pegar o que encomendaram, mas continuo trocando espeto vazio por cheio por um bom tempo.”, afirma,

com orgulho. O comerciante tem planos de crescimento para o futuro e se empolga quando fala neles. “Já tenho coisas que ninguém tem aqui na Brás. Tem jogos em Pay-per-View de Grêmio e Inter, playground para crianças e agora eu tô vendo de botar tele (entrega), porque às vezes o cliente é das ruas de baixo e quer, mas não tem como vir pegar.”, explica.

REDAÇÃO - Edição: professor Demétrio de Azeredo Soster. Textos e fotos: alunos Ana Paula Sardá, Anaiara Ventura, Bruno Alencastro, Carolina Schubert, Daiane Benin, Delmar Costa, Eduardo Trindade, Fabrícia Hess, Fernanda Calegaro, Fernanda Mineiro, Flavia Tres, Genésio Barão, Gilberto Dutra, Gisiane Andrade, Kaiser Konrad, Marcela Schuck, Marcelo Gomes, Márcia Lima, Mariana Bechert, Mariana Oliveira, Mariana Scherrer, Mônica Patrícia, Pauline Costa, Priscila Milán, Régis Eduardo, Rodrigo Duarte, Sandra Vargas, Simone Bertuzzi, Vanessa Coimbra e Vanessa Reis. Colaboração (fotos): Alunos Caroline Michaelsen, José Luiz de Paula e Marília de Oliveira Dias, sob supervisão da professora Beatriz Sallet. PRODUÇÃO GRÁFICA - Realizada pela Agência Experimental de Comunicação (AgexCOM). Coordenação-geral: professora Thaís Furtado. Responsável pela Área de Jornalismo: professor Juan Domingues. Projeto gráfico e diagramação: jornalista Marcelo Garcia.


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Vila Brás | São Leopoldo | Março/Abril de 2009

Marcelo Gomes

IRANI: cada corrida com ele custa, em média, R$ 5,00

Irani e Ivanir são taxistas de moto O serviço existe na Brás há pelo menos seis meses; irmãos trabalham nele desde 2007 - Marcelo Gomes Mônica Patrícia Pauline Costa

O

s irmãos Irani e Ivanir Severo estão contentes com o novo trabalho. Naturais de Três Passos, os dois agora cuidam do primeiro ponto de moto táxi da Vila Brás. No início, o dono – Luis Goulart – cuidava de tudo sozinho. Só depois contratou ajudantes, que hoje realizam o transporte de pessoas dentro e fora da Brás. O mais velho, Irani, de 38 anos, saiu de Três Passos em 1993. Largou a agricultura e veio para o Vale do Sinos em busca de uma vida menos difícil. Logo que ele e a irmã, Iraci, um ano mais

Dona Rosa tirou cinco das drogas - Anaiara Ventura

MÃE DE SANTO: consultas podem até ser parceladas

ela veste branco, tira os sapatos, mas não larga o cigarro. As consultas de cartas ou búzios custam vinte reais e os trabalhos podem ser parcelados. Dona Rosa vive dos trabalhos que realiza e do salário de seu marido, José Clair Castilho, pedreiro e pai de santo. Na frente de sua casa não há placa. Dona Rosa diz que não quer anúncio porque religião merece respeito. O pagamento não garante que o pedido será atendido. “Se Oxalá, que é Deus, não permitir, os orixás não conseguem nada.”

|Serviço|O Enfoque Vila Brás dá a dica!

Se precisar de um chaveiro, ligue para o Luis Você está precisando fazer cópia de chave? Perdeu sua chave ou não consegue lembrar onde a deixou? Para estes e outros casos chame o Luis, da Casa das Chaves Schneider, pelos telefones 3572-5788 e 9926-3375 ou visite-o, na Rua 10, nº 75. - Fernanda Mineiro e Simone Bertuzzi

nova, chegaram à Brás, começaram a trabalhar em fábricas de calçado da região. Seis anos depois, o caçula da família Severo, Ivanir, de 27 anos, também deixou o interior e veio para a vila. A crise no setor calçadista levou os irmãos Severo para caminhos diferentes. Iraci, a irmã, agora trabalha em uma metalúrgica de Novo Hamburgo. Ivani e Ivanir são moto taxistas e a única ligação com a cidade natal são os pais, que ainda moram lá. É do trabalho como moto táxi e motoboy que os irmãos sobrevivem, com suas famílias. Irani é casado há 10 anos com a paranaense Sirlei Meira, de 37 anos. Os dois são pais de Cleiton

Daniel sente no bolso os reflexos da crise são as mercadorias mais vendidas. Em cada produto o lucro chega a 10%. Estima-se que atualmente morem na Brás mais de 30 cearenses.

- Delmar Costa A atual crise econômica que abala o mundo chegou na Vila Brás. Um grupo de vendedores ambulantes, todos do Ceará, que reside e trabalha no bairro há mais de 10 anos, sente no bolso os efeitos da crise. Um dos vendedores atingidos pela crise é Daniel da Costa, de 30 anos, morador da Rua 11, conta que desde a chegada, em 1999, trabalha como vendedor porta-a-porta. Neste período formou família (esposa e duas filhas) e adquiriu uma casa simples. De acordo com Daniel, apesar das facilidades oferecidas no pagamento, a procura pelos produtos caiu mais de 60%. “Se continuar assim teremos que voltar para o Ceará”, lamenta o vendedor. Panelas e sapateiras

Delmar Costa

A mãe de santo Rosa Maria Nunes da Silva se orgulha porque tirou cinco pessoas das drogas e curou um câncer. O doente deveria ter morrido há cinco anos, segundo os médicos. Aos 49 anos, 30 deles na umbanda, ela é respeitada na Brás mesmo por quem vê a religião como coisa do diabo. “Se quiser um trabalho para o mal, não conte com Dona Rosa, porque que ela não mora aqui”, diz. Para entrar no terreiro,

Delmar Costa

Márcia Lima

Henrique, de 7 anos, aluno da Escola João Goulart. Ivanir ainda não tem filhos, mas tem esposa. Ele e Helen Batista, de 20 anos, estão casados há três anos. O ponto de moto táxi deles não é o único da Vila. A menos de uma quadra do local que já foi um Xis, que se chamava 14 Bis, existe outro com o mesmo propósito. Mas a concorrência não preocupa Iraci e Ivanir, porque o serviço é muito procurado pelos moradores da Brás. Além do valor médio das corridas não ultrapassar R$ 5,00 e os moto taxistas aceitarem chamadas a cobrar, à noite, os taxistas de São Leopoldo não entram na Vila. O que favorece o trabalho dos irmãos, que chegam a atender 10 corridas por dia. Nas quintas, sextas e sábados o movimento é maior, chegando a dobrar.

VENDEDOR: Daniel sente efeitos da crise


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Vila Brás | São Leopoldo | Março/Abril de 2009

O que você vai ser quando crescer? Bruno Alencastro

Crianças driblam as adversidades impostas pela ‘vida como ela é’ e projetam em seus sonhos um futuro melhor para a Vila Brás - Bruno Alencastro

O

garoto tem apenas 11 anos. Apesar da pouca idade, carrega uma lembrança difícil de ser esquecida. Em poucos minutos de conversa, ele e seus amigos são capazes de descrever um assassinato com a mesma tranqüilidade que falariam de um jogo de futebol, por exemplo. O crime, neste caso, envolveu a morte de um de seus irmãos - um jovem com 16 anos. As crianças falam sobre o assunto naturalmente, como se a tragédia tivesse acontecido há poucas horas. O dia-a-dia do menino da Brás, e o de seus amigos, inclui, claro, questões como

gostos pessoais e planos para o futuro, mas a violência das ruas não deixa muito espaço para a infância. Ainda mais quando o incidente da morte do irmão de um deles aconteceu muito próximo do local da entrevista, no campinho onde ele e seus amigos sempre brincam. Na verdade, os assassinos arrastaram o corpo do irmão do menino até o local. Justamente onde joga bola. Daí fica fácil entender o porquê dos desejos de cada um para o futuro: um deles quer ser do exército “para pegar os fuzis na mão”. Outro, pensa em ser policial para “dar tiros e acabar com os bandidos”. Já o garoto de 11 anos quer

Luiz trocou o aluguel pelo risco da invasão - Carolina Schubert

público. Um mínimo de iniciativa, mas que pode fazer toda a diferença para quem encontra corpos onde deveria haver apenas meninos e bolas.

influência de casa: ele ajuda seu avô a fazer pão. Mais que crianças, são retratos de uma Vila Brás que ainda carece de atenção e apoio do poder

Ana Paula sente muita saudade da antiga pracinha - Marcela Schuck Priscila Milán Sandra Vargas

Enquanto anda de bicicleta, Ana Paula, 11 anos, lembra de quando podia brincar nos balanços da pracinha. Eram os seus brinquedos favoritos, mas agora estão quase todos quebrados. A mãe da menina, Lionira Chaves, 48 anos, também recorda com saudade do espaço que foi reformado há quatro anos. “A praça era muito bonita quando foi entregue, mas o que tinha de dia, não amanhecia no

FAMÍLIA ALT: pouco espaço para lazer

outro”, lamenta. O marido de Dona Lionira, Seu Almiro Alt, 57 anos, reclama da iluminação precária e dos bancos quebrados. No entanto, não deixa de freqüentar o local. Todas as manhãs ele caminha pela praça e a tarde toma chimarrão enquanto observa os filhos brincarem. Às vezes joga futebol, mesmo que a quadra esteja alagada. A praça precisa de reparos, mas a família está aproveitando como pode o espaço de lazer. Até porque, não tem outra opção.

|Serviço|O Enfoque Vila Brás dá a dica!

Quer comprar um barco? O aposentado Agenor Soares, que reside na Rua 11, quer vender dois barcos para pesca e lazer. As embarcações custam entre R$ 5 e R$ 6 mil. Um dos barcos, o Tubarão, está exposto em frente à casa de Seu Agenor. Os interessados podem ligar para 3590-5038. Ele também quer vender sua Belina, ano 80, motor novo, e cinco marchas. O veículo custa R$ 3.500.

- Delmar Costa

Delmar Costa

Para Luiz Carlos Nunes, a única opção foi invadir. Ele não tinha como pagar um aluguel de duzentos reais porque esse dinheiro faz falta no final do mês. “Preferimos comprar comida para nossos filhos.” Há mais de vinte dias ele é uma das mais de duzentas pessoas que invadiram um terreno particular no final da rua 13. Essa é a dura realidade de muitas pessoas na Brás, e a solução encontrada por eles foi se apropriar desta área, até que alguma providência seja tomada. “Estamos esperando alguém da Prefeitura aparecer por aqui; queremos um terreno para fazer a nossa casa. Na época de eleição os vereadores vêm e prometem, mas fica só na promessa.”

Para Luiz, se providências não forem tomadas, essas pessoas que invadiram começarão a melhorar seus barracos provisórios para poderem permanecer mais tempo no local, de forma mais confortável. “Estamos morando num barraco com toda a família. Se continuarmos aqui, teremos que melhorar as construções por causa das crianças. Não somos pessoas ruins, somos trabalhadores e temos família, só queremos um lugar para morar.” A Prefeitura, por sua vez, diz que, por ser um terreno particular, não pode fazer nada, a menos que o dono do terreno peça reintegração de posse. Neste caso, ela faz a remoção das pessoas do local. Enquanto isso, na Brás, a invasão cresce diariamente. A Prefeitura não forneceu o nome do proprietário do terreno.

trabalhar no quartel “para dar tiro de canhão”. E as histórias são muitas: há quem pretenda ser bombeiro, ou mesmo ter um armazém. Estranho? Na verdade,

Marcelo Gomes

Flavia Tres

MENINOS DA BRÁS: dividindo a infância com a violência


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Vila Brás | São Leopoldo | Março/Abril de 2009

Elizabete ganha a vida com chimarrão Flavia Tres

Ela e o marido se mudaram para a Brás em busca de uma vida melhor - Carolina Schubert Flavia Tres

E

lizabete da Silva, 46, e Alcindo Lima, 47, transformaram o hábito de tomar chimarrão em negócio. Paranaenses, os donos da Erva Sapiranguense vieram para a Brás em busca de um mercado melhor. O serviço, moer e vender erva-mate inicialmente, abriram o comércio em Sapiranga. Entretanto, no município já existia um fabricante local, mas, como lá já havia concorrência, resolveram

BOM NEGÓCIO: comerciante ajuda a vender cerca de 300 quilos de erva mate por mês

se mudar pra Vila. Longe da concorrência, as vendas finalmente vingaram. Dona Elizabete e seu Alcindo explicam que o processo de produção da erva-mate é simples. Depois de comprar a folha grossa, colocam a mercadoria no triturador até que ela fique moída no tamanho certo. O comércio também manda grandes quantidades de erva para outras localidades, como Bairro Canudos, em Novo Hamburgo, e as cidades de Canoas, Estância Velha e Sapucaia. Enquanto os grandes consumidores compram sacas com quilos de ervas, os moradores da Brás abastecem suas cuias conforme podem, comprando um ou dois reais por dia.

Bazar Lolo é sinônimo de variedade e preço bom

Antônio é um dos pedreiros da Brás

- Mariana Scherrer

José Luís

Que a Brás possui serviços dos mais diversos já não é mais novidade. Mas encontrar cadernos, bolsas, tinturas, chinelos, bolas, potes e tantos outros em um só lugar é de parar qualquer um que caminha pela avenida Leopoldo Wasun. É o caso do Bazar Lolo. Além da variedade, o comércio de Evandro Marco Vais, 29 anos, oferece também preços acessíveis. Um caderno grande de capa dura com 96 folhas, estilo animais de estimação, por exemplo, custa R$ 3,50. Em muitos lugares um caderno desse tipo chega a custar em torno de R$ 10,00. O bazar, no nº 1181 da avenida, já está há seis anos na vila.

PREÇOS: estão abaixo da média cobrada fora da Vila

|Serviço|O Enfoque Vila Brás dá a dica!

Sorvete agora tem tele-entrega! A Sorveteria Oliveira oferece sorvetes e picolés dos mais diversos sabores. Você ainda pode escolher entre os potes de 250 gramas, 500 gramas e também o de um litro. E o melhor: quando não puder sair de casa, é só ligar para a tele-entrega. Fazer o seu pedido é muito fácil, basta ligar para o telefone 3568-7325 e falar com a Sara. Agora você já sabe né? Se o calor pegar, chame o tele-sorvete! O endereço da Sorveteria Oliveira é Rua Leopoldo Wasun, 820. Aproveite!

- Flavia Tres e Carolina Schubert

De acordo com Elizabete, todos os dias o pessoal da comunidade compra erva mate. A cada mês, a Sapiranguense vende cerca de 300 quilos de erva. Os consumidores garantem que a Erva Sapiranguense é muito boa. Para Carla da Rosa, 26, o mate vendido na Brás, além de ser saboroso, pode ser comprado a granel. Os mesmos motivos são apontados por Emílio Rodrigues, 42, que se diz freguês assíduo do produto. Além disso, a Erva Sapiranguense é revendida no Mercado Barros. Seu Valdoir Barros, 54, o Gordo, dono do estabelecimento, garante que existe procura pelo mate produzido na Brás e vendido por quilo. E assim, a roda de chimarrão segue na Vila Brás.

- Gisiane Andrade Antônio Vanderlei Muler, de 44 anos, é um dos pedreiros da Brás que realiza os sonhos de muitos moradores da vila. Ele trabalha diretamente na construção das novas moradias do PAC, o Programa de Aceleração de Crescimento do Governo Federal. As novas casas, de cinco peças, são entregues completas, da fiação interna ao encanamento. Morador da Brás há dez anos, seu Antônio acredita que as novas moradias servirão para qualificar o bairro, além de dar as novas famílias, casas mais bem equipadas. “As casas antigas precisavam ser trocadas, mas agora tudo está mais organizado. As casas são tão boas que, se eu pudesse, também gostaria de ganhar uma. Porém, não fui sorteado”, comenta o pedreiro, dentro de uma das casas préconstruída. Mesmo sem prazos, a cada mês são completadas 17 casas. A expectativa é de que até o final do ano 200 moradias sejam entregues.


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Vila Brás | São Leopoldo | Março/Abril de 2009

Cães abandonados incomodam a Brás

Kaiser Konrad

Animais soltos na rua rasgam o lixo, espalham sujeira e transmitem doenças

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- Ana Paula Sardá Mariana Bechert Kaiser Konrad

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JORGE MENDES: vontade de ajudar existe, mas lhe faltam condições

ansado e desconfiado, o trabalhador autônomo Jorge Mendes, 63, observa do pátio da sua casa uma matilha de cães abandonados. Andando pelas calçadas e rasgando sacos de lixo em busca de comida, os animais espalham sujeira e mau cheiro pelas redondezas. “Tenho quatro cachorros em casa, dois deles retirei das ruas, mas não posso fazer mais que isso. As pessoas têm que ter bom senso, assumir seus animais e não deixá-los abandonados, com fome e doentes”. O problema provocado pelos

Enfoque está cada vez mais popular Três vezes por semestre, o comerciante Sérgio dos Santos sai às ruas para adquirir uma nova edição do Enfoque Vila Brás. Para ele, o jornal cumpre um papel de prestador de serviços ao bairro. “Em uma edição saiu que havia esgoto a céu aberto na Rua 12 (Enfoque 111, página 7). Depois disso, a Prefeitura começou a consertar o problema”, conta. O vínculo do Enfoque com os moradores é facilmente percebido quando se percorre

as ruas da Brás. A vendedora Maria Dias conversa muito com seus conhecidos sobre o que sai no jornal. “Vejo que estão aumentando o número de leitores. As matérias preferidas são as com os moradores antigos daqui. Quem é novo fica querendo conhecer esses vizinhos de longa data, após aparecerem no jornal”, destaca, lembrando a matéria com o popular Claudemir Shütze, o Shitz (Edição 113, página 8). Membro da nova geração de leitores, o estudante Denian Soares, 16 anos, observa

Dança na comunidade alegra a meninada

o auxílio que o Enfoque presta para quem é novo na vila. “As pessoas ficam conhecendo melhor o local. Eu acompanho o jornal por que é o único exclusivo sobre o bairro”, diz. Com satisfação, a vendedora Inajara Camargo explica que a visão geral dos moradores sobre o Enfoque Vila Brás é amplamente positiva. E deixa a dica para o jornal ser ainda mais atrativo: “Poderia haver seções com joguinhos para as crianças, além de receitas para as donas de casa”, sugere Dona Inajara. Sandra Vargas

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Quer comprar leite? Seu Alfredo vende Faz tempo que não toma um leite fresquinho? Nem lembra quando foi a última vez que viu alguém ordenhar uma vaca? Esse tipo de serviço é raro na cidade, mas há quem o faça. É o caso do Seu Alfredo Nogueira da Silva, morador da Rua 16, casa 44. Ele e a mulher, Neli Conceição, vendem a R$ 1,25 o litro de leite. Este trabalho é a fonte de renda do casal. Se você tiver interesse entre em contato por meio do telefone (51) 3572 6273 ou vá à casa deles na região da bacia (qualquer dia pela manhã ou tarde). - Marcela Schuck, Priscila Milán e Sandra Vargas

Fernanda Mineiro

- Genésio Barão

cães que vagueiam sem rumo pelas ruas da Vila Brás já incomoda moradores e se tornou uma questão de saúde pública. Para o representante da Associação de Moradores, Luis Soares, é necessário que haja o recolhimento dos cães por parte de algum órgão público. Ele diz que se houvesse limpeza das ruas, evitaria doenças transmitidas por fezes, mordidas ou pelo contato com animais doentes. “A Associação já procurou o serviço da Prefeitura, mas não teve seus pedidos atendidos”. Dono de uma agropecuária do bairro, o comerciante Jonas Consul, 47, afirma que o pedido de recolhimento dos animais

sem dono só é atendido quando denunciado o ataque a pessoas. “Às vezes os moradores têm que inventar uma história para que os animais sejam retirados da rua”, conta. Procurada pelo Enfoque Vila Brás, a Prefeitura de São Leopoldo afirmou que a Associação Leopoldense de Proteção aos Animais realiza esse serviço no município. Contatada pela reportagem, a Alpa não quis comentar o assunto. Outra entidade procurada pela reportagem foi o Projeto Pró-Animal, também localizado em São Leopoldo. Segundo Ursula Strauch, uma das responsáveis pela ONG, para assumir o recolhimento dos cães na Vila Brás seria necessário, além do apoio público, veterinários, voluntários e transporte para os animais, o que ela afirma não ter.

- Fernanda Mineiro Simone Bertuzzi

Em 2005, Graciela de Oliveira teve a iniciativa de formar um grupo de dança na escola onde estuda. Hoje, o Explosão da Dança possui cerca de 120 crianças. Um dos motivos de tanta procura ocorre em função das melhorias que os pais perceberam no comportamento das crianças depois que elas começaram a integrar o grupo. “Pois para dançar é necessário ir bem no colégio”, afirma

a professora. A iniciativa começou como um trabalho voluntário, mas atualmente os pais ajudam com a quantia que conseguem. Esta renda é destinada para eventuais gastos com uniforme, apresentações e viagem, pois o grupo não possui patrocínio. Mesmo com as dificuldades, os alunos se esforçam para não faltar aos ensaios, dedicação esta que já rendeu prêmios em diversos festivais de dança. As inscrições ocorrem na escola com Graciela.


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Vila Brás | São Leopoldo | Março/Abril de 2009

Bacia quer ver suas casas prontas Moradores da localidade não agüentam mais esperar pela tão desejada conclusão das obras - Marcela Schuck Sandra Vargas

Priscila Milán Sandra Vargas

S

eu Valdemiro da Silva, 67 anos, vê o tempo passar e o sonho de sua casa nova distante. Um local seguro onde possa ver seus dois netos crescerem é o que deseja. Afinal, a insegurança de sua atual moradia o deixa muito preocupado. Ele foi contemplado com uma das 180 casas que estão sendo construídas a partir de uma parceria entre a Prefeitura e o Governo Federal, o que inclui recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). No entanto, até agora aguarda pelo término das obras. Nesse meio tempo, Seu Valdemiro teve que retirar parte da

ESTRUTURA: todas têm dois quartos, banheiro, sala e cozinha

Rocha é brasileiro e não desiste nunca - Régis Eduardo

Régis Eduardo

VENDEDOR DE FRUTAS: Vilson está pensando em mudar de ramo

destes animais ajuda no sustento de sua família. O principal problema apontado pelos moradores é a demora nas construções. A Cooper Progresso, responsável pela obra, entregou até o momento 14 casas. Segundo Mauro Nunes da Silva, presidente da cooperativa, existem vários fatores que ocasionaram o atraso. “Primeiro, o dinheiro só foi liberado em agosto do ano passado; depois, não havia condições de começarem as obras devido à falta de infraestrutura do terreno. Era preciso um técnico para fazer um mapa topográfico, para poder ser feita uma terraplanagem, e só então começarem as construções das casas”, justifica.

Dona Tereza não tem mais medo quando chove Dona Berenice de Oliveira, 39 anos. Por muito tempo, a dona de casa sofreu com os alagamentos e o barro deixado pela chuva. Mas ela teve sorte, e a Rua 14, onde

- Daiane Benin A Rua 13, onde Dona Tereza da Silva Novaes mora, é uma das poucas na Vila Brás que ainda não teve o calçamento concluído. As obras só começaram no final de fevereiro. Segundo ela, antes da instalação das bocas-de-lobo a água da chuva se acumulava no final da rua, deixando os moradores daquela área ilhados. “Cada vez que chovia, formava aquelas ‘panelas’ e a gente tinha que ficar desviando. Agora a rua está ficando boa, não temos do que nos queixar.” A água que cai do céu também não incomoda mais

mora, foi uma das primeiras a serem reformadas, ainda em 2007. “Tínhamos que sair de casa de bota, agora podemos sair de chinelo que não tem problema.”

Bruno Alencastro

É por meio da venda de frutas em um carrinho que Vilson da Silva Rocha, de 49 anos, pintor de profissão, consegue trazer o escasso alimento para dentro de sua casa. Rocha é casado, pai de dois filhos, um de 11 e outra de 13 anos, está há mais de 15 anos sem carteira assinada e há quatro meses sem conseguir trabalho em sua área. Nesta situação, viu no carrinho de frutas

de um conhecido a única saída para escapar da situação difícil em que se encontrava. Em seu itinerário pela Brás e vilas adjacentes, na maioria das vezes o acompanha um de seus filhos para ajudá-lo na venda dos produtos. As mercadorias que vende custam um real, exceto o mamão que pode chegar a três reais. A parceria com o dono do carrinho é de um quarto do valor da venda diária, que na verdade é muito pouco. Segundo Rocha, em um bom dia de venda chega a ganhar 40 reais, o que lhe rende dez reais de lucro ao final do dia. Mas Rocha não está feliz: “Pretendo encontrar outro modo de sobreviver, pois está sendo quase impossível manter a família com esta renda”.

cerca de sua casa para a abertura de uma rua que dará acesso às moradias em construção. A falta de proteção tornou a residência vulnerável a assaltos nos últimos meses. Alfredo Nogueira da Silva, 65 anos, é outro morador que espera pela entrega da casa nova. Ele mora na Vila Brás há 16 anos. “Tudo aqui era um banhado. Aos poucos foi sendo aterrado para receber as casas”, comenta, enquanto observa o trabalho dos pedreiros. Seu Alfredo está feliz por ganhar uma moradia, mas também está angustiado: O que fará com os seus bichinhos? Não sabe aonde acomodará as três vacas, um boi, um bezerro e um cavalo após a mudança. A criação

DEIXA CHOVER: calçamento da Rua 13 está quase pronto

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Armazém da Lúcia oferece produtos coloniais Instalado há cerca de três meses na Vila Brás, o Armazém da Dona Lúcia oferece produtos coloniais de qualidade e bom gosto aos seus clientes. Ela conta que o seu negócio está indo de vento em popa: “Já estou tendo minha freguesia fixa e me dando muito bem. Neste estabelecimento, eu e meu marido temos espaço suficiente para recebermos nossos clientes! Convidamos a todos para vir conferir nossos produtos!”. A especialidade da casa são os queijos e as lingüiças. - Genésio Barão


São Leopoldo/RS - Edição 114 - Março/Abril de 2009

Ficou para trás o tempo dos gatos que foram tema de reportagem de capa do Enfoque Vila Brás no semestre passado. O tesoureiro da Associação de Moradores, Luis Pacheco, o Cabeça, diz com orgulho que não tem mais gato na Brás. “Pode conferir, não tem mais mesmo. Se tiver, tá errado.” De fato, as ruas antes abandonadas e

- Eduardo Trindade

F

oi-se o tempo em que gato era mato na Brás. Não os que miam ou os que roubam. O que finalmente acabou foram as ligações ilegais de luz, pelo menos entre as ruas 23 e 26. Os perigosos gatos de energia eram tantos

Eduardo Trindade

SEGURANÇA: com a mudança, riscos de acidentes reduziram

Cláudio Hatje

Onde antes havia apenas ligações ilegais de energia, agora existem postes de metal

Projeto convida garotada para jogar

cheias de ligações clandestinas, agora possuem postes em cada casa, trazendo luz legal e segura para os moradores desta região mais afastada da vila. O pedreiro Valério da Silveira de 44 anos, que mora no número 295 da rua 23, numa das casas mais bem cuidadas da rua, lembra que no final do ano passado a AES Sul veio ao bairro e negociou com os moradores. Ficou combinado que, para a eliminação dos gatos, seriam instalados os postes antes. Juarez Melo da Silva, que é morador do número 280 na mesma rua e que trabalha com serviços gerais, bate no peito e se diz um homem de muita sorte. Tudo porque ele veio de Sapiranga para a Brás no final do ano passado, com a família, e já chegou com eletricidade legalizada em sua casa. “Sou sortudo”, conta sorrindo. Ele reclama apenas que a luz ainda não veio para a rua. “Eles colocaram os postes para puxar luz para as casas, mas ainda não botaram luz nos postes da rua.”, reclama o sortudo.

Meninos têm preparação física antes de começar o jogo

- Pauline Costa Adelmo Oliveira, de 68 anos, é o técnico convidado pela Prefeitura de São Leopoldo para realizar, na Brás, o projeto Em Cada Campo uma Escolinha. A iniciativa conta com a participação dos alunos da Escola João Goulart. Entre eles estão Gabriel Ferreira Brás, de 11 anos, Mateus Eduardo dos Reis Brás, 10 anos, e Cleiton Pornh, 12 anos. Os três meninos dizem gostar muito de futebol e sonhar em seguir carreira como jogadores. Os jogos estão ocorrendo há apenas três semanas. No amistoso realizado no sábado, dia 21, esteve presente o técnico da categoria Sub12 (nascidos em 1997)

Crônica| -

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Q

uem vai pela primeira vez na Vila Brás não tem noção do que vai encontrar. Sabe-se mais do contexto social, do seu crescimento, de sua história contada no Enfoque todos os semestres, mas isso não é nada, perto da cultura de amizade e respeito que se pode perceber lá dentro. Visitei algumas casas para saber mais sobre os alunos do projeto Coruja, que alfabetiza adultos em São Leopoldo. Quando cheguei na primeira, observei que havia um grande jardim e olha só: plantas em vasos sanitários e flores em pneus velhos. Quem plantou, soube reciclar. Perto da porta de entrada

Anaiara Ventura

Quem chega à Brás se sente acolhido da casa de dois cômodos ouço um “Pode entrar, a mãe tá doente no quarto.” A voz é de Geison, 16 anos, um dos filhos de Dona Floraci, ou Flor, se é que posso chamá-la assim. Não me conhecia, mas me recebeu como a uma amiga. Flor estava mesmo na cama. Havia queimado a perna na moto de outro filho. Desculpou-se pela bagunça da casa. A filha menor já saiu falando que estava fazendo aniversário naquele

dia – 9 anos - e a tudo que eu perguntava ela respondia primeiro. Sabida das coisas da vida era a menina Jéssica. A tristeza maior de Flor não era pela perna, e sim por não poder construir (como estava previsto para o dia) uma casinha no terreno da “invasão” que estava segurando para um dos quatro filhos. Ela estava vivendo já há três semanas literalmente atolada naquele banhado, como descreveu, e, agora, doente, as

do Sporte Club Internacional de Porto Alegre, Sandro Resende, de 32 anos. Sandro mandou emails para as prefeituras da região metropolitana interessadas em mostrar seus jogadores mirins e a Secretaria de Esportes de São Leopoldo retornou mostrando interesse. O técnico do Inter apareceu neste amistoso para observar possíveis novos talentos para levá-los a participar de equipes competitivas no Internacional. Os interessados devem entrar em contato com a Secretaria de Esportes de São Leopoldo para obter maiores informações, ou comparecer no campo Santos Dumont enquanto as aulas estiverem ocorrendo.

amigas iam cuidar para que não perdesse a oportunidade. “Tem terreno sobrando, vou gastar pra aterrar.” Depois fui procurar a casa do seu Miguel, que me disseram tinha estudado e completado o Coruja. Ele apresentou seus cinco filhos, a nora grávida e a esposa: “Minha eterna namorada”. Foi na roda de chimarrão na ampla cozinha que mostrou seus trabalhos de aula, letra bonita e curvada. Um ho-

mem com vida simples: vai ao culto da igreja, trabalha num curtume, ama a família, se dá bem com os vizinhos. Estuda porque quer melhorar de vida. Seu sonho é comprar um terreno, claro que na Brás, mas com espaço para o quintal. Certamente para cultivar a vida que tinha no interior, em Porto Xavier, perto da Argentina. A característica humana e afetuosa encontrada na Brás é fruto muito provavelmente das diferentes cidades do interior de onde vieram a maior parte de seus moradores. E isso faz da Brás uma Vila diferente. Quem chega se sente acolhido, quer participar.


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