Já ouviu falar em emporaderamento? E sororidade? Talvez, patriarcado? Ainda parece confuso? A gente explica isso aqui na margô Pág. 16
Revista Margô | Edição 0 | dezembro 2015
Agora é que são elas
VOCÊ TEM MEDO DE QUÊ? A margô nasceu forte feito gosto de vinho ou café. Nasceu com nome de flor. Nasceu doce. Nasceu muitas para representar os muitos. Para informar. Entreter. Desconstruir. Para falar com você sobre temas que o envolvem mas não são pautados em qualquer publicação da banca. A margô existe para falar do feminismo, cultura, empoderamento. Para dar voz à quem precisa. Para ser a margô.
Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Universidade Federal de Santa Maria Campus Frederico Westphalen Atividade da disciplina Laboratório de Jornalismo Impresso II
Professora: Larissa Rigo Repórteres: Adriano Dal Chiavon, Eveline Drescher, Liana Ferla, Mateus Zardin, Vanessa Carvalho, Vinícius Duarte e Yasmin Silva Projeto gráfico: Vanessa Carvalho e Yasmin Silva Diagramação: Vanessa Carvalho e Yasmin Silva Capa: Vanessa Carvalho e Yasmin Silva Agradecimento: Jakson Dal Magro
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Rainhas do Rap
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Fashion Cufa
Estilh
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Precisamos falar sobre o aborto
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Comida boa, comida rĂĄpida
Sum
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Entre mil leitĂľes
mário
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Brechó, pra que te quero?
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Feminismo: É ou não É?
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Saúde nossa de cada dia
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esportistAs
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Sim, o ecotismo é para elas!
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Rainhas do
RAP Elas conquistaram seu espaço em vários lugares, inclusive em frente aos mics do RAP
Texto: Vinícius Duarte Fotos: Reprodução
Ritmo envolvente e mensagens contundentes a expressão de um povo marginalizado e socialmente excluído. Essa é a combinação que podemos encontrar a partir de uma letra de RAP (rhythm and poetry ou ritmo e poesia). Gênero musical que vai além da mera comercialização, o estilo surgiu nos Estados Unidos no final do século 20 e tornou-se um dos pilares da cultura Hip Hop. No Brasil, estabeleceu-se na cidade de São Paulo na década de 80, quando ainda não possuía grande aceitação por parte do público por considerarem o mesmo muito violento. O ritmo se difundiu e a indústria fonográfica começou a dar mais atenção aos “rappers” nos anos 90, desde então, surgem grupos como Racionais MC’s, Thayde e DJ Hum, Detentos do 6
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RAP, Planet Hemp, Facção Central, SNJ, DMN, RZO, além de tantos outros rappers renomados, como MV Bill, Sabotage, Dexter, Rappin Hood, entre outros nomes do cenário nacional. Porém, nesse “boom” do final do século, não observa-se muita representação feminina, sendo assim, é delas que falaremos. Representante de Minas Gerais, Barbara Sweet é um exemplo de que o RAP militante e com engajamento social ainda vive. Com letras que pautam a luta feminista, o interesse de Barbara pelo estilo surge quando ainda tinha 13 anos e teve seus primeiros contatos com nomes nacionais e internacionais, como declarou em entrevista à revista Fórum.
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O feminismo não é bem aceito, mas geralmente nenhuma ideia que vá contra a maré é, né?
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escontruindo tabus e propondo debates frente ao “mic”, a jovem fez uma avaliação das discussões no contexto do RAP: “2014 foi um ano lindo dentro dessa discussão na cultura. Houve muita articulação, muita mina se conectando, se empoderando e muito “forninho caindo” (risos). Teve rapper gay e também transexual botando a cara, falando bonito e fazendo som foda. Pra mim o que muda mesmo o jogo é representatividade. É ver seu semelhante aonde você também quer ir. Foi por isso que fui batalhar. O feminismo não é bem aceito, mas geralmente nenhuma ideia que vá contra a maré é, né?”, diz. Em nomes de maior destaque nacional, podemos citar Karol Conka, que surge em Curitiba e torna-se notória a partir de músicas postadas na rede social MySpace. Além da curitibana, Flora Matos, 27 anos, representa Brasília-DF desde 2007 e vem fazendo grandes parcerias desde então. Já se apresentou ao lado de Racionais Mc’s e com DJ CIA, do RZO. Seria injustiça não se lembrar de CRIS, integrante do SNJ, Dina Di, Negra Rê, Negra Li, Issa Paz, Drik Barbosa, Amanda NegraSim, Pamelloza, Omnira, Stephanie MC, Dory de Oliveira, Sara Donato e tantas outras representantes da força feminina nos microfones. É injusto não reconhecer a representatividade feminina em meio a cultura e não exaltá-la da forma adequada. Devemos mais respeito às guerreiras que chegaram leve com peso marreta!
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Brechó, pra que te quero? Além de custar bem menos, os brechós também são uma alternativa de consumo mais sustentável ao planeta
Texto/Arte/Fotos: Vanessa Carvalho
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á quem ainda torça o nariz para a palavra brechó* e a coloque como sinônimo de peças velhas, mal conservadas ou como algo pouco higiênico. De fato, quando surgiu na Europa, há mais de dois séculos, as roupas de segunda mão, vendidas em feiras ao ar livre no Mercado de Pulgas na França, ficavam expostas e não dificilmente eram infestadas pelas pulgas que caracterizavam o local. Como herança dessa época, os brechós atuais mantém apenas a possibilidade de adquirir produtos com um investimento mínimo, além de se tornarem referência para os amantes da moda e estarem até nos meios virtuais, em sites especializados e grupos em redes sociais. Na maioria dos locais, as roupas passam por uma etapa de curadoria garantindo que apenas os itens em bom estado sejam disponibilizados para venda. Apesar dos baixos custos serem apontados como principal atrativo, essa é uma alternativa que promove também um consumo mais sustentável ao planeta, já que a ideia é reaproveitar
roupas que ainda podem servir à outras pessoas por passa-las adiante ao invés de apenas descarta-las. Esse é um dos motivos que leva a estudante Iana Reis a recorrer à eles sempre que precisa. Segundo ela, a dica para saber “garimpar” boas peças por lá, é “mexer mesmo. Procurar peça por peça e se você tiver um estilo, fica ainda mais fácil”, diz. Já a estudante Camila Saraiva, conta que prefere comprar em brechós por ser onde encontra mais opções para o estilo que gosta de usar. Além de procurar bastante, ela destaca que ainda vale pechinchar para conseguir os melhores preços. O estudante Lucas Marcon dá a dica de fazer amizade com a pessoa responsável pelo lugar para que ela saiba seus gostos e possa guardar as peças para você ou avisar quando chegar as novidades. A dica do estudante Ruann Carlos é tirar um dia específico para ir a um brechó para ter tempo de procurar bem e sempre observar as peças e conferir se estão em bom estado.
*Brechó: adaptação do nome Belchior, famoso vendedor de artigos usados no Rio de Janeiro no século XIX. Foi mencionado inclusive em uma das obras de Machado de Assis.
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PROJETO FASHION CUFA: a moda como transformação social
A moda pode ser utilizada como ferramenta para transformar vidas, desconstruindo paradigmas e sendo uma forma de empoderamento
Texto: Liana Ferla Arte: reprodução
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projeto Fashion CUFA nasceu de uma simples ideia, mas o que ninguém imaginava é que ele seria capaz de mudar tantas vidas para melhor, tendo como base a moda como transformação social. Geralmente o mundo da moda é representado pelos veículos de comunicação como desfiles glamorosos. Para quebrar esses paradigmas predefinidos e mostrar que todas as mulheres são belas e podem estar na moda, essa ideia foi levada a público, se tornando um sucesso. Com o apoio da Central Única das Favelas, CUFA, o projeto saiu do papel e ajudou muitas garotas a descobrirem seu poder feminino.
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Nota-se a necessidade de ações na área da infância e adolescência com foco nas mulheres. A moda é algo que envolve, atrai e fascina o universo feminino. E que tal aliar, passarela, cabelo, maquiagem, customização de roupas e assuntos como empoderamento feminino e mulher no mercado de trabalho? Bom, esta mistura é possível e teve um resultado surpreendente. Logo de cara o projeto teve boa aceitação e deu seu pontapé inicial com 20 meninas inscritas. Foram três meses de trabalho árduo, composto por sorrisos, puxões de orelha e muitas trocas de experiências. Histórias que se conectaram e foram capazes de modificar a realidade de cada
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uma das participantes. Juliana Pereira Schwingel é prova disso, a adolescente de 14 anos, foi uma das estudantes que participou do projeto e mostrou que ele trouxe mudanças na sua vida: “Sempre fui muito tímida, tinha vergonha de me arrumar, de falar em público. Depois do curso além de mais bonita me sinto mais poderosa”, orgulhou-se. Através do Fashion CUFA, as meninas aprenderam noções básicas de cabelo, maquiagem e manicure. Tiveram oficinas ministradas por salões de beleza e aprenderam a explorar seus pontos fortes. Nos encontros com a estilista Neiva Pivetta, as estudantes aprenderam a trabalhar sua imaginação e colocar em
prática sua criatividade através das peças de roupas customizadas. A estilista se mostra feliz em participar do projeto e ter alcançado resultados satisfatórios: “Eu acredito que conseguimos plantar uma sementinha, de que todo o ser humano nasce criativo, basta desenvolver isso em cada um e, além de tudo, mostrar que todas têm sua beleza, que pode ser valorizada”, comenta. Ao final foi realizado o desfile de encerramento, onde nove das participantes mostraram o que foi produzido durante os três meses do projeto. Esse é um belo exemplo de que a moda é feita para todos e por todos, se tornando uma forma de transformação social.
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A violência contra a mulher como fator de quebra social em
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Texto/Foto: Eveline Drescher
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s dados de violência contra a mulher assustam. Uma pesquisa realizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2013, revelou que uma a cada três mulheres é vítima de violência. E o pior: muitas vezes acontece dentro de casa, longe dos olhos da sociedade. O lugar onde a mulher deveria se sentir mais segura é muitas vezes onde está escondido um pesadelo. Dados revelados por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PNAD/IBGE), em 2012, mostrou que 48% das mulheres foram agredidas dentro de suas próprias casas. Apenas no ano de 2014, a Central de Atendimento à Mulher registrou um total de 52.957 denúncias de violência. Destas, 27.369 corresponderam a denúncias de violência física (51,68%), 16.846 de violência psicológica (31,81%) e 5.126 de violência moral (9,68%). Ainda foi revelado que 77% das mulheres violentadas são agredidas semanalmente ou diariamente, sendo que em mais de 80% dos casos a violência foi cometida por homens com quem as vítimas têm vínculo, como namorados, cônjuges ou ex-maridos. Apesar dos números assustarem, muitas mulheres ainda tem medo de denunciar, principalmente se a violência parte de alguém próximo. E muitas vezes quem não é vítima, é envolvido na situação como espectador secundário. É por essa experiência que passou a estudante Jaqueline de Arruda Pereira: “eu já tive uma amiga que sofria muitas agressões de seu namorado, mas ela tinha muito medo de denunciar, medo que as coisas piorassem ainda mais”, conta. Revista Margô//Dezembro 13
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mais do que consequências físicas, a violência contra a mulher causa estragos psicológicos que muitas vezes são graves: baixa autoestima, depressão e até mesmo síndrome do pânico. A professora de psicologia, Marisa Pigatto, explica: “a mulher se sente inferiorizada, sente seu corpo e sua vida sendo violadas, principalmente quando a violência parte de alguém próximo dela, isso causa uma reação de impotência e infelicidade”, comenta. O impacto também é muito grande na família e principalmente em crianças. Se os filhos das vítimas não sofrem violência junto com suas mães, eles presenciam o ato e isso pode afetar seu desenvolvimento e amadurecimento mental, sendo comumente associada a distúrbios mentais e emocionais que acabam fazendo parte de sua futura vida adulta. O assunto que já era debatido há anos, ganhou força em 2015 com campanhas principalmente nas redes sociais, como a #PrimeiroAssédio elaborada pela ONG Think Olga e a #MeuAmigoSecreto criada espontaneamente por usuários do Twitter, ambas com o objetivo de denunciar abusos, casos de machismo e outras formas de violência contra as mulheres, criticando também o patriarcado. Além disso, a persistência da violência doméstica no Brasil foi tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), dando maior visibilidade ao problema. É preciso dar um grande passo para minimizar as estatísticas. A questão, que ainda é tratada como tabu precisa ser cada vez mais exposta e discutida em escolas, espaços públicos e por meio da mídia para que haja consciência coletiva do problema e facilite o processo de ajuda às vítimas. O que fazer em casos de violência doméstica? Pode-se buscar ajuda de amigos ou parentes. Ligar para o 180 e entrar em contato com a central de atendimentos às vítimas, criada pela Secretária de Política para as Mulheres. A vítima ainda conta com delegacias especializadas. Há ainda o disque 100 que você pode denunciar anonimamente qualquer caso de violência a terceiros.
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É OU NÃO É? Já ouviu falar em feminismo? A margô elaborou um guia rápido explicando tintin por tintin tudo o que você precisa saber sobre o movimento feminista e porque ele é tão necessário
Texto: Vanessa Carvalho e Yasmin Silva Arte: Vanessa Carvalho
Antes de qualquer coisa, entenda que: O feminismo não é aquilo que prega o ódio e a superioridade em relação aos homens. É um movimento político, filosófico e social que defende e luta em prol da igualdade entre os sexos e pode ter vários objetivos de acordo com o contexto e condições das mulheres na época. //É UMA LONGA HISTÓRIA Embora durante vários períodos da história, mulheres tenham lutado contra a opressão, dominação e superioridade impostas pela sociedade patriarcal (séculos XV e XVIII), as primeiras manifestações com características do feminismo aparecem apenas na Revolução Francesa, com a célebre declaração feita por Olímpia de Gouges em 1791, de que as mulheres possuíam direitos naturais semelhantes aos homens e por isso não deveriam ser privadas de participar na formulação de 16
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leis e na política em geral da época. No século XIX, período que iniciou a chamada primeira onda do movimento feminista (durou até o início do século XX), o movimento se concentrava na Inglaterra e além de lutar contra questões como o casamento arranjado, direitos contratuais e da propriedade das mulheres casadas e seus filhos por seus maridos, visava principalmente a obtenção da igualdade jurídica, buscando o direito ao voto, receber instrução educacional no mesmo nível que os homens e exercer uma profissão ou poder trabalhar, indo contrária as leis da época que formalizavam as diferenças entre os sexos. A partir da metade do século XX (a segunda onda do feminismo), a luta feminista sofre uma alteração e guiada pelo contexto, passa a lutar em prol da “libertação” da mulher, uma vez que ainda persistia de modo implícito uma forma de
opressão que atingia todas as mulheres de diferentes culturas, classes sociais, sistemas econômicos e políticos. A partir dos anos 1990, surge a terceira onda do feminismo que coexiste e luta contra falhas deixadas pela segunda onda que era voltada principalmente às experiências das mulheres brancas e de classe média alta e que muitas vezes não contemplava as mulheres de outras classes e etnias, buscando inserir dentro da esfera feminista as questões ligadas à raça. O feminismo desembarcou em terras tupiniquins ainda no século XIX e assim como em outros países, a reinvindicação era também pela igualdade jurídica e direito ao voto, que até então era vetado pela constituição de 1891, pois não havia a concepção de que as mulheres eram indivíduos dotados de direitos. Tendo sido permitidas de votar ou serem votadas apenas em 1927 no Rio Grande do Norte e Minas Gerais e em 1933 em todo país.
//Comportamento // O QUE ELAS QUEREM AGORA? Elas já conquistaram o direito ao voto, mas isso é o suficiente? Não! Atualmente a luta continua contra violência à mulher, o direito ao aborto, desconstrução do patriarcado e do machismo e a busca por igualdade salarial. Luta-se para que se tenha liberdade de expressão sobre as diversas sexualidades e gêneros, e para que todos sejam respeitados igualmente independentemente de orientações, religiões e etnias. Um direito que deveria ser básico para todos os seres humanos. Não é preciso ir muito a fundo para perceber comentários que incitam a violência. De acordo com os dados
divulgados pelo Instituto Econômico de Pesquisa Aplicada (IPEA) em 2014: “mulheres merecem ser atacadas/ estupradas se usar roupas que mostram o corpo”, propagando a cultura do estupro e o machismo. Já 58,5% dos entrevistados disseram que “se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros”. Para tentar mudar isso, é que várias campanhas surgiram com os anos, e uma boa parte delas obteve grande visualização nas redes sociais no decorrer de 2015, principalmente após essa pesquisa, como a #EuNãoMereçoSerEstuprada, criada pela jornalista Nana Queiroz e divulgada nas redes como twitter, instagram, Facebook e tumblr, na qual mulheres apareciam
desnudas na parte de cima segurando cartazes com denuncias de abusos, frases anti-machistas e a busca pela liberdade em usar o que quiser sem ser assediada. Como resposta houve apoio de vários usuários, famosos, deputadas, até mesmo a presidenta Dilma Roussef acompanhou as publicações pelo twitter, mas em troca também houve uma chuva de comentários violentos, e ameaças de estupros tanto para quem aderiu a campanha e defendia a causa quanto para a idealizadora Nana e sua família. Demonstrando assim o quando o assunto ainda precisa ser debatido e entendido, e a cultura do estupro ser dissolvida. Ainda há muito pelo que se batalhar para evitar que tantas mulheres virem números nas estatísticas de femicídios.
! a d n u f n não co
e? ? E sororidad to n e m a r e d a te r em empor nfuso? A gen o c e c e r Já ouviu fala a p a rcado? Aind Talvez, patria no glossário. i u q a o s is a c expli Empoderamento: é o processo de tomar poder sobre si para combater as opressões, ou seja, quando nos tornamos mais fortes para desconstruir os papéis que nos impõem e para lutar pela igualdade.
Femicídio: o é o assassinat em es de mulher de seu decorrência sexo.
Sororidade: forte união entre as mulheres que descontrói o estigma de rivalidade e fortalece o movimento feminista.
Misoginia: ódio, desprezo ou repulsa ao gênero feminino e às características a ele associadas.
Misandria: preconceito, ódio, repulsa ou desprezo em relação ao gênero masculino.
Machismo: expresso por atitudes e opiniões, favorece e enaltece o gênero masculino em detrimento ao gênero feminino.
Patriarcado: é um sistema social ao qual a sociedade se organiza (e o machismo se baseia) em função de figuras de autoridade do sexo masculino.
: Feminismo to social, en im ov m é um lítico que filosófico e po jetivo a tem como ob tre homens igualdade en além de e mulheres, direitos e os promover s mulheres. interesses da
Sexismo: se refere a um conjunto de ações e ideais que privilegiam um gênero ou orientação sexual em detrimento de outro. Geralmente associado à exclusão ou rebaixamento do gênero feminino.
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//Opinião
PRECISAMOS FALA
Várias manifestações ocorreram no final do mês de outubro de 201
Está confuso? Calma que vamos te explicar: O projeto de Lei 5069/2013, de autoria do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), que foi aprovada e agora vai para a votação em Plenário da Câmara, dificulta o aborto legal em caso de estupro, e decreta pena de prisão para a gestante e para quem realizar o processo abortivo. Havendo também penas especiais para quem também induzir ou auxiliar a gestante a abortar.
• Estupro é qualquer forma de atividade sexual não consentida
A proposta modifica o entendimento do que é violência sexual e estupro, devendo ser considerado crime contra a liberdade sexual apenas os que resultem em danos físicos e psicológicos, e provados pelo exame de corpo de delito, para em seguida ser comunicado a uma autoridade policial, retrocedendo 75 anos de direitos já conquistados, sendo que atualmente não há necessidade de comprovação ou comunicação à autoridade policial – basta a palavra da gestante. Atualmente a venda de abortivos é ilegal, mas isso é colocado como um dos crimes contra a saúde pública, como falsificação de medicamento ou sem registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Com o projeto, a proibição da venda de abortivos passa a ser citada explicitamente. A aprovação do mesmo é mais uma forma de violência às mulheres, que não terão nenhuma assistência de saúde e praticamente serão forçadas a levar adiante uma gravidez estressante ou realizar práticas de aborto com alto risco de vida.
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•(6 a 2 anos) para quem ajudar ou induzir o aborto • (1 a 3 anos) para agentes de saúdes, médicos, farmacêuticos ou enfermeiros • Menores de 18 anos: a pena será aumentada em um terço
//Opinião
AR SOBRE O ABORTO
15 em decorrência a um fator: querem revogar nossa liberdade
//SOU MINHA E SÓ MINHA E NÃO DE QUEM QUISER Dificultar o acesso daqueles que buscam o aborto seguro apenas contribuirá para maiores casos de mortes e danos psicológicos causados por uma gestação forçada. O motivo de tantos protestos a respeito da aprovação dessa lei está implícito: não há mais espaço para retrocessos sobre o direito reprodutivo no Brasil e sobre decisões de quando gerar ou não um filho. Qual o sentido de uma lei que dita o que fazermos com nossos corpos em pleno 2015? O que acontecerá com as vitimas de estupros que serão silenciadas? E com as crianças e adolescentes que terão que carregar uma gestação por obrigação? Ou pessoas que simplesmente não se sentem prontas para gerar um filho? É de se entender que há motivos pessoais para alguns serem contra o ato do aborto, mas isso não faz com que esse seja o ponto de vista que deverá ser imposto em todas as pessoas do país, pois há anos se luta para que cada um tenha o livre-arbítrio de decidir o que achar melhor fazer com seus corpos, sem a interferência de opiniões pessoais. O estado é laico e assim deverá ser nossas decisões e nossos últeros. O silencio apenas dá voz aos opressores, então deixem que se fale sobre o aborto, que o assunto seja esclarecido sem preconceitos, deixem que se proteste pelo direito de ser dono de seu próprio corpo, e que cada vez mais o tema seja debatido sem medo e sem violência e que todos ouçam sobre o direito de liberdade e escolhas que é nosso, apenas nosso e de mais ninguém.
50,7%
das vítimas de estupro no Brasil têm até 13 anos de idade
24,1%
são os próprios pais ou padrastos e 32,2% são amigos/conhecidos da vítima
19,14%
dos casos são adolescentes entre 14 e 17 anos
60,5%
das vítimas são adultos, e 70% dos estupradores são parentes, namorados ou amigos/conhecidos da vítima
88,5%
das vítimas são do sexo feminino, 51% de cor preta ou parda e apenas 12% eram ou haviam sido casadas anteriormente
• Que é independente em face do clero e da Igreja, e, em sentido mais amplo, de toda confissão religiosa
Texto/Arte: Yasmin Silva Dados: Ipea/Sinan
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//Saúde
Saúde nossa
Seu desempenho físico e mental são afetados direta ótima, a nutricionista Taise Ritter traz dicas bá
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Distribua melhor as suas refeições Se alimente à cada três horas. Deste modo seu metabolismo fica mais rápido e você não come em demasia nas próximas refeições;
Evite ficar em jejum Se você fica em jejum por muito tempo seu organismo entra no modo “economia de energia” que é quando o corpo entende que precisa armazenar as calorias, o que dificulta a perda de peso.
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Beba mais água A água só traz benefícios para o seu organismo. O bebermos em média dois litros por dia e não exist para você não ter sempre sua garrafinha de água ou na mochila, deste modo você fica sempre hidra mesmo com a correria diária. A água mantem a a células, fazendo sua pele ficar mais bonita, além d intestino e seu metabolismo funcionando corretam
Dê preferência à alimentos integrais Os alimentos integrais possuem carboidratos complexos que demoram mais tempo para serem processados pelo seu organismo e mantem à saciedade por mais tempo
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Tenha moderação nas refeições noturnas Se você come muito a noite o seu sono é prejudicado, seu metabolismo fica mais lento e o gasto calórico diminuiu, podendo, inclusive, haver um aumento do peso corporal
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Aposte em uma alimentação colorida Abuse das cores em seu prato. Legumes, verduras e frutas deixam sua refeição mais bonita e muito mais saudável
//Saúde
a de cada dia
amente pelo que você come. Para manter a saúde ásicas para ajudar na correria do dia-a-dia
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Coma mais frutas As frutas tem um alto valor nutricional, possuem muitas fibras, água e vitaminas. Elas também são fundamentais para manter a saúde e a preservação dos tecidos celulares, além de prevenir doenças relacionadas com a má nutrição. Seu consumo é associado a redução de risco de doenças cardiovasculares, mal de Alzheimer, cataratas e câncer
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O correto é te desculpa na bolsa atado atividade das de manter o mente
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Texto: Liana Ferla e Eveline Drescher
Utilize menos sal nos alimentos Sódio em excesso faz mal ao organismo. Ele pode causar um aumento na pressão sanguínea, além de outras doenças. É aconselhável também diminuir o uso de temperos prontos, embutidos e enlatados. Uma dica é substitui-los por ervas frescas que realcem o sabor dos alimentos
Congele suas refeições Não ter tempo não é desculpa para não manter uma alimentação saudável. Se sua rotina é agitada vale a pena preparar as refeições e congelar. Essa é uma boa forma de ter uma alimentação saudável ao alcance de suas mãos quando bater aquela fome. Deste modo você não corre o risco de cair em tentação e comer alimentos industrializados, cheios de corantes, gorduras ou outras coisas que fazem mal ao organismo por ter preguiça de cozinhar naquele momento.
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Consuma mais ferro Mulheres precisam consumir mais ferro, principalmente para repor a perda que ocorre durante o ciclo menstrual. Consuma carne magra, ovos, vegetais e cereais, vele lembrar que o leita, frutas e legumes tem concentrações baixas de ferro
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Peito de f ^
//Gastronomia
pure
Ingredi Filés de 300g de macaxei 200ml d 1 limão sal e pim
Comida boa ´
comida rapida É possível comer bem sem gastar muito e mesmo tendo pouco tempo para cozinhar. A prova disso é que a margô traz nessa edição, quatro receitas com ingredientes que são comumente encontrados nas despensas das casas. Por serem práticas e fáceis, podem ser executadas por qualquer pessoa. O tempo de preparo desses pratos varia entre 5 e 30 minutos. Texto/Arte/Fotos: Vanessa Carvalho
dicas
Caso raro não encontrar aipim/mandioca/macaxeira por aí, mas se acontecer, pode ser usada batata, mandioquinha, cará ou inhame no lugar. Nçao encontrou o pão italiano? Tenta usar algum que seja mais firme como uma baguete, por exemplo. Dá pra usar o pão francês se ele ainda estiver crocante. E o smoothie? Se não achar o morango ou não gostar deles, pode usar qulquer outra fruta. Sério. O passo a passo do sorvete/mousse pode ser utilizado para outros sabores como morango e maracujá.
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~ pao
*Alho e queijo
Ingredientes 1 pão italiano fatias de queijo mussarela 2 dentes de alho 2 colheres de sopa de azeite de oliva óregano à gosto Como fazer: Faça cortes na superfície do pão para colocar o recheio. Amasse bem o alho, adicione o azeite e uma pitada de pimenta. Entre os cortes do pão, coloque o queijo e a mistura do alho com azeite. Polvilhe orégano por cima e leve ao forme a 200ºC por 10 minutos.
Como fa Tempere com o lim para grel Coloque macaxeir água com Depois d um pouc com o cre e orégano desmanch consistên
frango
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//Gastronomia
de aipim
Ingredientes 10 morangos 200 ml de iogurte natural 100 ml de leite gelado açúcar ou mel à gosto gelo
ientes peito de frango aipim/mandioca/ ira de creme de leite
menta do reino à gosto
azer: e os filés de peito de frango mão, sal e pimenta e leve lhar ou fritar. a aipim/mandioca/ ra para cozinhar em m sal até amolecer bem. de cozida, espere esfriar co e leve ao liquidificador reme de leite, sal, pimenta no. Bata bem até a aipim char e começar a ficar na ncia de um purê.
* morango Smoothie de
Como fazer: No liquidificador, adicione todos os ingredientes e deixe bater bem até parecer uma vitamina
mousse de *Sorvete ~
limao e biscoito Ingredientes 395 ml de leite condensado 200 ml de creme de leite 3 limões grandes 10 biscoitos doces Como fazer: Em uma tigela, adicione o leite condensado, o creme de leite e o suco dos limões. Misture bem até ficar consistente e homogêneo. Leve a misture ao congelador até ficar na consistência de um sorvete. Sirva com uma farofa dos biscoitos.
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//Perfil
ENTRE MIL
LEITÕES Jovem Carla Cocco da Silva Dallanora, de 23 anos, cuida de mil leitões por lote e garante ser o motivo dela continuar no campo
Texto: Adriano Dal Chiavon Foto: divulgação/Gracieli Verde
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la é jovem, animada e cheia de vida. Poderia cursar uma faculdade como a maioria dos jovens de sua idade. Mas dentre as tantas carreiras que poderia seguir, ela escolheu ficar por trás de um macacão verde e entre mil leitões. Carla Cocco da Silva Dallanora é um verdadeiro exemplo de humildade e dedicação. Sem se deixar deslumbrar pelo glamour ou carreiras de sucesso, a jovem de 23 anos é a prova de que é possível viver bem no campo, longe da cidade. “Na verdade, eu sempre gostei da atividade agrícola. Acho que não era minha vocação ficar lá [na cidade]”, comentou. No entanto, a atividade que ela executa no interior de Seberi no Rio Grande do Sul, exige muita disposição. Sua rotina começa cedo. O cuidado dos animais exige dedicação e empenho. Carla acorda todos os dias às 7 horas e
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vai até a granja no interior para iniciar as tarefas. Ela trata os chiqueiros onde ficam os leitões manualmente, pelo menos duas vezes ao dia. A granja em que ela trabalha pertence aos seus pais, Velci e Marilei, onde recebe os suínos com cerca de 28 dias de idade. A tarefa de Carla é cuidar deles até que completem 30 ou 40 dias, dependendo da necessidade da empresa a qual ela é integrada. – Minha opção foi pelo crechário justamente para favorecer a minha mão de obra, porque não queríamos depender de terceiros ou contratar alguém”, relatou a jovem. O crechário são chiqueiros onde os leitões mais novos ficam e se desenvolvem até ficarem em uma idade próxima dos 40 dias. A partir disto eles são transportados para outros chiqueiros, aos quais são chamados de terminação, onde os animais são engordados até o abate.
“
Eu defendo sempre que as mulheres precisam se impor, buscar atingir seus objetivos e traçar uma trajetória de independência
//Perfil //FAMÍLIA: A BASE
//PROFISSÃO MASCULINIZADA
Para ter a granja e poder permanecer no campo, Carla contou com a ajuda de diversas pessoas, principalmente seus pais. “Ouvimos muitas opiniões negativas e contrárias a esta decisão, mas ignoramos. Nada era mais forte do que a minha vontade em trabalhar com a atividade. Claro que, por outro lado, muitos amigos incentivaram o investimento”, relembra.
Carla acredita que a profissão onde ela atua é muito masculinizada, porém, ela admite que sua postura interfere na relação entre ela e as demais pessoas da área, tornando a rotina menos problemática neste sentido. “Nunca tive problemas e acredito que minha postura interfere muito nisso”, pontuou.
Hoje a família trabalha unida. Enquanto o pai e a mãe de Carla oferecem a área para o chiqueiro, a filha destina os dejetos dos animais para os pais adubarem as plantações que eles têm. Ao todo, cerca de 200 hectares são cultivados por Velci e Marilei, incluindo a propriedade deles e demais arrendamentos. Na lavoura, também atua o irmão de Carla, Hugo de 18 anos.
A jovem também destaca a necessidade da mulher tomar posição no mundo e não esperar alguma atitude. “Eu defendo sempre que as mulheres precisam se impor, buscar atingir seus objetivos e traçar uma trajetória de independência”, disse. Muito disso vem da criação dos pais. “Aqui em casa a gente sempre teve que se virar. Acho que isso também me ajudou a adotar essa postura”, finalizou.
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Nunca tive problemas e acredito que minha postura interfere muito nisso
O grande motivador dela permanecer no interior são seus mil suínos, os quais ela cuida com muito carinho
Revista Margô//Dezembro 25
ESPORTISTAS Texto: Mateus Zardin
Foto: Arquivo pessoal/Mônica
//Esporte
É
muito difícil explicar a origem do esporte, há quem diga que surgiu no Egito, outros na Grécia. Todo mundo é bom em alguma coisa, e alguns se destacam em um esporte nem que seja para sentar e analisa-lo. Mas a origem não importa muito, do que falaremos a partir de agora é da mulher neste cenário. A mulher, muitas vezes, se mostra até mais dedicada que o homem, talvez possua um ímpeto mais competitivo, ou apenas gosta de “mergulhar de cabeça” naquilo que está fazendo. Falaremos aqui de quem pratica, praticou ou simplesmente vive nesse mundo de luta e diversão. Segundo o jornalista esportivo Thiago Aguiar: “Não existe menos mulheres no esporte. Acho que tem mulheres no esporte que não conhecemos”, pensando nisso, a Margô vai mostrar uns exemplos de mulheres esportistas que se consagram nos seus meios.
Mônica voando alto nas pistas
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Revista Margô//Dezembro
//JÁ FUI UMA ESPORTISTA Falando das pessoas que já praticaram esporte nos deparamos com Mônica Wisniewski, uma gaúcha que vestiu suas botas e luvas, acompanhadas de um capacete, para subir em uma moto e conquistar prêmios no motocross. Mônica começou correndo com os homens, “quando comecei não tinha categoria feminina, então competia com os homens. Quando criaram a categoria feminina no ‘veloterra’, fui campeã”, conta. Para quem não sabe, o “veloterra” é uma modalidade de Motocross onde não existem saltos, as motos não saem do chão, mas se você acha que é moleza está tremendamente enganado, Mônica que o diga, “o motocross exige muito do corpo, muito esforço físico, por isso são poucas as mulheres que praticam”. Mas mesmo sendo em um número menor, as mulheres estão lá, “hoje existem algumas mulheres que nos representam, competem com homens e ficam em boas colocações”, completa Mônica. Muito do esporte, ou melhor dizendo, para se começar no esporte é preciso ser incentivado, nossa piloto teve um apoio muito grande da família, como ela mesmo nos conta. “Eu comecei correr porque meus irmãos corriam, e eles queriam me ver correndo”, pontua. Mas como tudo na vida tem um fim, e ao mesmo tempo nada termina, Mônica teve que abandonar o esporte, mas nunca sua maior paixão: as motos.
Foto: Arquivo pessoal/Thiago
Foto: Arquivo pessoal/Andressa
“Parei porque é um esporte muito caro, exige muito tempo e muito dinheiro para se manter em boas colocações, mas hoje trabalho com motos, elas que serão sempre minha paixão”.
//Esporte
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Hoje vou apenas assistir as corridas, mas continua sendo algo que acelera meu coração, algo que me faz bem. //SE INFILTRANDO Deixando um pouco de lado as praticantes, falamos também com aquelas pessoas que fazem o esporte acontecer. Jucélia Marques, a Jú, trabalha em uma liga de arbitragem, acompanha jogos de futebol e futsal atuando como mesária. Na sua função Jú anota o que acontece no jogo para depois o árbitro redigir a súmula. “Meu trabalho se torna mais fácil que o dos homens, porque fico lá sentada anotando”, diz. Ela nos conta que no começo acabou sofrendo um pouco de preconceito. “No começo os homens achavam estranho, mas depois acabaram acostumando e gostando, alguns jogadores desrespeitam, mas a maioria não”, comenta. A decisão de ir para o lado da quadra começou dentro. “Eu jogava futsal, mas tive que parar e virei mesária”. Além da Jú, outra menina que está conquistando seu espaço é Andressa Witz, estudante de jornalismo, ela sempre gostou de futebol e hoje transmite jogos pela Web Rádio da sua universidade. “Comecei a desempenhar como plantonista por ser mais fácil, após vários jogos passei para comentarista e pretendo desempenhar a função de reportagem nas transmissões,” conta. Segundo Andressa, o interesse pelo futebol já vinha desde antes do jornalismo, e isso foi o que motivou a entrar para uma equipe esportiva onde é a única mulher. “ O esporte surgiu na minha vida desde pequena, sempre gostei de assistir os jogos, ler as notícias e comentar sobre elas, isso me fez entrar para a equipe esportiva, o conhecimento que eu tinha”. E ela pensa grande, não quer parar por aí. “São vários os planos no jornalismo esportivo, sendo eles, um que já fiz é transmitir jogo ao vivo em estádio, e com o tempo é ir em estádios maiores de times maiores, sendo em transmissões de rádio, e futuramente ser uma jornalista esportiva trabalhando em televisão.”
Acima: a estudante Andressa Wittz | Abaixo: o jornalista esportivo Thiago Aguiar
Revista Margô//Dezembro 27
//Esporte //ANALISANDO O JOGO DE FORA
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Aguiar, como profissional da área, nos esclarece alguns pontos que pôde notar em suas análises. O primeiro deles é sobre a falta de divulgação do esporte praticado por mulheres. “Acho que elas merecem muito mais. O preconceito no Brasil é imenso e acho que isso vai demorar muito para ser sanado,” diz.
Esporte feminino no país hoje, se resume a vôlei e talvez o atletismo (mas em menor escala), fora isso, o espaço que o esporte feminino tem inexistente.
Ele nos conta que a mídia brasileira não divulga o que deveria divulgar. “Por exemplo, no futebol, quando se fala no produto realizado aqui no país, é vergonhoso. Pouca gente sabe que duas equipes brasileiras estiveram na Libertadores da América e a Ferroviária-SP venceu a última edição. O São José-SP também esteve fazendo boa campanha,” pontua. Para concluir ele faz uma comparação com nosso país e se preocupa. “ Acho que o primeiro passo está longe de ser dado e que, no Brasil a situação é muito pior. Falo isso porque os esportes femininos na Europa e nos EUA são muito mais respeitados do que aqui e não é preciso pesquisar muito para confirmar isso,” conclui.
foto: reprodução
Todas as nossas entrevistadas têm pontos em comum, todas têm uma ligação com o esporte e acima de tudo, são mulheres. Em diversos esportes, nas mais distintas áreas a mulher se faz presente, se faz reconhecida. Aos poucos o espaço para mostrar os talentos femininos dessa área vem sendo conquistado. Com isso ganhamos todos, o país se torna mais reconhecido, a imprensa mais democrática e a mulher se torna cada vez mais valorizada.
Elaine disputando um jogo de futsal
jú marques, a única mulher na liga em que trabalha
foto: arquivo pessoal/Juliana Marques
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Revista Margô//Dezembro
//Esporte
Sim, o escotismo é para elas! Vender biscoitos? Limonada? Que atire a primeira pedra quem nunca assistiu ou ouviu falar de algum filme norte americano onde as escoteiras eram retratadas como meninas vestidas de uniformes, vendendo alguma coisa para arrecadar dinheiro para viagens, caridade ou algo assim. Pois é, você foi enganado
As mulheres estão cada vez mais presentes no Movimento Escoteiro e isso vai muito além de vender biscoitos. Mas o que é escotismo afinal de contas? Na teoria, o escotismo é um movimento educacional, voluntário e sem fins lucrativos que tem como objetivos promover o desenvolvimento do caráter, da honra, respeito e disciplina dos jovens através de atividades desenvolvidas em grupo e ao ar livre, a fim de fazer com que estas pessoas se tornem exemplos para a sociedade. O trabalho em conjunto entre homens e mulheres nos acampamentos é uma boa forma de promover a integração social e o respeito mútuo entre os sexos. A estudante Rafaela Vieira faz parte de um grupo de escoteiros há quatro anos e explica que a igualdade de gêneros é bem grande: “Atualmente o escotismo tem uma igualdade quanto aos sexos muito ampla, normalmente mulheres participam e possuem os mesmo direitos que os homens”, explica. O interesse pela atividade pode surgir de diversas maneiras. Influência da família, interesse próprio ou mesmo curiosidade e para a Rafaela este último foi um fator determinante: “Eu me interessei porque eu olhava as pessoas envolvidas nisso e eu tinha uma curiosidade, uma vontade enorme de entender o que eles estavam fazendo, aprender tudo aquilo”, conta.
Revista Margô//Dezembro 29
//Esporte
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O Movimento Escoteiro é maravilhoso e as pessoas envolvidas estão sempre dispostas a receber gente nova.
Texto: Eveline Drescher Fotos: Ramon Mendes 30
Revista Margô//Dezembro
O estudante Ramon Mendes está há dez anos no escotismo e explica que antigamente as mulheres não eram bem aceitas, mas hoje em dia participam muito dentro desse movimento, muitas vezes superando o número de homens escoteiros: “Hoje tem grupos que tem nas suas fileiras um número superior de meninas do que de ‘piás’ dentro do escotismo e isso é uma coisa interessantíssima”, explica.. E a mulheres não saem perdendo dentro das atividades do escotismo. Ramon explica que mulheres e homens tem a mesma capacidade de atuação dentro dos grupos de escoteiros: “Eu acredito que não é uma questão de gênero mas sim de capacidades, eu conheci garotas que tinham uma capacidade muito superior aos do meninos dentro das atividades de escoteiros”, revela. E para quem ainda tem dúvidas se quer ou não experimentar essa atividade fica o recado da Rafaela: “Deixo como recado para as mulheres, que atualmente o escotismo já é um movimento muito amplo. Se tu tem vontade, vai atrás, procura conhecer. O Movimento Escoteiro é maravilhoso e as pessoas envolvidas estão sempre dispostas a receber gente nova, passar o conhecimento adiante, independentemente de ser mulher ou não. É algo maravilhoso e a gente só consegue ter ideia disso quando conhece a coisa toda.”