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SUMÁRIO

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Carta aos leitores Eduardo Saron

Entrevista Andre Arruda

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O fotógrafo carioca Andre Arruda já trabalhou em jornais importantes, como o Jornal do Brasil e O Globo. Cid Costa Neto

BURNING MAN

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Tudo sobre o festival de sete dias de Black Rock Desert.

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Considered one of Europe’s greatest modern artists. He painted unsettling portraits with peculiar focus on the texture of their flesh.

Lucian Freud

Conhecer para atuar

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A importância de estudos e pesquisas na formulação de políticas públicas para a cultura. Ana Letícia Fialho e Ilana Seltzer

George Kornis

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As especificações do mercado de artes visuais no Brasil do século XXI. Isaura Botelho

Arte , cultura e seus demônios

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Uma análise contemporânea sobre as manifestações culturais e suas representações.

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Álbuns, singles e os rumos da música gravada contemporânea. Marcia Tosta Dias

Ana Angélica Albano Quando o todo era mais do que a soma das partes

Cinema para quem precisa

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O cinema como via de inclusão social nas comunidades do Rio de Janeiro pós UPPs. Francisco Alambert

O direito ao teatro

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Teatro de direito e direito ao teatro. Dois lados de uma mesma moeda? Sérgio de Carvalho

Música, dança e artes visuais

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Aspectos do trabalho artístico em discussão em tempos de lei do patrocínio. Liliana Rolfsen Petrilli Segnini



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ANDRE ARRUDA Carioca, formado em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo Audiovisual, o fotógrafo Andre Arruda já trabalhou em jornais importantes, como o Jornal do Brasil e O Globo. Atualmente trabalha na área publicitária e editorial, mas sem deixar de lado o trabalho autoral, onde tem liberdade de expressar sua criatividade em ensaios como o Fortia Femina e no livro 100 coisas que cem pessoas não vivem sem. Suas fontes de inspiração são as mais váriadas.

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Qual a importância de um trabalho autoral para quem trabalha apenas comercialmente? AA. É fundamental, absolutamente. Eu creio – na maioria dos casos - o trabalho comercial deve financiar o trabalho autoral, pois este irá nortear a carreira do fotógrafo. O fotógrafo deve estar atento para não se tornar mais uma peça dentro do mercado.

Como foi o seu primeiro contato com a fotografia e como foi a decisão de se profissionalizar?

Como é a concepção do trabalho autoral e como funciona o seu processo de criação?

AA. Meu pai tinha uma TLR BeautyFlex, imitação japonesa da Rolley, e fiz algumas fotos com ela quando criança. Cheguei inclusive a tentar fazer uma estória em quadrinhos com avioes da II guerra, modelos de montar Revell, que é claro, não ficaram técnicamente boas. Me lembro até hoje da imensa sensação de dificuldade daquela tarefa. Um dia a câmera pifou e não tinha conserto. Como a família não tinha recursos, ficou-se sem equipamento mesmo. Depois, somente na faculdade tive contato com fotografia, numa aula de fotojornalismo. Nos foi mostrada uma série de fotos de HCB e aquela imagética foi como se eu tivesse aprendido uma língua nova instantaneamente. No curso de jornalismo comecei a me interar da fotografia e pouco tempo depois resolvi ser fotógrafo. Mal sabia da fria em que estava me metendo.

AA. No momento tenho dois trabalhos de minha inteira concepção, “Fortia Femina” e um livro chamado “100 Coisas que cem pessoas não vivem sem”. O “Fortia” é um ensaio sobre mulheres adeptas da musculação, em preto e branco, de viés livre de publicação ou lucro. São imagens que não residem num limbo preferencial: ou se ama ou se odeia. Até agora não vendi uma única cópia para coleção. O “100” nasceu da idéia de fazer um livro de retratos, mas não queria um tomo que fosse um compilação de fotos de gente, isso o medium visual está repleto e sinceramente acho repetitivo e um tanto tedioso. Como toquei baixo muitos anos, tive bandas e escrevi muitas letras, creio que títulos/temas são tão importantes quanto a obra. Nome é destino. Comecei a brincar com a idéia de número, de rima, de ritmo, de pessoas e que o conceito de uma pergunta instigaria o leitor. Depois de muita elocubração, veio o título, cujo paradoxal conceito é “arqueologia instantânea”, conhecer um pouco as pessoas pelos seus objetos. E desde agosto de 2005 venho fazendo o “100”, um desafio logístico muito pesado. E bancado integralmente por mim.

Como surgiu a oportunidade no meio editorial? AA. Antes tive um experiência amarguíssima. Fui em um determinado jornal levando meu humilde portifolio, basicamente um ensaio sobre Copacabana. Depois de dias tentando, consigo uma hora para conversar com o editor. Chego lá, quem me atende é um coordenador, que abre a pasta, folheia as fotos com o desdém de um delegado de polícia, e ainda vira pro lado, falando com outra pessoa: “O teu vascão ontem, hein?” Joga a pasta na mesa e diz secamente: “Serve não”. Volto pra casa com a pasta “pesando uns 100 kg” e com uma decepção knock down. Uns dois anos depois, já na lida do jornalismo, encontrei o sujeito do “serve não” numa cobertura qualquer e o pessoal foi almoçar e ele não tinha grana: acabei pagando o almoço dele. O ensaio que não serviu ganhou um prêmio na Funarte, outro da UFF e foi publicado em quatro páginas na Revista de Domingo, do JB, o principal encarte do Rio naquele tempo. Mas voltando: Um amigo trabalhava no extinto Jornal do Brasil e disse que tinha vaga lá. Marquei uma hora com o editor, o caladíssimo Rogério Reis, que viu o portfolio “inútil” e me admitiu. Depois de um ano tentando entrar lá, consegui. Ainda tive a sorte de estar no fim da era de ouro do fotojornalismo, que no JB era capitaneado pelos editores Rogério Reis e Flavio Rodrigues, um período intenso e de muita cobrança, de salários baixos mas de muita criatividade, onde a editoria de fotografia era composta por um time de feras. Impossível não ter saudade daquela época, onde nem se sonhava com a internet. Fiquei lá de 92 a 98 e em outro jornal de 98 a 2000, mas nunca me senti o repórter per se, sempre gostei de features, de fotografia mais “pensada”.

“Fortia Femina” nasceu antes, em 2003, 2004. Zapeando, paro em uma transmissão de um campeonato Mr. Olimpia, creio, e vi mulheres na competição. Até então não sabia que uma mulher poderia ter um corpo com aquelas proporções e me encantou como o relevo e o volume dos corpos “respondiam” à luz, e como a feminilidade poderia chegar a um extremo tão intenso. Então comecei a pensar numa série de fotos de nu, sem grandes compromissos, mas que fosse distinta do que havia visto até então. Um ensaio, um trabalho, deve ser adequado às condições de quem o elabora. Adotei o fundo branco para o “Fortia” pela facilidade do suporte (papel branco, pano branco, parede branca existe em qualquer lugar) e pela leveza que o branco fornece ao conteúdo, que talvez seja uma herança do meu tempo de garoto, quando pensava em ser desenhista, cartunista. Sou fanático pelas ilustrações a bico de pena e gravuras de Da Vinci, Vesalius e Henry Gray sobre a anatomia do corpo humano; descobri que me influenciaram bom tempo depois de estar fazendo o Fortia Femina. O “100” também é em fundo branco, retrato e objeto, mas em conjunto com outra inspiração agregada, que são os catálogos de produtos, tão comuns em jornais. Como vivemos em uma época “catalogal”, onde somos reduzidos perfis e frases definidoras, o “100 Coisas que cem pessoas não vivem sem” é um comentário – pretenso – sobre este nosso tempo. Zeitgeist.

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Você busca inspiração em outras mídias, como Durante o Nu Photo Conference você realizou quadrinhos, música e cinema. Porque considera um ensaio ao vivo para uma platéia de 300 pesisso tão importante? soas. Como foi essa experiência? Já tinha feito AA. Não apenas nas citadas, mas pintura e escultura me são vitais. algo parecido? Todo o tipo de manifestação me atrai. Na literatura ‘O Estrangeiro’, de Camus, teve um profundo impacto quando li. Outro fantástico observador é William Gibson, autor do termo cyberspace em “Neuromancer” e de “Reconhecimento de padrões” um livro importante para qualquer pessoa que trabalhe com imagens; que aliás tem uma tradução eficiente em português brasileiro. Toquei baixo por uns oito anos e até hoje tenho o instrumento, embora quase não toque. A música desempenha um papel fundamental na minha vida, tanto ou mais quanto o cinema; meus mais antigos amigos vêm da música. Não vejo, por exemplo, chance de ter uma namorada que tenha um gosto musical muito diferente do meu. Música é alma. Ouço de Slayer à Cole Porter, passando por bossa nova, industrial, alguns eletrônicos, rock, heavy metal e muita black music dos 50, 60 e 70. Refuto qualquer discurso que relativise a cultura e a educação e que enalteça o mero empirismo de processos na formação. Aproveito da máxima socrática: “quanto mais sei, mais sei que nada sei.” Quando vou editar um trabalho meu, sempre procuro se há algo bom. Inicialmente, acho tudo medíocre, apressado e raso. Sempre pode ser melhor...

AA. Com uma platéia tão grande foi a primeira vez. Gostei muito da experiência, embora tenha achado, com o benefício da distância, que a apresentação foi um tanto exagerada em alguns aspectos. Foi um desafio redobrado porque aconteceu diferente do planejado. A minha proposta inicial seria verdadeira sessão do Fortia Femina mas a modelo, uma atleta, desistiu. Então propus que fossem duas modelos e parti do zero. Gostei muito de uma imagem resultante daquela sessão.

Durante a sua palestra você citou a importância de usar o fotômetro de mão. Com o digital, muitos fotógrafos da nova geração dispensam o seu uso. Porque você acha que isso acontece?

Além das questões gráficas, o ensaio Fortia Femina lida com um tabu da estética feminina. Como foi a recepção desse trabalho? AA. Amor ou Repulsa. Já me disseram que Fortia Femina está à frente do tempo dele. Não sei e não procuro me preocupar com isto. Hoje a estética da mulher muscular é um fator presente na sociedade, uma tendência desde os anos 80, quando explodiram as academias de ginástica e as “aulas de jazz”, que misturavam dança com exercício físico pesado. Fausto Fawcett, um excelente pensador pop, até cita na letra de “Facada Leite Moça” a frase “coxas de quem faz jazz”, no fim dos 80. Cabe ao autor suscitar e abrir questões. E isso não vem de graça, sempre se paga um preço.

AA. O fotômetro é um símbolo. Quis ressaltar a importância da técnica, da pesquisa e do estudo constante. Não existe fotografia “fácil” e quem está começando não deve crer em soluções simplórias, como se a fotografia fosse uma série de “macetes” que resolvem qualquer situação. Todos os fotógrafos de cinema, cuja fotografia é exponencialmente mais complexa que a still, usam fotômetro, mesmo os fotógrafos com 30, 40 anos de experiência. É saber interpretar, usar a luz e não ser refém dela. Não creio que o fotografo deva se ater a fórmulas e resoluções fixas; quanto mais conhecimento, melhor; é quase pueril falar isso, mas há quem acredite que a fotografia é simples, quase intuitiva e o Photoshop resolverá tudo depois. O que interessa mesmo é a luz (saber iluminar) e a direção. A câmera, desde que seja manual, minimamente boa e gere arquivos RAW, resolve a maioria dos casos. A grande diferença entre uma câmera Pro e a amadora é que a Pro tem resistência e robustez. Tenho uma objetiva 70-200 2.8 que deve ter uns 10 anos e funciona muito bem, apesar de algumas “cicatrizes”, arranhões na lente e marcas de uso.

Existe um projeto para publicar o Fortia Femina? AA. O livro em tese está pronto, como fotos já tratadas e prontas para edição, mas falta uma editora com coragem para abraçar o projeto.

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Quais fotógrafos cujo trabalho você admira e qual a relevância deles na sua produção?

Quem você gostaria de fotografar e ainda não teve oportunidade?

AA. Vários me influenciaram e influenciam. Seria injusto no- AA. Scarlett Johansson, atriz; Yelena Isinbayeva, atleta e Angela mear alguns, então fico com o meu trio sagrado, Cartier-Bres- Gossow, cantora da banda de heavy metal Arch Enemy. Aqui, son, Avedon e Helmut Newton. E Sebastião Salgado, claro, por Roberto Carlos, o cantor. ser o maior fotógrafo vivo e por sua visão e sobretudo planejamento. Até o momento O que você diz para quem quer acredito que nenhum fotógrafo tem ou terá Eu fotografo fa- seguir a carreira de fotógrafo ou uma obra como a dele.

É mais complicado ou mais fácil fotografar celebridades?

mosos como se fossem anônimos e anônimos como celebridades.

AA. Eu fotografo famosos como se fossem anônimos e anônimos como celebridades. Em geral a fotografia, para a maioria das “celebridades”, é uma atividade aborrecida e que elas querem se livrar o mais rápido possível. Mulheres respondem muito bem a locação, com homens creio que uma certa tensão desenvolve melhor. A mulher tem que ser seduzida o tempo inteiro.

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está começando?

AA. Persista. Mais do que nunca fotografia está difícil como negócio rentável. Somente quem tiver talento, senso de oportunidade e principalmente um manifesto sincero de idéias perante o mundo poderá ter sucesso. E procure fazer vídeo também. O futuro caminha inexorável para a imagem em movimento.


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BURNING MAN


Bicycles with day-glow sticks weave playfully across a vast expanse of offwhite sand. So do cars painted to look like snails, dolphins, and dragons. A massive wooden temple rises as if out of nowhere. Shot at night, such scenes pop up frequently in Spark: A Burning Man Story. They suggest the documentary’s focus on what’s appealing about the annual art event.


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The annual Burning Man event in Nevada’s Black Rock Desert is a bit of a mystery for those of us who exist outside certain artistic circles, and as such a bevy of assumptions have built up regarding what exactly happens there for a week each year. It’s a given for example that there are drugs, sex parties, and s’mores, and it’s a known fact that the event’s final night sees a bee-filled cage placed over an outsider’s head before the unlucky soul is locked in a giant, wooden figure and burned alive.

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But what else is Burning Man about? Steve Brown and Jessie Deeter set out to answer that question with the new doc Spark: A Burning Man Story, and while it conveniently neglects to comment on the bees it does offer an insight into the event’s history and what it takes to organize a gathering with nearly 60,000 visitors. That glimpse behind closed doors seems to come with a price tag though in that the doc could almost pass for a promotional video for the event itself. But at the very least it’s a promo video featuring some gorgeous nighttime photography. Burning Man essentially began in 1986 when founder Larry Harvey invited some friends to San Francisco’s Baker Beach to hang out, share some drinks and burn a large, wooden man beside the ocean. The idea grew, as did the attendees, and it was eventually moved to the Nevada desert to take advantage of the vast, open space. Built around ten core principles covering everything from Radical Inclusion/Self-reliance/Self-expression to Participation and Civic Responsibility, visitors are encouraged to treat their stay as one big “what if?” scenario. What if they could dress however they wanted without being judged? What if they didn’t have to live in a corporate-fueled, capitalistic society? What if they just didn’t feel like wearing pants today? Nothing is for sale within the confines of Burning Man aside from ice and coffee (?), meaning the rest of your needs should be met through your own preparedness or within an encouraged “gifting” economy between friends old and new. It’s all about expressing yourself through costumes, 13

personality, and art, and while those first two can be found at most big festivals it’s in the area of art where Burning Man truly distinguishes itself. Large installations dot the landscape for people to admire and experience from statues to actual, inhabitable structures, but the most visually arresting (aside from the crepe-paper canoodling forest of course) are the vehicles. Like a Mad Max movie with a bigger, more creative art department, elaborate vehicles designed to look like homes, snails,


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boats and more parade around illuminated at night with never-ending strands of neon lights. The visual side of things are well-represented here to the point where dozens of poster-ready images grace the screen showing some amazing manmade creations set against the natural beauty of the night sky or the sun piercing a sand storm. But the human element is far more obscured. Much time is devoted to last year’s ticketing fiasco brought on by a new lottery system, but mentions of drugs are limited to a single throwaway line about the one year an impaired fest-goer drove over two tents containing people. Are we to believe this isn’t an event with heavy drug use and possible transactions? It seems disingenuous to promote an event built on radical freedoms without acknowledging the more unsavory and potentially illegal aspects therein. Even more strikingly absent is the common man/woman’s idea of what Burning Man is actually about. Beyond the ten principles and the free expression, what does it actually mean to people? Several of the event’s co-founders act as talking heads throughout, but we never hear from basic ticket-holders as to what they think of the experience and what, if anything, they get out of it aside from a colorful vacation. We do see a couple artists preparing their creations for the event, but their real-world struggles are teased without conclusion.

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LUCIAN

FREUD

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Lucian Freud is considered one of Europe’s greatest modern artists. He painted unsettling portraits and nudes in drab rooms, with peculiar focus on the texture of their flesh. Freud was the grandson of Sigmund Freud. He moved to Britain from Germany with his family in 1933 to escape persecution as a Jew. He spent most of his working life in London’s Paddington, saying that its sleaziness appealed to him.

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WHO IS LUCIEN Freud was born in Berlin in December 1922, and came to England with his family in 1933. He studied briefly at the Central School of Art in London and, to more effect, at Cedric Morris’s East Anglian School of Painting and Drawing in Dedham. Following this, he served as a merchant seaman in an Atlantic convoy in 1941. His first solo exhibition, in 1944 at the Lefevre Gallery, featured the now celebrated The Painter’s Room 1944. In the summer of 1946, he went to Paris before going on to Greece for several months. Since then he has lived and worked in London. Freud’s subjects are often the people in his life; friends, family, fellow painters, lovers, children. As he has said ‘The subject matter is autobiographical, it’s all to do with hope and memory and sensuality and involvement really’. Paintings in the exhibition will range from Girl with Roses 1948 to Garden, Notting Hill Gate 1997, and highlights include the marvellous series of portraits of his mother, portraits of fellow painters John Minton, Michael Andrews and Frank Auerbach, and other major works including Large Interior W11 (after Watteau) 1981-3. Sharp pictures of his youth will contrast with the works of his maturity, paintings filled with life and liveliness, each in its way a celebration. ‘I paint people’, Freud has said, ‘not because of what they are like, not exactly in spite of what they are like, but how they happen to be’.

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BIOGRAPHY British painter and draughtsman. Freud spent most of his career in Paddington, London, an inner-city area whose seediness is reflected in Freud’s often sombre and moody interiors and cityscapes. In the 1940s he was principally interested in drawing, especially the face. He experimented with Surrealism. He was also loosely associated with Neo-Romanticism. He established his own artistic identity, however, in meticulously executed realist works, imbued with a pervasive mood of alienation. Two important paintings of 1951 established the themes and preoccupations that dominated the rest of Freud’s career: Interior in Paddington (Liverpool, Walker A.G.) and Girl with a White Dog (London, Tate). Both paintings demonstrate an eagerness to establish a highly charged situation, in which the artist is free to explore formal and optical problems rather than expressive or interpretative ones. By the late 1950s brushmarks became spatial as he began to describe the face and body in terms of shape and structure, and often in female nudes the brushstrokes help to suggest shape. Throughout his career Freud’s palette remained distinctly muted. A close relationship with sitters was often important for Freud. His mother sat for an extensive series in the early 1970s after she was widowed, and his daughters Bella and Esther modelled nude, together and individually. Although the human form dominated his output, Freud also executed cityscapes, viewed from his studio window, and obsessively detailed nature studies. The 1980s and early 1990s were marked by increasingly ambitious compositions in terms of both scale and complexity.

Freud’s early works, like Girl With A White Dog, were very controlled and formal. Over time his style WWWWchanged and his later painting were mainly nudes, using coarse, layered dabs of paint to create skin texture. The figures in Freud’s paintings often look distant and depressed. However he had a close relationship with his subjects and claimed his pictures are “to do with hope and memory and sensuality”. One of his best known paintings, Benefits Supervisor Sleeping, was reportedly bought by Russian billionaire Roman Abramovich for $33m at auction. This was a record at the time for a living British artist. Freud provoked public outcry with a portrait of Her Majesty Queen Elizabeth II. Many people said the painting made her look old and unhappy. The Queen refused to comment.

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