disse que me deixou feliz, mas ao mesmo tempo triste. — Então não acredite nessa sociedade horrível, pois não existe amor por aparência, apenas desejos em comum. Está me entendendo? — ele perguntou segurando forte meu rosto. Meu medo ficou firme em todo meu corpo frágil. Ele bateu forte com o peito de sua mão. Senti arder o coração. A cada tapa que levava minha alma fugia de mim. Essa palavra: amor, eu deixei-a sair do meu coração. Meus pais não me amavam. Eu acho que fui o fruto podre. O que poderia pensar? Tinha apenas oito anos. Ainda não sabia de nada. Todos os dias, meses, anos que se passavam ali, eu via minha mãe embriagada. Meu pai, batendo nela e em mim. Descontando sua fúria... [...] Jamais o perdoaria por tudo que me fez sentir e o que ela permitiu acontecer. Mais cedo ou mais tarde eu viveria sossegada. Ganharia asas e voaria sozinha. Foi quando completei dezoito anos. Eles se mudaram, eu fiquei. Fugi desse mundo horroroso em que existia embaixo das paredes de minha casa. Ele terrível, ela egoísta. Eu sozinha...
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Quando o proibido se torna irresistivelmente atraente...
“Eu não conheço o amor, conheço o prazer”
Vanessa de Cássia
1- Foi assim... “Senti tudo formigar dentro de mim. Não consegui compreender o que seria isso. Contudo, toda essa sensação era o que eu mais buscava nessa vida. Ter todo seu olhar sobre mim”.
Beleza. Sexo. — rabisquei no espelho embaçado pós-banho
no banheiro. Senti o quente do vapor e o frio das gotas que formava na ponta dos dedos. Era deliciosa a sensação. Ali estava eu de frente a minha face embaçada pelo espelho. Apaguei as palavras e as disse alto. Encarando-me. Confrontada comigo mesma. A versão acabada e renovada. Pensei nas duas palavras que saíram de meus lábios frios, que transcreveram por meus dedos trêmulos. Medonhos, no espelho da verdade. Vejam bem, não falei beleza e sexo, eu disse em alto bom som, beleza (ponto) sexo. Duas palavras tão simples, porém, ambí-guas. Existe mais de um sentido a elas. Duas palavras distintas. Exímias. Cada uma delas carregada de emoções, responsabilidade e preconceito. Sim, preconceitos. Convenhamos, não existe pessoa feia, ela apenas está fora do contexto dos padrões de beleza, mas em tudo há beleza. E no sexo, ah, o sexo... Por que negar algo tão bom? Não entendo a mente do ser humano. Sexo é vida! Ambos têm o mesmo caminho a percorrer lado a lado. A beleza pode ser mensurável, o sexo é saudável. Sabe, um dia passei muito tempo pensando em tudo. Na beleza, no sexo e no que elas poderiam me proporcionar. Eu quero senti-las ao fundo, o desejo incontrolável de tudo isso. Um elogio faz o dia brilhar, modificar o bem-estar. Todos nós queremos isso, sem restrições. Não deveríamos classificar os tipos de beleza, mas o que importa em si. O mundo cruel se importa com coisas demais. Para mim hoje, eu classificaria na seguinte forma: Beleza interior é a simpatia, a complacência com o próximo. Beleza exterior é um sorriso sincero, um olhar indulgente.
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Batom Vermelho Domine sua beleza e se ame acima de qualquer coisa. Eu pratico isso e dá super certo. Já senti dores demais e as minhas dores rumaram com cada um que passou por mim. Estou sempre disposta a usar minhas armas. Sempre. Ei você, use as suas! Você só vai sentir a beleza e o amor, quando sentir isso a você mesmo. Bem, aquela palavrinha pintou aqui. Amor. Eu sou uma pessoa suspeita a dizer sobre o amor, pois nunca amei um homem, mas deixarei a frase dizer por si só. Como diz a doce e esplendorosa letra da música de Rita Lee. Amor e sexo. “Amor é um livro. Sexo é escolha. Amor é prosa. Sexo é poesia. Amor é divino. Sexo é animal. Amor é um. Sexo é dois. Sexo antes. Amor depois. Amor é para sempre. Sexo também. Amor sem sexo é amizade. Sexo sem amor é vontade.” Eu não conheço o amor. Conheço o prazer. Eu sou do tamanho daquilo que sinto, que vejo e que faço... Fui até meu quarto, vesti minha imensa e aconchegante camiseta branca que durmo, nela leem-se as minhas nada delicadas palavras: Don’t hate me. Fuck me! Lembro-me do dia em que pedi para estampar isso, aqui na lojinha próxima ao meu prédio, um garoto de apenas dezessete anos trabalhava lá e, quando fui buscar a camiseta, ele me encarava, absorto. — Isso é presente? — perguntou curioso. — Não, é minha. — Mas não é um pouco grande? — intrometeu-se novamente. — Talvez, mas prefiro assim. Obrigada. Quando estava saindo, ele diz corando até as orelhas. — Eu vi no Google o que significa! — ele sorriu travesso. Aproximei-me novamente do balcão, ele parecia suar. Coitadinho. — É? E o que está escrito? — eu não deveria fazer isso com esse garoto. — Não me odeie, me foda. — ficou rubro novamente. — Com força! — completei sorrindo e indo embora. Os olhos dele estavam esbugalhados com minha ousadia. — Ei gatinha, você é demais! — ele sorriu ao me cantar. — Eu sei. Com essa lembrança tosca numa noite fria de domingo, deslizei pela cama no lençol de seda bordô, senti uma sensação glacial
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Vanessa de Cássia tomar conta do meu corpo, quase estimulante nas minhas pernas recém depiladas. Olhando para o teto, meu ventilador girando lentamente, fazendo o vento circular no quarto. Eu estava a espera de algo, talvez algo maior do que poderia suportar. Até quem sabe um homem a desejar... Nisso tudo, lembrei-me: A mulher é uma grande educadora do homem: ensina-lhe as virtudes encantadoras, a polidez, a discrição e essa altivez que teme ser importuna. Ela mostra para alguns a arte de agradar, e a todos a arte útil de não desagradar. Eu quero agradar. Eu quero satisfazer. Em tudo eu vejo tentação. Beleza. Sexo. Hey baby, calma aí, não me julgue. Não ainda. Conheça-me. Eu sou... Eu sou uma mulher com cara de menina. E uma menina que gosta de prazer. Minha beleza está com o prato cheio. E está para quem quiser ser servido. Seja muito bem vindo!
Para mim, seria mais uma segunda-feira, chata, sem graça alguma. Deitaria o dia inteiro no sofá vermelho à espera de algo bom. Assistiria algo sem graça, comeria um chocolate ou talvez um pacote inteiro de bolacha para me manter distraída. Apesar de adorar meu pequeno e aconchegante apartamento, que não tem ar de familiar, pois sou só, aqui é um ambiente acolhedor, neutro e necessário. Básico, diria. É aonde eu me encontro, onde me vejo. Isso já basta. Hoje será uma segunda-feira totalmente diferente de todas que passei por esses últimos meses. Hoje começo em um novo trabalho. Não é tão legal quanto queria, mas já é de bom agrado. Pelo menos terei algo para reclamar de verdade. Sentei-me na beira da cadeira de modelo medieval com acento de tecido veludo vermelho — que eu mesma forrei —, puxei minha gaveta e escolhi a dedo minhas maquiagens. Apesar de estarmos no início do inverno, poderia arriscar algumas cores. Afinal, trabalharei em um prédio, como recepcionista, então terei que estar apresentável. Na agência, não disseram às claras, mas é quase uma exigência usar maquiagens, estar sempre com um ar impecável. Para mim, isso nunca foi problema, pois simplesmente adoro fazer isso. Meus olhos verdes-musgo têm o poder de fazer as maquiagens mais simples ficar a mais perfeita possível, sendo uma sombra qualquer, um lápis e rímel.
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Batom Vermelho Tenho cílios belíssimos, longos, que com um bom rímel, ficam perfeitos. Não tenho do que reclamar de meu rosto, sobrancelhas que nunca faço, pois parecem terem sido pinceladas, nariz arrebitado, olhos marcantes em seu lindo brilho no tom esverdeado. Ah, e meus lábios, meus tão cobiçados lábios, a parte que mais amo em meu ser. Num formato perfeito, nem tão grosso e nem tão fino, esculpidos por um anjo, delicados, sensíveis, chamativos e o que eu mais gosto: sensuais e majestosos em meu lindo batom vermelho. Apesar de todo esse meu devaneio, tive uma lembrança agora que, provavelmente, foi a mais fundamental de toda minha vida. A decisão. Depois de tudo que aconteceu comigo, passei a tomar decisões que só me fariam o bem e que nada mais importaria. Somente a mim. Olhando ainda para as maquiagens, senti a grande e grossa lágrima escorrer dos meus olhos. A tristeza da lembrança me fez soltar. Não que eu sinta muito. Já senti. Só que hoje vejo a diferença da época e sei que tudo foi para eu ser forte, uma mulher cheia de atitude, decidida. Hoje meus anseios ávidos são em primeiro plano. Foi assim que me tornei a Mel Folk de hoje. Segurei o batom em minhas mãos frias. Antes de passá-lo, lembrei... “Aos cinco anos, meu pai pegou-me à frente do espelho. Parecido com o qual eu estava diante agora. Minha mãe era super vaidosa, linda e cuidadosa. Só que ela deixara algo em cima da mesinha que me despertou um interesse arrebatador. Interesse que todas as meninas têm: A de maquiagens! Eu tinha a oportunidade, então queria aproveitar, apreciar cada instante ali. Sei que foi há muitos anos, mas daquele dia em especial jamais me esquecerei. Minha primeira maquiagem. Olhei com atenção cada um daqueles produtos, mas em especial um chamou a atenção, um elemento fundamental e essencial a uma garota. Um batom. Só que não era um batom qualquer, não, com certeza um enorme não. Eu jamais saberia também com que total efeito aquilo poderia transformar minha vida. Isso em minhas regras atuais, onde me encaixo e sei do seu total poder sobre mim e sobre eles. O poderoso, estrondoso, inigualável, magnífico batom vermelho...” Abri minha caixinha especial e vi todos eles ali em sua magnitude, mais de vinte tons diferentes de vermelho, um para cada ocasião. Especial a mim e a eles. Para cada um dedico meu tom, onde acho que serve. Eu sinto, provoco e gosto. Sei usar isso a meu favor. Sou imponente e poderosa quando estou de batom, sinto o calor majestoso que ele causa em meus lábios. No jogo da sedução, eu sou uma serpente a cercar minha presa. Eu domino. Eu dito as regras. Esse é o meu jogo.
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Vanessa de Cássia “Na minha inocência e pela beleza que ele esbanjava, deliciei-me ao seu verdadeiro encanto. Em meus olhos de vidro, imaginava mamãe em seu sorriso brilhante, quando saia de casa com o papai para suas noites de negócios. Queria ser assim. Ter esse brilho e poder em meus lábios. Peguei sem medo aquele pequeno objeto de um desejo reprimido. Impaciente, sorri na frente do espelho e me lambuzei. Experimentei pela primeira vez. Fascinante. Dizem que a primeira vez a gente nunca se esquece. Total verdade. Uma experiência que levo comigo há anos, meu primeiro batom... Só que ao fazer tal façanha, fiquei brincando ainda, meus pais não estavam em casa. Fiquei sozinha com Lourdes, minha babá, que estava na sala vendo novela, eu acho. Brinquei com todos os colares da mamãe, coloquei chapéu e sua camisola de seda roxa escuro e um salto também, bem coisa de menina inocente. Adorava imitar a mamãe. Brincava feliz e falando sozinha para o espelho, imitando as bravezas dela. Fingindo ser adulta e nem imaginava como isso é difícil de verdade. Hoje queria fingir ser criança, talvez fosse mais fácil, ou não, adoro poder fazer o que faço e ainda mais, gostar do que faço e bem feito! Só que naquele dia, tudo mudaria, sim, eu poderia ter ficado no meu quarto, ter sido uma menina boazinha, que brincava com suas bonecas, mas não, eu queria mais... Sempre mais... Até que por um destino, naquele dia foi cruel, papai chegou mais cedo e entrou no quarto. Surtou quando me viu naquele estado e o primeiro tapa levei. Doeu muito, sinto-o até hoje. Feriu minha alma, meu ser. A pequena mulher que nascia ainda em mim. Ele dizia-me que parecia puta! O que era puta a uma criança? Aquele tapa teria um efeito interno também maravilhoso. Deixou-me ser mulher mais cedo. Foi um incentivo. Cresça e viva, seja uma mulher desejável. Eu não sabia o que era isso, até conhecer o efeito que o batom traria alguns anos à frente. Onde eu saberia usar esse charme. Sua raiva naquele dia deixou-me muito triste, minha mãe nem se fala, mas meu ego se encheu dentro desse coração, expandiu por todo meu corpo, transformando-se em uma força feminina incrível, fazendo-me uma grande guerreira. Tudo bem, até hoje não me esqueço como tudo aconteceu, mas apenas sei de algo, bom e certeiro. Aquele tapa que feriu a alma, deixou um traço de felicidade. Você garota, saberá usar isso a seu favor. Isso não muda dentro de mim e sim, aprendi com total alegria, com total felicidade, o que um batom vermelho pode transformar sua vida. Seu ego...”. Hoje papai teria orgulho de mim... Só não gostaria de saber de cada historinha que vivi em meus lindos lábios vermelhos... — pensei com aspereza nessa lembrança sombria e desgosto daquele velho. — Isso com certeza não, né! Seu velho babão! — respondi ao espelho, para quem eu contava meu segredinho de infância. Por
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Batom Vermelho quantas vezes ele já ouviu essa minha história de vida chata! Tudo bem, vamos lá Mel! Vamos arrasar em seu primeiro dia de trabalho, seja forte, seja você, mostre quem é você! OK, respira e se arruma. Você tem muito a fazer! — finalizei a maquiagem em azul claro para o escuro. Afinal de contas, o uniforme é um blazer e uma saia lápis comprida até os joelhos, em azul marinho. Muito elegante, comportada, porém apertada. Ficarei um pouco discreta, até conhecer melhor o ambiente, depois posso arriscar. Hoje será apenas um coral nos lábios. Já é o suficiente. Depois de toda lembrança chata e ridícula que presenciei, tentei esquecer e belisquei o pão de queijo do dia anterior, coloquei no micro-ondas e o recheei com requeijão. Virei um copo de chá gelado. Arrumei as coisas no lugar e verifiquei a bolsa, tudo pronto para o primeiro dia. Em meu salto alto, saí confiante. Firme e linda. No elevador, olhei de relance ao meu relógio, 8h15. Tudo bem, eu poderia ter de tudo e ainda ser a pessoa mais feliz do mundo. Sim, eu posso. Meus pais têm grana e empresas espalhadas pelo Brasil, mas não quero nada deles, há muito tempo moro sozinha, ok, o apartamento foi presente de minha mãe, mas eu pago as contas. Também não sou nenhuma rebelde ou mesmo mimada. Sou apenas eu e não é tão ruim assim. Comecei a faculdade de direito uma vez e parei, não queria isso. Tenho meus dons, porém não sei aproveitar. Um pouco, talvez um dia, eu me acho. Enquanto isso, eu vou me virando e tentando descobrir vários lugares. Até poderia trabalhar em uma das empresas de meu pai, mas afinal, não falo com ele e não quero essa proximidade, Eles estão morando no Rio de Janeiro. Bem, eu moro em São Paulo e daqui eu não saio! Eu ainda tenho que agradecer minha prima, enviei mensagens em agradecimento a ela pela oportunidade. Óbvio, que ela sabia que não tenho falado com meu pai, por isso apelou para o dela. Meu tio Jorge, irmão do meu pai, tem uma boa parte de salas alugadas no prédio de onde tem também uma parte. A Mariana tem seu escritório no mesmo prédio, onde tem todo seu charme único de uma boa arquiteta, ela até me ofereceu de secretária, mas sabe, não quero ter algo diretamente com “família”, pois sinto que meus pais estarão perto demais e, então aceitei de boa fé no prédio mesmo, ali irei me divertir. Mariana e eu nunca fomos muito próximas, apesar de termos crescido juntas, ela é aquela prima que todo mundo baba por sua beleza — cabelos castanhos escuros longos e super lisos, olhos claros num tom acima do meu. Mari é magra e sempre muito bem arrumada, também mimada, inteligente, certinha, rica e chata. E eu, bem, sou a ovelha negra! Depois que crescemos, ficamos um pouquinho — diria ainda quase nada — próximas, mas Mari teve toda boa vontade de me
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Vanessa de Cássia ajudar. Então, agradecer é o que posso fazer. Eu não teria necessidade nenhuma de ir de carro, por minha sorte, moro a dois quarteirões do meu trabalho. Não haveria necessidade mesmo. Na manhã ainda bem fria, puxei meu casaco e encolhi os braços. O vento batia e fazia aquele efeito gostoso do frio no rosto. Sorri. Sinto que hoje estarei em meu destino, buscando ir além das minhas expectativas, mesmo tendo pouca coisa em mãos, estou pressentindo que aqui minha vida tomará rumos inesperados. Eu, Mel, estou atrás de uma mudança brusca do destino. Quero algo além de mim, não sei o que é, mas percebo que vai mudar. Meu consciente perverso diz isso. — Bom dia, você é a funcionária nova, não é? Seja bem vinda! — uma moça muito bonita, radiante em seu sorriso largo, estava com o mesmo uniforme elegante que eu. Apareceu na minha frente assim que coloquei os pés na escada. — Olá, sou sim. Mel, muito prazer! — abri um sorriso e estiquei minha mão direita congelante. — Uau, está frio hoje, não é mesmo? Sou a Carla e serei sua companheira de recepção. — ela tinha um sorriso claro e era muito linda. Às vezes, penso como só trabalha moças bonitas na recepção? Deve ser por que chama mais a atenção?! Será? Quando fiz a entrevista, o rapaz me olhava tanto e sorria à toa, fiquei até sem graça perto de outras garotas que estavam ali para entrevista. Tudo bem, ainda bem que eu consegui! — pensei rindo, com meus pensamentos tolos que tenho às vezes, fora o sorriso rasgado e bobo. Ela ficou me fitando em seu profundo olho azul. Com um rosto oval e delicado, estava com os cabelos pretos presos num rabo de cavalo alto e um topete. Sua maquiagem estava bem chamativa, mas ainda sim, perfeita em sua beleza. Ela estava com um salto alto lindo e era um pouco maior do eu, apesar de também estar com um salto alto. — Então, vamos, vou levá-la ao Caio. — esse é o tal carinha que me entrevistou. — Bom dia Mel, seja bem vinda ao seu primeiro dia no Plaza The Office. A Carla irá te acompanhar e o que precisar é só perguntar a ela ou pode me procurar! — ele deu duas levantadinhas de sobrancelhas. Está achando que caio nessa, pensei sorrindo com a piadinha boba. Caio não é feio, de modo algum, mas seu comportamento é meio bobo. Aquele rapaz que fica cheio de graça e segundas intenções. Não que eu não goste, mas ele é babaca demais para meu gosto. — Obrigada. — falei apenas.
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Batom Vermelho — Vamos. — Carla me puxou e saiu sorrindo. — Acho que alguém gostou de você! — ela brincou assim que sentamos na recepção. — Ele é sempre assim? — sussurrei à ela, ajeitando minha parte. — Jamais, ele é um chato e detesta que ligue para ele, mas deve ter gostado muito de você. — ela sorria em zombaria. E por vezes me cutucava quando ele passava. — Pare com isso, ele pode ver e achar que estou gostando. — falei sorrindo e analisando um protocolo da empresa. — Tenho que ler tudo isso? — falei fazendo graça. Pronto, agora arrumei uma coleguinha de trabalho. Um sorriso e já era! — Aham. Leve para casa, assim terá tempo. Ah, eu tenho que te mostrar umas coisas por aqui. Nove horas começa a entrada dos funcionários, então temos pouco tempo! — ela bateu o dedo indicador no relógio de pulso. Levantei e fui junto dela. — Ok. — sorri e a acompanhei. A recepção era muito charmosa e bem luxuosa. Com grandes vasos com flores coloridas dando um ar leve e harmonioso. Nosso balcão feito de mármore rosado e cravado nele o nome do prédio. Acima do balcão um vidro grosso. Atrás de nós, havia um mural com o nome de todas as empresas que ali trabalhavam. Ao lado do balcão quatro catracas, duas para entrar, duas para sair. A nossa frente, encostado na parede branquíssima e cheios de quadros de arte mediterrânea, havia um confortável sofá preto de couro macio, aqueles sofás que você até afunda de tão macios. — As pessoas que irão entrar nove horas são todas funcionários, o prédio é imenso como se pode notar e, com o tempo, você também passará a conhecer todos. Cada um deles tem que ter o crachá para poder entrar pelas catracas. É igual a esse, só que cada empresa tem seu logo acima. — ela me mostrou um dos crachás. — Você terá um de reserva, aqui não precisamos, temos acesso total, só que, às vezes, é necessário um desse. O que mais recebemos aqui são representantes de empresas, o sistema é fácil de usar, nada a temer, como no dia do seu treinamento. Muitos deles já são clientes, com tempo também saberá quem é quem. — ela era tão charmosa em sua explicação. — Vamos voltar e ficar na recepção, por essa semana, você aprenderá comigo e logo terá seu espaço, ok? Preste atenção ao máximo em todos que entram, que saem, pois só assim saberá quem é funcionário ou não. Vamos lá. — sentamos e aguardamos a abertura do prédio. E para o grande dia que se iniciará. Pelo que pude perceber sobre a Carla, ela gosta muito de falar e conhece muitas pessoas. A cada um que entrava, cumprimentava e me apresentava. Eu sempre com um sorrisinho discreto e bobo, não
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Vanessa de Cássia sou de ficar com vergonha. O que há comigo? Logo mais eu até arriscaria em dizer, “olha, essa aqui sou eu!” com um sorrisão escancarado, elegante, do jeito que gosto. Eles ainda irão me conhecer. Disso, eu tenho certeza. — Olá Carla. E aí? Amiga nova? — ele cumprimentou Carla e me olhava com um sorriso maroto. — Oi Flávio, tudo bem. Essa é a Mel. — ela me apresentou e ele se aproximou ao meu lado do balcão, pegou minha mão que estava boba e sem nada, levou aos lábios e a beijou leve. Fazendo um pequeno estalo com os lábios e deixando um leve arrepio. Gostei dele. Simpático e bonito, mais ainda charmoso em seu cabelo arrepiado com gel e uma covinha à toa no lado direito. Aparelhos nos dentes, de roupa social e um perfume masculino gostoso. Assim que terminei de analisá-lo por cinco segundos, Flávio também me fitava sem discrição. — Olá Mel, sou o Flávio, seja bem vinda e... Parabéns por sua beleza! — todo charmoso piscando para mim. — Obrigada e, muito prazer, Flávio. — fui singela. — É linda, não é, Carla? — ele foi saindo e falando alto. Corei. Não sei o que está acontecendo pra eu corar desse jeito! Que saco! — Já está fazendo um sucesso por aqui, hein, mocinha! — disse colocando as mãos na cintura. Ficou rindo e eu claro, com vergonha! Vou me controlar melhor. Deve ser efeito do primeiro dia, só pode, aliás, tem que ser! Não tenho um pingo de vergonha e agora com essa história de ficar rubra por qualquer elogio! Rá, vê se pode! — minha mente perturbada balançava a cabeça desaprovando a minha atitude boba. Calma, vou melhorar! — confortei-me. Esperei ainda suas explicações, Carla apontava para os lugares e pessoas que passavam. Literalmente, ela é muito comunicativa. Apesar de ser nova, acabei descobrindo que já é noiva aos seus vinte e dois anos. Eu com vinte e quatro, já não penso assim! É porque também não encontrei alguém para dizer: “Esse é para casar!”. E outra nem penso nisso tão cedo. — estremeci com a ideia absurda de me prender a alguém. — Mel, sabe, você vai gostar de trabalhar aqui! Vai conhecer um monte de gente linda, tem uns feios e chatos também, mas será muito legal, me sinto já à vontade com você! — ela me interrompeu de meus devaneios e voltei a olhá-la. — Vou sim e você está sendo ótima! — falei com toda verdade. Ela estava sendo um amor mesmo. Têm meninas que não aceitam novas pessoas no trabalho, mas Carla me aceitou bem e está sendo muito bacana. Olhei no relógio na tela do computador, era ainda 9h50, teria muito até às 16h. Esse horário também é tudo de bom. Enquanto ela ainda falava, olhei para porta, que a cada um
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Batom Vermelho segundo abria para algum funcionário entrar. Por incrível que pareça, meu mundo parou. Não havia mais ninguém ali. Apenas aquela figura majestosa e bem arrumada que estava entrando por aquela porta. Sim, um lindo. Puta merda, respire Mel! Devagar tentei fazer meus sentidos voltarem ao normal, mas eu sentia tudo vibrar de uma forma nova, diferente. Cruelmente perversa. Estrondosa. Eu pisquei fortemente para ver se era real. O que seria isso? Uma visão? Sim, só pode. Um rapaz tão lindo, mas tão imponente que acabou de entrar, fazendo-me ficar sem ar ao vê-lo sorrir ao falar no celular. Que boca deliciosa! — pensei e senti algo já em todo meu corpo. Vibrando impaciente. Ele estava com uma calça jeans justa, moderna e preta, um sapato social, uma camisa azul marinho com riscas brancas por baixo do seu blazer preto com a gravata no mesmo tom. Uau. Eu o olhava detalhadamente, aquele corpo atlético, esguio, um tanto forte. Eu sei me controlar, mas desta vez, eu o queria. Ali bem de pertinho para vê-lo melhor, tocá-lo se possível. Foi quando ele se aproximou do balcão e se direcionou à Carla. — Bom dia. — falou sério. E essa voz de veludo? Um pouco rouca e delirante! — Bom dia, Sr. Richard. — ela respondeu alegremente e até o nome era de dar tesão. Fala sério! Ele esperou algo dela, Carla abaixou na gaveta e eu não conseguia parar de olhá-lo. Sua barba rala bem aparada, sua boca num sorriso tão encantador em seus lábios carnudos, eu estava ficando sem ar. Respirei fundo. Ele me olhou. Ah! Morri. Morri mil vezes por segundo e tudo ficou úmido lá embaixo. Seu olhar castanho escuro encontrou-se com os meus indecifráveis. Que olhar é esse? Selvagem, só pode. Sorriu e pegou a chave da mão da Carla. Saiu de perto do balcão e apenas assentiu com a cabeça. Eu fiquei pasma. É, esse realmente eu diria, “Sim, esse é pra casar!” ou, pelo menos, “fazer um belo banquete dele em minha cama!”. — Mel, você está bem? — Carla me chacoalhou de leve. — Aham. — pigarreei e voltei ao mundo real, Richard só pode ser um sonho! — Richard é realmente lindo, não é? Quando eu o vi pela primeira vez, tive a mesma sensação. — ela falava rindo e fui voltando. Meu rosto fervia junto ao meu corpo. — É uma pena que ele é noivo. — Noivo? Como assim? Todo mundo é noivo? Como pode? — minha mente brigava comigo. Eu lá tenho culpa! — E ainda por cima, nem sei como ele a tolera, ela é uma chata! Não fala bom dia, não olha nem pra nossa cara! Ninguém gosta dela por aqui, só ele, coitado, tão sedutor e com uma garota tão chata. — que pena, eu o faria muito feliz, sem dúvida, mas quem sabe ele não queira um dia provar meu veneno... Chacoalhei a cabeça e tentei,
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Vanessa de Cássia apenas tentei voltar ao normal. Richard me deixou fora de mim. — É realmente uma pena. Bem, — pigarreei disfarçando, pois estava colhendo informações. — Ela trabalha aqui? — perguntei e fui mexendo nos papéis para organizar meu espaço e mascarando minha vontade de saber muito mais dele. Do Richard sedutor. — Trabalha. Ambos trabalham juntos, são arquitetos. Ele sempre chega mais cedo, essa hora, mas ela vem à hora que quer! Mas por sorte, Richard todos os dias vem pegar a chave que ela deixa ao sair, eles nunca vão embora juntos. O cartão que ele pega aqui é provisório, eu nunca entendi o porquê de ele não ter um fixo. — ela realmente sabe de tudo. — Ah, sim. — deixei de lado por enquanto o assunto e ajeitei as papeladas. Cheguei até atender um rapaz que iria ao nono andar. O sistema adotado no prédio é simples e prático. Gostei disso. Meu espaço estava tudo certinho. A Carla falava mais do que a boca. Contava-me sobre sua vida, seu noivo, sua mãe, sua casa e tudo que podia me deixar a par da situação. Falava dos funcionários que entrava, fofocamos a manhã inteira. Falando bem e mal de todos que entravam por aquela catraca. De quem ela gostava e de quem não suportava olhar na cara. Era engraçado tudo que dizia e ela só quer me ajudar, parece muito sozinha e carente. — Você vai comer aonde? — ela me perguntou. — Em casa mesmo, moro aqui pertinho! Por que? — Ah, que legal, eu moro tão longe, mas eu como na padaria, o Thiago é gerente lá, então como na faixa! — Thiago é o noivo dela. — Quando quiser pode ir comigo, falo com ele e poderá ter um descontão! — dizia empolgada e eu percebia isso, pois seus olhos mudavam de cor com excitação. — Sério? Seria bem legal. Obrigada. — ela assentiu feliz. Fui para casa hoje sozinha, ela ficaria na padaria, quem sabe outro dia eu vá. Fui rápida, comi um lanche que preparei e fiquei descansando um pouco com as pernas esticadas no braço do sofá. Ficar na recepção nem é tão cansativo, eu já gostei. Ainda mais vendo um lindo passar por mim todos os dias... Se comporta Mel, é seu primeiro dia! — uma voz bondosa dizia. E daí! Se ele estivesse aqui, duvido que ficasse calma, iria mostrar seus dons a ele... Safada! — a perversa retrucou. Balancei a cabeça, tentando apagar meus pensamentos terríveis. Não sou bipolar, ok? Só tenho dois lados, um bondoso que me ajuda a controlar a sede de prazer e a perversa que me aguça a querer mais e mais.
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Batom Vermelho Assim que voltamos do almoço, Carla me ensinou a preencher um formulário e foi quando ela, do nada, respirou forte e fez careta. — O que foi? — perguntei discreta. — É aquela ali a noiva do Richard! — fui para olhar discretamente, como se não fosse medi-la dos pés à cabeça. Quero saber o que ela tem, para conseguir um desse! — Mentira! — abaixei rápido. Carla me olhou assustada. — Verdade, menina! Ela nem é tudo isso, não é mesmo? — ela falava e enquanto isso eu ria. Queria rir alto. Ah, fala sério, eu não poderia ouvir isso. — Do que está rindo? Está doida?! — ela me empurrou. A tal noiva estava entrando e apenas me olhou de lado e poupou seu sorriso, mostrando-me apenas uma linha fina. Eu fiz o mesmo. Bem, a tal noiva é minha prima! A que me arrumou o emprego. Isso é brincadeira de mau gosto, só pode. Quero o emprego lá no escritório dela! Que idiota que eu fui! Está vendo, me dei mal! — conclui emburrada. Quando ela me disse sobre o tal emprego, não queria que eu ficasse dizendo nada a ninguém, me lembro até de suas doces palavras: “Sabe, eu não quero conversinha por aí, então nem vamos nos falar direito, sei que me entende, esse povo fala demais!”. Tipo, o que eu tenho a ver com isso? Só porque trabalho em uma recepção e ela é arquiteta? Grande merda. Agora eu poderia estar lá na sala com eles, olhando-o o dia inteirinho. Bem, pensando melhor eu não me concentraria. Jamais. Seria até torturante. Aqui está bom, por enquanto. A sedução é maior e será bem mais prazerosa. — Ela é minha prima. — falei bem baixinho e Carla arregalou os olhos. — Hã? Fala sério? Mesmo? — era engraçada sua cara. — Você é tão legal e me desculpa falar mal dela assim. — ela ficou corada. — Não fique mal, ela é uma chata mesmo, mas eu não conhecia o noivo dela, aliás, nem nos falamos direito. — outras verdades. E esse noivo, hein? — Nossa, mas isso é bom, porque ela realmente é chata! Está vendo? Passou aqui e nem ao menos falou com você! É da família! — ela parecia inconformada. E eu nem aí. — Pra você ver! — falei com semi desdém, mas por dentro eu ria sozinha. Deixei o assunto de lado, mas o que não saiu de minha cabeça o restante da tarde foi Richard. Eu não posso pensar nele, não que seja ruim, não mesmo. Às vezes, aquele olhar selvagem passava em minha mente, eu sentia um choque rápido e uma sensação inebriante entre as pernas. Será que ele sabe quem sou eu? Ah, Richard, se você não fosse noivo da minha prima...
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Vanessa de Cássia — Mel, vamos. Daqui a pouco virão os dois garotos que ficam à noite aqui. Pode pegar seu relatório, vamos subir para entregar ao Caio. — Carla pegou todas as coisas dela e eu fiz o mesmo. Ela entrou primeiro e eu esperei sentada num sofá verde confortável. A recepcionista da sala de gerência estava ainda se preparando para ir embora também. — Gostou de seu primeiro dia? — Caio saiu da sala junto de Carla que sorria. — Gostei sim. — fui breve. — Mel, tchau, até amanhã! — Carla me deu um tchauzinho e saiu, me deixando com o Caio. — Vem. — ele falou com um ar manhoso, acho que tentava ser sedutor ao dizer, eu queria rir. O que será que ele quer ou pensa de mim? Vou descobrir. — Sente-se e me conte. O que achou do seu primeiro dia? — perguntou se balançando na cadeira dele. Parecia inquieto, mas eu acho que não, queria chamar a atenção. Conheço alguns sinais, tenho um faro impecável para a safadeza. — Foi produtivo, Carla mostrou-me muitas coisas, acho que com o tempo irei pegar tudo. — fiz cara de satisfeita com um sorriso singelo, mas que, para Caio poderia ser algo excitante. Ele piscou e me liberou assim que entreguei o relatório. Levantei e ele fez o mesmo. Veio em minha direção, assenti um tchau e fui saindo. Ele só me olhava sorrindo. Ai, ai. Só quero ver onde isso vai dar. Apertei o botão do elevador e esperei lentamente ele vir até meu andar. Oitavo. Estava distraída olhando minhas unhas vermelhas e já pensando em que cor eu passaria depois, pensando no dia agitado e diferente que tive. Conheci uma colega muito legal de serviço, tenho um chefe com cara de bobo que tenta ser safado. Apreciei a beleza de um homem que, por sinal, é deliciosamente atraente, porém o que jamais imaginaria é que esse pedaço de mau caminho é noivo da minha prima. Sorte ou muita falta de sorte? Enfim, no final, eu fui muito objetiva em meu novo serviço. É, os dias serão agitados daqui pra frente! Ouvi o “pin” do elevador e assim que abriu, não poderia ser melhor, eu travei na frente dele. Richard estava cabisbaixo mexendo ao celular, mas com a parada do elevador, levantou a cabeça. Sorriu sublime. Meu corpo desfaleceu. “Pare de ser lindo” — minha mente perversa gritou pela primeira vez. Eu não conseguia me mover e ele ainda olhava curioso para mim. “Vamos, entre!” — tentei gritar com minhas pernas que não queriam se mover. Ele sorriu novamente, parecendo confuso com minha atitude idiota de não me mover e eu apenas o olhava. Era tão desesperadamente estupendo que eu mal conseguia me controlar, estava prestes a cometer uma loucura. Quando o elevador foi se fechando, enfiei as mãos para segurá-lo e Richard fez o mesmo.
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Batom Vermelho Nossas mãos se tocaram e com um baque de emoções me vi dele, entregue a ele. Senti tudo formigar dentro de mim e não consegui compreender o que seria isso. Contudo, toda essa sensação era o que eu mais buscava nessa vida: ter todo o seu olhar sobre mim e foi o que ele fez. No mesmo instante que entrei pela porta, fiquei sem jeito. Respirei forte e, cacete, ele era ainda mais lindo de perto, seu cheiro era tentador. Ah! Queria me deliciar dele ali mesmo... — meu lado bondoso me ajudou a conter. — Quase! — Richard falou do meu lado. Sua voz rouca quase me levou ao delírio. Ainda bem que minha roupa escondia meu arrepio, por apenas sua voz. — Obrigada. — falei seca, sem emoção. “Que é isso mulher!” “Eu posso agarrá-lo aqui? Posso?” — pela segunda vez a voz do meu lado perversa gritava dentro de mim, pedindo ele. “Ele é noivo da sua prima!” — a bondosa me lembrava para me tirar dessa tortura. Balancei a cabeça em busca de me distrair. Peguei o fone do celular e liguei uma música bem alta. “Stupid Girl – Garbage”. Propício, não é? — Tenha uma boa noite. — falou me olhando de soslaio ao sair do elevador. Meu Deus. — gritei por dentro. Que voz é essa, Richard? — A você também. — disse melosa demais, mas acho que não percebeu. Uau, esse homem conseguiu me deixar de quatro por ele. Richard saiu junto e cada um foi para seu lado. Ele para o estacionamento e eu pela calçada, rumo a minha doce casa. Eu pensaria nele ainda, sem dúvidas. Richard é simplesmente sedutor e o que mais me intriga nele é que nem me encarou como qualquer homem encararia. Tudo bem, vou fazê-lo pirar e não ficaria com remorso nenhum de apenas um dia, uma noite, fazê-lo provar o que tem de bom nesse “mel” todo que sou... E foi assim mais um dia de minha vida que está apenas começando... De novo!
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