l- t=e§tival Inter-naci()nal de JAZZ 11/1S de ~eteD1b~() /lçt7S (j~a~il
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lº Festivo nternocionol de Jozz
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, ll/l8/Setembro 1978 SP-Brosil REALlZAÇAO: Fundação Padre Anchieta - Televisão Cultura (Canal 2) SECRETARIA DA CULTURA, CIENCIA E TECNOLOGIA
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A PHONOGRAM ORGULHA-SE DE PODE·R LEVAR A SUA CASA, ATRAVÉS DO DISCO . OS GRANDES ARTISTAS DO 1~ FESTIVAL INTERNACIONAL DE JAZZ DE SÃO PAULO.
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DJALMA. CORREA NELSON AVRES • NIVALDO ORNELLAS
CHICK COREA ~SCH41t1$. ~.,
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STAN GETZ
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MILT JACKSON ZOOT SIMS HARRY EDISON BENNY CARTER
MICKEY ROKER ROY ELDRIDGE DIZZY GILLESPIE RAY BROWN
CGC N.o 33./77.4 J J /0003.7B.SCDP.PF·/59/GB
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1978
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Programação Geral PALÁCIO DAS CONVENÇOES DO ANHEMBí· .
E~petáculos às 1,6,00 e 21,30 dia 11 somente as 21 ,30
ARTISTAS PROGRAMADOS: NELSON AYRES ASTOR PIAZZOLLA E GRUPO DIZlY GILLESPIE TEXASBIG BAND BENNY C'ARTER
DIA
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WAGNER TISO E GRUPO AL JARREAU E GRUPO ETTAJAMES E GRUPO'
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LUIZ ECC\E GRUPO AZIMUTH Grupo Jazz ASThe Philiarmonic com: ROY ELDRIDGE, ZOOT SIMS, RAY BROWN MILT JACKSON Harry Edison Jimmy Rowles Míckey Rocker
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RAUL DE SOUZA (Trombone) FRANK ROSOLlNO (Trombone) GEORGE DUKE TRIO MILTON NASCIMENTO E GRUPO
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LARRY CORYELL PHILlP CATHERINE PAULO MOURA E GRUPO EGBERTO GISMONTI E GRUPO AHMAD JAMAL TRIO
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TAJ MAHAL E GRUPO STANGETZ VlCTOR ASSIS BRASIL E GRUPO
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HERMETO PASCHOAL E GRUPO PATRICK MORAl (Tecladista) CHICKCOREA
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MARCIO MONTARROYOS E GRUPO BANDA DE PREVODO RECIFEDE JOSÉ MENEZES JOHN McLAUGHLlN E GRUPO
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Programação Geral PRAÇA DA SÉ: DIA
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Inauguração popular do Festival -
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AUDITÓRIO "J" DO PALÁCIO DAS CONVENÇOES DO ANHEMBí (150 lugares) CONFERENCISTAS AMERICANOS: (CI DIA DIA DIA
12 16 17
DE 12 a 18 de setembro às 19,00 hs.
FILMES E DISCOS)
Leonard Feather: Gigantes do Jazz Felix Grant: 100 anos de Música Americana Leonard Feather: Duke Ellington, o homem e a obra
CONFERENCISTAS BRASILEIROS: GIUSEPPESUPPA, LUIZ CARLOS ANTUNES, JOSÉ DOMINGOS RAFAELlI, MAURICIO QUADRIO
AUDITÓRIO "E" DO PALÁCIO DAS CONVENÇOES DOANHEMBí (150 lugares) (FILMES)
DE 12 à 18 de setembro às 16, 18, 20 e 22,00 hs.
Programações em 4 sessões diárias incluindo entre outros: ON THE ROAD WITH DUKE ELLlNGTON, WOODY HERMAN AND THE SWINGIN HEARD, NEWPORT JAZZ FESTIVAL1958, THE MODERN JAZZ QUARTET,DUKE AT MONTERREY, JAZZ FESTIVALOF MONTERREY,EARL HINES, TEDDYWILSON, ELLlS LARKlNS, e outros.
AUDITÓRIO "G" DO PALÁCIO DAS CONVENÇOES DO ANHEMBí (370 lugares): (MÚSICA AO VIVO E JAM SESSIONS)
GRUPOS PROGRAMADOS: ORIGINAL JAZZ BAND, SEPTETOAURINOCIPO, PAVILHÃO A, GRUPO HUMAHUACA, e outros, além de músicos americanos.
De 12 a 18 de setembro às 18,oohs.
eve este estiva ara casa.
Você não pode deixar de possuir essa coleção rara do período clássico do jazz. Você vai curtir SATCHMO (1926/1928) DJANGO (1928/1940), FATS (1938), ORIGINAL DIXIELAND JAZZ-BAND (1919), JAZZ IN THE THIRTIES (1933/1935), e RAGTIME (1899/1916). Um lançamento de 16 discos que é uma verdadeira obra prima da EMI-ODEON.
1978, São PauloéaCapitalMundialdo Jazz, alizando em nossa cidade um Festival de música .de
Anhembi,
em São P;tulo, tenra oportunidade -de entrar em contato
s, QS em praçapüblica
e através da telêvisão, () público em geral também
MAX.FEFFER Secretárlo ..da C-ultura, Ciência e Tecnología
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~aW~ÁIem fe~tivalde Jazz()an() intei.-()
Tubo:SOLO.-A highl)' Importanl RECOROING bv lor luda~'\ U:AOING GUITARISTS of contemporary music LARRY CORYELL (I'romlhcUnllcd StatcsOfAmcrica) and PlIllIP CATlIERINE tfrom lhe Bclgmrn Kmgdomj. Thc rccorumg .••• ·a~ msoircd by lhe SPLENDlD PERFORMANCE 01 thc two Arllsb dunn&lhc •• HERLlNER JAZZTAGE 1976 •• aml rccordcd a Icw da~'s afief ai London Olympic StudloS .I)ERI'ECT
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Dois meses
depois da realização,
do 129 Festival
Internacional
em Montreux,
de Jazz,
Paulo uma segunda
série desse famoso
A responsabilidade
dessa realização
entidades, do Estado
a Secretaria
de Cultura,
de são Paulo e a Fundação
brasileira Ciência
A Secretaria
patrocina
para a escolha promover
os espetáculos,
programações atividades
leiras,
e Tecnologia
A Fundação,
de os gravar
a música
a importância
sublinhá-Ia.
e transmitir
em as
colaboração
brasi-
que me dispenso
só me resta, nesta oportun!
dade, expressar a todos os participantes
agradecimentos
que dão a uma promoçao
tural desta Fundação.
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Antônio Diretor
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de
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e a cultura musical
deste Festival,
E, sendo assim,
pela inestimável
além
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paralelas é,para
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os critérios
de rádio e de tevê, ainda realiza
Tão evidente
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e lhe dá, pela presi
a par dos objetivos,
dos participantes.
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Padre Anchieta
de Rádio e TV Educativas.
dência de Max Feffer,
inicia-se
festival.
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a iniciativa
na Suíça,
Soares Amora Presidente
cul-
MONTREUXsU'SSE
INTERNAT)
/ SCHWEIZ/ SWITZERLAND
FESTIVAL
Montreux, setembro de 1978. Quando os primeiros contactos foram feitos entre São Paulo e Montreux, a imprensa na Suíça começou a falar de uma "Iove - story". O recorde de público esperado em 14 de julho, com a noite "Viva Brasil", foi confirmado. Nos doze anos da história do Festival de Jazz em Montreux, nunca foi tão intensa a comunicação entre os artistas e o público. Foi realmente uma noite mágica, uma noite inesquecível. Em outras noites e nas "jam - sessions" não previstas no programa, os artistas brasileiros tocaram com asescomo John McLaughlin e Billy Cobham, entre outros. Todos os artistas americanos e europeus programados para estar em São Paulo estão vibrando não apenas com a idéia de partilhar sua música com o público brasileiro, como também com a perspectiva de descobrir a vitalidade e a riqueza da música brasileira. A música não conhece fronteiras, nem barreiras de linguagem. Vamos todos curti - Ia! Claude Nobs Diretor do Festival de Montreux
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WERll" ~ o orgulho de ser brasileiro
S~tenta anostproduzlndo instrumentos para a grande maioriadas bandas da América Latina - com mais de 1 milhão. de instrumentos musicais vendidos a WERIL apresenta os SAXOFONES, TROMPETES, TROMBONES e CLARINETAS WERIL·Master. Desenvolvidos em conjunto com músicos brasileiros do mais elevado gabarito, os instrumentos WERIL-Master ocuparão lugar de destaque no panorama internacional, valorizando o músico e a tecnologia do Brasil.
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o que esperar
dofestival Se esse festival fôsse realizado na Argentina, você assistiria, possivelmente, os mesmos músicos americanos tocando como vão tocar, além de outros, argentinos, tocando temas de americanos ou até de argentinos. Mas a forma musical seria a do Jazz. Que eles, americanos, conhecem melhor que ninguém, convenhamos. O Brasil é o único país do mundo que pode realizar um festival de Jazz misturando Dizzy Gillespie com seu bop e Paulo Moura com seu afro-samba, ambos falando idiomas musicais (puramente) jazzísticos, e, ao mesmo tempo, um sendo americano e outro brasileiro. Essa, a força maior que ficará para a nossa música instrumental quando este programa fôr uma grata recordação. Esse, o motivo que fez o mesmo Dizzy sair entusiasmado em busca do que houvesse de negro brasileiro tocando, quando esteve no Teatro Santana em 1956 com sua exponencial orquestra de bop. ~ que os brasileiros, não se preocupam em tocar como os americanos. O seu ritmo e suas linhas melódicas tem essa invejável força criativa própria; que o Brasil, ainda não se deu conta devidamente. Isso faz desse Festival o evento que é. Para um negro do Harlem, que ouviu na sua infância o lamento e as vozes dos de sua raça, a música de palavras e barulhos que se transformaram na carga que acumulou para tocar Jazz inevitavelmente; para ele, é essa mesma música, que você terá ouvido no Festival de Jazz de São Paulo, tocada por brasileiros, que o atinge em ressonância. Que ele respeita e ouve. A admiração de um desconhecido negro do Harlem, é o prêmio menos importante, e, no entanto, o mais significativo para a música popular brasileira.
José Eduardo Homem de Mello (Zuza)
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Nós da Vasp acreditamos na tecnologia. E achamos que ela deve existir em função do homem, ajudando a simplificar sua vida, a encurtar distâncias e a tomar tudo o mais cômodo e agradável possível. Mas uma coisa deve ser fundamental em tudo isso:calor humano. E é justamente esta a filosofia da Vasp: oferecer o máximo em tecnologia, com uma grande dose de calor humano. Isso você vai encontrar em todas,
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as pessoas que trabalham com a gente. Desde a moça que opera o computador de reserva de passagens, até o comandante e os comissários de bordo que atendem você nos Super Boeing 737 ou nos Boeing Super 200 - os jatos mais modemos em vôo no Brasil. Por isso, quando você for viajar, procure o pessoal da Vasp. Você vai descobrir que tecnologia e calor humano podem muito bem conviver juntos.
VASP
Onde você voa com quem gosta.
'VASP
e Em 1958 aconteceram duas coisas da maior importância para a afirmação de alguns valores do povo brasileiro. A conquista da nossa primeira Copa do Mundo e o lançamento do LP Chega de Saudade de João Gilberto. Até então havia um grande paralelismo entre o reconhecimento dos méritos incontestes dos nossos futebolistas e dos nossos músicos, apenas para uso interno, em contraposição com a sua incapacidade de brilhar lá fora. Isso, não obstante alguns êxitos isolados. t o caso do time liderado por Leônidasque,em 1938, tirou o quarto lugar no Mundial realizado na França, Ou o sucesso estrondoso do grupo Os Oito Batutas, que excursionou durante dois anos pela Eurooa em 1922J23, liderado por Pixinguinha, um músico que se tivesse nascido em Nova Orleans, seguramente estaria inclu ído entre os clássicos do jazz. Embora a riqueza e o valor da nossa música popular fossem patentes, ela não conseguia se impor quando chegavam ao estrangeiro. O colorido ritmo do samba permanecia um gênero apenas exótico, quando interpretado por músicos de fora. Desvirtuado, 'transformava-se numa irremediável rumba, feita por cantores e ritmistas envergando um indefectfvel sombrero mexicano. Já no futebol. os torcedores sabiam Que, produzindo apenas setenta por cento do que estavam acostumados no Brasil, ninguém seguraria os jogadores da seleção. Mas na hora das disputas oficiais vinha o fenômeno conhecido como amarelão, e eles ficaram inibidos. Foi necessário que surgissem dois gênios, Pelé e João Gilberto, para que os nossos conjuntos, respectivamente futebolísticos e musicais, reafirmassem toda a sua categoria.
Não que o reconhecimento tenha sido imediato. Quem viveu aquela época profícua em termos musicais e esportivos, sabe que o aplauso irrestrito custou um pouquinho. O lugar-comum era dizer que João Gilberto cantava fora do tom, quando colocava, com infalível precisão, os saltos melódicos do Desafinado, de um maestro chamado Tom Jobim. Posso dizer que ouvi, na época do lançamento da Bossa Nova, um senhor que se dizia entendedor de música popular, comparar alhos com bagulhos, afirmando dogmaticamente ser "Juca Chaves melhor que João Gilberto." Nessa mesma época, às vésperas da Copa do Mundo de 1958, eu cometia a suprema gafe de comentar com um amigo. a respeito de dois crioulinhos que começavam no Santos, Dorval na ponta-direita e Pelé na então meia-esquerda, que via mais futuro no primeiro. Apesar desses deslizes, quem viveu os anos gloriosos da nossa música popular e do nosso futebol, teve o privilégio de assistir a uma rara exibição de talentos que se confundia com a própria afirmação de uma país jovem. E dessa vez o assunto não se circunscrevia às nossas fronteiras, como provaram as consagrações internacionais de Pelé e João Gilberto, entre outros. Hoje as coisas já não andam tão bem para o nosso futebol, nem para a nossa música. Basta ligar o rádio para que as discotecas travoltanas invadam o ambiente, sem deixar um espacinho sequer para a nossa música e os nossos músicos, sempre excelentes. Paradoxalmente, para ouvir o que é nosso, é preciso dar um pulinho a Nova York ou a Los Angeles, provido o montante necessário ao depósito compulsório.
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Em qualquer dessas cidades, num barzinho que tenha [azz, pode-se ouvir a execução de um número musical, brasileiro ou não, ao ritmo perfeito do nosso mais tradicional samba, adotado pelo jazz. Essa façanha só foi conseguida pelos percussionistas de lá, depois que eles passaram pelo ritmo-mobral da Bossa Nova, cujo beat foi mais fácil de assimilar, do que o do sarnbão que eles insistiam em transformar em rumba. Agora, o ritmo brasileiro no acompanhamento do jazz conquistou o mercado americano como bossa-jazz, depois que alguns dos nossos mais expressivos ritmistas se fixaram por lá. Por tudo isso, não foi por acaso que Max Feffer, Secretário da Cultura de São Paulo e Claude Nobs, coordenador-geral do Festival de Montreux, precisaram de apenas um encontro para acertar um festival, de igual importância, no Brasil. Como diz o Zuza, nosso companheiro da Comissão Organizadora, não daria para pensar na participação de igual para igual. de artistas de um determinado país, tocando sua própria música, com os maiores jazzistas do mundo. Isso não poderia ocorrer na Austrália, na Polônia ou na Suécia. Só no Brasil. Não foi por acaso, também, que todos os músicos estrangeiros convidados manifestaram grande interesse em vir ao Brasil, antes de tudo para ter contato com a nossa música e os nossos artistas. t claro que esse fato não eliminou os problemas logísticos gerados pelo fato de nos situarmos fora do eixo América do Norte-Europa, em que se concentram as grandes manifestações artísticas internacionais. A triangular rua Carlos Spera, São Paulo, Montreux, Suiça, Nova York, Los Angeles, EUA, foi trilhada sem cessar por aviões, telefonemas e infindáveis telex. t realmente difícil, para um artista estrangeiro, entender que os contratos devem chegar ao Brasil com no mínimo um mês de antecedência, para serem submetidos à tradução juramentada e às peregrinações pelos órgãos oficiais
A Banda do Zé Pretinho. Jorge Ben. N.o, 403.6148
que cuidam, com justo rigor, da saída de divisas do País. Por outro lado, o volume de compromissos assumidos pelos maiores músicos de jazz da atualidade é de tal monta que, fregüentemente, foram alterados os nomes de alguns dos participantes, numa sucessão de confirmações e desconfirmações, sucedidas por arranjos e rearranjos. Na verdade, os outros festivais internacionais, como o de Montreux, também sofrem desse problema, com uma sutil diferença. Os adeptos da música que se deslocam anualmente para aquela bela cidade sulca, vão assistir ao Festival de Montreux, ponto final. Não Ihes ocorre perguntar de antemão quem estará presente. Chegando à cidade, uma consulta ao programa não os decepcionará, é o que diz a tradição. No caso de São Paulo, não existia tradição e por isso foi preciso tentar obter a lista de participantes com antecedência, embora em Montreux, esse problema não exista. Agora, a partir do 1'? Festival Internacional de Jazz de São Paulo, a tradição começa a ser estabelecida. Os próprios laços afetivos, musicais e comerciais que ligarão os participantes brasileiros e estrangeiros, postos em contato durante o Festival, serão razões suficientes para que esse evento se repita ao longo dos anos. Isso sem falar na participação do público brasileiro que, com o seu entusiástico apoio, consagrou o Festival, ou o SBPC da música, como já o chamaram. Trata-se de um apoio essencial, pois para que um pa (s se destaque na música, além dos talentos, é preciso haver uma platéia sensível. Como o público que, no Palácio das Convenções do Parque Anhembi, na praça da Sé, em São Paulo, ou através da televisão e do rádio, prestigiou aquilo que foi concebido, conduzido e realizado, com todo o carinho, especialmente para ele mesmo. .•. Roberto Muylaert
SOMLIVRE
Mareio Montarroyos, Stone Allianee. N? 403.6138
Do ponto de vista de sua história, o J azz e o Samba apresentam uma significativa coincidência, significativa pela mútua influência que viriam a exercer. É que o primeiro disco oficialmente de jazz e o primeiro disco oficialmente de samba foram gravados e editados no mesmo ano, 1917. São eles "Darktown Strutters' BaTI", da Original Dixieland Jazz Band, e "Pelo Telefone", de Donga. Quanto a suas mútuas influências, o estudo de ambos os gêneros mostra características do "ragtime" nos "tanguinhos" ou chorinhos de Emesto Nazaré e, mais tarde, a presença do próprio jazz nos conjuntos
:Jaz: e Samba : Um encontro. G.t anos depois
O Original Dixieland Jazz Band, que gravou o primeiro disco de jazz oficialmente, por volta de janeiro de 1917
Os 8 Batutas sob a influência do Jazz
Duas das mais fortes e características manifestações musicais, em termos de raízes nacionais, e que, por isso mesmo, conseguiram grande repercussão internacional, o Jazz e o Samba têm uma série de aspectos comuns, seja do ponto de vista musical, seja do ponto de vista histórico. As duas músicas tiveram ancestrais comuns, mas não iguais. Ambas têm na sua origem influências africanas e européias, mas essas classificações demasiado genéricas escondem diferenças, cuja análise só se justifica em estudos profundos, mas que podem ser definidas, numa colocação inicial, pela variedade que as expressões música africana e música européia englobam. Não obstante, o J azz e o Samba, se não são músicas irmãs, são pelo menos primas.
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de Pixinguinha e outros sambistas. Posteriormente, a influência do jazz deu até samba (de Carlos Lyra). Em contrapartida, com a bossa nova, a música brasileira, ou melhor, os músicos brasileiros, entraram para valer nos Estados Unidos e no jazz, saltando depois para a Europa e outras partes do mundo. Hoje, a interpenetração entre jazz, samba e música pop é um fato corriqueiro, à medida em que o desenvolvimento da comunicação vai eliminando fronteiras, inclusive musicais. Agora, 61 anos depois o Jazz e o Samba encontram-se oficialmente, com a terra do Samba recepcionando o J azz, na expectativa de que, desse encontro, o Samba, mais pobre do ponto de vista da execução instrumental, saia revitalizado e com novas perspectivas de desenvolvimento ..•
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Na realidade, o jazz é mais do que isso. a manifestação artística mais característica do século Xx, no qual praticamente nasceu e cujas transformações acompanha passo a passo, refletindo suas inquietações e integrando cada vez mais as músicas de todo o mundo, através das influências que exerce e recebe, como a música erudita, de certa forma, fazia num âmbito mais restrito. Talvez, uma definição razoavelmente elucidativa do jazz seja a que o crítico alemão Joachim E. Berendt propõe, tentando sintetizar várias outras apresentadas com o passar do tempo: "J azz é uma forma de arte musical que se originou nos Estados Unidos como resultado do encontro do negro com a música européia. A instrumentação, melodia e harmonia do jazz derivam essencialmente da tradição musical ocidental. Ritmo, fraseado e sistema tonal, e os elementos das harmonias do "blues", derivam da música africana e da concepção musical do negro norteamericano. O jazz difere da música européia em três aspectos básicos: 1. uma relação especial a tempo, definida como "swing"; 2. uma espontaneidade e vitalidade
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Embora, em comparação com o jazz, o samba seja muito pouco estudado e, conseqüentemente conhecido na sua terra ele dispensa apresentações. O mesmo não acontece com o jazz, que, entretanto, é até hoje uma música difícil de definir, teoricamente. Como escreye o autor inglês Benny Green, em "The Larousse Encyclopedia of Music", "ao se discutir o jazz, surge uma dificuldade insuperável, que é o fato de que ninguém ainda o definiu para a satisfação de todos. Mas, embora, como a praia de Hegel, não seja terra nem mar, o jazz é uma entidade musical perfeitamente definida e, talvez, o mais intrigante fenômeno do século xx, com o qual os musicólogos têm tido que se defrontar".
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Louis Armstrong's
Hot five, 1926
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da produção musical em que a improvisação desempenha um certo papel; 3. uma sonoridade e maneira de frase ar que refletem a individualidade do músico em ação. Essas três características básicas criam um novo clima de tensão em que a ênfase não está mais em grandes arcos de tensão, como na música européia, mas num sem número de pequenos elementos geradores de tensão, em contínua sucessão de altos e baixos. Os diferentes estilos e níveis de desenvolvimento por que passou o jazz desde sua origem na passagem do século até hoje são amplamente caracterizados pelo, fato de que as três citadas características básicas assumem a cada situação um significado diferente e de que a relação entre elas está em constante transformação". Mas o melhor talvez seja dizer como Louis Armstrong e Fats Waller, quando lhes perguntaram o que é o jazz. O primeiro respondeu: "Homem, se você pergunta, nunca vai saber". E o segundo: "Jazz, não é o que você faz, mas a maneira como faz" .••.
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As pess()(JS d gosto fumam porque ele é ean fino, elegante, bonito, moderno. Mas o importante é que Chanceller tem gosto, , tem sabor, satisfaz, você sente quando fuma. Com Chanceller, você fica um pouco mais bonito e muito mais satisfeito.
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jazz é o resultado da combinação de uma série de elementos musicais e de fatores sociais e humanos. Dessa forma, ao longo do tempo, desde suas primeiras manifestações, ele vem se apresentando com características diversas que os estudiosos reunem, caracterizando estilos, uns mais outros menos marcantes, uns que se enquadram numa certa linha de evolução, outros que se desenvolvem paralelamente. Na realidade, exceto em certos casos, o enquadramento de uma criação jazzística num estilo é até impossível e, em última instância, irrelevante, mas a caracterização dos estilos, principalmente os mais típicos, ajuda a melhor compreender o jazz. Numa aproximação mais imediata, oito estilos ou tendências
podem ser
relacionados para definição de suas características: o "New Orleans", o "Dixieland", o "Swing", o "Be-Bop", o "Cool Jazz", o "Hard Bop", o "Free Jazz" e o "Jazz-Rock".
Nos fins dos anos 40, surgiu no jazz uma música aparentemente tranqüila e meditativa, em contraposição aos aspectos mais agitados do "Bop". Desenvolvido por jazzistas mais moderados, que preteriram os aspectos mais líricos e brandos do "Bop", o "Cool" dominou o panoramajazzístico no início dos anos 50. Tendo nos solos do saxofonista Lester Young, o seu precursor, quando nos anos 30 atuava na orquestra de Count Basie, o "Cool" tem como pioneiros o pistonista Miles Davis e o pianista John Lewís, que por volta de 1945 deram o primeiro toque de música "Cool", A estes dOISmúsicos soma-se os efeitos orquestrais criados pelo arranjador Tadd Dameron em 1947. Mais tarde, o pianista Lennie Tristano estabeleceu a partir de 51, as bases teóricas do "Cool", preocupando-se em demonstrar que não era uma música fria, intelectual e Destituído de emoção, conforme era rotulada. Dentre inúmeros jazzistas do período "Cool" destacam-se: Lee Konitz, Gerry Mulligan, Bob Brookmeyer, Dave Brubek, SheUy Manne, Shorty Rodgers, Jimmy Giuffre.
âi:teie\anâ ja22 Trata-se, na realidade, de uma denominação genérica do jazz executado por músicos brancos, iniciahnente inspirados pelo estilo "New Orleans" e depois com variações que se tornaram conhecidas como estilos "Chicago" e "Nova York". No primeiro caso, destacam-se as criações da "Original Dixieland Jazz Band" e dos "New Orleans Rhythm Kings", que seguiam os mesmos padrões do "New Orleans". O estilo "Chicago" é uma variante em que o trombone foi total ou parciahnente substituído pelo saxofone e que teve como seus principais expoentes um núcleo de músicos denominado "Austin High School gang", em que se destacavam Bud Freeman, Frank Teschmacher, Jack Teagarden, Muggsy Spanier, Pee Wee Russell, Eddie Condon, Gene Krupa, George Wettling e Dave Tough. Paralelamente, desenvolveu-se outra linha, cujos expoentes foram o lendário pistonista Bix Beiderbecke, o saxofonista Frank Trumbauer, os irmãos Jimmy e Tommy Dorsey, o guitarrista Eddie Lang e o violinista Joe Venuti. Uma terceira variante do estilo "Dixieland " desenvolveu-se em Nova York, com essa denominação, caracterizando-se por intérpretações mais estilizadas e sofisticadas. Entre seus principais expoentes, destacam-se o pistonista Red Nichols, o trombonista Miff Mole e também os já citados irmãos Dorsey, Eddie Lang e Joe Venuti.
É o estilo clássico do jazz. As criações realizadas no âmbito
desse estilo são caracterizadas pela improvisação coletiva, isto é, o pistão, o trombone e a clarineta improvisam simultaneamente sobre a linha melódica de um tema, apoiados pela seção rítmica, formada por piano, baixo, bateria e guitarra ou banjo. Esse estilo desenvolveu-se inicialmente na cidade de Nova Orleans, até o fechamento do bairro de Storyville, o centro da vida noturna da cidade, durante a 1~ Guerra Mundial. O centro do "New Orleans Jazz " deslocou-se então para Chicago, onde foram feitas suas mais representativas gravações, a partir de 1923. Os mais típicos exemplos do estilo, inclusive com algumas variantes, são as gravações da King Oliver Creole Jazz Band, dos Hot Five, Hot Seven e Savoy Ballroom Five de Louis Armstrong, da Jimmie Noone Apex Club Orchestra, da Kid Ory's Creole Jazz Band, dos quintetos e septetos co-liderados por Tommy Ladnier e Mezz Mezzrow e dos conjuntos de George Lewis e Bunk Johnson.
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Como reação às tendências mais intelectuais e classicistas do "Cool", surgiu nos fins dos anos 50 o "Hard Bop" ou "Funky". Foram principalmente aqueles músicos negros, que mais do que "Cool" tocavam um "Bop" evoluído, que partiram para uma retomada das raízes populares do jazz. Foram encontrar na música religiosa dos negros e nos Blues, as novas' fontes de inspiração. O Jazz ganha uma grande vitalidade, associada a uma técnica instrumental impecável. O grande líder do "Hard Bop", Art Blakey, por exemplo, pesquisou a polirritmía africana, enriquecendo o seu estilo e a sua maneira carregada de tocar a bateria. Um outro líder, o pianista Horace Silver, inspirou-se na música evangélica, tocando-a com uma feroz motivação, enquanto fundia os Blues com ritmos latino-americanos. De um modo geral, essa era a atitude de todos os músicos do "Hard Bop" entre os quais destacam-se: J ulian e Cannonball Adderley, Charles Mingus, Sonny Rollins e John Coltrane.
swing "Swing", palavra que significa "balanço", tem duas aplicações no jazz: por um lado, é a denominação da mais importante característica do jazz; por outro, denomina um estilo de jazz mais livre em termos de expressão solista e mais voltado para a dança. Essa divisão é caracterizada também em função do tamanho das formações, respectivamente os pequenos conjuntos C'combos") e as orquestras ("big bands"). Esse estilo predominou na década de 30 e teve como principais expoentes os maiores instrumentistas do período pré-moderno do jazz, como Roy Eldridge e Buck Clayton, Benny Goodman e Artie Shaw, Coleman Hawkins, Ben Webster, Chu Berry e Lester Young, Teddy Wilson, Fats Waller, Jess Stacy e Willie "The Líon" Smith, Benny Carter e Willie Smith, e os solistas das orquestras de Duke Ellington e Count Basie.
Na década de 60 o Jazz havia partido para direção diferentes. De um lado alguns jazzistas, então de relativa obscuridade aderem ao som eletrificado do rock, criando sons nunca antes ouvidos. Do outro os músicos de "vanguarda" com um Jazz livre, violando as tradicionais regras do ritmo e da harmonia. Alguns músicos de técnica excepcional retrocederam a formas anteriores, numa época de intensa competição entre os sons em voga. Muitos músicos de Jazz adotaram os instrumentos elétricos e acrescentaram o ritmo rock ao jazz. Dentro desse clima foi inevitável uma fusão entre o Jazz e o Rock. Miles Davis que acompanhou atentamente a música Rock, partiu mais uma vez para importantes experiências de Vanguarda no campo da música eletrificada, tornando-se um dos líderes do Jazz Rock, junto com Omette Coleman, Cecil Taylor, Keith Jarrett, McCoy Tyner, Herbie Hancock, Chick Corea, entre outros.
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As experiências no campo da atonalidade, desenvolvidas por Lennie Tristano, no início dos anos 50, e a versatilidade do contrabaixista Charles Mingus, combinando as raizes populares do jazz com os ritmos e harmonias mais avançadas, culmina no saxofonista Ornette Coleman e no início do "Free-Jazz". Numa busca incessante de um som verdadeiramente novo, Ornette declarou certa vez: "Eu toco a simples emoção". Atonal, sem medida métrica, sem qualquer tempo, com total liberdade, propunha-se a improvisar, e nada foi mais polêmico no Jazz depois do "Bóp" do que Coleman. A essas características soma-se: incorporação das mais diversas culturas e a introdução do ruído, passando a fazer parte do "som musical". Liberdade de criação, o "Free Jazz" não se atem a temas e nem harmonias, pré-determinados, havendo na maioria das vezes uma simples sugestão de um dos músicos. Partem para um espécie de improvisação coletiva que bem caracteriza a procura da "voz do Jazz", lembrando as improvisações coletivas da época do "New Orleans", Alguns dos principais expoentes do Free Jazz, são: Don Cherry, Charlie Haden, Bil1y Higgins, J ohn Lewis, Willian, George Russell, John Coltrane, Chick Corea, Herbie Hancock, Wayne Shorter, McCoy Tyner, Joe Handerson, entre outros.
o melhor
conjunto do 1º Festival
mas toca na sua
be-bep o "Be-Bop" foi o estilo que revolucionou o jazz, que havia entrado num período de excessiva comercialização com as "big bands" do período "swing". O movimento começou a partir de certas inovações que se deveram principalmente a músicos naturais ou radicados em Kansas City, como o baterista Jo Jones, o pistonista "Hot Lips" Page, o sax tenor Lester Young e um jovem músico, Charlie Parker, e a outros jovens que tocavam nas orquestras de Earl Hines, Billv Eckstine, Cab Calloway e Harlam Leonard. Os "revolucionários" reuniam-se para "jarn sessions" na Minton's Playhouse, em Nova York,'onde surgiram novas concepções, que mudaram radicalmente a face do jazz. Dizzy Gillespie, Charlie Christian, Thelonious Monk e Kenny Clarke, e depois Bud Powell e Charlie Parker, estabeleceram novos padrões para o jazz, com uma mudança de precedência da melodia para a harmonia e uma sensível alteração na função da seção rítmica, libertando principalmente a bateria da função quase exclusiva da marcação rítmica e abrindo novas perspectivas para o desenvolvimento dos solos com base na estrutura harmônica das músicas. Esse desenvolvimento, a par da mudança intrínseca que acarretou, alterou também Q contexto em que o jazz passou a existir, uma vez que de música mais ou menos dançável, ou para dançar, o jazz tornou-se essencialmente música para se ouvir, mais complexa e com maior campo para a criação individual.
Internacional de Jazz não toca música, sensibilidade.
• aproxIma as pessoas.
As empresas que . formam a General Motors do Brasil' fazem produtos diferentes mas todas graticam a mesma filosofia: Respeito ao Homem e Ă Natureza. iifi General Motors do Brasil Chevrolet - Terex - Detroit Diesel Allison - Prigidaire - Delco - Pinanciadora GM - Distribuidora GM.
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Qualquer relação dos maiores criadores de jazz, por mais extensa que seja, não pode deixar de cometer injustiças. Mas há quatro músicos que jamais poderiam ser esquecidos e cuja importância é reconhecida unanimemente:
Louis Armstrong,
Coleman Hawkins, Duke Ellington e Charlie Parker.
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"G'Mndes" elo ;luz
"Se não fosse por ele não teria havido nenhum de nós". (Dizzy Gillespie, na comemoração do 709 aniversário de Louis Armstrong, no Festíval de Jazz de Newport, em 1970). "Louis passou por todos os tipos de estilos. Você sabe que não pode tocar nada num pistão que Louis não tenhá tocado': (Miles Davis). "Nunca houve um músico de jazz tão ampla, profunda e permanentemente influente como Louís". (Nat Hentoff, crítico e autor). . Esses três depoimentos, dois deles dos mais conceituados "jazzrnen" modernos e que, sendo também pistonistas, poderiam ser considerados "rivais" de Louis, dão uma idéia da importância sem paralelo que Louís Daniel Armstrong tem como músico de jazz. Predestinado até pelo nascimento - o dia da independência de seus país e o primeiro ano do século - 4 de julho de 1900 - Louis "Satchmo" Armstrong foi o primeiro e o maior virtuose do jazz, uma figura cativante e extrovertida, de fácil e total comunicabilidade, que tomou o jazz conhecido em todo o mundo e que foi, por isso, seu mais popular intérprete, transcendendo o próprio círculo, até alguns anos relativamente fechado, dos apreciadores do jazz, até sua tranquila morte, em pleno sono, dois dias após o seu 719 aniversário.
Na:o tão famoso como Louis Annstrong, em particular fora dos ambientes jazzísticos, Coleman Hawkins faz jus à sua posição entre os quatro maiores nomes do jazz não tanto pelo extraordinário instrumentista que foi, mas por ter sido o "pai do saxofone" no jazz, além de ter dado uma nova dimensão ao solo no jazz, abrindo novas perspectivas musicais para milhares de instrumentistas que depois surgiram e continuam surgindo no panorama jazzístico e da música moderna. Coleman Hawkins nasceu em St. Joseph, Missouri, em 21 de novembro de 1904 (ou 1901), e , depois de uma carreira quase sem paralelo de cerca de 50 anos de atividades, morreu praticamente abandonado e pobre, numa das grandes contradições de um mundo como o de hoje. Desde o início de sua vida como' músico aos 15 anos, Coleman Hawkins sempre esteve ao lado ou à frente dos maiores músicos de jazz, inovando incessantemente e a companhando todas as mais recentes criações. Embora, às vezes, incompreendido até por músicos de jazz, mais afoitos ou menos profundos, Coleman Hawkins foi sempre um dos mais respeitados "jazzmen" de qualquer época, como o atestam suas gravações com músicos modernos como Max Roach, Sonny Rollins, Thelonious Monk, Bud Powell, Milt Jackson e J. J. Johnson, para só citar alguns dos mais conhecidos. Significativo e mais do que conclusivo é um recente depoimento, até indignado, de um dos maiores expoentes do contrabaixo no jazz contemporâneo, Gary Peacock, que disse: "Às vezes, algumas pessoas dizem de Coleman Hawkins: 'Não há liberdade em sua execução, ele continua dependente dos acordes ...' Ele não é dependente de nada! Escutem então a música e não as mudanças de acordes' Escutem sua música e entenderão como ele é livre...'
"Eu acho que todos os músicos de jazz deveriam reunir-se um dia e ajoelhar-se para agradecer a Dulce". (Miles Davis, interrogado sobre critérios do jazz). Esse outro depoimento do principal expoente do "cool" jazz e hoje a principal figura do "jazz-rock", é apenas um dos incontáveis pronunciamentos que têm situado Edward Kennedy "Dulce" Ellington como o mais completo e universal de todos os "jazzmen". Nascido em Washington, D. C., em 29 de abril de 1899, o "Maestro" teve uma trajetória sem par até, muito provavelmente, em toda a música do século 20. Pianista, arranjador, maior "band leader" do jazz e compositor que se equiparou aos maiores da música popular de todo o mundo e realizou incursões pela chamada "música séria", legou à posteridade a mais impressionante obra gravada do jazz, à qual não cessam de ser acrescentadas novas descobertas de apresentações "ao vivo", e que se constitui num inesgotável manancial de inspiração para os intérpretes do jazz e da música moderna. Mas mais do que um gênio musical, Dulce Ellington foi uma das mais ricas e cativantes personalidades artísticas do século, um homem cuja vida dedicada à música até o último momento de lucidez em sua cama no hospital é um exemplo único e cujas idéias devem servir de inspiração para todos aqueles que vêem na arte a suprema realização da expressão individual. E ninguém melhor do que Dulce Ellington para exprimir sua filosofia sobre individualidade e universalidade na expressão artística: "Outra noite ouvi um sujeito no rádio, falando sobre jazz 'moderno'. Ele tocou um disco para ilustrar sua colocação, e naquela música havia artifícios que eu ouvi sendo usados por músicos na década de 20. Estas grandes palavras como "moderno" não significam nada. Todo mundo que tinha alguma coisa a dizer nesta música - já bem no seu início - foi um individualista. Quero dizer, músicos como Sidney Bechet, Louis .Armstrong, Coleman Hawkins ..Então, o que aconteceu é que centenas de outros músicos começaram a ser moldados a partir de um determinado homem. Eles seguiam seu estilo e surgiu o que as pessoas chamam de categoria. Mas eu não ouço em termos do que se denomina jazz 'moderno'. Eu ouço aqueles individualistas. Como Charlie Parker era".
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Se o jazz em quase metade de sua existência produziu três dos seus quatro "gênios" indiscutíveis, o período moderno tem uma única figura sobre cuja precedéncia existe uma unanimidade absoluta: Charles Christopher Parker, "The Bird", E a importância de "Bird" é tanto maior, na medida em que sua influência, direta ou indireta, se exerceu sobre todos os músicos do chamado moderno, ou seja, a partir da década de 40. Isso, aliás, foi definido de maneira perfeita pelo, simultaneamente, discípulo de Louis Armstrong como pistonista, músico ellingtoniano e inovador que foi parceiro de Thelonious Monk na mais famosa composição do jazz do após-guerra C"Round About Midnight"), Cootie Williams, que afirmou: "Louis Armstrong mudou todos os executantes de instrumentos de metal, mas, depois de "Bird", todos os instrumentos tiveram que mudar - bateria, piano, baixo, trombone, pistão, saxofones, tudo". Charlie Parker nasceu em Kansas City, em 29 de agosto de 1920, e, lamentavelmente para o jazz e a música, morreu com apenas 35 anos, em 12 de março de 1935. Criador nato e espontâneo, "Bird" não foi um virtuose do seu instrumento, o sax alto, até porque jamais teve um instrumento perfeito. Mas cada solo, cada composição, cada participação sua numa "jarn session", num concerto ou numa gravação, abria uma nova perspectiva para o jazz e suas criações são fonte inesgotável de inspiração e idéias para qualquer músico até hoje.
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Testeseus conhecimentos sobre Jazz Onde nasceu o Jazz, quais seus elementos essenciais, quem é e quem não é músico de Jazz? Você seria capaz de responder. Este teste vai lhe dar uma medida, ainda que superficial, do que você sabe, ou não sabe sobre o Jazz. As respostas estão na página. 53 (Atenção: em cada questão, apenas uma das quatro opções de resposta está correta.) 1 - O Jazz nasceu nos Estados Unidos e a cidade conhecida como seu berço é: a - Chicago b - NeÍN York c - San Francisco d - New Orleans 2 - Qual dos quatro artistas abaixo é um famoso "band-Ieader" a - Ray Conniff b - Woody Herman c - Paul Whiteman d - Henri Mancini
de jazz ?
3 - Um a b c d -
dos mais destacados músicos do jazz moderno, que esteve quatro vezes tocando em São Paulo é: Ravi Shankar Charlie Bird James Brown Dizzy Gillespie
4 - Um ab cd -
dos quatro músicos abaixo é um grande "band-Ieader" Harry James Count Basie Ray Anthony Les Elgart
e pianista de jazz. Qual deles?
5 - Há cerca de três anos esteve em cartaz, com certo destaque, um filme sobre uma das maiores cantoras de jazz. Qual destas quatro é ela? a - Billie Holiday b - Roberta Flack c - Barbra Streisand d - Liza Minelli 6 - Qual dos quatro elementos abaixo é particularmente a - Ritmo b - Harmonia c - Improvisação d - Arranjo 7 -
característico
do jazz ?
Figura lendária, famoso no mundo inteiro, um dos quatro músicos abaixo tornou-se conhecido como "o rei do jazz". Qual é ele? a - Benny Goodman b - Paul Whiteman c - Louis Armstrong d - Glenn Miller
8 - Um dos quatro músicos abaixo é um famoso saxofonista tenor de jazz, que se destacou como intérprete vulgador da bossa nova . .: ele: a - Miles Davis b - Gato Barbieri c - Bob Fleming d - Stan Getz
e di-
9 - Um famoso músico de jazz, Art Blakey, esteve há quase um ano tocando no Teatro Municipal de São Paulo. Eleé: a - pianista b - pistonista c - baterista d - saxofonista 10 - Um ab cd -
casal de brasileiros que muito se destaca no cenário jazzístico dos Estados Unidos é: João e Astrud Gilberto Airto e Flora Purim Booker e Eliana Pittman Sergio Mendes e Gracinha Leporace
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~---~ o mais famoso
dos criadores do jazz moderno ainda vivo, o pistonista, compositor e "band leader" John Birks "Dizzy " Gillespie é também 1.lJll dos músicos de jazz mais conhecidos no Brasil, onde já se apresentou quatro vezes a partir de 1956. Nascido em Cheraw, Carolina do Sul, em 1917, Dizzy Gillespie formou-se como músico e como líder atuando nas orquestras de Teddy Hill, Cab Calloway e Earl Hines e, no início da década de 40 participou, ao lado de Charlie Parker, Charlie Christian, Thelonious Monk e Kenny Clarke, do grupo que criou o "be-bop" e revolucionou o jazz. Um dos mais criativos e atuantes "jazzrnen " modernos, Dizzy Gillespie continua a desenvolver o trabalho que mudou os rumos do jazz formando novos músicos, tocando e gravando com praticamente todos os músicos importantes do após-guerra e muitos dos períodos anteriores ao "bop" e compondo temas ~ue se tornaram clássicos do iazz, como "Salt Peanuts' • "Groovin' High", "A Night in Tunisia", "Woody'n You" e "Con Alma". Mas, acima de tudo, Dizzy Gillespie destaca-se hoje como extraordinário pistonista, com uma técnica insuperável, um fraseado rico e uma criatividade que o situam na primeira linha dos maiores músicos do jazz em todos os tempos.
~---~ Um dos mais destacados instrumentistas brasileiros nos últimos 25 anos, o sax alto e soprano, clarinetista, arranjador e compositor Paulo Moura nasceu em São José do Rio Preto (SP), em 1932. Filho de músico e com três irmãos também instrumentistas, Paulo Moura começou a aprender piano aos 9 anos e aos 13 já tocava em bailes e festas no conjunto de seu pai. Mudou-se para o Rio quando estava no curso secundário e iniciou-se como músico profissional em gafieiras dos subúrbios cariocas. Em 1951, entrou para a orquestra de Osvaldo Borba, atuando depois com o maestro Zacarias e Dalva de Oliveira. Estudou teoria musical, contraponto e harmonia, formou-se em clarineta na Escola Nacional de Música e, em 1953, foi ao México, com a orquestra de Ari Barroso. A partir daí, Paulo Moura atuou com os principais músicos brasileiros, como instrumentista e arranjador, inclusive na Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Tocou e gravou como "sideman" e à frente de suas próprias formações, esteve na V.R.S.S., E.V.A., Grécia e Argentina e hoje é um dos mais conceituados músicos e professores do Brasil.
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o guitarrista
Philip Catherine, um dos continuadores da tradição criada nesse instrumento pelo genial Django Reinhardt, nasceu em Londres, em 1942, filho de pai belga e mae inglesa. Inspirando-se em dois antecessores de nacionalidade belga, o já citado guitarrista cigano Django Reinhardt e René Thomas, Philip Catherine iniciou sua carreira jazzística aos 17 anos, tocando com o organista Lou Bennett. Na década de 60, atuou com o vibrafonista francês Fats Sadi e na rádio belga. Nos anos 70, ele se voltou para o "jazz-rock " e atuou com o violinista Jean-Luc Ponty durante um ano e meio, em 1970/72. Estudou depois um ano no Berklee College of Music, em Boston, e, em 1973, formou um grupo denominado Pork Pie, com o sax alto Charlie Mariano. Ultimamente, Philip Catherine tem atuado em duo com o guitarrista Larry Coryel, com quem gravou um LP recém-editado no Brasil. Entre seus discos, destacam-se também um com o gaitista Toots Thielemans e outro com o sax alto Herb Geller.
~---~ Um dos maiores e mais perfeitos contrabaixistas do jazz, que se tornou conhecido durante sua associação com o pianista Oscar Peterson, com quem tocou por quase 15 anos, Raymond Matthews Brown nasceu em Pittsburgh, Pennsylvania, em 1926. Estudou primeiro piano e depois contrabaixo e iniciou sua carreira profissional em 1944. Em 1947, casou-se com a cantora EUa Fitzgerald e formou um trio para acompanhá-Ia. Em 1948, foi contratado por Norman Granz para o "Jazz at the Phílharrnonic" (e do trio de Oscar Peterson). A partir de 1966, Ray Brown tornou-se particularmente ativo em Los Angeles, produzindo concertos de jazz, escrevendo livros de música e gravando com centenas de músicos de jazz, como "free lancer". Em 1974, Ray Brown formou o L.A. Four, quarteto que incluia o guitarrista brasileiro Laurindo de Almeida, o sax alto Bud Shank e o baterista Shelly Manne.
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~---~ A cantora Etta James iniciou sua carreira no coro da Igreja Batista de São Paulo, em Los Angeles. Quando integrava um trio feminino, "The Peaches", foi descoberta pelo cantor Johnny Otis. Durante os anos 50, ela conseguiu seu primeiro grande sucesso em disco, "Dance with me Henry", ao qual se seguiram muitos outros. Mais tarde, ela excursionou com Van Morrison e participou dos Festivais de Monterey, nos Estados Unidos, e de Montreux, na Suíça, onde desde 1975 se tornou lendária. Etta James, que embora seja conhecida mais como cantora de "rhythm and blues" é uma expressiva intérprete tanto de música "gospel" (evangélica) quanto de rock.
~---~ Um dos mais populares e destacados guitarristas do jazz moderno e do "jazz-rock", Larry Coryell nasceu em Galvestone, Texas, em 1943. Sua família mudou-se para o Estado de Washington e aos 15 anos ele já tocava em conjuntos de rock. Em 1965, Larry CoryeU apresentou-se em Nova York, onde tocou com Chico Hamilton, os Free Spirits, Gary Burton e Herbie Mann. Quatro anos mais tarde, formou seu conjunto, Foreplay, com o saxofonista Steve Marcus, e, em 1973, o grupo Eleventh House, cujos discos tiveram tremendo sucesso. Mais tarde, Larry Coryell passou a tocar cada vez mais como solista de guitarra e em duo, particularmente com o guitarrista inglês Philip Catherine. Larry Coryell participa também do disco "Spaces", com Chick Corea, John McLaughlin, Miroslav Vitous e Billy Cobham.
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~---~ Percussionista brasileiro, atuabnente radicado nos Estados Unidos, Paulinho da Costa nasceu no Rio de Janeiro, em 1948. Começou a tocar percussão aos 7 anos e mais tarde tocou em escolas de samba, ganhando prêmios como passista e músico. Viajou com conjuntos brasileiros para todas as partes do mundo, inclusive U.R.S.S., Irã, Líbano, Israel, Japão, China, países da Europa Ocidental, América do Sul e Central, Bulgária, Hungria, Iugoslávia, Filipinas e outros. No Brasil, antes de radicar-se nos Estados Unidos, Paulinho da Costa tocou com Jorge Ben, Alcione, Martinho da Vila, Osmar Milito, EIza Soares e outros cantores e instrumentistas. Em 1973, foi para os Estados Unidos para tocar no conjunto de Sérgio Mendes, com quem permaneceu por três anos. Nessa época e posteriormente, tocou também e gravoú com músicos de jazz e populares, entre os quais Dizzy Gillespie, Milt Jackson, Chuck Mangione, e Lucho Gatica.
Único músico brasileiro que sempre se dedicou exclusivamente ao jazz, o sax alto e soprano Victor Assis Brasil nasceu no Rio de Janeiro, em 1945. Victor, que é também inspirado compositor, arranjador e pianista, começou sua vida musical tocando gaita, chegando, ainda menino, a atuar com esse instrumento num concerto na ABI, no Rio. Mais tarde ganhou um saxofone e em 1965 já era um músico de jazz amadurecido, a ponto de impressionar o crítico alemão Joachim Berendt, que assim definiu seu estilo: "Frases de Jackie McLean e sonoridade de Phil Woods". Em 1966, Victor Assis Brasil participou do 19 Concurso Internacional de Jazz, em Viena, classificando-se em 39 lugar na categoria "saxofones", competindo com renomados músicos norte-americanos e europeus. Em 1968, foi o melhor solista num concurso internacional de jazz em Berlim e, no ano seguinte, ganhou uma bolsa de estudos no Berklee College of Music, em Boston. De volta ao Brasil, formou seu próprio 'coniunto, com o qual se apresenta regularmente no Rio e excursiona pelo Brasil. Victor Assis Brasil já gravou cinco LPs de jazz, fato inédito no que se refere a músico de jazz radicado em nosso país.
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~---~ Um dos mais brilhantes pianistas de jazz na atualidade, como o prova sua notável performance no Festival de Jazz de Montreux de 1977, felizmente preservada em gravação, Raphael Ray Bryant, pianista e compositor, nasceu em Filadélfia, em 1931. Estudou primeiro contrabaixo e estreou como músico profissional aos 15 anos e, em mais de 30 anos de carreira, tem atuado com um sem número de grandes "jazzrnen", entre os quais Tiny Grimes, Charlie Parker, Dizzy Gillespie, Miles Davís, Jo Jones, Carmen McRae, Charlie Shavers, Sonny Rollins, Curtis Fuller, Art Blakey, Max Roach, Coleman Hawkins, Lee Morgan, Arnett Coob, Benny Golson e Hal Singer, além de ter liderado suas próprias formações e se destacado como compositor. Uma análise mesmo superficial dos músicos com os quais Ray Bryant tocou e gravou evidencia que se trata de um pianista de elevada qualidade musical e jazzística e grande versatilidade, que lhe permitem atuar à vontade em qualquer estilo de jazz,
~---~ o mais popular sax tenor dos últimos 30 anos, Stan Getz é também um dos mais conhecidos músicos de jazz no Brasil, particularmente por suas gravações de bossa nova, com João e Astrud Gilberto, Luís Bonfá e Miucha. Stan Getz, que vem pela terceira vez ao Brasil, nasceu na Filadélfia, em 1927, e iniciou sua carreira em 1942, tocando, a partir de 1944, com Stan Kenton, Jimmy Dorsey, Benny Goodman e Woody Herman, com quem integrou os famosos ~'Four Brothers", com os saxofonistas Zoot Sims, Herb~e Steward e Serge Chaloff, e gravou o clássico "Early Autumn", que o consagrou definitivamente. Discípulo de Lester Young, cuja sonoridade "cool" adotou e divulgou, tornando-a muito popular, Stan Getz foi a partir do início da década de 60 o principal divulgador da bossa nova, a par de sua destacada atuação como "jazzrnen", em geral como líder, tocando com os maiores músicos do jazz moderno e gravando dezenas de discos, vários dos quais foram editados no Brasil.
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Um dos mais populares cantores-compositores do Brasil na década de 70, principalmente entre o público jovem e estudantil, o compositor, cantor, violonista e pianista Milton Nascimento nasceu no Rio de Janeiro, em 1942, mas ainda criança foi levado por seus pais adotivos para Três Pontas (MG), onde fez seus estudos primários e secundários. Aos 15 anos, ganhou um violão e organizou o conjunto vocal Luar de Prata, do qual participava Wagner Tiso, com cuja mãe começou a estudar piano. Atuou como cantor em festas, shows e rádio e em 1963 foi para Belo Horizonte, onde conheceu seus futuros parceiros, Fernando Brandt, Mareio e Lô Borges, com os quais escreveu seus maiores sucessos, que mudaram o rumo da música popular brasileira moderna e entre os quais se destacam "Travessia", "Cravo e Canela", "Fé Cega", "Faca Amolada", "Milagre dos Peixes", "Nada Será Como Antes" e dezenas de outras. A partir de 1968, Milton Nascimento tem sido um dos maiores destaques da nossa música popular, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos e na Europa, como compositor, cantor e instrumentista, atuando e gravando com os principais artistas brasileiros e com destacados músicos estrangeiros, principalmente do jazz, como Wayne Shorter, Airto Moreira e Herbie Hancock.
~---~ Um dos principais instrumentistas brasileiros da nova geração, o pistonista Márcio Montarroyos nasceu no Rio de Janeiro, filho, neto e bisneto de pianistas. Aos 5 anos, já estudava piano com a mãe e a avô, mas foi só quando começou a ter contato com músicos que frequentavam o principal centro de música popular moderna no Rio, o Beco das Garrafas, no início da década de 60, que Márcio Montarroyos ganhou seu primeiro pistão. Formou depois seu primeiro conjunto, o Fórmula Sete e logo começava a participar de gravações de famosos artistas como Gal Costa, Maria Bethania, Maysa e Edu Lobo. Em 1970, ele começou a tocar no "Nurnber One", principal casa de música do Rio, onde teve oportunidade de atuar com grandes cartazes internacionais, como Santana, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Steve Wonder e Lalo Schifrin. Estudou depois no Berklee College of Music, em Boston, e ao regressar ao Brasil prosseguiu na trajetória de músico que culminou com suas atuações como líder e com músicos como Hermeto Paschoal e o conjunto norte-americano "Stone Alliance", com o qual gravou seu primeiro disco de jazz.
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~---~ Possuidor de uma das sonoridades mais características do jazz, o pistonista Clark Terry, que também toca "flugel hom" e é destacado "band leader", nasceu em St. Louis, Missouri, em 1921. Tocou principalmente nas orquestras de Charlie Barnet, Count Basie e Duke Ellington, com quem permaneceu de 1951 a 1959. Atuou depois com Quincy Jones, J.J. Johnson, Oscar Peterson e EUa Fitzgerald, assim como em numerosas formações de estúdio e da televisão, inclusive como líder, tendo formado nos últimos anos uma orquestra que obteve grande sucesso, inclusive em excursão à Europa. Brilhante e versátil pistonista, que se sente à vontade em qualquer estilo, suas execuções caracterizam-se também pelo humor, que marca igualmente suas relativamente raras interpretações como cantor, como em sua célebre gravação "Mumbles" com o trio de Oscar Peterson.
~---~ O guitarrista Taj Mahal é um intérprete de "blues" conhecido por suas famosas versões de canções clássicas como "Divin' Duck Blues", "Stealin'" e "Statesboro Blues", embora particularmente a partir de 1972 tenha se voltado mais para a música norte-americana negra tradicional. Filho de um pianista e arranjador de jazz e de uma professora e cantora de música "gospel" (evangélica), Taj Mahal, que nasceu em Nova York, em 1942, é um músico autodidata, que aprendeu a tocar piano', guitarra, contra baixo, harmônica, vibrafone e outros instrumentos de cordas e percussão. Mais tarde estudou na Universidade de Massachusetts e aprofundou seus conhecimentos do folclore norte-americano, que interpreta com uma voz que se equipara à dos grandes criadores da tradição de que é um continuador, à qual acrescenta características da música das Antilhas, em particular o calipso e o "reggae", que ele assimilou na comunidade jamaicana de Nova York, onde nasceu e cresceu.
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~---~ Músico extrovertido e virtuosístico, o sax tenor Eddie "Lockjaw" Davis é um seguidor da tradição, nesse sentido, do sax tenor lllinois Jacquet, de quem foi sucessor no "Jazz at the Philharmonic". Nascido em Nova York, em 1922, Eddie "Lockjaw" Davis é um músico autodidata que, aos 21 anos, já atuava com grandes nomes do jazz, como Benny Carter, Cootie Wil1iams, Lucky MiIlinder, Louis Armstrong, Sidney Catlett, Andy Kirk, Gera1d Wilson e Count Basie, em cuja orquestra foi destacado solista. Nos últimos anos, Eddie "Lockjaw" Davís tem atuado com o grupo formado pelo produtor Norman Granz, com o qual tem participado, ao lado de grandes "jazzmen", como Ella Fitzgera1d, Count Basie, C1ark Terry, Roy E1dridge, Zoot Sims, Ray Bryant, Tommy Flanagan, Louie Bellson, Ray Brown e Milt Jackson, de festivais de jazz e de "tournées" por todo o mundo.
Maior vibrafonista do jazz moderno, Milt Jackson nasceu em Detroit, em 1923. Notado por Dizzy GiIlespie, em 1945, foi levado por ele a Nova York, onde participou ativamente do movimento do "be-bop" e, depois, do "cool" e do "hard bop", Milt Jackson, que também toca piano e guitarra e eventualmente canta, é inspirado compositor de verdadeiros clássicos do jazz, como "Bag' Groove" ("Bags" é seu apelido). Mas foi como integrante do Modern Jazz Quartet em seus 20 anos de existência (além de três como quarteto de Milt Jackson, de 1951 a 1954), que ele se tornou famoso internacionalmente. Nesse período, entretanto, Milt Jackson tocou e gravou, como líder ou "sídeman", ao lado dos principais expoentes do jazz moderno, entre os quais Dizzy GiIlespie, Charlie Parker, Miles Davis, Thelonious Monk, Bud Powell, J. J. Johnson, Co1eman Hawkins, John Co1trane, Ray Brown, Wes Montgomery, Cannonball Adderley, Horace Silver, Lucky Thompson. Frank Wess, Ron Carter, Freddie Hubbard, Herbie Hancock e Art Blakey. Milt Jackson apresentou-se duas vezes no Brasil com o Modern Jazz Quartet, em 1961 e cerca de 10 anos depois.
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~---~ Um dos mais populares músicos do jazz, não apenas entre os apreciadores desse gênero musical, mas entre os fãs da música pop, Chick Corea é um dos raros músicos que conseguiu impor-se, efetivamente, como "jazzrnan" e tornar-se um verdadeiro "best seller" da música popular e-comercial. Armando Anthony "Chick" Corea nasceu em Chelsea, Massachusetts, em 1941. Pianista, compositor, organista e tocador de sintetizador, Chick Corea tocou primeiro com Mongo Santamaria, Willie Bobo, Blue Mitchell e Herbie Mann. Em 1968, entrou para o conjunto de Miles Davis, participando de discos e atuações históricas em termos de "jazz-rock" e da integração entre jazz e música popular moderna. Na década de 70 formou o grupo Circle, integrou o quarteto de Stan Getz, e constituiu o conjunto Return to Forever, de grande popularidade em todo o mundo.
~---~ Pianista de estilo muito pessoal e agradável que esteve em evidência particularmente de 1955 a 1965, voltando a destacar-se mais recentemente com execuções influenciadas pela música "pop", Ahmad Jama1, cujo verdadeiro nome é Fritz Jones, nasceu em Pittsburgh, em 1930. Começou sua carreira musical acompanhando um grupo de dança e canto e, em 1951, fundou seu primeiro trio, The Three Strings, que passou a se chamar Ahmad Jarnal Trio depois que o pianista se converteu ao islamismo e adotou seu atual nome. Esse trio, com Israel Crosby, contrabaixo, e Verne1 Fournier, bateria, se caracterizava pela grande importância atribuída a cada um de seus integrantes, do ponto de vista da participação nas suas execuções, razão pela qual teve, nesse sentido, uma influência marcante. Ahmad Jamal continuou depois a atuar com outras formações similares e, mais recentemente, também com orquestra, particularmente em suas últimas gravações, algumas das quais foram editadas no Brasil.
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~_-_~ Virtuose do bandoneon, compositor, arranjador, "band leader " e revolucionário da música argentina, Astor Piazzolla nasceu em Mar dei Plata, em 1921. De 1924 a 1937, sua família viveu em Nova York, onde, em 1930, Piazzolla começou a estudar bandoneon. Em 1937, voltou para a Argentina onde atuou como instrumentista e arranjador da orquestra de Anibal Troilo, estudou com o compositor Alberto Ginastera e, em 1946 iniciou sua carreira como líder de conjuntos e compositor. Em 1958, ao ouvir o octeto de Gerry Mulligan, em Paris, Astor Piazzolla encontrou o caminho que o levaria a revolucionar a música de seu país, ao formar seu Octeto Buenos Aires. Apesar das críticas que até hoje o perseguem de maneira implacável na Argentina, Piazzolla, ao lado de extraordinários instrumentistas que o têm acompanhado, conseguiu provar que o tango não é música só para se dançar, mas também, e principalmente, para se ouvir, consagrando-se como um dos maiores músicos contemporâneos e um dos artistas de maior universalidade.
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Um dos maiores batalhadores pelo desenvolvimento da nossa música popular instrumental e dos instrumentistas brasileiros, o pianista, compositor, arranjador e "band leader" Nelson Ayres nasceu em São Paulo, em 1947. Aos 7 anos já tocava acordeão, aos 12 iniciou seus estudos de piano e aos 14 tocava num conjunto de jazz tradicional formado por estudantes, a São Paulo Dixieland Band. A partir de 1964, Nelson Ayres começou a atuar em trios de bossa nova, mas foi em 1968, quando estudava Administração de Empresas, que passou a se envolver mais seriamente com a música, como acompanhante de cantores, com atuações na televisão, dirigindo a parte musical de um espetáculo de teatro e como músico de estúdio. Em 1969, Nelson Ayres foi estudar no Berklee C611egeof Music, em Boston, onde permaneceu por dois anos e meio, quando teve oportunidade de tocar com destacados músicos, como The Platters, Astrud Gilberto, Ron Carter, Airto Moreira e Flora Purim. De volta ao Brasil, em 1972, iniciou seu grande trabalho de organização, formação e promoção da música e dos músicos instrumentais brasileiros, constituindo a Nelson Ayres Big Band, que tem desenvolvido intensa atividade, principalmente ~unto ao público estudantil.
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"Benny Carter, provavelmente, goza de mais respeito por sua musicalidade.jpórparte de outros músicos de jazz, do gue qualquer outra pessoa.Ben Webster apelidou-o de Rei;desde entao, outros como Dizzy Gillespie e Clark Terry também o fizeram. Duke Ellington disse uma vez que há alguns anos que quando os músicos tinham uma discussão sobre algum aspecto musical eles procuravam Benny Carter e ele sempre resolvia o assunto. Ele ainda permanece o Rei". Esse depoimento do produtor Norman Granz define bem a estatura de Benny Carter sem nenhuma dúvida o mais importante músico de jazz presente no 1'? Festivallnternacional de Jazz de São Paulo, uma das Ieaítimas "lendas vivas" do jazz, hoje. Sax alto e pistonista, compositor, arranjador e "band leader"! e, ocasionalmente clarinetista, pianista e até cantor, Bennett Lester 'Benny Carter nasceu em Nova York, em 1907. Os músicos com quem atuou, desde 1924 constituem um verdadeiro "Quem é Quem" do jazz incluindo Fletcher Henderson Duke Ellington'pColeman Hawkíns, Dizzy Gillespie, J. J. Johnson, Max Roach Charlie arker J ohnny Hodges, Art Tatum Teddy Wilson, Oscar Peterson, Billie HOliday, Fats Waller e Lionei Hampton." Como escreveu o crítico francês Hughes Panassié. "Benny Carter é uma das maiores figuras do jazz. E um sax alto imcomparável, dotado de uma técnica instrumental esplêndida, de uma sonoridade extraordinariamente possante e bela. Seus dotes de criatividade melódica são de uma riqueza inaudita. E também um mestre na clarineta, embora toque raramente esse instrumento. Ao pistão, não parou de progredir ao longo do tempo (o que é confirmado por recente dépoímento do pístonísta moderno Freddie Hubbard)", Somando-se a tudo isso sua inspiração como compositor e sua originalidade e recursos ímpares como arranjador, Benny Carter merecerá do público apreciador do jazz e, principalmente dos músicos brasileiros, uma atençao muito especial.
~---~ Grande estilista do trombone no jazz moderno, Frank Rosolino nasceu em Detroit, em 1926. Estudou primeiro guitarra e depois trombone e iniciou sua carreira profissional em 1946, tocando principalmente com Glen Gray, Gene Krupa, George Auld e Stan Kenton, que o projetou no cenário jazzfstico, inclusive produzindo um disco de"Frank Rosolino como líder na série da gravadora "Capitol", "Kenton presents". A partir de 1955, fixou residência na Califórnia, trabalhando em rádio, TV, cinema e estúdios de gravação e, desde meados da década de 60, passou a ser também professor de trombone. Músico de técnica brilhante e grande virtuosismo, Frank Rosolino ultimamente tem excursionado pela Europa e participado de numerosas sessões de gravações, com seus próprios conjuntos e com músicos como Quincy Jones, Conte Candoli, Frank Strazzeri e os "Supersax".
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~---~ Um dos mais criativos e avançados músicos populares brasileiros modernos, autodidata que toca piano, flauta, violão, percussão e outros instrumentos, é compositor e arranjador, Hermeto Paschoal nasceu em Lagoa da Canoa, em 1936. Tocou em diversos conjuntos do Nordeste, antes de vir para São Paulo, onde atuou por muito tempo na boite Star Dust. Integrou o Sarnbrasa Trio e outros conjuntos, mas seu original e avançado trabalho começou a aparecer quando formou o Quarteto Novo, com Airto Moreira, percussão, Téo de Barros, baixo e violão, e Heraldo do Monte, guitarra e viola caipira. Em 1972, Hermeto Paschoal esteve nos Estados Unidos, onde gravou com Miles Davis, Duke Pearson, Airto Moreira e Flora Purim e em seu próprio nome. De volta ao Brasil, continuou a desenvolver um trabalho verdadeiramente revolucionário, controvertido mas de grande aceitação principalmente entre o público jovem e os cultores do jazz. Há cerca de dois anos esteve novamente nos Estados Unidos, quando gravou seu segundo LP naquele país, "Slave Mass".
~---~ Um dos músicos modernos brasileiros mais apreciados e respeitados na Europa, o compositor, tecladista, violonista, cantor, compositor, arranjador e líder Egberto Gismonti nasceu em Carmo (RJ), em 1944. De farnflia de músicos, freqüentou desde os 5 anos o Conservatório de Nova Friburgo, estudando depois piano com Jacques Klein e Aurélio Silveira. Em 1967, abandonou a música erudita para dedicar-se à música popular. No ano seguinte foi para a Europa, onde continuou a estudar, ao mesmo tempo que atuava como arranjador e regente da orquestra que acompanhava a cantora Marie Laforêt. Tocou e gravou depois na Itália, França, Alemanha Ocidental e Brasil, fez músicas de filmes, e participou de inúmeros espetáculos musicais, em que tem tido oportunidade de mostrar suas avançadas concepções musicais como arranjador e compositor e seu virtuosismo como intérprete numa variada gama de instrumentos.
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~---~ Sax tenor e soprano, nascido em Inglewood, Califórnia, em 1925, John Haley "Zoot " Sims é um dos famosos "Four Brothers" da orquestra de Woody Herman, que o público brasileiro já teve oportunidade de ouvir em pessoa em 1961, quando ele aqui esteve com o "Arnerican Jazz Festival". Um dos mais atuantes sax tenores dos últimos 30 anos, seguidor da escola de Lester Young e Stan Getz, Zoot Sims tem tocado e gravado com grande número de expoentes do jazz moderno e "mainstrearn", inclusive interpretando temas de bossa nova. Em sua movimentada e profícua carreira musical, em que gravou mais de 40 LPs em seu nome e dezenas de outros como "sideman", Zoot Sims tem se destacado ultimamente por suas gravações com músicos "swing" e modernos, como AI Cohn, Bucky Pizzarelli, Jimmy Rowles, Count, Basie, Joe Venuti, Pepper Adams, Joe Turner, Jimmy Rushing, Buddy Rich, Lionel Hampton e Dave McKenna.
Um dos mais destacados solistas brasileiros de instrumentos de sopro, em jazz e música popular brasileira moderna, Raul João José Pereira de Souza, conhecido em nossos meios musicais como Raulzinho, nasceu no Rio de Janeiro, em 1934. Autodidata, exceto por um período de estudos no Berklee College of Music, em Boston, há pouco tempo, Raul de Souza começou a tocar trombone ainda na adolescência. Passou cinco anos na F AB e depois atuou com diversos conjuntos, como líder ou "sideman". no Brasil e no México, com destaque para sua participação no "Sérgio Mendes & Bossa Rio" e para seu LP "Muito à Vontade". Raulzinho atuou com Sérgio Mendes no Brasil e Europa, em 1963/64, excursionou à Europa em 1965/66 com outro grupo brasileiro, quando tocou com o baterista Kenny Clarke no clube "Blue Note", em Paris, e foi para os Estados Unidos em 1973, onde tocou com Airto Moreira e outros músicos de jazz e gravou dois LPs, "Colors" e "Sweet Lucy".
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Tecladista moderno especializado em instrumentos eletrônicos, que o público brasileiro já teve oportunidade de ouvir em pessoa com o conjunto de Cannonball Adderley , há 7 anos, George Duke nasceu em San Rafael, Califórnia, em 1946. Estudou música profundamente, sendo bacharel em composição pelo Conservatório de San Francisco, e iniciou sua carreira aos 19 anos no clube "Half Note", em San Fr~ncisco. Aos 20 anos já tinha seu próprio trio, com o qual tocou e gravou com um grupo vocal, The Third Wave, e com Dizzy Gillespie, Bob Hutcherson, Harold Land, Kenny Dorham e Jean-Luc Ponty. Atuou depois na orquestra de Don Ellis, com Fran Zappa, Cannonball Adderley, Billy Cobham, Stanley Clarke, Airto Moreira e Flora Purim, entre outros. A partir de 1973, George Duke passou a liderar suas próprias formações de "jazz-rock".
o cantor AI Jarreau, que foi apresentado em recente artigo da revista de jazz "Down Beat" como o "incrível acróbata" do "scat singing" (maneira de cantar em que as palavras são substituídas por sons inarticulados), nasceu em Milwaukee, em 1940. AI Jarreau formou-se em Psicologia na Universidade de Iowa, em 1964, e, embora cantasse sempre que podia em pequenos clubes de sua cidade natal, bailes e concertos de jazz, foi depois de formado que teve oportunidade, ao mudar-se para San Francisco, de atuar mais ativamente como cantor, acompanhado pelo trio de George Duke. Mas foi em 1968 que ele começou verdadeiramente sua trajetória rumo ao sucesso. Este veio em 1975, quando AI Jarreau se apresentava no Bla Bla Cafe, em Hollywood, durante uma apresentação no famoso clube Troubadour. Ele fazia a primeira parte do show, cuja atração era o pianista-cantor Les McCann, e ao cantar "Letter Perfect", causou um impacto incrível que o projetou definitivamente.
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Um dos mais criativos guitarristas da música pop e do "jazz-rock" atualmente, John McLaughlin, criador e líder da Mahavishnu Orchestra, nasceu na Inglaterra, em 1942, filho de urna violinista que lhe deu urna profunda formação clássica. Um disco com o saxofonista inglês John Surman, levou John McLaughlin a urna posição de influência sobre toda urna geração de guitarristas. Ele tocou no conjunto "Lifetime", do baterista Tony Williams, e com Miles Davis, antes de fundar sua Mahavishnu Orchestra, um grupo cuja música combina (i liberdade da improvisação do jazz com o rock, McLaughlin desenvolveu um crescente interesse pela música, a filosofia e a religião hindus e criou o grupo Shakti, que teve grande repercussão, por seu estilo inventivo, apresentando-se com enorme sucesso nos Festivais de Montreux de 1976, 1977 e 1978.
~--Um dos maiores estilistas do pistão no jazz, considerado urna espécie de ponte entre os estilos tradicionais influenciados por Louis Armstrong e os modernos que tiveram em Dizzy Gillespie o primeiro e maior expoente, David Roy "Little Jazz" Eldridge nasceu em Pittsburgh, Pennsylvania, em 1911. Roy Eldridge, que também toca "flugel horn" e canta, começou a tocar aos 15 anos e em seus 5 2 anos de carreira jazzística atuou ao lado dos maiores músicos do jazz, principalmente dos estilos "swing" e modernos, entre os quais Fletcher Henderson, os McKinney's Cotton Pickers, Teddy Hill, Gene Krupa, Artie Shaw, Coleman Hawkins, Teddy Wilson, o Jazz at the Philharrnonic, Billie Holiday, Art Tatum, Ben Webster, Lester Young, Sonny Stitt, Dizzy Gillespie, Oscar Peterson, Johnny Hodges, Joe Turner, Buddy Tate, EUa Fitzgerald e Earl Hines. Pelo vigor e entusiasmo, humor e virtuosismo, que caracterizam suas interpretações, Roy Eldridge tem sido figura obrigatória nos Festivais de Jazz de Newport, Antibes, Paris, Montreux e outros, nos Estados Unidos e na Europa. O público brasileiro já teve oportunidade de ouvi-lo, "ao vivo", em duas temporadas, com a cantora EUa Fitzgerald e com o American Jazz Festival.
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---~ Pianista, compositor e arranjador, Luiz Eça nasceu no Rio de Janeiro, em 1936. Começou a estudar piano aos 5 anos, iniciou estudos de teoria musical aos 10 e estudou piano clássico com renomados professores e pianistas, entre os quais Jacques Klein e Arnaldo Estrela. Sua primeira apresentação em público foi no Conservatório Brasileiro de Música, em 1947, e seis anos depois, com 17 anos, estreava como pianista popular, na boite Plaza. Em 1958, ganhou uma bolsa de estudos e foi completar seu aprendizado na Academia de'Viena. De volta ao Brasil, continuou a atuar como pianista popular de avançada concepção, culminando com a formação do Tamba Trio, em 1961, verdadeiro marco da moderna música popular brasileira, que serviu de inspiração para muitos outros conjuntos e músicos da bossa nova. Com alguns períodos de interrupção e algumas mudanças em sua estrutura, o conjunto esteve em atividade durante mais de dez anos. Quando foi desfeito, Luiz Eça continuou sua carreira coma pianista e arranjador de formações de estúdio e voltou a atuar como pianista de casas noturnas do Rio. No ano passado, fez algumas apresentações com o saxofonista Victor Assis Brasil.
Filho e neto de músicos, saxofonista, clarinetista, compositor, arranjador e regente, José Menezes nasceu em Nazaré da Mata, Pernambuco, em 1923. Começou a estudar música aos 13 anos, mudou-se aos 20 para o Recife, onde tocou clarineta e sax na Jazz Band Acadêmica e em 1949 entrou para a orquestra da Rádio Clube de Pernambuco, onde foi instrumentista, arranjador e regente. Sua primeira composição é de 1950 e sua primeira gravação, de 1953, ano em que veio para São Paulo, como regente e arranjador. Em 1960, José Menezes voltou para Pernambuco, para assumir a direção musical da TV Rádio Clube e fundar sua Banda de Frevo, que se tornou uma das mais conhecidas do Nordeste e excursionou por todo o país. A par de sua atuação como músico, José Menezes continuou a desenvolver seus estudos, inclusive de folclore, foi professor e compôs mais de 50 músicas, que lhe valeram vários prêmios.
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~---~ Um dos principais inovadores da música popular brasileira que começou a projetar-se em fins da década de 60 início dos anos 70 com forte influência da música "pop" internacional, o tecladista, arranjador e compositor Wagner Tiso nasceu em Três Pontas (MG), em 1945. Inicialmente autodidata, estudou depois com Paulo Moura, especializando-se em teclados. Começou sua carreira musical em Alfenas (MG), em 1958, mudando-se em 1962 para Belo Horizonte e, dois anos depois, para o Rio, onde gravou pela primeira vez, no conjunto Sambacana. Tocou com o baterista Edson Machado, com Paulo Moura e acompanhou vários cantores de renome até 1969, quando passou a integrar o conjunto que o projetou, o Som Imaginário, criado para acompanhar Milton Nascimento em shows e gravações. No exterior, Wagner Tiso participou de shows de música brasileira em Atenas, Montreux e nos EUA, onde tocou com Milton Nascimento, Ron Carter, Airto Moreira e Flora Purim, inclusive gravando. Como compositor e arranjador, a participação de Wagner Tiso destaca-se na música do filme "Os Deuse e os Mortos", de Ruy Guerra, e em seus arranjos para artistas como Milton Nascimento, Johnny Alf, Paulo Moura, Luís Gonzaga Jr., o Som Imaginário e outros.
Felix Grant, americano de Nova York, é o mais conceituado disc-jockey de jazz em Washington. Recordista americano de permanência de programa no mesmo horário, Felix vem há 24 anos conseguindo os maiores índices de audiência com seu "Album Sound" na WMAL, com uma audiência calculada de 18.000 ouvintes no horário de 21 às 22 horas. Foi um dos responsáveis pela divulgação da Bossa Nova nos EUA, tendo inclusive sido agraciado com a "Ordem do Cruzeiro do Sul" por sua participação na promoção da cultura brasileira nos EUA. Felix liderou uma missão do Departamento de Estados dos EUA para estabelecer um elo cultural entre Washington e Brasília em 1966, e em 1972 foi convidado pelo Instituto Cultural Brasil-América para uma série de palestras pelas universidades e museus brasileiros.
Leonard Feather é um dos mais respeitados críticos de jazz, sendo o autor da "The Encyclopedia of J azz", uma verdadeira bíblia dos jazzófilos, além de outros volumes como "From Satchmo to Milles", "Insíde Jazz", "The Pleuasures of Jazz", e "The Encyclopedia of Jazz in the 70's". Escreve também para revistas como "Down Beat", "International Musician", "Melody Maker" de Londres, e outras da França, Suécia, Alemanha, Polônia e Japão, além de suas colunas semanais no "Los Angeles Times" e "Washington Post". Leonard Feather é um dos maiores estudiosos de jazz, sendo também compositor, instrumentista, letrista, disc-jockey, produtor de TV, discos e concertos. Nascido em Londres, estudou piano e harmonia com Lennie Tristano, e clarinete com Jimmy Hamilton. Suas composições foram gravadas por Sarah Vaughan, Ella Fitzgerald, George Shearing, B. B. King, Cannonball Adderley e outros, e com sua música "Evil Gal Blues", lançou Dinah Washington no mundo fonográfico. Foi um dos primeiros a conhecer e divulgar a música popular brasileira nos EUA no princípio dos anos 60, com o movimento da Bossa Nova, tendo inclusive escrito a contracapa do 19 disco americano de Milton Nascimento, "Courage".
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.,..,---índice----· Comissão Organizadora Programação Geral Apresentação Montreux/1978 O Que Esperar do Festival Pelé e João Gilberto Jazz e Samba. Um Encontro 61 Anos Depois O Que é o Jazz Os Elementos Básicos do Jazz ; Os Estilos do Jazz Os Quatro "Grandes" do Jazz Teste Seus Conhecimentos Sobre Jazz Dizzy GillespiejPaulo Moura Philip Catherine/Ray Brown Etta J ames/Larry Coryel. Paulinho da Costa/Victor Assis Brasil... Ray Bryant/Stan Getz Milton Nascimento/Mareio Montarroyos , Clark Terry /Taj Mahal Eddie "Lockjaw" Davís/Milt J ackson Chick Corea/Ahmad Jamal Astor PiazzolIa/Nelson Ayres Benny Carter/Frank Rosolino Hermeto Paschoal/Egberto Gismonti.. Zoot Sims/Raul de Souza George Duke /AI J arreau John McLaughlin/Roy Eldridge Luiz Eça/José Menezes Wagner Tiso/Felix Grant/Leonard Feather Planta do Palácio das Convenções do Anhembí.. Autógrafos Indíce
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8 Uma Publicação: P. I. - Publicações Informativas Ltda - Rua Caetés, 139 - Fone. 62-2516 (SP); Impressão: MarprintIndústria Gráfica - Rua Camaragibe, 216 (SP); Fotolitos: Alltype Artes Gráficas - Rua Augusta 275/283 (SP); Colaboraram nesta edição: Armando Aflalo, Alberico Cilento, José Eduardo Homem de Mello (Zuza), Roberto Muylaert, Claude Nobs.
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