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ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO DIÁRIO ECONÓMICO Nº 5720 DE 23 DE JULHO DE 2013 E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE

Guia das

Paulo Alexandre Coelho

PME

Conheça as soluções que os especialistas propõem para os problemas das PME ◗ Mercado interno, internacionalização, empreendedorismo, inovação, liderança, networking, promoção e presença na rede: os oito temas em destaque ◗ Excesso de burocracia é criticado por empresas que querem investir


II Diário Económico Terça-feira 23 Julho 2013

ESTÁ CONFIRMADO o lançamento de uma linha de apoio às empresas exportadoras no valor de 500 milhões de euros. A linha de crédito servirá para financiar encomendas firmes com origem em mercados externos. Tendo como objectivo colmatar as dificuldades de acesso ao crédito, o apoio terá um período de vigência de um ano e prazos de financiamento às empresas até três ou quatro anos.

GUIA DAS PME

Conheça as soluções dos especialistas para dinamizar as PME

MERCADO

Consultores, associações e empresários nem sempre convergem no tipo de problemas sentidos pelas PME. O momento, é certo, é o mais sensível. RAQUEL CARVALHO E IRINA MARCELINO

E

m tempos de crise, marcar a diferença pode significar vencer uma batalha e marcar pontos perante a concorrência que é cada vez mais feroz. Em Portugal, as PME representam a esmagadora maioria do tecido empresarial. E se umas souberam ultrapassar as dificuldades e vencer, são muitas as que sobrevivem com dificuldades aos tempos turbulentos em que vivemos, tendo por trás problemas estruturais que urge serem resolvidos. Ao Diário Económico, consultores, associações e empresários nem sempre convergem no tipo de problemas que consideram os mais graves das PME. Se os gestores falam das dificuldades em receber e da burocracia que sentem para lançar novos negócios, os consultores referem temas como a necessidade de inovar, de profissionalizar a gestão e de se internacionalizarem. Mas não só. Temas como o da formação ou da competição meramente pelo preço são abordados pelos especialistas, enquanto a falta de financiamento e a elevada carga fiscal é lembrada por associações e empresários. Um estudo recente da Associação Empresarial de Portugal (AEP) dizia que 90% das 888 PME por si entrevistadas se afirmavam “pessimistas” quanto ao futuro. Pessimistas talvez seja pouco para o descontentamento verificado. Entre os adjectivos mais utilizados estão o ‘dramático’, ‘trágico’, ‘tenebroso’ e ‘sombrio’. Nessa análise, os problemas mais apontados pelas empresas são as dificuldades de financiamento, os impostos excessivos e os prazos de pagamento incomportáveis. Os dados mais recentes divulgados pelo Banco de Portugal vêm confirmá-lo: a taxa de incumprimento das PME atingiu os 15% em valor e 30,4% em número de devedores. As pequenas e médias empresas são já as empresas mais incumpridoras. Estas são também - devido ou em sequência - as empresas cuja concessão de crédito por parte dos bancos mais caiu: menos 8,4% do que em igual período de 2012. As grandes empresas, por seu turno, receberam mais 4,4% de empréstimos. As dificuldades de financiamento não são as

Das quase 300 mil PME existentes em 2011, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, apenas 20 mil, de acordo com dados da AICEP, exportavam. Um número que entretanto subiu para quase 22 mil em 2012.

únicas referidas pelas pequenas e médias empresas. Numa altura em que muito se fala da necessidade de internacionalizar os negócios, o mercado interno continua a ser o mais importante para a esmagadora maioria das empresas. Das quase 300 mil PME existentes em 2011, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, apenas 20 mil, de acordo com dados da AICEP, exportavam. Um número que entretanto subiu para quase 22 mil em 2012. Exportar e internacionalizar-se não é tarefa fácil, especialmente para empresas de reduzida dimensão, porque é necessário ter recursos humanos formados e capacidade de investimento. Os números cedidos ao Diário Económico pela AICEP revelam um dado curioso a este respeito: em 2008, ano muito difícil para os negócios internacionais, mais de 21 mil micro empresas tentaram a sua sorte nos mercados externos. O número, no entanto, foi de pouca dura. Em 2009 caíram para 14.600, estando desde então a subir. Apesar das dificuldades, as PME portuguesas têm vindo a esforçar-se para manter a normalidade, como aliás refere a propósito um inquérito feito junto de 200 PME pela consultora Fórmula do Talento. O estudo revela, por exemplo, que mais de metade das empresas (57,8%) não alteraram as suas práticas de compensações e benefícios para com os colaboradores. Isto apesar de, na maioria das empresas (54,4%), ter havido reestruturações no último ano, entre as quais diminuição do número de colaboradores. Os tempos não são fáceis e apenas quem reagir ou souber ver as coisas de outra perspectiva conseguirá sobreviver. Não querendo ficar apenas pelos problemas, ou pelos desafios apresentados, o Diário Economico pediu aos vários especialistas que apresentassem também soluções. Maior formação dos recursos humanos, apoios fiscais e financeiros, inovação, proactividade e empreendedorismo, maior presença em novos canais, internacionalização e profissionalização da gestão estão entre os temas mais referidos pelos especialistas. Áreas que por serem tão diversas muitas vezes não estão ao alcance das PME portuguesas. ■

shutterstock_939452111 / Reuters

irina.marcelino@economico.pt

JOÃO PEDRO SOARES Presidente da direcção da Confederação Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas

As micro e pequenas empresas laboram num mercado interno oprimido e ostracizado por políticas que teimam em centrar o desenvolvimento do país nas 4,5% de empresas com potencial exportador.


Terça-feira 23 Julho 2013 Diário Económico III

ESTÃO ABERTAS AS CANDIDATURAS à participação na Semana Europeia das PME 2013, uma iniciativa da Comissão Europeia. O objectivo passa por promover a divulgação de actividades que contribuam para fomentar empreendedorismo e a inovação na Europa realizadas em toda a Europa até Dezembro deste ano. Todas as actividades candidatas devem ser enquadradas num tema principal.

INTERNO

O BANCO CENTRAL Europeu mudou as suas regras sobre as exigências pedidas para o financiamento dos bancos junto da entidade. O objectivo é dinamizar o acesso ao crédito por parte das PME. O prémio de risco aplicado às carteiras de dívida titularizada foi reduzido de 16% para 10%. Os bancos vão assim conseguir valores de financiamento mais elevados em troca de carteira de créditos.

INTERNACIONALIZAÇÃO

JORGE OLIVEIRA director de Área de Feiras da FIL, AIP

“ Paulo Alexandre Coelho

Crise teve o condão de deixar as empresas disponíveis para escutar, para novas formas de gestão, novos parâmetros de valores para os seus recursos humanos, novos mercados, novos ‘targets’ de potenciais clientes.

ENFOQUE SÓ NAS EXPORTAÇÕES É ERRADO Para João Pedro Soares, presidente da direcção da Confederação Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas (CPPME), “o país encontra-se numa encruzilhada política e as micro e pequenas empresas laboram num circuito económico interno nacional muito oprimido e até ostracizado através de estratégias económicas que teimam em centrar o desenvolvimento do país apenas em cerca 4,5% das empresas com funcionalidades exportadoras”. Como soluções para estes problemas por que passam as PME, João Pedro enumera temas comno mais crédito ou diferenciação fiscal positivo.

PRINCIPAL DESAFIO PASSA POR MAIOR APOSTA NA INTERNACIONALIZAÇÃO Jorge Oliveira, director de Área de Feiras da FIL, divisão da Associação Industrial Portuguesa (AIP) e responsável pelas missões empresariais, aponta como problemas das empresas a questão do financiamento, a queda brusca do consumo interno, a crise na Europa, a carga fiscal muito elevada, os aumentos substanciais dos custos de energia, a qualificação dos recursos humanos, a aposta na inovação, uma vez que “a maioria das nossas PME ainda não tem programas

constantes de inovação dos seus produtos e serviços”. Desafio passa por maior aposta na internacionalização. Jorge Almeida frisa que a crise “teve o condão de deixar as empresas em geral e as PME em particular, mais disponíveis para escutar, para novas formas de gestão, novos parâmetros de valores para os seus recursos humanos, novos mercados, novos processos de fabrico, novos ‘targets’ de potenciais clientes”.

Soluções Soluções

1 Renegociação da Dívida

1 Recursos Humanos

A Caixa Geral de Depósitos “tem uma importância capital na revitalização das MPME e da globalidade do mercado interno nacional”.

Ter quadros qualificados mas em simultâneo facilmente adaptáveis a novas realidades do negócio, tendo assim capacidade geral para desempenhar diferentes funções. Recursos humanos devem estar preparados para responder de imediato às alterações do mercado, salientando-se assim a importância de uma formação profissional constante, com valências no campo técnico científico, das línguas, das técnicas de marketing promoção e vendas, ou de noções de gestão financeira.

4 Diferenciação fiscal positiva

2 Inovação

Deve haver uma clara diferenciação fiscal positiva às MPME do mercado interno, através da Extinção do Pagamento Especial por Conta e Pagamento por Conta; Criação de um IVA de caixa que abranja todas as micro e pequenas empresas e em que estas possam entregar o IVA ao Estado apenas quando o receberem; redução progressiva da taxa de IVA até aos 18%, e a redução imediata da taxa de IVA da restauração para os 13%.

É imprescindível ao bom desenvolvimento das nossas empresas. Será essencial uma maior aproximação das empresas às universidades que as podem ajudar no desenvolvimento de novos produtos, maior

É um ponto importante e decisivo, mas não deixa de ser “meramente conjuntural”.

2 Dinamização do mercado interno A aposta e dinamização do circuito económico interno nacional é ponto chave, sobretudo na procura de uma cada vez maior capacidade produtiva do país. É ainda fundamental que o poder de compra dos portugueses possa vir a ser valorizado.

3 Financiamento creditício da economia

conhecimento das tendências do seu cliente final, o ajustamento do produto ao mercado e a criação de uma estrutura de recursos humanos que seja a referência na PME dos processos de inovação.

3 Internacionalização Presença assídua das PME nos mercados internacionais de elevado potencial, onde se devem promover. É muito importante articular a estratégia com as grandes empresas portuguesas do seu sector, participar nas iniciativas facilitadoras de acesso aos mercados externos organizadas pela Fundação AIP, Aicep, associações e outras entidades, colocar nos projectos de internacionalização os seus melhores recursos humanos, apostar na diversificação de mercados e desenvolver o espírito de complementaridade, permitindo em conjunto com outras empresas apresentar candidaturas a

projectos com soluções mais globais e invariavelmente mais económicas, aumentando a possibilidade de vitória nesses concursos.

4 Ser proactivo As PME devem apostar numa estrutura proactiva junto do cliente, sugerindo e projectando soluções para cada caso em concreto. É por isso importante a aposta na criação de equipas fortemente vocacionadas para construir propostas à medida de cada um dos seus clientes.

5

Capacidade de investimento PME devem estar atentas a programas de entidades financeiras internacionais, pois sobretudo quando se trata de negócios para exportação, podem nessas instituições encontrar a solução para alguns dos seus problemas de financiamento.


IV Diário Económico Terça-feira 23 Julho 2013

GUIA DAS PME

EMPREENDEDORISMO Soluções

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FRANCISCO MARIA BALSEMÃO

Formação “Up grade educativo”, alcançável com acções de formação dirigidas a empreendedores de baixas qualificações e com a sensibilização dos estudantes universitários para as oportunidades do empreendedorismo;

Presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários

“ Simon Dawson / Bloomberg

Existe alguma falta de cultura de empreendedorismo em Portugal. Esta cultura permitiria a renovação empresarial do país.

Criação de mais tribunais de comércio (só existem dois), de forma a cobrir todo o território nacional e não apenas as duas áreas metropolitanas do país.

3

Empreendedorismo e inovação Subida na cadeia de valor, incorporando mais inovação nos processos de fabrico, elevando o perfil tecnológico de bens e serviços, melhorando os modelos de gestão, valorizando o capital humano e apostando em elementos diferenciadores A competitividade pode aumentar se houver uma aproximação entre o tecido empresarial as universidades, os centros de I&D e os institutos de interface.

4 Financiamento

TRINÓMIO CIÊNCIA, INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE Francisco Maria Balsemão, presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários, diz serem seis os desafios com que as PME nacionais se confrontam. A qualificação, que é parca na maioria das empresas, é uma delas. O presidente da associação dos jovens empresários diz que nas PME subsiste “o chamado empreendedorismo de subsistência ou de recurso”. Por outro lado, refere o desafio da justiça, que, por ser muito morosa e lenta, leva as PME “a arrastar processos por vezes cruciais para a expansão e até a sua sobrevivência”. Já o desafio empresarial tem a ver com alguma falta de cultura de empreendedorismo em Portugal, o que Francisco Maria Balsemão diz ser fundamental, uma vez

2 Justiça

que permitia a “renovação empresarial do país”. Para o presidente da ANJE, as PME portuguesas têm também que se confrontar com o desafio da competitividade, precisando de apostar no “trinómio ciência, inovação e criatividade”. Há ainda o desafio do financiamento, uma vez que muitas empresas precisam de capital para concretizar as suas ideias em negócio, mas “são precisos mais incentivos públicos”. Por último, frisa o desafio da internacionalização, acreditando que as empresas “devem continuar a direccionar as suas actividades para o exterior”. Aliás, a internacionalização é um dos desafios mencionados pela generalidade dos consultores e especialistas contactados pelo Diário Económico.

Apostar na criação de incentivos que abarquem despesas elegíveis desde a formulação à sua concretização efectiva.

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Internacionalização Padrão das exportações do país deve ser alterado. Portugal deve substituir paulatinamente a exportação de produtos e serviços de baixo valor acrescentado por vendas ao exterior de produtos e serviços situados no topo da cadeia de valor e caracterizados por uma maior intensidade tecnológica.

INOVAÇÃO INOVAÇÃO E INTERNACIONALIZAÇÃO

soluções

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Mais dinâmica = mais vendas Preocupação em manter os níveis de vendas é uma constante e é preciso contrariar a tendência que a maioria sente, de descida na facturação. Mas isso pode ser colmatado se marcarmos pela diferença e dinamizarmos o negócio, quer seja através dos produtos, mercados, clientes ou processos.

ANTÓNIO PARAÍSO Consultor na área de vendas, inovação, marketing e internacionalização

PME têm obrigatoriamente de apostar em inovar e em ser diferentes da concorrência. Têm de ter coragem de mudar.

Jeff Holt/Bloomberg

António Paraíso, consultor na área de vendas, inovação, marketing e internacionalização, considera que nestes tempos difíceis as PME têm que obrigatoriamente apostar nos dois ‘Is’: inovação e internacionalização”. Para o especialista, as empresas “têm que apostar em inovar e em ser diferentes da concorrência, inovar no produto, nos processos, no modelo de negócio e na estratégia. Têm que ter coragem de mudar”, diz.


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VI Diário Económico Terça-feira 23 Julho 2013

GUIA DAS PME

NETWORKING “MUITO POUCA COMPETITIVIDADE” NAS PME

TERESA BOTELHO Business & Executive Coaach da ActinCoach Portugal

Há uma grande dificuldade em criar e definir factores de diferenciação e os níveis de liderança dos empresários são normalmente muito baixos.

Teresa Botelho, business & Executice Coach da ActionCoach Portugal, revela os seis obstáculos com que as PME se confrontam: “Grande dificuldade em criar e definir factores de diferenciação, centrarem-se em competir apenas pelo preço tanto nas arenas nacionais como internacionais, grande desconhecimento na área das vendas, muito pouca competitividade, níveis de liderança dos empresários normalmente muito baixos e grande imaturidade empresarial que se reflecte numa grande dificuldade de gerar e desenvolver negócios rentáveis”.

soluções

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Trabalhar em cooperação E não em confrontação.

2 Desenvolver mentalidade de empreendedor Desde os primeiros níveis de ensino e a aplicação desta forma de pensar dentro e fora das empresas, preparando os empresários para criar um negócio com sucesso garantido.

3

Mentoring para empresários Criação de sistemas de ‘mentoring’ e apoio para todos os empresários, sobretudo os que se querem expandir.

4 ’Networking’ Kacper Pempel / Reuters

É fundamental “melhorar o ‘networking’ empresarial dentro e fora do país e facilitar a sistematização dos negócios de forma a permitir a replicação e a exportação”. A especialista garante que a nível interno, o que falta a Portugal “é a implementação de sistemas para que os negócios que têm potencial, possam de facto ser rentáveis e desenvolverem-se”.

LIDERANÇA

LUÍS MARQUES Director geral da Fórmula do Talento

Adrees Latif / Reuters

É essencial dotar os nossos empresários de conhecimentos e ferramentas que permitam implementar as melhores práticas de gestão.

PME DEVEM PROFISSIONALIZAR A SUA GESTÃO Luís Marques, director-geral da Fórmula do Talento, consultora de recursos humanos especializada em PME refere o desafio da internacionalização, ao qual ainda algumas PME não estão sensibilizadas. Para o especialista, “a procura de novos mercados surge como a solução para ter acesso a novos clientes numa altura em que procura se contrai em Portugal”. O responsável enumera ainda cinco outros problemas com que se debatem as PME: a profissionalização da gestão, o rigor e disciplina, a optimização dos processos, a inovação e um grave problema de competitividade.

soluções

1

Qualificação e profissionalização da gestão É essencial dotar os nossos empresários de conhecimentos e ferramentas que permitam implementar as melhores práticas de gestão. É ainda determinante “qualificar os recursos humanos e adaptá-los às exigências dos tempos actuais”.

2 Rigor e disciplina Introduzir rotinas periódicas nas empresas é fundamental para melhorar a performance das PME, tal como apostar na expansão empresarial através de fusões e aquisições.


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VIII Diário Económico Terça-feira 23 Julho 2013

GUIA DAS PME

PROMOÇÃO

JOSÉ ALMEIDA

PME devem estar atentas à abertura de novos canais para chegar aos clientes. Um dos maiores erros é insisitir nas estratégias que todos utilizam.

Jonathan Ernst / Reuters

‘Partner’ da Ideias e Desafios

NOVOS CANAIS PARA SE PROMOVER José Almeida, ‘partner’ da Ideias e Desafios – uma empresa especialista na formação e no ‘coaching’ em vendas e liderança –, defende que para que os negócios sejam rentáveis, há que fazer uma boa divulgação dos mesmos. O especialista defende que as PME devem estar atentas à “abertura de novos canais para chegar aos clientes e um dos maiores erros que as empresas podem cometer é insistir nas mesmas estratégias que todos estão a utilizar”.

soluções

1

Contente marketing Deixar de apostar na prospecção telefónica ou por email e campanhas de marketing e apostar na estratégia “de contente marketing’, onde se publique conteúdos que de facto, os clientes querem receber”.

2 Formação gratuita José de Almeida defende ainda uma aposta maior na organização de eventos de “formação gratuita”.

INTERNET soluções

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VASCO MARQUES

Estratégia b-Marketing e Plano de Marketing Digital Fazer um plano de marketing digital. Implementá-lo alinhado com estratégia da organização, actualizar, rever e monitorizar frequentemente o plano e métricas.

Consultor em marketing digital e negócios na Internet

Thomas Peter / Reuters

“ SENSIBILIZAR AS EMPRESAS PARA A PUBLICIDADE NA INTERNET Vasco Marques, consultor em Marketing Digital e Negócios na Internet, defende que ainda há muito por fazer na área digital. E acredita que esta área tem “um potencial incrível especialmente neste momento de crise”. Vasco Marques afirma que o canal digital está em contraciclo e “tem a grande vantagem de permitir implementar mais rapidamente e obter melhores resultados com um investimento potencialmente inferior, para além disso é o único canal, em grande escala, onde

é possível medir com exactidão o retorno do investimento (ROI)”. Num estudo realizado pela W2B concluiu-se que 7% das empresas tem site mobile, 29% já fez publicidade no Google, 50% tem website e 66% tem perfil na rede social Google+. Estes são números que Vasco Marques diz serem “pouco confortáveis” e que é preciso sensibilizar as empresas para a importância de apostar mais na publicidade, via Internet ,“um meio de vendas com um retorno espectacular”.

O canal digital tem a grande vantagem de permitir implementar mais rapidamente e obter mais resultados com um investimento potencialmente inferior.

2 Website Criar um ‘website’ simples, atractivo e actualizado. Optimizar a usabilidade, melhorar a velocidade, definir e acompanhar estatísticas.

3

Imagem e vídeo Utilizar imagens únicas ou criar ferramentas de edição de imagem, produzir vídeos e publicar no seu canal youtube, fazer ‘download’ de imagens livres e gratuitas.

4 Social Media Criar contas: scribd, slideshare, twitter, linkedin, pinterest, instagram, Google +, criar uma página facebook, ou converter o perfil não pessoal, personalizar a página com separadores, fan-gate e aplique boas práticas facebook.


Terça-feira 23 Julho 2013 Diário Económico IX

O que querem seis PME de sucesso Perguntamos a meia dúzia de PME quais os problemas que sentem e o que é preciso fazer para os ultrapassar. RAQUEL CARVALHO raquel.carvalho@economico.pt

Nutrigreen critica elevada burocracia

Viriato reclama mais seguros de crédito

2 anos

de marketing da Viriato, A Viriato tem encomendas que diz que ser uma empresa requerem investimentos entre os 500 portuguesa é mil e cinco milhões de euros e “nem sempre” tem “capacidade financeira um obstáculo. para os adiantar”, diz Carla Rocha, directora de marketing da empresa de mobiliário que “precisa de mais apoio financeiro As encomendas estatal”. Nas exportações, senteda Viriato chegam se “dificuldade em aceder ao aos cinco milhões de seguros de crédito, que seriam euros. Investimento um bom apoio”, frisa, afirmando que muitas vezes que o facto de ser portuguesa tem que ser tem sido um obstáculo, uma vez antecipado. que tem sentido “dificuldades em conseguir credibilidade e a confiança dos clientes”, que “pedem garantias bancárias”, diz. Como têm conseguido contornar? “Sendo mais eficazes e procurando novos mercados, que nos permitam ter uma maior margem e garantir os pagamentos aos fornecedores”.

Foto cedida por Viriato

5 milhões

Foto cedida por Nutrigreen

A Nutrigreen está em crescimento para consolidar a sua posição, A Nutrigreen mas “é impedida de o conseguir está há dois anos de forma mais célere e vigorosa à espera de abrir uma vez que os fornecedores não uma fábrica nos conseguem acompanhar pela devido à elevada ausência de financiamento”, diz burocracia do país. Lídia Santos, administradora da empresa que processa fruta. A empresa, garante, “tem que cumprir uma função que competia às entidades financeiras: financiar os fornecedores”. Diz que se assiste “a uma constante perda de igualdade de competitividade” e lamenta “o facto de todos os dias se verificar a saída de pessoas especializadas para o estrangeiro”, e critica a excessiva Lídia Santos, administradora burocratização dos processos, que, no caso da Nutrigreen, lamenta da Nutrigreen, tem impedido, há dois anos, que todos os dias saiam a criação de uma nova unidade fabril. pessoas especializadas Aponta também o dedo à excessiva carga fiscal e entende que deveria haver para o estrangeiro. maior ligação entre empresas e o IEFP.

Carla Rocha, directora

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X Diário Económico Terça-feira 23 Julho 2013

GUIA DAS PME

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Tiago Trigo é director-geral

Tiago Bilbao, Miguel Costa Basto, João Mesquita (da esquerda para a direita) são, juntamente com Bruno Marfim – que não está na foto –, os sócios e fundadores

de design de jóias.

A Buenos Aires está presente em três países: Espanha, Holanda e Reino Unido e quer entrar em Israel e na Suíça.

Foto cedida por Pekan

da Buenos Aires.

Países

da Pekan, uma empresa portuguesa

Pekan frisa forte retracção do mercado interno e a redução do financiamento Foto cedida por Buenos Aires

A Pekan é uma marca de jóias que aposta forte numa comunicação ‘online’ e em parcerias, tendo em conta o potenciar das vendas no exterior. Austrália, Nova Zelândia, Angola, Brasil e Rússia “já manifestaram interesse em comprar e representar a marca localmente”, diz Tiago Trigo, director-geral da empresa. Uma imagem forte como marca e uma presença assídua nos mercados externos, pode ser a diferença em tempos de crise e fazer uma PME ultrapassar os obstáculos que existem ao seu sucesso em Portugal. Tiago Trigo frisa como duas das mais preocupantes, “a forte retracção do mercado interno e a redução do financiamento à economia por parte do sistema financeiro”. Uma situação que seria combatida através “da redução da carga fiscal e de um estímulo do crédito”. Para o responsável “não faz sentido o Estado estar a capitalizar a banca, contrariando dessa forma um ónus sobre os contribuintes, incluindo as empresas e ao mesmo tempo a banca estar a estrangular os contribuintes através da redução dos níveis de crédito”. O responsável defende ainda “uma redução dos gastos do Estado”.

Buenos Aires recebe tarde de clientes e sente resistência à entrada a mercados externos Problemas de tesouraria ao nível de recebimentos são o grande problema sentido pela empresa de calçado Buenos Aires, uma vez que, segundo João Mesquita, um dos quatro sócios da empresa, “os clientes pagam tarde e tentam dilatar os prazos de pagamento para cada vez mais tarde”. A empresa sente ainda alguma dificuldade em entrar noutros mercados, factor que explica por este ser “um mercado muito competitivo”. Para resolver estes obstáculos, a estratégia seguida tem sido apostar nos agentes em Espanha, Holanda e Reino Unido e “pegar numa mala e ir visitar lojas e mostrar o produto”. João Mesquita garante que “a originalidade e a elevada qualidade do nosso calçado costumam ser fortes argumentos de venda quando as pessoas têm contacto directo com as nossas botas”. A empresa está neste momento a preparar a colecção de Inverno 2013/2014, e está em negociações para entrar em Israel e na Suíça, prevendo quadruplicar as vendas.

Com uma quota de mercado de 5% na região de vinhos verdes e uma produção anual que ronda os quatro milhões de garrafas, a Quinta da Lixa facturou, em 2012, mais de cinco milhões de euros, sendo que dois milhões são de vendas ao exterior. A empresa exporta para um total de 28 países e a internacionalização é uma das formas que a produtora de vinhos teve para ultrapassar os obstáculos inerentes à crise. Óscar Meireles, administrador, diz que “a internacionalização tem sido uma grande ajuda para ultrapassar algumas dificuldades”. Mas não só. Para dar a volta à crise, a Quinta da Lixa tem-se A Quinta da Lixa pautado “por muito esforço, força de vontade, insistência, tem uma quota persistência e, acima de tudo, de mercado de 5% na região proactividade, com o desenvolvimento de um plano de vinhos verdes e exporta de continuidade, que aposta para 28 países. no desempenho operacional e comercial, na qualidade dos vinhos, e na boa relação qualidade/preço dos seus produtos”. O responsável explica que as preocupações da Quinta da Lixa, enquanto PME, dizem respeito, “essencialmente, às burocracias existentes a nível institucional”, defendendo, a este propósito, a “existência de mecanismos que permitissem, com base na realidade, necessidade e importâncias dos factos, bloquear e desburocratizar os processos”.

Austrália, Nova Zelândia, Angola, Brasil e Rússia são os cinco países que já manifestaram interesse em representar a marca.

Soraya Gadit é CEO e fundadora da tecnológica Inocrowd.

Óscar Meireles é administrador da Quinta da Lixa que vende para 28 países e facturou, em 2012, cinco milhões de euros.

Foto cedida por Inocrowd

Quinta da Lixa aposta na internacionalização

5

Inocrowd frisa falta de financiamento e defende mais estímulos à inovação

5%

10%

Foto cedida por Quinta da Lixa

A Inocrowd defende que a TSU sobre as empresas não deveria ultrapassar os 10%

A Inocrowd é uma empresa inovadora e que está a dar cartas lá fora, sobretudo no Chile, onde ganhou o prémio Start Up Chile. Está, também, desde 2011, no Brasil e a “avaliar oportunidades no México e Colômbia”, confessa Soraya Gadit, CEO e fundadora da empresa que tem ganho a aposta na internacionalização. Porém, o sucesso não a torna alheia aos problemas com que se confrontam a generalidade das PME. Para a responsável, “existem dificuldades de financiamento na banca, não existem verdadeiras capitais de risco e ‘business angels’, há falta de tesouraria, os alugueres de espaço para implementar as PME são muito onerosos e os serviços de telecomunicações são muito dispendiosos”. A CEO da Inocrowd defende que “deveria haver mais estímulo para as PME apostarem continuamente em inovação e formação dos seus gestores e empregados”. Considera que as “grandes empresas deveriam ter incentivos por contratarem serviços às PME recém-criadas e incentivos fiscais para ajudar na exportação e internacionalização”. Soraya Gadit defende “um período de carência entre um e dois anos e taxas de juro mais baixas que as aplicadas às grande empresas”. Acredita que “o Estado poderia servir de garantia para os bancos que financiassem essas PME” e frisa que “a TSU não deveria ultrapassar os 10% e que o IRC deveria baixar para os 15%”.


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