FACULDADE NOSSA SENHORA DE LOURDES
A AUTONOMIA NA ESCOLHA DE LEITURA E A LEITURIZAÇÃO E LETRAMENTO DAS CRIANÇAS DA UNIDADE DE EDUCAÇÃO INFANTIL-UEI DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE-UFCG
VERA LÚCIA DIAS DE OLIVEIRA
CAMPINA GRANDE – PB 2012
VERA LÚCIA DIAS DE OLIVEIRA
A AUTONOMIA NA ESCOLHA DE LEITURA E A LEITURIZAÇÃO E LETRAMENTO DAS CRIANÇAS DA UNIDADE DE EDUCAÇÃO INFANTIL-UEI DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE-UFCG
Projeto de dissertação encaminhado ao ao Curso de Especialização em Educação e Desenvolvimento e Políticas Educativas com Acesso ao Mestrado em Ciências da Educação da Faculdade Nossa Senhora de Lourdes e Centro Integrado de Tecnologia e Pesquisa – CINTEP, para a conquista do título de Mestre.
CAMPINA GRANDE – PB 2012
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO 03
2
PROBLEMA 08
3
ENQUADRAMENTO 12
3.1
Origem 12
de
leiturização
e
letramento
3.2
Origem 18
de
leiturização
e
letramento
3.3
Características 28
4
PROBLEMÁTICA 37
4.1
Objeto 37
de
Estudo
4.2
Pergunta 37
da
Pesquisa
4.3
Objetivos 37
4.3.1
Objetivo 37
4.3.2
Objetivos 37
5
PROCEDIMENTOS 38
5.1
Tipo 38
5.2
Universo 38
5.3
Instrumentos 39
TEÓRICO
de
leiturização
Geral Específicos METODOLÓGICOS de e
Estudo
Sujeitos para
Coleta
da
Pesquisa de
Dados
3
5.4
Procedimentos 40
e
Analise
dos
Dados
REFERÊNCIAS 41
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Vera Lúcia Dias de Oliveira
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INTRODUÇÃO O presente projeto desenvolveu-se através de minha experiência como
professora da Unidade de Educação Infantil- UEI da Universidade Federal de Campina Grande- UFCG, com o intuito de incentivar o contato das crianças com as mídias impressas e tecnológicas o mais cedo possível, e, por conseguinte, como forma de estimular o prazer pela leitura. A forma prática dessa experiência consiste na apresentação de resultados do empréstimo diário de livros que são levados para casa pelos pais e alunos, visando o processo da lectoescrita (aquisição da leitura e da escrita) e habilidades inerentes ao universo linguistico e literário. Neste sentido, investigar a aprendizagem da leitura e escrita das crianças que frequentemente fazem empréstimo de livros e crianças que fazem uso esporádico na Unidade de Educação Infantil. A experiência de leitura diária tem como objetivo sensibilizar pais e professores a explorarem o universo literário infantil, enriquecendo o ambiente escolar e familiar. Nesse sentido, ajudamos a criança a descobrir esse universo cheio de vida e fantasia, através de diversos tipos de gêneros como: músicas, poesias, livros, gibis, outdoor, brincadeiras populares e jogos como trava-língua, parlendas, pinturas, objetos e outros. Com isto, acreditamos contribuir para que a criança se aproprie dos símbolos e marcas gráficas linguísticas. Com esta experiência percebi os avanços das crianças no processo da lectoescrita com o empréstimo diário de livros e o incentivo dos pais e da escola nesse processo. Bem como as dificuldades das crianças que não fazem o empréstimo e não são estimuladas em casa. Há muito desejava pesquisar o processo da lectoescrita, leiturização e o letramento no processo da aprendizagem
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Introdução
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do aluno. Neste Sentido, Razão da minha escolha desse tema para a minha dissertação de mestrado. No Brasil a nossa língua trata-se de um sistema alfabético. Codificado que permitirá que pessoas possam se comunicar por escrito. Quando assumimos a escrita em sua totalidade, temos, o conhecimento sobre as diferentes formas de discurso: as diferentes circunstâncias de uso e os diferentes formatos que podem tomar os textos escritos. Do mesmo modo, a fala tem seu código próprio que nos permite comunicar-se com o outro em determinado contexto, ao admitirmos a fala em sua totalidade temos vícios de linguagem, gírias, dialeto, gestos, entonação da voz, e a expressão. Neste contexto, a leitura tem seu código, considerando em sua totalidade temos a escrita, a imagem, marcas gráficas, coesão e coerência, e a utilizamos para nos informar, divertir e conhecer. Se adotarmos em separado de seu uso, tratamos o sistema alfabético como um código e se transforma em uma habilidade, uma técnica. É fundamental utilizar a linguagem em sua totalidade para o processo de comunicação na língua de todo processo de aprendizagem, o código alfabético passa a ser um sistema de representação real e global se considerar o contexto no qual ela esta inserida. A língua em sua totalidade para Bakhtin (1986), a língua não pode ser compreendida isoladamente, fora de seu contexto social, enfocando a importância dos fatores extralinguísticos para seu entendimento, ultrapassando a visão da língua como um sistema. Para Bakhtin, o signo ideológico por excelência é a palavra, sendo uma ponte entre uns e outros indivíduos envolvidos nas comunicações sociais. Para Vygotsky, compreender a fala de outrem não basta entender as suas palavras – temos que compreender o seu pensamento. Mas nem mesmo isso é suficiente – também é preciso que conheçamos a sua motivação. Nenhuma análise psicológica de um enunciado estará completa antes de se ter atingido esse plano (VYGOTSKY, 2000, p. 130).
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Introdução
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Neste sentido, as crianças ingressam no universo linguístico e a um sistema aberto fazendo uso dele em sua totalidade, lendo, produzindo texto, dialogando, representando, mesmo que ainda não seja de acordo com as convenções desse sistema, mas em sua totalidade, sobre o sistema de representação e as formas que ganha esse sistema dependendo do uso que fazemos dele, cria vida e a aprendizagem dinâmica e significativa. Segundo Bakhtin, a evolução semântica na língua é sempre ligada à evolução do horizonte apreciativo de um dado grupo social e a evolução do horizonte apreciativo - no sentido da totalidade de tudo que tem sentido e importância aos olhos de determinado grupo – é inteiramente determinada pela expansão da infraestrutura econômica. À medida que a base econômica se expande, ela promove uma real expansão no escopo de existência que é acessível, compreensível e vital para o homem... Os novos aspectos da existência, que foram integrados no círculo do interesse social, que se tornaram objetos da fala e da emoção humana, não coexistem pacificamente com os elementos que se integraram à existência antes deles... Uma nova significação se descobre na antiga e através da antiga, mas a fim de entrar em contradição com ela e de reconstruí-la [...] a sociedade em transformação alarga-se para integra o ser em transformação. Nada pode permanecer estável nesse processo (BAKHTIN, 1986, p. 135). A prática da leitura doméstica não só estimula a leitura por parte da criança. Esse estímulo também acontece em relação à prática da escrita, uma vez que ela se sente estimulada para produzir os seus próprios livros escrevendo, como são capazes de fazer, e ilustrando tanto as suas próprias histórias como a reprodução das histórias contida nos livros. As histórias lidas em casa também são utilizadas para o exercício das artes plásticas e cênicas; na escola na medida em que a criança constrói cenários e outros elementos representativos, dessas histórias, utiliza-os em duas perspectivas. A primeira consiste em dramatizar a própria história do livro bem como, poesia, cordel ou gibi lido. A segunda consiste em inovar e representar Autonomia na Escolha de Leitura e a Leiturização e Letramento das Crianças da Unidade de Educação Infantil – UEI da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG. UFCG.
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Introdução
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certos episódios ou situações contidas numa história lida. Também consiste em ilustrar, concretizar ou justificar uma constatação possibilitada no estudo de certo conteúdo. Isto significa dizer que as leituras de livros ou de gibis realizadas pelas crianças na UEI. São aproveitadas no ensino e na aprendizagem dos diferentes conteúdos específicos pertencentes aos da educação infantil. Segundo Foucambert (2008), para aprender a ler, a criança deve ser colocada em situações que reúnam as condições de uma leitura verdadeira e nas quais ela exerça uma atividade de leitura verdadeira para ela. Só se aprende porque se está lendo. Portanto, a aprendizagem da leitura e da escrita depende do envolvimento pedagógico e os meios utilizados para uma aprendizagem significativa estes são pontos de partida para formar crianças competentes, leitoras, contadoras de histórias, escritoras, poetisas, artistas, pintores, escultores, etc. só alcançaremos esses objetivos através da interação com o mundo e diversos portadores do universo linguístico de forma funcional e natural. Quando a criança chega à escola ela sabe contar histórias, relatar fatos e experiências, esta habilidade e a riqueza e diversidade que ela encontra no mundo ela poderá encontrar na escola ao interagir com o outro, com os objetos, livros e os conteúdos próprios da educação. Soares afirma [...] A criança que ainda não se alfabetizou, mas já folheiam livros, fingem Lê-los, brinca de escrever, ouve historia que lhe são lidas, está rodeada de material escrito e percebe seu uso e função, essa criança ainda é “analfabeta” porque ainda não aprendeu a Ler e a escrever, mas já penetrou no mundo do letramento, já é de certa forma, letrada [...]. (SOARES, 2009, p. 24). Portanto, a aprendizagem da leitura e da escrita depende do envolvimento pedagógico e os meios utilizados para uma aprendizagem significativa estes são pontos de partida para formar crianças competentes, leitoras, contadoras de histórias, escritoras, poetisas, artistas, pintores, escultores, etc. só alcançaremos
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Introdução
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esses objetivos através da interação com o mundo e diversos portadores do universo linguístico de forma funcional e natural. Quando a criança chega à escola ela sabe contar histórias, relatar fatos e experiências, esta habilidade e a riqueza e diversidade que ela encontra no mundo ela poderá encontrar na escola ao interagir com o outro, com os objetos, livros e os conteúdos próprios da educação. Assim, o texto sempre tem um objetivo e, o seu discurso vai estar em uma dada situação comunicativa envolvendo a intenção do falante. Nesse contexto a presente pesquisa tem como objetivo compreender os efeitos da autonomia da escolha do tipo de leitura na leiturização e letramento das crianças da Unidade de Educação Infantil-UEI da Universidade Federal de Campina Grande-UFCG. Fundamentando-se nos conceitos dos autores Jean Foucambert que conceitua Leiturização, Magda Soares que define Letramento, conceitos necessários para incluir o leitor no universo linguistico, literário e cultual, Bakhtin língua e linguagem e Vygotsky pensamento e linguagem. Destarte o presente estudo proposto almeja abordar as práticas da autonomia da aprendizagem na referida escola com intuito de investigar se são vistas e aplicadas as normas conceituais de um desenvolvimento autentico da independência do pensar que aprenderá a ver, jugar e agir mediante os diversos desafios da vida. O que gera uma meta abrangente a ser explorada na educação como um todo. Entende-se que a educação nunca deve parar e sua reformulação também não, cabe ao educador, vigiar e perseguir o aperfeiçoamento de sua função de formar mentes pensantes.
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PROBLEMA Os professores encontram-se, ainda, em processo de inclusão digital e
ainda não usam a leitura de forma prazerosa e sim como uso formal da leitura fatos que comprometem a mediação pedagógica. Em geral, no Brasil, os professores não contribuem com o processo de leiturização do aluno Como usar os recursos tecnológicos e mediáticos no contexto escolar da primeira etapa da educação básica, nas ruas, em casa e redes sociais, utilizando as mídias impressas, os OVA - Objetos Virtuais de Aprendizagem, as TIC- Tecnologias da Informação e Comunicação, que podem ter o papel de facilitar e promover conhecimentos significativos no processo do letramento, bem como, na construção do conhecimento e instrumentos para uma nova forma de educar, estimular as múltiplas inteligências, facilitar o processo educacional e o letramento. Segundo Foucambert, para aprender a ler, a criança deve ser colocada em situações que reúnam as condições de uma leitura verdadeira e nas quais ela exerça uma atividade de leitura verdadeira para ela. Só se aprende porque se está lendo. (FOUCAMBERT, 2008, pag. 57) Conhecer as características do desenvolvimento afetivo, cognitivo, físico e social do aluno é de suma importância para o educador, podendo assim identificar e acompanhá-las em suas etapas. Só assim ele será capaz de perceber os seus sentimentos,
desejos,
gestos,
emoções
pensamentos,
sua
alegria,
seus
comentários, opiniões e questionamentos diante de situações do cotidiano, dramatizações. Desta forma, aproximar o aluno com a literatura, torna-se prazerosa, afetiva, aumenta a intimidade, compartilha dificuldades e avanços, troca experiências, promovendo momentos maravilhosos que favorece sua formação. Soares afirma [...] A criança que ainda não se alfabetizou, mas já folheiam livros, fingem Lê-los, brinca de escrever, ouve historia que lhe são lidas, está rodeada de material escrito e percebe seu uso e função, essa criança ainda é “analfabeta”
porque ainda não aprendeu a Ler e a escrever, mas já penetrou no
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PROBLEMA
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mundo do letramento, já é de certa forma, letrada [...]. (SOARES, 2009, p. 24). Encontrar formas de encantar um leitor não é meta só da educação infantil, deveria ser do ensino fundamental, médio e também do ensino superior. Pois o estímulo que alguns estabelecimentos de ensino dão aos leitores deixa a desejar. Ainda não alcançamos um país de leitores, com tantos escritores, politicas do livro, leitura e literatura; livros impressos e digitais a cada ano. O que existe ainda é o aluno ler os livros indicados pelos currículos de ensino e os professores cobrarem a leitura através de provas e resumo sobre o livro lido. Este é o tratamento que se dá sobre a literatura ainda hoje no Brasil. Mudar essa prática e encontrar novas possibilidades de encantar os alunos é função de todos. Os contextos que vivemos atualmente de globalização da informação e conhecimento, em que com um só click podemos conhecer o museu do Louvre, ou uma cidade inteira, em contra partida as escolas continuam com aulas monótonas, orais e escritas. Para
Lévy,
o
hipertexto
ou
a
multimídia
interativa
adequam-se
particularmente aos usos educativos. É bem conhecido o papel fundamental de envolvimento pessoal do aluno no processo de aprendizagem. Quanto mais ativamente uma pessoa participar da aquisição de um conhecimento, mais ela irá integrar e reter aquilo que aprender. Ora, a multimídia interativa, graças a sua dimensão reticular ou não linear, favorece uma atitude exploratória, ou mesmo lúdica, face ao material a ser assimilado. É, portanto, um instrumento bem adaptado a uma pedagogia ativa. (LÉVY, 2010, p.30). A quebra dos estereótipos educacional é fundamental hoje no contexto educacional desde a educação infantil a primeira etapa da educação básica até o ensino final da educação básica.
Remete os alunos a novas possibilidades e
visualizações acerca do mundo em que vivem e ainda oferece possibilidades de aproveitar cada momento intensamente para criar, formar, reformular seus conceitos para que ele possa agir e interatuar no mundo. Autonomia na Escolha de Leitura e a Leiturização e Letramento das Crianças da Unidade de Educação Infantil – UEI da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG. UFCG.
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PROBLEMA
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Um professor contagiado pelo universo literário e o uso das tecnologias como recursos para o desenvolvimento e aprendizagem no contexto da sala, contagia seus alunos para o resto de suas vidas. De acordo com Olga Pombo (1995) O significado mais profundo de todos os modos de associação humana assenta na contribuição que é dada para a melhoria da qualidade da experiência e é um facto muito mais evidente quando se trata de associações de jovens. Isto significa que enquanto qualquer arranjo social é educativo tendo em conta o efeito que produz, este efeito educativo torna-se primeiro uma parte importante dos objetivos da associação conjuntamente com a associação dos mais velhos com os mais novos. À medida que as sociedades se tornam mais complexas em termos de estruturas e recursos, aumenta a necessidade de um ensino e aprendizagem formal ou intencional. (POMBO, 1995, p.96) À medida que o ensino formal vai sendo alargado, existe o perigo de criar um distanciamento indesejável entre a experiência adquirida através de associações mais diretas e aquilo que é aprendido na escola. Este perigo nunca foi tão grande como agora, devido ao rápido crescimento em termos de conhecimentos e aptidões tecnológicas dos últimos séculos. (POMBO, 1995, p.96) Dependendo dos estímulos adquiridos desde o nosso nascimento é que alcançamos as inteligências, deste modo devemos oferecer uma ampla variedade de meios a serem ensinados, os conceitos de mundo e pertencentes aos conteúdos da educação e especificamente dos conteúdos linguísticos. De acordo com Soares do ponto de vista social, o alfabetismo não é apenas, nem essencialmente, um estado ou condição pessoal; é, sobretudo, uma prática social: o alfabetismo é o que as pessoas fazem com as habilidades e conhecimentos de leitura e escrita, em determinado contexto, e é a relação estabelecida entre essas habilidades e conhecimentos e as necessidades, valores e as praticas sociais. Em outras palavras, o alfabetismo não se limita pura e simplesmente à posse individual de habilidades e conhecimentos; implica também, Autonomia na Escolha de Leitura e a Leiturização e Letramento das Crianças da Unidade de Educação Infantil – UEI da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG. UFCG.
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PROBLEMA
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e talvez principalmente, em um conjunto de praticas sociais associadas com a leitura e a escrita, efetivamente exercidas pelas pessoas em um contexto social específico. (SOARES, 2008, pag.33.) Conhecer as características do desenvolvimento afetivo, cognitivo, físico, cultural e social da criança é de suma importância para o educador, podendo assim identificar e acompanhá-las em suas etapas. Só assim ele será capaz de perceber os seus sentimentos, desejos, gestos, emoções pensamentos, sua alegria, seus comentários, opiniões e questionamentos diante de situações do cotidiano, dramatizações. Desta forma, a aproximação com o aluno e a literatura, torna-se prazerosa, afetiva, aumenta a intimidade, compartilha dificuldades e avanços, troca experiências, promovendo momentos maravilhosos que favorece sua formação. Para Foucambert, a criança aprende durante e através do exercício da atividade em uma situação funcional, quer dizer, em uma situação em que todas as condições estão reunidas para que a verdadeira atividade possa ser exercida. [...] se a situação for uma situação de leitura o que a criança exercita é um comportamento de leitor, no nível de uma resposta que ela é capaz de dar, que evoluirá e que não cessa de evoluir enquanto ela ler. Se a situação não é uma situação verdadeira de leitura, a criança não aprenderá uma leitura verdadeira; uma situação de aprendizagem não pode ser uma situação truncada; é uma situação de vida, se não, permitirá uma aprendizagem truncada. (FOUCAMBERT, 2008, pag.57)
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ENQUADRAMENTO TEÓRICO
3.1
Definição de leiturização e letramento A leitura de mundo se dá através de estímulos auditivos desde a fase
intrauterina e ao nascer a criança passa a adquirir o contato com imagens coloridas, objetos, contatos afetivos, tato, sons, conquistando sua linguagem. Quando chega à escola ela sabe contar histórias, relatar fatos e experiências, porém esta habilidade ainda esta longe da riqueza e diversidade que ela pode encontrar em seu cotidiano e convívio social, na escola ao interagir com o outro, com os objetos, livros e os conteúdos próprios da educação infantil, lugar este que deveria ser rico ou parecido com o ambiente fora da escola. Onde ela possa vivenciar atividades de vida pratica, faz de conta, dramatizações, contextualizar e vivenciar as histórias, música, pinturas, poesias, trava-línguas, sem utilizar atividades e métodos de ensino da linguagem. Jean Foucambert define leiturização, O nível de leitura depende, no mínimo, tanto do papel que o sistema social entende dar à leitura quanto das praticas pedagógicas propriamente ditas. É ilusório acreditar que técnicas novas podem modificar profundamente comportamentos (aqui, uma maneia de ser leitor), independente de transformações, na mesma direção, dos elementos exteriores a pedagogia: trata-se de um combate a ser travado em uma longa frente de batalha. (FOUCAMBERT, 2008, p. 22). No Brasil existem planos de leitura para todos, as políticas publicas para a leitura, livro e literatura intensificaram desde o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em que convocou os ministérios da educação e da cultura há , intensificar e desenvolver um plano de leitura para todos o PNLL – Plano Nacional do livro e leitura - é um conjunto de projetos, programas, atividades e eventos na área do livro, leitura, literatura e bibliotecas em desenvolvimento no país, empreendidos pelo Estado (em âmbito federal, estadual e municipal) e pela Autonomia na Escolha de Leitura e a Leiturização e Letramento das Crianças da Unidade de Educação Infantil – UEI da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG. UFCG.
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Enquadramento Teórico
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sociedade. A prioridade do PNLL é transformar a qualidade da capacidade leitora do Brasil e trazer a leitura para o dia-a-dia do brasileiro. os objetivos e metas: O objetivo central da Política de Estado aqui delineada é o de assegurar e democratizar o acesso à leitura e ao livro a toda a sociedade, com base na compreensão de que a leitura e a escrita são instrumentos indispensáveis na época contemporânea para que o ser humano possa desenvolver plenamente suas capacidades, seja individual ou coletivamente. Há a convicção de que somente assim é possível que, na sociedade da informação e do conhecimento, o indivíduo exerça de maneira integral seus direitos, participe efetivamente dessa sociedade, melhore, em amplo sentido, seu nível educativo e cultural, fortaleça os valores democráticos, seja criativo, conheça os valores e modos de pensar de outras pessoas e culturas e tenha acesso às formas mais verticais do conhecimento e à herança cultural da humanidade. Trata-se de intensa valorização dos caminhos abertos ao indivíduo pela cultura escrita, sem que se deixe de reconhecer e se tente apoiar e preservar a cultura oral de nosso povo. Busca-se criar condições necessárias e apontar diretrizes para a execução de políticas, programas, projetos e ações continuadas por parte do Estado em suas diferentes esferas de governo e também por parte das múltiplas organizações da sociedade civil, lastreada em uma visão republicana de promoção da cidadania e inclusão social e segundo estratégias gerais para o desenvolvimento social e de construção de um projeto de nação que suponha uma organização social mais justa. (Fonte: PNLL, acesso em 13 de Julho de 2012.). Soares define o letramento como estado ou condição de quem não apenas sabe ler e escrever, mas cultiva e exerce as praticas sociais que usam a escrita. Alfabetizar e letrar como duas ações distintas, mas não inseparáveis, ao contrario: o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja: ensinar a ler e escrever no contexto das praticas sociais da leitura e escrita, de modo que o individuo se tornasse, ao mesmo tempo, alfabetizado e letrado. (SOARES, 1998, p. 47).
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Enquadramento Teórico
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Para Soares a palavra letramento é uma tradução para o português da palavra inglesa literacy; os dicionários definem assim essa palavra: Litera = palavra latina = letra
+ CY: sufixo indica: qualidade, condição,
estado. Exemplo:
innocency, condição de inocente. Traduzindo a definição, literacy é a “condição de ser letrado” - dando a palavra “ letrado” sentido diferente daquele que vem tendo em português. Que é letrado: versado em letras, erudito e iletrado: que não tem conhecimento literário. Magda Soares em um artigo publicado na revista Educação e Sociedade da Unicamp, em 2002, trazem novas definições sobre letramento para ela o plural no subtítulo conceitos de letramento – conceitos, explica-se pela imprecisão que, na literatura educacional brasileira, ainda marca a definição de letramento, imprecisão compreensível se considera que o termo foi recentemente introduzido nas áreas das letras e da educação. (SOARES, 2002, p.1). Para Soares, não há, propriamente, uma diversidade de conceitos, mas diversidade de ênfases na caracterização do fenômeno. Há autores que consideram que letramento são as práticas de leitura e escrita. Segundo Kleiman (1995, p. 19): “Podemos definir hoje o letramento como um conjunto de práticas sociais que usam a escrita, enquanto sistema simbólico e enquanto tecnologia, em contextos específicos, para objetivos específicos”. Em texto posterior, a autora declara entender letramento “como as práticas e eventos relacionados com uso, função e impacto social da escrita” (id, 1998, p. 181). (SOARES, 2002, id, p.1). Para Soares, Nessa concepção, letramento são as práticas sociais de leitura e escrita e os eventos em que essas práticas são postas em ação, bem como as consequências delas sobre a sociedade. Já Tfouni (1988, p. 16), em obra que foi uma das primeiras a não só utilizar, mas também a definir o termo letramento, conceitua-o em confronto com alfabetização, conceito que reafirma em obra posterior: “Enquanto a alfabetização ocupa-se da aquisição da escrita por um indivíduo, ou grupo de indivíduos, o letramento focaliza os aspectos sócio históricos da aquisição de um sistema escrito por uma sociedade” (id, 1995, p. 20).
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A autora reafirma essa diferença entre alfabetização e letramento insistindo no caráter individual daquela e social deste: A alfabetização refere-se à aquisição da escrita enquanto aprendizagem de habilidades para leitura, escrita e as chamadas práticas de linguagem. Isso é levado a efeito, em geral, por meio do processo de escolarização e, portanto, da instrução formal. A alfabetização pertence, assim, ao âmbito do individual. (SOARES, 2002, p.1). De acordo com, para Tfouni, letramento são as consequências sociais e históricas da introdução da escrita em uma sociedade, “as mudanças sociais e discursivas que ocorrem em uma sociedade quando ela se torna letrada” (1995, p. 20). Conclui-se que Tfouni toma, para conceituar letramento, o impacto social da escrita, que, para Kleiman, é apenas um dos componentes desse fenômeno; Kleiman acrescenta a esse outros componentes: também as próprias práticas sociais de leitura e escrita e os eventos em que elas ocorrem compõem o conceito de letramento. Em ambas as autoras, porém, o núcleo do conceito de letramento são as práticas sociais de leitura e de escrita, para além da aquisição do sistema de escrita, ou seja, para além da alfabetização. (SOARES, 2002, p.2). No entanto, para Soares, embora mantendo esse foco nas práticas sociais de leitura e de escrita, este texto fundamenta-se numa concepção de letramento como sendo não as próprias práticas de leitura e escrita, e/ou os eventos relacionados com o uso e função dessas práticas, ou ainda o impacto ou as consequências da escrita sobre a sociedade, mas, para além de tudo isso, o estado ou condição de quem exerce as práticas sociais de leitura e de escrita, de quem participa de eventos em que a escrita é parte integrante da interação entre pessoas e do processo de interpretação dessa interação – os eventos de letramento, tal como definidos por Heath (1982, p. 93): “A literacy event is any occasion in which a piece of writing is integral to the nature of participant’s interactions and their interpretive processes.” (Um evento de letramento é qualquer situação em que um portador qualquer de escrita é parte integrante da natureza das interações entre os participantes e de seus processos de interpretação.) Ou
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seja: coerentemente com o conceito apresentado em Soares (1998b), letramento é, na argumentação desenvolvida neste texto, o estado ou condição de indivíduos ou de grupos sociais de sociedades letradas que exercem efetivamente as práticas sociais de leitura e de escrita, participam competentemente de eventos de letramento. (SOARES, 2002, p.2). Neste contexto, Soares, explica, letramento é, nesta concepção, o contrário de analfabetismo (razão pela qual a palavra alfabetismo tem sido frequentemente usada em lugar de letramento, e seria mesmo mais vernácula que esta última). Se analfabetismo é, como habitualmente definido nos dicionários, o estado de analfabeto (cf. Michaelis, Moderno dicionário da língua portuguesa), o estado ou condição de analfabeto (cf. Novo Aurélio Século XXI e Dicionário Houaiss da língua portuguesa), o contrário de analfabetismo – alfabetismo ou letramento – é o estado ou condição de quem não é analfabeto. Aliás, na própria formação da palavra letramento está presente a idéia de estado: a palavra traz o sufixo -mento, que forma substantivos de verbos, acrescentando a estes o sentido de “estado resultante de uma ação”, como ocorre, por exemplo, em acolhimento, ferimento, sofrimento, rompimento, lançamento; assim, de um verbo letrar (ainda não dicionarizado, mas necessário para designar a ação educativa de desenvolver o uso de práticas sociais de leitura e de escrita, para além do apenas ensinar a ler e a escrever, do alfabetizar), forma-se a palavra letramento: estado resultante da ação de letrar. (SOARES, 2002, p.3). Assim, Soares define um novo conceito sobre Letramento, No quadro desse conceito de letramento, o momento atual oferece uma oportunidade extremamente favorável para refiná-lo e torná-lo mais claro e preciso. É que estamos vivendo, hoje, a introdução, na sociedade, de novas e incipientes modalidades de práticas sociais de leitura e de escrita, propiciadas pelas recentes tecnologias de comunicação eletrônica – o computador, a rede (a web), a Internet. ( (SOARES, iden, 2002, p.3).
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De acordo com Soares, É, assim, um momento privilegiado para, na ocasião mesma em que essas novas práticas de leitura e de escrita estão sendo introduzidas. Captar o estado ou condição que estão instituindo: um momento privilegiado para identificar se as práticas de leitura e de escrita digitais, o letramento na cibercultura, conduzem a um estado ou condição diferente daquele a que conduzem as práticas de leitura e de escrita quirógrafas e tipográficas, o letramento na cultura do papel. Uma compreensão mais clara deste último pode advir de seu confronto e contraste com o primeiro, replicando, em sentido inverso, Ong (1986), quando busca compreender o letramento pela via de seu confronto e contraste com a cultura oral. (SOARES, 2002, p. 4). Da oralidade à escrita, Ong (1986) enfatiza a dificuldade que temos, as mentes letradas, de entender a oralidade primária, porque a tecnologia da escrita está tão profundamente internalizada em nós que nos tornamos incapazes de separá-la de nós mesmos, e assim não conseguimos perceber sua presença e influência – não temos consciência da natureza do fenômeno do letramento, temos dificuldade de captar as características do estado ou condição de ser “letrado”, porque vivemos imersos nele. Para vencer essa dificuldade, Ong procura compreender o letramento na cultura do papel pela identificação das diferenças entre sociedades ágrafas e sociedades letradas, confrontando o mundo da oralidade primária com o mundo letrado. (SOARES, iden, 2002, p.4). Atualmente a educação, precisa encontra novas formas de ensinar e novos estilos para desenvolver o conhecimento, aprendizagem e as habilidades dos alunos. Com um mundo globalizado, os ciberespaços, redes sociais e as ticstecnologias da informação e comunicação, onde em um só clique a podemos trocar experiências, pesquisar e utilizar mídias digitais e mídias impressas para transformar a escola de ontem. Para Soares, a escrita na cultura da tela – na cibercultura, o confronto entre tecnologias tipográficas e digitais de escrita e seus diferenciados efeitos sobre o estado ou condição de quem as utiliza, sugere que se pluralize a palavra
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letramento e se reconheça que diferentes tecnologias de escrita criam diferentes letramentos. Na verdade, essa necessidade de pluralização da palavra letramento e, portanto, do fenômeno que ela designa já vem sendo reconhecida internacionalmente, para designar diferentes efeitos cognitivos, culturais e sociais em função ora dos contextos de interação com a palavra escrita, ora em função de variadas e múltiplas formas de interação com o mundo – não só a palavra escrita, mas também a comunicação visual, auditiva, espacial. (SOARES, 2002, p.6) Segundo Lévy, o texto contemporâneo, alimentando correspondência on line e conferências eletrônicas, correndo em redes, fluido, desterritorializado, mergulhado no meio oceânico do ciberespaço, esse texto dinâmico reconstitui, mas de outro modo e numa escala infinitamente superior, a copresença da mensagem e de seu contexto vivo que caracteriza a comunicação oral. (LÉVY, 2009, p.39).
3.2
Origem da leiturização e letramento A existência da leitura e da escrita distingue-se como um marco das
formas de expressão, primeiro da linguagem oral passada de geração a geração em, em seguida desenhos escritos nas paredes de cavernas, a linguagem oral registradas em pedras, papiros a capacidade de o individuo registrar a História e representar a fala ou ideias, ser aprendida e decodificada pelas interações humano, e entendimento de mundo, ultrapassar fronteiras, descobrir os limites geográficos, sobreviver a batalhas, épocas, construir ou desconstruir culturas, universalizar religiões, ideias, pensamentos, sofrer mutações pelas mais diversas causas. Descobrir que o homem constrói e reconstrói seus pensamentos e conceitos no meio em que vive Segundo Mendonça, na Idade Antiga surgiu o alfabeto e a primeira técnica de ensino era feito por meio da soletração, também conhecido alfabético ou ABC. Este procedimento acontecia de forma lenta, primeiro eram apresentadas as 24 letras do alfabeto grego nas quais os indivíduos decoravam todas as letras (alfa, Autonomia na Escolha de Leitura e a Leiturização e Letramento das Crianças da Unidade de Educação Infantil – UEI da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG. UFCG.
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beta, gama etc.), tanto na ordem como no sentido inverso. Depois de decoradas as letras conheciam a forma gráfica, depois de memorizadas passava para o valor sonoro para poder ter a representação escrita das letras. Em seguida eram apresentadas as letras minúsculas e as maiúsculas em colunas, e por fim mostravam as sílabas. Segundo Platão depois de quatros anos usando este método aprendia-se a ler (MENDONÇA, 2008, p. 9). Neste contexto, segundo Lévy, a forma canônica do tempo nas sociedades sem escrita é o circulo. Evidentemente, isto não significa dizer que não haja qualquer consciência de sucessão ou irreversibilidade nas culturas orais. Além do mais, especulações importantes sobre o caráter cíclico do tempo ocorreram em civilizações que possuíam a escrita, como na índia ou na Grécia antiga. Queremos apenas enfatizar aqui que um certo tipo de circularidade cronológica é secretado pelos atos de comunicação que ocorreram majoritariamente nas sociedades orais primarias. (LÉVY, 2010, p. 83) Desde as civilizações primitivas que utilizam e inventam novas formas de comunicações, ate os dias atuais com as novas tecnologias que se renovam a um piscar de olhos, o homem encontra novas formas de se relacionar e comunicar com o outro e utilizam a fala, a escrita e os meios analógicos e digitais para se comunica. Neste período quem dominava a técnica da escrita em geral também dominava a técnica da leitura. No entanto o inverso nem sempre ocorria. Neste período era comum reis, magistrados, príncipes, generais e altos expoentes das hierarquias religiosas soubessem ler, mas não soubessem escrever. Ou que soubessem escrever somente o básico para exercer o poder político, militar e religioso. Neste sentido o papel social de escrever textos tábuas (tabletas) de argila, numa folha de papiro, numa estela ou num rolo de papiro, era do escriba. Essa era a divisão social milenar, estendendo-se pelos séculos que sucederam à derrocada das civilizações antigas, alcançando a Idade Média.
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Segundo Chartier, [...] é nas comunidades cristãs que o codex substitui mais precocemente e mais maciçamente o rolo: desde o século II todos os manuscritos da Bíblia encontrados são codex escritos sobre papiros, e 90% dos textos litúrgicos e hagiográficos dos séculos II a IV que nos chegaram às mãos possuem a forma de codex. (CHARTIER, 1994, P. 101). Para Lévy (2010), desde suas origens mesopotâmicas, o texto é um objeto, virtual, abstrato, independente de um suporte especifico, essa entidade virtual atualiza-se em múltiplas versões, traduções, edições exemplares e copias. Ao interpretar, ao dar sentido ao texto aqui e agora, o leitor leva adiante essa cascata de atualizações. Falo especificamente de atualizações no que diz respeito à leitura. (LÉVY 2010, p.35). Em cada época o homem encontrou um suporte material para escrever seus pensamentos e conhecimento do mundo, enfim, escrever sua história. Foi essa possibilidade de criação, espaço- temporal no contexto histórico que permitiu o homem separar processo de produção e conhecimento. De acordo com Bakhtin, as atividades humanas, por mais variadas que sejam, estão sempre relacionadas com o uso da língua. A língua concretiza nossos enunciados, sejam eles orais ou escritos, concretos e únicos, que emanam dos integrantes de uma ou outra esfera da atividade humana. O enunciado reflete as condições específicas e as finalidades de cada uma dessas esferas, não só pelo conteúdo temático e estilo verbal, mas também, e principalmente pela construção composicional. (BAKHTIN, 2003, p. 262). Não se pode negar a contribuição da civilização grega mesmo com a divisão social, surgirão filósofos, matemáticos, poetas, dramaturgos e outros sábios, que também eram cidadãos, podiam contar com os préstimos de discípulos anônimos e escravos hábeis em alguma arte principalmente a da escrita, da oratória, Também, as atividades intelectuais nas academias gregas, o que era comum um mestre, luminar, rodeado de discípulos sequiosos pelos prazeres do
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dialogo dos mestres, filósofos e um dos mais ilustres a meu ver foi Sócrates e seus escritos foram copilados por seus discípulos que graças a eles existem ate hoje. Segundo Manguel, Na Antiguidade, livros e bibliotecas tiveram um grande papel na conservação do legado cultural sistematizado até então. A biblioteca de Alexandria fora um exemplo de preservação do escrito. Fundada no ano 310 a.C., no reinado de Ptolomeu I, chegou a dispor de meio milhão de rolos, o que dificultou a localização de títulos desejados para leitura, cujas causas principais eram a falta de catalogação das obras e de título formal para as obras: ― [...] a maioria dos livros não tinha título formal, dava-se a eles um título descritivo ou usavam-se as primeiras palavras do texto para designar o livro‖ (MANGUEL 1997, p. 221). Na idade média, surge uma nova era da história da leitura. Com o desenvolvimento da alfabetização, eclodiam as práticas de escrita e as práticas de leitura antes separadas, aproximaram-se em função uma da outra: lê-se para escrever e escreve-se para leitores. A escola agora é vista como o principal espaço onde se dará o ensino da leitura. Para Manguel, em boa parte da Idade Média, a aprendizagem da leitura era realizada através do método escolástico, e sua essência era treinar o estudante a visualizar um texto conforme critérios preestabelecidos e oficialmente tinham que decorar. A fixação do conhecimento era mais importante do que sua compreensão. (MANGUEL 1997, p. 96-97). Segundo Manguel, Seguindo o método escolástico ensinavam-se os estudantes a ler por meio de comentários ortodoxos, que eram equivalentes às nossas notas de leitura resumidas. [...] O mérito desse tipo de leitura não estava em descobrir uma significação particular no texto, mas em ser capaz de recitar e comparar as interpretações de autoridades reconhecidas e, assim tornar-se um homem melhor (MANGUEL 1997, p. 96-97). Para Mendonça, A alfabetização na Idade Média acontecia por meio da sistemática de progressão (letra, sílaba, palavra, texto). O método de ensino Autonomia na Escolha de Leitura e a Leiturização e Letramento das Crianças da Unidade de Educação Infantil – UEI da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG. UFCG.
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acontecia em dois momentos: o do alfabeto e dos primeiros textos. Os textos tinham caráter religioso e todos eram escritos em latim. Para aprender a ler e escrever todos os dias eram apresentados quatros letras por dia, ou seja, A, B, C, D assim até terminar o alfabeto (MENDONÇA 2008, p.10). Segundo Mendonça, na Idade Moderna as cartilhas passam a ser utilizada para alfabetizar, nelas encontramos uma lição seguida de uma palavra-chave, além dos desenhos ilustrados correspondente as palavras escritas. Cada unidade pertence a uma família silábica, o que limita de certa forma o conhecimento da criança. No início as cartilhas eram feitas pelos professores numa folha de papel depois passaram a ser publicadas e distribuídas pelo mercado. A cartilha deixa de ser utilizada nas salas de aulas quando começa as críticas a sua eficiência, pois reduzem à fala, fazem confusão nas famílias silábicas, e também traz problemas fonéticos além de outros fatores (MENDONÇA 2008, p.10). Segundo Carvalho, No século XXI, ainda encontramos o número elevado de analfabetos aos quais se contarmos com aqueles que não dominam a leitura e escrita este número aumenta consideravelmente. Na sociedade atual espera-se que um trabalhador comum leia um pequeno aviso ou texto e compreenda aquilo que lê. A escola nesta concepção assume um novo papel não apenas de ensinar aos estudantes a ler e escrever mais sim tornar pessoas letradas. O processo de alfabetização corresponde a ler e escrever, enquanto que letramento além de saber ler e escrever o indivíduo consegue interpretar (CARVALHO, 2009, p.15). Em um mundo globalizado e a todo o momento recebemos informações e ao pesquisar na web, encontramos noticias sobre o analfabetismo e os processos de leiturização e letramento no mundo e no Brasil. Neste contexto, Soares diz: É curioso que tenha ocorrido em um mesmo momento histórico, em sociedades distanciadas tanto geograficamente quanto socioeconomicamente e culturalmente, a necessidade de reconhecer e nomear práticas sociais de leitura e de escrita mais avançadas e complexas que as
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práticas do ler e do escrever resultantes da aprendizagem do sistema de escrita. Assim, é em meados dos anos 1980 que se dá, simultaneamente, a invenção do letramento no Brasil, do illettrisme, na França, da literacia, em Portugal, para nomear fenômenos distintos daquele denominado alfabetização, alphabétisation. Nos Estados Unidos e na Inglaterra, embora a palavra literacy já estivesse dicionarizada desde o final do século XIX, foi também nos anos 80 que o fenômeno que ela nomeia, distinto daquele que em língua inglesa se conhece como Reading instruction, beginning literacy, tornou-se foco de atenção e de discussão nas áreas da educação e da linguagem, o que se evidencia no grande número de artigos e livros voltados para o tema, publicados, a partir desse momento, nesses países, e se operacionalizou, nos vários programas, neles desenvolvidos, de avaliação do nível de competências de leitura e de escrita da população. (SOARES 2009, p.32). Segundo Barton (1994, p. 6), foi nos anos 80 que the new field of literacy studies has come into existence. É ainda significativo que date aproximadamente da mesma época a proposta da Unesco (final dos anos 70) de ampliação do conceito de literate para functionally literate, e, portanto, a sugestão de que as avaliações internacionais sobre domínio de competências de leitura e de escrita fossem além do medir apenas a capacidade de saber ler e escrever. (SOARES 2009, p.32) De acordo com Soares, se há coincidência quanto ao momento histórico em que as práticas sociais de leitura e de escrita emergem como questão fundamental, em sociedades distanciadas geograficamente, socioeconomicamente e culturalmente, o contexto e as causas dessa emersão são essencialmente diferentes, em países em desenvolvimento, como o Brasil, e em países desenvolvidos, como a França, os Estados Unidos, a Inglaterra. Sem pretender uma discussão mais extensa dessas diferenças, o que ultrapassaria os objetivos e possibilidades deste texto, destaco a diferença fundamental, que está no grau de ênfase posta nas relações entre as práticas sociais de leitura e de escrita e a aprendizagem do sistema de escrita, ou seja, entre o conceito de letramento
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(illettrisme, literacy),e o conceito de alfabetização (alphabétisation, reading instruction, beginning literacy). (SOARES, 2009, p. 33) Para Soares, Nos países desenvolvidos, ou do Primeiro Mundo, as práticas sociais de leitura e de escrita assumem a natureza de problema relevante no contexto da constatação de que a população, embora alfabetizada, não dominava as habilidades de leitura e de escrita necessárias para uma participação efetiva e competente nas práticas sociais e profissionais que envolvem a língua escrita. Assim, na França e nos Estados Unidos, para limitar a análise a esses dois países, os problemas de illettrisme, de literacy/illiteracy surgem de forma independente da questão da aprendizagem básica da escrita. A expressão é inspirada no título do livro de Bernard Lahire: L’invention de l’ “illettrisme”. Paris: Éditions de La Découverte, 1999. Entretanto, é aqui outro o sentido que se pretende dar a “invenção”: Lahire usa a palavra para caracterizar a construção social de um discurso sobre o “illettrisme”, discurso que, em seu livro, busca desconstruir; aqui, atribui-se à palavra “invenção” o sentido de criação, descoberta, concepção do fenômeno do letramento. (SOARES, 2009, p. 35). A criança desde a fase intrauterina escuta e percebe sons ao nascer encontra um ambiente rico de cor, objetos, etc. para compreendê-lo precisa do auxílio do adulto, portanto, ela é heterônoma porem autônoma nas tomadas de decisões necessita do outro para conhecer o mundo que a rodeia, no entanto ela escolhe o que quer conhecer notamos isso quando ela questiona; manipula; pega; caminha em direção ao objeto de conhecimento. Com a leitura ocorre o mesmo a criança gosta ou não da história que lhe contaram ou a que ela escolheu para a leitura, essa leitura inicial é feita de forma visual e suas hipóteses do que está escrito a partir das imagens, ou que outra pessoa já o tenha lido. Para Piaget, A Autonomia significa ser governado por si mesmo. É o oposto de heteronímia, que significa que uma pessoa é governada por outra pessoa sem autonomia de si. (PIAGET, 1993, 15).
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A autonomia e a aprendizagem se adquirem ao longo da vida, na interação do individuo com o ambiente, nas relações sociais e ao vivenciar situações cotidianas. Neste contexto, necessitamos que o adulto ou professor seja o intermediário da aquisição do conhecimento. Foucambert define que, o desenvolvimento como o resultado global da interação do sujeito com o conjunto do meio físico e social no qual ele vive. O individuo evolui, transforma-se a partir do que ele é e através do conjunto das suas experiências; e a sucessão desses equilíbrios sucessivos descreve seu desenvolvimento, a história da maneira pela qual ele aprende a ser, a viver. Esse desenvolvimento é um todo, do qual não se saberia isolar coisa alguma: é sempre um ser na sua totalidade que reage a uma situação inteira. (FOUCAMBERT, 2008, p.49). Para Foucambert as aprendizagens são processos, contínuos, jamais limitados no tempo e não têm fim a não ser com a morte. Elas evoluem em função das situações em que se exercem. As aprendizagens da fala, da leitura, do tempo, etc. prosseguem no adulto. (FOUCAMBERT, 2008, p.48). Neste contexto, Foucambert diz: só o contato com a escrita significativa e funcional, como, por exemplo, o contato com o meio social, outdoors, placas, anúncios e embalagens, objetos significativos para a criança pode favorecer o aprendizado
da
leitura.
Só
a
prática
de
leitura
pode
proporcionar
o
desenvolvimento das habilidades que a compõem, não sendo estas possíveis de serem diretamente ensinadas. (FOUCAMBERT, 2008, p.49). A linguagem é o instrumento básico da comunicação e representação dos seres humanos e é o que nos identifica. a linguagem é o ápice do pensamento, o que nos permite ativá-lo e organizá-lo. Neste sentido Foucambert propõe um Projeto de Leiturização, do qual não só a escola e/ou os professores sejam os responsáveis, mas também, outras facções da sociedade, como, por exemplo, a família, a biblioteca, as empresas e Autonomia na Escolha de Leitura e a Leiturização e Letramento das Crianças da Unidade de Educação Infantil – UEI da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG. UFCG.
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as associações de bairro. Para ele as transformações no âmbito das relações entre o indivíduo e a escrita só podem ocorrer a contento, dentro da escola, se esta for uma questão da comunidade e não, unicamente, da escola. A leiturização não deve se restringir aos já leitores, mas deve alcançar, sobretudo, os não-leitores alfabetizados, que devido à distância da escrita podem ter-se tornado novamente analfabetos, analfabetos funcionais ou iletrados. (FOUCAMBERT, 20080, p. 92). Foucambert propõe para que este projeto de leiturização se efetive, faz-se necessário o surgimento de dois movimentos sociais: um de reinvenção da escola e outro de desescolarização da leitura. Para que o primeiro se estabeleça, faz-se necessário uma intervenção das instâncias e movimentos de educação popular; e uma verdadeira mudança de postura política. Já a concretização do segundo passa pela conscientização dos membros da sociedade em relação à importância e poder da leitura enquanto ato e aprendizado social possibilitador de transformação, o qual se caracteriza e se realiza a partir das práticas familiares e sociais de leitura. (FOUCAMBERT, 2008, p.95). Envolver a criança no universo linguistico em consonância com os conteúdos próprio da educação infantil com uma pratica diária de empréstimo de livros para que ela, leia em casa e ao retornar a escola compartilhe com os colegas e professores são situações significativas e verdadeiras para as crianças. Neste sentido ao escolher um livro e partilhar o porquê da sua escolha por um determinado livro, ela entra em contato direto com seu conteúdo, suas hipóteses, marcas linguísticas, a escrita, as imagens e foi uma escolha dela e isto a faz responsável por esta leitura ao mesmo tempo desenvolver sua autonomia. De acordo com Soares, "A cada momento, multiplicam-se as demandas por práticas de leitura e escrita, não só na chamada cultura do papel, mas também na nova cultura da tela, como meios eletrônicos" ou seja, se uma pessoa ou uma criança sabe ler, mas não é capaz de ler um livro, uma revista, um jornal e se sabe escrever palavras e frases, mas não é capaz de escrever uma carta, ela é alfabetizada, mas não é letrada. E isso vale para qualquer camada social, pois
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tanto faz a criança ser de classe mais favorecida ou de classe mais popular. Se todos convivem com a prática de leitura e escrita cotidianamente, vivem em ambientes de letramento. (SOARES, 2006, p.46). De acordo com Soares, Letrar é mais que alfabetizar, é ensinar a ler e escrever dentro de um contexto onde a escrita e a leitura tenham sentido e façam parte da vida do aluno, ao olharmos historicamente as últimas décadas, observaremos que o termo alfabetização já foi superado e ampliado. Já não basta aprender a ler e escrever, é necessário mais que isso para ir além da alfabetização funcional (denominação dada às pessoas que foram alfabetizadas, mas não sabem fazer uso da leitura e da escrita). (SOARES, 2009, p.22). Letramento segundo Magda Soares, designa práticas de leitura e escrita. A entrada da pessoa no mundo da escrita se dá pela aprendizagem de toda a complexa tecnologia envolvida no aprendizado do ato de ler e escrever. Além disso, o aluno precisa saber fazer uso e envolver-se nas atividades de leitura e escrita, ou seja, para entrar nesse universo do letramento, ele precisa apropriar-se do hábito de buscar um jornal para ler, de frequentar revistarias, livrarias e com esse convívio efetivo com a leitura apropriar-se do sistema de escrita, logo Magda Soares afirma "é preciso compreender, inserir se, avaliar, apreciar a escrita e a leitura" (SOARES,2009, p.23). Segundo Soares, é preciso, desenvolver no aluno, através da leitura, interpretação e produção de diferentes gêneros de textos, habilidades de leitura e escrita que funcionem dentro da sociedade; Incentivar o aluno a praticar socialmente a leitura e a escrita, de forma criativa, descobridora, critica autônoma e ativa, já que a linguagem é a interação e, como tal, requer a participação transformadora do sujeito sociais que a utilizam; Recognição, por parte do professor, implicando assim o reconhecimento daquilo que o educando já possui de conhecimento empírico, e respeitar, acima de tudo, esse conhecimento; (SOARES, 2009, p.32).
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Para Magda Soares, a alfabetização desenvolve-se a partir de práticas sociais. Na medida em que praticamos a comunicação cotidianamente, aprendemos a entender os tipos de estratégias de leitura que vamos empregar como e quando implementá-los, e que texto teremos de produzir. Quando as crianças chegam à escola, trazem pelo menos um conhecimento mínimo sobre os usos e funções da escrita como: logomarcas de empresas famosas, rótulos de produtos, entre outros.
3.3
Características da leiturização e letramento A linguagem oral, escrita, corporal, visual, ambiental, filosófica, literária,
etc. são primordiais para convivermos e interagirmos no mundo, principalmente a linguagem escrita, como documentação escrita da humanidade. Essas linguagens são utilizadas socialmente de diferentes formas, principalmente na atualidade com a cultura do papel e as culturas digitais e tecnológicas que nos auxiliam na escrita de textos impressos e digitais e na produção de filmes, desenhos, pintura, tanto, no papel, quanto digitais e tecnológicos, também, podemos armazenar e documentar em livros impressos ou digitais, em CDs, softwares, hadwers, pen drives, etc. em um mundo globalizado novas formas de comunicações e informações, novos gêneros textuais surgiram como o hipertexto e o midiático. As linguagens surgem com a inversão e preocupação do homem em preservar sua historia e escolhem novos portadores textuais, novas leituras de mundo e novas formas orais de comunicação e informação. Segundo Foucambert, ler significa ser questionado pelo mundo e por si mesmo, significa que certas respostas podem ser encontradas na escrita, significa poder ter acesso a essa escrita, significa construir uma resposta que integra parte das novas informações ao que já se é. Um poema uma receita, um jornal ou um romance, provocam questionamentos, exploração do texto e respostas de natureza
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diferente; mas o ato de ler, em qualquer caso, é o meio de interrogar a escrita e não tolera a amputação de nenhum de seus aspectos. (FOUCAMBERT, 1994, p.5). De acordo com Soares, Letrar é mais que alfabetizar, é ensinar a ler e escrever dentro de um contexto onde a escrita e a leitura tenham sentido e façam parte da vida do aluno. (SOARES, 2007, p. 27). As crianças quando ingressam na UEI, de 1 ano e oito meses à 5 anos e 11 meses, ainda não são capazes de ler e de escrever convencionalmente e as suas hipóteses sobre o que é ler e escrever estão em correspondência direta com o nível e a qualidade de contatos que cada criança tem com atos de leitura e de escrita, praticados por pessoas mais experientes nas habilidades de ler e de escrever. O nível de contatos que essas crianças têm com materiais escritos também contribui para a aquisição de certos conhecimentos inerentes a lectoescrita. Esses atos e os contatos com materiais escritos podem ocorrer nas casas das crianças e/ou na própria Unidade de Educação Infantil-UEI. De acordo com Foucambert, no estagio atual das coisas, as discussões sobre a escolha dos métodos são, ao mesmo tempo, obsoletas e prematuras. A escola precisa de uma reflexão muito mais fundamental, precisa entender o que é a leitura; só então será fácil e frutífero escolher. Acho possível provocar nos professores e nos pais uma tomada de consciência sobre o que é a leitura, a partir de sua própria prática, para derrotar as falsas noções que continuam sendo utilizadas como referências para a ação educativa escolar e familiar. [...] “A ideia é desescolarização da leitura é, pois, a de formação permanente do leitor, a ser assumida por todas as instâncias educativas”. (FOUCAMBERT, 1997, p. 5-17). Para Soares, letramento envolve dois fenômenos bastante diferentes, a leitura e a escrita, cada um deles muito complexo, pois comportamentos, conhecimentos: ler é um conjunto de habilidades que se estendem desde simplesmente decodificar sílabas ou palavras até ler Grande Sertão Veredas de Guimarães Rosa uma pessoa pode ser capaz de ler um bilhete, ou uma história em
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quadrinhos, e não ser capaz de ler um romance, um editorial de jornal... Assim: ler é um conjunto de habilidades, comportamentos, conhecimentos que compõem um longo e complexo continuum: em que ponto desse continuum uma pessoa deve estar, para ser considerada alfabetizada, no que se refere à leitura? A partir de que ponto desse continuum uma pessoa pode ser considerada letrada, no que se refere à leitura? Escrever é também um conjunto de habilidades e comportamentos que se estendem desde simplesmente escrever o próprio nome até escrever uma tese de doutorado... uma pessoa pode ser capaz de escrever um bilhete, uma carta, mas não ser capaz de escrever uma argumentação defendendo um ponto de vista, escrever um ensaio sobre determinado assunto... Assim: escrever é também um conjunto de habilidades, comportamentos, conhecimentos que compõem um complexo continuum: em que ponto desse continuum uma pessoa deve estar, para ser considerada alfabetizada, no que se refere à escrita? A partir de que ponto desse continuum uma pessoa pode ser considerada letrada, no que se refere à escrita? Conclui-se que há diferentes tipos e níveis de letramento, dependendo das necessidades, as demandas do individuo e de seu meio, do contexto social e cultural. (SOARES, 2009, p.48). Através de livros, diversos portadores textuais impressos, tecnológicos, midiáticos, também, músicas, poesias, cordéis, gibis, outdoor, músicas, bem como brincadeiras populares e jogos como trava-língua, parlendas, pinturas, esculturas, arte popular, objetos, etc.. A criança faz deles um mundo mágico, esse é seu universo, que ao interagir no ambiente no qual a criança está inserida, ela questiona, emite sua opinião, cria, formula e reformula seus conceitos e descobre que os objetos que toca e vê podem se transformar em bichos, gente. Seus desenhos e imagens criam vida, sua imaginação flui e tudo se transforma em faz de conta. Neste sentido, o professor consciente do que é leitura e convida a criança a fotografar uma paisagem, um, objeto, uma construção, um animal ou que ela queira fotografar, em seguida explore esta fotografia, escreva sobre o que fotografou, conte uma historia ou pesquise, também, estude sobre o objeto, a
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pessoa ou uma construção que ele fotografou, ela estará contribuindo com uma leitura verdadeira e significativa dentro de um contexto social e cultural. Segundo Foucambert, Aprender a ler é, primeiro adivinhar e, depois, cada vez mais acertar. A grosso modo, pode-se afirmar que, a partir das situações nas quais interage, a criança cria um sistema provisório que lhe permite antecipar índices pertinentes para a classificação, a denominação, a ação... os índices escolhidos para distinguir um cachorro de um gato, para isolar seu pai de todos os outros homens com bigode, são “operacionais” com relação ao seu sistema atual e ao seu projeto. [...] ninguém se surpreenda que uma criança entenda uma palavra que jamais encontrou e que não pode relacionar com sua língua materna! Pois é isso que ela faz desde o seu nascimento. E faz o mesmo com a escrita de sua vida, de sua rua, de sua televisão... esta pronta, portanto, para continuar na escola com a escrita que lhe é apresentada. Mas atenção! Aqui a coisa é diferente: não se pode adivinhar, é preciso ligar a escrita ao que já é conhecido, aplicando-se um código que lhe é dado ou que ela descobre através de algumas frases privilegiadas. Por quê? Não se sabe e não se controla como uma criança pode atribuir sentido a uma palavra que jamais viu... Ora, bolas! Mas há cinco anos ela faz isso com o que ouve! Trata-se de um perito. A escola prefere utilizar outro (FOUCAMBERT, 1994, p.6-7). Neste contexto, para a criança conhecer as características de um texto e de um portador textual e sua função nas práticas sociais como: um livro, um cordel, um gibi, um jornal, um computador... Será preciso que ela, manuseie, explore e o adulto lhe informa em um contexto a que se destina, dialogando de forma natural. É fundamental o professor conhecer estas características, principalmente quando incentiva e não ensina a leitura. A leitura para Foucambert, Ler é explorar a escrita de forma não- linear, por um sem-número de motivos que não desenvolvo aqui, jamais se chega ao significado de um texto pela soma do sentido das sucessivas palavras que o compõem. Por razões ainda mais evidentes, não se aprende o idioma materno ou
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uma língua estrangeira identificando-se cada elemento dessa língua. A criança aprende a falar porque, a partir de uma situação que a envolve, atribui sentido a uma mensagem: desprezando boa parte dos elementos expressos, ela atribui sentido aos que consideram mais significativos. Com base neles elabora, então, hipóteses, sobre outros elementos, ate ali desconhecidos. O mesmo processo ocorre quando a criança explora a escrita para atribuir-lhe sentido. Esse procedimento é impossível, porém, quando se privilegia a passagem pelo oral. No oral é obrigatória a pronúncia das palavras na ordem em que se apresentam. Não se podem pular elementos desconhecidos, nem voltar atrás, para palavras já lidas, cujo significado só foi esclarecido mais adiante. Nem se pode inferir as partes a partir do todo, esse processo de exploração do texto só é possível quando se corre o risco de errar e quando se acessa o todo antes de todo elemento. Pais e professores consideram um erro de leitura pronunciar “sapato” onde aparece “calçado”. Que eles, expliquem primeiro, por que a criança não disse “calça” ou “cadeira” ou rinoceronte. (FOUCAMBERT, 1994, p.6). A seguir apresento um quadro das principais ideias apresentadas por alguns autores lidos, que destacam algumas características do letramento e leiturização no contexto social e cultural que dificultam a leitura em casa e na escola.
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Quadro 1 – Características da leiturização e letramento. Autor
Características da leiturização e letramento
Foucambert (2008- 1994 .
Soares (2007-2009) Levy (2009-2010)
Piaget (1993)
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9.
Características Leiturização sócio e cultural, Leitura no sentido verdadeiro; Leitura; Ler; Escrever; Tecnologia da Inteligência. A leitura em questão; Desescolarização da leitura; Leitura em todo lugar.
1. A leitura como interação; 2. A leitura como conjunto se comportamento e habilidade; 3. No contexto em que se insere; 4. Ciberespaço, cultura do papel e mídias; 5. Leitura contínua para a cidadania; 6. Processos de aquisição da linguagem; 7. Litura de mundo; 8. Letramento sócio cultural. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
Autonomia; Conhecimento do mundo; Meio social; Conhecimento; Aprendizagem; Construção do conhecimento; Leitura para refazer, fazer e criar seus conceitos; 8. Leitura não-linear, virtual , escrita; 9. Leitura aprendizagens são processos continuo e ilimitado.
Para Foucambert, a aprendizagem é uma modificação do conjunto do sujeito, Piaget para caracterizar a adaptação do sujeito à situação que ele vive e que se nutre da dialética fundamental entre assimilação e acomodação. Esse
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desenvolvimento resulta da interação entre a criança e seu ambiente de interação na qual as estruturas existentes são continuamente modificadas e reorganizadas pela sua experiência. É por essa razão que esse processo de aprendizagem é observável sob a forma de uma historia, de uma sucessão de aproximação, de equilíbrios provisórios, de respostas adaptadas que são a cada momento, a melhor forma entre as solicitações do ambiente e as possibilidades existentes do sujeito. (FOUCAMBERT 2008, p.44). Para explicar o desenvolvimento intelectual, Jean Piaget, partiu da ideia que os atos biológicos são atos de adaptação ao meio físico e organizações do meio ambiente, procurando sempre manter um equilíbrio. Assim, Piaget entende que o desenvolvimento intelectual age do mesmo modo que o desenvolvimento biológico. Os estagio estágios do desenvolvimento cognitivo são: sensório-moto, pré-operatório, operatório concreto e operatório formal. •
Aprendizagem é construída na interação do sujeito com o ambiente;
•
Autonomia de ler e compreender.
Segundo Foucambert, ler é certamente o uso constante da leitura por seus próximos pode passar mais facilmente despercebido, devido ao caráter silencioso do ato; mas a criança é seguidamente beneficiaria direta da ação, quando se diz a ela o que está escrito, quando se folheia com ela um livro e se fala sobre a história, que ela reconstitui em seguida. a partir das imagens, etc. Toda a significação funcional da leitura está presente para a criança desde seu nascimento: a leitura, em seu valor afetivo e relacional, é um constituinte de seu meio de vida, como a fala. A leitura está em toda parte. (FOUCAMBERT 2008, p.94). •
Ler é explorar explora a escrita de uma maneira não linear;
•
Aprender a ler é, primeiro adivinhar e, depois, cada vez mais acertar;
•
A leitura é atribuição voluntária de um significado do texto;
•
Com a escrita é tudo ou nada;
•
Uma política de leiturização;
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•
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Leitura social e cultural.
A criança quando escolhe um livro ela observa a capa, faz de conta que lê, quando diferencia a imagem da escrita, em seguida descobre o ponto, a vírgula e prontamente pergunta o que é aquilo. Ler e escreve são atividades que se desenvolvem de acordo com o ambiente onde ela interage. Dessa forma Soares: A leitura estende-se da habilidade de traduzir em sons silabas sem sentido a habilidades cognitivas e metacognitivas; inclui dentre outras: a habilidade de decodificar símbolos escritos; a habilidade de captar significados; a capacidade de interpretar sequência de ideias ou eventos, analogias; comparações; linguagem figurada; relações complexas, anáforas; e ainda, a habilidade de fazer previsões iniciais sobre o sentido do texto, construir significado combinando conhecimentos prévios e informação textual, de monitorar a compreensão e modificar previsões iniciais quando necessário, de refletir sobre o significado do que foi lido, tirando conclusões e fazendo julgamento sobre o conteúdo. (SOARES, 2009, P.69). A criança usa o desenho para expressar seus pensamentos, depois, utiliza rabiscos; garatujas; gramas; células depois palavras soltas e de seu conhecimento partindo do seu nome depois da família e colegas, é o desenho, rabisco, garatuja, Segundo Soares, Assim como a leitura, a escrita, na perspectiva da dimensão individual do letramento (a escrita como uma “tecnologia”) é também um conjunto
de
habilidades
linguísticas
e
psicológicas,
nas
habilidades
fundamentalmente diferentes daquelas exigidas pela leitura. Enquanto as habilidades de leitura estendem-se da habilidade de decodificar palavras escritas à capacidade de integrar informações provenientes de diferentes textos, as habilidades de escrita estendem-se da habilidade de registrar unidades de som ate a capacidade de transmitir significados de forma adequada a um leitor potencial, a habilidade de transcrever a fala, via ditado, até habilidades cognitivas e metacognitivas; inclui a habilidade motora (caligrafia), a ortografia, o uso adequado de pontuação, á habilidade de selecionar informações sobre um determinado
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assunto de caracterizar o publico desejado com leitor, estabelecer metas para a escrita e decidir qual a melhor forma de desenvolvê-la, habilidade de organizar ideias em um texto escrito, estabelecer relações entre elas expressá-las adequadamente. (SOAREA, 2009. P.69). •
Ler é explorar a escrita e portadores textuais;
•
As habilidades de leitura e escrita devem ser aplicadas diferencialmente à produção de uma variedade de materias escritos;
•
Ler e escrever em um contexto social cultura e histórico;
•
A aquisição da leitura e da escrita em diferentes contextos sociais e sua função específica.
Para lévy, Ao entrar em um espaço interativo e reticular de manipulações, de associação e de leitura, a imagem, e o som adquirem um estatuto de quase texto. Tecnicamente, um hipertexto é um conjunto de nós ligados por conexões os nós podem ser palavras, páginas, imagens, gráficas ou partes de gráficos, sequências sonoras, documentos complexos que podem eles mesmos ser hipertextos. Os itens de informação não são ligados linearmente, como em uma corda com nós, mas cada deles ou a maioria estende suas conexões estende suas conexões em estrelas, de modo reticular. Navegar em um hipertexto significa portanto desenhar um percurso em uma rede que pode ser tão complicada como possível. Porque cada nó, pode por sua vez, conter uma rede inteira, funcionalmente um hipertexto é um tipo de programa para organizar de conhecimentos ou dados a aquisição de conhecimento e informação. (LÉVY, 2010, p.33) Foucambert, Piaget e Soares, compartilham que as aprendizagens, evoluem em situações e ao longo de atividades contextualizadas e o ensino com uma mediação e orientação, nunca imposta. O sujeito é um ser social, cultural e histórico e os objetos do seu conhecimento, por sua vez interage com mundo.
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4
PROBLEMÁTICA
4.1
Objeto de Estudo A autonomia na escolha de leitura e a leiturização e letramento das
crianças da Unidade de Educação Infantil-UEI da Universidade Federal de Campina Grande-UFCG.
4.2
Pergunta da Pesquisa A autonomia na escolha do tipo de leitura, estimula a leiturização e
letramento das crianças da Unidade de Educação Infantil-UEI da Universidade Federal de Campina Grande-UFCG?
4.3
Objetivos
4.3.1
Objetivo Geral
•
Compreender os efeitos da autonomia e da escolha do tipo de leitura na leiturização e letramento das crianças da Unidade de Educação Infantil-UEI da Universidade Federal de Campina Grande-UFCG.
4.3.2 •
Objetivos Específicos Comparar o letramento e leiturização das crianças com experiência na escolha independente de leitura e das crianças que não possuem essa experiência na Unidade de Educação Infantil-UEI da Universidade Federal de Campina GrandeUFCG.
•
Analisar a relação entre autonomia da leitura e o letramento e leiturização das crianças da UEI.
•
Caracterizar o envolvimento dos pais das crianças com experiência na escolha de leitura.
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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
5.1
TIPO DE PESQUISA O tipo de pesquisa adotada diante da problemática formulada será de
natureza quase experimental e qualitativa. Quando a distribuição aleatória de um grupo e o controle de laboratório são inviáveis, podemos escolher dentre ampla variedade de outras técnicas. O termo quase experimentos abarca grande variedade de outros delineamentos de pesquisa. O termo se torna conhecido pela primeira vez com a publicação de um livro pequeno, mas influente, escrito por Campbell e Stanley (1963). Quase-experimentos são delineamentos de pesquisa que não têm distribuição aleatória dos sujeitos pelos tratamentos, nem gruposcontrole. A pesquisa também será de natureza qualitativa, pois procura uma compreensão
detalhada dos resultados obtidos, significados e características
situacionais apresentadas pelos sujeitos da pesquisa.
5.2
POPULAÇÃO E SUJEITOS O universo da pesquisa incluirá 112 Crianças faixa-etária de 2 anos à 5
anos e 11 meses, incluindo seus pais e 10 professores da Unidade de Educação Infantil-UEI da Universidade de Campina Grande-UFCG . Desde a sua fundação em 1978, a UEI, desenvolve de forma peculiar, um trabalho dinâmico com a aquisição da leitura e da escrita e o universo linguístico e literário, através de um ambiente alfabetizador que une o lúdico , o cuidar e o educar ao contexto escolar. Tomando como fio condutor o jogo simbólico, valorizando o conhecimento que a criança traz de sua experiência de vida. Permitindo que a criança questione, construa, faça e refaça o sentido de cada tema trabalhado ou surgido no cotidiano escolar para que ela reformule e formule seus conceitos de mundo, resultando em uma aprendizagem com significados. Autonomia na Escolha de Leitura e a Leiturização e Letramento das Crianças da Unidade de Educação Infantil – UEI da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG. UFCG.
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Procedimentos Metodológicos
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Na UEI, o processo de letramento (termo mais abrangente que alfabetização) procura começar a partir da entrada da criança na escola, tentando valorizar seus conhecimentos adquiridos antes de seu ingresso na UEI, quando as crianças têm os primeiros contatos sistematizados com o universo da escrita e da leitura . A UEI, não adota livros didáticos, adota a literatura infantil, as experiências, os interesses e conhecimentos das crianças. Neste contexto, um aspecto importante de sua prática consiste no empréstimo diário de livros às crianças, que podem levar los para casa, e ler los com pais ou familiares, visando certa autonomia no processo da lectoescrita (aquisição da leitura e da escrita) e habilidades inerentes ao universo linguístico e literário.
5.3
INSTRUMENTO E PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS Para obter as informações necessárias para cumprir o primeiro objetivo
será utilizado um delineamento quase experimental de pré e pós-teste com grupo controle não equivalente (Selltiz, Wrightsman, Cook,1976).) O delineamento pré e pós-teste com grupo controle não equivalente não inclui uma longa série de observações nem ao longo do tempo nem entre grupos.
Grupo 1
O1 X O3 ---------------
Grupo 2
O2
O4
Este não é uma extensão de qualquer dos delineamentos préexperimentais mas sim uma combinação da comparação com grupo estático com o pré-experimento de pré e pós-teste com um grupo. Combinando as características de ambos, possui mais possibilidade de interpretação do que qualquer um deles. Inclui informações de pré-teste sobre os níveis de linha de base existentes nos grupos e fornece um grupo-controle. Entretanto, o grupo controle não é Autonomia na Escolha de Leitura e a Leiturização e Letramento das Crianças da Unidade de Educação Infantil – UEI da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG. UFCG.
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Procedimentos Metodológicos
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formado através da distribuição aleatória. É um grupo preexistente ou pré selecionado, que escolhemos por ser similar, mas não equivalente. Todavia, a simples inclusão de um grupo-controle e de um pré-teste possivelmente permitenos descartar várias das ameaças à validade interna. Uma grande vantagem deste delineamento sobre a comparação com grupo estático é que ele pode medir diferenças preexistentes entre grupos (BANDEIRA, S/D). Para cumprir o segundo e terceiro objetivo específico serão aplicadas entrevistas, filmada, com os pais crianças e professores. A aplicação desses instrumentos se dará da seguinte forma: Explicação aos alunos e professores sobre o objetivo da pesquisa e a importância do empenho de suas respostas. No caso das entrevistas, será marcada a data e o horário, informando que será mantido o anonimato da entrevista e das suas respostas. Por último, solicita-se autorização para gravá-los, e que posteriormente serão transcritas.
5.4
PROCEDIMENTOS DE ANALISE DOS DADOS Para analisar os resultados do quase experimento, serão utilizadas as
técnicas
de
estatística
inferencial
adequadas
ao
tipo
de
delineamento,
particularmente, análise de dados multivariadas, tais como, análise de regressão, e técnicas de comparação dos resultados intra- e inter-grupos (por exemplo, análise de variância e teste de t de Student. .
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Referências
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REFERÊNCIAS
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Procedimentos Metodológicos
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