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IlustrAçÕEs:
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テュnDICE rEVoluテァテバ...................................................................................04 lIBErDADE...................................................................................06 DEsEsPEro...................................................................................08 Amor............................................................................................11 FoGo............................................................................................13 PoBrEZA......................................................................................15 luAr............................................................................................17 BIoGrAFIA....................................................................................18
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rEVoluçÃo As revoluções duram semanas, anos; depois, durante dezenas e centenas de anos, adora-se, como algo de sagrado, esse espírito de mediocridade que as suscitou.
Boris Pasternak
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lIBErDADE Amo a liberdade, por isso as coisas que amo deixo-as livres. Se voltarem é porque as conquistei Se não voltarem é porque nunca as tive.
Bob Marley
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DEsEsPEro Das suas narinas procede fumaça, como de uma panela fervente, ou de uma grande caldeira. O seu hálito faz incender os carvões; e da sua boca sai chama. No seu pescoço reside a força; diante dele até a tristeza salta de prazer. Os músculos da sua carne estão pegados entre si; cada um está firme nele, e nenhum se move. O seu coração é firme como uma pedra e firme como a mó de baixo. Levantando-se ele, tremem os valentes; em razão dos seus abalos se purificam.
Quem abrirá as portas do seu rosto? Pois ao redor dos seus dentes está o terror. As suas fortes escamas são o seu orgulho, cada uma fechada como com selo apertado. Uma à outra se chega tão perto, que nem o ar passa por entre elas. Umas às outras se ligam; tanto aderem entre si, que não se podem separar. Cada um dos seus espirros faz resplandecer a luz, e os seus olhos são como as pálpebras da alva. Da sua boca saem tochas; faíscas de fogo saltam dela.
DEsEsPEro Jó 41:14-25
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Amor É querer estar preso por vontade; É servir a quem vence, o vencedor; É ter com quem nos mata, lealdade.
Amor é um fogo que arde sem se ver; É ferida que dói, e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer.
Mas como causar pode seu favor Nos corações humanos amizade, Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
É um não querer mais que bem querer; É um andar solitário entre a gente; É nunca contentar-se e contente; É um cuidar que ganha em se perder;
Luís Vaz de Camões, in ‘‘Sonetos’’
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FoGo Sou poeta do mar
Sou poeta das matas, dos rios
Da terra e do ar
Da fauna e da flora
Sou poeta do fogo
Das estrelas do escuro manto
Do que não pode calar
E da aurora
Do que arde em chamas intrépidas
Sou poeta do riso e do pranto
Do que é preciso lagrimar
Poeta dos simples, das crianças
Em versos ritmados
Dos rejeitados e oprimidos
Em desejos alados
Em suas andanças
Em suspiros recolhidos
Sou poeta do amor
Em conchas de brocados
Poeta da dor
Sou poeta das montanhas, das rochas
Dos jovens e velhos Em suas esperanças
Do vento
Sou poeta de toda gente
Dos desertos sem alento
De todo lugar
Sou poeta do dia e da noite
Sou poeta
Das madrugadas cortadas no açoite
Poeta sou.
Dos pensamentos sombrios Dos incontidos desvarios Úrsula A. Vairo Maia
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PoBrEZA Que eu possa agradecer a Vós, minha cama estreita, minhas coisinhas pobres, minha casa de chão, pedras e tábuas remontadas. E ter sempre um feixe de lenha debaixo do meu fogão de taipa, e acender, eu mesma, o fogo alegre da minha casa na manhã de um novo dia que começa.
Senhor, fazei com que eu aceite minha pobreza tal como sempre foi. Que não sinta o que não tenho. Não lamente o que podia ter e se perdeu por caminhos errados e nunca mais voltou. Dai, Senhor, que minha humildade seja como a chuva desejada caindo mansa, longa noite escura numa terra sedenta e num telhado velho.
Cora Coralina
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luAr Segue-o meu ser em liberdade.
Entre o luar e a folhagem, Entre o sossego e o arvoredo, Entre o ser noite e haver aragem Passa um segredo. Segue-o minha alma na passagem.
Vazio encanto ébrio de si, Tristeza ou alegria o traz? O que sou dele a quem sorri? Nada é nem faz. Só de segui-lo me perdi.
Tênue lembrança ou saudade, Princípio ou fim do que não foi, Não tem lugar, não tem verdade. Atrai e dói.
Fernando Pessoa, in ‘‘Cancioneiro’’
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BIoGrAFIA Boris Leonidovitch Pasternak foi um poeta e romancista russo. 1890-1960 Bob Marley, o mais conhecido músico de reggae de todos os tempos. 1945- 1981 Jó cujo nome significa "voltado sempre para Deus", é um personagem do livro mais antigos da Bíblia Luís Vaz de Camões foi considerado uma das maiores figuras da literatura em língua portuguesa. 1524-1580 Úrsula Avner 1968-???? Cora Coralina, pseudônimo de Ana Bretas, foi uma poetisa e contista brasileira. 1889- 1985 Fernando Pessoa é o mais universal poeta português. 1888- 1935
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BIoGrAFIA
sInÓPsE ‘‘E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará. Mas aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo.’’ Mateus 24:12-13
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