TGI - Veronica Donoso

Page 1

TGI - Trab alho de G radua Arquitetura e Urbanism ção Integrado EESC - USP o

PROJETO

Verônica

DE REQUA

García D onoso

LIFICAÇÃ

O PAISAG

ÍSTICA

Caderninho. Dezembro de 2007.


O estudo da Paisagem discute as relações quase sempre conflituosas entre a natureza e a sociedade, para verificar as possibilidades de uso e propor alternativas de intervenção, que assegurem estabilidade ao território. São poucas as paisagens que não tem a intervenção do homem. Segundo Miranda Magnoli, a paisagem é o resultado de um processo dinâmico entre os processos sociais econômicos, culturais e políticos - e os processos naturais (MAGNOLI, 1982).

Este trabalho pretende, mais do que realizar um projeto no campo da Paisagem, incentivar a reflexão sobre o desenvolvimento das cidades brasileiras e o impacto gerado pela ação do homem sobre o meio ambiente, estimulando a discussão sobre impactos ambientais, planejamento das cidades e o projeto dos parques urbanos. Fotografia: Gary John Norman

2


O projeto desenvolvido é o de Recuperação Paisagística da área de Extração de areia da Fazenda Itaporanga, da cidade de São Carlos - SP. A atividade extrativa nessa fazenda foi iniciada em 1976, e a previsão de término é para o ano de 2010. Para que ocorra uma atividade de mineração é exigido o EIA - Estudo de Impacto Ambiental, e o RIMA - Relatório de Impacto Ambiental. Esses relatórios, da Política Nacional do Meio Ambiente, exigem para o Estudo de Impacto Ambiental um projeto paisagístico como uma das ações compensatórias ou medidas mitigadoras desses estudos. O projeto de recuperação de áreas degradadas está no campo de atuação do planejamento da Paisagem, que para ser realizado deve considerar todos os elementos geo-bio-físicos e as estruturas sócio-econômicas que compõem a área.

Imagem: Área de extração de areia

3


5 7 9 11 13 17 27 30 36 39 58 87 103 111 113 115 132 139 144

Imagens: Malealea, Losotho. África. Montain Kingdom Bolívia. Vulcão Ilicanncabur Massachusetts - cape cod National Seashore Biei Hokkaido, Japão. Gleba cultivada

A Paisagem Espaço,Lugar, Território Urbano / Rural Conscientização ecológica O urbano : São Carlos A área de intervenção : transição Impacto ambiental Recuperação Paisagística Elaboração projetual Transformação da Paisagem A formação do parque Concepção dos percursos Contenção do talude principal O Parque dos Lençóis Mapas de localização As infraestruturas no Parque Noturno no Parque O Parque em imagens Bibliografia

4


A PAISAGEM

No seu ensaio “La Philosophie du paysage”, publicado em 19131 , Gerge Simmel questiona o “curioso processo mental” nos quais inúmeros objetos reunidos em um pedaço de terra são descritos como “uma paisagem”. Para Simmel, as sensações e os sentimentos que certos ambientes nos trazem pode ser o motivo dessa denominação. Porém é difícil ter uma apreensão da paisagem, já que os elementos naturais ou artificiais que ocupam um determinado lugar não nos dão a noção completa do termo. É somente quando as impressões e sensações imediatas e iniciais retrocedem que alcançamos uma dimensão espiritual, e é nesse momento que a paisagem é revelada. “Ver” o que chamamos de “paisagem” não é suficiente para uma compreensão do todo, pois para isso é necessário um vai-e-vém entre a realidade percebida e a dimensão espiritual.

“Le paysage est une construction mentale que la géographie seule ne peut libérer. Il s'imprègne de culture autant qu'il exprime une certaine idée de la nature. (...)” 2

1 - Extraído do editorial da Revue L'Architecture d'aujourd'hui, no 363, mars-avril 2006. 2 - Revue Urbanisme. Dossier: “Paysages, territoires et cultures”, no 284. Septembre Octobre 1995. Pág. 54 Trad: “A paisagem é uma construção mental que a geografia sozinha não pode liberar. Ela se impregna tanto de cultura quanto exprime uma certa idéia da natureza. (...) “

5


A PAISAGEM

A paisagem carrega, de um jeito ou de outro, uma ordem monumental. Talvez isso seja devido ao fato de que nossa apreensão de ambiente deriva de um ideal de beleza erigido pela pintura da paisagem, pela poesia, pelo cinema, pelas propagandas, entre outros, o que condiciona nossa visão e nossa concepção de paisagem. Porém, além da questão monumental, a paisagem fala de um território, que existe apenas pela apropriação de um espaço, naquele onde a paisagem foi o resultado dinâmico de processos sociais econômicos, culturais e políticos e os processos naturais. Devido a isso podemos dizer que a paisagem é um lugar em constante evolução, e é resultado da junção, no tempo e no espaço, do homem e do seu ambiente. (MAGNOLI, 1982)3. A paisagem é também a expressão de uma sociedade, reveladora de seus costumes e questões sociais. Cada paisagem corresponde a uma maneira de viver a organização das cidades e dos territórios, e a paisagem designa tanto a realidade dos materiais naturais quanto do resultado da ação do homem, consolidados com todas as questões da realidade sensível, da percepção, da cultura, do estético, do mental.

“Compreender a paisagem é reconhecer a dialética social que se processa entre todas as instâncias sociais, não apenas entre economia (estrutura) e cultura-ideologia e política (superestrutura)”. (MAGNOLI, 1982).3

3 - “Por um paisagismo crítico: uma leitura sobre a contribuição de Miranda Magnoli para a ampliação do corpus disciplinar do Paisagismo”, em: Paisagem e Ambiente / Universidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. No 21 especial Miranda Magnoli. Imagem: Alberta, Canadá

6


Anexo ao conceito de espaço estão os conceitos de lugar, paisagem e território. Segundo Magnoli, “toda paisagem é parte do espaço total, mas nem todo espaço está contido em uma paisagem. O espaço encerra uma totalidade social e geográfica, a paisagem é um recorte, uma particularidade” (MAGNOLI, 2006:59)3. O espaço então é a totalidade, e não é necessariamente um processo contínuo. Já a paisagem é uma noção fluida, contínua.

Espaço, Lugar e Território

As noções de Espaço, Lugar e Território são conceitos que norteiam o pensamento da paisagem. Hoje a idéia que temos da palavra “espaço” coloca o termo num sentido desqualificado ou pouco qualificável, devido ao enorme uso que a palavra é colocada atualmente. Neste trabalho o “espaço” será colocado no seu sentido geográfico, ou seja, como uma categoria fundante da geografia.

O espaço, tratando-se de um sistema complexo e de um termo abstrato, é reflexo do momento histórico em que se vive, e as suas características físicas e simbólicas dependem das relações principalmente sociais que se dão nele. Da necessidade de se organizar e dividir o espaço, nasce o termo território, ou espaço geográfico. Esse é um processo histórico, e é carregado de significados, reproduzindo a sociedade que nele vive. O território seria então um espaço de vivência e convivência, e é influenciado por questões culturais, intelectuais e sensoriais, modificando-se e tornando-se único. Dentro do território, cada espaço urbano que se reconhece por seus moradores como um “território vivido”, ou seja, adquire identidade, é colocado como um “lugar”, já que passa a ser dotado de história, identidade e inter-relações. A paisagem é um reflexo das impressões, relações e transformações que ocorrem ao longo do tempo em um lugar. Imagem: Iceland. Reykjavik. Hafnarfjordur. Fonte: Arctic Images.

7


“Os espaços livres assim compreendidos são não apenas os jardins, parques e praças, mas todos os espaços livres urbanos avenidas, ruas e seus passeios, orlas de rios e mares, corpos d’água como lagos e reservatórios, entre outros, quintais e pátios descobertos - e os espaços externos aos tecidos urbanos - as matas, campos cultiváveis, etc. Evidentemente, alguns desses espaços são mais comumente tratados paisagisticamente, porém o que se coloca é a potencialidade de manejar-se a paisagem, seus espaços livres, de forma mais sistêmica, compreendendo os diferentes papéis que tais espaços podem oferecer: das áreas de convívio público, às áreas de proteção ambiental, dos jardins privados ao entendimento do sistema viário como parte integrante também do sistema de espaços livres de uma cidade ou região com várias potencialidades cênicas, ambientais e apropriações públicas diversas.” (QUEIROGA, 2006)3.

Imagem referência: Projeto para a restruturação da RD - 173 - Lillebonne, França. Arquitetos Marc Bigarnet, Frédéric Bonnet, Marie Clément, Philippe Villien.

Espaço, Lugar e Território

Outra noção importante a ser discutida é a noção de espaço livre. A conceituação mais utilizada de espaço livre é a que coloca este como livre de edificação ou urbanização. Desse modo, o projeto das áreas livres pode tanto ocorrer nos projetos e planos urbanos como também ocorrer no âmbito do planejamento regional.

8


Urbano / Rural

O conceito de paisagem trata do espaço como um todo, sem tratar de maneira separada o campo da cidade, já que não existe uma real delimitação entre essas áreas, apenas delimitações colocadas pelo homem. A paisagem é um estudo em escala regional, pois discute as relações quase sempre conflituosas entre a natureza e a sociedade. Os planos diretores normalmente definem as zonas urbanizadas, destacando acessos à cidade, diferenciando áreas rurais e urbanas, entre outros. Porém o meio urbano está s e m p r e e m c o n s t a n t e e v o l u ç ã o, e frequentemente a cidade avança sobre o campo. Nessa perspectiva, surgem as chamadas “áreas de transição” (embora este não seja um termo adequado para a denominação desses espaços, já que não existe uma separação entre as paisagens) entre o meio urbano e o meio rural, áreas estas que devem ser devidamente pensadas, levantando as possibilidades de uso desse território e propondo alternativas de intervenção para assegurar a estabilidade ambiental do espaço como um todo. Imagem: Orebro Narke, Suiça.

9


Urbano / Rural Brasil - Ribeirão Preto - Plantação de cana de açucar. Fotógrafo: Edu Lyra.

China - Província de Guangxi. Terraços de arroz. Fotógrafo: Robert Hardin.

Espanha - La rioja: San Vicente de la Sonsierra. Fotógrafo: David Madison.

10


Conscientização ecológica

Segundo LEITE (1992:80)4, “As formas da paisagem são resultado do equilíbrio entre múltiplas forças e processos temporais e espaciais. Em certa medida, a paisagem é um reflexo da visão social do sistema produtivo e transforma-se, ou desaparece, sempre que as teorias, as filosofias e necessidades que a criaram não são mais reais ou auto-evidentes”.

Uma das mudanças mais significativas para o estudo da paisagem deveu-se à conscientização ecológica. A questão ambiental assumiu importância mundial na ocasião da conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, em Estocolmo, 1972. Esse início de conscientização gerou uma nova forma de se ver tanto a cidade quanto o meio natural, e contribuiu para conceber um novo comportamento social frente ao meio ambiente. Fala-se muito também no conceito de “sustentabilidade”, que surgiu devido à impossibilidade de renovação de alguns recursos naturais, e da vontade de se desenvolver um planejamento racional dos espaços, que contemple não só as questões físicoterritoriais, econômicas e sociais como também as questões ecológicas.

4 - LEITE, Maria Ângela F. P. em : Novos valores: destruição ou desconstrução” São Paulo, 1992. Tese (Doutorado) Fau USP, em: Paisagem e Ambiente/ Universidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. São Paulo, FAU, no 8. (1995). Pág. 80 à 103. Imagem: http://www.bcsdportugal.org

11


No contexto histórico em que vivemos, no qual a globalização está longe de permitir uma eqüitativa melhoria da qualidade de vida da população em geral, a questão ambiental se apresenta também como um dos desafios atuais. A questão ambiental tornou-se uma preocupação permanente entre todas as áreas do conhecimento, constituída por diversas dimensões interdependentes sobre as quais debruçam governos, pesquisadores, empresas, instituições e organizações não-governamentais. Todas essas preocupações levam à discussão da conscientização, informação e participação da população, que é o trabalho desenvolvido pela educação ambiental. Quando falamos do papel da educação ambiental, estamos considerando a educação como um processo de intervenção nas condições sociais, que tem uma função transformadora. A educação ambiental é uma educação política que visa à construção da cidadania, e não se baseia apenas em conhecimentos de ecologia, mas também à uma estratégia mais ampla de ensino e reflexão sobre assuntos como: o consumo desenfreado, o desperdício dos recursos naturais, a necessidade da sustentabilidade para as gerações futuras, entre outros. Assim sendo, a educação ambiental exige uma participação de toda a sociedade, desde a elite acadêmica à população em geral, como agentes sociais transformadores de uma nova realidade.

Conscientização ecológica

O termo “sustentável” contempla o ambiente na sua concepção mais ampla, compreendendo tanto a natureza física, biológica quanto a social. A Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNMAD) da Organização das Nações Unidas (ONU), em seu relatório “O Nosso Futuro Comum”, de 1987, define o termo Desenvolvimento sustentável como sendo o desenvolvimento social, econômico e cultural que atende às buscas do presente sem comprometer as necessidades das gerações futuras, nem tampouco os ecossistemas e os recursos naturais disponíveis.

O processo de planejamento da paisagem e do meio urbano deve propiciar a geração de espaços flexíveis, que contemplem conceitos ambientais amplos, adequando-se ao tempo, ao lugar e às pessoas. Esse planejamento contempla o equilíbrio entre os recursos disponíveis e o desenvolvimento urbano. Devido à isso a importância de se pensar as “áreas de transição”, de futura expansão do meio urbano rumo ao meio rural. Em particular, este trabalho será realizado em uma dessas “área de transição”, que está localizada a sudoeste do município de São Carlos, delimitada ao sul pela Rodovia Luiz Augusto de Oliveira, que liga o município de São Carlos ao município de Ribeirão Bonito.

12


São Carlos é uma cidade de porte médio, com 210.841 habitantes (IBGE, 2004) cuja economia volta-se principalmente para a prestação de serviços educacionais e tecnológicos, e que hoje é considerada um dos pólos de tecnologia do Estado de São Paulo. A classificação da cidade como pólo de tecnologia é devido às numerosas pesquisas conduzidas por suas forte área acadêmica. A cidade conta com duas universidades públicas, a USP (Universidade de São Paulo) e a UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e duas universidades particulares, a UNICEP (Centro Universitário Central Paulista) e a FADISC (Faculdades Integradas de São Carlos) No âmbito tecnológico, a cidade abriga dois centros de pesquisa, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e uma fundação de alta tecnologia, o Parqtec (parque de Alta Tecnologia de São Carlos) e apresenta ainda diversas empresas multinacionais, como a Alcoa (alumínio) e a Tecumseg (compressores para refrigeração e ar condicionado).

O urbano : São Carlos - SP

O município de São Carlos -SP está na parte centro-oriental do Estado de São Paulo. Ao Norte faz divisa com o município de Descalvado, ao Sul com os municípios de Analândia e Brotas, à Leste com os municípios de Pirassununga e Leme e à oeste com os municípios de Ibaté e Ribeirão Bonito.

N

Área Urbana Localização do Projeto

13


Localização da área de projeto Rodovias de acesso

Município de São Carlos - SP 2

Área Total: 1140.9km 2 Área Rural: 1073.65km 2 Área Urbana: 67.25km

O urbano : São Carlos - SP

N

100.0% 94.1% 5.9%

Fonte: IBGE 2000

Fazenda Itaporanga Area a ser recuperada: 2 = 1003575,12 m = 100, 36 ha = 248 acres

14


7

O urbano : São Carlos - SP

No Plano Diretor elaborado pela Prefeitura de São Carlos em 2005, o município foi dividido em zonas para a sua caracterização. A área de intervenção localiza-se na Zona 7, caracterizada como de uso predominantemente agrícola. Essa área foi condicionada pelo plano diretor de maneira a evitar os usos urbanos e o adensamento populacional, que comprometerão as suas características originais, de uma região com potencial para lazer e turismo, pela presença de chácaras de recreio, cachoeiras, propriedades históricas entre outros. A zona 7, portanto, foi classificada como uma AEI (Área de Especial Interesse) Turístico, Histórico e Ecológico.

7

7

Além disso, devido às suas características tanto físicas quanto sociais, o Plano Diretor classificou a região onde este projeto se encontra como parte da Zona de Recuperação e Ocupação Condicionada, pois a área apresenta córregos assoreados, inúmeros assentamentos problemáticos em encostras, áreas isoladas e solos frágeis, infra-estrutura precária, irregularidades urbanísticas e fundiárias e concentração de população de baixa renda. (Plano Diretor de São Carlos - 2005). Zonas 7 : Uso Predominantemente Agrícola. AEI Turístico, Histórico e Ecológico .

Fonte: Plano Diretor da cidade de São Carlos 2005

15


A cidade se urbanizou a partir do padrão comumente chamado centro-periferia (CALDEIRA, 2003), que dispersou a população no espaço urbano: as classes média e alta ocupavam os bairros centrais, bem equipados e atendidos, e a população pobre vivendo nos bairros da periferia, comumente em condições precárias. A expansão da cidade resultou em uma periferia cuja ocupação foi rápida e desordenada. Essa expansão ocorreu principalmente na década de 70 e nos anos 80 e 90, com a formação de loteamentos mais distantes e periféricos ao tecido urbano existente. Nesse âmbito pode-se analisar o loteamento Cidade Aracy, que foi aprovado pela ASPLA Assessoria de Planejamento Municipal da Prefeitura Municipal de São Carlos, em 30/09/1983, e o Antenor Garcia, cuja regularização data de 1997.

O urbano : São Carlos - SP

A cidade de São Carlos, apesar de ser idealizada como a “Capital da Tecnologia”, é ainda uma cidade com inúmeros problemas sociais, econômicos e ambientais, e apesar da disponibilidade de recursos tecnológicos e científicos ocasionados pelos seus centros especializados, esses recursos são apenas parcialmente aplicados na cidade. São Carlos, como todas as outras cidades brasileiras, sofreu com uma expansão descontínua e fragmentada em seu território, o que ocasionou tanto uma fragmentação e segregação social quanto a dispersão da população em áreas desqualificadas para a expansão urbana.

Ambos os loteamentos são totalmente desarticulados do tecido existente e desprovido de infra-estrutura e serviços urbanos. Além disso, os loteamentos não foram corretamente implantados, o traçado, arruamento é inadequado devido às características topográficas e geológicas da área, que possui alta declividade e um tipo de solo que é suscetível à erosão. A malha do loteamento é ortogonal, e não foram dadas prioridades para áreas verdes e de recreação/lazer. O traçado das ruas do bairro tem sua drenagem orientada completamente para o córrego da Água Quente, o que ocasiona inúmeros problemas de erosão na área.

A área de intervenção: transição A área de projeto está localizada ao lado dos bairros Antenor Garcia e Cidade Aracy, imediatamente ao lado da faixa que “separa” a área urbana da área rural. 16


Antenor Garcia

A área de Inter venção : transição

N

Cidade Aracy Área de Intervenção Presidente Collor

17


Fonte: Plano Diretor de São Carlos - SP 2005

A área de Inter venção : transição

Toda essa região dos bairros e da área de intervenção pode ser considerada como inadequada para o assentamento urbano, devido às características geológicas da área.

18


A área de intervenção fica sobre a formação Botucatu, e é composta em grande parte de Areias Quartzosas, que são altamente permeáveis. Porém também podem ser encontrados latossolos na área, que segundo Fazano (2001)5 se assentam sobre blocos desarticulados de arenito metamorfizado e que, sem a proteção da cobertura vegetal, tornam-se altamente propensos a desmoronamentos. A área de Projeto e o seu entorno imediato, então, apresenta os solos:

- Latossolo Vermelho Escuro (Lee): solo mineral, não hidromórfico, com horizonte B Latossólico. - Areias Quartzosas (Aqa): Solos com textura arenosa muito profunda, fase relevo suavemente ondulada. É um solo mineral fracamente desenvolvido.

Segundo a divisão geomorfológica do Estado de São Paulo (IPT 0 1981), São Carlos localiza-se no Planalto denominado “Cuestas Basálticas”. O Planaldo de São Carlos apresenta como altitude média de topo entre 850 e 780 metros. (Fonte: FAZANO, 2001:94)5 São Carlos encontra-se na Bacia Sedimentar do Paraná, que preenche toda a faixa centro-oeste do Estado de São Paulo. Essa Bacia é preenchida por rochas sedimentares vulcânicas de idades que variam do Paleozóico Inferior até o Cenozóico. O município de São Carlos situa-se sobre as rochas do Grupo São Bento, constituídas essencialmente pelos derrames de efusivas Basálticas (Formação Serra Geral) e os arenitos das Formações Botucatu e Pirambóia circundados por extensas áreas de arenitos da formação Bauru. (FAZANO, 2001:96)5 A Formação Botucatu apresenta arenitos finos e médios, uniformes, de grãos foscos e de alta esfericidade, avermelhados, com estratificação cruzada tangencial de médio a grande porte. A formação Bauru apresenta arenitos argilosos de coloração marromavermelhada, com alguns níveis argilosos e espessuras de no máximo 40m. A formação Pirambóia apresenta arenitos finos e médios, com cores avermelhadas, sítico-argilosos, com estratificações cruzadas de pequeno a médio porte. Os depósitos são considerados de origem fluvial e de planícia de inundação.

5 - FAZANO, Cinthia B. Proposta de Zoneamento Ambiental. Estudo de caso Bairro Cidade Aracy, São Carlos- SP. Dissertação de mestrado em Engenharia Urbana. UFSCar Universidade Federal de São Carlos. São Carlos, 2001.

A área de Inter venção : transição

Características Geo-físicas da área de intervenção

19


Pedologia dos Solos

A área de Inter venção : transição

Características Geo-físicas da área de intervenção N

Plano Diretor 2005

20


A área de Inter venção : transição

Características Geo-físicas da área de intervenção N

Hipsometria

21


Fonte da Imagem: PONS, N. A. D. Levantamento e Diagnóstico Geológico-Geotécnico de áreas degradadas da cidade de São Carlos SP, com auxílio de Geoprocessamento. EESC - USP. São Carlos, 2006.

A área de Inter venção : transição

Características Geo-físicas da área de intervenção

22


O município de São Carlos está localizado nas macrobacias hidrográficas Mogi-Guaçu e Tietê-Jacaré. A área urbana está localizada quase que totalmente na MacroBacia Tietê-Jacaré, porém a expansão da cidade no sentido Norte já ultrapassou a região dessa macro-bacia.

A área de Inter venção : transição

Características Geo-físicas da área de intervenção N

Macro-Bacias

23


As Macro-Bacias são divididas em sub-bacias, que foram distinguidas e separadas considerando o seu curso d’água principal. De tal maneira, as Macro-Bacias originaram as seguintes Micro-Bacias:

Micro-Bacias

A área de Inter venção : transição

Características Geo-físicas da área de intervenção N

24


O Bairro Cidade Aracy situa-se uma parte na sub-bacia hidrográfica do Córrego da Água Quente e outra parte na sub-bacia hidrográfica do Córrego da Água Fria. A área de intervenção na Fazenda Itaporanga situa-se entre o Córrego da Água Fria e o Córrego Itaporanga. Ambos os Córregos apresentam graves problemas ambientais, como assoreamento, lançamento de esgoto nos corpos d’água e erosão do solo. Há hoje em andamento um projeto de recuperação da sub-bacia do Córrego da Água Quente, porém esse projeto não abranje o Córrego da Água Fria, que embora não haja muita divulgação pela municipalidade da sua situação ambiental atual, ele apresenta os mesmos problemas ambientais que o Córrego da Água Quente. Infelizmente ainda não foi feito nenhum projeto de recuperação desse Córrego, mas ambas as situações dos Córregos são de extrema urgência e precisam de medidas imediatas para conter o processo de degradação que eles se encontram.

A área de Inter venção : transição

A área de projeto, então, localiza-se na Micro-Bacia do Ribeirão Monjolinho, afluente do rio Jacaré-Guaçu, que por sua vez é afluente do rio Tietê.

25


26

A área de Inter venção : transição


Segundo a resolução 01/86 do CONAMA, impacto ambiental é toda e qualquer “alteração das propriedades químicas, biológicas, físicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas” (Artigos 1º e 2º da Resolução, retirados da tese de FAZANO, 2001)5. Os impactos ambientais ocasionados pelo desmatamento são diversos, tais como alterações climáticas, erosão do solo, assoreamento de recursos hídricos, redução da infiltração da água, danos à flora e à fauna, empobrecimento do solo, aumento do escoamento de água e inundações. O movimento de terra, como por exemplo a extração excessiva de areia, causa uma alteração na drenagem das águas, um processo intenso de erosão do solo e o assoreamento dos recursos hídricos.

Imagem: Bairro Cidade Aracy. Rede de drenagem de esgoto doméstico rompida, provocando a contaminação do solo e a instabilização do 6 processo de controle de erosão. Fonte: PONS (2006:159) .

Impacto Ambiental

A atividade de extração de areia é uma atividade geradora de impacto ambiental, e por isso é devidamente regularizada e vistorada pelo CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente.

Imagem: Bairro Cidade Aracy. Boçoroca causada pelo escoamento superficial das 6 águas pluviais em local com alta declividade. Fonte: PONS (2006:160) .

5 - FAZANO, Cinthia B. Proposta de Zoneamento Ambiental. Estudo de caso Bairro Cidade Aracy, São Carlos- SP. Dissertação de mestrado em Engenharia Urbana. UFSCar Universidade Federal de São Carlos. São Carlos, 2001. 6 - PONS, Nivea A. D. Levantamento e Diagnóstico Geológico-Geotécnico de áreas degradadas da cidade de São Carlos SP, com auxílio de Geoprocessamento. EESC - USP. São Carlos, 2006.

27


Logo, o planejamento ambiental não pode ser feito a partir de uma leitura estática do ambiente, ele deve compreender os processos continuados que resultaram na apropriação dos recursos naturais, na perspectiva do desenvolvimento humano. O estado atual de um ambiente não é o produto de impactos individuais independentes, desconectados do passado ou do futuro. Pelo contrário, o estado atual de uma paisagem é conseqüência das ações e efeitos combinados entre si, que ocorreram em um determinado tempo ou continuam a ocorrer, e que acabam por determinar o quadro da paisagem, em termos da sua conservação ou degradação.

Existem legislações tanto locais quanto estaduais e federais sobre Políticas no Meio Ambiente, como por exemplo a Lei Federal no 6.938/81 (de agosto de 1981), da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA): Artigo 2º: “A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana (...)”.

Impacto Ambiental

Para a regularização da extração de areia, são exigidos os licenciamentos ambientais. O EIA, estudo de impacto ambiental, exige um projeto paisagístico como uma das ações compensatórias ou medidas mitigadoras desses estudos. O projeto paisagístico exige uma equipe multidisciplinar, e devem ser considerados todos os elementos geobiofísicos e as estruturas sócio-econômicas que compõem a área.

Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: “O objetivo do planejamento ambiental é estabelecer normas para territórios complexos e, para tanto, ele precisa estar suficientemente ligado à realidade em seus múltiplos aspectos” (SANTOS, 2004:72) 7.

- AIA Avaliação de Impacto Ambiental. - Zoneamento Ambiental. - Licenciamento Ambiental : licença prévia, licença de instalação (EIA/RIMA) e licença de operação.

7 - SANTOS, Rozeli Ferreira dos. Planejamento Ambiental: teoria e prática. São Paulo: Oficina de textos, 2004.

28


Impacto Ambiental

“No seu procedimento de encontrar situações paisagísticas capazes de compensar os inevitáveis impactos de qualquer projeto de desenvolvimento, o objetivo final a atingir será o de recriar os ecossistemas destruídos, da paisagem natural atingida. É evidente que recriar um ecossistema é impossível, uma vez que, mesmo num processo de regeneração natural, as atuais situações morfoclimáticas conduziram a situações climaces distintas daquelas em que, há cerca de 4.000 anos, no Holoceno, os ecossistemas se estabilizaram”. (CHACEL, 2001:23)8.

Fotografias da área. Imagem da autora.

A lavra a céu aberto, que é a que ocorre na área de extração de areia da Fazenda Itaporanga, é a que gera maior impacto ambiental, pois produz grande quantidade de estéril, além de poeira, ruído, vibrações e poluição das águas (PONS, 2006)6.

8 - CHACEL, Fernando. Paisagismo e Ecogênese. Rio de Janeiro, Editora Fraiha, 2001.

29


9

Segundo Bastos (2005) existe uma diversidade de soluções para recuperar uma área ambientalmente degradada. O autor divide a Recuperação Paisagística nos termos restauração, reabilitação e reconversão.

Reabilitação : Pressupõe a recuperação das funções e processos naturais dentro do contexto da perturbação. Reconversão : Visa uma utilização do espaço afetado para outros usos, distintos dos originais, não obrigando, necessariamente, à revegetação da área. A reconversão é limitada por 2 aspectos: a inexistência de usos futuros para os espaços e a inexistência de expectativas concretas futuras para a área.

Enchimento quase completo

Enchimento reduzido

Recuperação Paisagística

O plano de Recuperação Paisagística parte do princípio de que a Recuperação está associada à idéia de que o local seja trabalhado de modo a recriar condições ambientais adequadas, proporcionando um equilíbrio ambiental.

Enchimento parcial

9 - BASTOS, M e AZEVEDO E SILVA, I. Uma diversidade de soluções para a reconversão, reabilitação e recuperação Paisagística de Pedreiras. Visa Consultores. Disponível em: <www.visaconsultores.com/pdf/Enc_OE_2005_MBIS_artigo2.pdf> visualizado em março de 2007.

30


Ausência de enchimento (abandono controlado)

Restauração : Devolver o estado original, removendo a causa de degradação. Esse processo só se justifica se existirem meios de restabelecer a morfologia, a qualidade dos solos anterior, pois é um procedimento com um custo elevado. Revegetação e renivelamento da área.

Recuperação Paisagística

Enchimento mínimo (manutenção)

Renivelamento da área.

Os procedimentos e atividades que envolvem a recuperação de áreas degradadas por mineração são variados, mas de uma maneira geral, o processo é identificar e avaliar preliminarmente a área degradada, fazer o planejamento da recuperação, com uma avaliação mais detalhada e completa da degradação, e execução do plano de recuperação elaborado. Após isso deve ser feito o monitoramento e manutenção da área. Na Fazenda Itaporanga algumas áreas já foram recuperadas pelos mineradores. Essas áreas tiveram um enchimendo parcial, renivelando as áreas mineradas. As outras áreas que serão recuperadas nesse projeto terão áreas com enchimento mínimo e área com ausência de enchimento. Ambos os procedimentos exigem uma manutenção da área para que não ocorram desmoronamentos. 31


Além disso, essas técnicas correspondem a um dos procedimentos indicados para a recuperação de áreas extrativas, e para o controle de erosão em escarpas e taludes. São técnicas que consistem em utilizar elementos biologicamente ativos em obras de estabilização do solo. Esses elementos são: vegetação, conjugados a elementos inertes como rochas, concreto, madeira, ligas metálicas, polímeros naturais, entre outros. Outro ponto interessante para a utilização das técnicas da bioengenharia dos solos para este trabalho é devido ao fato de que estas requerem uma boa quantia de mão de obra, de menor qualificação técnica, exigem pouco maquinário, e aproveitam materiais naturais presentes na área, o que reduz os custos de transporte, além de gerar inúmeros benefícios locais. Outra vantagem é que as técnicas auxiliam na criação de nichos ecológicos, o que melhora a qualidade das águas e da paisagem criada.

Recuperação Paisagística

Existem várias maneiras de se evitar a erosão do solo em áreas expostas e de declividade alta. Neste projeto são utilizadas técnicas da bioengenharia dos solos, que auxilia não só na contenção do solo como também na recuperação da sua qualidade.

Para o bom funcionamento das estruturas criadas pela bioengenharia dos solos é preciso uma boa escolha das espécies vegetais utilizadas, pois estas constituem a estrutura principal das escarpas ou taludes. Por isso as espécies têm que ter boa resistência e capacidade de consolidar o solo. São plantadas estacas vivas e plantas com raiz desenvolvida para criar essas estruturas, que além de executarem a drenagem do terreno aumentam a sua coesão e diminuem a sua mobilidade. Assim é criada uma “comunidade” vegetal com características da respectiva área, e leva-se em conta a sucessão natural das espécies.

32


Recuperação Paisagística A utilização de estacas e troncos de madeira, juntamente com a utilização de espécies vegetais específicas para a contenção do solo, corresponde à uma das técnicas mais utilizadas da bioengenharia dos solos.

Fonte das imagens: FREITAS, A. R. M. Proposta de Requalificação Biofísica e Paisagística de um talude num percurso do Parque Nacional do Vesúvio com técnicas da Engenharia Biofísica. Universidade de Évora Portugal, 2006. Trabalho de fim de curso de Engenharia Biofísica.

33


Além disso, a área da Fazenda apresenta a vantagem de ter em seu território hoje plantadas centenas de eucaliptos, e estes terão o seu uso reconvertido para a contenção do solo e para a criação de um Parque Ecológico, objetivo final da recuperação da área. O motivo da implantação de um parque é devido ao fato de que a cidade de São Carlos apresenta poucas áreas livres que possam ser definidas como Parques. Entre elas, podem-se destacar: o Parque Ecológico, a pista de saúde da UFSCar, o Horto Florestal, e o Parque Eco-esportivo do Damha. Este último está localizado na Fazenda do Urso, e é um empreendimento de condomínios fechados, o que potencializa a afirmação de Kliass e Magnoli, de que nós “vemos o verde, a piscina, o espaço equipado para jogos e esporte, como bens de luxo, acessíveis a uma minoria.” (KLIASS e MAGNOLI, 1969:247)3.

Recuperação Paisagística

Através da utilização dessas técnicas, juntamente com a escolha correta das espécies vegetais, o projeto de contenção da área de extração de areia é realizado. Também foram também selecionadas espécies vegetais que melhor se adequassem às condições climáticas e geológicas da área.

No sentido da recreação, a falta de atuação do poder público junto a bairros e loteamentos que abrigam grupos sociais de menor poder aquisitivo é visível, e as áreas recreativas criadas muitas vezes não são devidamente planejadas, tanto no sentido recreativo quanto ambiental. Isso ocorre nos bairros Cidade Aracy e Antenor Garcia. Ainda segundo Kliass e Magnoli: “a recreação não é um elemento supérfluo na vida urbana, pois dela depende o equilíbrio das outras atividades e não se trata de luxo, mas de necessidade (...) “. (KLIASS e MAGNOLI, 1969:248)3. Imagem: Parque La Plage, Montréal. Canadá.

34


Recuperação Paisagística

Síntese do Sistema de Parques Públicos. São Carlos - SP

Parques existentes 2007

Projeto Luis A. Spinoza S. TGI 2007 Projeto Márcia B. Pizzi TGI 2006

Sistema de áreas verdes Parques existentes Pedreiras Extrações de areia Área de Projeto

35


Na teoria contemporânea evidentemente essa distinção é problemática, e as paisagens contemporâneas não tendem mais a oferecer apenas imagens, mas sim buscar efeitos, que não revelam a forma e sim o aspecto visível do uso. Leatherbarrow, quando comentou sobre o termo “landscape”, falou sobre o termo “land” (terreno): O autor comenta de que, de início, o terreno era considerado como inerte ou estático, e também como uma propriedade. Já a terra, a água, o céu e a vegetação sempre foram considerados como processos vivos, onde a principal característica é de que eles se desenvolvem, se modificam.

Elaboração Projetual

9

Segundo Leatherbarrow , a singularidade dos projetos atuais para a paisagem levam em consideração o que podemos chamar de hipótese de dois mundos, que é a idéia que os terrenos naturais e artificiais pertencem à categorias opostas, que as paisagens fabricadas são radicalmente diferentes daquelas que se formam de maneira espontânea.

A tendência contemporânea é de negar o terreno como uma simples propriedade, estático, e assumir que ele tem marcas temporais visíveis. O terreno deve ser visto como uma entidade dinâmica que, como a natureza, se desenvolve e se modifica com o tempo. Esse é o grande conceito que norteia a intervenção, a tendência de um território de se modificar ao longo do tempo, devido tanto a fatores naturais quanto da ação do homem.

9 - L'Architecture d'aujourd'hui, Praticly Natural. David Leatherbarrow. N. 363. mars-avril 2006. Imagem: Pascal Cribier. Provence, França.

36


A partir dos anos 60 começaram as extrações, que se iniciaram próximo ao leito do córrego. A partir de 1976 começa a extração de areia na área. Esse processo foi se consolidando ao longo dos anos, e compreende-se que inicialmente a extração não era devidamente fiscalizada, pois a legislação ambiental só surgiu na década de 80. O terreno foi se modificando, e a extração de areia foi se expandindo no território da fazenda, com o requerimento de novas áreas de extração, e a compra de outras glebas vizinhas para ampliar a fazenda e consequentemente a área de mineração.

Elaboração Projetual

A temporalidade é colocada como um dos fenômenos responsáveis pela paisagem atual. O território é formado por uma justaposição de momentos históricos, justaposição de intervenções humanas. A área de projeto se modificou de diversas maneiras ao longo do tempo: Inicialmente era uma paisagem de cerrado, onde o terreno tinha uma inclinação suave. A primeira transformação foi a partir da economia rural, e o terreno perdeu grande parte da sua vegetação nativa e transformou-se em área de pastagem.

A definição de “tempo”em diversas categorias de análise: Tempo: A sucessão dos anos, dos dias, das horas, etc, que envolve, para o homem, a noção de presente, passado e futuro. O tempo é um meio contínuo e indefinido no qual os acontecimentos parecem suceder-se em momentos irreversíveis. A noção de tempo na meteorologia: Tempo: Condições meteorológicas. “O tempo está bom”. A noção de tempo na física: Tempo: Coordenada que, juntamente com as coordenadas espaciais, é necessária para localizar univocamente uma ocorrência física. A noção de tempo na música: Tempo: cada uma das partes, em andamentos diferentes, em que se dividem certas peças musicais, como a sonata, a suíte, o quarteto, etc. Movimento, andamento. Temporal: relativo a tempo, temporário. Temporâneo. Temporalidade: qualidade de temporal. Fonte: AURELIO, Novo Dicionário Aurélio da Lingua Portuguesa.

37


Elaboração Projetual

Simultaneamente ao processo de extração é feito o tratamento do estéril da extração. Depois de lavradas, as áreas são reniveladas e revegetadas. Na fazenda existem áreas que já foram tratadas, e receberam como vegetação eucaliptos. Esse processo foi iniciado em 2002. Hoje a extração de areia na área está em fase terminal, os proprietários estão aguardando a última área de lavra a ser autorizada, para depois encerrar o processo na área e requalificar a área como um todo.

Imagens das áreas já recuperadas

Imagens das áreas expostas

Na questão da temporalidade, podem-se destacar os seguintes momentos: cerrado, extração no leito, ausência de cobertura vegetal para pastoreio, extração de areia e exposição do solo, renivelamento, revegetação. 38


1961 39

Transformação da Paisagem


1972 40

Transformação da Paisagem


2000 41

Transformação da Paisagem


2003 42

Transformação da Paisagem


Transformação da Paisagem Diretrizes Projetuais

2007

43


Neste trabalho apenas expõe-se a situação, com o intúito de que possam surgir propostas pelos órgãos públicos no sentido de uma recuperação dos córregos e um tratamento de esgoto alternativo para a área Paralelamente à isso deve ser feito um trabalho de informação à população do entorno sobre as condições atuais de poluição do córrego da Água Fria, apontando os problemas de saúde advindos da utilização desta água, e buscando encontrar soluções em conjunto com a população.

Cana

lturas

e Cu

ativa

on taçã

is

anua

ado

- Cerr

Vege

ão etaç

Transformação da Paisagem

A situação problemática que o Córrego da Água Fria se encontra hoje requer estratégias complementares de projetos ambientais, de modo a minimizar e/ou solucionar a situação.

persa

a dis

Nativ

Veg

Salienta-se que hoje o Córrego é utilizado pela população local como área de lazer, para banhos e pescas, principalmente nos fins de semana. Essa utilização é feita principalmente pelas crianças, que vão até o Córrego por um percurso alternativo criado por eles mesmos, que atravessa as fazendas da área até chegar em uma roda d’água presente no córrego. Essa roda d’água encontra-se afastada da área de projeto, porém salienta-se a falta de áreas públicas recreativas nessa região, e a falta de informação da população das condições ambientais do córrego e dos problemas que podem advir da sua utilização.

osto o exp

ção

extra

tic

l freá

o Lenç

pela

de reas

ção

extra

reia

de a

Á

44


O projeto pretende conter a erosão nos pontos mais críticos, fazer um trabalho de contenção dos taludes para que não haja risco de desmoronamento, e trabalhar o terreno de maneira que possam continuar a existir áreas de solo exposto ao longo do parque, assim como áreas onde o lençol freático possa aflorar e áreas onde possa ocorrer um lençol de água adquirido pelas águas das chuvas. A característica principal da área em relação ao tipo do solo é a instabilidade que este gera. O solo instável sofre erosão naturalmente e facilmente, tanto pela ação humana quanto pela ação dos ventos e das chuvas. Todo o processo da extração indica uma mutabilidade, pois ao mesmo tempo que a areia é retirada há um afloramento do lençol freático, há a água pluvial que precipita no solo alagando áreas, e assim as modificações verticais ocorrem no território.

Transformação da Paisagem

Esse projeto de recuperação paisagística não pretende recuperar a paisagem anterior. Dada a situação atual da área, do terreno e do solo exposto, faz-se uma proposta projetual que não seja uma simples medida paliativa para amenizar os danos causados pela extração, e sim aproveitar o potencial desse tipo de paisagem, de solo exposto, gerado pela mineração, e que não seja simplesmente renivelar a área e plantar onde está erodido.

Os fatores naturais também são responsáveis por grande parte da mutabilidade da área. Podemos destacar algumas trocas horizontais que ocorrem, como o movimento do vento sobre o solo, ocasionando uma mobilidade da areia, a anemocoria (dispersão de sementes pela ação do vento), a modificação da vegetação a partir das diferentes estações do ano, a diferente coloração das espécies vegetais ao longo dos meses, entre outros. 45


Mobilidade: (do latim mobiliate) Qualidade ou propriedade do que é móvel ou obedece às leis do movimento. Volubilidade, facilidade de modificar-se ou variar-se. Mutabilidade: Qualidade do que está sujeito a mudar / Aptidão para sofre mutações.

Projeto Referência: STOSS LU . Riverside Park. New Bedford. Massachusetts.

Transformação da Paisagem

A temporalidade implicou uma série de mudanças ao território, e a proposta é potencializar essa mobilidade da área, trabalhando com a possibilidade da área de se transformar, de se modificar.

46


Transformação da Paisagem

Condições Climáticas da cidade de São Carlos - SP 47


Transformação da Paisagem

Chacel (2001)8 fala sobre a ecogênese, que seria uma forma de recriação de paisagens. Essa idéia leva em consideração que para recriar uma paisagem não podemos pensar que vamos recriar o ecossistema perdido. O ecossistema não se recria, pois a questão temporal é responsável pela modificação natural dos ecossistemas, e as condições climáticas são diferentes daquelas que originaram um ecossistema. Logo, para se recriar uma paisagem, em uma área que foi completamente modificada ao longo dos anos, é necessário criar e não re-criar um ecossistema, porém baseando-o no ecossistema natural. O projeto de recuperação paisagística é muito mais do que um simples trabalho de recuperação estética, é uma busca de adequação paisagística às condições atuais de um território.

Fernando Chacel, Parque da Gleba E. Rio de Janeiro

8 - CHACEL, Fernando. Paisagismo e Ecogênese. Rio de Janeiro, Editora Fraiha, 2001.

48


O trabalho com a vegetação adequada ocorre não somente com as árvores, mas também com o estrato arbustivo e herbáceo, novamente escolhendo espécies que se adequassem à situação da área, e que também possibilitassem diferentes percepções do ambiente. Também foram propostas misturas entre os diferentes estratos vegetativos presentes no parque, para criar sensações diferenciadas ao longo dos percursos. A modificação natural das espécies ao longo do ano também é pensada para proporcionar essas sensações diversas, Essa percepção é trabalhada a partir de uma brincadeira com o plantio das espécies, alternando em um mesmo espaço espécies que floresçam em épocas diferentes do ano, e que tenham colorações diferenciadas.

Morfologia Vegetal: Estudo das formas e estruturas dos organismos vegetais.

Transformação da Paisagem

Para a devida adequação do parque à situação da área, foi iniciado um processo de escolha das espécies vegetativas que seriam utilizadas para a arborização do parque, de maneira que estas fossem espécies que melhor se adaptassem ao tipo de solo encontrado e à situação climática da área, além de serem espécies pioneiras que auxiliem na regeneração da área.

Imagem: Simone Mueller

49


Transformação da Paisagem Imagem: Pascal Cribier. Projeto de Paisagem. Provence, França.

50


Transformação da Paisagem

Quadro de espécies vegetais s e l e c i o n a d a s

51


Transformação da Paisagem

Quadro de espécies vegetais s e l e c i o n a d a s

52


a

Transformação da Paisagem

Quadro de espécies vegetais s e l e c i o n a d a s

53


Transformação da Paisagem

Quadro de espécies vegetais s e l e c i o n a d a s

54


Transformação da Paisagem

Quadro de espécies vegetais s e l e c i o n a d a s

55


Em áreas próximas aos lagos do projeto, por exemplo, localizou-se algumas plantas marginais, como o Cyperus giganteus (Papirobrasileiro), e nos locais ainda mais próximos ao lago, em áreas que se encharcam em algumas épocas do ano, foram localizadas as espécies palustres Mimosa flocculosa (Bracatinga rósea), Equisetum giganteum (Cavalinha), Hedychium coronarium (lírio-dobrejo),Canna limbata (beri silvestre) e Erythrina speciosa (Mulungu do litoral). Outras espécies que igualmente poderiam ser utilizadas, mas que não foram incluídas no quadro de espécies vegetais selecionadas, são: Plantas Palustres: Canna generalis (babaneirinha de jardim) Zantedeschia aethiopica (Copo de leite) Curculigo capitulats (curculigo) Taxidium distichum (cipreste dos pântanos)

Transformação da Paisagem

A localização das espécies vegetativas no parque considera a situação de clima e de solo que cada espécie exige para se desenvolver. Devido a isso, no quadro de espécies vegetais selecionadas se encontram árvores e herbáceas que se desenvolvem em situações diferentes, como solos secos, solos arenosos, solos ácidos, solos úmidos, áreas de sombra, meia-sombra e áreas de sol pleno.

Plantas Marginais: Masturtium officiale (Agrião) Juncus effusus (Junco) Nelumbo nucifera (Flor de Lótus) Nymphaea caerulea (lírio d’água, ninféia azul) Cyperus alternifolius (Sombrinha-chinesa) Também considera-se a utilização de espécies vegetais sob os lagos, as flutuantes: Eichhornia crassipes (Aguapé) Pistia stratioles (Alface d’água) Salvinia sp (marrequinha)

Salienta-se que essa seleção de espécies é meramente ilustrativa do que se almeja alcançar como paisagem no parque. Para a correta seleção das espécies seria necessário um trabalho conjunto com biólogos e outros especialistas da área. 56


Transformação da Paisagem

Relação das árvores utilizadas no parque e suas respectivas morfologias vegetais:

57


Para a elaboração da forma final do parque partiu-se do pré-suposto de que a útlima área de lavra a ser extraída será autorizada, e utilisou-se então a forma final que a área terá no momento da finalização da mineração. A configuração final do parque, então, parte da situação que a área terá com a finalização da extração de areia. Para a concepção da forma final do parque, foram feitos ensaios em maquete: essa maquete era uma caixa de areia (advinda da própria área), onde foram feitos estudos formais sobre a configuração da areia a partir de diversas situações.

A formação do Parque

Concepção Formal

A partir dos desenhos originados pela areia, a forma do parque foi concebida. O solo da área, que sempre sofreu uma modificação ao longo dos anos, agora se estabelece na forma do parque, através do tratamento das áreas impedindo os processos de erosão. A forma do parque se estabelece, e sobre esta forma surge uma segunda camada, que é a da vegetação. Essa vegetação, responsável pela estabilidade do solo, transforma-se ao longo dos anos. A mutabilidade da área no projeto do parque passa a ocorrer então pelos estratos vegetativos e pelas situações climáticas relativas à área. A localização das árvores no parque foi concebida a partir de um mapa de densidades de vegetação. Esse mapa surgiu da necessidade de que a localização das árvores não fosse aleatória. Logo, elaborou-se um mapa com três tipos de densidade de vegetação (baixa, média e alta), e a partir desse mapa as espécies foram locadas no parque de acordo com suas especificidades.

58


A formação do Parque A forma do parque se estabelece, e sob essa forma ocorrem novas transformações ao longo dos anos. 59


N

A formação do Parque

Situação atual do terreno - 2007

Última área a ser extraída Aguardando licitação. Curvas de nível de 5m em 5m

60


N

A formação do Parque

Projeto da forma do Parque - 2007

Curvas de nível de 5m em 5m

61


N

A formação do Parque

Projeto da forma do Parque - 2007

Curvas de nível de 1m em 1m

62


A formação do Parque

N

Densidade Vegetativa Localização das áreas a serem vegetadas

Densidade baixa Densidade média Densidade alta

63


A formação do Parque

N

64


A formação do Parque

N

65


O projeto de recuperação e de formação do parque inicia-se imediatamente e simultaneamente à última área a ser lavrada. Enquanto a mineração ocorre, são formados os futuros acessos ao parque e o viveiro, que será responsável pelo cultivo das espécies vegetais que serão utilizadas na área. Após isso, serão formadas outras áreas do parque e plantadas as espécies vegetais que ali se localizam. A última área do parque a ser formada é a área da última extração, que será re-nivelada e trabalhada para a criação de um lago, cujo volume de água não seja fixo, e sim variável de acordo com as diferentes épocas do ano.

A formação do Parque

A extração de areia na área de projeto ainda não terminou. Os proprietários estão aguardando a aprovação da última área de lavra, para então encerar o processo de mineração nessa fazenda.

O volume de água dos lagos do parque aumentará de acordo com as diferentes épocas do ano, durante os meses de novembro a junho, principalmente nos meses de dezembro / janeiro / março, que são meses com índice pluviométrico e umidade relativa altos. Nesses meses de cheia dos lagos, a água provavelmente irá adquirir uma tonalidade marrom. Durante os meses de seca, de julho a setembro, o volume de água dos lagos diminuirá, e com isso aparecerão alguns percursos alternativos no meio do lago. Nesses meses, a tonalidade da água terá uma coloração azul clara. A descrição desses fenômenos no parque baseia-se na realidade das áreas da fazenda hoje, que estão expostas e com o lençol freático exposto, e que mudam de coloração e volume de acordo com as condições climáticas. Essa foi uma característica identificada na área e que foi utilisada na concepção do parque, de maneira a potencializar essa característica natural da própria área de se modificar ao longo dos anos.

66


Imagem: Setembro de 2007

A formação do Parque

Imagem: Março de 2007

67


Imagem: Setembro de 2007

A formação do Parque

Imagem: Março de 2007

68


Imagem: Setembro de 2007

A formação do Parque

Imagem: Março de 2007

69


- Acesso direto pelo bairro Antenor Garcia: Esse acesso é pensado em relação ao bairro, com a criação de uma pequena área verde com árvores frutíferas e de uma clareira, que marca a entrada para o parque. Foi projetada uma ponte que atravessa o córrego da água fria, de 5m de largura, preferencialmente para pedestres e ciclistas. Após a transposição do córrego, o acesso do parque se dá sutilmente através de um percurso que atravessa a área de vegetação nativa, até chegar no início do parque, ao lado de um dos lagos criado a partir do lençol freático exposto pela extração. Esse percurso, então, trabalha a percepção da área a partir de visões seriais do parque. - Acesso direto pela Rodovia SP 215 e pelo bairro Cidade Aracy: Esse acesso se dá no nível mais alto da cota do terreno, e a visão inicial é do geral do parque e das áreas de solo exposto. Esse impacto inicial gera a reflexão e conscientização dos visitantes em relação aos processos que ali ocorreram ao longo do tempo. Essa visão inicial contrasta com os percursos que ocorrem ao longo do parque, ou seja, há uma visão do todo, mas a percepção do todo só ocorre a partir dos percursos e das visões seriais.

A formação do Parque

Foram projetados dois acessos principais ao Parque:

Ace ss Ante o nor Ga

rcia

Acess o Rodov Cidade Ara ia SP cy 215

70


Portanto, no parque destinou-se uma grande área para a vegetação nativa. Em alguns casos essas áreas terão de ser reconstituídas, pois a mineração acabou avançando nessas áreas. Salienta-se de que a mineração sempre preservou a APP da área, destinando sempre uma grande porcentagem de mata original em seu território, principalmente na região dos Córregos.

A formação do Parque

Como a área de projeto se encontra em uma região entre dois córregos, delimitase uma Área de Preservação Permanente - APP nas proximidades destes. Porém, considera-se que mais importante do que dimensionar o limite mínimo de ÁPP é a preservação da mata nativa - originalmente de cerrado - que está desaparecendo nessa região, devido ao grande número de fazendas com plantio de cana de açúcar e outras culturas e áreas para pasto.

A área total da Fazenda: 202 ha Área da fazenda onde ocorreu extração: 160 ha Projeto do Parque: 85 ha Áreas de recuperação de mata original e preservação da mata existente: 89,51 ha Porcentagem de APP que será alcançada com o projeto: 44,31%

Imagem: mata de cerrado original na Fazenda

71


2007

A formação do Parque

FORMAÇÃO DO PARQUE

72


A formação do Parque Construção dos acessos Tratamento do lençol freático exposto Área em mineração

2010

73


A formação do Parque Tratamento da última área lavrada Tratamento do solo das áreas do parque. Plantio de espécies vegetais.

2012

74


A formação do Parque Tratamento da última área lavrada

2015

75


2020 76

A formação do Parque


A formação do Parque

N

Janeiro 77


A formação do Parque

N

Abril 78


A formação do Parque

N

Julho 79


A formação do Parque

N

Setembro 80


A formação do Parque

N

Novembro 81


A formação do Parque

N

Implantação do Parque concluído 82






A concepção dos percursos no parque partiu da vontade de criar caminhos que fossem capazes de causar diferentes sensações aos visitantes do parque, seja pelo contraste entre as diferentes morfologias vegetais e respectivas colorações das espécies presentes no parque, seja pelos elementos construídos, seja pelo próprio impacto natural que a área causa. Para a elaboração desses percursos, optou-se pela utilização de um novo elemento, que foi o responsável pelo processo de elaboração do traçado dos percursos e pela escolha da materialidade presente neles. Esse novo elemento foi uma música em particular, do compositor Heitor Villa Lobos.

Concepção dos Percursos

Música e imagem

“Impressões Seresteiras”, música no 2 do Ciclo Brasileiro, composta por Heitor Villa Lobos em 1936, 20 anos antes do seu falecimento, é uma peça composta para piano solo. São 4 as peças que compõem o Ciclo Brasileiro, as músicas “Plantio do Caboclo”, “Impressões Seresteiras”, “Festa no Sertão” e “Dança do índio branco”. Como o próprio tema das músicas sugere, as músicas do Ciclo Brasileiro foram escritas inspiradas em diferentes paisagens brasileiras, paisagens estas que o autor conheceu em viagens pelo Brasil e que influenciaram profundamente a sua obra. Porém, antes de entrar nas particularidades da concepção das trilhas e percursos do parque a partir da música, é imprescindível dissertar sobre a relação entre música e imagem, e consequentemente entre música e arquitetura. Essa relação tem sido objeto de estudo há muitos anos, e é uma temática até hoje presente em diversos trabalhos das mais diversas áreas, tanto das humanidades quanto das ciências exatas.

87


Alguns autores utilizam-se dessa diferenciação entre sensação sonora e sensação visual para analisar música e arquitetura como categorias artísticas opostas. Para Hegel9, por exemplo, essa oposição é verdadeira, e para ele a música tem uma maior relação com a poesia, na medida em que ambas se servem do mesmo material sensível, que é o do som. Mas também entre a música e a poesia se encontra uma maior diversidade, tanto no seu tratamento dos sons como no seu modo de expressão. O som pode tanto ser analisado enquanto fenômeno físico como também inserido em concepções culturais, que é onde surge a música propriamente dita, isto é, o som “culturalmente organizado” pelo homem. Essas duas análises são colocadas pela antropologia musical como o som e a sonoridade. (PINTO, 2001)10. O som, enquanto fenômeno físico, pode ser analisado como:

Concepção dos Percursos

Para alguns críticos, a música e a arquitetura são duas disciplinas que se relacionam pela questão do ritmo que, no caso da arquitetura, refere-se a um certo ritmo visual, que combina a diversidade do ambiente por ela gerado para propor diferentes sensações a partir do senso da visão. Porém essa leitura é um tanto limitada, pois não considera os inúmeros aspectos presentes nas duas artes.

“(...) o produto de uma seqüência rapidíssima (e geralmente imperceptível) de impulsões e repousos, de impulsos (...), e de quedas cíclicas desses impulsos, seguidas de sua reiteração. A onda sonora, vista como um microcosmo, contém sempre a partida e a contrapartida do movimento, num campo praticamente sincrônico (já que o ataque e o refluxo sucessivos da onda são a própria densificação de um certo padrão do movimento, que se dá a ouvir através das camadas de ar). (...) Em outros termos (...) pode-se dizer que a onda sonora é formada de um sinal que se apresenta e de uma ausência que pontua desde dentro, ou desde sempre, a apresentação do sinal. (...). Sem este lapso, o som não pode durar, nem sequer começar. Não há som sem pausa. O tímpano auditivo entraria em espasmo. O som é presença e ausência, e está, por menos que isso apareça, permeado de silêncio. Há tantos ou mais silêncios quantos sons no som, e por isso se pode dizer, com John Cage, que nenhum som teme o silêncio que o extingue. Mas também, de maneira reversa, há sempre som dentro do silêncio. (...). O mundo se apresenta suficientemente espaçado (quanto mais nos aproximamos de suas texturas mínimas) para estar sempre vazado de vazios, e concreto de sobra para nunca deixar de provocar barulho”. (WISNIK, 1989)11 9 - HEGEL,Georg Wilhelm Friedrichm 1770-1831. Cursos de Estética, volume III. Edusp, Editora da Universidade de São Paulo, 2002. P.286. 10 - PINTO, Tiago de Oliveira. Som e música. Questões de uma antropologia sonora. Rev. Antropol. [online]. 2001, vol. 44, no. , pp. 222-286. 11 - WISNIK, José Miguel. O Som e o Sentido Uma outra história das músicas. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

88


Na sonoridade, a música, trabalha com uma interioridade abstrata, entrando em conexão com o sentimento, com a subjetividade do eu (HEGEL), se ampliando para a expressão de todos os sentimentos particulares, como a alegria, a serenidade, o humor, a dor, a tristeza, etc. Essa utilização dos sentimentos individuais para a criação sonora vem também do fato de que o som é imaterial, e na sua perspectiva de mimese (no sentido aristotélico) a situação mais proeminente é a representação de sentimentos, que compartilham o seu estado de “imaterialidade”. Os sentimentos, então, tornam-se a esfera peculiar da expressão musical. A música, apesar de ser imaterial, sofreu e sofre diversas tentativas de ser materializada, tal qual uma imagem dinâmica. Essa materialização da música como imagem ocorre principalmente no cinema, já que as diferentes sonoridades podem mudar consideravelmente o caráter de uma imagem dinâmica. Isso explica-se pelo fato de que “o caráter mais verificado cuja concordância permite a proliferação da combinação visual e sonora é o tempo. O tempo rege a pulsação rítmica, rege a estrutura da música, e tal dimensão temporal sugere uma associação primordialmente relacionada a instâncias que se encaixem na mesma proporção dimensional, ou seja, outras manifestações temporais, dinâmicas, tais como encenações, dramáticas ou não, litúrgicas ou profanas, rituais, dança e, mais modernamente, cinema, televisão e artes multimídia.” (SALLES, 2002).12

12 - SALLES, Felipe. Imagens musicais ou música visual. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica, PUC/SP, 2002.Disponível online em: http://www.mnemocine.com.br/filipe/tesemestrado/tesebibliogr.htm

Concepção dos Percursos

A análise que Wisnik coloca sobre a relação entre os cheios e os vazios sonoros e a necessária relação entre a música e o silêncio nos leva a questionar uma outra relação entre música e arquitetura, analisando-as pelo que parece ser o seu elemento em comum, o espaço. De uma maneira simplificada, pode-se considerar o espaço como um aspecto intangível da arquitetura. A música, por outro lado, “preenche-o”.

89


Poema Eletrônico

Pavilhão Philips: Iannis Xenakis, Le Corbusier, Edgard Varese

Concepção dos Percursos

Iannis Xenakis: Princípios formais para a construção musical

Iannis Xenakis: Compositor, arquiteto, engenheiro civil, e também um dos músicos-teóricos mais importantes da música contemporânea.

« L'architecture m'a enseigné une chose qui diffère de la façon dont travaillent les musiciens : c'est de considérer la forme d'ensemble de la composition, à la façon dont on envisage un édifice ou une ville. Au lieu de partir d'un détail, comme un thème, pour édifier l'ensemble grâce à des règles, on a l'ensemble en tête, on pense aux détails, aux éléments et, bien sûr, aux proportions » (Xenakis, dans Matossian [1981 : 83].)13

13 Trad: A arquitetura me ensinou algo que difere na maneira em que trabalham os músicos: é de considerar a forma do conjunto da composição, similarmente a visualizar um edifício ou uma cidade. Ao invés de partir de um detalhe, como um tema, para construir o conjunto graças a regras, nós temos o conjunto em mente, e nós pensamos aos detalhes, aos elementos e, logicamente, às proporções. XENAKIS, IANNIS. Matossian (1981) . P. 83. Citado por: STERKEN, Sven. Iannis Xenakis, Ingénieur et Architecte. Une analyse thématique de l'oeuvre, suivie d'un inventaire critique de la collaboration avec Le Corbusier, des projets architecturaux et des installations réalisées dans le domaine du multimédia. Tese de doutorado para obtenção do diploma em Ciências Aplicadas, Seção de Arquitetura. Universiteit Gent, 2004. pp. 98 - 100.

90


Para a devida materialização de uma sonoridade, considera-se necessário enfatizar que neste trabalho essa materialização se dá a partir de uma impressão pessoal. Sobre a relação entre as duas artes música e arquitetura -, conclue-se que, sendo ou não opostas, elas se relacionam por serem ambas disciplinas artísticas que utilizam de sentimentos, sensações, impressões pessoais, para transmitir e criar novas sensações aos usuários/ouvintes, e que podem trabalhar mutuamente para que isso ocorra, não só simultaneamente, como ocorre no cinema, mas como uma arte inspiradora, como este trabalho propõe. O processo de elaboração das trilhas e percursos deste projeto ocorreu a partir de sensações originadas pela música “Impressões Seresteiras”, de Villa Lobos, que engendraram o processo criativo para a concepção de espaços no parque. A inspiração musical levou à criação de espaços específicos no parque, que acompanham uma narrativa. Para isso, a música foi analisada e dividida em diversos momentos ou tempos de maneira que essa análise foi transposta e construída espacialmente de acordo com a sensação que se almejava passar aos visitantes do parque.

Concepção dos Percursos

Um importante aspecto a ressaltar em relação à materialização da música na arquitetura é o fato de que, se a música é uma ampliação dos sentimentos, seriam esses sentimentos realmente presentes na música ou isso é um reflexo de um sentimento individual dos ouvintes?

“Por fim, a arte nunca provém apenas do cérebro. Conhecemos grandes pinturas que nasceram unicamente do coração. Em geral, o equilíbrio entre o cérebro (momento consciente) e o coração (momento inconsciente, intuição) é uma das leis da criação, uma lei tão antiga como a humanidade.” (Kandinsky, 1996:247)

14 - KANDINSKY, Wassily (1996). Do Espiritual na Arte. São Paulo: Martins Fontes. Citado por: SALLES, Felipe. Imagens musicais ou música visual. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica, PUC/SP, 2002.Disponível online em: http://www.mnemocine.com.br/filipe/tesemestrado/tesebibliogr.htm

91


A música inicia-se com uma melodia principal, em “movimento de valsa” (Allegro non troppo) e ritmo musical com presença de “ralentandos” e moderações de ritmo. A melodia principal é caracterizada pela sua expressividade e suavidade. Em um segundo momento da música, ocorre uma mudança tonal da melodia principal, e o tempo da música se altera para um Allegro (Più mosso), com presença de “crescendos” e contrastes entre fortíssimos e pianíssimos. Em um próximo momento, essa melodia sofre uma nova mudança tonal, seguida de uma transposição de notas musicais, e o ritmo musical torna-se mais “vivo”, animato, até culminar em um momento de extrema força sonora (pelo volume sonoro demandado e pela utilização de acordes simultâneos), que aumenta a dramaticidade da música e origina um retorno ao tema principal. Nesse primeiro retorno ao tema, a melodia principal é retomada, na sua tonalidade original, no seu mesmo ritmo moderato e com a mesma suavidade inicial.

Concepção dos Percursos

Impressões Seresteiras - Heitor Villa Lobos .

O próximo momento musical corresponde à maior quebra rítmica e tonal presente na música. Aparecem duas melodias simultâneas, com grande diferença entre seus ritmos e acordes. Esse é o momento de maior drama musical, com a presença de inúmeros “glissandos” e transposições. A finalização dessa parte da música ocorre através de um retorno à suavidade, alcançado pela utilização de “ralentandos” e “decrescendos”, para chegar a um novo momento de força sonora, que novamente retorna ao tema principal, completando o ciclo da música. A música “Impressões Seresteiras” tem uma organização circular que não permite que ela se encerre. Isso foi interpretado no parque em percursos cíclicos, o que é também interessante, pois não existe um ponto de partida / chegada para o percurso. Em relação à materialização da música no parque, ela ocorre da seguinte maneira: Croquis da autora

92



Concepção dos Percursos

São 5 os percursos traçados no parque a partir da música.

Trilha Villa Lobos 1 Trilha Villa Lobos 2 Trilha Panoramas Trilha Impermeabilizada Trilha Educação Ambiental

94


2 3

3 1

1 2

1

2

2

2

1

3

1

1 1

1

1

2

1

3

2 1

0

0

2

3 4 1

Concepção dos Percursos

Os percursos Villa Lobos 1 e 2, que homenageiam o compositor, são 2 trilhas que passam pelos mesmos momentos construídos no parque, mas em situações e espaços diferenciados. Foram elaboradas para visitantes que realizem práticas esportivas regulares, pois o percurso é longo e acidentado.

1 2

1

2 5

Villa Lobos 1: Comprimento total da trilha: 2,26km Inclinação máxima ao longo do percurso: 19,6% Tempo de trajeto: Corrida: 20 min a 30 min Caminhada: 30 min à 50 min

5

Villa Lobos 2: Comprimento total da trilha: 3,7km Inclinação máxima ao longo do percurso: 40% (com escadaria) Tempo de trajeto: Corrida: 30 a 40 min Caminhada: 40 a 50 min OBS: Presença da parede de escalada no percurso Villa Lobos 2, com escada alternativa.

95


Essa trilha foi elaborada para pedestres experientes e Cliclistas de Montanha (Mountain Biking, BTT), pois o seu percurso atravessa as áreas mais íngremes do parque. Comprimento total da trilha: 3,7km Inclinação máxima ao longo do percurso: 40% (com escadaria) Tempo de trajeto: Caminhada: 40 min a 1 hora

2

3

2

Concepção dos Percursos

Trilha Panoramas:

0

0

4

4

96


Essa trilha foi pensada para facilitar o acesso aos diversos usuários do parque. Incluem-se nessa trilha facilidades para usuários com necessidades especiais, como caderantes, idosos e cegos. Comprimento total da triha: 3km Inclinação máxima ao longo do percurso: 9,5% Tempo de trajeto: Caminhada: 30 min a 50 min

3

1

Concepção dos Percursos

Trilha Impermeabilizada:

3 1

1

0 3 0

1 1 1

1

97


Trilha simples de percurso rápido que contempla visuais que possam auxiliar o ensino de algumas questõese noções de meio ambiente que permeiam o parque. Comprimento total da trilha: 2km Inclinação máxima ao longo do percurso: 13,6% Tempo de trajeto: Caminhada com guia: 20 min a 40 min

1 2 2 3

Concepção dos Percursos

Trilha Educação Ambiental:

1

1

1

2 0 0

98


Esse percurso é uma via impermeabilizada que atravessa todo o parque, de maneira a facilitar a acessibilidade, permitindo o acesso de veiculos ao parque. Essa via pretende auxiliar na manutenção das áreas, e tambem permitir o rápido trajeto em casos de emergência.

Concepção dos Percursos

Percurso veículos, patrulha e manejo de áreas:

99


2

0 2

Concepção dos Percursos

2

100


Resin Pavement

Materiais presentes nos percursos, construções e infraestruturas do parque

Concepção dos Percursos

DO NATURAL AO ARTIFICIAL

Materialidade dos percursos e do Parque

Vegetação utilizada para a contenção do solo e oxigenação da água

Materiais presentes na área

101


A principal vantagem na utilização desse material é que a sua tecnologia minimiza os impactos da impermeabilização no meio ambiente, já que o pavimento não contém derivados do petróleo em sua composição, e considera-se um material apropriado para a utilização em áreas de ambientes naturais, próximos a lagos e praias, pois não apresenta em sua composição ou instalaçõo elementos tóxicos que possam contaminar o lençol d’água. “Resin Pavement binder emulsion is mixed with aggregate materials to produce compacted pavement surfaces that retain the natural coloration and texture of the constituent aggregate material. SSPCo’s environmentally friendly Resin Pavement mixtures contain no petroleum ingredients and are appropriate for use in sensitive natural environments, including access to beach, estuary and riparian areas.”15 A aplicação do pavimento é feita similarmente ao asfalto, com o uso do mesmo maquinário. O que difere a aplicação desses dois materiais é que o Pavimento de Resina é aplicado a frio.

Concepção dos Percursos

A impermeabilização do percurso para Veículos e da Trilha Impermeabilizada são feitas com o material “Resin Pavement”. Esse material está sendo fabricado principalmente nos Estados Unidos e na Europa, e é considerado como uma alternativa ao asfalto, com melhores características técnicas e de certa maneira menos agressivo ao ambiente.

“RESINPAVE™ is suitable for all weather and climate conditions. It is lighter in color than asphalt and, therefore, is more light reflective, providing cooler summer surface temperatures. In addition to its unmatched aesthetics, RESINPAVE™ is very strong. Marshall Stability tests indicate load capabilities exceeding asphalt. RESINPAVE™ creates a stable, water resistant surface.”16

15 - Trad: A emulsão da pasta do pavimento de resina é misturada com materiais agregados para produzir uma superfície de pavimentação compacta que mantém a coloração e textura natural desses materiais que o constituem. O Pavimento de Resina do SSPCo's é ambientalmente correto, pois sua mistura não contém nos seus ingredientes derivados do petróleo, o que o configura como apropriado para o uso em áreas ambientalmente sensíveis, incluindo acessos para praias, estuários e áreas próximas a rios e cursos d'água. Fonte: www.sspco.com 16 - Trad: Resinpave é apropriado para todas as condições climáticas. Ele tem uma coloração mais clara que o asfalto e, consequentemente, reflete mais luz, fornecendo temperaturas de superfície de um verão mais fresco. Além da sua estética, o pavimento é muito resistente. Os testes de estabilidade da 'Marshall Stability' indicam que os potenciais de carga desse pavimento excedem o asfalto. Resinpave cria uma superfície estável e resistente à água. Fonte: http://www.midwestind.com/resinpave.htm

102


No caso do talude principal do projeto, cujo desnível atinge em média 30 metros, foi feito um trabalho de contenção que mantivesse a inclinação do talude em no máximo 40 graus, e foi feito um trabalho de contenção utilizando principalmente duas técnicas: a utilização de troncos de eucalipto (provenientes da própria Fazenda) nos trechos mais inclinados, e a utilização de mantas vegetativas nos trechos com menor inclinação. Além disso, fez-se um trabalho de seleção de espécies que fossem adequadas para a contenção do solo: essas espécies são gramíneas e herbáceas cujas raizes são profundas. Considera-se também para esse tipo de seleção as possíveis associações vegetais. Como o comprimento do talude é muito amplo, as associações entre espécies e as técnicas de contenção foram alternadas ao longo da sua extensão, de maneira a quebrar o ritmo e a monotonia existente , criando momentos de silêncio, e possibilitando a visualização de cenários distintos um do outro.

Contenção do talude principal

O trabalho de contenção do talude principal utiliza técnicas da bioengenharia dos solos que, como já explicado anteriormente, consiste em utilizar elementos naturais presentes na própria área para realizar trabalhos de contenção no solo.

Além disso, as pessoas podem transitar pelo talude, através da trillha Panoramas. Além do próprio percurso das trilhas, existem também percursos alternativos, criados simultaneamente ao tratamento com troncos de eucaliptos, que possibilitam a criação de escadarias em sua lateral. Essas escadarias de eucalipto alternativas possibitam ao usuário tanto novas visuais do parque quanto encurtar o percurso da trilha, caso seja necessário ou desejado.

Imagem: Monte Kanabalu, Sabah, Borneo, Malásia. Fotógrafo: Marc Volk

103


Sericea lespedeza grama H = 50 cm

Panicum prionitis Capim Santa Fé H = 2 a 2,5 m

Chloris gayana Capim Rhodes H = 1,5 m

Pennisetum clandestinum Capim quiquio H = 1,5 m

Pennisetum villosum H = 50 cm

Cynodon dactylum Grama H = 30 cm

Eragrostis curvula Capim-chorão H = 50 cm

Paspalum nicarae Grama H = 30 cm

Aristida jubata Barba-de-bode H = 50 cm

Contenção do talude principal

Arachis repens Grama amendoim H = 50 cm

Stenotaphrum secundatum Grama H = 30 cm

Espécies vegetais utilizadas para a contenção dos taludes 104



Contenção do talude principal Legenda da Planta Baixa do tratamento do talude principal 106




109

Contenção do talude principal


110

Contenção do talude principal


111

Contenção do talude principal


112

Contenção do talude principal


Verônica: Você conhece o areeiro? Henrique: Âh? Verônica: O areeiro, aquele lugar cheio de areia que fica aqui perto...Me falaram que vocês vão por lá brincar! Henrique: AHHHH.....os lençóis!!! Verônica: Lençóis? Henrique: é, são os lençóis tia. Verônica: Ahh, e vocês vão lá brincar? Henrique: vamo não, afunda... A gente só vai até a roda d’água pescar.* (Diálogo entre a autora e Henrique, de aproximadamente 12 anos de idade, estudante da Escola Pública do Cidade Aracy e também morador do bairro. Maio, 2007.

O Parque dos Lençois

O Parque dos Lençóis

Em visitas a área de projeto buscou-se investigar a relação dos moradores dos bairros com a área do areeiro. Nessas visitas, foram contatados alguns agentes sociais que trabalham nos bairros e também agentes da saúde que trabalham nos postos de saúde. Esses contatos permitiram conversas com moradores, e conversas com crianças da Escola Pública do Cidade Aracy, que até mesmo ensinaram a autora a chegar no brinquedo favorito deles, a roda d’água do córrego. Essas conversas possibilitaram uma maior aproximação da área a partir do ponto de vista dos moradores, e através delas constatouse que o areeiro foi apelidado por eles de “os lençóis”, em uma clara referência à paisagem nordestina dos Lençóis Maranhenses. Nada mais lógico, então, do que chamar o parque de Parque dos Lençóis.

* A roda d’água que o Henrique se referiu fica no Córrego na Água Fria.

113


Essas construções correspondem a um segundo layer no projeto do parque, pois são elementos pontuais, muitas vezes fixos, que auxiliam na localização das pessoas no parque, e geram em seu entorno uma situação maior de permanência. As infraestruturas base correspondem principalmente a pontos de apoio, com sanitários, pontos de informação, pontos de água potável e enfermaria. Outras infraestruturas são mais específicas, como o Viveiro do Parque, cuja função é cultivar as espécies que serão utilizadas, além de auxiliar na manutenção e monitoramento dessas espécies já implantadas no parque. Próximo ao Viveiro se encontra o Centro de Investigação Botânica. Pensado especificamente para o parque, o Centro tem como objetivo auxiliar no estudo das espécies vegetais e também para ministrar cursos e aulas.

O Parque dos Lençois

Em uma maior aproximação do projeto do Parque, foram projetadas algumas infraestruturas, que tanto correspondem a equipamentos específicos para o programa que o parque propõe quanto a pontos de infraestrutura básica necessária para a área.

Ambas as infraestruturas - o Viveiro e o Centro - são capazes de oferecer cursos de capacitação de profissionais, ministrar conferências e atividades didáticas, ampliando a possibilidade de ensino de noções de meio ambiente, ecologia, botânica e jardinagem. . Além dessas infraestruturas, existem também distribuídos no parque pontos de água potável - estruturas fixas que se configuram como um marco vertical no parque - e módulos de informações e cantina, estruturas móveis que podem ser transportadas pela área. As infraestruturas e estruturas fixas possibilitam a apropriação do parque pelos usuários, e a idéia é que isso também possibilite o surgimento de novas estruturas construídas nesses espaços de maior apropriação. Essa organização dos equipamentos propõe uma maior abertura para que em um espaço possam acontecer diversos acontecimentos, e estes acontecimentos não precisam ser fixos, podem se locomover ao longo do parque. Nesse sentido, alguns acontecimentos foram propostos no parque como ilustração dessa idéia, com a localização de algumas áreas de esportes que podem se locomover e que só ocorrem em algumas épocas do ano, como por exemplo a tirolesa,o rapel, e o arborismo. 114


Mapa de localização

O Parque dos Lençóis - Mapas de Localização

Parque dos Lençóis

115


Mapa de localização

O Parque dos Lençóis - Mapas de Localização

As infraestruturas fixas

116


N

As Infraestruturas no parque

N

117


As Infraestruturas no parque

N

Infraestrutura i 1 Planta Baixa

118


Corte

Infraestrutura i 1

119

As Infraestruturas no parque


N

As Infraestruturas no parque

N

Infraestrutura i 2 Planta NĂ­vel 1

118 120


As Infraestruturas no parque

N

Infraestrutura i 2 Planta NĂ­vel 2

121


Corte

Infraestrutura i 2

122

As Infraestruturas no parque


As Infraestruturas no parque

N

Infraestrutura i 3 Planta Baixa

123


Corte

Infraestrutura i 3

124

As Infraestruturas no parque


As Infraestruturas no parque

N

Infraestrutura i 4 Centro de Investigação Botânica Planta Nível 1

125


As Infraestruturas no parque Infraestrutura i 4 Centro de Investigação Botânica Planta Nível 2

126


As Infraestruturas no parque Infraestrutura i 4 Centro de Investigação Botânica Corte

127


As Infraestruturas no parque

N

Infraestrutura i 5 Planta Baixa

128


Vista

Infraestrutura i 5

129

As Infraestruturas no parque


As Infraestruturas no parque

N

Infraestrutura i 6 Viveiro do Parque Planta Baixa

130


As Infraestruturas no parque Infraestrutura i 6 Viveiro do Parque Corte

131


As Infraestruturas no parque Módulo Informações 1:100

Módulo Cantina 1:100

Placa de comunicação visual 1:100

132


As Infraestruturas no parque

Os módulos de informações e da cantina encontram-se tanto nas Infraestruturas principais do parque quanto espalhados ao longo deste, configurando-se como uma infraestrutura de apoio.

A infraestrutura de água, diferente dos pontos de água localizados d e n t r o d o s e q u i p a m e n t o s, configura-se como uma estrutura fixa que encontra-se espalhada ao longo do parque. A sua altura de 6m auxilia na localização desses pontos de água e também configura-se como um marco visual.

Infraestrutura - Água 1:100

133


O horário de funcionamento de uma área pública não deve depender de uma função climática e muito menos de regras. Devido a isso, considera-se que o projeto de iluminação de uma área pública é imprescindível para garantir e proporcionar um maior uso do seu espaço.

Noturno no Parque

“A iluminação pública é essencial à qualidade de vida nos centros urbanos, atuando como instrumento de cidadania, permitindo aos habitantes desfrutar, plenamente, do espaço público no período noturno.” (Eletrobras)17

No projeto de iluminação do Parque, propõe-se um sistema composto por 4 elementos de iluminação de dimensões variadas, para criar ambientes noturnos adequados à visitação e permanência no parque.

A iluminação do parque foi dividida em : - postes de 10m de altura, - postes de 4m de altura, - postes de 1m de altura, - Iluminação localizada por refletores e spots embutidos no chão.

17 - Disponível em: http://www.eletrobras.gov.br/elb/procel/ Imagem: Parque em Ianz Hong Lu, Japão.

134


Esses postes iluminam todo o trajeto principal do parque - o trajeto também percorrível por veículos, que permite o acesso a todas as áreas do parque. Esses postes foram locados distantes entre si de 30 m a 50 m, distância que varia de acordo com o nível de iluminação desejado e também variante para o desvio das copas das árvores.

Noturno no Parque

Postes de iluminação de 10m de altura, com lâmpadas de multi-vapor metálico de cerca de 400 Watts.

Postes de iluminação de 4m de altura, com lâmpadas de multi-vapor metálico de cerca de 150 Watts. Esses postes, de menor altura, estão localizados nos arredores das infraestruturas e em alguns pontos específicos do parque. A altura do poste foi dimensionada para que este fique abaixo da copa das árvores, proporcionando uma maior iluminação das áreas. A distância entre os postes é de 20 m a 30 m.

Imagem: Architectural Area Lightning. Disponível em http://www.aal.net

135


Noturno no Parque Especificações da luminária

Imagens: Architectural Area Lightning. Disponível em http://www.aal.net

136


Esses postes são utilizados para marcar alguns percursos, possibilitando visitações noturnas a alguns trechos das trilhas, e também se localizam próximos às áreas de maior permanência do parque, como as áreas das infraestruturas e dos parques infantis.

Noturno no Parque

Postes de iluminação pontual de 1m de altura

Marcadores no chão O uso dos “spots” embutidos no solo tem como função privilegiar a iluminação de alguns elementos construídos, como elementos de madeira e muros de pedra. Serão também posicionados refletores embaixo de algumas á r v o r e s, c o m l â m p a d a s d e c o l o r a ç õ e s v a r i a d a s, p a r a proporcionar distintas visuais do parque também no período noturno. Imagens: Architectural Area Lightning. Disponível em http://www.aal.net

137


Noturno no Parque Imagens: Architectural Area Lightning. DisponĂ­vel em http://www.aal.net

138


Noturno no Parque Imagem: Parque em Ianz Hong Lu, Jap達o.

139


Noturno no Parque Parque dos Len莽贸is Imagem Noturna 140


141

Parque em Imagens


142

Parque em Imagens


143

Parque em Imagens


144

Parque em Imagens


145

Parque em Imagens


- Arquitectura del Paisaje Água. Director: Josep M. Minguet. Loft Publications. Instituto Monsa de Ediciones, Barcelona, 2006. - BASTOS, M e AZEVEDO E SILVA, I. Uma diversidade de soluções para a reconversão, reabilitação e recuperação Paisagística de Pedreiras. Visa Consultores. Disponível em: <www.visaconsultores.com/pdf/Enc_OE_2005_MBIS_artigo2.pdf> visualizado em março de 2007.

Bibliografia

- A+T Revista Independiente de Arquitectura+Tecnologia. Espacios Colectivos I/ In Common Spaces I. Número 25. Primavera 2005.

- CALDEIRA, T. Cidade de Muros: Crime, Segregação e Cidadania em SP. São Paulo: Edusp, 2001. - CELG: Companhia Energética de Goiás. Norma técnica CELG . Critérios de Projetos de Iluminação Pública. Goiás, Novembro de 2006. Disponível em: http://www.celg.com.br/info/NTDs/NTC14.pdf Visualizado em 29 de novembro de 2007 às 18h. - CHACEL, F. Paisagismo e Ecogênese. Rio de Janeiro, Editora Fraiha, 2001. - CMMAD - Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento “O Nosso Futuro Comum”, de 1987. - CNBAP. Dezembro de 1992. Disponível no site: <http://www.embrapa.br> Visualizado em maio 2007. - COSTA, T. A.; VIEIRA, R. F. Frutas nativas do cerrado: qualidade nutricional e sabor peculiar. Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Disponível em: <http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./biotecnologia/index.html&conteudo=./biotecnologia/artigos/frutas _nativas.html> visualizado em abril de 2007. - COPEL: Companhia Paranaense de Energia. Exemplar de Norma Técnica COPEL para Projeto de Iluminação Pública. NTC 841050 . Curitiba, Janeiro de 2008. - CPFL Energia, Especificação Técnica para Iluminação Pública / Luminária Integrada / Especificação. Documento número 2807, versão 2.0. Data 06/07/2007. Disponível em: http://agencia.cpfl.com.br Visualizado em 29 de novembro de 2007. - DEE, C. Form and Fabric in Landscape Architecture A Visual Introduction. Spon Press, New York, 2001.

146


- DIAS, L. E.; MELLO, J. W. V. de (editores). Recuperação de áreas degradadas. Viçosa, UFV, Departamento de Solos; Sociedade Brasileira de Recuperação de Áreas Degradadas, 1988. 251p. - EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Recuperação de Solos Degradados com Leguminosas Noduladas e Micorrizadas. Documentos, no 77. ISSN 0104, Novembro de 1998.

Bibliografia

- DEVESCOVI, R. Urbanização e Acumulação: um estudo sobre a cidade de São Carlos. 1987.

- FAZANO, C. B. Proposta de Zoneamento Ambiental. Estudo de caso Bairro Cidade Aracy, São Carlos- SP. Dissertação de mestrado em Engenharia Urbana. UFSCar Universidade Federal de São Carlos. São Carlos, 2001. - FRANCO, A. A.; CAMPELLO E. F.; SILVA E. M. R. da; FARIA, S. de.; Revegetação de solos degradados. Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EMBRAPA, e Centro Nacional de Pesquisa de Agrobiologia - FREITAS, A. R. M. Proposta de Requalificação Biofísica e Paisagística de um talude num percurso do Parque Nacional do Vesúvio com técnicas da Engenharia Biofísica. Universidade de Évora Portugal, 2006. Trabalho de fim de curso de Engenharia Biofísica. - GOYA, F. C. Breve história do urbanismo. Lisboa: Ed. Presença. 1982. 226p. - HEGEL,G. W. F. (1770-1831). Cursos de Estética, volume III. Edusp, Editora da Universidade de São Paulo, 2002. P.286. - IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo 2004. disponível em : <http://www.ibge.gov.br> Visualizado em setembro de 2006. - KLOSS, M. E. C. O Requalificação do Espaço Urbano como Fundamento à Gestão da Paisagem: ensaio metodológico na região da Rebouças em Curitiba Paraná. Dissertação de mestrado em gestão urbana. PUCPR Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Curitiba, 2006. - KOGA, D. Medida das Cidades: entre territórios da vida e territórios vividos. São Paulo: Cortez, 2003. - KRAUEL, J. Arquitetura del Paisaje / Landscape. Links Books. Barcelona, 2006. - KRAUEL, J. Nuevos Espacios Urbanos. Links Books. Barcelona, 2006. - LECHNER, L. Planejamento, Implantação e Manejo de Trilhas em Unidades de Conservação. Fundação o Boticário de Proteção à natureza. Cadernos de Conservação. Ano 03, no 03, junho de 2006.

147


- LORENZI, H. Árvores Brasileiras: Manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Vol. 1 e 2. 2ª ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 1998. - LORENZI, H.; SOUZA, H. M. de. Plantas Ornamentais no Brasil. Arbustivas, herbáceas e trepadeiras. 3ª ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2001.

Bibliografia

- LYNCH, K. A imagem da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

- LORENZI, H.; SOUZA, H. M. de; TORRES, M. A. V.; BACHER, L. B. Árvores Exóticas no Brasil. Madeireiras, ornamentais e aromáticas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2003. - MARTINHO, P. R. M. Contribuição para o estudo de técnicas de Engenharia Biofísica: grade de vegetação e grade de vegetação vesúvio. Universidade de Évora Portugal. Trabalho de fim de curso de Engenharia Biofísica. - McHARG, I. L. Projectar com la Naturaleza. (Design with nature). Editora Gustavo Gili, SA, Barcelona, 2000. - Ministério do Meio Ambiente: Apostila de Legislação Ambiental sobre Licenciamento e Fiscalização. Dezembro de 2003. Disponível em <http://www.cprh.pe.gov.br/downloads/leg-ambiental-fadurpe.pdf> Visualizado em março de 2007. - MOTA, S. Urbanização e meio ambiente. Rio de Janeiro: ABES, 1999. 351 p. - PINTO, T. de O. Som e música. Questões de uma antropologia sonora. Rev. Antropol. [online]. 2001, vol. 44, no. 1. pp. 222-286. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-77012001000100007&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0034-7701. doi: 10.1590/S0034-77012001000100007 Consultado em 05 de dezembro de 2007. - PONS, N. A. D. Levantamento e Diagnóstico Geológico-Geotécnico de áreas degradadas da cidade de São Carlos SP, com auxílio de Geoprocessamento. Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo EESC USP. São Carlos, 2006. - PEREIRA, A. R. A Bioengenharia de solos na produção e recuperação ambiental. Deflor engenharia, 2005. - SALLES, F. Imagens musicais ou música visual. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica, PUC/SP, 2002. Disponível em: http://www.mnemocine.com.br/filipe/tesemestrado/tesebibliogr.htm - SANTOS, R. F. dos. Planejamento Ambiental: teoria e prática. São Paulo: Oficina de textos, 2004.

148


- STAMM, H. R. Método para Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) em projetos de grande porte: estudo de caso de uma Usina Termoelétrica. Dissertação de doutorado em Engenharia de Produção, apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003. - STERKEN, S. Iannis Xenakis, Ingénieur et Architecte. Une analyse thématique de l'oeuvre, suivie d'un inventaire critique de la collaboration avec Le Corbusier, des projets architecturaux et des installations réalisées dans le domaine du multimédia. Tese de doutorado para obtenção do diploma em Ciências Aplicadas, Seção de Arquitetura. Universiteit Gent, 2004.

Bibliografia

- SOUZA, P. A. de; VENTURIN, N.; MACEDO, R. L. G. de; ALVARENGA, M. I. N.; SILVA, V. F. da. Estabelecimento de espécies arbóreas em recuperação de área degradada pela extração de areia. Universidade Federal de Lavras.

- TELLES, G. R. A Paisagem é Tudo. publicado em “Pessoas e Lugares”, Janeiro/Fevereiro 2004. - TOLENTINO, M. Estudo Crítico sobre o Clima da Região de São Carlos. Concurso de Monografias Municipais, São Carlos SP 1967. - TSCHUMI, B. Architecture and Disjunction. The Mit Press, London, England, 1998. - VARGAS, H. C. e RIBEIRO, H. Novos Instrumentos de Gestão ambiental e Urbana. Edusp, 2001. Textos utilizados: . ALIROL, P. Como iniciar um Processo de Integração, tradução do original “Ebauche d'um processus d'intégration”. Pág 21 à 41. . CORTELLA, M. S. Educação como Instrumento de Mudança Social, pág. 43 à 54. . PALOS, C. M. C. e MENDES, R. Problematização da Educação Ambiental através de Oficina. Pág 55 à 69. - VECCHIA, F. A. da S. Condicionantes termo-energeticas das edificacões. São carlos como estudo de caso. Dissertação de Mestrado. EESC USP. São Carlos SP 1990. - VECCHIA, F. A. da S. Ruptura no regime de ventos predominantes : breve episódio representativo do fato climático de primavera de 1996. Salvador : FAUFBA/LACAM-ANTAC, 1997. - WISNIK, J. M. O Som e o Sentido Uma outra história das músicas. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

149


- El Croquis Architecture Magazine. N. 123. Toyo Ito 2001 2005. - L'Architecture d'aujourd'hui, no 363, mars-avril 2006. - QUADERNS D'ARCHITECTURE Y URBANISME. N. 196 - 197, 1992.

Bibliografia

Algumas das revistas consultadas:

- QUADERNS D'ARCHITECTURE Y URBANISME. N. 220, 1998. - Paisagem e Ambiente / Universidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. No 21 especial Miranda Magnoli. - Paisagem e Ambiente/ Universidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. São Paulo, FAU, no 8. (1995). - Paisagem e Ambiente/ Universidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. São Paulo, FAU, no 16 (2002). - Revue Urbanisme. Dossier: “Paysages, territoires et cultures”, no 284. Septembre Octobre 1995. Pág. 54 - Revue Urbanisme. “Dossier Urbain/Rural”. No 338. Septembre/Octobre 2004. - Revista independiente de Arquitecture + tecnologia. A+T : “espaços colectivos in common Collective spaces.” Primavera 2005, número 25. - Techniques et Architecture. Paysage, tendances. Landscape, trends. No 456 Octobre-novembre 2001. - Techniques et Architecture. Paysage 1, Landscape 1. No 486 Octobre-novembre 2006. - Techniques et Architecture. Paysage 2, Landscape 2. No 487 décembre 2006 janvier 2007.

150


Encontro da ANPPAS. Textos http://www.anppas.org.br/encontro_anual/encontro2/index.html Ambiente Brasil http://www.ambientebrasil.com.br http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./gestao/index.html&conteudo=./gestao/areas.html#atividades http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./agua/doce/index.html&conteudo=./agua/doce/artigos/eco_aquatico s.html http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./florestal/index.html&conteudo=./florestal/mataciliar.html

Bibliografia

Alguns sites consultados:

Árvores Brasil http://www.arvoresbrasil.com.br/ Canadian Land Reclamation Association http://www.clra.ca/ CEMAC Centro de Excelência em Matas Ciliares http://www.cemac-ufla.com.br/index.htm EMBRAPA: http://www.embrapa.br http://www.cnpab.embrapa.br/publicacoes/sistemasdeproducao/vocoroca/revegetacao.htm Flora Brasiliensis http://florabrasiliensis.cria.org.br/search?taxon_id=507 Great Sand Dunes Project, Colorado http://www.nps.gov/grsa/ Informações Botânicas, jardinagem e paisagismo http://www.jardineiro.net/ Instituto de Pesquisa e Estudos Florestais: http://www.ipef.br/identificacao/nativas/ http://www.ipef.br/silvicultura/urbana.asp

151


ACXT http://www.acxt.net Brandston http://www.brandston.com Corbeil et Bertrand http://www.corbeilbertrand.com Field Operations http://www.fieldoperations.net Landdesign http://www.landdesign.com/green/index.html

Iluminação: http://www.alibaba.com http://www.archlighting.com http://www.aal.net Variados : http://www.encoreheureux.org http://www.mon-jardin-sucre.com http://www.dreispringer.de http://www.morphosis.net http://kollectif.net http://www.decor8blogspot.com http://www.bijari.com.br http://www.gnr8.biz Http://philippedoko.free.fr

Bibliografia

Escritórios de Arquitetura:

Le Balto http://www.lebalto.de Paysages http://www.paysages.net Renzo Piano Building Workshop http://rpbw.r.ui-pro.com/ SWA Group http://www.swagroup.com/ STOSS http://www.stoss.net TOYO ITO http://www.toyo-ito.co.jp/

152


À minha irmã, Carolina Garcia Donoso, que até maquete aprendeu a fazer com a irmã quase-arquiteta; Ao também quase-arquiteto Renato Toshio Nishimura, melhor amigo e companheiro; Aos amigos da arquitetura e de outros cursos, em especial ao Aron Palo, Victor Hugo Kebbe e Leonardo Musumeci, que sempre me ajudaram a perder a sanidade mental;

Agradecimentos

Aos meus pais, José Pedro Donoso e Aida Victoria Garcia Montrone, eternos colaboradores das minhas produções e maiores incentivadores do “fazer o que você gosta”;

Ao arquiteto Daniel Paschoalin, pelas aulas, incentivos e ajuda com a maquete eletrônica; Ao Lauriberto Carvalho, um dos proprietários da Fazenda Itaporanga, e ao geólogo Marcelo, que permitiram realizar o trabalho; À Ana, Vitor e funcionários do infelizmente extinto DEPRN de São Carlos; Aos moradores do bairro e aos agentes comunitários; Aos participantes do forum do site jardineiro.net, que partilharam conhecimentos sobre especies vegetais; À profa Luciana Schenk, grande orientadora, arquiteta, amiga e segunda mãe; Aos profs David Sperling e Paulo Castral, por todos os atendimentos e conversas; Ao prof. Manoel Rodrigues Alves, pelas conversas sobre o contemporâneo; Aos profs CAP, pelo incentivador calendário apertado; E a todos os amigos que me aconpanharam nesses anos universitários! 153


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.