Concepções folhetinescas : especulação sobre a avidez do desej o que insiste em querer realizar-se
TRILHA SONORA DE UMA SEXTA À NOITE Chego em casa cansada da semana, tudo o que quero fazer é descansar. Abro a porta, deixo minha bolsa no chão, vou andando até a sala tirando sapato, jaleco... Solto o cabelo, deito no tapete de olhos fechados ao lado dela. - Tudo bem? - Tudo, só estou cansada. Ela lia algum romance alemão, fecha o livro e me dá um beijo delicado nos lábios, que correspondo. - Toca pra mim. Digo com uma voz dengosa. Ela se estica pra pegar o violão e inicia alguns acordes, percorre trechos de Baden até definir qual seria a eleita. O que se principiou para me agradar logo passa para um transe particular que sinto atentamente. A menina e o violão, dois corpos se fundindo em uma deliciosa sintonia que vibra pelo ar e me faz sentir em casa. Quando dou por mim, estava longe... A sonoridade outrora lenta, encorpa, e uma graciosa harmonia passa a encher o cômodo, meus ouvidos, meu corpo. Não resisto. Minha falta de habilidade musical não permite com que eu consiga fazer parte ativa dos transes entre Marília e Giodano (no qual eventualmente há espaço para um terceiro elemento que compreenda a alma que interligam os dois corpos). Mas de minha maneira integro, por alguns instantes, o reservado universo. Ela olha pra mim, Ela sorri pra mim, Eu olho pra ela e desvio o olhar, Eu sorrio e continuo a dançar. Ao final da música, alegre beijo sua bochecha e vou para a cozinha, ligo o fogão e retorno à sala. - Faz tempo que você não toca piano. - Faz, eu preciso treinar. - É tão bonito quando toca aquela música... Novamente faço um pedido, disfarçado dessa vez. Violão de lado, ela estica as mãos como que pedindo ajuda para levantar.
Já em pé, agilmente me abraça pelas costas e vamos andando juntas ao piano. Me coloca sentada em seu colo, beija minha nuca, abre o instrumento e coloco as mão sobre as teclas. Dedilho o comecinho da cantiga Se essa rua fosse minha, que ela acompanha cantando baixinho em meu ouvido, apertando mais seus braços envoltos em minha cintura. Fecho meus olhos. Me viro de frente e nos beijamos delicadamente por algum tempo. O barulho na cozinha me faz levantar. - Yann Tiersen? Ela pergunta, já sabendo qual seria a resposta. - Yann Tiersen!!! [https://www.youtube.com/watch?v=NvryolGa19A]
Vez ou outra retornava à sala e sentava ao seu lado, abraçava suas costas, dançava, tirava um retrato. - Cadê aquela vela do pote? Digo da cozinha. - A azul? - Sim. - Tá no quarto. - Pega ela por gentileza, e arruma a mesa que ta ficando pronto. A musica para e ouço o barulho das coisas sendo preparadas. Não tarda a uma melodia percorrer novamente o ar, mas agora de um disco que ela escolheu. Coloco o risoto e acompanhamentos na mesa enquanto ela termina de pegar os talheres. Apago as luzes. Sentamos e passamos o resto da noite conversando sobre o dia, sobre os planos para o final de semana e tentando escolher um filme para assistir depois.
TRILHA SONORA DE UM SÁBADO À TARDE Música: Chaconne Partita nº2 in D menor - J.S. Bach [https://www.youtube.com/watch?v=sw9DlMNnpPM]
Situação: Não sei definir em qual lugar isso seria, pode ser no Brasil, ou em qualquer outro canto do mundo onde tenham estradas cheias de árvores e parques para fazermos um piquenique. Saímos umas 9h30 da manhã, colocamos as coisas no carro, dentro de sacolas térmicas para que a temperatura dos alimentos não oscilassem. Coloquei essa música para tocar em várias versões: violino [para qual foi escrita originalmente], piano e violão, com vários intérpretes. Sim, isso parece repetitivo, mas cada um imprime e expressa de um jeito ao tocar. A estrada seria mais ou menos assim: Durante o caminho conversávamos sobre várias coisas, desde a cor das folhas até o último filme que tínhamos assistido no cinema. Entre uma fala e outra eu cantarolava a melodia da música e você ria disso. Era algo que eu fazia muito e imagino que seja bizarro visto de fora. É uma música de quase 16 minutos, a partitura do violão tem 9 páginas e sei cada compasso dela... Chegamos ao parque, tiramos do porta-malas a cesta de pique-nique, a bolsa térmica e a toalha. Fui levando as coisas para o gramado enquanto você fechava o carro. Tínhamos feito salmão grelhado, pão, molho pesto, cookies, levamos vinho branco para acompanhar o peixe, coca (óbvio), tinha tuas frutas, que eu coloquei em sacolinhas fechadas com aquela trava de pressão, para permanecerem frescas. Ficamos lá até umas 16h, depois que comemos, guardei as coisas, deixei as bebidas fora da cesta. Você deitou no meu colo e continuamos conversando, depois li um pouco de Jane Austen e Byron pra você. Jogamos frisbee, numa das minhas lançadas, joguei o disco e saí correndo atrás de você. Quando te alcancei após o curto "pega-pega", te abracei e te beijei. "Não foge de mim não"- falei. "Só fujo pra você me encontrar.."- você respondeu me provocando. Como eu aceito provocações, te coloquei contra
uma árvore e lá nos esgotamos em beijos, abraços, mordidas, entre risadas e comentários. Ficar contigo, passar os dias com você era algo fascinante e encantador. Você tinha tudo, a alegria, o mistério, o suspense, a euforia, a tensão, o coração apertado, o carinho, o charme, o êxtase... Estar com você era como se eu estivesse ouvindo a essa música... (O que fazer quando minha música preferida neste mundo me lembra você?).Na impossibilidade de providenciar esse tão esperado dia contigo, vou escrever um tipo de texto que costumava escrever no meu blog.. Que faz muito tempo que não escrevo. Nada muito elaborado, apenas uma narrativa com trilha sonora. Espero que goste...
TRILHA SONORA DE UM DOMINGO À NOITE Músicas: I wanna be your dog- The Stooges Little by little- blue foundation Summertime- versão da Janis Joplin In a manner of speaking- nouvelle vague Situação: (Começa com The Sooges) Era um desses dias preguiçosos, desses que podemos ficar à toa sem sentir culpa. Um dia que poderia ser perfeito se estivesse na companhia certa. Porque sim, eu queria uma companhia para dividir minhas músicas, minhas manias, meus vídeos, minhas poesias.. In my room, I
want you here "Está fazendo alguma coisa?" - te mandei mensagem perguntando. Cruzei os dedos na expectativa de estar livre. "Não.. Deitada na cama, olhando pra cima e vendo o dia passar"você me respondeu. "Perfeito"- pensei comigo. "Quer fazer alguma coisa?"- Continuei. "Saíram com os carros... Mas gostaria sim". "Posso ir aí.."- Me adiantei, como? Não sei, mas você faz isso comigo. "Seria ótimo..." And now I'm ready to close my eyes. "Vou me arrumar e vou..."- avisei. "Tá :3"- você respondeu. Arrumei a mochila, coloquei o computador e dois livros. Coloquei um moletom e fui. Ainda estava frio, uns 15º graus, mas fazia sol. Uma coloração bonita do céu de outono.
And now I'm ready to feel your hands, and loose my heart on the burning sands. (Começa little by little) Cheguei na sua casa, toquei a campainha. Você abriu o portão e estava me esperando na porta. Me deu um beijo de oi e, em seguida, te coloquei contra a batente da porta e disse "oi". Your invisible ripples surround me little by little. Subimos a escada e fomos para o seu quarto. "Trouxe umas coisas para você, bonita"- eu falei enquanto te abraçava por trás e te beijava a nuca. "O quê?!"- você perguntou respondendo aos meus beijos. "Livros... Hoje é dia de preguicinha". Logo após eu falar você virou e me abraçou apertado, como que diz "era exatamente o que eu queria". Searching for an answer, everywhere he goes. Sentamos na cama, você sentou na minha frente e apoiou suas costas em mim, ficamos ali enquanto me contava as boas novas da semana. Let the whispers enfold you. Pull you nearer and nearer. Eu movia teus cabelos sobre seu corpo para beijar gentilmente teu pescoço, tua clavícula, teus ombros... "Quarta eu fui no estágio e..." - você contava. Eu adorava te ouvir contar as coisas, adorava o jeito que sua voz modulava as frases, adorava como seus olhos percorriam um trajeto imaginário enquanto você falava. O formato do seu nariz, o contorno dos seus lábios. Eu adorava ficar te olhando, cada gesto teu me encantava. (Começa summertime) "E quando vai ler para mim?"- você perguntou direta. "Agora"- respondi. "Pode?"- acrescentei. "Deve". Child, the livin' is easy. Peguei um dos livros, Gente Pobre, aquele do Dostoevsky que tinha comentado. Sentei de atravessado na cama, esticando as pernas e me encostando na parede, você se ajeitou no meu colo, colocando a cabeça sobre as minhas pernas. Entre
cafunés e carinhos you're gonna rise, rise up singing, abraços e beijos na testa, you're gonna leituras, risadas spread your wings troca de olhares child, and take, arrepios, take to the sky ...
Until that morning... Aquele momento era perfeito. Estar ali contigo era perfeito. Como se não faltasse nada, como se eu não precisasse de mais nada... Você acompanhava minha leitura enquanto acariciava minhas pernas. (Começa a última música) "Eu passaria dias e mais dias contigo assim... Na verdade, acho que quero passar dias e mais dias contigo"- comentei. Com medo da resposta, ou do silêncio... Mas falei assim mesmo. *veja a letra dessa música*