Vh EP1 31 dez 2017

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.EP1 DEZEMBRO 2017

DIA MUNDIAL

DO HIP-HOP Dicas Básicas sobre o Álcool

CAFÉ BAR GIL VICENTE

Catedral do Rap Nacional

Kanino Famélico Crença e Determinação

Shackal O

Mineiro Mc


O

EDIT VISÃO RIAL FICHA TÉCNICA FOTOS E LAYOUT JCS Criativo Imagem REDACÇÃO Mil Barras Kereta REVISOR LINGUÍSTICO Francisco jr. Namburete DIRECÇÃO COMERCIAL vhmagmoz@gmail.com PROPRIEDADE DA SOLID SOULS MUSIC

VINIL HIP-HOP é uma revista generalista, inclusiva, concebida exclusivamente com o intuito de divulgar o melhor do Hip-Hop nacional e internacional. Pretendemos ser um ponto de convergência do Hip-Hop nacional e os seus respectivos elementos. Em cada edição iremos promover debates abertos e democráticos que versam sobre trabalhos discográficos lançados, shows, instrumentalização, composição das letras das músicas publicadas ao nível das rádios, TVs e redes sociais, com pessoas bem esclarecidas na materia, é um dos objectivos basilares desta publicação. A revista comporta várias unidades temáticas a saber: Backstage, onde abordaremos aspectos relativos ao showbizz; Carga Explosiva, espaço onde esmiuçaremos álbuns, EPs, mixtapes; Arena, onde iremos trazer à superfície assuntos relacionados ao battle ou batalhas; Radar, neste espaço traremos uma visão geral sobre as peripécias do Hip-Hop nacional e, além fronteiras, decifrando os possíveis equívocos e analtecer os seus respectivos elementos. na rubrica caixa da pandora, traremos dicas úteis sobre a saúde e muito mais. Porque a experiência faz o monge, acreditamos que num futuro breve traremos mais rubricas, quiçá do interesse do nosso prezado leitor. Nossa pretensão é trazer á superficie todos os elementos do Hip-Hop, com vista a esclarecer melhor a sociedade moçambicana acerca da cultura Hip-Hop. Obras de MC´s, DJ´s, grafiteiros, beatboxers, producers, estúdios, agenda de espectáculos nas casas de pasto, irão preencher as nosass páginas em cada edição, numa periodocidade mensal. Não pretendemos ser mais uma revista, mas sim ser uma revista que retrata fielmente todas as realizações, dificuldades, retrospectivas e perspectivas do rap nacional. Em cada edição realizaremos entrevistas, reportagens e artigos de opinião com pessoas assumidamente envolvidas com esta causa social. Queremos ser a melhor revista de Hip-Hop nacional e uma referência obrigatória na lusofia e noutros quadrantes do mundo. O que nos distingue das restantes revistas é o facto desta ser feita por profissionais casados e eternos amantes do Hip-Hop nas suas multifacetas. Não pretendemos monopolizar a opinião pública acerca do Hip-Hop nacional, mas servir de plataforma de interacção permanente, saudável e produtiva entre os vários intervenientes do movimento Hip-Hop nacional. Não somos perfeitos, às vezes falhamos como o homem da previsão do tempo. A vida é uma escola e a apreendizagem é um processo paulatino que leva o seu tempo, portanto esperamos ansiosamente apreender bastante com os nossos erros e com as vossas críticas bem elaboradas e, naturalmente, construtivas. Conscientes da responsabilidade que pesa sobre os nossos ombros e de que na vida tudo só faz sentido apenas quando se partilha, contamos com a vossa colaboração em cada edição. Esta revista é pertença e um ganho para toda comunidade Hip-Hop nacional. Paz, Feliz e Próspero ANO NOVO...


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FrequEncia Hip-Hop

FREQUÊNCIA

99.6FM

MINISTERIO DE HIP-HOP SÁBADO / DAS 10 ÀS 13HRS

97.9FM

HIP-HOP TIME DOMINGO/DAS 16 ÀS 18HRS

93.5FM

CAVE DE HIP-HOP DOMINGO/DAS 18 ÀS 20HRS

RÁDIO VIVA RÁDIO CIDADE

RÁDIO MUTHYANA

97.1FM

RÁDIO APOLITÉCNICA

KAZA 2 SÁBADO/DAS 12 ÀS 14HRS

89.5FM

HIP-HOP KARAKARA SÁBADO / DAS 15H30 ÀS 17HRS

100.2FM

HIP-HOP CENTRAL PARQUE SÁBADO/ DAS 10 ÀS 12HRS

88.3FM

REVOLUÇÃO HIP-HOP SÁBADO/ DAS 15 ÀS 17HRS

93.5FM

CAVE DO HIP-HOP DOMINGO/ DAS 18 ÀS 20HRS

105.5FM

RAP GAME SEG-SEXTA/ DAS 14 ÀS 16HRS

RÁDIO INDICO RÁDIO SAVANA KFM

RÁDIO MUTHYANA RÁDIO PAMODZI

CANAL

TV MANA

Hip-Hop Moz DOMINGO/ DAS 16 ÀS 18HRS

Gungu Tv

Marcas De Hip-Hop SÁBADO

TVM

Hip-Hop Randza SÁBADO

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BACKSTAGE

Shackal ENSINA REGRAS BÁSICAS DO HIP-HOP NO GIL VICENTE


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O rapper moçambicano Shackal realizou recentemente o show de lançamento oficial do seu álbum intitulado R.B.H (Regras Básicas do Hip-Hop) no Café Bar Gil Vicente, depois da pré-venda do mesmo ter acontecido no Beer Garden. por > MilBarz

O

evento foi uma autêntica aula de sapiência que teve a duração de três horas carregadas de muita vibração e consciência. Shackal cantou e encantou todos os presentes naquele local, dentre fazedores, amantes, simpatizantes do Hip-Hop e curiosos. A apresentação do show esteve a cargo do Hélder Leonel, apresentador do programa Hip-Hop-Time na radio cidade, aos Djs Deevine e Mack Da P coube a responsabilidade de assumir os cuidados sonoros e não deixou créditos em mãos alheias, fazendo cortes divinais. O evento em referência é um auténtico comprovativo de que é possivel fazer e vender o rap underground, desde que seja bem feito. A pré-venda do mesmo foi feita no BeerGarden e culminou com o lançamento oficial do álbum, que serviu de ponto de convergência de rappers de várias gerações que abrilhantaram o público com actuações fantásticas. O álbum contou com a participação de rappers locais e internacionais, o caso do Mundo Segundo, membro integrante do agrupamento português que responde pelo nome de Dealema e leva a chancela da Lattela Produções. A revista VINIL HIP-HOP fez- se ao local do evento e registou alguns momentos memoráveis com a magia das lentes. O lançamento oficial do álbum do rapper moçambicano Shackal, abarrotou o Café Bar Gil Vicente do primeiro ao último minuto. O evento paralisou a cidade capital e contou com acorrência massiva de rappers conceituados quer da velha assím como da nova escola. O álbum em referência leva a chancela da Lattela Produções e comporta faixas que versam sobre diversas temáticas sociais de vária ordem. O show foi um auténtico ponto de convergência dentre rappers, amantes, simpatizantes e curiosos e estudiosos do rap quem não se fez presente ao local do show perdeu.Mas porque tudo na vida só faz sentido quando é partilhado , quem não teve a oportunidade de testemunhar o nascimento do filho mais novo do Shackal , a equipa da Revista Vinil Hip-Hop captou algumas imagens inéditas para que o nosso prezado leitor possa desfrutar dos momentos inesquecíveis que marcaram cada etapa do show que com certeza serão bem arquivados nos anais do rap nacional.

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Galeria




O evento paralisou a cidade capital e contou com acorrĂŞncia massiva de rappers conceituados quer da velha assim como da nova escola.


BACKSTAGE


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OBRIGADO

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RADAR

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AFRIKA Bambaataa

N

o dia 12 de novembro, é celebrado o Dia Mundial do Hip-Hop, movimento cultural surgido no Bronx, gueto novaiorquino, na década de 1970. A sonoridade do Hip-Hop carrega a influência de uma grande diversidade de estilos musicais, na sua maioria de origem negra, como o funk, o rock, o blues e o reggae. O Disc Jokey (DJ) que começou a definir o perfil do Hip-Hop foi o jamaicano Clive Campbell, mais conhecido como Kool Herc. Influenciado pela cena sound system de Kingstown, Jamaica, sua terra natal. Considerado como o “pai do HipHop” organizava festas nos quarteirões do Bronx, chamadas de block parties, em que começou a realizar experimentações com vinis, isolando a parte instrumental do disco, o que ficou conhecido como break, e alternando de um break para outro constantemente, o que formou a base da música Hip-Hop. Outro nome fundamental para este

movimento foi Afrika Bambaataa. Como tantos outros jovens negros do Bronx, Bambaataa também fazia parte de uma das dezenas de gangues que existiam por lá. Após conhecer as festas organizadas por Kool Herc, decidiu ter ele mesmo um sistema de som e se tornar DJ no Bronx River Commity Center. Em 1974, criou uma organização nãogovernamental, chamada Zulu Nation, que, além de realizar festas, organizava reuniões com vistas a atrair os jovens e apresentar o Hip-Hop como alternativa para as gangues e as drogas. A proposta era promover disputas com criatividade, em vez do recurso à violência.Bambaataa é conhecido como o padrinho do HipHop, pois foi ele quem reuniu os elementos centrais desta cultura: o Djing (base musical), o MCing (canto), o B-boying (dança) e o Graffiti Writing (arte visual). A importância desta iniciativa para a constituição deste movimento foi tão expressiva que a data de fundação da Zulu Nation é a data atribuída à fundação do Hip-Hop.

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Enquanto houver pessoas oprimidas neste planeta, haverá Hip-Hop e haverá um movimento underground T. C.Islam, membro da “Universal Zulu Nation”

DJFUNKMASTERFLASH


RADAR

DIA MUNDIAL do Hip-Hop não passa Despercebido EM MOÇAMBIQUE

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ara o efeito, realizou se um show com vista a comemorar e enaltecer a data em referência no Ascendente Bar em Maputo. O evento serviu de momento de confraternização, reflexão e consciêncialização social, tendo reunido rappers de diversas gerações que sem escrúpulos partilharam o palco sem deixar créditos em maõs alheias.Cashimbo da Paz, Nick Slim, Lady C e outra Dj, estiveram encarregues dos cuidados técnicos e o equilíbrio de género foi a palavra de ordem na cabine de som. Shackal, SingerMan, Blaze Fifty e Chef Souls, Embaixada Underground, Sick Brain, Black C, Wawa from Red Green Black Yellow, Master Bad, Arquivo Vivo e Drakulah aka Assassin, são os rappers que partilharam o palco e nos abrilhantaram com actuações de cortar fôlego, tal como documentam as imagens que seguem.


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RADAR

Os Elementos do Hip-Hop e a Controvérsia

HIP-HOP e os seus Elementos

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ip-Hop é uma cultura e uma forma de luta. Que teve seu início no final da década de 1960, no bairro de Bronx, em Nova Iorque nos Estados Unidos da América (EUA). Surgiu como um movimento artístico-político que visava a modificação da realidade socio economica e politica daquele local. Entretanto,Importa descrever que que este movimento teve as suas origens no seio da comunidade negra americana, tendo sido despoletado por um conjunto de elementos sociais, culturais e económicos, que evidenciavam as miseráveis condições de vida dos subúrbios e a discriminaçãodos seus habitantes. Com efeito, embora na década de 70 (após as lutas pelos direitos cívicos) a condição do negro americano tenha melhorado, observando-se o crescimento de uma classe média afro-americana, com a eleição de Ronald Reagan retorna-se a uma época de valores tradicionais e neo-puritanos. O exacerbado liberalismo económico e a abolição do Welfare Stateforam alguns dos esforços de Reagan para fazer renascer uma América poderosa. Como consequência, a taxa de pobreza subiu velozmente e o gueto converteu-se numa prisão, que impossibilitava qualquer mobilidade social ascendente numa sociedade claramente rígida efechada. Portanto, o desemprego aumentou, tal como a delinquência juvenil, a violência e oconsumo de psicotrópicos. Surgiu, assim, um modo de demonstração da raiva e do desespero,uma reacção ao sistema, uma forma de reivindicação social que se cristalizou em arte, e que se estendeu à música, à dança e à pintura. A este factor económico esocial uniu-se um conjunto de elementos que juntamente propiciaram o nascimento do Hip-Hop. Aliado a este movimento emergiu uma nova atitude euma indumentária característica, calças e roupas largas que rapidamente se tornaram imagens demarca do Hip-Hop. De facto, inúmeros especialistas frisam que o activismo político, o calão-próprio e a moda específica são facetas fundamentais do Hip-Hop. Neste seguimento, verificamos que embora o termo Hip-Hop se refira a uma realidade mais complexa, é vulgarmente utilizado como sinónimo de Rap, apesar deste ser apenas uma das suas vertentes. A música Rap, tal como o Hip-Hop, é um produto multicultural, funde traços africanos,norte-americanos, latinos e jamaicanos. Os seus primeiros artistas, como Kool Herc, D.J.Hollywood e Afrika Bambaataa eram imigrantes e membros da primeira geração americana de antepassados das Caraíbas.

O Hip-Hop é uma prática cultural que possui, pelo menos, cinco elementos básicos, podendo incluir outros elementos artísticos que dialogam com seu contexto, segundo Postali (2011), tais elementos sao:

Dj (discjokey) ou disc – jóquei,

que tem a função de controlar a música, através de técnicas como os sound systems, mixadores (aparelhos que unem os toca – discos e sincronizam o vinis), e o scratch, que consiste na técnica de movimentar os discos no sentido anti – horário, o que faz com que o som saia arranhado. Com o passar dos tempos os Djs se aperfeiçoaram e começaram a utilizar a técnica de sampleagem, que é caraterizada pela inserção de recortes de músicas populares e sons diversos, que geralmente retratam a agitação urbana como ruídos de carros, sirenes de polícia e ambulâncias, helicópteros, tiros, vidros quebrados, entre outros. É através desta música que os b.boys (nome dado para quem faz a prática do break dance), fazem seus movimentos e os rappers proliferam suas rimas, sendo assim o Dj é como se fosse o maestro do Hip-Hop, pois ele dita o ritmo que os b.boys irão dançar ou o ritmo em que os rappers irão fazer suas rimas.

RAP (rythm and poetry), cuja tradução

seria ritmo e poesia, o RAP é uma prática musical caracterizada pela improvisação poética sobre uma batida musical rápida, realizada por sons digitais, fazendo com que a expressão oral seja o elemento mais importante da música.Os responsáveis pelos textos são conhecidos como mestres de cerimônia, mais conhecidos como MCs. As letras eram carregadas de ideias revolucionárias que poderiam mudar o atual contexto que se encontravam as periferias e a segregação racial , era a música que embalava os jovens que procuravam mudanças.E como é um ritmo que emergiu da periferia, não tinha muitas exigências para ser feito, bastava ter letras ou poesias acompanhadas de batidas, e que estas letras ou poesias fossem de protesto, e isto tudo ficava a encargo do rapper (POSTALI, 2011).

Break Dance, (conhecido como

dança de rua). Surgiu a partir do funk americano. A linguagem é semelhante à da mímica, usando movimentos de acrobacia e ginástica olímpica, e sempre aproveitando o corpo e o chão. Segundo Leal (2007) o Breaking Dance surgiu nas festas realizadas por Kool Herc e Grand Master Flash, em 1972. Segundo o autor, o DJ jamaicano batizou as danças praticadas em suas festas de breaking pelo fato delas serem realizadas junto com sons eletrônicos denominados breakbeats. As coreografias da dança se baseiam em movimentos que imitam a


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violência causada pelas guerras, no caso do surgimento do breaking, a Guerra do Vietnã. Rocha, Domenich e Casseano (2001) falam que os movimentos realizados pelos b.boys são imitações de soldados feridos ou mutilados, e segundo Elaine Andrade, pedagoga que estudou em sua tese de, o giro de cabeça, em que o indivíduo fica com a cabeça no chão e, com os pés para cima, procura circular todo o corpo, simboliza os helicópteros agindo durante a guerra. No princípio o Breaking Dance era usado por gangues que utilizavam os movimentos para desafiar ao outro, uma forma de competir entre elas sem que houvesse agressões (PIMENTEL, 1997; POSTALI, 2011).

metrôs e trens com grafites (POSTALI, 2011). A disputa entre os pichadores fez com que eles aprimorassem suas técnicas. Adaptando a saída de válvula das latas de spray para que o volume da tinta se tornasse mais intenso, além de desenvolverem técnicas inovadoras, também desenvolveram uma forma de retratar o quotidiano urbano. Esta prática dominada grafite tem como função denunciar o que acontece em regiões urbanas marginalizadas, e de criticar as coisas que vem acontecendo de errado em suas comunidades ou no país, desde abusos de poder até contra o sistema político ou econômico (POSTALI, 2011).

Grafite, elemento fundamental do

Conhecimento

movimento Hip-Hop, seu nome vem da palavra italiana grafito, utilizando para definir os desenhos e escritas que eram feitos em paredes, estes desenhos ou escritas eram exercidas em diversos momentos da história, tanto que a prática de registrar imagens é uma das artes mais antigas da humanidade, eram utilizadas as rochas e paredes das cavernas ao invés dos muros, onde estes desenhos tinham a função de descrever o quotidiano destas pessoas ou contar histórias, coisa que o grafite vem fazendo hoje em dia através de seus desenhos coloridos ou suas escritas nos muros que na maioria das vezes estes desenhos ou escritas vem acompanhadas de mensagens de críticas ao contexto que se encontra a população (POSTALI, 2011). A repercussão maior do grafite veio no século XX, quando grupos exerciam resistência ao sistema político de vários países. Segundo Leal (2007), os movimentos sucedidos pela paz em países como França, Itália e Estados Unidos, foram os principais percussores para o surgimento do grafite como é conhecido hoje. (POSTALI, 2011) . A forma mais de pichação conhecida como tag é considerada uma das primeiras manifestações feitas em muros, do tag que iria surgir o grafite. Na década de 1960, quando os traços de dois jovens, Cornbread e Cool Earl, chamaram a atenção da população e da Imprensa da Filadélfia, EUA, que denominaram a prática como “bombing” (POSTALI, 2011). Este bombardeio de traços espalhados por toda a Filadélfia influenciou inúmeras regiões urbanas dos Estados Unidos em menos de uma década. No início, a pichação se resumia aos apelidos dos pichadores e os números da rua em que o autor morava. Era comum encontrar estes registros em vagões do metro e em trains, pois era uma maneira de fazer com que sua marca fosse para outros lugares, e quanto mais marcas o pichador tivesse, e em mais lugares essa marca transitasse, mais ele era respeitado.Sendo assim, é muito comum encontrar

A esses elementos incorporou-se um quinto, o qual recentemente foi adicionado por Afrika Bambaataa, que segundo ele é o mais importante dos elementos e serve como pilar para todos os outros, este elemento é o conhecimento. (POSTALI, 2011).

Beat Box Alguns colocam também como elemento do Hip-Hop, o Beat Box, que é um tipo de percussão vocal que consiste na simulação de sons de bateria, efeitos eletrônicos, instrumentos de sopro e outros, utilizando apenas técnicas como a voz, a boca e a cavidade nasal, uma forma muito utilizada, pois por se tratar de um elemento que faz parte de um movimento enraizado na periferia, muitas vezes faltavam aparelhos de som

B-BOYBATTLE

para que o pudessem escutar músicas ou para que orapperpudesse fazer suas rimas. (POSTALI, 2011).

Streetbal Existe uma modalidade desportiva que muitos também mencionam como sendo parte dos elementos do Hip-Hop, o Streetball, conhecido como Basquetebol de Rua. O Streetball é uma variação do Basquetebol tradicional. O facto dessa modalidade ser considerada um dos elementos do Hip-Hop é porque ela surgiu na década de 70 nas periferias do Estados Unidos, mais precisamente no bairro negro do Harlem em Nova Iorque. Isto é, na mesma época em que o movimento Hip-Hop estava tomando conta dos bairros periféricos, inclusive o bairro do Harlem. (SILVA, 2012). E fora isso, o surgimento desta variação do Basquetebol tradicional, o Streetball, tem bastantes semelhanças com o surgimento do movimento cultural Hip-Hop. O surgimento deste deu-se pelo motivo de na época o Basquetebol ser praticado apenas pela elite. Sendo assim, o surgimento do Streetballteve os mesmos meios de surgimento do movimento cultural Hip-Hop, que deu-se devido a segregação racial e social da época. (OLIVEIRA FILHO, 2006). Em conformidade com a informacao arolada podemos concluir que enquanto na realidade mocambicana o Hip-Hop é marginalizado noutros quadrantes do mundo tem se mostrado e demostrado como sendo um fenomeno social que capta a atencao dos academicos. E hora de despertarmos. Redacção

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Caixa de Pandora

Dicas Básicas sobre o

Álcool

Nos EUA os gastos do sistema de saúde e as perdas de produtividades devido a doenças relacionadas ao álcool ultrapassam os 180 bilhões de dólares por ano.

a mo é um Alcoolis curável, n doença i a e fatal iv s s progre

O

álcool é uma droga que pode trazer grandes malefícios a vários órgãos do nosso corpo, principalmente o fígado, pâncreas, o coração e o cérebro.

Alcoolismo é uma Doença Incurável, Progressiva e Fatal Sabias que: O álcool e considerado uma droga psicotrópica, pois actua no sistema nervoso central provocando mudanças no comportamento de quem o consome, além de ter potencial para provocar dependência (alcoolismo)

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Os órgãos mais atingidos no organismo pela ingestão do álcool são o cérebro, o trato digestivo, O coração, o fígado e os músculos.

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Segundo a Organização Mundial de Saúde, o alcoolismo é uma doença progressiva e incurável.

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Os tremores matinais dos membros superiores é que cessam, após a ingestão de um trago, já significam um estado avançado de dependência.

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O início do consumo de álcool ocorre na adolescência para diminuir a timidez e insegurança, comportamentos peculiares da juventude.

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A predisposição orgânica para desenvolver o alcoolismo pode ser hereditária, o que significa que pessoas com um histórico de alcoolismo na família podem se tornar alcoólatras com facilidade.

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O consumo de bebidas alcoólicas durante a gestação é uma das causas de defeitos físicos e perturbações mentais nas crianças.

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O consumo do álcool a longo prazo aumenta o risco de doenças como cancro da língua, boca, estómago, esófago, laringe, fígado e vesicula biliar, hepatite, cirrose, gastrite e úlcera, e quando é consumido em grandes quantidades pode causar danos cerebrais irreversíveis, até pode levar ao suicídio.

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1O grupos de apoio como os alcoólicos anónimos tem-se mostrado eficazes no tratamento de pacientes alcólatras.

As bebedeiras de fim-de-semana que o fazem esquecer do que aconteceu podem destruir até 20.000 neurónios, que são células cerebrais que não se produzem.

A Ingestão do álcool faz mal ao corpo e à mente. Independentemente da quantidade ingerida, porque a tendência de quem bebe pouco é beber mais com o passar do tempo.



ARENA

Blunt Smock

Blunt Smock, mais conhecido como Blunterras, é um gladiador moçambicano de mão cheia, destimido que não deixa créditos em mãos alheias nas suas batalhas.Já participou e ainda participa das batalhas realizadas pelas duas ligas mais conceituadas na cena do rap nacional e por sinal as pioneiras desta modalidade do Hip-Hop, a saber Rapódromo, uma liga de batalhas liderada pelo rapper e locutor de rádio Duas Carras e Mozbattle uma liga encabeçada pelo rapper e locutor de rádio, Mente Negra. Blunt já travou batalhas com os gladiadores de peso na praça. Para mais detalhes, Leia as linhas que se seguem,...

É

um jovem rapper e gladiador, considera se um ghost-writer e é promotor de eventos de HipHop, criador e cordenador do projecto Bloko04Militares, residente no Bairro de Laulane arredores da cidade de Maputo.O nome blunt smock segundo ele significa fumo brusco. Blunt- traduzido em inglês é brusco, nocivo, que faz mal, Smock- vem do jogo de video game Mortal Combate em que tinha lá o seu jogador preferido o “ Smock” juntou ambos e deu no Bunt-Smock ( Fumo Brusco). Profissionalmente , está no rap desde 2011, antes disso fazia batalhas com os gladiadores dos grupos por onde passou, com o Nigger Brava, nos estúdios , fora dos shows, e nas ruas. De acordo com Blunt, Ninguém começa a cantar já maduro, mas somos diferentes dos outros e vamos desenvolvendo a medida que praticamos. Questionado sobre a sua aventura pelo mundo das batalhas ao que respondeu, uma vez o Múmia do Sistema Aliado enquanto conversam no estúdio disse-lhe que o Xivica estava a organizar um show no África Bar em que haveria freestyle Battle com dinheiro em jogo e que ele e o Kadabra Mc podíam ganhar facilmente. Fez a inscrição para ambos, e o último sagrou se campeão ocupando o primeiro lugar e o Blunt ocupou o segundo e foi assim dalí em diante. Já perdeu a conta do número de batalhas de que participou, ele é da opinião que grande parte das suas batalhas não são publicadas por pessoas de má fé com vista a denigrirem o seu nome e preservarem a imagem dos impostores que mata em cada confronto, desabafou. Como artista enfrenta dificuldades na gravação de seus videos. Avançou que alguns promotores de eventos não honram os seus compromissos em termos de pagamentos e certas regalias acordadas antes dos shows, e esta componente do Hip-Hop não é dada a atenção devida. No concernente a promoção, publicidade e acompanhamento deste ramo do Rap, tendo em conta que a maior parte dos melhores rappers a nível mundial vêm do Battle.Afirma categoricamente, que o Battle em Moçambique está atualmente distorcido do verdadeiro sentido. Os participantes destas batalhas fazem batalhas

acadêmicas, usam palavras de difícil compreensão para o público, a maior parte de gladiadores são cópias suas e de angolanos.Para este, um bom gladiador tem que possuir uma boa capacidade de improviso, ser muito superdotado, um nivel elevado de concentração, ter capacidade de ofender o seu oponente e em contrapartida estar preparado para engolir sapos e dedicacar muito tempo aos treinos. Abordado quanto aos critérios usados para classificar os gladiadores e da opinião de que os critérios deixam muito a desejar, há muito favoritismo, e é frustrante ser julgado por alguém que não é abalizado na matéria de Battle, e sem nenhum feito no rap, há que se repensar nos critérios de classificação, frisou. .. Questionado acerca da liga Mozbattle, afirma haver favoritismo, aliado a falta de experiência e criatividade por parte dos gladiadores em que grande parte deles são cópias de outros gladiadores. As vantagens são os apoios por parte dos patrocinadores e o facto de ser mensalmente como uma liga de batalhas deve ser no tocante a liga Mozzbattle. No concernente ao Rapódromo afirmou que é mais um estilo de show com freestyle Battle a mistura, que acontece uma ou duas vezes por ano, dai que não pode ser considerado uma liga. Mas ressalta que foi a primeira a firmar-se como liga e a se internacionalizar e organizar batalhas sem instrumentais e a oferecer um cache considerável.Advertiu que há uma necessidade de se repensar no cache e não deixar pessoas poucos informadas sobre o battle na dianteira e acabar com o favoritismo, que mancha o espectâculo.Para este, os melhores gladiadores de Moz são, Brava, Kadabra MC e Puto Paí, que ainda não é conhecido e ele. Acha que as ligas Amadoras, usam muito os artistas para publicidade mas pecam em termos de pagamentos. Condena veementemente alguns gladiadores nacionais, com excepção do Kadabra MC, quando avança que o resto de gladiadores fazem batalhas acadêmicas e outras coisas que não tem nada ha ver, geralmente sem ofensas, piadas nem ritmo, arte e poesia.Sobre a batalha que decorreu na Coconuts entre gladiadores moçambicanos e angolanos em que os nacionais sagraram se campeões é da opinião que a única batalha no seu ponto de vista foi a que envolveu Kadabra MC e Tannai Z. Para este, o resto não viu mais nada


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senão aplausos e barulho a cenas sem sentido nem um pouco de humor.Em termos de divulgação de batalhas, acredita que estamos num bom caminho, mas para se atingir a perfeição falta muito ainda. No seu ponto de vista, as ligas MozzBattle e Rapódromo devem escalar outras a provincias, e o número de gladiadores de verdade é muito insignificante. Acha que não e é a pessoa mais indicada pra responder sobre o critério usado no recrutamento e apuramento de gladiadores novos , mas e da opinião que as pessoas que deviam estar em frente dos castings deveriam estar diretamente ligadas ao assunto.Diz estar a preparar o seu single, mas sempre que pode pratica as batalhas. As batal-

has em que teve dificuldades são aquelas em que exagerou da dose do álcool, a maior parte das batalhas em que participou hipnotizou os seus oponentes e afirma categoricamente que ainda não sentiu um oponente mesmo a sério. Para nos tornarmos em melhores gladiadores do mundo temos que aprender mais e mais com outras ligas profissionais porque a nossa ainda está a assumir os seus primeiros passos. Para ele o facto de termos vencido os angolanos no Coconuts não nos torna os melhores quer da lusofonia muito menos do mundo. Temos que desafiar e derrotar os gladiadores portugueses paranos firmarmos como os melhores da Lusofonia. Redacção

os critérios usados para classificar os gladiadores nas batalhas nacionais deixam muito a desejar O facto de termos vencido os angolanos no Coconuts não nos torna os melhores quer da lusofonia muito menos do mundo

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AGENDA

A G E N D A

H I P / H O P

Olho Vivo

Xitiku Ni Mbaula

vende o Enteado da Pátria na rua da Rádio Moçambique

lança o seu primeiro Álbum A Kaya

Allan

Drakulah

lança o seu álbum à solo no Café Bar Gil Vicente

vende a CURA na Matola depois do Beer Garden

Mancebo é o actual vencedor da 3ª temporada da Mozbattle

Mia Couto jr. realiza partidas de futebol 11 entre Mc´s e Veteranos

2 Karas lança sua EP no Beer Garden sob chancela da GM

Singah Man em concerto ao vivo no Ascendente Bar

Projecto Ka Zimpeto Beats conta com novas caras para o seu 2º Vol.

Solid Souls Muzik publica a 1ª edição da Revista Vinil Hip-Hop

Rapódromo realiza um show de batalhas no Clube dos Empresários em Maputo

7 Kruzes vence Billy Ray na Beat Battle of Legends realizada pela Mozbattle no Complexo Mbuva


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Café Bar Gil Vicente

Catedral do Rap Nacional Paulo Borges, gerente do Café Bar Gil Vicente, revela-nos segredos escondidos e trancados a sete chaves. Siga as linhas que se seguem..

C

afé Bar Gil Vicente é uma casa de pastos por excelência, vocacionada à divulgação de música ao vivo, independentemente dos géneros musicais, mas também abraça outras manifestações artísticas, tais como o teatro, stand up comedy, entre outros. De acordo com Paulo Borges, a casa supracitada promove shows de diversos estilos musicais há sensivelmente catorze anos. A casa cede espaço para artistas consagrados e anónimos, que querem se fazer conhecer. Às sextas-feiras, geralmente actuam bandas

com renome e aos sábados são exclusivamente reservados ao Hip-Hop e seus derivados. Segundo Paulo, a iniciativa de abraçar o Hip-Hop arrancou no ano 2004, tendo amadurecido dois anos depois (2006). Tendo desafiado alguns rappers nacionais consagrados a tocar com bandas, numa fase em que o Hip-Hop era caracterizado pelo MC e o DJ. Os primeiros rappers a aceitarem o desafio foram os membros integrantes da Cotonete Records, a saber Rage, Islo H, Ivete e Azagaia. No concernente à ausência de uma indústria cultural bem estruturada, pois afirma, categoricamente, que o facto de

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PENTE FINO

a inexistência de uma indústria cultural local constitui um calcanhar de Aquiles para a profissionalização e a internacionalização dos artistas nacionais. Porém, acredita que isso não pode servir de álibi nem desencorajar os artistas de criarem e vislumbrar um futuro risonho, frisou. De alguns anos para cá, segredou-nos, que surgiram muitas casas de pasto no mercado e muitos artistas com qualidade estão a emergir diariamente. O showbizz está a dormir, mas os artistas estão a criar incansavelmente. O nosso entrevistado é de opinião que Moçambique de cinco anos para cá se tornou a capital africana de eventos culturais, chegando a realizar em média cinco a seis espetáculos semanais. No concernente à iniciativa de promover shows de Hip-Hop, assegura-nos que está a ser uma experiência fascinante e já está a surtir efeitos desejados. Entretanto, avançou que a comunidade Hip-Hop nacional tem realizado muitos shows, o que torna o Café Bar Gil Vicente uma autêntica

catedral do Rap nacional, rematou. Acredita que o país já tem rappers com qualidade internacional, o que falta são oportunidades e união. Condena veementemente a tendência dos promotores de eventos de Rap colocarem bons rappers de lado, quando convidam os rappers internacionais ao país. Desabafou. No seu ponto de vista, devia-se seleccionar o melhor dos que temos cá para projectar uma ideia real daquilo que é o Rap nacional, e em paralelo a isso organizar uma série de shows para mostrar o nosso potencial e promover debates e workshops com rappers estrangeiros, não só retê-los em hotéis luxuosos. O caso mais flagrante de rappers de peso internacional que passaram pelo solo pátrio, a título de exemplo, 50 Cent da G Unit, Keith Murray, da Def Squad, Apollo Brown, Fusível membro integrante do grupo português Dealema, Sam The Kid, Valete, General D, Four Trouble Makers e angolanos. Paulo, exorta a quem de direito, a construir um palco multifuncional

que pudesse contemplar todas manifestações artisticas nas suas diferentes plataformas e incentivar o sector privado a apoiar as actividades artisticas, não tão-somente em datas comemorativas. O Café Bar Gil Vicente tem colaborado com outras casas de pastos, tais como o Centro Cultural Franco Moçambicano (CCFM), Centro Cultural Brasil e Moçambique (CCBM), Centro Cultural Moçambique Alemanha (ICMA). Estas parcerias inteligentes são baseadas na troca de eventos, partilha de artistas, intercâmbio cultural, troca de experiências, rotação de artistas, para quebrar a monotonia dos shows. O desafio que se coloca é de realizar mega shows, internacionalizar a cultura e os artistas locais, troca de experiências entre artistas locais e estrangeiros. Para Paulo, os artistas moçambicanos devem começar a fazer shows além-fronteiras. Divulgar a imagem do Rap nacional no exterior. O Café Bar Gil Vicente realiza em média, semanalmente, cinco a seis shows, concluiu.


CAFÉ COM LEITE

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JAY-Z Admite que já Traiu Beyoncé

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epois de muitas especulações, Jay-Z decidiu aproveitar uma entrevista ao The New York Times para admitir que, sim, traiu Beyoncé, com quem está casado já há nove anos. Além de falar sobre tal momento de crise em seu relacionamento, o rapper aproveitou a ocasião para dizer que, muitas vezes, esconde o que está sentindo, até mesmo das pessoas que mais ama.

Álbum da Wu-Tang Clan é leiloado no Ebay

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novela por trás de “Once Upon a Time in Shaolin”, álbum do Wu-Tang Clan, ganhou mais um capítulo: Martin Shkreli, dono da única cópia, está leiloando-o no Ebay. Antes, é bom entender do que tudo se trata. Em 2014, os rappers do grupo decidiram criar um disco único, que não cairia na “banalização” causada pelos serviços de streaming e proporcionaria uma experiência inédita. Batizado de “Once Upon a Time in Shaolin”, o álbum teve apenas uma cópia produzida, leiloada para Shkreli por supostos US$2 milhões. A lenda por trás aquisição é tão bizarra que até menciona uma susposta cláusula de quebra de contrato onde a única forma de ter o CD de volta seria se um dos membros do Wu-Tang - ou o ator Bill Murray, por algum motivo - invadissem a casa do comprador para recuperá-lo. No anúncio no Ebay, ele fala: “Esse é o único álbum do Wu-Tang. Decidi comprar como um presente ao Wu-Tang Clan pela sua tremenda contribuição musical, mas ao invés disso eu recebi ofensas de um de seus membros menos

Na ocasião, ele ainda fez questão de rasgar elogios à Beyoncé, com quem, aliás, tem três filhos, Blue Ivy, Rumi e Sir Carter.“Temos um respeito saudável pelo trabalho do outro. Eu acho ela incrível”, falou o rapper, para o The New York Times. inteligentes, e todos eles falharam em ver meu objetivo de colocar um sério valor na música.” O caso ao que se refere é uma complicação com um dos rappers: pouco após a venda, Shkreli começou a aparecer nas notícias por ser o presidente e fundador da Turing Pharmaceuticals, empresa farmaceutica responsável por alavancar o preço de remédios cruciais para o tratamento de AIDS e outras doenças em 5000%, de US$13,50 para US$750 por pílula. Isso fez com que o rapper Ghostface Killah chamasse o comprador de um «super vilão” e muito mais. Atualmente Shkreli está em julgamento pelos seus atos - mas ele afirma que a ideia da venda não é juntar dinheiro. “Estou curioso para ver se o mundo dá o mesmo valor à musica que eu. [...] Não estou tentando ganhar dinheiro - minhas empresas batem recordes de dinheiro acumulado.” Além disso, ele também não garante que entregará o álbum: “A qualquer momento eu posso cancelar essa venda e até quebrar o álbum em frustrução.”

P. Diddy é o Rapper mais rico de 2017 Com uma lista apontando os 20 cantores de rap mais bem pagos entre junho de 2016 e junho de 2017, os valores surpreendem. O primeiro colocado é o Rapper Diddy, com faturamento de US$ 130 milhões), na atual cotação.

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aber quanto as celebridades facturam sempre foi uma curiosidade do público, e anualmente a revista Forbes elabora um ranking divulgando os valores exorbitantes arrecadados por esses artistas, e as «vítimas» da vez foram os rappers.

Drake é o segundo, embolsando US$ 94 milhões seguido de Jay-Z com US$ 42 milhões, completam o top 5 Dr. Dr e Chance, the rapper. O ranking leva em conta vendas de discos, músicas em serviços de streamings, bilheterias e merchandising (justamente o que eleva o faturamento de Diddy). O cantor não lança um álbum solo com músicas próprias desde 2006 e há anos não emplaca hits nas paradas de sucesso. Mas lidera por seus empreendimentos, como a gravadora Bad Boy Records e a linha de roupas Sean John e Sean por Sean Combs. No top 20 divulgado pela revista Forbes, apenas uma mulher aparece no ranking, a cantora Nicki Minaj. A rapper ocupa a 16ª posição, com um faturamento de US$ 16 milhões

Eminem lança novo Álbum

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nono trabalho da carreira do rapper está em plena produção. Expectativa é que o novo disco aborde a política norte-americana O rapper Eminem retornará ao mundo da música. O portal NME afirmou, que de acordou com fontes seguras da gravadora Hits Daily Double, que o artista está em estúdio e pronto para lançar o nono álbum da carreira. O último trabalho do rapper foi The Marshall Mathers LP 2, lançado em 2013. O portal ainda lembra que Eminem já tinha afirmado no ano passado que estava trabalhando em um disco com cunho político, essencialmente com críticas à campanha de Donald Trump, o atual presidente dos Estados Unidos. Na ocasião, o rapper afirmou aos fãs: “Não se preocupem, estou trabalhando em um novo álbum.”


Drakulah Vende "A Cura" no Beer Garden

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PENTE CAFÉ COMFINO LEITE

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rapper moçambicano, Drakulah sobejamente conhecido como “Assassin“, nos meandros do circuito do rap nacional Underground,procedeu a venda do seu primeiro CDà solo intitulado A CURA, acompanhada de uma sessão de autógrafos. Drakulah é um rapper, Produtor de Instrumentais, Promotor de Eventos,Apresentador de Televisão, Mestre de Cerimónias, um dos Mcs nacionais com mais seguidores nas redes sociais . um verdadeiro elo entre rappers das cidades de Maputo e Matola.. A Cura foi o álbum mais esperado e discutido do ano corrente ao nível das redes socias e Leva a chancela da GM Label dirigida pelo Dj Sydney.

Samsung lançará seu smart speaker no primeiro semestre de 2018 Num passado recente o rapper em referência integrou um grupo de mcs e produtores de instrumentais que se reuniram e produziram um álbum independente, em formato eletrónico e de distribuição gratuita denominado Conexão Underground, falamos de Drakulah, Big Son, Genérico, Goktas aka GwG, Matador Inocente dentre outros. Drakulah já foi membro integrante dos agrupamentos Religious Masters e Império Sagrado.

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empresa anunciou que o dispositivo estará disponível no primeiro semestre de 2018. Uma das razões da demora é que a Samsung quer implementar a Bixby no aparelho – e em todos os outros que serão produzidos. Dj Koh, presidente da divisão móvel da companhia, em entrevistas mais antigas, informava ao público que os focos eram a qualidade do áudio e o gestao de eletro-


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Bitwig: o novo software de produção que está conquistando o mundo

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mais novo DAW já não e mais um bebê e entra no jogo dos grandes softwares de produção musical.

Maschine: Software de Produção Musical e Performance

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oje, a Maschine é uma das plataformas mais usadas na produção de música eletrônica. O software, desenvolvido pela Native Instruments, dispõe do suporte da própria marca com pacotes de som de primeiríssima qualidade, seja no pacote básico que a Maschine traz consigo, de 7GB, ou no que eles chamam de Maschine Expansions. Com um fluxo de trabalho super rápido e uma controladora dedicada, a Maschine é sem duvida uma opção a ter em conta na produção e no palco. Parte da ideia da Maschine é dedicada ao Drumbox, ou seja, está destinada especialmente a um trabalho voltado a Live performance, mas também é o complemento perfeito para estudo, para a produção de baterias com um fluxo de trabalho rápido. Não por isso a Native Instruments descuidou da parte da composição, sendo hoje a Maschine uma ferramenta muito poderosa nesse sentido. Com a implementação de modo piano com escalas, modo de acordes, onde vc escolhe o tipo de acordes que quer tocar, em modo maior o menor e depois remaneja tudo isso da forma mais prática e flexível. A Maschine tem integração perfeita com qualquer DAW, tipo Ableton ou Logic, e por isso é o complemento perfeito. Você pode editar tudo na Maschine e exportar o seu trabalho simplesmente arrastando os arquivos MIDI ou AUDIO para um fluxo de trabalho ultra rápido.Desde a versão 2.2, você pode automatizar e editar diretamente desde o DAW tudo referente a EFX e dinâmica do projeto da Maschine, sendo isso uma opção de especial importante, já que se pode compor na Maschine e editar depois no arragement do DAW.Por tudo isso e mais, a Maschine é sem duvida uma das plataformas mais usadas e queridas hoje nos estúdios e palcos, e a Native Instruments não para de abrir melhores possibilidades em cada atualização.

domésticos conectados.O objetivo agora é conseguir sincronizar todos os dispositivos da Samsung, mas, segundo a Bloomberg, o aparelho precisa melhorar as buscas na internet a partir dos comandos de voz. As concorrentes já possuem seus smart speakers circulando no mercado e gerando grande interesse do público. A Google, inclusive, lançou nas últimas semanas o Google Home Mini, uma atualização do seu aparelho com design mais discreto. A Samsung está um pouco atrasada quanto ao lançamento do produto, mas talvez isso seja uma estratégia da companhia.

Bitwig oferece características nunca antes vistas nos DAW, como as pistas híbridas de Áudio e MIDI, o sistema de protocolo aberto de configuração de controladoras MIDI, ou o que eles chamam de sistema de modulação Unified Modulation System, uma forma direta e simples de contar todas as saídas e entradas de modulação. Ele usa o sistema modular de Dispositivos, assim como o Ableton, e se destaca principalmente pela versatilidade na criação de Layers e Chains, e a capacidade de guardar presets, como nunca antes se fez, dentro desses layers. O ponto forte, sem duvida, é a edição

de Áudio e MIDI, que dá um salto de qualidade importante na hora de automatizar parâmetros, já que o Bitwig não apresenta só o modo tradicional de Automação como os outros DAWs. O Bitwig tem mais dois modos de Automação relativa. Os 25 Efeitos de Áudio, 9 Instruments, 9 Containers, 11 Modulator, generators and Routers fazem do Bitwig uma plataforma mais que completa. Uma das caraterísticas do Bitwig é que funciona tanto em Sistemas Apple, Windows e também Linux, o que significa uma importante abertura de mercado.

Velocidade da internet global cresceu 30% em 2017

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peedtest é uma das principais ferramentas de medição da velocidade de conexão no mundo e, por isso, ela conta com um ranking mundial com as mais rápidas e mais lentas do planeta. Além disso, graças às avaliações feitas ao longo do tempo, a plataforma indica o quanto a internet global aumentou ou diminuiu de velocidade durante o último ano.E levando em conta os dados de todos os países, a velocidade da internet móvel aumentou globalmente 30,1% em 2017, chegando a uma média de 20,28 Mbps. Já as conexões fixas cresceram 31,6%, alcançando uma média de 40,11 Mbps. As velocidades de upload também cresceram: 38,9% no mobile (para 8,65 Mbps) e 25,9% na fixa (para 19,96 Mbps). Essas contas avaliam informações de novembro de 2016 a novembro de 2017 e ranqueiam apenas países com pelo menos 670 resultados mobile e outros 3.333 de internet fixa no Speedtest.A lista dos países que tiveram um maior incremento de velocidade de download mobile segundo o Speedtest é liderada pelo Laos, que alcançou 13,66 Mbps em novembro de 2017, valor 249,5% maior do que o indicado no mesmo período do ano passado. O pódio é completado por Vietnam (+188,7%, 19,54 Mbps,) e Trinidad e Tobago (+133,1%, 11,68 Mbps).Quando o assunto é a velocidade de conexão fixa para download, o departamento ultramarino francês Reunião é o grande vencedor, com aumento de 141,5% para uma velocidade média de 62,64 Mbps. Completam o pódio Guatemala (+116,7%, 12,04 Mbps) e Gana (+82,1%, 18,96 Mbps). Redacção


CARGA EXPLOSIVA

Kanino Famélico


O rapper moçambicano Kanino Famélico nos fala da sua carreira e do seu álbum(Mixtape) e dos seus actuais projectos artisticos. A revista Vinil Hip-Hop deslocou- se ao bairro de Mavalane com vista a colher mais dados sobre o artista em referência.

Crença e Determinação” é o título do álbum do rapper moçambicano Kanino Famélico, um autêntico retrato fiel da realidade quotidiana moçambicana em particular das zonas periféricas e especialmente do bairro em que este vive. A mixtape foi produzida na B. Records, estúdio de gravação que sita no bairro Compone. Acompanhe a entrevista na íntegra e tenha uma boa leitura.

Vinil Hip-Hop - Quem é Kanino Famélico, em linhas gerais? KF: Kanino Famélico é o pseudónimo de Martinho Virgílio Inguane, um rapper moçambicano de 32 anos, licenciado em Geografia pela Universidade Eduardo Mondlane, residente no bairro de Mavalane “A”, pai de dois filhos (Flora e Martinho Júnior), e esposo da Delfina Nzucule.

VH - Há quanto tempo no rap game? KF: Comecei a escutar rap em 1999, por influência de meu irmão mais velho Josê Maria Virgílio Inguane. No que concerne à entrada ao game, considero o ano de 2001 como sendo o marco do meu envolvimento nesta arte. Foi exatamente na Discoteca Vovô Nhaca, em Mavalane, que dei os primeiros passos em termos de representação em palco.

VH - Fale-nos, em linhas gerais, do teu álbum “Crença e determinação” KF: Crença e determinação, consiste no incremento da fé, esperança, exaltação da auto superação, é o resultado de uma trajectória marcada por sucessivas derotas que culminaram com a vitória final. Embora o trabalho tenha saido em forma de mixtape, o seu conteúdo lírico e a sua respectiva organização levou vários críticos a considerá-lo como sendo um álbum, com a roupagem de mixtape, isto é, so é mixtape porque as instrumentais não sao da minha autoria. Portanto, em linhas gerais trata-se de um trabalho discográfico primogénito feito com muito carinho e dedicação.

VH - Quantos temas dão corpo ao álbum? KF: O álbum comporta 10 faixas e um interlúdio. A selecção dos temas foi feita em função dos episódios que marcaram a

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minha trajectória nesta cultura. Na verdade, “Crença e Determinação” fala de mim, do que passei, o que vai acontecendo com outras pessoas, o que aprendi e tudo aquilo que gostaria que acontecesse. A concepção das músicas (escrita das letras e escolha das instrumentais) foi da minha autoria, já a gravação e masterização esteve a cargo de B.J.R (B. Record – Polana-Caniço).

VH- A selecção dos MC´s que participaram no teu álbum obedeceu algum critério predefinido? KF: Em termos de critérios, não houve tanta rigidez na escolha dos artistas, pesou mais a facilidade de trabalhar com os mesmos, a sua disponibilidade, a afinidade, visto que durante a gravação do disco eu ainda era totalmente desconhecido, o que até certo ponto podia criar uma inércia no que concerne à aceitação do convite de artistas fora dos parâmentros citados. Participaram do álbum rappers como Matador Inocente, Mukupuya e outros. As dificuldades que encarei a partir da concepção à execução do mesmo se prenderam na exiguidade de recursos financeiros, o que terá sobremaneira determinado a velocidade da gravação das músicas (no máximo gravava duas músicas por mês). Entretanto, outro constrangimento aconteceu durante a maquetização, confesso que foi tanto aperto para materialização de um ideal iniciado com 14 anos e concretizado aos 30 anos.

VH - Qual foi a reacção do público perante a recepção do teu trabalho, atendendo que ainda era um pouco ou quase desconhecido na cena Hip-Hop nacional? KF: Para cada trabalho elaborado com amor, dedicação e fé, há sempre um reconhecimento à medida. A reacção do público foi gradual e o reconhecimento superou as minhas expectativas. De uma forma geral, todos programas radiofónicos e televisivos deram uma nota positiva ao meu trabalho, a retribuição estendeu-se aos promotores de eventos e artistas de renome no circuito hip-hop nacional. O uso das Tecnologias de Informação e Comunicação fez com que o meu trabalho viajasse de Maputo a Rovuma, Zum-


CARGA EXPLOSIVA

bo ao Índico (Pier Dog, ajudou muito neste ponto). Lembro de um dia que voltava do auditório da Rádio Moçambique, quando recebi uma mensagem da cidade da Beira, através do Aivy, informando que naquele momento a música “Ave Maria” estava a tocar num programa de hip-hop. Fora da esfera nacional, a minha música chegou a Portugal, Angola, Brasil e Dinamarca, provavelmente chegou até onde não tive retorno.Tenho que confessar que não foi tão fácil chegar até onde cheguei, embora ainda seja uma gota de água no meio do oceano. Tenho refrescado a secura da minha espera no tempo e no espaço, com apenas esta gota. Eu cresci a escutar “Tip-hop Time”, na Rádio Cidade, desde a minha adolescência sempre sonhei em ouvir a minha música naquele programa, não fui atrás da fama, do dinheiro e do reconhecimento, mas sim do meu sonho de adolescência, e, finalmente, aconteceu isso, exatamente, quando Hélder Leonel estreiou a minha música, num tema intitulado “infância”, no qual falo exactamente da minha adolescência.

" Hoje em dia

temos vários produtores com capacidades excelentes de produção, quanto a este ponto estamos no caminho certo

KF: A minha criação encontra terreno fértil nas intempéries sociais, principalmente nas pessoais, isto é, sou a voz dos encarcerados, dos desprovidos da fé, de todos que residem na aflição, na incerteza, no desespero, a padecer nas camas dos hospitais. Sou a orientação dos regressados da cova, aqueles que já estiveram a beira da morte, e que trilham novos caminhos, tentam reconstruir o perdido, sabem dar valor ao sol de cada novo dia, portanto a minha inspiração reside na crença e determinação da minha gente.

2 • MC´s No que concerne aos MC´s, tenho dois pontos fundamentais a realçar: o primeiro está relacionado com a escrita, eu sou da opinião de que só escreve bem quem tem o hábito de ler, para além da aquisição do conhecimento, a leitura incrementa a coerência no acto da passagem dos ideiais cravados na mente para o papel. Eu pessoalmente gosto de aprender, portanto ao escutar música, sobretudo rap, tenho que colher e não lamentar. O segundo ponto é a necessidade de se massificar o lançamento de trabalhos discográficos e não apenas músicas soltas. 3 • Programas de hip-hop

CRENÇA E DETERMINAÇÃO SÃO AS CHAVES DO MEU SUCESSO VH -Qual é a tua fonte de inspiração?

mente ao inverso. Na minha opinião todo produtor deveria pelo menos uma vez fazer aquilo que Scam (DJ Leopardo) fez, o produtor não pode apenas produzir e lançar as instrumentais ou ficar à espera do MC para comprar a instrumental, deve, também, produzir e chamar o MC para, em conjunto, definirem trabalhos discográficos e vender a arte como um todo, dessa forma saimos todos a ganhar, a isto chamo de trabalho integrado.

VH - Como é que caracterizas o rap nacional, desde a instrumentalização até aos MCs e programas de Hip-Hop. O que estará a faltar? KF: Essa questão é tridimensional, razão pela qual vou procurar responder em 3 facetas:

1 • Instrumentalização Hoje em dia temos vários produtores com capacidades excelentes de produção, quanto a este ponto estamos no caminho certo. O “modus operandi” dos produtores faz-me crer que o rítmo da procura do produtor pelo MC é mais acelerado comparativa-

No que respeita aos programas de hip-hop, num passado não muito distante publiquei um artigo nas redes sociais cujo conteúdo era a necessidade do incremento do trabalho integrado, sobretudo nos programas radiofónicos, isto é, há uma necessidade de haver intercâmbio entre os apresentadores, de forma a selecionar as músicas que podem ser divulgadas, o periódo e a sincronização promocional. No que tange aos programas televisivos, não tenho muito a dizer, não devido à sua perfeição, mas porque tenho visto muito pouco a televisão. No cômputo geral, falta um trabalho integrado entre produtores, promotores e MC´s; temos verificado um lançamento de músicas soltas a uma progressão geométrica e lançamento de trabalhos discográficos a uma progressão artimética; falta um trabalho integrado entre produtores, apresentadores de programas e MC´s.

VH - Kanino Famélico Mukupuya é uma febre nacional. Fala-nos desta relação. KF: Desde a divulgação do meu primeiro trabalho discográfico, tenho lido e escrito bastante. Neste momento encontro-me a combater em 3 frentes, sem datas previstas para o cessar-fogo. Estou a trabalhar num


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projecto local com Secret - D, Masta Floyd, Jungle Flavour e Gun Fire, também tenho, embora numa fase embrionária. o meu segundo trabalho discográfico na vertente álbum. A colaboração com Mukupuya ainda vai trazer muitas novidades, prefiro não adiantar detalhes para não fazer parte do exército dos soldados das promessas. Não posso prever datas porque dois dos projetos em que estou envolvido são colaborativos e o rítmo do trabalho depende do colectivo e não de um indivíduo. No que tange ao meu segundo trabalho discográfico, provavelmente sairá depois do lançamento dos trabalhos colaborativos.

VH - Temos falta de editoras, há muitos estudos, mas poucos trabalhos discográficos. Como olha para esta realidade paradoxal? KF: Ninguém irá criar editora por nós, se não nós próprios, sei claramente que a resposta sempre será falta de dinheiro. O tempo que estamos a combater no rap sem editoras é consideravelmente longo, mas enquanto não houver entrega na causa, o tempo que ainda vamos esperar será uma eternidade. Sou apologista do trabalho integrado, lembro ter publicado nas redes sociais outro artigo que faz menção a este ponto, isto é, no dia em que todos nós vamos olhar cada elemento da cultura como uma peça-chave para o sucesso da cultura, em que cada um assuma com responsabilidade a sua entrega para o sucesso da arte vamos triunfar. Hoje em dia há muitos envolvidos na arte, para além de trilhar no rap, têm outros afazeres que lhes rendem algum dinheiro. Imaginem a criação de um cadastro e de uma conta bancária, em que cada elemento mensalmente deposite um valor socialmente definido, com o propósito de criação de editora, depois de 10, 15 ou 20 anos não teriamos editora? Tudo depende de nós. A existência de muitos estudos e poucos trabalhos discográficos deve-se em parte à

Mukupuia & KANINO

falta de editoras, mas também o vício de publicar as músicas soltas nas redes sociais criou um acentuado distúrbio de personalidade dos MC´s. Há um psiquisco colectivo e a esfera no rap nacional virou manicômio a céu aberto.

VH - O que faria pelo rap se ganhasse a lotaria? Se um dia ganhasse a lotaria: 1 - Criava uma editora com sede na Cidade de Maputo e sucursais na Beira e Nampula. Para o efeito, organizava debates virtuais e presenciais para colher sensibilidades, de como criar, o@nde especificamente edificar, com quem trabalhar e de que forma trabalhar. 2 - Selecionava grandes militares da cultura com uma longa estrada, mas sem trabalho discográfico e colova

a proposta para o efeito e após a materialização dos trabalhos distribuia pelas sucursais e definia um plano promocional recheado de entrevistas, vídeos, espetáculos, bem como a criação de parcerias com artistas além fronteiras. 3 - Massificava programas televisivos e criava um campeonato de basket and hip- hop show, com entuito de divulgar o rap nacional, criava um grande bar em forma de “u”, com bancadas nas laterais, balcão na concavidade do bar, piscina no meio e palco de atuação dos MC´s edificada no centro da piscina. 4 - Transformava a vida dos MCs de simples e miseráveis sonhadores para potenciais concretizadores dos seus anseios. No que tange ao meu passa tempo, actualmente tenho passo maior parte do tempo a ler e ecrever artigos e letras para o rap, assim como escutar muito hip-hop.


VAMOS A ISSO!

Mande sua resposta para o nosso email: vhmagmoz@gmail.com Qual número coresponde a alinha?

4.O álbum do Matador Inocente intitula-se 》》Um passo em frente 》》O regresso do soberano 》》Enteado da pátria

a)

2.O Ceo da Mozbattle chama-se 》》Duas Caras 》》Mente Negra 》》PR.Dog

f)

1.Guro era membro integrante do agrupamento 》》Flipmodsquad 》》Dilates People 》》Gangstar

e)

CARA \ COROA

b)

3.Hélder Leonel é o apresentador do programa 》》Ministério de Hip-Hop 》》Hip-Hop Time 》》Kaza II

c)

6.Cats and Dogs e o título do álbum do rapper 》》Black Thought 》》Sean Price 》》Evidence

d)

5. Kadabra MC e um rapper e gladiador de Nacionalidade 》》Portuguesa 》》Angolana 》》Moçambicana


Hip-Hop ATÉ A MORTE Corro Sick Brain Hip-Hop és a razão do meu ser, podes crer Junto de tí quero estar até morrer Graças a tí , sou o que sou Estou contigo por amor, um gajo não repa por dou

Kay Real Hip-Hop é o líquido vermelho que circula nas minhas veias A razão das minhas ideias O ritmo que levanta plateias Hip-Hop é a luz que ilumina A semente que germina A poesia que me vicia como a nicotina Hip-Hop é o ritmo , a arte que faz parte de mím E se quiseres saber MC sempre será assím até ao fím Desde 94 a escrever rimas no meu quarto São muitos anos, mesmo assím não me farto Continuo a gravar e a representar este jogo Hip-Hop por esta arte boto as mãos no fogo Nunca fiz, não faço, nunca farei Hip-Hop por mola Estou no rap game por amor a camisola Só fiel ao que faço feito fiel ao seu parceiro Eu amo o Hip-Hop ,sou rapista a tempo inteiro Hip-Hop é a minha base, o meu pilar, o meu suporte Enquanto haver forças vou txilar até a morte

fazem uma declaração de AMOR ao Hip-Hop

Corro (2x) Sick Brain Hip-Hop és a razão do meu ser, podes crer Junto de ti quero estar até morrer Hip-Hop, Fazes parte de mím Os outros podem desistir, eu estou contigo até ao fím Hip-Hop, graças a ti , sou o que sou Estou contigo por amor, um gajo não repa por dou Kay Real Hip-Hop é o ritmo no qual expresso verdades cruas e nuas É a criatividade, a realidade que vês pelas ruas A minha forma de ser, a minha maneira de viver Sabes como é bro, serei fiel ao Hip-Hop até morrer Kay Real underground, MC revolucionário Hip-Hop é cristo no ritual do meu santuário O meu pão diário, Hip-Hop é o meu sacrifício Se fosse um doente mental , Hip-Hop seria o meu hospício O meu vicio, underground é o meu Flow Sabes como é bro, represento Hardcore Hip-Hop é é, já nem sei o que é Mas sei que faço esta arte com amor e muita fé Continuo de pé. E não me importo com o que dizes Se Hip-Hop fosse uma facada eu teria mil cicatrizes Hip-Hop é minha base, é meu pilar é meu suporte Enquanto houver forças vou txilar até a morte Corro Sick Brain Hip-Hop és a razão do meu ser, podes crer Junto de ti quero estar até morrer Hip-Hop, Fazes parte de mím Os outros podem desistir, eu estou contigo até ao fím Hip-Hop, graças a ti , sou o que sou Estou contigo por amor, um gajo não repa por dou


PRETO NO BRANCO

Elfas on The Mic é um rapper moçambicano de 33 anos de idade, dos quais 14 de carreira, residente no bairro Central, antigo combatente no activo, com credenciais na cena do rap nacional, factor que terá determinado sobremaneira na sua escolha para figurar desta edição da revista “Vinil Hip-Hop”. Saiba mais....

E

lfas entra no rapgame em 1998, influenciado pelo rapper norte amaricano DMX. No princípio o seu foco estava mais centrado na indumentária e só depois é que aderiu à música. Acredita que o rap nacional está num bom caminho, mais ainda há muito por se fazer para se alcançar os níveis de qualidade almejados e internacionalmente validados. Os seus temas versam em torno de aspectos sociais, com vista a impulsionar mudanças significativas nos comportamentos desviantes na sociedade. Faz um rap didático e escreve versos repletos de conhecimento. A sua

fonte de inspiração é tudo o que acontece no quotidiano. Todas as suas realizações, frustrações, sentimentos e pensamentos desaguam no papel e depois são arquivados em músicas gravadas. Segundo Alfas, actualmente existem mais plataformas de interacção entre os rappers, o que lhe faz acreditar num futuro risonho, algo que não caracterizou o rap num passado mau, porém deixou boas experiências e momentos memoráveis. Marcado pelo individualismo e separatismo, talvez pela busca desenfreada pela afirmação de muitos MCs. Para este, não basta acordar e querer ser um MC é preciso investir no conhecimento. Porque vivemos numa sociedade do conhecimento, em que os detentores do conhecimento estarão mais preparados para sobreviver neste mundo e dominar os que possuem menos conhecimento, esta é a nova ordem mundial. Como um rapper com catorze anos de carreira sonha em gravar um álbum e ter reconhecimento internacional. Questionado sobre a actual avalanche de programas quer radiofónicos, quer televisivos de divulgação de rap e o emergir de muitos estúdios de gravação e pro-


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A minha meta como MC e de ter um álbum e naturalmente, ser reconhecido a nivel internacional

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dutores de instrumentais (beatmakers), ao que respondeu que não basta termos um número crescente de plataformas de promoção do Hip-Hop e os seus respetivos derivados, é necessário que haja uma proporcionalidade directa entre a quantidade e a qualidade. Ele condena veementemente a atitude de alguns rappers da velha escola, que pensa que pelo facto de serem antigos isso lhes dá legitimidade de não gravar vídeos e álbuns, alegando que são undergrounds. Ele é apologista da ideia de que os rappers da velha escola devem deixar um legado para as futuras gerações e directrizes de como se devem fazer as coisas. Acredita que essa mentalidade foi um erro que se cometeu no passado, factor que justifica a escassez de vídeos e álbuns de MC´s locais. “Venho notando que os old school rappers (os da velha escola) tem a mania de que são undergrounds, portanto não podem deixar registos. Essa maneira de pensar e muito arcaica. Quem não deixa registos está fadado ao esquecimento”, frisou. Está neste momento a gravar o seu projecto a solo. Não avança datas de lançamento, mas garante que já é uma realidade. “Estou neste momento em estúdio a gravar o meu álbumʺ, avançou. Assume que gravar um álbum não é tarefa fácil, visto que requere muita maturidade. Afirma que o grande entrave do Hip-Hop nacional são as dificuldades financeiras, mas apela aos rappers a lutarem com todas forças para a realização dos seus sonhos. Para Elfas, os rappers da velha escola são extremistas e resistem às novas tendências, e em contrapartida os new chool são orgulhos e rebeldes, por isso não apreendem dos mais velhos. Actualmente, está a trabalhar com a SMSM estúdio. Exorta aos rappers nacionais a apostarem agressivamente na promoção e preservação da sua imagem, ao que nos assegurou que música sem imagem é como chá sem açúcar. A idade afunila o tempo, mas é preciso saber dividir as vinte quatro horas diárias para sermos mais produtivos. Para ele, é possível ser-se um bom rapper, um bom chefe de família, um bom marido e ser-se um funcionário exemplar no posto de trabalho, mas para tal é preciso saber capitalizar o tempo, concluiu.



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