Revista Ctrl +

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by Lady Gaga


EDITORIAL

ÍNDICE

Olá a todos, Aqui esta o primeiro número da revista Ctrl+, uma produção

CTRL + // 01ª Edição

coletiva dos estudantes da disciplina Design Editorial II, da

Dezembro 2009

UNIFACS. O conteúdo, como não poderia deixar de ser, é sobre URBANO

design gráfico com algumas investidas em design de produto. A idéia de criar a revista foi uma decisão de sala de aula. A dis-

arte de rua

ciplina, que avançava no aspecto de projetação editorial, tinha

EM FOCO

como objetivo principal gerar um produto de qualidade textual

marcas e conversas

e visual, colocando mais lenha no mercado editorial de design

BRANDING

já contemplado com boas publicações. O objetivo, como pode

marcas com personalidade

LEGISLAÇÃO

ser comprovado, foi alcançado!   O processo de construção foi coletivo. Os alunos escolheram os temas/editorias e capturaram seus conteúdos; formataram os

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o seu, o meu, o nosso conteúdo capa

MOVIMENTO

originais e disponibilizaram para os colegas. Alguns colabora-

psicodelismo

ram com conteúdos com os quais se alinham mais na atividade.

BATE BOLA

Outros buscaram assuntos de mais relevância na profissão. O

rob janoff

resultado é amplo, geral e irrestrito, como esperado numa pub-

PORTFOLIO

licação democrática.

joão ruas

O projeto gráfico deste número foi decidido em plenário, na

VITRINE

sala de aula. A partir de um conteúdo único, duplas de alunos

samuel casal

propuseram as linhas básicas da identidade da revista: logo,

NO ESTILO

capa, grids e editaram algumas seções como editorial, créditos,

moda & web?

matéria principal, entrevista etc. Depois, em seminário, escol-

FICA A DICA

heram o projeto e, a partir de uma equipe maior, diagramaram

resenha de livros

esta edição.

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EDITORA

Você, que inicia a leitura deste número – o primeiro de mui-

cosac naify

tos que virão –, vai ter a oportunidade de visualizar como cada

ARTIGO

aluno viu cada página, como eles dispuseram seus conteúdos.

embalagens e meio-ambiente

A dinâmica da diagramação aliada aos fundamentos do plane-

CRÉDITOS

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jamento visual gráfico da página. Tenho certeza que a leitura fluirá de forma agradável. Boa leitura e até a próxima! O editor 4

CAPA alessandro prates

APOIO unifacs

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ARTE DE RUA A pichação é uma forma de expressão gráfica com letras de grande impacto visual, para intervir na paisagem urbana com uma enorme variação de estilos, obedecendo a regras próprias, somadas à adrenalina do proibido, desafiando o design e a arquitetura.   Este texto foca os aspectos visuais das pichações pesquisadas pelo autor em São Paulo, Brasil. Apesar do ênfase na pichação, é importante esclarecer que há diferença nos estilos e nas nomenclaturas disponíveis no cenário actual de signos e dos seus significados que subvertem a arquitectura da cidade de São Paulo, em muros, fachadas e todas as manifes¬tação visuais que são intervenções não projectadas e previstas por arquitectos. Essas ocupações visuais estão espalhadas nos mais diversos cantos da cidade e podem ser facilmente captadas por qualquer transeunte; fazem parte do contexto urbano actual. A pichação costuma ser tratada como vandalismo e entendida de modos diferentes, por quem a pratica, e por quem a observa e não faz parte do universo.   A confusão das diferenças de termos como graffiti, pichação, tipografia popular, sticker, grapicho, arte de rua e a dificuldade de classificar essas manifestações como arte, escrita, intervenção, protesto ou mesmo pela variedade de estilos, faz do assunto um campo fértil para desentendimentos. Desentendimentos desencadeados quando se trata de classificar ou entender a manifestação visual de um pichador, as suas formas de expressão e os moti¬vos pelo qual as pessoas interferem na cidade desenhando ou escrevendo, que podem ser os mais variados possíveis.

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Ctrl

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Estudar a pichação separada dos outros tipos de ex-

prédios a monumentos, museus, inclusive espaços da cidade

estreita relação com o movimento do corpo dos pichadores,

usados na construção das letras. Entre eles, descamos a

pressão, parte da necessidade de separar as linguagens vi-

onde o suporte contenha valor histó¬rico ou cultural.

o que é perceptível na tinta que escorre das letras, esfuma-

utili¬zação dos seguintes: spray, brocha, mistura de restos

suais que ocorrem na cidade, mesmo sob o risco de existirem

Actualmente, a pichação é reconhecida mundialmente como

çados nas extremidades e na altura dos caracteres desen-

de tintas e tintas de baixo custo.

ideo-logias ou expressões que extrapolam as classificações e

um fenómeno brasileiro, devido às letras possuírem um de-

hados.

Em outros casos, temos pichações com materiais cortantes,

se misturam umas com as outras.

senho singular e características particulares. O tipo de letra

O factor humano e a condição em que são executadas as

feitas em tronco de árvore, com giz de cera, pincel, correc-

A pichação é uma acção de transgressão para marcar pre-

conhecido como tag reto difundido em São Paulo é o grande

pichações influenciam o resul¬tado final. As letras acabam

tivo para texto e pichações sobre o cimento fresco, em que

sença, chamar a atenção para si por meio da subversão do

representante deste estilo.

sendo orgânicas, como extensão do corpo do pichador – e

o uso de qualquer material rígido possibilita a construção

suporte. Muitas vezes, o nome pichado é repetido como uma

Mas o que quer dizer tag reto? Tag é um termo utilizado

as formas retas das letras sofrem essa influência gestual por

das letras. A pichação é uma manifestação social urbana

espécie de carimbo pela cidade. A pichação não configura

pelos grafiteiros, tem origem em Nova Iorque, e quer dizer

serem desenhadas rápidas e muitas vezes em condições de

e usa-lá como recorte para reflexões visuais, pode e deve

gesto estético obrigatório – em relação à forma e ao con-

assinatura. O tag reto foi difundido pelos pichadores de São

pouco equilíbrio.

aju¬dar a construir novas formas de interpretações gráficas

teúdo – embora isso possa ocorrer.

Paulo; é mais que uma assinatura, já se tornou um estilo

Em muitos casos, esse efeito fica caracterizado pelos ges-

da condição em que vivemos.

O pichador tem a estética como valor secundário, dá

de letra. Surgiu como elemento diferenciador dos grupos de

tos de subir e descer, agachar – e pelo comprimento das

Evitando nesse momento qualquer tipo de apologia à pi-

privilégio à palavra (tipografia). No caso de desenhos ou

pichadores que foram buscando desenhos próprios para as

letras na medida da extensão do braço dos pichadores que as

chação, é importante que se per¬ceba o fenómeno de forma

ilustrações, estes costumam ser muito simples, quase sím-

letras, ou até influenciados pelas capas de disco de músicas

desenham. Principalmente as letras desenhadas no alto, em

imparcial, para notar que a pichação, apesar de ser uma

bolos. Utiliza-se na maioria dos casos uma só cor. Os su-

punk e rock da década de 80.

que normalmente um picha¬dor sobe nos ombros de outro

activi¬dade ilegal, é um movimento independente dentro do

portes para a pichação nunca são autori¬zados ou cedidos,

Esse estilo de letra é caracterizado por letras retas,

e procura desenhar o mais alto que conseguir, ocupando o

qual os indivíduos actuam de forma a construir e decidir

são sempre tomados de assalto, ao contrário do graffiti, não

alongadas e pontiagudas, pinta¬das com spray ou rolo de

maior espaço possível.

conscientemente as suas acções. O pichador propõe um novo

existe pre¬ferência por superfícies maltratadas, mas sim por

tinta; letras que procuram ocupar o maior espaço possível

A pichação paulistana não se resume ao tag reto, já que

signifi¬cado para o local, ele transforma a cidade com as

superfícies novas, ou por lugares onde já existam pichações.

no suporte. O surgimento deste estilo de letras típico de São

observamos na cidade outros estilos de letras e materiais

suas escrituras.

Os suportes são os mais variados possíveis, dos topos dos

Paulo é único no mundo. A forma das letras do tag reto tem

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Urbano

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artigo:

Marcas e Conversas por Luli Radfahrer

Em um cenário que muda a cada dia e em que as novidades

Em tempos de crise de referências, elas perdem a vali-

se empilham, criam novas regras e se aniquilam mutuamente

dade ainda mais rápido. Se você se sente ansioso, ator-

feito aquelas partículas esquisitas da mecânica quântica, é

doado, estressado e desfocado, é provável que o prob-

natural que as empresas e profissionais de Marketing fiquem

lema esteja na forma com que encara as mudanças, que

perdidos e busquem estratégias “mágicas” ou certeiras para

só tendem a aumentar.

fazer com que o internauta largue mão de aporrinhar e compre logo de uma vez aquela porcaria de produto que eles

Um conteúdo efetivo e

vendem – e nem mesmo eles acreditam.

relevante é muito importante

Profissionais com um dedinho de noção já se ligaram que

para essa nova comunicação,

esta poderia não ser uma boa estratégia e resolveram estudar

mas não é o único fator que

um pouco mais o maravilhoso cibermundinho 2.0. Alguns se

deve ser levado em conta.

empolgaram tanto com o que encontraram que passaram para o outro lado e, ao venerar o digital, não se conformam como um usuário pode se dizer minimamente feliz se não tem um

Mais do que novas ferramentas ou tecnologias, o que as

celular 4-band, 3G HSDPA, Wi-Fi 802.11 a/b/g, Bluetooth

marcas mais precisam hoje em dia é desenvolver novas con-

2.0 A2DP, com 16 milhões de cores, teclado QWERTY, slot

versas, artificial (e odioso) dos caixas eletrônicos e sistemas

microSD transFlash, câmara de vídeo de 5MP e AndroidOS.

de atendimento telefônico, mas na velha troca de idéias, em

No meio desses extremos ficamos nós, sobrecarregados

que ambas as partes falam e escutam seus interlocutores.

de jargões e irritados com a presunção

Um conteúdo efetivo e relevante é muito importante para

de certas marcas e com a obtusidade de

essa nova comunicação, mas não é o único fator que deve

outras, em uma eterna discussão de rela-

ser levado em conta. Suas repercussões sociais e – hoje cada

cionamento em que um lado quer ir di-

vez mais importante – sua mobilidade, acessibilidade e por-

reto ao ponto sem frescuras e o outro se

tabilidade são fundamentais para se estabelecer um diálogo

queixa do baixo nível generalizado sem

produtivo e duradouro.

nada fazer para ajudá-lo.

Depois de mais de uma década de aprendizado o consumi-

Mas afinal de contas, se anteontem

dor parece finalmente ter se dado conta que a Internet não

essas traquitanas sintetizavam a essência da pós-moderni-

é lugar de propaganda. E nem um pouco receptiva ou aberta

dade transurbana (seja lá o que signifique isso) e daqui a 15

à propaganda. É claro que há muito dinheiro investido em se

minutos elas terão o mesmo grau de novidade de um StarTac

provar o contrário, mas o tempo mostra que o velho reclame

analógico, como se preparar para uma época em que, sorra-

é cada vez menos bem-vinda em ambientes digitais.

teiramente, seu PC virou do avesso, trocando o Intel Inside

Pra onde ir, então? Se eu soubesse com certeza, fundar-

pelo Google Outside?

ia um banco, uma venture ou uma igreja. Tudo o que ten-

Existem dezenas milhares de blogs de auto-ajuda em que

ho são pistas -, que hoje têm o título mais pomposo de

você vai encontrar as mais variadas receitas de inovação.

tendências, cada

Mas qualquer receita demanda adaptação e se desatualiza.

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Em Foco

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ano, o GAD’ incorporou a sua equipe um dos mais capacitados profissionais na área de branding para atuar como diretor de Estratégia. Fernando Sganga, formado em Administração de Empresas pela Fundação Getulio Vargas, atuou como consultor nas áreas de Estratégia de Negócios e Gestão da Mudança Organizacional na Ernst & Young Consulting, na BearingPoint Consulting e na DMR Consulting. Atendeu empresas do porte de Petrobras, Agip do Brasil, Banco Santander Banespa e CPFL e, mais recentemente, como diretor de Estratégia na Interbrand, por Fillipe Brasileiro

Marcas com Personalidade

E s t e

foi

responsável

por projetos de estratégia para clientes como Pão de Açúcar, White Martins e Telemar. Veja o que Sganga pensa sobre vários assuntos relacionados ao tema marca e a importância dessa atividade a

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com

a s ade arc lid

M ona rs

Pe

gestão dos negócios. Estratégia de marca

preços baixos? Muitas erraram desvalorizando suas marcas e

Os atributos funcionais são importantes, mas os emocionais

“Estratégia de marca é uma reflexão sobre

muitas acertaram criando “marcas de combate” totalmente

são determinantes na formação da personalidade da marca

a essência das empresas, sua personalidade e

desvinculadas de suas marcas famosas. Através desta estra-

e, conseqüentemente, na sua diferenciação. Um exemplo é a

como esta organização se expressa para seus públicos.

tégia podese aumentar as vendas sem abalar o posiciona-

Tigre. Se você perguntar para um encanador qual marca ele

Porém, ainda mais importante é entender que estratégia de

mento e a rentabilidade de seus produtos mais valorizados.

indica, vai dizer Tigre, mas não vai saber explicar verdadei-

marca é parte de uma estratégia de negócios. Marcas fortes

Depois da implementação “É preciso entender a estratégia

ramente o porquê. A Tigre diz que o resto é mico, mas por

são construídas com base no entendimento do mercado, na

como um processo vivo, que requer uma avaliação perma-

que o resto é mico ninguém sabe. Por que pagamos mais por

visão clara dos objetivos de negócio e respeitandose crenças

nente de todos os aspectos envolvidos. Não é porque uma

uma garrafa de água?” Marca é confiança “Se você for para

e valores da organização. É fundamental uma investigação

estratégia deu certo durante um tempo que ela deva ser

um país diferente, onde se fala uma língua desconhecida,

profunda do processo de escolha de seus públicos estratégi-

eterna.

com gastronomia completamente diferente (ou até mesmo

cos, pois independente do produto, as pessoas seguem um

É preciso estar atento ao mercado, aos concorrentes, às

assustadora) e você enxergar os “arcos dourados” do McDon-

padrão e buscam uma composição de ofertas com a qual mais

novas tecnologias e buscar se reposicionar sempre que ne-

ald’s, logo se identifica. Não porque é a melhor refeição do

se identificam.

cessário. É isso que a empresa de telefonia Oi está fazendo.

mundo, mas porque sabe que vai comer algo que já conhece

Através da estratégia, definimos os valores da marca, o

Mesmo sendo um dos maiores cases de sucesso de construção

e que não vai passar mal depois. Sabe inclusive que, caso

seu posicionamento no mercado e expressamos isso nos di-

de marcas do país, o grupo percebeu que era preciso reposi-

necessário, poderá usar um banheiro limpo. Você se sente

versos pontos de contato. Ou seja, trabalhamos o produto, a

cionar-se para incorporar o conceito e as novas tecnologias

em casa!. Da mesma forma, se eu estiver em uma estrada no

embalagem, a comunicação, os serviços oferecidos no site, a

resultantes da ‘convergência’ no mercado de telecom mun-

interior do Brasil e achar um restaurante que não daria nada

atitude, a equipe...” Estratégia X cultura das empresas “Es-

dial. O grupo está se preparando para um consumidor com

apenas pela fachada, mas na porta tiver o selo do Guia 4

tratégia e cultura não podem ser dissociadas, têm que estar

novos comportamentos, novos interesses.”

Rodas, sei que vou comer bem.”

totalmente interligadas. Se o cliente ligar para a empresa e

A pesquisa “A pesquisa serve como uma base para en-

for mal atendido, isso vai ficar guardado.

tender o mercado, mas não para definir a estratégia. É claro

É como se a nossa memória tivesse uma caixa para cada

que preciso descobrir quem é o meu público, como ele se

marca e lá fôssemos colocando as boas e as más experiên-

comporta na decisão de compra e o que influencia essa de-

cias. Assim é construída a imagem de uma marca. Por isso é

cisão (preço, confiança, etc.). Mas a estratégia vem muito

importante que toda a empresa esteja em sintonia. Na hora

menos do mercado e mais de dentro da empresa. Preciso

de selecionar os funcionários, deve-se buscar pessoas que

saber onde posso me destacar no mercado, mas principal-

se identifiquem com a imagem que se quer transmitir. Não

mente se consigo ser o que me proponho a ser. Quero ser

adianta dizer que a marca é inovadora e ter gestores com

inovador, mas será que consigo? Será que consigo entregar

pensamento conservador. O mesmo serve para os produtos

essa promessa? Frustrar o consumidor pode ser muito pior do

oferecidos. É preciso avaliar se eles entregam o que a marca

que não ter exposição de marca.”

promete ou se é melhor tirá-los do portfolio, ou até criar

A personalidade “Toda compra é um ato de identificação.

uma nova marca para manter produtos que vendem bem, mas

As pessoas demonstram sua personalidade pelo conjunto de

que não estão identificados com os valores definidos na es-

escolhas que fazem. O trabalho de estratégia de marca é

tratégia. Quantas empresas com marcas fortes e estabeleci-

fundamental para a construção de uma personalidade forte

das não se depararam com uma oportunidade baseada em

e inspiradora através de atributos funcionais e emocionais.

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Branding

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LEGISLAÇÃO por Carmem Veloso

O seu, o meu, o nosso conteúdo

A lei de propriedade intelectual significou um avanço inquestionável para as artes e a ciência.   Quando surgiu, na Inglaterra do século XVIII, foi o que legitimou pela primeira vez uma idéia que viria a se tornar um dos alicerces do mundo moderno: a de que o autor é dono de sua obra e deve ser recompensado sempre que ela trouxer ganho financeiro a outra pessoa.   Durante quase 300 anos, a lei permaneceu inabalada em sua essência, realizando uma dupla tarefa: garantir que por certo período artistas e inventores seriam remunerados e, ao mesmo tempo, permitir que cada criação fosse um elo numa cadeia de inovação que se estendia pelo futuro e assim beneficiava a sociedade. Isso até o aparecimento da internet.   Com a rede, a amplitude e a velocidade das trocas de informação cresceram exponencialmente – o que resultou na situação atual: o velho conceito de propriedade intelectual está em xeque. Só de músicas passíveis de direitos autorais, mais de 35 milhões são baixadas todos os dias, sem que ninguém pague por elas. Um cenário que dificilmente vai mudar. Antes de tudo, por uma razão tecnológica. Se de um lado os avanços tornaram mais fácil acessar o conteúdo, de outro, passou a ser impossível exercer o mesmo controle de antes sobre ele. Ainda que fosse factível, contudo, restaria uma questão das mais controversas.

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Basta que não seja uma cópia. “Precisamos derrubar os obstáculos à criatividade” “Trata-se de um pagamento justo e devido

Existe um consenso de que a cópia

relevo entre os defensores da liber-

Editor da revista Wired, Anderson

para venda configura pirataria e deve

dade quase total para o uso das in-

ganhou certa projeção com seu recen-

ser punida. A polêmica gira em torno

formações na rede.

te livro Free, The Future of a Radical

da pena para quem faz o download

Filiada ao Partido Pirata sueco,

Price (“Grátis, o Futuro dos Preços”,

para uso próprio – seja com fins de

que já inspirou o aparecimento de

que sai em agosto no Brasil).

sar de “fanático” por música, jamais

meio da tecnologia P2P – peer to peer,

pais defensores vêm da indústria de

lazer, seja como inspiração para al-

outros semelhantes em dezesseis

Em meio a ideias antigas (como a

comprou um CD na vida: “Não vejo

ou “entre colegas”, em português.

entretenimento, que acumula perdas

gum tipo de trabalho.

países, e deputada recém-eleita para

de que é possível bancar a gratuidade

por que ir à loja, se posso baixar

Por manter o site, que no enten-

na casa dos bilhões com as infrações.

Esse também é um infrator aos ol-

o Parlamento europeu, a moça agita

na internet com publicidade) e out-

facilmente as músicas de casa”.

dimento da Justiça sueca se presta

O mercado fonográfico míngua ano

hos da lei. Diz o especialista ameri-

a seguinte bandeira: dispensar os di-

ras pouco concretas (como não co-

Recentemente, ele e mais 8 000

a facilitar a violação da propriedade

após ano, de uma década para cá.

cano James Boyle, da Universidade

reitos autorais de todo o conteúdo

brar nada por passagens de avião ou

jovens de 28 nacionalidades se re-

intelectual, Sunde e seus três sócios

Enquanto seu faturamento no

Duke: “A percepção das pessoas so-

baixado na internet sem propósito

de carro), o livro traz um bom resumo

uniram em Porto Alegre num fórum

foram condenados, em abril, a um

mundo todo encolheu à metade, os

bre propriedade intelectual se trans-

comercial e encurtar drasticamente

do momento: as pessoas não se veem

internacional dedicado a discutir a

ano de prisão. Enquanto recorriam

downloads ilegais atingiram a marca

formou profundamente. Discute-se

o período de duração da propriedade

mais pagando pelo conteúdo que cir-

flexibilização das regras para o uso

da sentença, passavam o negócio

dos 20 bilhões em um ano apenas,

agora a mudança da lei – resta saber

intelectual na Europa – de setenta

cula na rede.

de informações contidas na internet.

adiante por 8 milhões de dólares. O

somados os números de dez países,

em qual direção”.

anos para dez. Pretende ainda bri-

Não é um grupo pequeno. Um le-

Ali, em meio a jovens atracados aos

acesso ao site só fez subir. Resume o

incluindo o Brasil.

O debate tem dois campos clara-

gar pelo direito de usar uma ideia

vantamento da consultoria ameri-

seus laptops, era impossível perder

sueco: “é um fenômeno consumado”.

Fenômeno parecido se vê nos es-

mente definidos. Uns acham que a

já existente para criar um novo

cana CacheLogic calcula que mais da

de vista o sueco Peter Sunde, 30

Todos reconhecem a dificuldade de

túdios cinematográficos: os ganhos

legislação precisa se tornar mais

produto, mesmo que ele seja ven-

metade de todo o tráfego de informa-

anos, que desfilava com uma jaqueta

conter os acessos ilegais. Apesar

da pirataria já ombreiam com os do

dura, para conter os abusos. Outros

dido depois.

ções na internet se presta ao down-

verde-palmeira e recebia tratamento

disso, há um grupo que ainda luta

mercado formal. No setor editorial,

defendem justamente o contrário.

Basta que não seja uma cópia. “Pre-

load. Apesar de a maioria estar sujeita

de celebridade.

para reduzi-los. Uma ideia para ini-

a escala da pirataria é menor, uma

é o caso da estudante de economia

cisamos derrubar os obstáculos à cria-

a direitos autorais, ninguém paga.

Explica-se: Sunde é um dos funda-

bir o download irrestrito é obrigar os

vez que as pessoas ainda resistem à

Amelia Andersdotter, 21 anos e 6 000

tividade”, discursou a jovem política,

Está-se falando de gente como o

dores do Pirate Bay, um dos mais popu-

provedores a divulgar a identidade

ideia de ler textos longos na tela do

músicas baixadas no PC (sem pagar).

ao telefone, fazendo coro com radicais

estudante de ciências da computação

lares da atual geração de sites que aju-

daqueles que baixam música sem

computador.

Ela se tornou uma das vozes de maior

como o americano Chris Anderson.

Diogo de Campos, 20 anos, que, ape-

dam as pessoas a baixar arquivos por

pagar direitos autorais. Seus princi-

18

Legislação

ao criador de qualquer obra intelectual”

Carmem Veloso

Ctrl

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Psi code lismo Nos anos 1960, o design já não era mais uma questão de forma e função - era estilo. Foi uma época de emancipação social, uma década de liberdade, de permissividade e mais importante, de progresso. Além do mais, foi a década em que uma nova geração, nascida no pós guerra, que agora entrava na adolescência e na vida adulta, assumiu o controle. A medida que os conservadores nos anos 1950 distanciavam-se, a juventude não mais se conformava em seguir os padrões estabelecidos por seus pais. Os jovens queriam mudanças. Quando a cultura jovem passou a ser a força predominante, Londres, Paris e Nova York logo se transformaram nas capitais culturais de uma subcultura recém descoberta e muito celebrada, enquanto as novas tecnologias de comunicação de massa abriam caminho para seu desenvolvimento numa escala verdadeiramente global. Tudo isso se refletiu no design da déca-

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da “Design” era agora um verdadeiro fenômeno internacional, promovido também pelas publicações especializadas em estilo de vida que surgiram durante os anos 1960. Enquanto a cultura jovem lutava contra o tradicional em favor da diversão e da irreverência, começaram a surgir inúmeros estilos de design que refletiam esse estado de espírito mais alegre.

O movimento psicodélico seguiu os passos do art nouveau no uso de formas orgânicas inspiradas pelo movimento arts and crafts. Hapshash and the Coloured Coat

O jovem Jonh F. Kernedy falou sobre a chegada a lua em seu famoso discurso de 25 de maio de 1961, alimentando a imaginação de designers e consumidores. De repente, tudo,

PÔSTER PSICODÉLICO

de filmes, fontes a móveis ganharam um toque futurista. Do

Ao longo da história, o pôster tem sido um importante veículo

grafismo da era especial dos créditos de abertura às formas

de promoção de atividades de lazer, porém os concertos de rock

futuristas dos cenários, o clássico da ficção cientifica 2001:

psicodélicos que caracterizaram o final dos anos 1960 inspira-

uma odisséia no espaço, de Stanley Kubrick, foi a síntese

ram um estilo de design particularmente provocador.

perfeita do espírito da época.

Os pôsteres tiveram sua inspiração nas curvas sinuosas da

A reação ao sistema e os sentimentos hippies da era psi-

art nouveau, nas cores vibrantes da pop art e na reciclagem de

codélica dos anos 1960 e início dos anos 1970 assemelha-

imagens da arte pop. Eram criados em sua maioria por designers

vam-se com as concepções do final do século XIX e inicio

autodidatas para promover eventos e concertos de rock. A ex-

do século XX - eram considerados exageradamente radicais

periência psicodélica traduziu-se em pôsteres e capas de discos

AS CORES

A TIPOGRAFIA

e não foram aceitos pela cultura estabelecida O movimento

que usavam formas e fontes ondulantes e cores brilhantes. A

As cores eram escolhidas para representar os intensos efei-

Numa referência a art nouveau, as fontes dos pôsteres psico-

psicodélico seguiu os passos do art nouveau no uso de for-

origem do estilo gráfico psicodélico costuma ser atribuída a Wes

tos visuais provocados pelo uso de drogas psicoativas, como

délicos eram curvilíneas e muito ornamentadas. O lettering

mas orgânicas inspiradas pelo movimento arts and crafts.

Wilson. Na Grã-Bretanha, Michael English e Nigel Weymouth

LSD, amplamente adotadas pela cultura jovem da época.

distorcido era desenhado à mão para formar linhas curvas e

A estética psicodélica passou a manifestar-se em todos os

formaram uma parceria chamada Hapshash and the Coloured

Tonalidades fluorescentes eram justapostas de forma inten-

ondulantes, ou ganhava radiações centrífugas múltiplas. As

aspectos da produção cultural, abrangendo as artes visuais,

Coat, que produziu muitos pôsteres, capas de discos e murais

cionalmente chocante para obter maior vibração óptica.; Os

formas livres eram a ordem do dia.

a música, o cinema, a arquitetura, o design gráfico e a moda.

psicodélicos e surrealistas.

fundos eram geralmente prateados ou dourados.

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Movimento

Ctrl

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O ENTREVISTA Rob Janoff

O logotipo Apple é um dos mais fa-

“Um dos mistérios profundos para

mosos do mundo. Para mostrar sua

mim é o nosso logotipo, o símbolo da

lealdade, os fãs da Apple vão ao ex-

luxúria e do conhecimento, mordido,

tremo tatuando o logotipo, um nível

cruzados com todas as cores do arco-

de dedicação que pouquíssimas

íris na ordem errada. Você não pode-

marcas alcançaram da história. O

ria sonhar com um mais adequado a

logotipo é admirado para sua simpli-

isso: luxúria, conhecimento, esper-

cidade e muitos significados que as

ança e anarquia.”

pessoas atribuem a ele. É atempo-

Existem muitas teorias sobre este

ral. Durante 30 anos foi inalterada e

logotipo e muitos deles são apenas

espera-se pelo menos outros 30 sem

especulações. Descubra a verdade

alterações drásticas.

ao ler a entrevista com Rob Janoff,

Quando Jean Louis Gassée (exec-

o designer original da logo da Ap-

utivo da Apple Computer de 1981 a

ple, quem irá dizer-lhe tudo sobre o

1990) foi questionado sobre o que

seu desenho.

ele achava do logotipo Apple ele respondeu:

24

Ctrl

25


C+: Quando você fez o desenho

tarde ele vendeu suas ações, porque

cor sólida, metálico, todos com a

tela. Além disso, foi uma tentativa

olhos. Ele é um cara muito perspicaz,

descoberta da gravidade por Newton

original do logotipo da Apple com

ele estava um pouco preocupado

mesma forma.

para tornar o logotipo muito aces-

como todos nós perceberíamos mais

quando uma maçã caiu em sua ca-

listras coloridas?

com as obrigações financeiras que

Então já neste momento você sabia

sível para todos, especialmente aos

tarde, e gostou da singularidade que

beça enquanto está sentado debaixo

RJ: Em 1977. A agência obteve a

ele poderia ter. Ele tinha uma jovem

que necessitaria de uma versão cor

jovens para que Steve poderá obtê-

as cores representavam. Além disso,

da árvore?

conta (Apple) no início de janeiro. O

família e os outros caras não. Ron fez

sólida e uma versão metálica?

los em escolas.

devo acrescentar que a idéia de um

São relações realmente interessantes,

logotipo foi introduzido com o novo

um desenho a caneta e tinta Isaac

Sim, você meio que deveria saber.

Na época, a maioria dos logotipos

computador entrar na casa das pes-

mas receio que não tenha nada a ver

produto Apple II, em abril desse ano.

Newton sentado sob uma macieira

Quando você estiver fazendo im-

tinham ma só cor ou no máximo

soas foi um pouco mais assustadora,

com isso. De um ponto de vista do de-

Já conheceu Steve Jobs?

com um poema em torno de toda a

pressão de uma ou duas cores é

duas cores. Alguém lutou contra

porque até então os computadores só

sign, e você provavelmente experimen-

Claro. A primeira vez deve ter sido o

borda. E, penso que quando Steve

necessário que você tenha algum

a cor listras?

existiam em grandes empresas, eram

tou isto, um dos grandes fenômenos é

primeiro ano. Foi antes de ele fundar

Jobs começou a levar a sério o pro-

caminho a percorrer e eu percebi que

Steve gostou da idéia, porque ele

altamente técnicos, sensíveis e tal.

ter a experiência de desenhar um logo-

sua empresa. Ele era amigo de meu

jeto do Apple II e obter um protótipo

as listras nem sempre fariam este

gostava que as coisas estivessem fora

A maioria dos computadores pessoais

tipo por qualquer motivo, e anos mais

patrão, Regis McKenna.

com a logo de Ron, ele percebeu que

papel. As listras realmente não fun-

do padrão. Não é tão revolucionário

que saíam na época tinham nomes

tarde você descobrir que supostamente

Você pegou um briefing deles?

não ela não era apropriada. Então,

cionaram em escala de cinza e meio-

agora, mas foi na época. No entanto

muito tecnológicos. TRS-80 e coisas

fez algumas coisas. É uma lenda urbana

Realmente não houve briefing. Mas

ele sentiu a necessidade de um novo

tom.

encontrei uma forte oposição de um

desse tipo, por isso o nome Apple foi

maravilhosa. Alguém faz a relação e

o engraçado é que a única ressalva

logotipo.

As cores representam a cultura hip-

dos maiores executivos da agência.

tão apreciado, porque era simples e

então as pessoas vão “hum, é mesmo,

de Steve Jobs era: “não faça isso

Quantas versões você fez para a

pie, que estava na moda na época?

Ele estava meio que contra mim na

não técnica. As cores foram muito

deve ser isso”.

bonitinho”. Houve briefings nos jobs

apresentação?

Parcialmente

uma

reunião onde apresentei o trabalho

importante para representar essa

É possível que você tenha sido

subseqüentes. Em primeiro lugar, o

Foram apresentadas duas versões do

grande influência. Tanto Steve e eu

para o Steve. Ele fez um comentário

simplicidade também.

influenciado por essas histórias

logotipo, depois houve um anúncio

logotipo. Um com e uma sem a mor-

viemos dessa época, mas a verdadeira

que, se a produzisse sua papelaria

O que a mordida na maçã repre-

através do subconsciente?

introdutório e um catálogo de vendas

dida. Só no caso de ele pensar que

razão para as listras foi que o Apple

com todas estas cores, eles iriam à

senta? É uma referência ao termo

Bom, eu sou provavelmente a pes-

para o próximo lançamento. Havia

a mordida era muita “bonitinha”. Fe-

II foi o primeiro computador pes-

falência antes de iniciar o negócio.

“byte” da computação? Trata-se de

soa menos religiosa, logo Adão e Eva

uma logo precedente ao meu logo-

lizmente ele escolheu a da mordida

soal que poderia reproduzir imagens

Esse foi o tipo de atitude que eu es-

uma referência bíblica para o evento

realmente não têm nada a ver com

tipo. Foi feito por Ron Wayne, que

por ter mais personalidade. Apre-

a cores no monitor. Por isso, rep-

tava enfrentando também na agência.

quando Eva mordeu o fruto proibi-

isso. A mordida do conhecimento soa

era parceiro de Steve no início. Mais

sentei diversas variações: listrada,

resenta todas as barras de cores da

Mas Steve gostou da idéia ao bater os

do? É o próprio fruto referenciando a

maravilhosa, mas isso não é isso. E,

foi

realmente

Foram apresentadas duas versões do logotipo. Um com e uma sem a mordida. Só no caso de ele pensar que a mordida era muita “bonitinha”.

26

Bate Bola Rob Janoff

Ctrl

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há uma série de outros rumores sobre

Atravessa culturas. Se alguém tem

Qual é a sensação de ver o seu

não tenha sido alterada

o logotipo. Por exemplo, ouvi que o

uma maçã, ela provavelmente irá

logotipo em todos os lugares?

mesmo com todas essas mu-

colorido do logotipo era uma hom-

morde-la, é isso. Foi depois que eu

É uma experiência única que ainda

danças. A maçã forma ligeiramente

enagem a Alan Turing, o suposto pai

projetei, que o meu diretor de criação

faz o meu dia, sempre que eu o vejo

modificada no início dos anos 80. A

da ciência da computação que com-

me disse: “Bem, você sabe, existe um

inesperadamente. Você está assistin-

empresa de design Landor & Associ-

São várias.

eteu suicídio no início dos anos 50’s

termo na computação chamado byte”

do a um filme ou um seriado e, ger-

ates que as realizou. Eles tornaram

Eu realmente gosto de de-

e foi acusado de ser homossexual.

(mordida em inglês). E eu: “Você está

almente, quando têm um personagem

as cores mais vibrantes e deixaram

sign clássico. Volkswagen, porque é

As pessoas pensam que fiz as lis-

brincando!”. Então, foi perfeito, mas

legal eles usam um laptop com um

as formas mais simétricas, muito

claro o que é e tem se mantido atual

tras coloridas por causa da bandeira

foi coincidência.

logotipo Apple sobre ele, como Meryl

mais geométricas. Quando eu a pro-

há tempos. Estou tentando pensar

e

gay. E, isso foi realmente algo que

Obviamente, você não projetou o

Streep em O Diabo Veste Prada. Já fiz

jetei, fiz à mão livre. Acho que eles

em outros logotipos que integrou

missão nem sempre é

as pessoas acreditavam por um longo

logotipo no computador.

um monte de viajar e logo de início,

fizeram um ótimo trabalho e será

multicores e pensei logo da NBC. Eu

fácil. Então, acho que simplicidade

tempo. O interessante é que ele apa-

Certamente, e isso é uma revelação

quando o logotipo com as listras col-

fascinante ver a próxima alteração e

gosto de logotipos com uma rela-

e legibilidade é fundamental. Você

rentemente se matou com uma maçã

para vários jovens designers. Eu rece-

oridas ainda era utilizado, eu estava

como ela funcionará.

ção com espaços positivos e nega-

está projetando para uma platéia

envenenada com cianeto. E, então,

bo e-mails sobre o logotipo todo o

na China e eu vi um painel lá com a

Que outros projetos seus te de de-

tivos, quando formas inesperadas

que realmente não se importa tanto

eu descobri que o conto de fadas fa-

tempo com perguntas a cerca dele de

logo em algum lugar. A língua chine-

ixa orgulhoso?

são reveladas.

quanto você, e ao menos que capture

vorito de Alan Turing’s Favorite era a

todo o mundo. É realmente um bo-

sa que eu não pude ler, mas algo que

As pessoas presumem que eu contin-

Como o logotipo da FedEx?

seu interesse, logo vão passar des-

Branca de Neve, onde ela adormece

cado gratificante porque não é todo

saiu da minha cabeça estava lá em

uei a trabalhar somente com design,

Sim, essa é uma outra que eu gosto

percebidos por ela. Capturar a imagi-

para sempre ao comer uma maçã en-

criador que tem a chance de conver-

cima para que todos possam ver e de

projetando mais logos. Eu projetei

de muito. É muito simples e se você

nação espectador por ter revelado

venenada. Enfim, a verdadeira razão

sar com pessoas de todo o mundo

interpretar. É como ser criança nova-

alguns logos, mas a minha carreira

estudá-lo perceberá o dinamismo que

algo a eles quando eles olham para o

pela qual eu fiz a mordida é desapon-

sobre algum trabalho realizado. E

mente. Tenho muito orgulhoso dele.

está mais voltada para a publicidade,

a seta transmite. Estes são os tipos

logotipo também é importante. Além

tadora. Mas vou te dizer. Eu desen-

as pessoas perguntam-me: você é a

Você gostou das mudanças Apple

tanto impressa quanto televisiva.

de logotipos que me identifico.

disso, é uma oportunidade de dar

hei ela com uma mordida para que

projetou em um computador? E, ob-

do seu desenho original, feitas ao

No que diz respeito a logotipo, não

Pode dar-me as coisas mais impor-

uma personalidade ao logotipo - isto

as pessoas percebessem que era uma

viamente, no momento os computa-

longo dos anos?

existe realmente nada que eu tenha

tantes para cuidar de um logotipo

é algo que eu sempre tento fazer.

maçã não uma cereja. Também foi

dores não poderiam realizar isso para

Eu gosto delas. As listras serviram

feito que supere o logotipo da Apple.

na concepção?

Questão final, qual é a sua sugestão

É uma espécie de problema quando

A principal coisa a fazer é torná-la

para os nossos leitores mais jovens,

você faz algo que é extremamente

simples, especialmente porque os jo-

qual deveria ser seu foco para tornarem-se grandes designers?

emblemática, do tipo dar uma mordida numa maçã. Algo que todos podem experimentar.

mim. Anos depois o Mac foi concebido, desenvolvido e aperfeiçoado,

Bate Bola Rob Janoff

mente ultrapassadas. Acho que ex-

essa

até que eu começasse a trabalhar em

tremamente importante que uma

conhecido, tão cedo na sua carreira.

vens designers tendem a enfeitar de-

um computador. Na época era tudo

empresa como a Apple mantenha sua

É ladeira abaixo desde então. Tenho

mais ou clientes querem muitas coi-

Isso é algo que eu digo a meus fil-

lápis e papel, cola e papel cortado,

identidade atualizada e Steve Jobs

orgulho da maioria das coisas que fiz

sas incluidas. Eu acho que as pessoas

hos: eu poderia fazer isso mesmo se

é, obviamente, muito consciente

desde então, principalmente na pub-

que tentam trabalhar um logotipo

eu não fosse pago, porque eu gosto

disso, além de ter fabulosos design-

licidade, onde posso trabalhar com

com muito significado, acabam por

demais. Faço com paixão e sempre

ers trabalhando para ele, tanto grá-

imagens e textos juntos, em conjun-

projetar algo que é muito complexo.

dou o meu melhor.

ficos quanto de produto. Acho sen-

to com outras pessoas.

Normalmente, logos têm de ser inter-

Muito obrigado pela entrevista!

sacional que a forma básica da maçã

Poderia citar sua logo favorita que

pretadas em tamanhos muito muito

não tenha sido projetada por você?

pequenas e muito muito grandes,

canetas e todas essas coisas.

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o seu propósito e estão definitiva-

alcançar

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~~JOAO RUAS

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Portfolio João Ruas

João Ruas tem 28 anos, mora em São

Ruas já é conhecido mundialmente

Vale a pena conferir o seu trabalho,

Paulo e trabalhou para grandes estú-

pelos seus quadrinhos e trabalhos

que é desconcertante, de virtuosidade

dios no Brasil e na Inglaterra como:

publicados em filmes e em coletâneas

indescritível, com figuras e imagens de

Vetor Zero e Lobo. Suas ilustrações,

de vários países, sendo chamado até

beleza e precisão incríveis.

além de elementos de computação

para substituir o famoso James Jean.

possuem técnicas manuais com bas-

Ele publica suas ilustrações em seu

tante lápis de cor e aquarela.

próprio site: http://souvlaki.jp-ar.org/

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VITRINE: Samuel casal

Com uma clara influência das gravuras, Samuel Casal produz ilustrações com um vigoroso estilo pessoal em imagens poderosas e cheias de vida. Nasceu em 1974 no Rio Grande do Sul e se mudou para Florianópolis em 1988, sendo ilustrador profissional desde 1990, trabalhando como ilustrador freelancer, quadrinista e gravurista, colaborando com publicações nacionais e internacionais, em uma produção intensa. Todos os trabalhos de ilusração aqui apresentados foram feitos em computador utilizando FreeHand MX e Illustrator, e finalizados no Photoshop. Apesar disso, a origem do seu estilo pessoal se mantém, com uma produção paralela de gravuras em madeira, lito e serigrafia. E como ninguém é de ferro, nas horas vagas toca guitarra muito alto e tatua os amigos... Samuel casal Florianópolis Samuelcasal@hotmail.com www.samuelcasal.com

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WEB? & MODA Os weblogs estão cada vez mais sendo utilizados pelos usuários da Internet, para as mais distintas finalidades, pas-

sando por assuntos como economia, vida pessoal e moda. Essa afirmação pode ser observada no número de páginas

criadas. No mundo existiam 30 milhões de blogs até o mês de junho de 2005, segundo dados da Consultoria Americana Perseus Development Corp. Já no Brasil no mês de abril 7 milhões de brasileiros ou 60% dos internautas do país visitaram um blog, de acordo com informações do Ibope/NetRatings fornecida pela revista Veja em matéria titulada “Os blogs não são mais coisa de adolescentes”.   A expressão web log surgiu nos Estados Unidos em 1997, quando o norte-americano Jorn Barger criou o nome para descrever o processo de registro na Internet. Em 1999, dois anos depois, o termo foi utilizado pela primeira vez por Peter Merholz, segundo a enciclopédia grátis Wikipedia HYPERLINK

“http://www.versoereverso.unisinos.br/index.

php?e=11&s=9&a=94#5” 5. Nesse mesmo ano eles se proliferaram na rede das redes com a ajuda de softwares de edição de páginas da Internet que contribuíam para uma produção mais dinâmica, fácil e rápida.   Os blogs tornaram-se, então, formas de publicação na Internet de que qualquer pessoa pode facilmente dispor e por meio das quais começa a emitir seu diário pessoal ou informações jornalísticas (Lemos, 2002, p.02); baseado nos princípios de microconteúdo (textos curtos, com as informações relevantes, colocadas de modo padrão) e atualizados freqüentemente (Recuero, 2003).A grande receptividade destes programas, que imediatamente ficaram associados á palavra, surgiu em decorrência de dois fatores: os baixos custos de produção – o serviço era oferecido em muitos casos gratuitamente e sem burocracia.

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No Estilo


IDÉIA FIXA

AS CORES

De longe, Pensando Design é o livro que mais bem represen-

Uma marca bem gerenciada é o segredo de sucesso de

ta a maturidade alcançada pelo design gaúcho nos últimos

qualquer empresa. Mas só isso não basta. A dica do autor

anos. Atualmente, os trabalhos realizados no estado estão

Marty Neumeier, em The Brand Gap, é apostar na união entre

entre os mais reconhecidos do país. Os diferenciais dessa

estratégia e criatividade para produzir uma vida mais útil

produção são apresentados e comentados na publicação co-

“marca emocional”.

letiva inédita. Ao todo, 15 artigos compõem a obra. Os articulistas são profissionais da área, professores e mestres que nasceram no Rio Grande Sul ou que atuam na região.

A edição, publicada pela Phaidon

Suas experiências servem de pano de fundo para contar

Press, apresenta textos, fotos e

histórias da profissão, além de abordar o ensino e a prática

acabamento de primeira. Só por

do design no dia-a-dia.

esse cuidadoso tratamento visual já valeria a pena adquirir um

Fica a dica

PÍLULAS DO SABER

Resenha de livros por Patrícia Bitencourt

exemplar. Mas não acaba aí.

Indicações de livros produzidos pe lo British Design Counci l Competitive Advantage Through Design   O livro apresenta 11 estudos de caso de empresas de

O objetivo é se destacar no mercado por meio da criação de

sucesso que utilizaram o design como ferramenta estraté-

relacionamentos de valor com os públicos a partir da utiliza-

gica para crescer frente a um mercado saturado, entre elas

ção de diversos canais. Ao longo da páginas, Neumeier explica

Hewlett Packard, Tesco, IKEA and Go. A edição traz dicas e

a importância de redefinir a marca e apresenta cinco Hugo

recomendações sobre branding, sustentabilidade e cultura

Kovadloff, diretor de criação disciplinas essenciais para essa

de inovação que estão sempre presentes.

nova construção. Além disso, aborda as mudanças provocadas

Innovation – Harnessing Creativity for Business Growth

pelo branding em um cenário competitivo e mostra como e

De Adam Jolly, a obra aborda a construção de uma cultura

porquê o design determina a experiência do consumidor.

de criatividade por meio dos sistemas de informação corporativos. A tônica da publicação é a inserção da inovação nos processos e negócios.   Design in Business – Strategic Innovation Through Design É o primeiro livro voltado para estudantes que estabelece a importância estratégica do design e o define como parte intrínseca aos processos. A publicação mostra que o design gera uma série de novas perspectivas e, ao mesmo tempo, traz inúmeros desafios quanto ao seu gerenciamento no futuro próximo.

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Livro do saber máximo escrito em 2009

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COSACNAIFY EDITORA QUEM SOMOS Fundada em 1996 por Charles Cosac e Michael Naify, a Co-

A Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) elegeu,

sac Naify surgiu como uma editora voltada aos livros de

no dia 8 de dezembro, os melhores do ano em dez categorias.

arte: cinema, teatro, design, arquitetura, fotografia, dança,

Dois livros editados pela Cosac Naify foram premiados. Em

moda, monografias sobre artistas brasileiros e ensaios sobre

Literatura, O santo sujo – a vida de Jayme Ovalle, escrito

história e teoria da arte.

pelo jornalista Humberto Werneck, foi eleito a melhor bio-

Essa ampliação do catálogo da editora contemplou tam-

grafia do ano. Na mesma categoria, O livro amarelo do Ter-

bém a produção infanto-juvenil. Em 2003, a Cosac Naify

minal, de Vanessa Barbara, conquistou o prêmio de melhor

ganhou o Prêmio Jabuti de Livro do Ano, com o título Bichos

livro-reportagem com uma original abordagem da rodoviária

que existem e bichos que não existem, de Arthur Nestrovski.

do Tietê ao retratar as mais diversas histórias de vida que ali

Em 2006, foi a vez de Gabriel o Pensador levar o Jabuti por

se cruzam, além de uma criteriosa

Um garoto chamado Rorbeto, ilustrado por Daniel Bueno.

investigação jornalística sobre

No ano seguinte, dez títulos da Cosac Naify conquistaram

sua construção. Já O Fazedor de

estatuetas do Jabuti 2007, coroando o décimo aniversário da

Velhos, de Rodrigo Lacerda le-

editora. Entre eles, Lampião & Lancelote, de Fernando Vilela,

vou o Prêmio Glória Pondé

eleito o “Melhor livro infantil”, o “Melhor ilustração de livro

de Literatura Infantil e Ju-

infantil ou juvenil”.

venil, da Fundação Biblio-

PRÊMIOS

teca Nacional.

Segundo o jornal O Estado de São Paulo (30/12/2008), 2008 foi um ano dourado para a editora Cosac Naify. E não é exagero. Além de editar o Nobel de Literatura do ano, JeanMarie Le Clézio , a editora venceu três categorias do Prêmio Fernando Pini de Excelência Gráfica. Em “livro de texto”, com Moby Dick. Em “livro infantil”, com Lampião e Lancelote. E uma das Coleções de Moda Brasileira venceu na categoria “livro ilustrado”, informa a coluna Direto da fonte.

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Considerações sobre design de embalagens e meio-ambiente.

Além da gestão de material no pós-uso, materiais biodegradáveis, ou que substituam recursos não renováveis por matérias primas geradas a partir de extratos vegetais e/ou animais, vem sendo adotados progressivamente a cada passo dado pela tecnologia para ampliar as possibilidades de aplicação e adequação dos mesmos. Bons exemplos disso são os bioplásticos, que estão sendo produzidos a partir de amidos

Por Angelo Serravalle

e óleos vegetais – assim como óleos reciclados – e aplicados em embalagens, principalmente de alimentos.

Em tempos em que a principal “preocupação” da indústria e do comércio é a sustentabilidade do planeta, ganham destaque diversas questões sobre como gerir todo o resíduo gerado com as atividades industriais e o impacto ambiental. As soluções sugeridas mais coerentes e imediatamente

Dentre as soluções supracitadas a que atualmente causa maiores preocupações e debates é a reciclagem.

aplicáveis estão, principalmente, em reduzir a exploração de recursos não renováveis, utilizar materiais biodegradáveis ou

Este método, e tido como salvador assim que mentes bril-

de baixo nível de poluição, reutilizar os resíduos sempre que

hantes notaram os perigos ecológicos da sociedade de con-

possível, reciclar e/ou reaproveitar lixo – que, nesse caso,

sumo por volta da década de 1970, realmente oferece claros

deixa de ser lixo para ser matéria prima – acompanhar o

benefícios em relação à energia aplicada, matéria prima,

pósuso de embalagens e produtos, etc.

poluentes liberados, etc. Porém, esses benefícios são ques-

A maioria destas sugestões está diretamente ligada ao de-

tionáveis em alguns casos onde a emissão de poluentes na

sign e a concepção, tanto de embalagem quanto de produto

manipulação do material chega a superar a poluição gerada

e material gráfico gerado para promover a visibilidade merc-

pela produção de um material virgem. Em razão desse im-

adológica e publicidade.

pacto, há casos – e muitos – onde a reutilização é mais

Algumas dessas iniciativas já se encontram em uso e

adequada que a própria reciclagem.

surtindo efeitos positivos. A atenção que vem sendo dada

A exposição destes problemas e sugestões de soluções pode

por grandes empresas ao pós-uso mostra uma redução sig-

gerar discussões infindáveis a fim de encontrar as melhores

nificativa na produção de embalagens – principalmente

formas de assegurar a vida, em face do fracasso das tenta-

embalagens de papelão, isopor e madeira para transporte

tivas de mudar os regimes sociais vigentes. A saída emer-

de grandes volumes – descarte de baterias e pilhas, etc.

gencial então é gerenciar e aplicar de forma racional, sem

Isso é refletido proporcionalmente no impacto ambiental

utopias, as soluções já conhecidas e atentar as novidades

gerado pela produção e pelo descarte de cada item, cada

despontantes

peça, cada material descartado que necessite a produção de um novo exemplar.

40

Artigo

Ctrl

41




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