Bode na Sa la
Filmes, sĂŠries e muito mais!
bodenasala.com
ONDE QUADRINHOS E CINEMA SE ENCONTRAM
WWW.pipocaenanquim.com.br
NESTA EDIÇÃO 6 | ANIMAIS FANTÁSTICOS E ONDE HABITAM
O Mundo Mágico de J.K Rowling está de volta
8 | ROGUE ONE: UMA HISTÓRIA STAR WARS Leia sobre o spin-off que contará a história da Estrela da Morte
10 | UM ESTRANHO DOUTOR Tudo sobre o Dr. Estranho, o novo longa da Marvel
18 | MARVEL’S LUKE CAGE Icônico personagem estreia na Netflix
20 | MAIS DOUTOR ESTRANHO Indicamos HQ’s classícas do Mago da Marvel
22 | THE STORY SO FAR EM SÃO PAULO O Pop-Punk da banda californiana
Projeto gráfico e diagramação: VICTOR ANDRADE https://www.behance.net/victortintim
ANIMAIS FANTÁSTICOS E ONDE HABITAM O universo Harry Potter migrou para Nova York, além de ter voltado no tempo
P
6
or mais que Animais Fantásticos e Onde Habitam seja ambientado no mesmo universo mágico da franquia Harry Potter, a história não se passa mais na Inglaterra. Migrando para os Estados Unidos, mais especificamente Nova York, a mudança acaba trazendo muitas novas possibilidades ao mundo mágico de Newt Scamander, principalmente por se passar em uma época como os anos 1920, que foram tão representativos para a cidade por inúmeros motivos - um deles sendo a Lei Seca. No universo do filme, da mesma forma como a proibição de fabricação, transporte e venda de bebidas alcoólicas nos Estados Unidos criou toda uma nova sociedade secreta que vivia e prosperava do tráfico; a comunidade mágica também vivia às sombras, se escondendo da perseguição da Sociedade Filantrópica de Nova Salem, que quer expor e destruir os bruxos de Nova York. Em nossa visita ao set do filme em Leavesden, na Inglaterra, o diretor David Yates contou que a principal diferença desse longa para a franquia Harry Potter é que “esse passa um pouco da sensação de novidade no sentido dele não ser ambientado em uma escola de magia, mas sim no mundo real, em Nova York”. “Além disso, os temas são um pouco mais complexos”, explicou Yates “A magia nesse mundo é proibida e reprimida, então há uma comunidade de bruxos que estão escondidos. Eles foram perseguidos no passado e agora se
escondem de todos nós. Esse filme é sobre o que acontece quando os seus verdadeiros instintos e a pessoa que você é de verdade são negados, e como isso pode acabar se tornando algo perigoso. [...] Existem algumas semelhanças no sentido de que a história tem muitos elementos divertidos”, concluiu. Para o desenhista de produção Stuart Craig, por sua vez, a principal diferença é a mudança de período. “Harry Potter passava a impressão de ser uma produção de época por causa da magia, eles não precisavam da tecnologia, então Hogwarts dava a sensação de estar nos anos 1950. Mesmo assim, era contemporâneo e agora estamos em 1926. [...] Animais Fantásticos é realmente uma produção de época de uma forma que Harry Potter não era”, explicou Craig. No caso de Pierre Bohanna, o supervisor de objetos de cena de Animais Fantásticos, a mudança também é bem representativa: “Muitas das coisas que fazemos são detalhes de pano de fundo que somente representam o universo, o mundo de Potter tinha muito mais ambientação no mundo bruxo, enquanto esse é muito mais ‘em locação’. Newt está fora da sua zona de conforto, está fora de seu mundo.” Animais Fantásticos e Onde Habitam, o primeiro de cinco filmes da nova franquia Harry Potter, tem direção de David Yates e chegará aos cinemas em 17 de novembro de 2016. Sua sequência já foi confirmado para 2018.
Newt Scamander chegando em Nova York , com a sua maleta cheia de animais fantásticos; Um passáro gigante, umas das muitas criaturas do filme; “Tina” Goldstein e Scamander fugindo em Nova York; Percival Graves, um dos vilões do filme; Uma criatura mistoriosa saindo da maleta.
7
8
Rogue One: Uma Histรณria Star Wa
arS
Arma definitiva do Império está no centro da trama de Rogue One: Uma História Star Wars
É
um período de guerra civil. Partindo de uma base secreta, naves rebeldes atacam e conquistam a sua primeira vitória contra o perverso Império Galáctico. Durante a batalha, espiões rebeldes conseguem roubar os planos secretos da arma decisiva do Império, a Estrela da Morte, uma estação espacial blindada com poder suficiente para destruir um planeta inteiro. Perseguida pelos sinistros agentes do Império, a princesa Léia apressa-se em voltar para casa a bordo de sua nave estelar, protegendo os planos roubados que podem salvar seu povo e restaurar a liberdade na galáxia…” A revista diz que o vilão pode não ter um papel principal: “Darth Vader paira ao redor da trama, mesmo quando ele não necessariamente está em tela”. Outra confirmação é que Madds Mikkelsen é realmente o pai de Jym Erso (Felicity Jones): “Ele é um cientista cujo conhecimento é procurado pelos dois lados”. Vários rumores surgiram nas últimas semanas sobre refilmagens da produção. Algumas fontes afirmaram que até 40% do filme seria refeito e que executivos da Disney não estariam satisfeitos com o primeiro corte. Outros lugares divulgaram que a maior mudança seria no tom da história, já que Rogue One terminaria pouco antes de Star Wars: Episódio IV - Uma Nova Esperança, mas parece um filme de guerra. Em entrevista à Vulture, Daisy Ridley voltou a falar sobre a família de Rey, sua personagem em Star Wars. Dessa vez, a atriz disse que Jyn Erso (Felicity Jones) poderia ser sua avó, mas não sua mãe, por conta da idade: “Acho que não funcionaria historicamente. Porque, bom, Darth Vader está lá, então ela poderia ser a minha bisavó, não, minha avó mesmo. Quero dizer, poderia acontecer, especialmente em uma galáxia muito distante”. A atriz também disse que está empolgada e já sabe o final de Rogue One: Uma História Star Wars: “Estou empolgada para ver
como vai ser, porque ouvi que é muito diferente, é uma coisa própria. Não tenho ideia do que acontece - mas sei o final, mas não tudo o que acontece no filme”. Foi divulgada a sinopse de Star Wars Catalyst: a Rogue One Novel, livro de James Luceno que detalha a história da família de Jyn Erso (Felicity Jones) e dá pistas do que veremos em Rogue One: Uma História Star Wars (via RadioTimes): “Como membro do projeto secreto da Estrela da Morte, do Chanceler Palpatine, Orson Krennic é escalado para desenvolver uma grande arma antes que seus inimigos o façam. E um antigo amigo de Krennic, brilhante cientista Galen Erso, pode ser a chave. A pesquisa de Galen focada em energia chamou a atenção de Krennic e seus amigos, fazendo do cientista uma peça fundamental no conflito da galáxia. Porém, depois de Krennic resgata Galen, sua esposa Lyra e sua pequena filha Jyn, de um grupo de sequestradores separatistas, a família Erso fica em profundo débito por Krennic, que oferece uma extraordinária oportunidade para Galen: continuar seus estudos científicos, com todos os recursos à sua disposição. Enquanto Galen e Lyra acreditam que e essa pesquisa será usada da forma mais altruísta possível, Krennic tem outros planos, que finalmente podem transformar a Estrela da Morte em realidade”. Com isso, fica claro que a escolha de Jyn para conseguir roubar os planos da Estrela da Morte tem um significado. Agora, Rogue One, o primeiro filme derivado de Star Wars (que chega nos cinemas em 15/12), vai contar a história dessa primeira vitória contra o Império Galáctico, revelando quem são os espiões rebeldes e como eles conseguiram roubar os planos secretos da Estrela da Morte, desencadeando a trama de Uma Nova Esperança. O longa também deve revelar novos detalhes sobre a construção da arma, como o envolvimento do cientista Galen Erso (Mads Mikkelsen), pai da heroína Jyn Erso (Felicity Jones) e do imperial Diretor Orson Krennic (Ben Mendelsohn).
9
10
UM
ESTRANHO
Tudo sobre Doutor Estranho, o novo filme da Marvel. O longa chega com a expectativa lá no alto para os fãs da Casa das Idéias.
11
DOUTOR
Dr. Estranho em seu santurário, o Sanctum Sanctorum.
12
MAGO SUPREMO
N
um dos muitos momentos de alívio cômico em Doutor Estranho, a médica Christine Palmer (Rachel McAdams) recebe no seu pronto-socorro mais um caso bizarro de monges e feiticeiros abatidos em batalha entre portais dimensionais. Parece, por um instante, não com a Marvel do cinema, comprometida acima de tudo com distrações sem consequência, mas com a Marvel da Netflix, obcecada com a busca de uma gravidade no seu entra-e-sai de hospitais. O que Doutor Estranho tem de mais marcante é ser pego nesse meio termo - um bolsão difuso, como a realidade espelhada que aparece no filme, indefinido entre a Marvel lúdica e a Marvel adulta - e se ver aprisionado dentro dele. De um lado, o diretor Scott Derrickson traz dos seus filmes de terror um senso de fragilidade diante do desconhecido: o elenco de Doutor Estranho é basicamente feito não de tipos super-heroicos (ou pelo menos de tipos clássicos de histórias de artes marciais, cheios de convicções) mas de personagens assombrados pela mortalidade. O fato de cada um reagir ao seu modo, cheios de dúvidas, quando confrontados com a inexorabilidade da morte, serve não apenas de motor da trama mas também dá a
Doutor Estranho uma insuspeita carga dramática com que poucos filmes da Marvel ousaram flertar. Não é só o hospital como núcleo dramático; é o hospital como lembrete de que ali, naquele mundo todo feito de faz-de-conta, algo pode acontecer em definitivo. Do outro lado, bem, temos a Marvel onde nada é definitivo e onde tudo opera na superfície: as cenas reiteradas de exposição servem não apenas para explicar ao espectador médio que diabos são esses misticismos todos, servem também para abrir portas a futuras outras histórias (como a menção ao Tribunal Vivo, elemento central de Infinity War nos quadrinhos), numa já conhecida retroalimentação de mitologia que nunca chegará ao fim. Não há morte possível no mundo das franquias, afinal. De qualquer forma, a Marvel trata de evitar arestas e desarmar qualquer arroubo já na incepção: se o duelo entre Strange e Kaecilius ameaça ficar muito denso, o Doutor entra com uma piada; se a sua jornada periga cair demais na estética new age o filme faz a Capa da Levitação reagir de forma cômica à pose do mago. O resultado é um filme que, embora seja vendido como uma corajosa aventura lisérgica (o 3D de fato é crucial para aproveitar o melhor das pontuais viagens visuais de Doutor Estranho), nunca se aprofunda naquilo que a psicodelia tem de
Stephen Strange e o Olho de Agamotto
“O elenco de Doutor Estranho é basicamente feito não de tipos superheroicos (ou pelo menos de tipos clássicos de histórias de artes marciais, cheios de convicções) mas de personagens assombrados pela mortalidade.” Parte do ensinamento de Strange com o Ancião.
essencial, que é perder-se em si mesmo. A trilha de Michael Giacchino emula um pouco os excessos do rock progressivo apenas para embalar um produto de resto muito acomodado, que insiste em nos repetir textualmente seus temas e símbolos (o relógio quebrado e as mãos machucadas como sinais de que não temos domínio sobre o tempo) para ter sobre eles um controle prévio, calculado. Que ironia que todas as lições aprendidas por Benedict Cumberbatch neste filme - deixar-se levar, abrir a cabeça para o diferente, aceitar a morte como parte essencial da experiência de estar vivo - sejam justamente aquelas que a Marvel sempre nega para si. Não que isso seja uma surpresa; cada vez mais a Fórmula Marvel se prova sua receita de sucesso e sua cruz. O que frustra mais é se ver diante de um filme que tem alguma noção do que almejar - nada resume melhor o potencial das histórias em quadrinhos do Doutor Estranho do que essa ideia de que lidar com o desconhecido é cortejar a dor - e mesmo assim ser incapaz de se entregar de alma a esse projeto. Marvel segue presa ao seu próprio tempo e faz um filme refém das repetições.
HERÓI FALHO Das coisas que se esperava de um filme do Doutor Estranho, é compreensível que a grandiloquência tenha ficado mais com os trailers, já que este é, e sempre foi, um filme “menor” da Marvel, como bem disse o nosso Thiago Cardim na sua resenha. O problema é que a incursão em universos múltiplos, o surgimento da magia no Universo Marvel dos Cinemas e as viagens no espaço e no tempo acabaram fazendo com que ele fosse também pequeno. Começa com a tal comparação com o primeiro Homem de Ferro. Sim, é um filme que conta a origem de um herói que também é um humano normal, cheio das certezas sobre a vida que, de repente, precisa rever os seus conceitos sobre tudo o que conhecia até então. Mas as semelhanças (e eventuais esperanças) acabam por aí. Além de perder todo o seu rico dinheirinho em sua busca pela cura, Strange não tem um traço do carisma de Tony Stark. Não é culpa de Benedict Cumberbatch, que se fosse necessário aguentaria a
13
a bronca de liderar o MCU pós-Guerra Infinita, sem maiores problemas. A questão é que as coisas não se encaixam no filme. É como um enorme quebra cabeças em que é possível enxergar a imagem que ele forma, mas com todas as peças tortas, em lugares errados, de ponta cabeça, uma em cima da outra. “Então agora temos magos na Terra?”, pergunta alguém em determinado momento do filme. A resposta todo mundo sabe antes mesmo de entrar no cinema, mas Doutor Estranho acaba tendo como única razão de existir a introdução da magia no Universo Marvel dos Cinemas — mais ou menos como Guardiões da Galáxia fez com o espaço sideral, com a diferença óbvia de que Guardiões é um filme que funciona sozinho, em si, tendo sua própria história, seu próprio universo. Doutor Estranho, enquanto isso, força a barra.
14
“É como um enorme quebra cabeças em que é possível enxergar a imagem que ele forma, mas com todas as peças tortas, em lugares errados, de ponta cabeça, uma em cima da outra.” A Anciã tem um cargo que pessoas aleatórias assumem e etc, a gente entendeu. Mas o filme não apresenta nenhuma outra razão pra que ela seja uma mulher branca além de que queriam escalar a Tilda Swinton para o papel, ponto final. Não há absolutamente nada na sua atuação que nos faça, no mínimo, aceitá-la. E simplesmente despejar a informação de que ela celta, como se isso fosse resolver o problema... Sério? Fica claro que qualquer um poderia ser aquele personagem e chega a incomodar essa discrepância com todo o resto do filme. O humor e os alívios cômicos sempre fizeram parte dos filmes da Marvel, desde o início, sabemos disso também. “No gang signs, please” disse Tony Stark logo nos primeiros minutos dessa história, ajudando a moldar o tom do que veríamos a seguir e, principalmente, do personagem que lideraria a cultura pop pelos próximos anos. O que acontece em Doutor Estranho é como se o tempo todo o roteiro e a direção estivessem dando piscadinhas para o público, algo no nível “Hey, você viu o que a gente fez aqui? Hein? Hein?”. Deixou de ser algo que funciona dentro do filme, da história, do universo, parecendo um pedido desesperado
Kaecilius, o vilão do filme.
A enfermeria Christine Palmer ajudando Strange. Ancião e Barão Mordo observam Strange.
de ajuda do público para que aquilo funcionasse... E não funciona em 99.9% das vezes, chegando a constranger nas interações entre Strange e Wong (dois nomes bastaria). A Marvel ainda perdeu uma oportunidade mágica (sem trocadilhos aqui) de fazer a ligação tão esperada com as séries do Netflix: pelo que a Christine Palmer (Rachel McAdams) faz no filme, podiam ter aproveitado a Claire Temple (Rosario Dawson). Se é pra precisar de ajuda e chamar uma pessoa pra tratar, desenvolvendo muito pouco ou quase nada da personagem, ela já estava por aí. E nem precisava inventar desculpa pra ela trabalhar naquele hospital. Qualquer coisa que fosse dita já bastaria, exatamente como aconteceu na série do Luke Cage. :P Sabe uma coisa boa, porém? O vilão. Não o Kaecilius do Mads Mikkelsen, que segue a cartilha Marvel Studios de piores vilões da cultura pop, mas sim o Mordo, de Chiwetel Ejiofor. E não, não nesse filme... No próximo. É nele que mora a esperança de que o Doutor Estranho possa viver boas histórias, além de ter um antagonista interessante, com uma motivação real, representando algum perigo de fato. É lá na frente, sem a necessidade de apresentar nada a ninguém, que mora a possibilidade de uma história mágica (agora sim, com trocadilho) ser contada. Doutor Estranho é um filme lindo que merece ser assistido em IMAX ou em qualquer grande tela perto de você (não precisa ser 3D, ainda que eu não acredite que seja possível separar uma tela de tamanho considerável e aqueles óculos malditos), mas não tem consistência. Não é ruim, mas é absolutamente esquecível. Introdução por introdução à magia e ao sobrenatural, Agents of SHIELD tem feito de maneira muito mais interessante em sua quarta temporada.
BRINCANDO DE MÉDICO Obviamente você sabe que desta vez acompanharemos a história do Dr. Estevão Estranho (ou Stephen Strange para aqueles que não gostam de brincar de Google Tradutor), um neurocirurgião tão brilhante quanto arrogante. Eis que ele sofre um acidente de carro e suas preciosas e precisas mãos são mutiladas. Após exaurir todos os seus recursos e opções médicas para recuperar seus instrumentos de trabalho, ele fica sabendo de um lugar no Nepal que pode ajudá-lo a se curar. Ele ruma para lá, conhece a Anciã e descobre a existência de todo um
15
“O filme acaba abrindo uma grande gama de possibilidades a serem exploradas em produções futuras, sejam aventuras solo do personagem ou mesmo produções envolvendo toda a galerinha reunida.”
16
Estranho na Dimensão Negra, psicodelia pura; Kaecilius se transformando no vião do filme; Strange barbudo, procurando ajuda no Nepal.
mundo místico oculto e diferentes realidades com a capacidade de trazer grandes males para o nosso mundo. À medida que passa a estudar as artes arcanas como pupilo da Anciã, terá também de enfrentar uma facção de magos dissidentes que têm o intuito de lançar um grande mal de outra dimensão na Terra. É aí que o Dr. Estranho terá de decidir se ele quer somente recuperar suas mãos e voltar à velha vidinha ou se abraçará os ensinamentos de vez e se tornará um dos protetores do planeta contra ameaças de cunho mágico. Doutor Estranho é um filme muito bom. Estava com expectativas de ver algo no nível de um Homem-Formiga, que foi divertido, mas não exatamente embasbacante, e gostei mais do que me foi apresentado. Talvez seja um dos filmes-solo de pegada mais diferente que a Marvel já fez, e isso é bom e necessário. Não só porque apresentar o lado místico do Universo Marvel permite umas pirações e viagens visuais, além de aumentar o escopo de seu tabuleiro (como Guardiões
da Galáxia havia feito ao apresentar o lado cósmico) como ajuda a não ficar sempre naquela fórmulinha básica de história de origem.
BRINCANDO DE MAGO Não me entenda mal, ela ainda está presente, e segue certos clichês estabelecidos desde que Tony Stark criou sua primeira armadura no já longínquo ano de 2008 e essas são as partes menos interessantes do filme. Fosse só isso, seria uma introdução de personagem pouco inspirada. Felizmente, não se restringe apenas a isso, e, ao apresentar também toda uma nova mitologia envolvendo o bom Doutor, deixa as coisas muito mais interessantes, abrindo uma grande gama de possibilidades a serem exploradas em produções futuras, sejam aventuras solo do personagem ou mesmo produções envolvendo toda a galerinha reunida. Algumas coisas poderiam e mereciam um pouco mais de cuidado, como os vilões, clichês e gratuitos. E mesmo a grande da
De ponta cabeça: muitas dimensões para Strange conhecer. bagaça, que renderia um momento muito mais grandioso, corre o risco de deixar boa parcela dos fãs decepcionada, embora a forma escolhida pelo herói para enfrentá-la fuja da caixinha e redima esse momento rápido e rasteiro. A grande qualidade do filme, sem dúvida, é o excelente uso dos efeitos visuais. Talvez seja a produção Marvel que mais soube se aproveitar deles para ajudar na condução da história. São muito criativos, bonitos e enchem a tela. Vale a pena assistir na maior tela possível só pela beleza deles. A primeira vez que Stephen é apresentado ao mundo místico é um dos momentos mais doidões e lisérgicos da Marvel no cinema. O resto fica numa mistura entre as sequências de sonho de A Origem (como muita gente já havia dito quando saíram os trailers) com as pinturas de Escher. Funciona que é uma beleza. De fato, o lado visual de Doutor Estranho é sua característica mais marcante e a que ajuda a diferenciá-lo dos demais.
BRINCANDO DE HERÓI No mais, ele também é um pouquinho mais sombrio e sério que as outras produções com o carimbo Marvel Studios. Claro, mais sombrio e sério para os padrões Marvel, que fique bem claro. Ou seja, você ainda vai dar boas risadas e não vai sair do cinema deprimido, ao estilo Batman vs Superman. Mas essa pequena mudança de tom também ajuda a dar mais estilo próprio para ele. Desde que reuniu os Heróis Mais Poderosos da Terra no primeiro Vingadores, a Marvel criou um “problema” para si mesma. Subiu o nível de tal forma
“Pode-se dizer que ela passou a contar com grandes blockbusters e produções menores. Não é dos mais marcantes do estúdio, mas tem qualidades suficientes para colocá-lo como um excelente longa desse conjunto menor dentro da filmografia da Casa das Ideias. Considerando-se tudo, não é pouco.” com um megaevento que os filmes solo de personagens precisam se esforçar muito para chegar no nível de satisfação de um que reúna toda a galera. Assim, pode-se dizer que ela passou a contar com grandes blockbusters e produções menores. Doutor Estranho se encaixa nessa segunda categoria. Não é dos mais marcantes do estúdio, mas tem qualidades suficientes para colocá-lo como um excelente longa desse conjunto menor dentro da filmografia da Casa das Ideias. Considerando-se tudo, não é pouco. É impressionante o quanto a Marvel esteve perto de entregar um produto diferente, mas não conseguiu deixar as coisas fluírem. Chega até ser engraçado, pois a principal mensagem de Doutor Estranho, e isto foi reforçado nos cartazes e trailers, diz para abrir a mente e aceitar coisas novas. O medo de sair da zona de conforto fez com que um filme abaixo do seu potencial chegasse aos cinemas, deixando um sentimento de que falta alguma coisa. A promessa era de um filme estranho, mas acabou ficando no meio do caminho.
17
Marvel’s Luke Cage CRÍTICA Marvel e Netflix estreiam sua terceira e pior série. Herói poderoso demais enfrenta desafios comuns e complica roteiro.
A 18
parceria Marvel e Netflix tem o hábito de resumir o espírito de suas séries logo na sequência de abertura. O herói cego e soturno de “Demolidor” foi apresentado através de contornos formados por algo parecido a sangue embalados por uma trilha bucólica e com toques católicos. A detetive poderosa “Jessica Jones” usou das cores de seu vilão e dos traços dos quadrinhos de onde surgiu com um jazz que deixavam claras as tendências noir ao fundo. “Luke Cage” estreia nesta sextafeira (30), seguindo a mesma tradição. A abertura do terceiro herói da editora no serviço de vídeo sob demanda é um bom resumo da série: até lembra o estilo das antecessoras, mas a ação lenta e confusa que se vê na tela não casa direito com a bela música escolhida. Ao longo dos sete episódios -dos 13 totais da temporada -- liberados para a imprensa, essa é a tônica. Após os acontecimentos de “Jessica Jones”, Luke deixa Hell’s Kitchen e se muda para outro bairro de Nova York cheio de gângsteres e problemas, o Harlem -uma escolha interessante para alguém que quer se manter longe de encrenca. Não demora muito e ele se se vê obrigado a enfrentar Cornell Stokes, o ambicioso traficante de armas interpretado por Mahersala Ali (“House of cards”) que controla a região. No princípio relutante, o personagem se
entrega tão rapidamente à sua nova condição que é difícil acompanhar. Este homem andando por aí sem máscaras ou disfarces ricocheteando tiros em plena luz do dia no meio da rua é realmente aquele que, há meio episódio, não queria qualquer atenção e até trabalhava como faxineiro em uma barbearia? Pois é. Mesmo sem problemas em ser identificado e em invadir pontos do inimigo sem qualquer proteção, Cage nunca vai diretamente atrás de Stokes. A série tenta justificar que o personagem quer reunir provas contra o vilão, mas a impressão é que os roteiristas pensaram: “Hey, temos um herói poderoso demais aqui. Se ele quisesse, resolveria o problema em 15 minutos. Alguém inventa alguma coisa, porque a série precisa durar 13 episódios”. Com isso, o embate entre ambos, que seria facilmente solucionado, consegue se arrastar pela maior parte da temporada. Alguns podem considerar a tensão de bastidores, quase uma disputa pelo espírito do Harlem, uma bela demonstração de tensão política -infelizmente, não é o caso. Pode ser que “Luke Cage” melhore nos 6 capítulos que faltam até o finale, mas o prognóstico não é favorável após assistir mais de metade da temporada. As belas canções não seriam suficiente para garantir uma recuperação.
MAIS
DOUTOR ESTRANHO Selecionamos alguns classícos do Mago Supremo para você começar a conhecer melhor o personagem. Doutor Estranho: O Juramento
20 20
Roteiro: Brian K. Vaughan Arte: Marcos Martín Ano de publicação: 2006 – 2007 O doutor Stephen Strange precisa se lançar na investigação paranormal mais importante de sua carreira para resolver uma tentativa de assassinato – o seu! Com o fiel companheiro Wong muito próximo da morte, o grande mago se vê forçado a embarcar numa perigosa jornada até os confins do Universo Marvel. Ele percorrerá terras inexploradas – do submundo de Nova York até as dimensões mais mortíferas – numa inusitada viagem de maravilhosas descobertas. 9/10
Doutor Estranho e Doutor Destino: Triunfo e Tormento Roteiro: Roger Stern Arte: Mike Mignola Publicação: 1989 No torneio Mestre Gêngis, Doutor Estranho confirma sua superioridade vendendo-o e se tornando o Mago Supremo, porém como Destino foi o ultimo a ser derrotado ele ganha o direito a um pedido a Estranho. Então Destino surpreende a todos com seu desejo, ele pede a Estranho ajuda para libertar a alma de sua mãe que está presa no reino de Mefisto devido a um pacto que ela fez com o mesmo. 8,5/10
Doutor Estranho: Shamballa Roteiro: J. M. DeMatteis Arte: Dan Green Publicação: 1986 O Dr. Estranho retorna ao lar do Ancião, no Himalaia, para prestar homenagem ao seu mestre, e descobre que seu antigo mentor lhe deixou um último – e desafiador– presente. Uma dádiva que o coloca Strange em uma jornada de autoconhecimento e que pode dar inicio a uma Era Dourada para toda a humanidade. 21
Doutor Estranho: Uma Terra Sem Nome, Um Tempo Sem Fim Roteiro: Stan Lee Arte: Steve Ditko Ano de publicação: 1965 – 1966 Infundido com o poder do mortalmente temível Dormammu, o malévolo Barão Mordo volta ao Universo Marvel para instilar medo no coração dos mortais. Cabe ao mestre das artes místicas
da Marvel, o Doutor Estranho, enfrentar o furioso ataque de Mordo e virar o jogo de sua magia maligna. O antigo colega de Strange, Barão Mordo está mais poderoso do que nunca, num acordo com o maior inimigo do Dr. Estranho, Dormammu (um poderoso místico que vive na Dimensão Negra). No acordo, o demônio cederá poder para Mordo para acabar com Dr. Estranho. 7,5/10
THE STORY SO FAR EM SÃO PAULO Banda californiana de Pop-Punk fez sua primeira passagem pelo Brasil ser memorável.
22
S “Um dos grandes shows que ficarão na história.”
em muitos atrasos, o TSSF entrou numa Clash lotada, mais lotada que no La Dispute e no Circa Survive, honestamente falando, eu não esperava tanto público para a banda e foi só surgir o logo da banda no telão enquanto tocava uns Title Fight que a galera já estava calorosa (tanto pela banda quanto pela temperatura do local) para o inicio do show. Com músicas dos três álbuns, mas focando principalmente nos dois últimos, Parker Cannon mostrou energia no começo do show, que aos poucos foi se perdendo um pouco, o vocalista deixava o público cantar algumas partes num sinal de cansaço físico, nada que
atrapalhasse o público que abria rodinhas (a pedidos e Parker), fazia stage dive, fazia o famoso sinal do Ronaldinho e por que não pegava o microfone do back vocal para cantar. Apesar de perder um pouco da emoção do ultimo álbum eles compensam com a energia em um show que tecnicamente foi perfeito e o público apesar de ficar muito tempo em cima do palco foi mais respeitoso que em outros shows. O nível do show foi tão bom que a única reclamação séria a se fazer é o calor insuportável que estava no local, um dos grandes shows que ficarão marcados na história de cada um ali que estava presente, inclusive da própria banda.
Apesar do calor, TSSF fez um show memorável na Clash Club em São Paulo.
posthardcorebr1.blogspot.com.br