Victor Hugo - Portfolio 2016

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victor hugo Portfรณlio


Copyright © 2017 VictorHugo · All rights reserved É proibida a cópia e/ou difusão dos elementos apresentados neste Portfólio, sem consentimento prévio do autor, quer seja em formato físico, quer seja em formato digital.


Victor Hugo Faustino ¡ 04/09/1989 Arquitecto e Arquitecto Paisagista (+351) 919 303 398 victorhfaustino@gmail.com

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PROJECTOS SELECCIONADOS Nas páginas que seguem estarão elencados os projectos mais importantes, seleccionados segundo critérios que valorizaram a maturidade da ideia, a classificação final obtida, a satisfação pessoal e o debate aberto durante as apresentações. O tempo dado a cada trabalho varia entre 2 semanas a 1 ano lectivo, estando para efeito, mencionados a sua duração no início de cada tema. Que fique também expresso a minha gratidão pelos docentes: José Adrião, João Trindade, Sofia Salema, Pedro Pacheco, João Matos, Eduardo Martín Martín, Rafael de Lacour, Luís Ibañez, José Manuel Rodrigues, Jorge Croce Rivera. Assim como a todos os colegas e amigos que me acompanharam nesta incrível jornada, tornando-a mais interessante e cativante.


MONDEGO À VISTA

BOXING HOUSE

VIA CRUCIS

LA MALAHÁ

SOHAIL #1

SOHAIL #2

BANHOS TERMOELÉCTRICOS

REVISTA CHP

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MONDEGO À VISTA UÉVORA 2012/2013 Local: Coimbra Prazo: 2 semanas Parceria: Andrei Brinza, Carlos Barreiros, Tadeu Carvalho

Confinada numa intersecção de ruas estreitas e fachadas altas, a área designada para a implantação do edifício tem como único reduto a vista para o rio Mondego e por consequência, a um dos largos mais emblemáticos da vida conimbricense - Largo da Portagem. Esta condicionante serve de mote ao conceito do projecto, que é na sua essência um edifício que desfruta do privilegiado plano de fundo a Sul, funcionando em semelhança a uma luneta, que abstrai o observador de quaisquer interferências visuais do ponto central para onde confluem todas as linhas projectantes, que neste caso em particular projecta-se sobre o rio. A simplicidade formal e espacial permite que o edifício seja apropriado para diversas actividades culturais, que vão desde exposições de arte, cinema, colóquios, festividades académicas a quaisquer outros usos que sejam do usufruto da população. Para quem vem do Largo da Portagem em direcção ao edifício proposto, a visão que se tem é de uma cércea relativamente baixa, porém ao descer as escadas esta vai aumentando ao ritmo que o interior do rés-do-chão se torna evidente. Somando o facto da escadaria estar de frente à fachada principal, propõe-se que o piso térreo esteja em estreita ligação com o exterior, sendo o grande vão uma hipérbole desta intenção. Por outras palavras, a rua entra pelo edifício, demonstrando o desejo de que o espaço edificado seja plenamente vivido por quem circule nas suas imediações.


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Cada piso do edifício desenvolve propositadamente na sua verticalidade, diferentes ângulos de visão. À medida que subimos, vai-se-nos revelando aos poucos a vista para o Mondego. Cada vão é equiparável a uma pintura, que nunca se encontra estática no tempo, mas sempre em constante evolução.

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Os fluxos e concentrações de pessoas no Largo da Portagem variam ao longo e consoante o dia da semana. Com base na observação directa em 4 dias distintos, pôde-se concluir que existe um padrão de usos do espaço pelas diferentes faixas etárias nos principais locais de interesse presentes no largo, que se alteram de modo acentuado com o cair da noite.


09h00 - 17h00

17h00 - 23h00

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SISTEMA DE VISTAS

2º Piso

1º Piso

Rés-do-chão


Terraรงo

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VALORES E VANTAGENS

BOXING HOUSE

- Diminuir o albedo no Verão - Poupança de electricidade - Regular a oscilação térmica - Criar um microclima agradável - Controlar a humidade - Criar sombra no Verão - Fornecer luz no Inverno - Promover a biodiversidade

ETSAG 2014/2015 Local: La Herradura, Andaluzia Prazo: 2 semanas

Este projecto enquadra-se no âmbito do exercício “Derivas Estratégias de Improvisación Creativa y Exploración Territorial”, lançado pelo curso de Arquitectura da Universidad de Granada, tendo como objectivo o debate e a agitação de ideias antes do arranque do semestre lectivo, através de projectos ou soluções ‘flash’ para uma problemática específica. O projecto divide-se em três fases (análise, concepção e maturação da ideia), onde temos que apontar soluções para os problemas de uma determinada região.

para a resolução de um problema que assola a qualidade de vida ao longo do ano foi o uso da vegetação no controlo das variações térmicas das quatro estações.

Neste caso, verificou-se na localidade de La Herradura, um forte alijamento das técnicas e valores da arquitectura tradicional no alcance do conforto e da eficiência energética nas edificações existentes. Sendo o factor económico um constrangimento para a população local, a solução encontrada

Como resultado, La Herradura renasce fresca, verde e atractiva para a avifauna que há muito passou a evitar este povomento encastrado entre duas colinas sombranceiras ao mediterrâneo.

A vegetação aqui desempenha não só a climatização como também regulariza e atenua os efeitos de uma construção descaracterizada e dicotómica perante a envolvente, formatando a nível da volumetria e das texturas as diferentes habitações.

CONCEITO

Partindo de uma preexistência, escolher a quantidade e disposição dos módulos, para então seleccionar as espécies vegetais segundo a densidade e o regime metabólico pretendido.

Purificar as formas e solucionar desajustes construtivos a favor da harmonia do meio envolvente - Criar ou reforçar o Espírito do Lugar (Genius Loci).

CATÁLOGO BOTÂNICO

Bougainvillea glabra

Passiflora edulis

Vitis vinifera

Herdera helix


DINÂMICA ANUAL

OUTONO - 22/23 de Setembro a 21/22 de Dezembro

INVERNO - 21/22 de Dezembro a 20/22 de Março

Caracterizado pela descida da temperatura, ocorre a queda metabólica da flora de folha caduca, resultando na secagem e consequente queda das folhas.

Caracteriza-se principalmente pelas baixas temperaturas durante a temporada em que várias espécies de animais, especialmente aves, emigram para outras regiões mais quentes e é quando a taxa metabólica da flora alcança os valores mais baixos, marcando a queda completa das últimas folhas nas espécies caducifólias. As noites são mais largas que os dias, já que a incidência solar é menor neste quadrante terrestre.

PRIMAVERA - 20 de Março a 21 de Junho

VERÃO - 21 de Junho a 23 de Setembro

Estação normalmente associada ao renascimento da flora e da fauna terrestre. O dia e a noite do equinócio têm a mesma duração. Quanto mais próximo do verão, mais curtas se tornam as noites.

Durante este período as temperaturas mantêm-se altas e os dias são mais longos em comparação aos dias das outras estações. Tal como no Outono, Inverno e Primavera, o Verão no hemisfério Norte designado pelo termo Boreal.

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VIA CRUCIS UÉVORA 2013/2014 Local: Alpedrinha, Fundão Prazo: 5 meses

Localizada entre a planície de Castelo Branco e a orografia acidentada da Serra da Gardunha, Alpedrinha conta com um vasto património arquitectónico religioso, que desempenha um papel fulcral na identidade da povoacão. Todavia, tem-se verificado nas últimas décadas, um crescente menosprezo por esse património, em particular, uma falta de manutenção ou mesmo abandono das infraestruturas que marcam a procissão da Paixão de Cristo. É com base nesta premissa que se faz o diagnóstico histórico, sociológico e fundamentalmente arquitectónico, na tentativa de entender as singularidades que destacam Alpedrinha das localidades que partilham as mesmas tradições, para traçar soluções e corrigir as situações que têm determinado a decadência paulatina da procissão.


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Conhecida como Terra de mil águas, mil fontes, mil cheiros e mil sabores, Alpedrinha atravessa séculos resistindo às condições que a torna tão singular ao mesmo tempo que a enfada dificuldades. Ultrapassou a escassez de alimentos, epidemias nos campos de cultivo, até invasões, cabendo referir que fora acometida 3 vezes pelas tropas de Napoleão Bonaparte que deixaram um rasto de destruição, saques, mortes, violações de mulheres, crianças e idosos e capelas profanadas numa profusão de fogo e sangue como gesto de vingança pela insureição Beirã contra as tropas napoleónicas, tendo ficado o dia 5 de Julho de 1808 marcado pela ferocidade do batalhão do General Loison, resultando em 30 mortos. Hoje, com a mesma ferocidade registada em tempos, Alpedrinha sofre com o progressivo abandono das festividades religiosas, em consequência do envelhecimento da população, da fuga demográfica do interior do país e das más políticas que foram e ainda vão acometendo esta pequena vila.

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LA MALAHÁ ETSAG 2014/2015 Local: La Malahá, Andaluzia Prazo: 5 meses

Guardada no meio de uma inóspita e seca paisagem à Sudoeste de Granada encontra-se a aldeia de La Malahá (do árabe Al-Mallaha, Terra do Sal). Conhecida desde os tempos romanos como uma terra onde a riqueza brotava do solo por via de um manancial de águas salinas, por outras palavras, era o cofre do império pelo facto do sal ser usado como moeda de troca de bens e serviços (salarium argentum - pagamento em sal). Além do valor económico, era bastante valorizado pelas propriedades terapêuticas e pela qualidade que dava ao garum, uma pasta feita à base de sangue, vísceras de atum, cavala e crustáceos. É no potencial terapêutico e nos registos históricos de que nas imediações existiram uma dúzia de balneários públicos que o projecto se desenvolve, buscando evocar os montes de sal (acumulados após a secagem da água por evaporação) na volumetria do edifício. O programa desenvolve-se pela mesma aleatoriedade aparente com que os montes são feitos e pelo mimetizar da luz reflectida no sal, visto por quem chega quer pelo cerro, quer pela extensa veiga granadina, tornando a peça construída e a salina existente como partes indissociáveis que formam um todo. O aparelho balnear é constituido por uma área de recepção com venda de produtos da salina, banhos quentes, banhos frios, banho-turco, cafetaria e casas de banho. Os vãos encontram-se direccionados para os pontos-chave de leitura do território envolvente, assim como a entrada das termas é feita percorrendo antes toda a extensão da salina, provocando no usuário a sensação de estar a entrar num ambiente singular, que de facto o é.


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Existente: O rio como elemento dissuasor pela infestação de pragas e pelo despejo de lixo urbano O calor como consequência do assoreamento, secagem e poluição do rio


Proposto: O rio como elemento agregador da comunidade local O rio enquanto fonte de microclima aprazĂ­vel

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SOHAIL #1 ETSAG 2014/2015 Local: Fuengirola, Andaluzia Prazo: 5 meses

Pousado numa colina a 38 metros de altura em relação ao mar que se encontra nos seus limites, Sohail é uma fortificação militar árabe construída no início do século X, cuja localização permitia o controlo tanto do mar quanto da terra à sua volta, assim como do rio Fuengirola que até então era navegável. As condições geográficas e estratégicas da colina permitiram desde épocas remotas o seu contínuo povoamento, tendo passado por aquelas terras fenícios, púnicos, romanos, muçulmanos e cristãos. Ao longo dos séculos o castelo sofreu diversas transformações, quer de usos, quer de espaços, sendo a maior, feita a cabo das conquistas cristãs em 7 de Agosto de 1485, em plena reconquista contra o reino Nazarí de Granada, levando a cabo a maior transformação até então. Por ser o epicentro dos interesses estratégicos, em diversas épocas ocorreram inúmeros ataques que ainda hoje estão enraizados na cultura local, como por exemplo as investidas do lendário corsário Barbarroja ou na tomada do castelo pelo exército francês às ordens do General Napoleão. Por fim, os eventos históricos foram ganhando novos contornos enquanto que a cidade foi crescendo e modificando a paisagem envolvente, relegando aquele que era o maior símbolo de poder e soberania no território para o segundo plano. A falta ou o mal planeamento urbano evidente na linha de costa andaluza, transformou o castelo num acessório anacrónico e desligado de todas as relações que um dia justificaram a sua implantação naquele lugar, dado que a vista para o bosque mediterrânico nas suas traseiras fora tomada por uma profusão de edificios de volumetrias e cores distintas, enquanto que a vista para o mar fora interrompida por uma vivenda moderna que ainda hoje quebra e ignora todo o meio envolvente. Por por último, o constante abate da galeria ripícola conduziu ao assoreamento irreversível do rio, cessando definitivamente as relações com do Castelo com o meio.

Se a relação do castelo com o território já estava fragilizada, piorou com a construção da autoestrada que o isolaria ainda mais, tornando-o numa leitura pessoal, num enorme item decorativo que aporta alguma carga simbólica daquilo que um dia significou para a génese da cultura local. Em 1989 foi levado a cabo a reconstrução total do castelo que se encontrava em avançado estado de degradação, numa tentativa de representar a volumetria do século XV. Não se tratando de uma obra de restauro, estima-se que 85% foi construído de raíz, sendo este dado determinante para a fase de projecto, visto não justificar nenhum comprometimento patrimonial histórico, simplesmente por não haver valor histórico na última intervenção feita. Com base nesta análise, o projecto avança no restauro das interrelações castelo-território através dos sistemas visuais, direccionando os principais pontos de vigia situados nas torres de menagem aos respectivos locais do território que justificaram o seu posicionamento na fortificação: o mar, o bosque, o rio e a montanha. Estes espaços irão funcionar em semelhança aos monóculos fotográficos, que são pequenas lupas que quando olhadas contra a luz, ampliam uma pequena fotografia contida no seu interior, com todo o detalhamento possível. No interior do castelo encontra-se também um bar, uma biblioteca, uma sala de exposições, lavabos e um auditório voltado à praça principal, todas elas condensadas numa única infraestrutura que dará suporte a todas as actividades que ocorrem durante todo ano no castelo.


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SOHAIL #2 ETSAG 2014/2015 Local: Fuengirola, Andaluzia Prazo: 5 meses

Partindo da premissa de restabelecer as relações entre castelo-território na fase 1, a fase 2 restabelece as relações entre o território e o castelo, através de uma ponte pedonal que cessa um hiato entre margens de 2km, sendo a própria ponte um local de estadia e de contemplação do castelo. A ponte além da poética, fomenta a vivência das margens do rio, que actualmente conta com equipamentos desportivos públicos instalados em duas fases da recuperação que visava a domestificação da foz do Fuengirola, decorridas entre 2011 e 2015. Embora necessária, a intervenção pecava na mobilidade entre margens, fazendo da margem direita a menos usufruida, visto que a oposta marca o fim da paisagem urbana, dando lugar às dispersas infraestruturas comerciais e industriais.


O exercício de ver, observar e contemplar: três palavras do mesmo campo semântico, cada uma despontando a sua própria força, força essa que emana deste território, seja pela sua história, seja pela sua paisagem marcada pelos contrastes naturais e antropogénicos. 53


A ponte apropria-se das escadas e das rampas pousadas em ambas as margens, apoiando-se nos patamares superiores que servem de saída do leito do rio. A ponte neste contexto é mais que uma mera passagem, é ponto de estadia e de contemplação da envolvente.


1:2000

Infraestrutura prĂŠ-existente

Infraestrutura proposta

1:2000

Resultado

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i:6,19%

estructura propuesta

i:5,88%

estructura preexistente

1.70

6.20

1.70

espacio de contemplación

estructura preexistente

contrahuela: 0,18 huela: 0,28 descanzo: 1,20m desnivel: 4,50m cota + alta: 6,20 cota + baja: 1,70 nº de pasos: 25

6.20

rejilla de acero inoxidable con césped de festuca ovina

contrahuela: 0,18 huela: 0,28 descanzo: 1,20m desnivel: 4,50m cota + alta: 6,20 cota + baja: 1,70 nº de pasos: 25

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BANHOS TERMOELÉCTRICOS UÉVORA 2015/2016 Local: São Torpes, Sines Prazo: 10 meses Parceria: Rodrigo Levita

Sendo o sistema de adução e rejeição da Central Termoeléctrica um elemento fracturante do território sinense, em que é clara a divisão da paisagem natural da industrial, a proposta passa por levantar as potencialidades desta ferida e revertê-la para o uso público, aproveitando a água devolvida ao mar que é previamente aquecida pelas turbinas a montante, em espaços de banhos quentes salinos. A proposta centra-se na transformação de dois dos três molhes para a implantação de um sistema de banhos públicos e privados, tal como toda a infraestrutura que dará suporte às actividades lúdicas supracitadas, sendo elas um posto de primeiros socorros, um bar, casas de banho e chuveiros. Este corpo construído será a rótula de toda a lógica balnear proposta para o sistema de rejeição das águas quentes. Pretende-se que este enorme Não-Lugar seja habitado e assuma um carácter não só para a população do Concelho de Sines, como para todos aqueles que por ela passarem. O resultado desta intervenção será fruto da conjugação de elementos industriais e naturais fortemente coexistentes no local: A Central Termoeléctrica e o início da Costa Vicentina que se estende a Sul. Da primeira aproveita-se a água salina quente, a electricidade e as cinzas rejeitadas que serão usadas na pigmentação de todo o corpo construído. Da segunda tem-se o aproveitamento da flora local para um programa específico de banhos aromáticos e claro, da enorme qualidade paisagística que por si só é um forte elemento de atracção de populares. Por oposição ao aparelho balnear que está contida numa atmosfera fechada, as piscinas encontram-se ao céu aberto, estando a totalidade do complexo balnear no eixo que separa os dois temas principais da paisagem local: A Indústria e a Natureza.


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Na fase da análise do território sinense, o olhar desviou-se para uma forte evidência ainda em desenho, a qual confirmou-se no local, de que ocorre naquele território uma brusca quebra de realidades ou por não dizer, de paisagens. À Sul temos as belas e extensas praias da Costa Vicentina, que apela à flora Atlântica de Portugal toda a exuberância que se pode obter pelo olhar e pelo olfato. À Norte, no sentido Porto Covo - Sines a paisagem até então aprazível e familiar, transforma-se numa paisagem distópica quase em semelhança à realidade dos irmãos Wachowski, onde as grandes máquinas metálicas ocupam o horizonte. A estranheza é amplificada à noite, quando deparamos com um mar de pequenas luzes a pairar no céu, indicando a volumetria e a existência dos novos protagonistas daquela centenária terra. Essa descontinuidade funciona como uma rótula, e é nela que se situa a Central Termoléctrica, que recebe e despede em simultâneo quem entra e sai de Sines. Esta afirmação na paisagem é o ponto de partida para uma investigação mais aprofundada, visando obter mais conhecimentos acerca das interrelações naturais-industriais locais e é nela que vemos um enorme potencial até então desprezado: os sub-produtos da central. A água salgada quente, as cinzas resultantes da queima do carvão e a electricidade irão trilhar todo o percurso projectual adiante.

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“O abastecimento de carvão é feito a partir do cais mineraleiro do porto de Sines (...) cuja capacidade de armazenagem de 1,5 milhões de toneladas é equivalente a 5 meses de funcionamento...a plena carga”

Iniciada em 1979, terminada em 1989, e feita a entrada ao serviço do primeiro grupo em 1985, trata-se de uma Central de produção de electricidade convencional que utiliza como combustível, o carvão fóssil importado, sendo a central de maior potência instalada no país e a primeira a queimar carvão betuminoso importado. A decisão da sua construção insere-se na estratégia de diversificação de fontes de energia primária para a produção de energia eléctrica, após as crises petrolíferas de 1973 e 1979 que provocaram um enorme aumento nos custos dos produtos petrolíferos. Constituída por quatro grupos, cada um forma uma unidade produtora autónoma com gerador de vapor, turbina, alternador e transformador, debitando potência num total de 1256 MW em 4 grupos de 314 MW, com um consumo unitário de 116 t/h à carga nominal com carvão de 27600 kJ/ kg, o que em laboração permanente pode atingir um consumo total diário de cerca de 11000 toneladas de carvão. O abastecimento de carvão é feito a partir do cais mineraleiro do porto de Sines, por tapete transportador coberto até ao parque de carvão, cuja capacidade de armazenagem de 1.5 milhões de toneladas é equivalente a 5 meses de funcionamento da Central a plena carga.

COMPARAÇÃO DE CAUDAIS Dados do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH) Rio Mira: 2,94 m3/s Rio Sado: 8,70 m3/s Central Termoeléctrica de Sines: 10 m3/s Rio Tejo: 315,20 m3/s Rio Douro: 903,0 m3/s Rio Amazonas: 209.000,00 m3/s

QUANTO À MINERALIZAÇÃO Águas Hipossalinas: Mineralização total inferior a 200 mg/l Águas Sulfúreas: São as que contêm formas reduzidas de enxofre Águas Cloretadas: São aquelas cujo ião dominante é o cloreto Águas Sulfatadas: São aquelas cujo ião dominante é o sulfato Águas Hipersalinas: Mineralização total superior a 2000 mg/l

A energia eléctrica produzida na Central é lançada na rede de transporte através de linhas de alta tensão, a 150 kV para o 1º grupo e a 400 kV para os restantes grupos. A Licença de Estabelecimento foi concedida em Março de 1981 tendo a entrada em serviço industrial ocorrido em 1985, 86, 87 e 89, respectivamente para os 4 grupos.

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“(...) o caso de certo formoso queijo com buracos no qual, ainda que os buracos não alimentem, eles são indispensáveis para a total definição das suas características. (...) o espaço que se deixa é tão importante como o espaço que se preenche.” Fernando Távora, Da Organização do Espaço

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REVISTA CHP Construir, Habitar, Pensar UÉVORA 2015/2016 Prazo: 5 meses

A Revista CHP é um projecto do Departamento de Arquitectura da Universidade de Évora, sob a docência do filósofo Jorge Croce Rivera, direccionada aos “jovens arquitectos portugueses”, onde são lançados os artigos de futuras dissertações de mestrado, assim como entrevistas aos docentes e profissionais da área, notícias do mundo arquitectónico, publicidades e outros dados relevantes para o insumo final. Dos 5 temas globais lançados, coube aos dissertandos enquadrar o seu caso de estudo dentro de uma das 5 possíveis, ficando a função do editorial contextualizar e organizar os temas por critérios pré- estabelecidos. A minha participação na revista foca-se no design da capa, assim como do logotipo e na elaboração das entrevistas do 4º tema, “Cidade, campo, velhas questões, novas perspectivas” A Revista CHP materializa-se e assume-se como ponto de partida para futuros trabalhos desta natureza no departamento.


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