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sumario Clique para ir direto às páginas!
Bahia é plural empoderar: um verbo de ação o rap é fxda pag. 06
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a vez das minas pag. 12
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SOM DAS MINAS
bruna mc janaína noblah emmer'c duquesa agradecimentos pag. 18
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Editora, diagramadora e idealizadora victór ia lima orientador prof. Sérgio Sobreira
colaboradoras janaína noblah bruna mc jéss ica arcan jo emmer carvalho tulipa negra cr iolafro storm duquesa s issy cerqueira mar iana mendes
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faculdade de comunicação un ivers idade federal da bahia
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carta da editora Quando eu tinha 14 anos, minha melhor amiga virtual me indicou uma música aleatória que ela gostava muito, era “Eu Gosto Dela” do Emicida. Não tinha nada a ver com as coisas que eu escutava na época, mas amei o som desde a primeira vez que ouvi. O Emicida (e a Isa e o meu irmão também, que já ouvia rap antes disso), colocou o rap na minha vida e de 2010/2011 para cá, esse gênero musical ganhou ainda mais espaço na minha vida e na minha playlist, tanto que virou tema do meu TCC. Escolhi o empoderamento feminino no rap baiano como tema do meu TCC quando fiz um quiz no Spotify e descobri que apenas 4% dos artistas que escuto na plataforma eram mulheres. Depois desse teste, parei para analisar também as mulheres que eu ouvia no rap nacional e o meu pouquíssimo conhecimento sobre a cena local, o que me deixou ainda mais convencida a trabalhar este tema. Identificar essas mulheres no começo não foi fácil, uma simples busca no Google/YouTube não era o suficiente. Foi necessário uma pesquisa no perfil de artistas que eu já conhecia, identificando fotos de eventos de rap e encontrando outros perfis. Foi assim que conheci cada uma delas. O rap tem um poder muito claro na minha vida: ensinar. Mesmo que muitas letras não representem a minha realidade, me fazem entender a dos outros, abrindo a minha mente e me fazendo sair da minha bolha. Como canta Rael em “Descomunal”, “a mente que se abre pra uma ideia, nunca mais voltará a seu tamanho original”. Eu continuo aprendendo todos os dias e aprendi ainda mais com esse projeto. O processo inteiro foi desesperador, porém incrível. Espero que vocês gostem e possam admirar ainda mais o trampo dessas meninas.
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Bahia é
plural
Eu sou do estado que é cantado e retratado em centenas de músicas. Um estado de 564. 733,177 km2, maior que a França. A Bahia encanta não só quem vem de fora, mas que vive aqui também. Que a cultura baiana é considerada uma das mais ricas e diversificadas do país não é novidade. Temos nosso próprio modo de falar, nossa culinária, nossas festas, obras religiosas e uma enorme pluralidade musical. Embora o axé e o pagode sejam considerados por muitos os principais ritmos musicais da Bahia, o estado é o berço de vários outros gêneros, como samba, arrocha e samba-reggae. Até mesmo os ritmos que não foram criados aqui, ganham características novas, como é o caso do próprio pagode.
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A Bahia tem uma riquíssima história em todas as vertentes. Temos de tudo: do som do berimbau às batidas dos DJs; da tranquilidade do MPB até o “mete dança” do nosso pagodão; das rimas do rap ao “tira o pé do chão” do axé. Tem Bossa Nova, Reggae, Samba, Forró, Afoxé. A Bahia é um verdadeiro caldeirão, com música para todos os gostos e pessoas. Daqui saíram muitos nomes de sucesso que vão além de Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Bell Marques e Léo Santana. Rodolfo Carvalho, Maglore, ÀTTOOXXÁ, Baiana System, Novos Baianos, Zé Ramalho, Pitty, Gilberto Gil, Riachão, Simone e Simaria, Maria Bethânia, Dorival Caymmi, Baco Exu do Blues, Caetano Veloso, Raul Seixas, entre muitos outros que marcaram e marcam a música nacional,
são nascidos e criados nessas terras. Não é à toa que dizemos “baiano não nasce, estreia”.
"A Bahia tem
um jeito Que nenhuma terra tem! Dorival Caymmi
”
Empoderar: Segundo o dicionário Houaiss, empoderamento é o ato ou efeito de dar ou adquirir poder ou mais poder, sendo, portanto, um conceito chave para todos os movimentos que visam mais oportunidades para minorias. O termo empoderamento começou a ser usado pelos movimentos sociais, incluindo o feminismo, nas primeiras décadas do século XXI. É importante ressaltar que feminismo e empoderamento feminino não são sinônimos. O feminismo é um movimento social que surgiu no século XIX, quando as mulheres começaram a ter consciência das desigualdades que sofriam. Elas reivindicavam direitos iguais e mais oportunidades em vários segmentos. Foi graças a essas lutas que conquistamos direitos importantes, como o voto (1918), a igualdade jurídica (1971), o trabalho sem permissão do marido (1962) e o Dia Internacional da Mulher (1910). Já o empoderamento feminino é uma consequência do feminismo, e pode ser entendido, basicamente, como um conjunto de ações que visam fortalecer as
UM VERBO DE AÇÃO
mulheres e a equidade de gênero. Entretanto, equidade aqui deve ser encarada não somente como igualdade, mas sim como justiça. O empoderamento, então, nada mais é do que tomar consciência do nosso próprio poder e dos espaços que podemos ocupar. Estamos inseridas desde pequenas em uma sociedade machista, onde somos ensinadas
a nos tratarmos como inimigas e a distinguir coisas que mulheres podem ou não fazer. O empoderamento vem para ser um processo de desconstrução do patriarcado, levando mulheres a alcançarem os seus direitos e atuarem em áreas que antes eram dominadas pelos homens.
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empoderar: um verbo de ação Em 2010, a ONU estabeleceu 7 princípios que ajudam a colocar o empoderamento feminino em prática. São eles:
1.
Estabelecer liderança corporativa sensível à igualdade de gênero, no mais alto nível.
2.
Tratar todas as mulheres e homens de forma justa no trabalho, respeitando e apoiando os direitos humanos e a não-discriminação.
3.
Garantir a saúde, segurança e bem-estar de todas as mulheres e homens que trabalham na empresa.
4.
Promover educação, capacitação e desenvolvimento profissional para as mulheres.
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5.
Apoiar o empreendedorismo de mulheres e promover políticas de empoderamento das mulheres através das cadeias de suprimentos e marketing.
6.
Promover a igualdade de gênero através de iniciativas voltadas à comunidade e ao ativismo social.
7.
Medir, documentar e publicar os progressos da empresa na promoção da igualdade de gênero.
Empoderar é um processo diário de enaltecimento tanto individual, quanto coletivo. É não nos vermos como inimigas, agindo com sororidade, ajudando umas as outras. É saber que podemos tudo e podemos mais ainda se estivermos todas juntas. É não reproduzir atitudes machistas e, mais que isso, conscientizar os outros. É uma reação em cadeia: a cada nova mulher empoderada, o efeito se estende. Só agindo podemos acabar com o patriarcado.
o rap É FXDa ORIGEM
O rap, um dos segmentos do movimento Hip Hop, surgiu na Jamaica, nos anos 60, e foi levado pelos próprios jamaicanos para os Estados Unidos, na década de 70. Poucos anos depois, o rap chegou ao Brasil, principalmente no estado de São Paulo. A principal característica do rap é retratar e dar voz a minorias, fazendo fortalecer a igualdade e a sensação de pertencimento a sociedade. Através das rimas, o rap abre espaço para debates que são essenciais na sociedade, como racismo, violência e questões políticas. Tendo como significado “Ritmo e Poesia”, o rap era originalmente marginalizado, ocupando as favelas e não o centro. Num segundo momento, o gênero musical começou a ter espaço na indústria fonográfica brasileira, mas sem nenhuma ajuda da mídia. Na cena nacional, principalmente paulistana, podemos perceber que essa realidade
já mudou e as rimas vêm ganhando o seu espaço nas grandes mídias, como jornais e TV. Vemos muitos rappers em ascensão, como Emicida, Djonga, Froid, Rael e Baco Exu do Blues, que ocupam espaços onde até então o rap não conseguia.
RAP BA
O rap chegou na Bahia na década de 80 e agora está em busca do seu fortalecimento. As rimas e ritmos do que é cantado aqui se difere do rap paulistano. As letras são mais agressivas, principalmente por retratar uma realidade diferente de São Paulo. Atualmente, temos em destaque o rapper Baco Exu do Blues, que vem lotando shows em várias cidades do Brasil com a turnê do seu último disco “Bluesman”. Diogo, o Baco, não é o único baiano dessa cena, como a invisibilidade dos outros nomes na mídia faz parecer.
Como mostrado no documentário “Salcity – Rap de Salvador 071”, há uma desvalorização da produção local. A mídia baiana só dá visibilidade a novidades dos rappers de fora, o mesmo acontece com os eventos que possuem maior estrutura. Quando vemos eventos de rap com pessoas da cena local, geralmente foram os próprios rappers que organizaram. Nem mesmo os consumidores do estilo musical conhecem as pessoas que compõem a cena da Bahia e ter acesso a isso é muito difícil.
PRA DAR O PLAY! DOCUMENTÁRIO SALCITY - RAP DE SALVADOR 071
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O RAP É fxDA a resistência dentro da resistência Por muito tempo o rap era formado unicamente por homens. Junto com as lutas e o empoderamento feminino para conquistar a igualdade de direitos na sociedade, veio também a reivindicação do espaço feminino dentro do movimento. Algumas mulheres começaram a ter um pequeno espaço na cena, mas para isso precisavam masculinizar a sua aparência física. Elas não se sentiam representadas sequer dentro de um movimento de resistência. O rap, que deveria ser contra a opressão, acabou sendo um reflexo do mundo machista em que vivemos até hoje. Dentro desse cenário de exclusão feminina, ainda existem letras de raps cantadas por homens que são extremamente machistas, que objetificam a mulher. O mesmo acontece durante as batalhas de rima. O caso mais comentado recentemente foi da música “Preguiça”, do rapper Xamã com participação de Costa Gold, onde Nog (integrante do Costa Gold) faz apologia ao estupro em um dos seus versos.
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Cynthia Luz
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Flora Matos
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Drik Barbosa
As rimas das mulheres no rap trazem realidades que não são citadas pelos homens, como o feminicídio, violência doméstica e desigualdade de gênero. Mesmo dando voz a questões pertinentes, as vivências femininas são vistas como inferiores às dos homens. Não apenas o rap, mas todo o movimento Hip Hop, é um espaço que deve trazer às mulheres ainda mais empoderamento, cumprindo seu objetivo de dar voz a minorias. No cenário nacional, a presença feminina vem crescendo aos poucos. Hoje, temos Cynthia Luz, Lourena, NaBrisa, Drik Barbosa, Flora Matos, Azzy, Karol Conká, Negra Li, e outras, crescendo, tendo visibilidade e fazendo de cada espaço conquistado um lugar de luta Mas, se nem nacionalmente as mulheres possuem voz suficiente, imagine na Bahia, onde essa não é a realidade nem dos homens. Existem, sim, mulheres incríveis no cenário local, que vêm, a cada dia mais, se impondo, participando de batalhas e promovendo eventos. Tive a super honra de bater um papo com algumas delas e vocês poderão conhecer suas histórias e vivências a partir daqui.
PRA DAR O PLAY! PLAYLIST RAP NACIONAL FEMININO
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A vez das Minas tá na casa!
Fundado em Feira de Santana, o coletivo A Vez das Minas é formado por Lina Macêdo (Storm), Thamires Santos (Criolafro) e Lavínia Souza (Tulipa Negra). Três mulheres negras que trazem nas suas rimas denúncias de machismo, racismo e LGBTfobia.
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Tudo começou quando Tulipa recebeu um convite para realizar um evento de mulheres e chamou Storm e Criolafro para fazerem parte. O “A Vez das Minas” então surgiu na forma de evento e só depois passou a ser um coletivo. Segundo Storm, foi tudo muito espontâneo e especial “Não éramos amigas, eu conhecia Criolafro de alguns rolês e não ia muito com a cara de Tulipa, mas acabamos nos tornando grandes amigas e parceiras”, conta. Storm, de 24 anos, sempre amou o rap, mas nunca imaginou que um dia iria ser rapper. A primeira poesia marginal que ela escreveu foi para o evento A Vez das Minas, antes disso escrevia poesias clássicas, inspiradas na 2ª fase do romantismo. Só depois, ela escreveu o seu primeiro rap, sendo incentivada por Tulipa e Criolafro. Seu estilo é uma mistura da black music dos anos 90s, hip hop atual e das baddies. “[O rap] é o meu desabafo, é como ponho pra fora tudo aquilo que me fere e vejo de errado, é como eu denuncio as opressões que cercam a mim e a meu povo. Rap é o meu grito. Tem um irmão nosso de rap que diz o seguinte: ‘rap é ferramenta’. E eu concordo.” Tulipa Negra é a mais nova do trio, com 18 aninhos. Antes do rap, Tulipa cantava na igreja, quando conheceu o som de Duquesa, outra rapper baiana. “Aqui em Feira de Santana quase não se via mulheres fazendo som no rap.
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"Eu sou a mulher preta que vim pra confrontar machista. Falo o que dar na teia, não gostou deita na pista. O papo é de mensagem pra contrariar sua mente. Sou a própria mensagem, vou plantar minha semente"
Luxo e muito ouro Depois de um tempo, passei a frequentar bem mais os eventos de hip hop da cidade. Um certo dia, rolou uma batalha e eu cantei uma música com um amigo. Tinha um rapaz assistindo, ele queria formar um grupo, me chamou, e eu, louca, embarquei na viagem de fazer rap”, conta. No estilo e na música, Lavínia se inspira em muitas mulheres, como suas parceiras do coletivo, Arminina Coletivo, Jorja Smith, Lauryn Hill, Clara Lima e Helena Vieira. Criolafro, de 19 anos, teve o pai (que é cantor e compositor) como inspiração para entrar no mundo da música. Vinda de uma família evangélica, começou a cantar na igreja, assim como Tulipa. Aos 13 anos, Thamires passou a frequentar os eventos de hip hop. Desde esse dia
comecei a estudar mais sobre esse ritmo musical, comecei a escrever poesias marginais, a declamar nesses eventos e já se vão 2 anos que entrei na cena”. Além do pai e da mãe, suas maiores inspirações são mulheres da cena local, como Janaína NoBlah, Áurea Semiséria e
Má Reputação. “Conheci mulheres incríveis, cada uma com suas lutas, seu corres, seus focos. Estamos nos munindo e unindo, cada dia mais, o que é extremamente importante e necessário, unir nossas forças e não baixar mais a cabeça pra essas regras que nossa sociedade impõe”, afirma Thamires. Embora sejam apaixonadas por fazer rap, as três contam que aqui na Bahia as coisas ainda são muito difíceis, mesmo a cena tendo crescido muito. “Infelizmente, as pessoas consomem e dão mais credibilidade aos MCs de fora do que aos da própria casa. Talvez, deixe a cena mais visível, na visão de alguns, mas nós pensamos que se o foco estivesse aqui, se o rap baiano focasse no rap baiano, estaríamos anos à frente, pois talento a Bahia tem!”, diz Tulipa.
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O machismo é uma realidade enfrentada pelo coletivo, sempre. O mais frequente é desmerecer as vivências trazidas em suas rimas, tratando como “mimimi” e vitimismo, muitas vezes partindo até para xingamentos. Os relatos são muitos, desde serem mal recebidas nos eventos (disponibilizando apenas dois microfones, sendo que elas são três) até ter o som desligado no momento da apresentação, como contou Criolafro: “Certa vez, fomos chamadas para cantar em um evento, o técnico de som estava sentado no bar, e me ofereceu uma cerveja, não aceitei e fui me apresentar. Quando eu estava lá declamando,
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ele simplesmente desligou o som, alegando que estava muito alto o volume. O que na verdade aconteceu foi que ele não gostou de receber um não”. Esse preconceito não vem apenas por parte dos produtores, muitas vezes o público dos eventos demonstram desapontamento por serem mulheres no palco. “Como a gente põe o dedo na ferida e denunciamos machismo, racismo e LGBTfobia, muita gente se ofende porque veste a máscara, então não somos nada agradáveis para estas pessoas. Mas já estamos acostumadas, estamos resistindo desde que nascemos”.
“Estamos resistindo desde que nascemos.” Storm
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LUXO E MUITO OURO PRODUÇÃO: HAYLLAN CAPTAÇÃO: CROSSOVER ESTÚDIO MIX/MASTER: CROSSOVER ESTÚDIO EDIÇÃO: KAUÃ GUARANI E VAL MALOCA IMAGENS: CAROLINY CARNEIRO ROTEIRO E DIREÇÃO: A VEZ DAS MINAS
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VOZ E COMPOSIÇÃO: A VEZ DAS MINAS PRODUÇÃO: NEON BEATS CAPTAÇÃO: CROSSOVER ESTÚDIO MIX/MASTER: CROSSOVER ESTÚDIO
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BRUNA MC “Eu não devo ouvir rap, não é música pra minha idade. É preciso ser adulto pra escutar a realidade?”. Estes são versos cantados por Bruna MC, de 10 anos, que é natural de Salvador, mas agora vive em Lauro de Freitas. Como qualquer criança, Bruna vai à escola, gosta de brincar, comer, estudar, assistir TV e, principalmente, cantar rap. Ela já toca vários instrumentos, como violão, teclado, pandeiro e agogô. Seus shows geralmente acontecem aos finais de semana e as batalhas de rap nas sextas, o que facilita para conciliar a rotina escolar e os eventos. “Eu não acho complicado [conciliar] não, quem acha é minha mãe que tem que me levar para os lugares. Eu gosto da minha vida porque é tudo organizado e ao mesmo tempo uma bagunça, e eu gosto de bagunçar”. Sua mãe, Jéssica Arcanjo, de 28 anos, é sua maior inspiração e incentivadora. Ela começou a escutar rap com 13 anos e ensinava as músicas para a filha.
A trajetória de Bruninha no rap começou quando ela tinha 7 anos e começou a frequentar os eventos do gênero musical. A partir daí, Jéssica começou a postar os vídeos da filha nas redes sociais. “As pessoas gostavam quando eu cantava as músicas e aí foram compartilhando, e eu fui gostando também”, conta a rapper, animada. Depois disso, ela pediu a mãe para começar a escrever as próprias músicas. A primeira delas, RAP BA, fala sobre rappers baianos e sobre crianças poderem cantar rap. “Quando ficou pronta, eu falei: ‘nossa isso vai dar muito certo, isso tá muito bom.’ Foi quando eu percebi que ela realmente tinha nascido pra isso. Quando Bruna gravou a música, muita gente falou sobre ela fazer uma música exaltando outros MCs, porque aqui em Salvador a preocupação sempre foi ser melhor do que o outro, e quando chega uma criança exaltando os outros, foi um diferencial. Talvez por isso as pessoas tenham gostado tanto”, lembra Jéssica.
Na Bahia tem RAP, Pode conferir! Até curto RAP de fora, Mas amo o RAP daqui. RAP BA
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Desde então, Bruninha já apareceu nos programas Mosaico Baiano, Profissão Repórter, BATV e já deu inúmeras entrevistas, além de já ter cantado em quase todos os bairros de Salvador, em batalhas de rap e pocket shows, já tendo participado até do mesmo evento que o MV Bill. Mesmo sendo muito nova, ela já consegue perceber a falta da representatividade feminina nos eventos que participa. “Eu vejo mulher indo no evento para curtir, mas não vejo cantando. Eu acho que os homens deveriam colocar mais mulheres nos eventos. E que as mulheres se inspirassem em outras mulheres”, afirma.
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Com uma lista enorme de referências contendo nomes como Bruxas Gang, Cynthia Luz, Janaína NoBlah, Mirapotira, Cíntia Savoli, MV Bill, A Febre, Froid, Brazza, e Nova Era, Bruna parece não ter dúvidas sobre qual o seu intuito fazendo rap: ser incentivo e inspiração. “Quero inspirar todas as meninas, todas as crianças e adultos também a fazerem o que é certo, lutar pelos seus direitos, protestar e não ficar calado”.
"Hoje a Bruna é um agente transformador e outras crianças se espelham nela. É muito trabalho, é muita correria, mas é muito gratificante." jéssica, mãe de bruna
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RAP BA BEAT: ANDRÉ L.A. PROD: TERROR DA LESTE IMAGENS E EDIÇÃO: D IDEIA
DE QUEM E´ A CULPA? C/ FELZEM MC
BEAT: ANDRÉ L.A GRAVAÇÃO\MIX\ E MASTER: PELA ORLA MUSIC IMAGENS: GANGS-Z
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Janaína NoBlah
“Pode vim, vem, sem blah blah blah”. Esse é um verso cantado por Janaína NoBlah, de 23 anos. O nome artístico da rapper é uma alusão a esse trecho da música “100 Blah”, se referindo às conversas sem conteúdo. Jana é da cidade de Saúde, no interior da Bahia, mas já morou em Senhor do Bonfim e em Salvador, onde está há 9 anos. Desde pequena, Janaína já gostava muito de todos os tipos de arte, principalmente de escrever, e sempre foi incentivada pelo avô. Raggae e rap sempre foram seus gêneros musicais preferidos. “As letras mexiam muito comigo, pois retratavam a desigualdade que nunca consegui engolir como algo banal. As mensagens de protesto e desabafo eram algo que não via em nenhum outro ritmo como via no rap de forma tão explícita, sempre me trazendo aprendizado e reflexões”.
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Mas a vida de NoBlah no rap começou mesmo depois que ela veio morar em Salvador e passou a frequentar os eventos de Hip Hop locais. “Comecei a enfrentar meus medos e bloqueios em prol de viver um sonho. Fui aprendendo os processos de como produzir e ser uma artista na prática, com erros e acertos e, claro, a partir dessa decisão fui buscar mais sobre a história do Rap e a essência que ele traz”. Vencedora da primeira batalha de freestyle nacional feminina, em 2016, ela traz referências de Racionais MCs, Sabotage, Camila CDD, Mira Potira, Dina Di, Lay, Edson Gomes, Mato Seco, Ponto de Equilíbrio e Criolo. No decorrer da carreira já abriu shows de Tássia Reis, MV Bill, Síntese e alguns artistas locais.
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Janaína foi a vencedora da I Batalha de Freestyle Feminina, que aconteceu em São Paulo. NoBlah venceu Clara Lima na final.
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Para NoBlah, a Bahia é um lugar de muita arte e muitos grupos de rap bons que dão inspiração, mas, como apontado por todas as outras rappers entrevistadas, o público não frequenta os eventos de artistas locais quando não há atrações de fora na line up. As barreiras a serem enfrentadas são muitas, desde ser mulher e artista independente, até julgamentos sobre a aparência dela. “Algumas pessoas me julgam “paty” pra cantar rap, mas a maioria que julga nem me conhece”, conta. Além disso, ela também já sofreu assédios dentro do Hip Hop. “Já fui chamada pra fazer feat ou trabalhos onde o homem demonstrou em seguida que tinha segundas intenções,.Já fui julgada pela minha roupa e desrespeitada em eventos. Não passo pano pra assédio, não me calo e não abaixo minha cabeça.” Outra percepção dela em ser mulher no rap baiano, é a falta de representatividade feminina na line up dos eventos, sendo que há muito tempo o público de rap também é composto por mulheres.
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“As minas questionam evento no qual não se tem uma representatividade, pois sabem que nós estamos no ‘corre’ e não é de hoje. Evento sem mulher na line é a representação da invisibilidade presente”, afirma. No mês de abril, foi feita uma campanha contra um evento local em que a única mulher da programação era artista de fora. Assim é possível notar que a valorização do artista local está começando a surgir. Jana aponta ainda a importância das rimas femininas no rap, pois trazem a representatividade e empoderamento, mostram para a mulher que ela é dona de si e que não deve tolerar nenhum tipo de opressão. Muitas das músicas dela são diretamente para mulheres, o que torna ainda mais gratificante receber um elogio de pessoas que se identificam com suas rimas. “O público em si abraça a ideia, pois entende a importância da mensagem numa sociedade onde o machismo é causa para diversas agressões e até mortes. Quando não compreendem, acham que é vitimismo, “mimimi” e desfazem da mensagem, só fica evidente que a causa é real”, explica.
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“O rap é minha vida, é onde eu canto minhas vivências e meus sentimentos. É a forma que eu fico cara a cara com meus medos e descubro minha coragem. O rap me ensina a ser um ser humano melhor a cada dia, é minha livre expressão, é o amor em ação. “
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fire PRODUÇÃO MUSICAL: MDN BEATZ
aliad as C/ TULIPA NEGRA BEAT: HAYLLAN BEATS GRAV, MIX, MASTER: FAUSTINO BEATS DIREÇÃO, FOTOGRAFIA, EDIÇÃO, FINALIZAÇÃO: RAMIRES AX
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EMMER ‘C “É a minha maior ferramenta de expressão, é onde eu tenho a liberdade de me expressar através da minha música.” É assim que Emmer’C (25) descreve o papel do rap na sua vida. Mãe, graduanda em Turismo, MC, artesã e costureira, Emmer Carvalho é de Eunápolis, no extremo sul da Bahia. Desde pequena, ela teve contato com a música através do pai e dos irmãos, cresceu ouvindo Racionais MC, Câmbio Negro, Facção Central e Gabriel Pensador dentro de casa. Seu pai é amante da música clássica e do romantismo, além de ser poeta. O irmão mais velho
tinha uma banda de garagem e o do meio sempre ouviu rap. Aos 12 anos, Emmer começou a escrever as suas próprias músicas. “Escrevia sobre amor, mas somente 5 anos depois, no ensino médio, que comecei a escrever rap, por influência de um amigo que já atuava no movimento hip hop, e me fez acreditar que eu também
podia fazer parte daquilo”. Suas maiores inspirações são os amigos da cena de Eunápolis. Ela faz parte de um coletivo chamado KBSativa MC’s, que inicialmente era formado por Nettox, Danilow e ela, mas, devido a uma proposta de trabalho, Danilow precisou se ausentar do grupo. “O KBSativa Mc’s surgiu em um grupo de WhatsApp (A Raspa do Som), onde um amigo em comum meu e do Netto me colocou no grupo, pois lá os amigos dele falavam e compartilhavam som de raps, e como na época eu já rimava ele achou que eu tinha tudo a ver.”
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O primeiro som do coletivo foi “Quem viu, viu”, escrito no primeiro encontro entre os três. Hoje, o KBSativa MC’s possui dois EPs lançados: Boas Novas (2016) e Utilidade Pública (2018). Para ela a invisibilidade enfrentada pelas mulheres na cena é culpa tanto dos MC’s, que negam o direito de fala, quanto do público, que não acreditam em suas vivências, e dos produtores, que não dão espaço nos eventos. Emmer aponta que a união das mulheres no rap é um dos meios de mudar a invisibilidade dentro da cena. “Vejo ainda muitas mulheres abordando temáticas aos quais faltam com sororidade para com as mesmas, como por exemplo versos que citam a mulher como inimiga, como se fosse
uma disputa de ego, sendo que a ideia é que a gente se una e se ajude. Vivemos ainda em uma sociedade patriarcal, onde o tempo inteiro sofremos violência física, estética e psicológica, é triste ver mulheres agredindo outras mulheres verbalmente. Então, eu acredito que quando todas nós abraçarmos a ideia uma das outras o movimento tomará mais força”. Emmer fez pouquíssimos shows na cidade em que vive. Lá, segundo ela, o movimento do Hip Hop não é valorizado e ainda é criminalizado. Além disso, para ela a mídia baiana se fecha para o rap. “O que passa na TV e mídias locais é o rap gourmetizado onde o morador da periferia não tem acesso, oportunidade de ir a um show, por exemplo.”
Para exemplificar essa afirmação, a MC citou o show de Criolo que aconteceu em 2018 na vila Caraíva, próxima de Eunápolis, e o ingresso chegou a custar R$ 800. “Como um morador de periferia que é fã do som do Criolo, que compõe o movimento Hip Hop e que também nasceu na periferia pode ter acesso a esse show? A mídia favorece os mais favorecidos”.
“O que passa na TV e mídias locais é o rap gourmetizado, onde o morador da periferia não não tem acesso.”
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na maciota IMAGEM & EDIÇÃO: CAÍQUE AZEVEDO DIREÇÃO: EMMER CARVALHO PRODUÇÃO/GRAVAÇÃO/ MIXAGEM/MASTERIZAÇÃO: NIBIRU REC
bad girl KBSATIVAS MC’S
PRODUÇÃO E DIREÇÃO: GABRIEL PIRES PRODUÇÃO/GRAVAÇÃO/ MIXAGEM/MASTERIZAÇÃO: NIBIRU REC BEAT: ZZZ BEATS/FAC TUAL CLÃ
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Duquesa Com referências que vão de Dolores Duran (famosa nos anos 40 e 50) a Djonga, Jeysa Ribeiro, ou melhor, Duquesa, de 19 anos, é conhecida no cenário do rap de Feira de Santana, onde mora.
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Thainá Senna/ Divulgação
A feirense entrou no rap por incentivo de um ex-namorado que percebeu o talento dela para o gênero musical e começou a incentivá-la. “Me jogaram nisso literalmente, eu comecei a ter amizades que estavam no meio do movimento hip hop na minha cidade e acabei curtindo”. Apesar disso, Jeysa quer pluralizar a sua música, produzindo não apenas raps. “Amo música além de rap, mas rap é o resumo do que penso, sinto e quero em forma poesia”. Seu primeiro single, “Dois Mundos”, trata de conflitos internos e do preconceito social sofrido pela periferia. As rimas de Duquesa trazem a reflexão do papel da mulher e os espaços ocupados por elas. Para ela, na cena do rap, não há um reconhecimento do público pelo som feminino, o que resulta em menos espaços para outras minas no movimento, indo além de MCs. Ela ressalta que também faltam mulheres por trás de todo processo de produção das músicas. “A mudança tem que vir durante tudo que acontece por trás das artistas que estão em cima do palco, isso sim fortalece muito! Porque, querendo ou não, estamos no palco e entregando nossas músicas, assinando contratos com homens”.
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A rapper já ouviu de um MC local que suas músicas eram inferiores e vitimizadas. Ela conta que já sofreu discriminação por ser mulher, muito nova e não ter a estética comercial. “Uma vez, em um evento com o meu Dj, reclamei da qualidade e ajuste do som que o técnico fez. Ele ameaçou me tirar do palco. Quando os homens subiram, ele não gritou no mesmo tom, não ameaçou desligar o som em nenhum momento, percebemos a forma diferente de tratamento”. Como canta em “Futurista”, Duquesa é porta-voz de minorias e representatividade para as mulheres da cena. “As pessoas precisam ver mulheres tomando espaço e dizendo na sua posição de fala mesmo”.
“Causa estranheza ver uma preta Ocupar o espaço nessa mesa Era previsível eu tinha certeza O futuro é nosso, não entendo a surpresa”. futurista
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dois mundos PRODUÇÃO: HASH PRODUÇÕES MASTERIZAÇÃO: ROBERT BEATMAKER E JC CARNEIRO GRAVAÇÃO: LP ESTÚDIO DIREÇÃO: EDUARDO QUINTELA DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA: ELIELSON PITTA
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agradecimentos Agradeço, primeiramente, às três bases da minha vida: minha vó, Dadá, e minhas tias, Ana Cristina e Ana Luiza. À meu irmão Rogerio, à minha mãe e à minha tia, Ana Patrícia. Duas de vocês não puderam ver de perto onde eu cheguei, mas devo tudo isso a vocês. Sou muito grata por todo apoio, amor e inspiração durante toda a vida. Tudo que sou é por vocês. Ao meu afilhado, Thiago, só por ele existir. Você não tem idade pra ler nada disso, mas é a vida da minha vida, dumbinho. À minha cunhada e comadre, Isis Figuerôa, por todo o apoio e conselhos. Aos meus primos, Enzo Rocha e Mariana Mendes. Eu dividi com vocês o meu gosto musical, mas agradeço aqui pelas sugestões, por serem como irmãos pra mim e torcerem sempre pelo meu sucesso. Ao meu melhor amigo, Marcelo Sant’Anna, por me ajudar durante o processo de escolha do tema e por estar comigo sempre. Nossa conexão é uma das coisas mais lindas que já vi. Almas gêmeas não precisam ser românticas e você é a minha, sem dúvidas. À Sissy Cerqueira pelas sugestões, conselhos e apoio. Obrigada por ter feito esses anos na faculdade muito mais fáceis, você é o meu presente da Facom. Sou muito grata por tudo nesses anos de amizade e por você ser igualzinha a mim. Te amo muito, doida! Ao Emicida, por me colocar no mundo do rap. Sem as suas músicas esse amor não teria crescido e virado inspiração para produzir esta revista. À todos os meus amigos por terem me suportado falando desse TCC o tempo todo, principalmente Mitsuo, Rafa e Dê Martins. Estamos juntaços sempre! À Janaína, Bruninha, Jéssica, Emmer, Storm, Tulipa Negra, Criolafro e Duquesa por dividirem um pouco da vida de vocês comigo e tornar esta revista possível. Ao professor Sérgio Sobreira, pela orientação durante todo o processo. Sem vocês eu não sou. Gratidão e amor infinito!
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“A esperança é uma mulher preta cantando os raps mais pesados do planeta. Depois não vem dizer que eu não avisei.” GABZ
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