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CRÔNICAS DE CASA

CRÔNICAS DE CASA | Victória Novais

CRÔNICAS DE CASA: uma leitura fenomenológica do lar.

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Trabalho Final de Graduação apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Belas Artes sob orientação da Professora Dra. Aline Nassaralla Regino.

São Paulo 2019

Este trabalho trata, em forma de pesquisa monográfica, sobre as relações empíricas e triviais do indivíduo com o espaço habitado. Tendo como base a casa, observam-se elementos subjetivos que envolvem nossa afeição a um determinado espaço construído e seus fundamentos circundantes. Para isso, são utilizadas teorias de análise fenomenológicas, que visam compreender essencialmente questões acientíficas da natureza humana e atribuir ao estudo da arquitetura uma dimensão emocional e onírica academicamente válida.

O presente trabalho final de graduação debruçase sobre o estudo da Casa em sua dimensão subjetiva - como lugar simbólico do habitar - pretendendo compreender, em formatação de pesquisa científica monográfica, as motivações pelas quais nos afeiçoamos a um determinado espaço. Dessa forma, busca-se estabelecer uma análise teórica sobre o habitar humano e suas diversas faces, a fim de alcançar a essência do conceito de lar, suas relações sociais e os diversos meios que refletem esses aspectos.

As motivações para a elaboração deste trabalho, e escolha do tema, estão baseadas na compreensão das relações empíricas do indivíduo com o meio em que habita. Procurando assimilar as

particularidades humanas que envolvem o ambiente residencial. Para isso, procurou-se, através dos princípios da filosofia fenomenológica, pontuar a complexidade da aplicação de tais princípios à arquitetura, expondo as dificuldades que envolvem a pesquisa científica a partir da perspectiva pessoal – aquela cujo dado é subjetivo a um indivíduo.

A dedicação a este tema é, também, de certa forma, uma observação a forma vaga como este assunto é abordado durante o curso de Arquitetura e Urbanismo. Embora haja uma imensa preocupação e discussão sobre a crise habitacional que nos acompanha durante a última década, é mínimo o espaço para discutirmos – como estudantes, cidadãos e profissionais – as questões individuais que levaram nossa sociedade a este ponto.

O principal objetivo desta pesquisa é salientar e descobrir formas mais humanas de praticar a arquitetura, de modo a alcançar a compreensão da dimensão subjetiva do mundo que nos cerca e, que para nós arquitetos, é a principal matériaprima da nossa profissão.

Como ponto inicial do debate sobre o habitar e suas instâncias, foi dedicado o espaço do

primeiro capítulo a recuperação teórica sobre os principais conceitos abordados durante esta pesquisa. Dessa forma, foi estabelecido como base o pensamento de Edmund Husserl, filósofo e matemático alemão, considerado o fundador do pensamento fenomenológico. Logo após, adentrase as discussões conceituais que rondam o debate do habitar. Primeiramente, procura-se compreender os conceitos de lugar e espaço segundo a visão de pensadores da fenomenologia aplicada à arquitetura. Em seguida, é feito o exercício de redução fenomenológica - analisado no primeiro item - de modo a refletir sobre a palavra “habitar”.

No segundo capítulo damos continuidade à pesquisa conceitual dos termos que envolvem o tema. Focando na casa, é estabelecida as distinções entre as palavras casa e lar; além de uma breve análise etimológica que busca justificar o uso da palavra casa, no português coloquial, tanto para o conceito de espaço arquitetônico quanto para o sentimento a ele atribuído. Em seguida, busca-se compreender as ideias de memória, domesticidade e identidade, atribuindo a elas a estrutura principal da sensibilidade do espaço residencial. Como apoio teórico a estes pontos, são utilizadas as obras de Juhani Pallasmaa,

Erica Negreiros de Camargo e Marilena Chauí, em suas respectivas áreas.

Sobre o último capítulo foi concebido espaço para a análise dos dados coletados - em formato de entrevistas - e seus eventuais desdobramentos. De antemão, foi considerada a discussão, sob a perspectiva da teoria fenomenológica, reputadas as diversas informações obtidas durante as entrevistas feitas no decorrer do semestre. Para isso, foi estabelecida uma amostra de oito pessoas a fim de ilustrar os conceitos trabalhados nessa pesquisa, fornecendo histórias reais sobre suas experiências domésticas.

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