Meio Campo | TFG 2019 - Cidade Tiradentes

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TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

M E I O C AMPO

DESENVOLVIDO POR

VICTOR LUCENA

ORIENTADO POR

ANTÔNIO FABIANO JÚNIOR VERA LUZ

E

FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO PONTIFÍCIA UNIVERSADE CATÓLICA DE CAMPINAS CAMPINAS, DEZEMBRO DE 2019


AGRADEÇO, aos meus PAIS, pelo apoio e por terem possibilitado tudo isso;

ao ANTÔNIO, por ter mostrado o poder do desenho;

à VERA, por ter dado continuidade a este sonho.

ao BIBI, ao FELIPE, à JENNIFER, à KURZ, à MARINA, à STEFANIE, ao VITOR e à VITÓRIA por todas as formas de apoio.

EM MEMÓRIA DE

ESVAIL LUCENA E

TELMO LUCENA,

QUE TANTO ME APOIARAM E TANTO SE ORGULHAVAM DE EU ESTAR CURSANDO A FACULDADE.




“Silêncio, é madrugada. No morro da casa verde A raça dorme em paz E lá embaixo Meus colegas de maloca Quando começa a sambá não para mais Silêncio!” ADONIRAN BARBOSA NO MORRO DA CASA VERDE



ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO

2. CONTEXTO

3. A CIDADE

6. A CONSTRUÇÃO 5. A MATA

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

8.

REFERÊNCIAS

PROJETUAIS 9. REFERÊNCIAS


1. INTRODUÇÃO Cidade Tiradentes se encontra quase em sua totalidade na Macrozona Ambiental do município de São Paulo, conforme Plano Diretor aprovado (PREFEITURA, 2014). Portanto, uma das principais questões do bairro é a preservação ambiental associada à redução de vulnerabilidade social. O projeto urbano aqui desenvolvido, feito a partir de uma análise crítica do Plano Diretor aprovado e de estudos do território, visa a preservação e reconstituição de mata nativa degradada. Esta preservação se dará por meio de áreas de cultivo num sistema agroflorestal, sistema em que a produção agrícola de baixo impacto é mesclada a espécies nativas, promovendo o reflorestamento de áreas degradadas e a consolidação de áreas de preservação, ocupando esses territórios com um uso responsável ambientalmente, que pode gerar renda para a população local e a colocar como parte interessada na preservação dessas áreas, fiscalizando-as e mantendo-as.


Esta regeneração de áreas ambientais degradadas deverá ocorrer tendo como foco a superação das condições socioespaciais de carência ou precariedade local. Respaldadas pela legislação ambiental, as Áreas de Preservação Permanente podem ter ocupação desde que haja interesse social conveniente articulável. Portanto as realocações de moradias se restringiram a construções em área de risco e em condições precárias e insalubres a serem realocadas, mantendo-se as moradias em APP, reconhecendo esta conquista já alcançada pelos moradores.


2. CONTEXTO

Localizada na extrema Zona Leste de São Paulo, o distrito Cidade Tiradentes encontra-se em sua totalidade na Macrozona Ambiental do município de São Paulo, conforme Plano Diretor aprovado em 2014 (PMSP, 2014). A questão das áreas verdes/ espaços livres, junto à temática da moradia, nos pareceu os principais temas do território, entendendo moradia como habitação de qualidade, com suprimento de infraestrutura e equipamentos públicos, bem como espaços públicos de qualidade e oportunidades de trabalho.


SUZANO

CIDADE TIRADENTES

• URBANA • AMBIENTAL MACROZONAS MUNICÍPIO DE SÃO PAULO


Formado pela construção em massa de conjuntos habitacionais a partir principalmente da década de 80 sem um projeto articulando estas construções, o distrito é caracterizado por suas áreas verdes desconexas e desqualificadas e conjuntos ilhados sem articulação urbana. Espaços livres de convívio foram se formando pelas necessidades dos moradores em áreas residuais, áreas de mata atlântica foram tomadas por autoconstruções e até mesmo construções do Estado pela pressão da falta de moradia.


Este conflito URBANO x AMBIENTAL é algo visível no bairro.


POLOS DE CULTIVO

FOCO DE PROJETO

SISTEMA DE COOPERATIVAS CIDADE TIRADENTES


3. A CIDADE O projeto de arquitetura nasce de conceitos do projeto urbano desenvolvido anteriormente em grupo. Conceitos de: • Intervenção, que possa constituir baixo impacto às dinâmicas preexistentes; • Projeto sistêmico, replicável e que, como parte de uma rede, pode causar mudanças territoriais estruturais. O projeto Meio Campo se desenvolve dentro de um sistema, com polos de cultivo agroflorestal que margeiam a mancha urbana, localizados em clareiras já desmatadas de mata atlântica. Para o desenvolvimento do trabalho, um destes polos foi selecionado para exemplificar uma unidade deste sistema. A área do projeto se localiza à borda leste da cidade, próxima à divisa do município com o contexto rural de seu vizinho, Suzano, seguindo o eixo que nasce no terminal de ônibus da Cidade Tiradentes e cruza a Favela Maravilha; área que se encontra ao final da mancha urbana, onde há uma transição abrupta urbano-rural-ambiental. A conformação deste território pode ser compreendida através de uma análise histórica recente a partir de fotos aéreas:


1987

Último registro em foto aérea da área ainda com Mata Atlântica nativa. Desmatada em 1989 no contexto da construção do bairro.



2004

Gleba pertencente à COHAB, numa Área de Proteção Permanente, ainda não foi utilizada. Há um início de loteamento para habitações unifamiliares.



2007

Cresce o número de habitações unifamiliares.



2008

Inicia-se a obra de um conjunto habitacional vertical numa tipologia tipo da COHAB, sem consideração de sua articulação ao território urbano.



2010

Conclui-se a obra do conjunto habitacional vertical da COHAB, com habitações unifamiliares já consolidadas nas proximidades, porém ainda carentes de infraestrutura.



2017

Nasce uma ocupação na continuação da rua sem saída de acesso aos edifícios da COHAB, Rua Alexandre Davidenko.



2019

Ocupação continua c r e s c e n d o seguindo o eixo que nasce na Rua Alexandre Davidenko e, adequando-se à topografia, segue em direção à clareira terraplanada no topo do morro, criada pela COHAB numa área de mata atlântica e não utilizada.




A localização do projeto proposto visa conter esta expansão da mancha urbana que adentra as áreas de preservação da mata atlântica, por meio de um uso agroflorestal, rural, com um programa que possa gerar renda e engajamento da população local, estimulando interesse da mesma por um manejo consciente das áreas de mata. O projeto é constituído por uma cooperativa agrícola, que assiste uma área de 10ha de cultivo agroflorestal. Um eixo de plataforma elevatória e praças interligadas por escadas, ligam o bloco da cooperativa à cota inferior de acesso pela Rua Alexandre Davidenko. Um largo na cota mais baixa com um bloco hidráulico de apoio às atividades desenvolvidas no mesmo completa o programa.


4. A CONSTRUÇÃO Costurado ao eixo que interliga a cidade à mata, transpondo um desnível de 21m, o projeto configura uma transição de usos ao longo desta linha. Partindo da Rua Alexandre Davidenko, desenvolvese um largo pavimentado que liga a cidade à plataforma elevatória e às escadas - largo desenhado para ser a extensão mais propriamente urbana do projeto -, materializada numa feira que se estende ao longo do eixo da rua, para vender a produção agrícola do conjunto. Para tanto, foi constituído um bloco hidráulico de apoio para as atividades da feira.

Ilustrações das árvores de Eloise Renouf.


IMPLANTAÇÃO


Ao longo do trecho em desnível entre a plataforma agrícola de produção, ao alto do morro e o tecido urbano, pequenas praças são interligadas por escadas e associadas à plataforma elevatória que, vencendo 33% de declividade, conecta as pontas urbano - rural/ambiental de maneira direta. Estas praças criam um percurso já associado às atividades de cultivo agroflorestal, bem como espaços de descanso e contemplação relacionados a mirantes da cidade. Na cota mais alta há a Casa Verde - bloco da cooperativa


agrícola - concentrando as atividades relacionadas aos trabalhos práticos e de troca de saberes do cultivo. Os 10ha de agroflorestas, quando consolidados, podem produzir 200Kg/dia de alimento¹, que poderiam ser preparados e beneficiados no espaço da cooperativa e vendidos na feira do largo.

¹ Números baseados em dados da Rede de Agricultores Familiares Gestores de Referências, safra 2003/2004. Boletim do Deser, número 146, setembro/2005, pg. 22.


CORTE A

CORTE B

Num entendimento de que a feira é algo espontâneo e inerente à cidade, não há a tentativa de formalizá-la, apenas constituiu-se um bloco de apoio que dê suporte à sua dinâmica já consolidada e agora reconsiderada.



PLANTA BLOCO DE APOIO


O bloco hidráulico de apoio à feira é constituído por um acesso coberto; área de bebedouros; banheiros - masculino, feminino e acessível; depósito de limpeza; depósito de resíduos; jardim filtrante ligado a uma cisterna; caixa d’água e deck. Com 7,5 x 7,5m, o módulo estrutural é constituído por pilares compostos de madeira (6 x 16xm), vigas vagonadas de madeira (6 x 16xm) com tirantes de aço, terças (6 x 16xm) e caibros de madeira (5 x 10cm). Este elemento é coberto por telhas metálicas sanduíche com beirais de 1,25m e vedado com taipa de sopapo. Na parede do banheiro que faz contato com os jardins filtrantes, ao lado da pia, a vedação é feita somente com a malha estrutural de bambu para a taipa, sem o sopapado, permitindo ventilação e um contato visual do banheiro com a área externa. 8m a cima da cota deste bloco, uma caixa d’água repousa sobre um deck de madeira, conformando uma pequena praça e mirante ligada ao caminho de subida para a cooperativa, deck composto pelas mesmas vigas de 7,5m conformadas num ângulo que se aproxima do bloco hidráulico, alargando o passeio na encosta.


PISO DECK DE MADEIRA TELHA METÁLICA SANDUÍCHE i=5%

CAIBROS 5x10cm 3.75m

TERÇAS 6x16cm 2.0m VIGAS VAGONADAS 6x16cm_BARRA DE AÇO 7.5m

TERÇAS 6x16cm 7.5m VIGAS VAGONADAS 6x16cm_BARRA DE AÇO 7.5m

PILARES COMPOSTOS 6x16cm_x2

TAIPA DE SOPAPO

MOBILIÁRIO DESCOLADO DA VEDAÇÃO

LAJE DE CONCRETO

PILARES COMPOSTOS 6x16cm_x2

CAIXA D’ÁGUA 1000L MALHA DE BAMBU SEM O SOPAPADO

ESPERA DE CONCRETO

BASE PILAR CONCRETO


O percurso de subida do declive pode ser feito de maneira direta, pela plataforma elevatória, ou por escadas que ligam pequenas praças em platôs que também estão interligados à plataforma. Essas escadas estão segmentadas em lances de 6 degraus, totalizando 102 degraus. Estas pequenas praças, ora pavimentadas ora com solo cultivável, fazem a transição para o rural formando mirantes para o urbano que as origina.


Este bloco de terra ligado ao contexto urbano, anuncia o uso adiante, uma imposição rural à cidade, afirmando sua existência e importância.

CORTE C


CAIXA D’ÁGUA 1000L

JARDIM FILFRANTE CISTERNA 5000L

Na base do morro, jardins filtrantes recolhem as água que descem da encosta e da cobertura do bloco de apoio dos banheiros, filtrando-as, como um jardim de chuva. Após este processo, a água fica armazenada na cisterna para auxiliar na irrigação da produção e limpeza da praça.


PLANTA CASA VERDE


Na cota mais alta, acesso à área de cultivo, há a Casa Verde, bloco que concentra as atividades da cooperativa agrícola. Este bloco é composto por um pátio externo, depósito ligado à Rua Asa Branca que vence o desnível por outro caminho, pátio coberto, vestiários, espaço de descanso, cozinha coletiva, sala de aula e mudário. A produção colhida diariamente, trazida de trator pelos eixos principais que cortam as áreas de cultivo, é limpa e separada na bancada do depósito. Quando necessário, é beneficiada na cozinha coletiva, então podendo descer pela plataforma elevatória para ser comercializada na feira que se estende à cidade. Seguindo um entendimento do projeto urbano, de que todo programa é uma escola, a sala de aula aliada ao mudário e à cozinha coletiva, pode gerar uma capacitação para o cultivo agroflorestal ou para o beneficiamento da produção para ser comercializada com um maior valor agregado na feira.


Inserida num contexto de alto índice de analfabetismo no meio rural, 21,2% da população enquanto no meio urbano apenas 6,5%², a sala de aula possibilita um espaço para a alfabetização. A implantação é formada por duas malhas ortogonais rotacionadas a 45° entre si, conformando um pátio externo pavimentado e, com uma continuidade do eixo de acesso que cruza o bloco, se abre para a área de cultivo, enquadrando a mata vista pela cidade e a cidade vista pela mata. Seu módulo estrutural com 7,5 x 7,5m entre eixos é formado por pilares compostos de madeira (6 x 16 cm), vigas vagonadas de madeira (6 x 16xm) com tirantes de aço, terças (6 x 16xm) e caibros de madeira (5 x 10cm) e coberto por telhas metálicas tipo sanduíche com beirais de 2,5m, sustentados por mãos francesas de madeira (6 x 16cm) e vedado com taipa de sopapo. A escolha da taipa de sopapo foi feita pelo contexto rural da construção de trabalhos artesanais, pelo caráter ³ Dados com base no BRASIL. IBGE. Censo Demográfico, 2000.

ESQUEMA GENÉRICO DA VEDAÇÃO


Malha estrutural formada por bambus verticais, amarrados à estrutura de madeira, e meio bambus na horizontal.

Terra misturada com água jogada na malha de bambu pelos dois lados simultaneamente, amassando-a para fixar.

R e b o c o composto por areia, terra, cal virgem e água que, aplicado após a parede seca, evita grandes fissuras e dá melhor acabamento.

simbólico e principalmente pelo baixíssimo custo da técnica. A umidade nos vestiários é resolvida pelo afastamento dos chuveiros em relação às vedações, instalados em posição central, separados das paredes. As vedações são variadas com planos translúcidos formados pela malha estrutural da taipa de bambu sem o sopapado, variação utilizada na sala de aula, permitindo iluminação na face em contato com a mata. A parede da sala de aula voltada para o pátio externo é opaca na parte superior, com um vazado de 45cm na porção inferior, conformado com a estrutura descrita acima (ver CORTE E ao lado). Isto conforma um espaço mais recluso, evitando possíveis constrangimentos por parte dos alunos que estão na sala, principalmente na alfabetização de adultos. Porém, mesmo com esta barreira, o rasgo inferior permite um contato visual do interior com a vegetação de mais baixo porte na lateral oposta da parede, também proporcionando conveniente circulação de ar.


CAIXA D’ÁGUA 1000L

CORTE D

CORTE E

JARDIM FILTRANTE

CISTERNA 5000L


A calha que corre na bissetriz entre as malhas estruturantes, deságua abaixo da estrutura da caixa d’água, num jardim filtrante ligado a uma cisterna, que armazena água para auxiliar na irrigação do mudário.


CORTE F

PLANTA COBERTURA CASA VERDE


Telha metálica sanduíche com 5% de inclinação, vencendo vãos de 1,25m, apoiada sobre caibros que vencem um vão de 3,75m, apoiados sobre terças e vigas que vencem um vão de 7,5m formam a cobertura. Na excepcionalidade da junção das malhas ortogonais rotacionadas, a extremidade sul da cobertura se apoia sobre o bloco estrutural da caixa d’água, ponto onde deságua a calha.


O espaço de descanso dos trabalhadores cooperados, entre a Casa Verde e a área de cultivo propriamente dito, é formado por uma continuidade dos eixos dos pilares que, extravasando a estrutura, formam um redário, diluindose na mata quando se aliam às árvores para dar suporte às redes.


TELHA METÁLICA SANDUÍCHE i=5% CAIBROS 5x10cm 3.75m TERÇAS 6x16cm 7.5m VIGAS VAGONADAS 6x16cm_BARRA DE AÇO 7.5m

PILARES COMPOSTOS 6x16cm_x2

TAIPA DE SOPAPO

PORTA METÁLICA DE ENROLAR

LAJE DE CONCRETO

MALHA DE BAMBU SEM O SOPAPADO

MOBILIÁRIO DESCOLADO DA VEDAÇÃO CAIXA D’ÁGUA 1000L


ESQUEMA DE MONTAGEM DE UM VÍNCULO PILAR-VIGA GENÉRICO

1

2

2

1


CORTES DE UM VÍNCULO PILAR-VIGA GENÉRICO

CORTE 1

CORTE 2


5. A MATA “O enfoque puramente produtivo das políticas para a agricultura, que associa o desenvolvimento local às potencialidades do setor agrícola, lá onde ele se revelava, efetivamente, como um setor dinâmico, gerou um grave problema de exclusão, tanto de áreas como dos grupos sociais marginalizados deste processo. Em consequência, as sociedades modernas enfrentam hoje, sob formas e intensidades diferentes, uma ‘questão rural’, que diz respeito à necessidade de inserir plenamente os espaços e as populações rurais na dinâmica econômica e social moderna, e de assegurar a preservação dos recursos naturais presentes no meio rural como um patrimônio de toda a sociedade. “ (WANDERLEY, 2000) O método de cultivo agroflorestal é o que possibilita o projeto - viabilizando a preservação ambiental aliada à produção agrícola. Este método consiste no cultivo variado de espécies vegetais de interesse econômico intercalado com a presença de espécies nativas. O sistema


possui grande interesse ambiental, à medida que regenera mata nativa e preserva a biodiversidade local. A técnica também possui vantagens para a produção, essa diversidade de espécies na mesma área mantém o solo nutricionalmente equilibrado, tornando a terra mais fértil; torna a produção mais resistente a pragas por não se tratar de uma monocultura, possibilitando um cultivo livre de agrotóxicos; favorece a agricultura familiar por não tornar o produtor dependente de um único produto; cria um ambiente mais ameno ao trabalhador, que faz a colheita na sombra. Um sistema agroflorestal antigo e consolidado, em média com 15 anos, pode ser autosuficiente, sem a necessidade da adição adubos, tornando o processo similar ao extrativismo. Com o método, o projeto busca atuar numa área de preservação com respaldo jurídico: “Art. 8º A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação Permanente somente ocorrerá nas hipóteses de utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental³ previstas nesta Lei.”

³ Entende-se por “baixo impacto ambiental” uma extração não madeireira e familiar.


A vegetação nativa da região é de Floresta Ombrófila Densa (Floresta Tropical Pluvial)4, isto é, com uma vegetação arbustiva composta por samambaias, bromélias e palmeiras, além de trepadeiras e cactos; com árvores num dossel de até 50m; as vezes temporariamente encharcada. Este adensamento agroflorestal dever ser feito levando em consideração as características locais e seguindo conceitos estabelecidos da técnica, como: • O cultivo deve ser multi-estratificado, com espécies ocupando diferentes andares da floresta, numa transição gradual e respeitando a necessidade de cada planta;

Dado retirado do SISTEMA DE INFORMAÇÕES FLORESTAIS DO ESTADO DE SÃO PAULO. 4


• O plantio deve ser com uma implantação que permita o total desenvolvimento de cada espécie, com um espaçamento adequado. 3m

Floresta nativa ex: Mogno, nim, copaíba;

3m

Frutífera de ciclo médio ex: Açaí, mamão, banana;

Frutífera de ciclo curto ex: Café, abacaxi, milho, feijão; Hortaliças e cobertura vegetal ex: Mandioca, batata, majericão.


6. CONSIDERAÇÕES FINAIS O método agroflorestal tem potencial para uma nova visão de cidade, que não vê o rural como algo antagônico ao meio urbano e sim como algo complementar. Os gargalos para sua maior implementação são a falta de conhecimento da técnica, falta de capacitação para o manejo e principalmente uma legislação que a contemple de forma direta e estimule a prática como algo benéfico do ponto de vista urbano, rural, ambiental e social.


“O ‘rural’ não se constitui como uma essência, imutável, que poderia ser encontrada em cada sociedade. Ao contrário, esta é uma categoria histórica, que se transforma.” (WANDERLEY, 2000)


7. REFERÊNCIAS PROJETUAIS

• R e f ú g i o e centro comunitár io rural; • A t e l i e r Shantanu Autade; • P o h e g a o n , Índia; • 2018.



• Kalì Pavilion; • Irene Librando e Nadia Peruggi; • K o f o r i d u a , Gana; • 2018.



• Vivienda Lui; • OCA; • M a r i a n o Roque Alonso, Paraguai; • 2016.



• Casa São Bento do Sapucaí; • Gui Paoliello; • São Bento do Sapucaí, São Paulo; • 2018.



8. REFÊRENCIAS BARBOSA, Adoniran. No Morro da Casa Verde. Rio de Janeiro. Odeon. 1975 BRASIL. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. CAPITULO II, Seção II, Art 8°. CHING, Francis D. K. Arquitetura - Forma, espaço e ordem. São Paulo, SP. 2013 GONÇALVES, André Luis Rodrigues; VENTURIN, Leandro. Sistemas Agroflorestais: produção de alimento em harmonia com a natureza. Ipê, RS. 2014. Disponível em < http://www.centroecologico.org.br/cartilhas/ Cartilha_SAFs_web.pdf> Acesso em nov de 2019. GÖTSCH, Ernst. Importância dos SAFs na Recuperação de Áreas Degradadas. Ilhéus, BA. 2002. Disponível em: < http://media0.agrofloresta. net/static/artigos/importancia_safs_gotsch.htm> Acesso em 11 nov de 2019. SANTOS, Alvori Cristo. A agrofloresta agroecológica: um momento de síntese da agroecologia, uma agricultura que cuida do meio ambiente. DESER, Curitiba, PR. 2007. Disponível em: <http://media0.agrofloresta. net/static/artigos/Agrofloresta_Alvori.pdf> Acesso em 11 nov de 2019. SANTOS, Alvorí Cristo dos. Um olhar sobre a renda da agricultura agroecológica -ferramenta para a percepção de contradições da economia de mercado. Boletím do Deser –conjuntura agrícola nº 146. Curitiba, 2005. SILVA, Cecília Milanez Graziano da. HABITAÇÃO RURAL: uma luta por cidadania. São Paulo, SP. FAU-USP. 2014. SISTEMA DE INFORMAÇÕES FLORESTAIS DO ESTADO DE SÃO PAULO. Disponível em: < http://www.ambiente.sp.gov.br/sifesp/> . Acesso em 23 nov de 2019. WANDERLEY, Maria de Nazareth Baudel. A emergência de uma nova ruralidade nas sociedades capitalistas avançadas - o “rural” como espaço singular e ator coletivo. Rio de Janeiro, RJ. 2000.


GRÁFICO RENOUF, Eloise. Árvores. 2015. Ilustação digital. PROJETOS Refúgio e centro comunitário rural, Atelier Shantanu Autade. Disponível em <https://www.archdaily.com.br/br/914474/refugio-ecentro-comunitario-rural-atelier-shantanu-autade> Acesso em 21 nov de 2019. Kalì Pavilion, Irene Librando e Nadia Peruggi. Disponível em < https://www.archdaily.com.br/br/911193/kali-pavilionirene-librando-e-nadia-peruggi> Acesso em 21 nov de 2019. Vivienda Lui, OCA. Disponível em < https://www.archdaily.com.br/br/871261/residencia-luioca> Acesso em 21 nov de 2019. Casa São Bento do Sapucaí. Gui Paoliello. Disponível em < http://www.guipaoliello.com.br/> Acesso em 21 nov de 2019.

Obrigado,

VICTOR LUCENA



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