Revista 5º Fórum Liberdade e Democracia de Vitória

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sumário

CARTA AO LEITOR

Bem-vindos ao 5º Fórum Liberdade e Democracia de Vitória. Parabéns por dedicar seu tempo para participar de um evento que visa debater ideias para alternativas objetivas e viáveis para equacionar os problemas brasileiros e, consequentemente, melhorar as condições de vida de todos nós cidadãos. Você está fazendo parte de uma rede de discussões conectada por meio de Fóruns realizados anualmente por institutos parceiros ao redor do Brasil – o Fórum da Liberdade e Democracia, promovido pelos Institutos de Formação de Líderes de Belo Horizonte, São Paulo e Florianópolis. O evento é inspirado no Fórum da Liberdade, criado pelo Instituto de Estudos Empresariais – IEE, de Porto Alegre, em 14 de abril de 1988. O Fórum da Liberdade do IEE também é realizado anualmente e já se consolidou como o maior espaço de debate político, econômico e social da América Latina. A 5ª edição do Fórum capixaba traz como tema “Valores que constroem instituições duradouras”, inspirado nos estudos de Jim Collins, que analisou profundamente quais as características em comum das organizações que atingiram sucesso duradouro e quais as características não eram observadas nas organizações comparadas

2

(organizações do mesmo segmento, inseridas no mesmo cenário e contexto, mas que fracassaram ou não apresentaram grande desempenho). Fazendo uma analogia para analisar o desenvolvimento das nações, podemos nos basear no Índice de Liberdade Econômica do Heritage Foundation para verificar que os países mais bem colocados (que oferecem melhor qualidade de vida para os seus cidadãos) são aqueles que aplicam os valores de liberdade. O Instituto Líderes do Amanhã tem como propósito formar lideranças transformadoras, baseadas em valores sólidos, visando não só promover a melhoria do ambiente de negócios do Espírito Santo e do Brasil, como contribuir para a melhoria da qualidade de vida de todos aqui inseridos. Nesse contexto, com a realização deste Fórum, o propósito do Instituto Líderes do Amanhã é engajar os cidadãos capixabas e brasileiros na construção de um país mais próspero e livre, por meio de palestras e debates que promoverão uma ação multiplicadora de bons exemplos e conteúdo. Afinal, ao que dizia Ludwig von Mises: “Ideias, somente ideias podem iluminar escuridão”. Vamos avançar juntos!

56.

18.

Pedro Henrique Mannato PRESIDENTE DO CONSELHO

PAINEIS

4.

INSTITUCIONAL Instituto Líderes do Amanhã

05

Parceiros

09

QUAIS OS VALORES QUE QUEREMOS

A Marcha das 20 milhas

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Como estimular o progresso

20

Construindo um relógio

22

Líderes do Amanhã

26

Desafio das grandes mudanças

32

Retorno sobre a sorte

36

Práticas duradouras

38

Reformas Duradouras 40

10.

Conceito Porco-Espinho

44

58. PROJETOS

carboneutralização do ILA

58

Instituto Terra

62

64.

ESCOLA EM TEMPO INTEGRAL

5º FÓRUM LIBERDADE E DEMOCRACIA A escolha do tema

11

Mensagem do Presidente

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Jim Collins

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50.

ATIVIDADES ILA ILA Day 1

50

68. Parceiros

Projeto Gráfico: Set Comunicação

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INSTITUCIONAL

INSTITUCIONAL

história

INSTITUCIONAL

Instituto líderes do amanhã

O Instituto Líderes do Amanhã (ILA) foi idealizado pelo movimento “Espírito Santo em Ação” (http://www.es-acao.org.br/), organização não governamental formada por empresas e empresários que acreditam em um Espírito Santo melhor. Em 2011, após identificar um déficit de lideranças capixabas imbuídas de valores sólidos e com potencial de contribuir para a construção de um Estado referência, um dos projetos do “Espírito Santo em Ação” culminou na criação do ILA (http://www.lideresdoamanha.org.br/). Nesse contexto, o ILA surge como uma associação voltada à formação e ao amadurecimento de novos líderes empresariais capixabas, com o compromisso de colaborar para a melhoria contínua do ambiente de negócios

do Espírito Santo, por meio de ações alinhadas com os valores da instituição. Para a capacitação de seus associados, o ILA aplica uma metodologia de formação dissociada do sistema formal de educação, caracterizada pela realização de encontros semanais visando a geração e o compartilhamento de conteúdo profissional prático e teórico – dentre eles, palestras, estudos de livros, júris simulados e visitas técnicas. Além disso, o ILA promove projetos voltados ao público em geral, em especial empreendedores, empresário e universitários capixabas, a fim de disseminar os valores e a visão do Instituto. Dentre esses projetos, destaca-se o Fórum Liberdade e Democracia (hoje em sua 5ª edição), que, desde a sua idealização, visa alimentar a discussão, engajar a sociedade local e expor alternativas viáveis para mitigar os problemas brasileiros.

missão

“O ILA surge como uma associação voltada à formação e ao madurecimento de novos líderes empresariais capixabas, com o compromisso de colaborar para a melhoria contínua do ambiente de negócios do Espírito Santo”

Define o DNA da instituição. A missão é a declaração do propósito fundamental da organização, a finalidade de sua existência; é sua identidade. Nossa missão é: Formar jovens lideranças empresariais comprometidas

com

o

modelo

de

organização

econômica, social e política para o Espírito Santo e para o Brasil, baseado no ideal democrático de liberdades e garantias individuais, subordinadas ao estado de direito.

vsão Define o destino da instituição, um norte, um rumo a ser seguido. A visão caracteriza aonde a instituição quer chegar, é o objetivo de longo prazo. Nossa visão é: Ser um instituto de excelência na formação de jovens lideranças empresariais capixabas, tornando-se um dos principais agentes de mudança do ambiente de negócios do Espírito Santo, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e que goze de liberdade nos planos político, econômico, social e intelectual.

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INSTITUCIONAL

INSTITUCIONAL

3 Progresso

valores

6 Responsabilidade individual 8 Economia de mercado

Questionamento do status quo vigente, objetivando

Responsabilidade sobre os atos e escolhas indi-

Liberdade de ação dos agentes econômicos sem a

Os valores de uma instituição definem as bases

proporcionar a mudança social, no sentido de aper-

viduais, sobretudo sobre as consequências por elas

intervenção de governos que, em princípio, atuariam

adotadas para a realização de suas atividades e

feiçoar os elementos constituintes da ordem, sem

produzidas,sejam elas traduzidas em recompensas e

para regulamentar o funcionamento dos mercados,

são aplicados para definir o modo como a empresa

ameaçá-los, pois, essa ameaça poderia levar a deses-

punições.

assegurando a ordem jurídica e o cumprimento de

atua para desenvolver seu propósito e direcionar

truturação das instituições sociais.

a sua visão. Os valores criam diferencial com-

COMENTÁRIO DO CONSELHEIRO pedro henrique mannato

petitivo, balizam o processo decisório, moldam o comportamento, balizam a estratégia e orientam o recrutamento, seleção e o treinamento dos mem-

4 Responsabilidade social Preocupação sócio-ambiental, no sentido de

bros da equipe. Nossos valores são:

desenvolver ações que contribuam para a melhoria da qualidade de vida na sociedade, sobretudo

1 Ordem Respeito

às

preocupando-se com a utilização de recursos de forma sustentável. normas

jurídicas,

ao

sistema

pendência entre os três poderes, a garantia da segurança jurídica, entre outros aspectos correlatos.

COMENTÁRIO DO CONSELHEIRO Jose Armando de Figueiredo Campos “O Instituto Líderes do Amanhã acertadamente coloca a Responsabilidade So-

2 Liberdade de Expressão Direito da livre manifestação de opiniões, palavras, idéias e pensamentos, desde que respeitada as normas jurídicas, os usos e costumes e a cultura em que se está inserido.

“Assegurada no inciso IX do artigo V de nossa Constituição Federal, a liberdade de expressão é fundamental para a construção de uma sociedade melhor e mais justa. Todos podem e devem se manifestar livremente, especialmente para defender direitos ou denunciar desmandos e arbitrariedades.

Mas no mundo digital que

cial entre seus valores. Não o maior, mas,

valores, no suporte à construção de um pensamento e de um modo de agir coerente com as necessidades de um país em

destruir a vida de pessoas em minutos,

de todas as suas ações. Quando algum resultado não sai como o esperado, o líder assume a respon-

Ao trabalhar a total dimensão desse tilham com a sociedade seu dever de responder pelos impactos de suas decisões e de suas ações no meio ambiente e no tecido social, bem como de contribuir para a melhoria das condições de vida, por meio de um comportamento ético e transparente, visando ao desenvolvimento sustentável.”

resolver, aonde errou, e quais lições devem ser hece, assim, que não é uma vítima, de forma a não imputar aos outros a culpa pelas suas atitudes. As-

Sistema legal impessoal e imparcial em que todos são tratados com igualdade, assegurando que cada um receba o que é seu, em conformidade com o direito.

COMENTÁRIO DO CONSELHEIRO Orlando Caliman Filho “O sistema jurídico de um país é a es-

sumindo esse protagonismo, o líder está em con-

sência das regras básicas e norteadoras

stante aprendizado e evolução, correndo atrás dos

da convivência entre seus cidadãos. Seu

recursos necessários (habilidades, pessoas, con-

funcionamento, principalmente enquan-

hecimento, etc.) para atingir seus objetivos.”

to mediador de conflitos, deve sempre se pautar pela aplicação das leis, independentemente do que ou de quem está sendo julgado. É a partir da Justiça que outros

7 Ética Consciência moral que julga e avalia as ações humanas,

valores defendidos pelos associados do Instituto Líderes do Amanhã deveriam ser aplicados aos casos concretos, mas

no sentido de identificar e classificá-las como boas ou más;

não raro nos surpreendemos com in-

certas ou erradas; justas ou injustas; verdadeiras ou falsas.

justiças. Casos que tenham como fundo a liberdade de expressão, a propriedade

COMENTÁRIO DO CONSELHEIRO Aridelmo Teixeira “Como seria viver num mundo isento de ética? Sem termos a consciência moral que separa, identifica a classifica nossos atos como certo ou errado, bom ou mau, justo ou injusto, verdadeiro ou falso? Compatuo com a opinião da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, que disse: “ética é a única forma de viver sem o caos”. O retrato

5 Propriedade Privada

9 Justiça

sabilidade, verificando o que pode ser feito para

valor, essas jovens lideranças compar-

vivemos, na velocidade das redes sociais, do liberdade de expressão com desre-

consequências, sejam elas positivas ou negativas,

grande edifício, um elemento vital, que trabalha harmonicamente com os demais

há quem venha absurdamente confundinspeito. Publicações inverídicas podem

sólido em todo líder. Significa assumir para si as

como uma peça das fundações de um

construção como o nosso.

COMENTÁRIO DO CONSELHEIRO Luiz Wagner Chieppe

“A responsabilidade individual é um valor muito

aprendidas para não ocorrer novamente. Recon-

democrático, às instituições sociais legal e democraticamente constituídas, a autonomia e interde-

contratos.

do Brasil de hoje nos dá sinais de que estamos vivendo uma crise ética contemporânea. E a saída para retomarmos o que já foi perdido, bem

irreparavelmente. Um bom ensinamento

Respeito ao fruto do trabalho e garantia da

como deixar um legado para as próximas gerações, é recolocar de pé essa linha imaginária

vem do Papa Francisco: “A liberdade de

privacidade, visto aqui como o direito que as-

expressão é um direito fundamental, mas

segura ao seu titular poderes de usar, gozar e

não permite insultos à fé dos outros”.”

que separa a opção A da opção B nas escolhas

dispor de algo, em princípio de modo absoluto,

de qualquer sociedade.”

privada, a economia de mercado, por exemplo, são julgados não com base nas leis e na constituição, mas numa suposta justiça social, que, por sua vez, pauta-se numa (re)distribuição de riquezas por vias tortas. Assim, tem-se que o desvio de função da Justiça tem consequências negativas enormes para uma sociedade, dentre as quais a insegurança jurídica merece destaque, já que, sem a garantia do cumprimento das regras, os custos de transação são aumentados, afastando-se os investimentos. Quem acaba prejudicado é o próprio cidadão.”

exclusivo e perpétuo.

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INSTITUCIONAL

INSTITUCIONAL

NOSSOS ASSOCIADOS

ORGANOGRAMA funcional

A associação ao Instituto Líderes do Amanhã é voluntária e por adesão, sendo realizada por meio de um processo seletivo anual. Nossos associa-

CONSELHO CURADOR

dos devem possuir entre 20 e 35 anos, além de já ser graduado ou estar cursando um curso superior de graduação. Hoje, somos em 66 (sessenta e seis) jovens empresários e empreendedores, representando um total de 31 empresas com atuação

CONSELHO DE GOVERNANÇA

no Espírito Santo.

“Somos como mecanismos de um relógio: cada parte é essencial.” Nathan Meyer Rothschild

DIRETORIA EXECUTIVA

PRESIDENTE

DIRETORIA INSTITUCIONAL EDUARDO L. AZEVEDO

FERNANDO CINELLI

DIRETORIA DE FORMAÇÃO GIULIA P. BACHOUR

DIRETORIA DE PROJETOS AYLMER CHIEPPE

DIRETORIA ADMINISTRATIVA / FINANCEIRA TARLEY R. SECCHIN

COMITÊ DE PROJETOS COMITÊ DE GOVERNANÇA COMITÊ DE FORMAÇÃO COMITÊ DE PROCESSOS SELETIVOS COMITÊ DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS

nOSSOS PARCEIROS SECRETARIA EXECUTIVA

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valores que constroem instituições duradouras

a escolha do tema Em um mundo cada vez mais conectado, instituições de diferentes tamanhos e áreas de atuação apresentam valores que as per-

5º Fórum Liberdade e Democracia

mitem alcançar o sucesso e se perpetuar ao longo do tempo. São esses valores que o 5º Fórum Liberdade e Democracia buscará trazer para o centro dos debates, com a presença de inúmeros palestrantes e debatedores que poderão compartilhar um pouco de suas experiências com a sociedade. Imbuído da missão de formar novas lideranças que contribuam para o desenvolvimento do ambiente de negócios a nível estadual e nacional, o Instituto Líderes do Amanhã aposta neste Fórum como uma oportunidade de disseminar conteúdo e ajudar outras pessoas a construírem instituições duradouras.

Em sua 5ª edição, o tema do Fórum Liberdade e Democracia teve inspiração nas obras de uma personalidade do mundo dos negócios: Jim Collins, um dos maiores especialistas em gestão, liderança e sustentabilidade empresarial da atualidade, considerado sucessor de Peter Drucker, o maior nome da administração contemporânea.

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“o Instituto Líderes do Amanhã aposta neste Fórum como uma oportunidade de disseminar conteúdo e ajudar outras pessoas a construírem instituições duradouras.”

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5º Fórum Liberdade e Democracia

mensagem do presidente Fernando Antonio Kulnig Cinelli PRESIDENTE DO Instituto LÍderes do Amanhã

O CAMINHO DA RIQUEZA Com uma base construída por mentes bilhantes, racionalidade, lógica intuitiva e sorte permeiamos a construção de uma equipe humilde e dedicada para trabalhar arduamente na busca constante de três pilares fundamentais: LIDERANÇA, METÓDO e CONHECIMENTO. Os VALORES e a filosofia constituem a alma e propósito do Instituto Líderes do Amanhã. Eles são fundamentais para alcançarmos a nossa VISÃO que almeja melhorar o AMBIENTE DE NEGÓCIOS no Espiríto Santo e no Brasil por meio da nossa MISSÃO que é formar JOVENS LIDERANÇAS empresariais comprometidas com o ideal democrático de liberdades e garantias

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individuais, subordinadas ao estado de direito. Como diria Ayn Rand, a riqueza é o produto da capacidade do homem de pensar. Dentro do nosso “Core”, que é a formação do INDIVÍDUO - pautada nos valores do Instituto - trabalhamos em atividades que buscam implementação de dois eixos de trabalho: FORMAÇÃO e PROJETOS; • Na Formação é desenvolvida a capacidade escrita, por resenhas e artigos, argumentação, análise e síntese. Nos Júris Simulados, debatemos temas relevantes para a sociedade, com a leitura de livros dos quais surgem a base para nosso CONHECIMENTO. A formação filosófica oriunda de estudos de obras como As Seis Lições - Mises, Livre para escolherFriedman, Caminho da Servidão – Hayek e a Revolta de Atlas – Ayn Rand não objetiva formar “ativistas” de

uma utopia e sim construir lideranças que constroem suas decisões com base em um referencial robusto. Adotamos também um conjunto de obras que nos preparam no pilar METÓDO. Para a formação gerencial, temos leitura de livros como Empresas feitas para vencer – Collins, O verdadeiro Poder – Falconi, O poder dos modelos replicáveis – Zook/Allen e Organizações Exponenciais – Salim Ismail. • Pela via de Projetos, expomos os associados ao exercício da LIDERANÇA e realizamos eventos que permitem seu desenvolvimento, como o Day One, no qual apresentamos um associado honorário expondo o que teve de aprendizado prático no Instituto e como isso refletiu na sua vida além de premiarmos os associados que tiveram maior mérito no ano anterior. Realizamos, ainda, o Seminário de Inverno, no qual os associados são provocados a apresentarem um case prático implantado dentro do seu cotidiano e os seus resultados nas empresas. Em grande destaque, realizamos o Fórum Liberdade e Democracia que envolve todos associados do Insituto e nos expõe a desafios que nos proporcionam grandes lições. Roberto Campos certa vez disse que, os que creem que a culpa de nossos males está em nossas estrelas e não em nós mesmos ficam perdidos quando as nuvens encobrem o céu. Isso nos permite refletir sobre o Mundo que é cada vez mais conectado. Enfrentamos uma competição global e, talvez, a novidade é que isso é algo bom. Como aborda Jim Collins em um de seus livros, temos que parar de “olhar para janela e começar a olhar para o espelho”. Encarar os fatos brutais da nossa incompetência e falta de competividade. Passou da hora e abraçarmos a ECONOMIA DE MERCADO e permitirmos que a população tenha acesso a trocas cada vez mais voluntárias. Para isso, será necessário debatermos temas como a privatização das estatais de forma objetiva e fundamentada. Temos que defender a PROPRIEDADE PRIVADA pois ela é motor propulsor para o crescimento econômico, da renda e da inovação o que permite o aumento da produtividade e, portanto, o aumento da qualidade de vida - principalmente dos menos favorecidos. Nós empresários temos que parar de atribuir ao Estado e aos governos a RESPONSABILIDADE SOCIAL e passar a entender o papel relevante que temos na sociedade. Trabalharmos para que as mazelas sociais, ambientais e culturais sejam de fato debatidas e enfrentadas sem preconceitos, respeitando a diversidade de ideias, opiniões e a LIBERDADE DE EXPRESSÃO. Temos de ser paladinos da ÉTICA. Assim como uma das maiores lideranças da história da humanidade, que foi Jesus, devemos fazê-lo por meio do exemplo. Para conseguir prosperar é fundamental que tenhamos um ambiente com menos incerteza e com JUSTIÇA. Para isso, é fundamental o fortalecimento das nossas instituições dentro dos eixos Legislativo,

Executivo e Judiciário. Cada um desses poderes enfrenta problemas sérios de corrupção, inchaço, paralisia e ineficiência. Não é por isso que devemos abandonar a ORDEM e o modelo democrático posto, mas sim aperfeiçoá-lo e discutindo e enfrentando todas as questões de forma objetiva e incansável para que consigamos alcançar o PROGRESSO. Gostaria de dizer que sou um otimista. Pela

“Nós precisamos de um choque de competição, de mercado e de capitalismo.” descoberta que o Instituto Líderes do Amanhã me proporcionou de perseguir os meus sonhos e por acreditar que o valor mais importante do ser humano é a RESPONSABILIDADE INVIDUAL. Portanto, a saber: o caminho para riqueza do Espírito Santo e do Brasil será o de criar INDIVÍDUOS capazes de transformar e impactar o ambiente em que estão inseridos, pautados em valores sólidos que moldam a cultura e mudam gerações. Como Collins nos mostrou em seu estudo, esse é caminho para competividade e produtividade. Temos que buscar alinhar nossos interesses, produzindo melhores bens e serviços para nossos consumidores. Nós precisamos de um choque de competição, de mercado e de capitalismo como citado por Adam Smith em A Riqueza das Nações: “Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro e do padeiro que esperamos o nosso jantar, mas da consideração que eles têm pelos próprios interesses. Apelamos não à humanidade, mas ao amor-próprio, e nunca falamos de nossas necessidades, mas das vantagens que eles podem obter.”. Esse arcabouço construído ao longo do texto é fundamento para permitir a tomada de decisões simples e diretas, para se concentrar em resultados consistentes e verdeiramente transformadores para uma socidade que é orientada para o longo prazo. Como diria Friedrich Von Hayek: “A geração de hoje cresceu num mundo em que, na escola e na imprensa, o espírito da livre iniciativa é apresentado como indigno e o lucro como imoral, onde se considera uma exploração dar emprego a cem pessoas, ao passo que chefiar o mesmo número de funcionários públicos é uma ocupação honrosa”. Nós, associados do Líderes do Amanhã temos orgulho de não fazermos parte dessa geração. Sou muito grato por ter tido a sorte de servir com pessoas excelentes.

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5º Fórum Liberdade e Democracia

Quem é Jim Collins? James “Jim” C. Collins III, nascido em 1958, em Aurora, Colorado (EUA), é reconhecidamente um dos mais relevantes consultores, pesquisadores

e autores do universo de negócios no mundo . Suas seis obras venderam mais de 10 milhões de cópias em todo o mundo.

Durante sua atuação como docente na Grad-

o papel da liderança

uate School of Business em Stanford, Collins desenvolveu pesquisas relacionadas às boas práticas de gestão que constroem empresas

Um líder contemporâneo precisa contar com

longevas. Posteriormente, em 1995, fundou seu

robusta base teórica que suporte a sua tomada

próprio laboratório de estudos em gestão em-

de decisões. Além de aplicar ferramentas e téc-

presarial em Boulder, Colorado, de onde conduz

nicas passageiras, construir uma base sólida

pesquisas com companhias de todo o mundo,

de valores e princípios perenes é fundamen-

bem como acompanha, como consultor, a alta

tal. Conhecer as ideias de pensadores brilhan-

administração de grandes companhias globais.

tes como Jim Collins é uma oportunidade a ser

Os conceitos desenvolvidos e dissemina-

tratada como prioritária por aqueles que an-

dos pelo autor se tornaram lugar comum nos

seiem construir instituições duradouras, cujos

ambientes de negócios em todo o mundo. Cit-

resultados serão percebidos por gerações.

ações como “Primeiro coloque as pessoas certas no ônibus”, “Primeiro bala de revólver, depois bala de canhão”, além de conceitos como “paranoia produtiva”, “a marcha das vinte milhas”, “liderança nível 5” e tantos outros, são referências para condução estratégica de incontáveis organizações e instituições

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5º Fórum Liberdade e Democracia

5º Fórum Liberdade e Democracia

Suas Obras

Como os Gigantes Caem

Empresas Feitas para Vencer

(How the Mighty Fall, 2009)

(Good to Great, 2001)

É a compilação dos cinco principais estágios que levam uma empresa de sucesso ao declínio. A provo-

É o principal best-seller do autor. A obra examina

cação do autor parte do pressuposto de que, por mais

um seleto grupo de empresas e líderes que se aproxi-

excelente que uma empresa seja, ela estará sempre

maram da excelência e sustentabilidade por pelo

vulnerável ao declínio. Caminhos para a percepção e

menos quinze anos. A partir do questionamento cen-

correção dessa trajetória são abordados no livro.

tral, “por que algumas empresas se tornam excelentes enquanto algumas permaneciam apenas boas?”, o autor avalia elementos fundamentais para a construção de negócios prósperos.

Feitas para Durar (Built to Last, 1995)

O autor explora os elementos que fizeram com que um grupo de empresas com características em comuns prosperasse e atingisse longevidade diferenciada. A obra teve grande repercussão, sendo resultado de estudos relacionados a cerca de mais de cem mil páginas de livros, relatórios, matérias de jornais e revistas a partir dos quais foram traçados e diagnostica-

dos elementos fundamentais para o sucesso.

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Vencedoras por Opção (Good to Great, 2011)

Em sua mais recente publicação, Jim Collins avalia por que algumas empresas prosperam na incerteza e no caos – mudanças econômicas, políticas, climáticas etc. – e outras não. As respostas são o resultado de nove anos de pesquisas em parceria com outro expert em administração, Morten T. Hansen. Novamente, o autor formula elementos centrais críticos para o sucesso que complementam e atualizam as teorias abordadas nas obras anteriores.

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PAINEL

Uma Reflexão sobre a Construção de Políticas Públicas Duradouras

painel

a Marcha das 20 milhas

Somente após a década considerada “perdida”, de 1980 a 1990, com uma política econômica heterodoxa, orientada para proteção das empresas nacionais e intervenção generalizada do Estado na economia, o governo observou a necessidade de realizar reformas que, de fato, pudessem contribuir para a melhoria do ambiente macroeconômico. Afinal, vivíamos em um país cuja inflação já havia se tornado inercial e alcançado patamares astronômicos, diminuindo o poder de compra, principalmente, dos mais pobres dia após dia. Invariavelmente, foi necessário que os entes públicos refletissem sobre a escassez do recurso público, houve a necessidade de quatro planos de estabilização econômica fracassados para a conclusão de que imprimir dinheiro e congelar preços não eram soluções.

“a responsabilidade individual é um valor a ser praticado no dia a dia por cada cidadão, seja dentro ou fora de nossas casas.” Para Jim Collins, a receita das empresas vencedoras é a consistência. Para exemplificar essa afirmação, em Vencedoras por Opção, o autor nos apresenta mais um princípio chave: a “marcha das 20 milhas”, ilustrada pela história de dois exploradores que formaram expedições concorrentes para chegar ao polo sul. Enquanto um deles (Amundsen) estabeleceu um limite de 20 milhas de avanço por dia para manter sua equipe afastada do risco de exaustão (independentemente das condições climáticas), o outro (Scott) pressionou seu pessoal para chegar primeiro. A equipe Amundsen atingiu o polo sul, enquanto a de Scott morreu no caminho.

Trazendo para o mundo dos negócios, a “marcha das 20 milhas” retrata a ideia de que as organizações de excelência (que crescem muito acima da média de seus mercados) atingem marcos de desempenho a passos largos e com grande consistência em um longo período; por sua vez, as organizações do grupo comparativo, menos bem sucedidas, tentam crescer agressivamente e se metem em saltos grandes e radicais com mais intensidade, puxando a “onda” do momento.

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Isso significa dizer que as organizações bem sucedidas tendem a avançar em um terreno mais ou menos plano, mantendo um ritmo constante. Não trocam as metas parciais de seu negócio pelo afã de chegar mais rápido à meta final, ou de superá-la. Para Collins, a disciplina é a única maneira de progredir. É possível adotar uma “marcha das 20 milhas” no atual contexto em que o Brasil se encontra? As reformas em pauta estão sendo estruturadas com consistência e visão de longo prazo?

A execução do Plano Real objetivava, na primeira fase de implantação, a busca do equilíbrio fiscal por meio da reorganização das dívidas públicas e da redução dos gastos públicos. Estes desafios perpetuam no país até os dias de hoje e são os principais fatores que nos levaram aos patamares atuais da dívida pública bruta de 73,7% do PIB (Produto Interno Bruto), segundo o último relatório do Banco Central do Brasil, publicado no dia 11 de outubro deste ano. As conquistas obtidas com o Plano Real, do ponto de vista de crescimento econômico e da redução da dívida pública, foram, principalmente, nos últimos 7 anos, descontinuados. Apesar de apresentarmos uma inflação controlada e instituições sólidas, a reflexão buscada aqui é sobre como construir políticas públicas duradouras, afinal, governos vão e voltam, mas os pilares que garantem o motor da economia ligado devem se manter. Basta fazer uma análise comparativa para evidenciar o descompasso da produtividade brasileira com a da Coreia do Sul. O livro Produtividade no Brasil: desempenho e determinantes, do Ipea (2014), aponta que, na década de 80, apresentávamos um nível de produtivi-

dade similar, cerca de US$ 11.000 por trabalhador/ano, e, atualmente, produzimos na média cerca de 30% que um trabalhador coreano. Um dos principais conceitos discorridos por Jim Collins, na sua obra Vencedoras por opção, é o da marcha das 20 milhas. No cenário apresentado por Collins, duas equipes de aventureiros almejavam se tornar o primeiro grupo a chegar ao Polo Sul. Essa é a história de Amundsen e Scott, ambos com a mesma vontade, disposição, treinamento e condição de concluir a missão mais complexa e desafiante de suas vidas, contudo, somente a equipe de Amundsen conseguiu alcançar o objetivo. Mas o que será que faltou à equipe de Scott? Quais foram as falhas que não permitiram completar o desafio? Por meio dessa analogia, Jim Collins busca compreender o que diferencia as organizações que possuem o mesmo ponto de partida, mas resultados completamente distintos. Podemos utilizar esses conceitos de forma análoga às nações para refletir sobre os principais aspectos que impediram a consistência na marcha das 20 milhas ao longo dos anos. Quando discorremos sobre as mudanças que, de fato, podem ser transformacionais, na prática, debatemos sobre valores que constroem uma sociedade. Basta avaliarmos o retrocesso dos últimos 7 anos. Ao nos compararmos com outras nações como a Coreia do Sul, cuja a história foi forjada a partir de um cenário de guerra e escassez, vemos, com clareza, o papel que a responsabilidade individual, como um valor intrínseco aos cidadãos, teve, em 30 anos, para mudar a realidade de um país. Conceitualmente no Instituto Líderes do Amanhã, utilizamos como definição desse valor a “responsabilidade sobre os atos e escolhas individuais, sobretudo sobre as consequências por elas produzidas, sejam elas traduzidas em recompensas e punições”, ou seja, colocamo-nos como protagonistas e não como vítimas guiadas pelo acaso. Portanto, a responsabilidade individual é um valor a ser praticado no dia a dia por cada cidadão, seja dentro ou fora de nossas casas. Esses conceitos têm um impacto transformador, com entes públicos que, no limite, começam a ter a clareza, por exemplo, de que um aumento de despesa implica em um aumento da dívida pública ou de tributos para a população ou de que a votação de uma reforma previdenciária não é uma abolição dos direitos dos trabalhadores, mas o necessário para garantir a sustentabilidade do orçamento federal a longo prazo.

Marcio luiz Zaganelli filho

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PAINEL

como estimular o progresso

painel

algo que já foi realizado, tornando-se competências centrais validadas. Não é necessário descartar tudo o que já foi feito para conseguir gerar

Mais, maior, melhor, acelerado, disruptivo, positivo. Vivemos em um mundo, o qual exige que o próximo período seja superior ao anterior. Status

como estimular o progresso

Para isso, deve-se construir o novo baseado em

quo é algo ruim, devemos sempre buscar a superação ao final do dia, da semana, do mês, do ano. Mas, quantas vezes, nessa busca incessante pelo crescimento, podemos achar o progresso? O progresso é um crescimento de forma sustentável, mas não no sentido de ser bom para o meio ambiente, mas sim como garantia do crescimento. O que deve ser feito hoje, amanhã e no dia seguinte para que sua empresa, instituição ou até você mesmo consiga ser perene? Buscar crescer com metas audaciosas não é algo ruim, muito pelo contrário, mas não deve ser a razão pela qual a instituição vive. As metas e os objetivos devem ser vistos como o norte, o caminho pelo qual a empresa deve trilhar e usar para estimular as pessoas a saírem da sua zona de conforto e, assim, gerarem novo valor à sociedade. É preciso vê-las como um estímulo para a empresa e não um fim em si mesmo. Ao se focar nas metas como um projeto final, corre-se um sério risco de se aceitar qualquer artifício para alcançá-las, e, dessa forma, perder o conceito completo de sustentabilidade. Progresso é entender que não há uma linha de chegada, mas sim uma incessante corrida. Não adianta você desviar do que você é por um momento ou para alcançar a meta do quadrimestre. Estamos inseridos em uma sociedade, em um contexto, e isso exige responsabilidade individu-

novo valor na sociedade e, principalmente, dentro de uma empresa. O que já foi feito é uma ótima lição do que construir no futuro. Ou seja: Progresso é o equilíbrio entre novos desafios, com foco em competências centrais e impacto positivo na sociedade. Em uma sociedade cada vez mais tecnológica, dinâmica e sustentável, os Big Hairy Audacious Goals, de Jim Collins, fazem cada vez mais sentido para estimular o progresso e melhorar a vida de todos. Os desafios são grandes, como, por exemplo, fazer a democracia mais representativa no mundo digital, melhorar a saúde das pessoas com a internet das coisas ou, então, utilizar a economia compartilhada para gerar um consumo responsável. Para finalizar, qual é o seu grande desafio? O que você está fazendo e pretende fazer a fim de trazer progresso para você, sua empresa e para o mundo?

“Progresso é o equilíbrio entre novos desafios, com foco em competências centrais e impacto positivo na sociedade.”

al, ao saber que todo impacto que você causar irá, consequentemente, afetar outras pessoas, além de você mesmo direta ou indiretamente. Desviar a conduta ‘só um pouquinho que não vai prejudicar ninguém’ é o começo do fim da sustentabilidade de uma instituição. É uma bola de neve. O verdadeiro progresso é quando se estabelece um objetivo audacioso de solucionar algum prob-

De acordo com Jim Collins, possuir uma meta audaciosa é uma maneira poderosa de estimular o progresso. Contudo, elas exigem uma construção de longo prazo, o que nos leva a uma reflexão com senso de urgência: o que precisamos fazer hoje, amanhã e no dia seguinte para desafiar as probabilidades e alcançarmos essa meta?

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lema, alguma ‘dor’, algo que fará a vida de alguém melhor e, como consequência, a sociedade verá mais valor no seu ato e você terá um melhor resultado, que, normalmente, medimos como lucro. É lucrativo, hoje, pensar no bem-estar do próximo.

Artur Mendes

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PAINEL

“O construtor de relógio representa a obstinação humana, a habilidade de deixar um legado, de se superar, de se tornar maior que si mesmo e impactar a sociedade positivamente.”

painel

CONSTRUINDO UM RELÓGIO

uma sociedade de jovens aspirantes a servidores públicos ao invés de empreendedores, que optam por trabalhar como burocratas ao invés de criadores, de vítimas do sistema e não de protagonistas das mudanças que o país precisa. Apesar dos efeitos colaterais e sequelas desse mindset, a conscientização dos indivíduos de que a deterioração dos valores do mérito e do trabalho é a destruição

Criar um relógio é ter uma cultura. O mundo muda, você deixa de existir, mas ele ainda vai marcar as horas. Sua empresa não depende de você; se depender, é porque ela não é excelente de verdade.

a construção de relógios Jim Collins, ao conceituar os indivíduos que conbasta contar as horas, pois é preciso saber construir o relógio. Essa reflexão é significativa, já que representa o

É conferido à instituição que se destaca no meio

princípios básicos; do outro, estimular o progresso.

O contador de tempo de Collins ilustra o cidadão médio, que cumpre um papel no meio em que vive e tem

Por mais bem sucedido que você ou sua empre-

o seu valor, mas entrega pouco para a coletividade. O

sa sejam, sempre há possibilidade de melhoria.

construtor de relógio representa a obstinação humana,

Sair de bom para excelente – e se manter assim

a habilidade de deixar um legado, de se superar, de se

– requer um processo contínuo.

tornar maior que si mesmo e impactar a sociedade posi-

empresarial, sendo um agente de mudança do am-

É preciso mudar a noção de tempo! Parar de

biente de negócios e que tenha contribuído para a

gerenciar as empresas por trimestre, semestre,

construção de uma sociedade mais justa e livre.

Segundo o International Institute for Management

tivamente.

e pensar em um quarto de século. Definir metas

Criar um relógio é ter uma cultura. O mundo

Development (IMD), o Brasil ocupa a terceira pior posição

ousadas de longo prazo e reagir às mudanças que

muda, você deixa de existir, mas ele ainda vai mar-

entre 63 países no Relatório de Competitividade Global

virão no mundo ou, então, criar uma meta tão au-

car as horas. Sua empresa não depende de você; se

em 2017. Esse é o resultado de uma sociedade que tem

daciosa que te obrigue a mudar, a crescer.

como cultura o vitimismo e que não cultiva os valores do

depender, é porque ela não é excelente de verdade. Ao explorar esse conceito em suas obras, Jim Collins explica, para construir um relógio, é preci-

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poder do indivíduo, a criatividade humana e a inovação. ganização, a sua essência, seguir suas verdades e

Você já pensou em ser alguém que deixa de contar as horas para ser alguém que constrói relógios?

reagir. Ludwig von Mises, renomado pensador e expoente da

tribuem para instituições duradouras, afirma que não

PRêmio liberdade empresarial - iee

das instituições, expressa a capacidade da sociedade de

mérito e do trabalho. Talvez, essa seja a maior tragédia brasileira, uma cultura produtora de contadores de tempo, que tem,

so criar uma relação harmônica entre mudança e

O que o Brasil deve mudar ou trabalhar nos próx-

continuidade. De um lado, manter o núcleo da or-

como consequência, uma sociedade atrofiada, anacrôni-

imos 10 anos para sobreviver por mais 20, 30 anos?

ca e ineficiente. É a falência múltipla do tecido social,

escola austríaca, dizia que a história é feita de ideias. A adoção de ideias que promovam mais construtores de relógios de Collins, a busca pelo empreendedorismo e a consequente ruptura com conceitos que aceitam boas intenções frente a resultados medíocres, indicam uma revolução em direção a um país mais próspero. Apresenta-se a possibilidade de verdadeira renovação cultural na prática, em que os homens procuram suas próprias respostas. A adesão às ideias de que a pobreza não é um estado, mas uma circunstância, e de que somente o indivíduo, como protagonista da sua vida e do seu tempo, pode melhorar o seu destino, são fundamentais para uma sociedade mais próspera.

Gilvan Badke O verdadeiro progresso é quando se estabelece um objetivo audacioso de solucionar algum problema, alguma ‘dor’, algo que fará a vida de alguém melhor.

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PAINEL

Entrevista Instituto Ludwig von Mises Brasil “IMB” Por Hélio Beltrão 1. Que ano e por quem o Mises foi fundado? O Instituto Mises Brasil foi fundado em 2007 e foi fundado por minha iniciativa. Assinaram a ata de fundação outras 4 pessoas.

PAINEL

O IMB acredita que nossa visão de uma sociedade livre deve ser alcançada pelo respeito à propriedade privada, às trocas voluntárias entre indivíduos, e à ordem natural dos mercados, sem interferência governamental. Portanto, esperamos que nossas ações influenciem a opinião pública e os meios acadêmicos de tal forma que tais princípios sejam mais aceitos e substituam ações e instituições governamentais que somente: a) protegem os poderosos e os grupos de interesse, b) criam hostilidade, corrupção, e desesperança, c) limitam a prosperidade, e d) reprimem a livre expressão e as oportunidades dos indivíduos.

2. Qual foi o contexto de fundação? Resolvi fundar para divulgar as ideias, na época pouquíssimo conhecidas, da Escola Austríaca de Economia.

3. Missão, visão e valores. O Instituto Ludwig von Mises - Brasil (“IMB”) é uma associação voltada à produção e à disseminação de estudos econômicos e de ciências sociais que promovam os princípios de livre mercado e de uma sociedade livre. Em suas ações o IMB busca: I . promover os ensinamentos da escola econômica conhecida como Escola Austríaca; II . restaurar o crucial papel da teoria, tanto nas ciências econômicas quanto nas ciências sociais, em contraposição ao empirismo; III . defender a economia de mercado, a propriedade privada, e a paz nas relações interpessoais, e opor-se às intervenções estatais nos mercados e na sociedade.

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3. Como esperam impactar a sociedade? Esperamos impactar a sociedade através da discussão de ideias, impactando pessoa a pessoa.

4. Qual o significado do Prêmio Liberdade para vocês? Prêmio Liberdade é uma honra muito grande. É o primeiro prêmio que o Instituto Mises Brasil ganha de uma organização brasileira.

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PAINEL

liderança no fio da navalha

funcionamento do instituto, mas algo me dizia que era o certo a se fazer. A decisão foi um ato de liderança e protagonismo, mesmo que eu ainda não soubesse

Nos últimos anos, entre as discussões voltadas para

painel

a gestão empresarial, alguns assuntos se mantiveram como alvo de atenção e estudo. O presente artigo trata de dois em especial: liderança e produtividade. Afinal, esses dois tópicos, quando explorados mais a fundo,

Líderes do Amanhã

refletem a problemática por trás do nosso sistema educacional, bem como sua fragilidade e ineficiência qualitativa. Óbvio que é importante entender a existência de indivíduos que possuem pré-disposições vocacionais e facilidades voltadas à formação de opinião e direcionamento de pessoas, mas isso não significa que a capacidade de liderança seja exclusiva destas pessoas, uma vez que o desenvolvimento de novos líderes é plenamente possível. E a propósito, se nosso objetivo é batalhar por um país melhor, por que deveríamos nos contentar com a realidade atual sem confrontá-la? Por que não nos tornarmos líderes, adquirindo as ferramentas e os conhecimentos adequados para nos transformarmos em agentes de mudança social? Por que não me tornar mais do que eu sou agora e ajudar os outros a fazer o mesmo? Estes eram alguns de meus questionamentos naquele novembro de 2016, quando resolvi me candidatar para o processo seletivo do Instituto Líderes do Amanhã. Coach? Desenvolvimento Pessoal? Nada disso. Naquele dia, ainda, não conhecia muito bem o

Em suas pesquisas, um dos achados mais consistentes de Jim Collins é o de que as organizações duradouras e que atingiram a excelência têm líderes nível 5 à sua frente, ao passo que as organizações comparadas (do mesmo setor, inseridas no mesmo contexto, mas com desempenho inferior) têm líderes nível 4.

O líder nível 1 tem capacidades individuais; o nível 2, as de equipe; o nível 3 tem as habilidades de gestão; e o nível 4, as de liderança. O líder nível 5, por sua vez, tem uma capacidade que extrapola todas as demais: a humildade pessoal, aliada a uma determinação implacável. Os líderes nível 5 são incrivelmente ambiciosos e focados, mas não querem poder, títulos ou ranking – pensam no que podem criar, em como podem contribuir, em como desenvolver algo que vai além deles próprios. O líder nível 5 estimula as pessoas a seguir uma causa, prepara seus sucessores para atingir um

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sucesso ainda maior na geração seguinte, não quer ser lembrado como herói. Estaríamos vivendo uma escassez de líderes no Brasil? Temos líderes nível 5 ou estamos criando uma cultura de gestão nível 5? Nesse contexto, como instituições como o Instituto Líderes do Amanhã e o Espírito Santo em Ação podem impactar a sociedade, contribuindo para a formação de lideranças empresariais imbuídas de valores sólidos e, consequentemente, para a construção e o desenvolvimento de instituições duradouras.

“liderar não era exatamente aquilo que eu sempre havia imaginado. Antes de tudo, era necessário evoluir, aprender e adquirir propriedade técnica e experiência para tornar-me um verdadeiro líder.”

disso naquele momento. Para que possamos fazer uma breve retrospectiva histórica, vamos partir da etimologia do termo. Leader, do inglês, significa guia, chefe. Já no inglês arcaico, temos laedan, que significa guiar, chefiar. No germânico laithjan, coincide-se novamente o termo chefiar. Assim, temos algumas origens conceituais das palavras “liderar” e “líder”. Ao explorar um pouco mais, encontramos a palavra líder em sua origem celta, que tem como significado “o que vai na frente”. Pessoalmente, o choque de realidade já iniciou no processo seletivo, quando percebi que era necessário sintetizar ideias e respostas complexas em pequenos instantes, selecionando com critério e cautela cada palavra que seria proferida – ou seja, respostas rápidas sob pressão e com precisão, mediante o risco de errar. Se transpomos para o assunto, essa é uma das definições de liderança e empreendedorismo. Foi assim que percebi que liderar não era exatamente aquilo que eu sempre havia imaginado. Antes de tudo, era necessário evoluir, aprender e adquirir propriedade técnica e experiência para tornar-me um verdadeiro líder. Caso você me pergunte hoje qual a característica crucial para um líder, possivelmente irei dizer que é a capacidade de “aprender a aprender”, pois foi assim que iniciei minha caminhada no Instituto Líderes do Amanhã. Na atual realidade mercadológica e social em que vivemos, tomada pela constante ignorância e mediocridade de indivíduos, estar cercado por pessoas boas e que, diversas vezes, são (muito) melhores do que você em diferentes disciplinas, faz-nos acelerar, dedicarmo-nos mais e querer entregar o nosso melhor. Afinal, um líder quer ser “o bom entre os melhores”, mas sem se vangloriar disso; quer ser uma referência inclusive em modéstia e humildade. Ser o bom entre os melhores é extrair o máximo da produtividade, sua e de sua equipe, e se colocar em concorrência com o mundo, em um mercado livre e aberto, em que distâncias são encurtadas pelos meios de comunicação cada vez mais acessíveis e imediatos, como, por exemplo, a internet. É fazer a produtividade, antes relegada, ganhar corpo. Extrair o melhor para entregar o melhor, dar o exemplo. Enfim, é fazer parte de um seleto grupo de pessoas inconformadas com o desempenho diário que sempre estão dispostas a se entregarem mais (e cada vez melhor).

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PAINEL

PAINEL

liderança nível 5: jim collins

Mas é importante entender que o líder vive constantemente no fio da navalha. Sempre sob a pressão de executar cortes delicados, mantendo a acuidade de saber o que ajuda e o que atrapalha. Ter discernimento

Cada ser humano possui sua própria consti-

eficiências.

tuição, seus traços físicos, sua personalidade e

Diante da sobrecarga do caos administrativo, or-

história, seu estilo de vida, seus afazeres e ocu-

ganizacional e operacional no qual o líder constante-

pações, bem como seus próprios propósitos. Aq-

mente está inserido, como fazer, então, para se manter pios e valores. O que temos hoje em falência no Brasil não é apenas a classe política, mas todo um sistema fraco de valores e que flerta constantemente com a imoralidade. A mudança surge, quando, como em uma receita culinária, misturamos os ingredientes corretos, que se conectam e fazem a receita ganhar corpo. Por isso digo, não duvide do poder dos pequenos grupos. Encontre pessoas de valor, com princípios fortes e sustentáveis. Estude, mas estude muito, e, com toda a sua dedicação, talvez você consiga entender que liderança é uma potencialidade que está escondida em todos nós, mas que precisa de bons exemplos para se manifestar. Gosto de lembrar do fio da navalha como metáfora para ser líder. Cortar excessos, aparar algo que, mesmo quando está indo bem, precisa continuar crescendo adequadamente, como em uma poda. É ensinar sem ser chato, dividindo o conhecimento de forma horizontal, é se manter afiado a todo momento, afiar sua equipe e, no fim, saber ser amolado, com todo cuidado ao amolar alguém. Por fim, ser líder é um desafio contínuo, requer bom senso, empatia e destreza; afinal, lembrando-se da navalha, é preciso que cada corte ou acabamento sejam bem executados sem ferir ninguém, incluindo a si mesmo.

uilo que nos motiva está baseado no que acredita-

“o líder vive constantemente no fio da navalha. Sempre sob a pressão de executar cortes delicados, mantendo a acuidade de saber o que ajuda e o que atrapalha. Ter discernimento para dizer não, mas também para dizer sim. Cortar ineficiências.”

mos e em nossos valores. A vida de cada um de nós em sociedade pressupõe o convívio com nossos semelhantes, em meio ao ambiente no qual estamos inseridos. A base de valores de uma sociedade e sua cultura são provenientes de diferentes origens e, muitas vezes, forjadas por vivências empíricas, processos históricos e consolidações de pensamentos e tradições ao longo do tempo. Há sociedades com pensamentos e valores mais lineares e consolidados; outras, mais dinâmicas, heterogêneas e efervescentes neste aspecto. No contexto brasileiro, temos um país marcado por uma forte miscigenação étnica, fruto dos diferentes povos que participaram da formação do nosso Brasil, bem como de seu sincretismo religioso, formado pela junção de diferentes crenças religiosas coexistentes no país. Vivemos, assim, numa sociedade plural, heterogênea e marcada, ainda, pela globalização do mundo contemporâneo, da alta conectividade e velocidade das informações, que são geradas, transmitidas e difundidas a todo tempo. Neste contexto, produzir convergência, coordenar esforços e conseguir reunir pessoas não só por meio de palavras, mas principalmente por ações, é uma habilidade extremamente valiosa. Liderar pessoas e processos em torno de valores sempre se fez necessário e, nos tempos atuais, esta capacidade se torna ainda mais imprescindível e vital. Isso porque o Brasil atravessa uma crise de diversos matizes, como política e econômica, mas, sobretudo, ética e moral, de modo que se faz imperativo o papel e o surgimento de lideranças que possam direcionar os esforços da sociedade e fazê-la convergir para a construção de instituições pautadas em valores sólidos e que possam perdurar ao longo do tempo. Ressaltemos, aqui, a importância da construção

Victor Maia Mignone

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mesmo pela importância de não dependermos da existência de messias, como nossa própria história já nos mostrou, necessitamos de que

para dizer não, mas também para dizer sim. Cortar in-

centrado? Essa resposta, para mim, é clara: ter princí-

cia de indivíduos como salvadores da pátria, até

de instituições sólidas, com valores bem definidos e governança. Assumindo a descrença da existên-

cada um de nós se desperte para a importância do seu protagonismo. Quer-se dizer, é preciso que partamos do exercício, primeiramente, de nossa liderança em relação a nós mesmos, à nossa própria vida; e que exerçamos maior protagonismo não só em relação ao nosso destino, mas também em relação à sociedade, ao contexto no qual estamos inseridos. Assim, tornar-nos-emos verdadeiros indivíduos agentes de mudança, como já há muito deveríamos ser. Não basta só liderarmos, no entanto. Para vermos o resultado de nosso esforço enraizado e perpetuado ao longo do tempo, devemos fazê-lo com abnegação e humildade, sempre em busca da realização de um propósito maior, como bem elucida Jim Collins, cujas obras inspiraram o tema desta 5ª edição do Fórum Liberdade e Democracia. Para o autor, ideias e valores devem estar acima de quaisquer personificações e questões de ego e vaidade que satisfaçam apenas a interesses individuais. Aliado a isso, a soma de diversos níveis de liderança, atribuídos a capacidades individuais, de equipe, de administração e de liderança em sentido estrito tornam possível o surgimento da maior espécie de liderança, por ele denominada de “Liderança de Nível 5”.

“Liderar pessoas e processos em torno de valores sempre se fez necessário e, nos tempos atuais, esta capacidade se torna ainda mais imprescindível e vital.” 29 27


PAINEL

PAINEL

Com efeito, tais premissas da “Liderança de Nív-

sociedade como o Brasil, que precisa firmar seus

segue administrar as contas públicas com déficit, já

o sucesso da empresa, e não com a sua própria

el 5” não só podem como deveriam estar presentes

valores e avançar na consolidação de suas insti-

que tem em suas mãos o poder de cobrar impostos da

riqueza ou renome pessoal. Estes indivíduos pos-

população sempre que falhar.

suem uma determinação, uma vontade insaciável

em qualquer seara organizacional, pública ou pri-

tuições. É disto que precisamos, é isto que almeja-

vada; só assim estaremos diante de líderes de alto

mos. Que tenhamos mais “Lideranças de Nível 5”,

Por outro lado, quando observamos nações que

impacto. Fazendo um recorte para uma dimensão

assim como mais espaço para que novas lideran-

possuem um ambiente favorável ao crescimento,

coletiva – de nação, país, estados e municípios –,

ças sejam encorajadas a surgir e impactar a socie-

conseguimos identificar alguns exemplos de organ-

Já no livro Vencedoras por Opção, outro best-

a liderança de alto impacto deveria ser a regra, e

dade pelo exemplo.

de gerar resultados e fazer tudo o que for preciso e necessário para tornar a empresa excelente.

izações cuja presença de características consist-

seller do autor, Collins também relaciona o re-

não a exceção. Essa, contudo, não é a realidade

entes as transformaram de boa para excelentes. Um

sultado das empresas bem sucedidas com a ex-

que enxergamos nos dias atuais; vivemos um gap

desses fatores preponderantes para as empresas

istência de uma forte liderança à sua frente. Desta

de lideranças, cuja escassez hoje nos é tão cara.

alcançarem resultados extraordinários, segundo

vez, contudo, ele utiliza do conceito do “Líder 10X”

Os governos são finitos, acabam, têm data de

Collins, são as lideranças, que o autor define como

para conceituar os grandes líderes, que são pes-

início e fim, mas a vida em sociedade continua.

“líderes de nível 5”. Segundo Collins, tratam-se de

soas que apresentam comportamentos essenciais

Os líderes de alto impacto, portanto, devem não só

indivíduos que aliam humildade pessoal a uma

como disciplina fanática, paranoia produtiva e

possuir uma visão de longo prazo, de Estado, vol-

firme vontade profissional. A liderança de nível 5

criatividade empírica. Estes conceitos caracteri-

tada ao interesse público, como também respeitar

vai contra os ditames do senso comum, em especial

zam o líder como uma pessoa consistente em va-

as liberdades individuais. Uma liderança por meio

contra a crença de que necessitamos de salvadores

lores, metas e desempenho, que toma decisões

da qual o Estado seja conduzido para ser servidor

da pátria com personalidades fortes para transfor-

acertadas em momentos de crise e que possui ca-

de seus cidadãos, e não o contrário – isso, sim, já

mar as organizações. Para captar o conceito, ele

pacidade de prever problemas futuros e se preve-

cita o presidente norte-americano Abraham Lin-

nir diante deles.

seria um grande avanço. É possível concluir, assim, que lideranças de alto impacto são precursoras fundamentais numa

José Antonio Vervloet do Amaral

coln, que nunca permitiu que o ego atrapalhasse a

Tais análises nos permitem enxergar, com

sua vontade fundamental. É importante destacar

clareza, que a falta de organizações com valores

que esta ambição do líder nível 5 está voltada para

sólidos contribuiu significativamente para uma das maiores crises que hoje assola o país. Vemos

a carência dos valores e o impacto nas instituições

Para eles, então, a importância dos valores nas instituições estaria diretamente ligada ao sucesso de uma nação, seja na esfera pública ou privada. Não muito distante disto, mas com estudos aplicados ao setor privado, o autor Jim Collins, na obra

Diante do cenário que nosso país se encontra,

Empresas Feitas para Vencer, elenca uma série de

talvez o início de uma mudança seja buscar en-

conceitos advindos de valores existentes em organi-

tender o que nos trouxe até aqui e qual a saída para

zações que tiveram resultados excelentes ao longo do

este caos. Nos últimos anos, estamos vivendo uma

tempo. Po óbvio, tais resultados são mais propícios de

das maiores crises políticas e econômicas de nossa

se verificar em um ambiente aonde haja valores só-

história e que, possivelmente, tenha sido gerada pela

lidos enraizados nas instituições (públicas ou priva-

falta de valores sólidos em nossas instituições, mar-

das) e na sociedade. Alguns desses valores, aliás, já há

cadas por uma série de privilégios aos “amigos do

muito foram pregados por um dos líderes da Escola

rei”, ganância de poder e um forte intervencionismo

Austríaca de Economia, Ludwig von Mises, como: eco-

do Estado.

nomia de mercado, responsabilidade individual, direi-

Apesar de vivermos em uma democracia com “cer-

30

to à propriedade privada e estado mínimo.

ta” liberdade econômica, é um pouco curioso e esp-

Em meio a esse contexto, atualmente, tem-se dis-

antoso ver estamos muito distantes de outros países

cutido intensamente sobre o papel e a intervenção do

com o mesmo sistema de governo. Em Por que as

Estado na sociedade e, principalmente, na economia.

nações fracassam, Acemoglu e Robinson nos ajudam

Sobre isto, Mises, em uma de suas obras, cita que o

a compreender esse fenômeno: para os autores, o de-

governo não fracassa somente por proteger o funcion-

senvolvimento econômico é derivado da qualidade

amento da economia de mercado, mas também por

das instituições políticas e econômicas das nações.

interferir em fenômenos de mercado, como preços,

A política precede a economia, e o sucesso de uma

padrões salariais, taxas de juros e lucros. Isto porque,

nação depende de instituições políticas inclusivas.

mesmo diante da ineficiência estatal, o governo con-

“Estes conceitos caracterizam o líder como uma pessoa consistente em valores, metas e desempenho, que toma decisões acertadas em momentos de crise e que possui capacidade de prever problemas futuros e se prevenir diante deles.”

um Brasil carente de “líderes nível 5” ou “10X” para conduzir nossa nação, nossas instituições a resultados extraordinários. Um dos grandes desafios que temos pela frente, então, será o de preparar e formar jovens lideranças imbuídas de valores para se transformar em verdadeiros agentes de mudança social. Para tanto, precisamos encarar a responsabilidade individual como fator imprescindível a essa transformação. Finalizo com mais uma reflexão. Em Empresas Feitas para Vencer, Collins utiliza uma metáfora chamada a Janela e o Espelho, segundo a qual os líderes das empresas comparadas (aquelas do mesmo setor, mas não foram bem sucedidas como as “vencedoras”) sempre olhavam através da janela à procura de alguém que pudessem culpar pelos maus resultados. Que tipo de líder é você?

Gustavo Lopes Almenara Ribeiro

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PAINEL

painel

O Desafio das Grandes Mudanças

Um dos maiores desafios das organizações é, hoje, o da ausência de reflexão, o de fazer tudo no piloto automático, sem medo do negócio desaparecer. Trata-se de uma postura arriscada, quanto mais em uma era marcada pela inovação e pela rapidez com que as mudanças (de consumo, de mentalidade etc.) acontecem.

um pouco mais de paranoia, por favor O Brasil foi alardeado como um dos países emergentes mais promissores no início do século XXI. Alguns

“Não ganha mercado quem inova, inova e apenas inova. Ganha quem sabe integrar criatividade e disciplina a um produto ou serviço inovados e, claro, que tenha escalabilidade para chegar ao cliente”, disse Jim Collins. Na construção de instituições públicas, não poderia ser diferente: as organizações mais consistentes serão aquelas construídas sobre valores sólidos e que tenham, sob seu comando, indivíduos dotados de disciplina fanática, criatividade empírica e paranoia produtiva. A disciplina fanática consiste em ações de longo prazo, tomadas com verdadeira independência mental em relação a pressões externas incompatíveis com os valores e a missão da organização. Essa autoconfiança na toma-

32

da de decisões, conduz-nos à criatividade empírica, que é a capacidade do líder de agir com base em evidências. Por sua vez, a paranoia produtiva consiste em aprender com os erros que te exigem sobrevivência, mas estar sempre preparado para eles. As empresas que têm bons resultados mantêm a paranoia mesmo quando estão bens; elas sempre se preparam para os momentos ruins. Esse contexto nos permite refletir sobre a situação do Brasil, que clama por uma série de grandes mudanças. E nós, cidadãos, queremos mudar esse quadro e estamos dispostos a nos esforçar para isso? Quem são os líderes que conduzirão essas pautas? Temos as pessoas corretas para implementar a agenda de ajustes? O que ainda pode nos matar e como vamos nos proteger?

pontos que validaram essa aposta foram a sua jovem democracia, que, aparentemente, fortalecia-se a cada eleição, e a economia, que crescia a passos largos, gerando uma euforia que reforçava o sentimento de “agora vai!”. Um momento favorável na política e na economia, associado à excelente área territorial, clima e riquezas naturais abundantes no país, indicavam um futuro brilhante para a nossa nação. O mundo olhava para o Brasil e enxergava “o país das oportunidades”. Porém, como dizia Jesus Cristo, “orai e vigiai”. Orar não no sentido da fé, mas de acreditar que aquele momento iria se perpetuar. E nossa nação acreditou muito, seduzida por um falso desenvolvimento que, mais

“A paranoia produtiva prevê três pilares: (i) gerar reservas de caixa e amortecedores para se preparar para eventos inesperados e para a má sorte; (ii) limitar o risco e administrá-lo atrelado ao tempo; e (iii) abrir o foco, depois fechálo, mantendo-se hipervigilante para captar as mudanças de condições e dar uma resposta.” 33


PAINEL

PAINEL

tarde, viria a se revelar como uma tremenda decepção.

tempo todo – para o que não têm condições de prev-

Uma fraude que nos levou para uma crise econômica

er. Presumem que uma série de eventos ruins pode

nunca antes vista na história desse país. Oramos de-

atingi-los em rápida sucessão, inesperadamente e

mais e vigiamos de menos.

a qualquer momento. Aquilo que você faz antes da

Vigiar pouco, aliás, é um problema cultural do Brasil. O brasileiro é pouco paranoico, não questiona, não

tempestade desabar é o que mais importa na hora de determinar o sucesso.

avalia as possibilidades, não calcula os riscos do ambi-

Em contraposição à imagem de políticos exibi-

ente, não planeja nem sabe se antecipar a uma eventual

cionistas, exageradamente autoconfiantes, popu-

ameaça. Esse mau hábito ocorre tanto das coisas mais

listas, dispostos a correr riscos, que só enxergam o

simples (como sair em cima da hora para um compro-

lado positivo das coisas, os indivíduos que exercitam

misso sem calcular as possibilidades de atraso), como

a paranoia produtiva são obsessivos em relação ao

nas coisas mais complexas (como, por exemplo, não

que pode dar errado. Esses indivíduos costumam

prever que a falta de planejamento e infraestrutura

fazer perguntas do tipo: “qual é o pior cenário que

podem causar grandes tragédias no período de fortes

podemos enfrentar?”, “quais seriam suas consequên-

chuvas).

cias?”, “temos plano de contingência implementado

Para mudar essa cultura, Jim Collins, um dos gurus

para enfrentar o pior cenário?”, “quais as vantagens e

de gestão mais respeitados do mundo, apresenta-nos

as desvantagens dessa decisão?”, “quais são as prob-

o conceito da paranoia produtiva, que é a capacidade

abilidades de cada uma delas?”, “o que está fora de

de manter a hipervigilância. Ter paranoia produtiva é

nosso controle?”, “como podemos minimizar nossa

uma característica presente em indivíduos que ficam

exposição a forças que não podemos controlar?”, “e

bastante atentos às ameaças e às mudanças em seus

se?”, “e se?”, “e se?”.

ambientes, mesmo quando tudo está indo muito bem.

E se o Brasil tivesse cuidado do seu caixa tendo

A paranoia produtiva prevê três pilares: (i) gerar

uma gestão mais austera com o dinheiro público? E

reservas de caixa e amortecedores para se preparar

se tivéssemos previsto que era provável que o mun-

para eventos inesperados e para a má sorte; (ii) limitar

do sofresse uma crise como sempre aconteceu na

o risco e administrá-lo atrelado ao tempo; e (iii) abrir o

história, já que crises são cíclicas? E se tivéssemos

foco, depois fechá-lo, mantendo-se hipervigilante para

pensado na possibilidade de que essa crise poderia

captar as mudanças de condições e dar uma resposta

ser tanto um tsunami ou uma “marolinha”, mas que,

efetiva.

de qualquer forma, seríamos atingidos, com mais ou

Segundo Collins, os indivíduos que seguem essa

menos intensidade? E se tivéssemos sidos mais vigi-

cultura entendem que não podem prever os eventos

lantes nos primeiros sinais de corrupção, para que

futuros com confiabilidade e consistência, então se

a resposta fosse mais efetiva? E se eu tivesse feito

preparam obsessivamente – com antecedência e o

a minha parte, assumindo a responsabilidade individual que me cabe?

“Aquilo que você faz antes da tempestade desabar é o que mais importa na hora de determinar o sucesso.” 34

Paranoia produtiva não é sobre lamentar o passado, e sim se preparar para o futuro. Se hoje começarmos a exercitar nossa paranoia produtiva, talvez o Brasil possa chegar àquele sonho que se desenhou no início do século. Por isso, daqui para frente, peço um pouco mais de paranoia, por favor.

pablo vieira

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PAINEL

Retorno sobre a sorte

painel

Retorno sobre a Sorte

Em Vencedoras por Opção, Jim Collins demonstra, por meio de suas pesquisas, que as empresas que prosperaram, mesmo na incerteza e no caos, geralmente não eram mais ou menos afortunadas do que as empresas comparadas – companhias do mesmo setor, inseridas no mesmo cenário e contexto, mas que não apresentaram grande desempenho. Não tinham mais sorte, menos azar ou melhores momentos de sorte. Na verdade, essas organizações obtiveram um maior “retorno sobre a sorte”. Em outras palavras, identificaram momentos favoráveis (de boa sorte) e souberam transformá-los em desenvolvimento, tendo obtido resultados positivos sobre seus investimentos. E você, o que atribuiu ao sucesso ou insucesso de sua organização ou da de seus concorrentes? Sorte, azar? Se você se deparar com um momento de sorte, o que fará a respeito?

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O brasileiro tem vivido um dilema sobre sua sorte. Ao mesmo tempo em que vê alguns países sofrerem graves prejuízos com terremotos, guerras e furacões, olha para si e não encontra qualquer desses flagelos aqui. Diante disso, pergunta-se: O Brasil é um país de sorte? Em seguida, o brasileiro relembra que várias dessas nações (que sofreram catástrofes naturais) possuem índices de desenvolvimento humano muito superiores ao do Brasil. Assim, procuramos encontrar em nossa sorte – ou na falta dela – o motivo de o país não ter alcançado melhores patamares de desenvolvimento, e disso emergem respostas como: “nosso país foi colonizado tardiamente”, “Portugal explorou nossas terras, ao invés de realizar uma ocupação civilizada” ou “o Brasil não possui guerras ou catástrofes, mas tem a corrupção, que é a má sorte dos brasileiros”. A sorte é aquele fator inesperado que acontece sem a vontade dos atores principais, mas que impõe alguma consequência significativa. Em parte de seu livro Vencedoras por Opção, Jim Collins explora se o fator sorte possui influência fundamental para o sucesso das grandes empresas. Será que episódios de boa sorte ou menos episódios de má sorte contribuem significativamente para o desenvolvimento das corporações? E para o desenvolvimento das nações? Collins mostrou, comparando empreendedores do mesmo segmento, que a quantidade de episódios de boa sorte ocorreu de forma similar e que não houve um episódio único e colossal de boa sorte que pudesse justificar o êxito dos maiores empreendedores. Além disso, nem o momento nem a má sorte se mostraram relevantes para justificar a sobreposição de uma companhia sobre outra. Isso significa que o fator sorte é irrelevante? Não. A má sorte de uma nação que enfrenta adversidades ou catástrofes naturais não pode ser considerada fator determinante para a sua ruína. Do mesmo modo, a exploração das riquezas naturais da América no século XVI, a colonização tardia ou a corrupção nos sistemas políticos atuais, ainda que decorram da trajetória de cada país, não podem ser a justificativa conclusiva para o subdesenvolvimento. O que verdadeiramente importa para o progresso de uma empresa, como apontou Collins, é o que se faz com os episódios de sorte. O que grandes líderes alcançaram com a sorte é o que os diferencia na evolução do mercado ou da sociedade. Este é o significado de retorno sobre a sorte. Tal como qualquer investidor espera o retorno sobre seu investimento, ou seja, os seus resultados, qualquer pessoa, empresa ou nação irá prosperar conforme alcance maiores resultados com seus episódios de sorte. O Brasil, como é de se imaginar, possui um baixo retorno sobre a sorte, pois, apesar dos incontáveis episó-

dios de boa sorte que vivencia ao longo de sua história, como ter uma terra fértil e um povo trabalhador, o aproveitamento é baixíssimo em comparação a nações mais desenvolvidas. A título de exemplo, o Brasil possui índices de radiação solar muito superiores à Alemanha. No entanto, o país europeu é líder em geração de energia fotovoltaica, apesar de seus índices serem muito inferiores aos brasileiros. Em outras palavras, o Brasil tem sorte de ter a radiação solar e um extenso território, mas conta com pouquíssimo retorno sobre tal sorte, pois não consegue extrair o proveito potencial desse atributo. Houve também um momento econômico de muita sorte na primeira década do século. A China ampliou exponencialmente sua demanda por commodities e o Brasil se beneficiou disso. Ocorre que, ao invés de solidificar a economia, por meio de educação, tecnologia, infraestrutura e produtividade, o Brasil adotou medidas populistas e protecionistas, focado em ganhos imediatos e enriquecimento ilícito, o que veio a provocar toda fragilidade econômica que quebrou sobre a cabeça dos brasileiros na segunda década. Assim, o Brasil teve o episódio de sorte, mas não teve um ganho perene sobre ela. Em termos corporativos, Collins explicou que um empreendimento de sucesso precisa estar preparado para reconhecer episódios de boa sorte e saber o momento certo de agarrá-los com toda pujança. Por outro lado, também deve estar organizado para situações ruins e, com resiliência, superar os desafios com os quais se deparar. Até porque o que não mata, fortalece. Em termos governamentais, as nações em desenvolvimento precisam ampliar o seu retorno sobre a sorte, reconhecendo e transformando os tais episódios de boa sorte em um sólido desenvolvimento humano e social. Culpar o subdesenvolvimento pela má sorte é entregar nosso futuro ao acaso e ao imprevisto. Acreditar que o desenvolvimento depende da boa sorte também não é razoável, pois o que importa é o aproveitamento efetivo dos acontecimentos imprevistos, bons ou ruins. Jim Collins prescreve a receita do sucesso. Somente verdadeiros líderes nível 5 exercem paranoia produtiva, combinada com criatividade empírica e disciplina fanática (conceitos de seu livro) para extrair o máximo de retorno sobre a sorte. E como afirmou o autor, “a sorte não é uma estratégia, mas obter sobre ela um retorno positivo é”.

Bruno buback

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PAINEL

Simplicidade nos processos e humildade nos resultados

É preciso construir uma relação entre mudança e continuidade. De um lado, manter o núcleo, a sua essência, e, do outro, estimular o progresso. Essa provocação de Jim Collins nos remete à

painel

Práticas duradouras

“Agora eu realmente saberei se fiz um bom tra-

definição do Propósito Transformador Massivo

balho na empresa que deixo”. Assim respondia o

(PTM), da instigante obra de Salim Ismail, Organi-

novo CEO de uma grande corporação brasileira

zações Exponenciais, que representa mais do que

a uma das perguntas em seu primeiro bate papo

visões corporativas comuns, e sim declarações in-

com a equipe. A pergunta que deu origem a essa

spiradoras que movem toda organização para im-

resposta veio acompanhada de grandes elogios à

pactar o ambiente externo, como o PTM da Google:

transformação realizada em seu ciclo de gestão e

“Organizar a informação do mundo”. Não é algo

resultados na companhia anterior.

realmente impactante?

Talvez, as palavras não fossem exatamente es-

E quanto a você, qual será o seu legado? Seja

sas, uma vez que eu estava presente neste mo-

qual for o processo, faça-o de maneira simples e

mento, mas essa frase me fez recordar uma das

com determinação. Seja qual for o resultado, seja

grandes constatações realizadas pelo norte-amer-

modesto e humilde. Há inúmeros exemplos que

icano Jim Collins, um dos maiores especialistas

evidenciam o sucesso dessa receita. Bom proveito!

mundiais em gestão, em seu livro Empresas Feitas para Vencer. Essa descoberta empírica, não ideológica, é denominada de Liderança Nível 5. Os líderes de nível 5 encarnam uma mistura paradoxal de humildade e firme vontade profissional, preparando seus sucessores para que atinjam um sucesso ainda maior na geração seguinte. Com uma modéstia irresistível, evitando, sistematicamente, a adulação pública, este tipo de líder canaliza sua ambição para o sucesso da empresa e não em proveito próprio. Mas como estabelecer práticas e resultados duradouros em momentos de grandes transformações nos negócios? Chris Zook e James Allen abordam em seu livro O Poder dos Modelos Replicáveis que uma estratégia duradoura tem a ver, cada vez mais, com a capacidade de adaptarse e, cada vez menos, com planos detalhados. A

“É preciso construir uma relação entre mudança e continuidade. De um lado, manter o núcleo, a sua essência, e, do outro, estimular o progresso.”

simplicidade é um triunfo. Empresas duradouras

Em Vencedoras por Opção, Jim Collins traz o conceito de Receita “SMaC”, sigla que representa as palavras “Specific, Methodical and Consistent” – específico, metódico e consistente.

possuem um core bem diferenciado, além de um conjunto claro de regras não negociáveis para disseminar a estratégia em toda organização e sistemas para incentivar o aprendizado e a adaptação. Líderes nível 5, em algum momento, fizeram a mudança de “deixar de ser alguém que conta

A Receita SMaC é a combinação única de um conjunto sólido de pessoas, processos e ferramentas capazes de transformar a visão e as metas da organização em resultados. Sem uma receita SMaC claramente definida, a empresa produzirá resultados inconsistentes e não conseguirá converter conceitos estratégicos em realidade. Uma Receita SMaC não é criada da noite para o dia: é preciso tempo, esforço e muitos ajustes para

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construir esse conjunto de práticas sólidas adequado ao seu mercado e à sua organização. Uma vez criada, contudo, essa estratégia deve ser consistente, duradoura, sendo modificável apenas diante de mudanças fundamentais em sua empresa. Qual é a Receita SMaC da sua organização? Sua Receita SMaC está produzindo os resultados desejados ou precisa ser ajustada?

as horas para ser alguém que constrói relógios”. Práticas duradouras exigem que deixemos de gerenciar as empresas por trimestre e passemos a pensar em um quarto de século. “É possível fazer isso sim! Você pode definir metas ousadas de longo prazo. Você pode reagir às mudanças que virão no mundo, ou criar uma meta tão audaciosa, tão complicada, que vai te obrigar a mudar, a crescer”.

Fabio Arielo Guastala

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PAINEL

painel

REFORMAS duradouras

Se quiserem sobreviver pelos próximos 20, 30 anos, as organizações precisam encarar algumas mudanças.

Uma delas é a noção de que uma empresa boa pode sobreviver – ou você é espetacular, ou vai fechar as portas eventualmente. A outra, é a noção de tempo. Precisamos parar de gerenciar as organizações por “ano-calendário” e começar a instituir um pensamento de longo prazo. “Enfrentar a Verdade Nua e Crua (mas nunca perder a fé)” faz parte desse processo, e esse é mais um dos ensinamentos de Jim Collins em Empresas Feitas para Vencer. Um líder disciplinado não fantasia ou elabora programas milagrosos (aqueles “tapa-buracos”) para fugir dos fatos. Ele tem uma fé inabalável diante da realidade nua e crua, mas não a confunde

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com a disciplina de encarar as situações e desafios que lhe forem impostos. O Brasil já pecou em encarar a realidade nua e crua; deixou de ser “paranoico” quando tudo ia aparentemente bem, não se preparou para o ciclo de crise que viria a chegar. Como está sendo encarada a realidade brasileira agora? Alguns líderes já vêm levantando bandeiras a favor de reformas duradouras e de longo prazo, mas como essas propostas estão sendo conduzidas? Uma verdadeira liderança não começa só com a visão. Começa na hora em que se leva as pessoas a encararem a realidade nua e crua e, juntas, atuarem em cima de suas mitigações.

o desafio das grandes mudanças Douglass North, pesquisador norte-americano e ganhador do Nobel de economia em 1993, introduziu na economia política o conceito de path dependence, segundo o qual os caminhos de uma sociedade são limitados em razão do conjunto de valores e crenças que constituem a base sob a qual ela se assenta. Ou seja, nas suas instituições, que podem ser formais, como leis e regramentos impostos por um governo ou um agente com poder de coerção; ou informais, como normas e códigos de conduta, em geral formados no seio da própria sociedade. Disso, depreende-se que, de acordo com North, a matriz institucional de um país, ou seja, o conjunto das suas instituições formais e informais, será responsável por definir o vetor de estímulos para os di-

versos agentes sociais, especialmente, para aqueles envolvidos em atividades econômicas. Em grande parte, a história das sociedades se resume, para North, na evolução de suas matrizes institucionais e suas decorrentes consequências econômicas, políticas e sociais, tanto para o bem como para o mal. Sem dúvida, há, na atual matriz institucional da sociedade brasileira, exemplos de uma evolução no caminho da criação de um ambiente democrático e atrativo para a atuação dos atores econômicos que poderão levar o país a um estágio mais elevado de desenvolvimento: imprensa livre, sociedade civil organizada persistente em suas causas, atuação das empresas em ações de responsabilidade social, sufrágio universal, lei de acesso à informação, lei de responsabilidade fiscal, etc. Não obstante, para reforçarmos as chances de se alcançar um futuro na direção do desenvolvimento, na lógica da diminuição dos custos de transação, precisamos introduzir no Brasil mais regras ou instituições como essas, que garantam

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PAINEL

às organizações e à sociedade, como um todo, cada vez menos incertezas e cada vez mais segurança e confiança. Seguem alguns exemplos: desburocratização, segurança jurídica, educação de qualidade, planejamento, senso de cidadania, simplificação do sistema tributário, justiça eficiente e transparente, responsabilidade individual, entre outras. Nesse sentido, muito embora estejamos passando por um período de muita intolerância e conflitos constantes, faz-se necessário discutir, desde já, o futuro que desejamos e esperamos para o país, a fim de que, a partir daí, possamos implementar as mudanças necessárias para atingir os níveis de desenvolvimento de outros países que fizeram essas escolhas há um bom tempo e, hoje, colhem os frutos da mudança. Para tanto, precisamos de lideranças que tenham a capacidade e a coragem necessárias para conduzir o processo de mudança. A manutenção do status quo sempre será a ação - ou não ação - mais defendida, ainda que veladamente. Afinal, segundo Ronald Heifetz, diretor e fundador do Center for Public Leadership, na John F. Kennedy School of Government, Harvard University, os líderes parecem perigosos quando questionam valores, crenças ou hábitos de toda uma vida. É arriscado dizer às pessoas o que elas precisam ouvir ao invés do que preferem ouvir. E quando falamos de grandes mudanças, não nos referimos a resoluções de desafios pontuais ou pouco complexos, cujas soluções podem ser encontradas a partir da aplicação do know-how vigente -estes são apenas os desafios técnicos. Os reais problemas, aqueles que não possuem procedimentos prescritos, ou que expertise alguma é capaz de solucionar, é que são os provocadores de mudança e exigem a atuação do líder. Como prescreve Heifetz, no seu livro Liderança no fio da navalha, “chamamos essas situações de desafios adaptativos, pois exigem experimentos, descobertas, ajustes, em vários pontos da organização ou da comunidade. Sem aprender novas maneiras de agir – mudanças de atitudes, de valores e de comportamentos – não é possível empreender os saltos adaptativos necessários para prosperar no novo ambiente. A sustentabilidade da mudança depende de conseguir que as partes envolvidas no problema internalizem a própria mudança”. Nesse processo de questionamento do status quo, da cultura e dos hábitos, a resistência à figura do líder condutor ganha força e sua atuação passa a ser ameaçada. Os riscos do exercício da liderança adaptativa são inúmeros e diretamente proporcionais ao nível de desconforto necessário para que as mudanças possam acontecer. É preciso que o líder esteja bem consciente de todo o desconforto que o processo de mudança adapta-

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PAINEL

tiva traz para os envolvidos, pois serão muitas as tentativas de desviá-lo do rumo traçado. Um dos pontos mais importantes da liderança adaptativa, assim, é atribuir aos liderados o poder e a responsabilidade de resolver os problemas colocados. Quer-se dizer, a mudança almejada não será alcançada se a liderança tentar resolver desafios isoladamente, sem a participação efetiva daqueles que são os principais afetados pelo problema, mesmo que estes ainda não tenham compreensão disso. Somente os problemas técnicos podem ter essa abordagem individualizada, focada na figura da autoridade. Ainda como destacado por Heifetz, “a causa isolada mais comum do fracasso da liderança – em política, na vida comunitária, em negócios ou em organizações sem fins lucrativos – é o fato de as pessoas, especialmente as que se encontram em posição de autoridade, tratarem os desafios adaptativos como problemas técnicos.” Conclui-se, portanto, que devemos tratar as grandes mudanças institucionais de que o Brasil tanto necessita como verdadeiros desafios adaptativos (e não meramente técnicos), o que perpassa pela figura de uma ou mais lideranças que compreendam a importância do processo inclusivo, participativo e conflitivo para o resultado almejado, já que será necessário deixar que as pessoas façam o trabalho que apenas elas são capazes de realizar.

Orlando Bolsanelo Caliman Filho

“A sustentabilidade da mudança depende de conseguir que as partes envolvidas no problema internalizem a própria mudança.” 43


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ESTAMOS ENFRENTANDO A REALIDADE DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA?

painel

Conceito Porco-Espinho

Pense numa raposa. Apesar de seu glamour, ela é sempre má sucedida na tentativa de atacar o porco espinho. Já o porco espinho, apesar de desajeitado, tem uma defesa simples e extremamente efetiva.

Com esse jogo de palavras, Jim Collins nos presenteia com mais um princípio em Empresas Feitas para Vencer: o conceito do “Porco-Espinho”. As pessoas e organizações, assim como este animal, devem focar em um elemento principal e buscar realizá-lo de maneira extraordinária. Para o autor, este conceito representa um interseção entre três dimensões: aquilo que desperta uma paixão na equipe, aquilo que é empresa é boa o suficiente para realizar (aquela atividade na qual você pode ser o mel-

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hor do mundo) e aquilo que move o motor econômico da empresa. O conceito do porco-espinho não é uma meta, estratégia ou intenção; trata-se, em verdade, de uma compreensão acerca da cultura de disciplina dentro do seu modelo organizacional. Você adere ao conceito do porco-espinho? É uma pessoa disciplinada? Teria pré-disposição de recusar oportunidades que não se encaixem nos três espectros de interseção acima mencionados?

A cada três anos, a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) coordena, em conjunto com a gigante da educação, Pearson, um programa para avaliar o desempenho escolar no mundo: o PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos). Este programa é realizado com jovens de 15 anos nos países participantes da OCDE, bem como em alguns países parceiros. O Brasil participou do PISA pela primeira vez em 2000, quando foi avaliado apenas pela dimensão da leitura, ficando em 40º na avaliação dos 40 países participantes. Já em 2003 e 2006, o Brasil se ausentou do programa e voltou a participar somente nos anos de 2009, 2012 e 2015, quando três dimensões foram avaliadas (leitura, matemática e ciências), oportunidades em que alcançou o 50º lugar em 2009, o 57º em 2012 e o 63º em 2015 – de 61, 65 e 70 países participantes, respectivamente. Os alunos que realizaram as provas para o PISA de 2015 estavam nascendo na época da primeira avaliação realizada no Brasil (em 2000) e, mesmo passados todos esses anos, o país continua entre os 10 piores colocados. Será que estamos enfrentando a verdade nua e crua acerca da educação brasileira? Em minha graduação em Economia, pesquisei, insistentemente, como a educação afetava a empregabilidade e a renda familiar e, nesses estudos, deparei-me com algumas lições do economista vencedor do prêmio Nobel James Heckman, demonstrando que investimentos realizados na área da educação infantil (menores de 6 anos) têm o melhor rendimento anual do mercado americano, de 14% a.a. (ao ano). Isso quer dizer que, a cada 100 dólares investidos, 14 dólares voltam anualmente para o governo em forma de impostos no futuro. Quando olhamos para o Brasil, vemos a estrutura de governança invertida. O Governo Federal, que possuí o maior orçamento, atua no ensino superior, que, conforme os estudos do Heckman, possui justamente a menor taxa de retorno. O Governo Estadual, por sua vez, é responsável pelas escolas de ensino médio, enquanto os municípios, que possuem o menor orçamento, são responsáveis pela parte mais importante da educação: o ensino infantil. Será que estamos enfrentando a verdade nua e crua? Todos os países que aparecem nas primeiras posições do PISA pensam conforme a pesquisa do Prof. Dr. James Heckman: quanto mais cedo for o investimento em educação, maiores são as taxas de retorno sobre o investimento. Um destaque em educação, por exemplo, é a Finlândia, que vem investindo fortemente na formação dos professores para

que eles deixem de ser protagonistas e passem a ser apenas os facilitadores no aprendizado dos verdadeiros protagonistas da sala de aula: os alunos. Aliás, há uma frase em uma entrevista da secretária de Helsinque, Marjo Kyllonen, que me marcou durante os estudos para escrever esse artigo: “O que era bom no passado, não significa que vai ser bom para o futuro” – disse ela, justificando o fato de a Finlândia estar vivenciando uma nova revolução na educação, mesmo já sendo uma a referência mundial em qualidade do ensino. Penso que aqui, no Brasil, precisamos muito mais do que uma reforma educacional, afinal, como questionamos o status quo se estamos diante de uma das piores educações públicas do mundo? É preciso ir além, construir tudo de novo. Isso me faz lembrar do livro O porco-espinho e a raposa, no qual Isaiah Berlin dividiu a humanidade em porcos-espinhos e raposas, inspirado numa antiga parábola grega: “A raposa sabe muitas coisas, mas o porco-espinho sabe uma coisa muito importante”, “Os porcos-espinhos, por sua vez, simplificam um mundo complexo e o transformam numa única ideia organizadora, um princípio básico ou um conceito que unifica e orienta tudo”. Vamos retirar todos os filtros que colocamos entre nós e a educação? Vamos criar um conceito que unifica e orienta tudo quando pensarmos em educação? Se esperarmos que os atuais gestores públicos conduzam a revolução na educação brasileira, será o mesmo que escrever a mesma equação e esperar resultados diferentes. O que quero dizer é: cabe a nós, sociedade civil organizada, apoiar movimentos/pessoas que busquem a construção de um novo modelo educacional. Dessa forma, construiremos juntos o nosso próprio sistema, que, quem sabe pelo menos daqui a uns 15 anos, tenha o potencial de se tornar uma referência mundial de turnaround da educação.

José Guilherme Correa

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PAINEL

FUNDAÇÃO ESTUDAR

o Que é a fundação estudar? A Fundação Estudar é uma organização sem fins lu-

São eles: Sonho grande, legado, execução,

crativos que acredita que o Brasil será um país melhor

conhecimento aplicado, protagonismo, gente

se tivermos mais jovens determinados a seguir uma

boa e integridade.

trajetória de impacto. Criada em 1991, a instituição tem como objetivo disseminar uma cultura de excelência e alavancar os estudos e a carreira de universitários e recém-formados por meio da formação de uma comunidade de líderes, do estímulo à experiência acadêmica no exterior e do apoio à tomada de decisão de carreira.

mensagem do presidente sobre o tema do fórum tiago mitraud, diretor executivo da fundação es Tiago Mitraud, diretor executivo da Fundação Estudar: “Aqui na Fundação Estudar, acredita-

Quando e por quem fui fundada? A Fundação Estudar foi criada em 1991 pelos empresários brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira.

missão Nossa missão é: “Criar oportunidades para gente boa sonhar grande e transformar o Brasil”.

Breve depoimento de bolsistas

valores

Júlia Campos | Medicina - USP “Fazer parte dessa comunidade me impulsiona a buscar desafios cada vez maiores e a não ter medo de tomar riscos. Aprendo não só a cultivar meu potencial, mas a aplicá-lo em prol de transformações que perdurem.”

mos que os valores de um indivíduo são essenciais para que ele possa promover a transformação em sua organização e no ambiente ao seu redor. Dos nossos cursos aos conteúdos dos por tais, do processo de seleção dos nossos líderes às palestras que levamos para todo o Brasil, sempre temos por base a crença de que sonhar grande, ser protagonista e deixar um legado podem colaborar com uma mudança

Maria Regada | Engenharia Mecânica - PUC-Rio/INSA Lyon “Na Estudar, tive contato com profissionais de diversas áreas de atuação para entender perspectivas de curto, médio e longo prazo em cada setor. Não tenho dúvidas de que isso será um diferencial na minha carreira.”

Gustavo Vaz | MBA - Harvard “A Fundação Estudar significa acesso a oportunidades. A organização vem me apoiando e me conectando com gente boa e interessada em ajudar em projetos futuros e no desenvolvimento do Brasil.”

significativa para o país”.

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quer fazer parte do instituto líderes do amanhã?

requisitos: Pessoas físicas; Ter entre 20 e no máximo 32 anos completos até o dia 31/12/2017; Ter participação e/ou estar vinculado à linha sucessória de qualquer empresa;

Participe do processo seletivo 2018

Ter concluído ou estar cursando ensino superior no momento de ingresso no INSTITUTO LÍDERES DO AMANHÃ; Assumir o compromisso de participar das atividades do Instituto e do Ciclo de Formação, sendo tolerável a ausência em 25% do total de atividades no ano; Não estar vinculado a função pública.

Palavra dos associados Encontros semanais

Palestras e seminários

Estudos de livro

Júris simulados

Fórum Liberdade e democracia Bernardo Bastos Vieira “Aqui discutimos a fundo os assuntos mais relevantes do mundo dos Negócios, Economia, Filosofia e Política. Certamente o melhor instituto de formação de líderes do ES. Orgulho de fazer parte.”

As inscrições podem ser feitas até dia 30 de novembro pelo site: lideresdoamanha.org.br

MANTENEDORAS: 48

Helio Beltrão “Fantástico think tank e ‘do-tank’! Pioneiros no Sudeste do Brasil.”

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ATIVIDADES

ILA DAY 1 No dia 22 de fevereiro de 2017, no auditório da Rede Gazeta, o Instituto Líderes do Amanhã realizou o “Day 1”, evento no qual a Diretoria Executiva apresentou suas metas para o ano de 2017.

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O ILA acredita na força do exemplo para multiplicar o poder de transformação do empreendedor capixaba, ajudando, assim, a promover a mudança do ambiente de negócios do Espírito Santo. 51


ATIVIDADES ILA

ATIVIDADES ILA

a endeavor É uma organização global sem fins lucrativos com

Quatro recomendações para que o Dia 1 nunca morra

a missão de multiplicar o número de empreendedores de alto crescimento e criar um ambiente de negócios melhor para o Brasil. A Endeavor tem como pilar de atuação o exemplo: 1) seleciona e apoia os melhores empreendedores; 2) compartilha suas histórias, erros e aprendizados produzindo conteúdos baseados nos principais desafios

A obsessão por clientes

que eles enfrentaram; 3) provoca mudanças por mais exemplos, ajudando o cidadão brasileiro a entender e direcionar o ecossistema empreendedor no país.

Michel Sarkis ladeado pelos Diretores e Presidente do ILA (Eduardo Lindenberg, Giulia Bachour, Tarley Secchin, Rafael Ottaiano e Fernando Cinelli).

O evento também contou com a premiação de 3 associados com destacada atuação no ano de 2016 e a palestra do atual presidente do Banestes, Michel Sarkis, que pôde compartilhar um

pouco de sua história e trajetória de sucesso. Michel é capixaba, tendo em seu currículo uma extensa carreira executiva em grandes empresas brasileiras e multinacionais, tais como xxx.

a inspiração

Dia 1 significa que crescer continua sendo mais importante do que ganhar dinheiro, como era no início. É uma lição de como se faz estratégia e reforça a cultura organizacional nos tempos atuais.

Uma visão cética de “proxies”

A adoção insaciável de tendências externas

o termo “day 1” O evento do ILA foi baseado no “Day 1” da Endeavor Brasil, maior evento de inspiração para empreendedores no Brasil. O projeto, que nasceu em 2011, é realizado a cada 3 meses em São Paulo. No palco, grandes empreendedores contam suas emocionantes histórias e trajetórias de sucesso sobre o dia 1, o momento em que perceberam que algo grande estava prestes a acontecer – “Afinal, ninguém sabe quando está vivendo um Day1. Mas sente”.

A iniciativa está alinhada com a missão, a visão e os valores do Instituto Líderes do Amanhã.

O termo “Day 1” (Dia 1) foi celebrizado pelo fundador e CEO da Amazon, Jeff Bezos, em uma carta enviada aos acionistas em 1997, ano em que houve a abertura de capital da companhia. A carta virou uma tradição e continua sendo en-

A velocidade na tomada de decisões

caminhada anualmente. Em 12 de abril deste ano, Jeff Bezos publicou a sua Carta de 2016, cuja edição foi especialmente feliz, sendo uma lição exemplar de como se daz estratégia e reforça a cultura organizacional nos tempos atuais.

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53


ATIVIDADES ILA

ATIVIDADES ILA

A expressão “Day 1” está na primeira carta (1997) e

Para não deixar dúvidas da importância simbólica da

de toma-las, sejam treinados a isso, não tenham medo de

atravessa toda a história da empresa. Bezos criou esse con-

expressão, na Carta de 2016, Bezos começa respondendo à

errar e saibam recuperar a direção rápido, no caso de de-

ceito como um lembrete de que a companhia deve sempre

pergunta do que seria o Dia 2: “Dia 2 é estagnação. Seguido

cisão errada, são fatores de diferenciação de uma empresa.

operar como se ela estivesse apenas começando, como se

por irrelevância. Seguido por um declínio angustiante e do-

Estimulá-los a tomar decisão e a acompanhar os resulta-

todo dia de trabalho na Amazon fosse o “Day 1”. A intenção

loroso. Seguido por morte”.

dos iniciais da decisões tomadas, vão tornar seu time uma

de Bezos era prevenir qualquer contentamento que o suc-

As palavras utilizadas na Carta de 1997 acabaram se tor-

esso pode trazer – resultados passados não garantem o

nando um verdadeiro mantra enraizado na cultura da Am-

sucesso futuro, por isso é sempre importante batalhar, ino-

azon e utilizado até os dias atuais. O conceito já foi atribuído

var, estar permanentemente aberto a mudanças.

como um dos principais fatores de sucesso na companhia.

equipe de alta performance e sua companhia a frente de seu mercado.”

5. A mensagem do associado honorário Franklin Fuzari no evento promovido pelo Instituto Líderes do Amanhã: “A experiência no Líderes tem nos dado uma nova forma de compreender a sociedade, o mercado e, sobretudo, o que é necessário para que os tornemos em ambientes mais prósperos e livres. Já em 2015, tive a oportunidade de participar de uma das reuniões de conselho do ES em Ação. Naquela ocasião, pude ouvir qual era a expectativa

Quatro recomendações para que o Dia 1 nunca morra Respostas por Michel Sarkis 1. A obsessão por clientes. “O cliente é a razão absoluta de ser de uma empresa e

3. A adoção insaciável de tendências externas.

de nós: novas lideranças imbuídas de um novo conceito empresarial, capazes de promover as mudanças necessárias ao desenvolvimento do ambiente de negócios no Espírito Santo. Ao meu ver esse objetivo é desdobrado em duas frentes: 1º) um novo conceito empresarial como meio; e 2º) o desenvolvimento do ambiente de negó-

pra quem a mesma precisa direcionar seus esforços. O que

“As tendências são fortes indicadores de direção para

se desenvolve numa empresa, seja em produtos, novos

um negócios e elas precisam ser constantemente analisa-

serviços, funcionalidades, aplicações, precisa ser em fun-

dos. Resistir as mesmas, acreditando que seu negócio está

Começo pelo meio, convidando-nos a refletir

ção da experiência do cliente. Pra torna-la melhor, mais

imune ou mesmo ignora-las, são definitivamente um erro

sobre um exemplo do que pode vir a ser este novo

fácil, mais simples. Não há como descobrir o que seu cli-

que não se pode cometer. É claro, que existem negócios que

conceito empresarial. Em 2015, no seu livro Good

ente tem de necessidade, qual a “dor” do mesmo em seu co-

são mais influenciados por tendências que outros. Alguns

Profit, Charles G. Koch contou como transformou a

tidiano, pra poder solucionar e fazer diferença em sua vida

segmentos com alto impacto da tecnologia, ou do com-

sua indústria no segundo maior grupo empresarial

e, por conseguinte, se tornar relevante, sem que se tenha

portamento do consumidor, precisam estar a todo tempo

privado dos Estados Unidos – a empresa, que valia

contato direto e frequente com seu cliente. Sentindo suas

conectados com as tendências, avaliando e priorizando a

US$ 21 milhões na década de 60, passou a ter valor

“dores”. Pensar com a cabeça do mesmo. Obstinados bus-

adoção de medidas para não perder o timing de mercado.

de mercado superior a US$100 bilhões.

cam isso e não perdem sua importância. Continuam fun-

Mas por outro lado, acredito em foco. Não se pode a todo

Segundo ele, o que estaria por trás de seu sucesso

damentais aos seus clientes. Eternizam a atitude do Day 1.”

tempo mudar de direção ou abrir iniciativas sem concluí-

é a adoção dos princípios de liberdade em sua con-

las, com risco de perder a capacidade de entrega consist-

duta empresarial e pessoal. [...]

2. UMA VISão cética de “proxies”.

ente. Acredito na ampla necessidade de avaliar tendências

cios no Espírito Santo, como fim.

Quanto ao fim,

aprendi que

as

mudanças

mas priorizando a adoção daquelas que vão criar mais val-

necessárias ao desenvolvimento do ambiente de

“Quando usamos muitos filtros e intermediários pra en-

or ao negócio e conseguir perseverar na entrega. Conseguir

negócios passam necessariamente pela defesa

tender o seu cliente, corremos o risco de não saber o que

identificar o que é uma tendência passageira ou algo que

desses princípios de liberdade citados por Koch. Os

o mesmo de fato precisa. Muitas vezes o próprio cliente

será superado em pouco tempo é uma competência vali-

vários exemplos negativos que temos presenciado,

não sabe dizer a uma empresa em uma pesquisa o que

osa, especialmente em alguns segmentos de atuação.”

seja a nível local ou nacional, não nos deixam dúvidas.

ele espera da mesma. O que ele vai te dizer diretamente é importante, precisa ser ouvido e tratado a solução, mas se sua empresa pretende se tornar realmente relevante e

54

dos fundadores do ILA em relação ao que é esperado

4. a velocidade na tomada de decisões

inovar é preciso ir além. A partir do entendimento do co-

“No tempo das rápidas mudanças, de dinamismo de

tidiano do seu cliente, de como as coisas acontecem com o

mercado como nunca assistimos antes, de empresas e tec-

mesmo, que muitas empresas conseguem desenvolver um

nologias que substituem outras, novos entrantes instantâ-

produto ou encontrar uma solução que o seu cliente não

neos, não há lugar para decisões lentas. É verdade que

esperaria de sua empresa. Ele sente aquela dor, mas pode

decisões sem análise e sem embasamento, não levam em-

não depender ou esperar que sua empresa a solucione. E

presas para bons caminhos, mas o ponto importante aqui

quando encontramos esse caminho, sendo mais intuitivos,

é saber perceber qual nível de informações ou analises são

curiosos, obstinados a pensar com sua cabeça, viver sua

suficientes pra que se tome a decisão mais rápida possível.

“cultura”, indo a fundo em suas dores, sem filtros ou inter-

Certamente quando você está 100% ou quase, seguro da de-

mediários, que muitas oportunidades aparecem e nos tor-

cisão a tomar, você deve ter sido lento nessa decisão e já

namos não simplesmente importantes, mas essenciais.”

perdeu tempo. Ter uma equipe de liderança que seja capaz

Aprender sobre liberdade, portanto, é e continuará a ser um dos valores do Líderes do Amanhã. Em 2016, enquanto responsável pela nossa área de formação, pude experimentar na prática uma das principais lições de Koch – como criar valor para os outros melhora em muito a minha própria vida. A meu ver, não há nada mais valioso e desafiador do que a responsabilidade em praticar os valores do ILA, de forma genuína, em todas as situações. Transformá-los em hábito é uma forma de cumprirmos com nosso papel e de colaborarmos para a construção de uma sociedade mais livre e próspera.”

55


Quais São os Valores que Queremos?

Segundo o dicionário Aurélio Buarque, as bandeiras nada mais são do que um simples pedaço de pano cuja combinação de cores e de figuras serve como distintivo a uma nação, organização, corporação, sociedade, clã, partido político, ou simplesmente para comunicar ao longe sinais convencionais. Ainda muito novos, aprendemos a respeitar as bandeiras e entender os “valores ocultos” que existem por detrás das cores, símbolos e brasões a que somos apresentados durante nossa vida escolar. Algumas flâmulas trazem, ainda, mensagens diretas, ou seja, lemas que transmitem, principalmente, os valores ou ideais desejados. A bandeira brasileira é interpretada de forma muito simples: a) o verde simboliza as matas que existem 56

56

em nosso território; b) o amarelo, as riquezas do país, o ouro, os metais preciosos; c) o azul, o céu e os rios brasileiros; d) o branco simboliza a paz; e) as estrelas representam os Estados e o Distrito Federal; e f) o lema “Ordem e Progresso” foi inspirado no pensamento positivista do filósofo francês Auguste Comte. A bandeira capixaba, por sua vez, traz três cores (azul, branco e rosa) e um lema. As cores representam as vestes de Nossa Senhora da Vitória, padroeira da capital Vitória. Ao centro da segunda faixa, um arco em letras azuis traz o lema “TRABALHA E CONFIA”. Esse lema foi inspirado na doutrina de Santo Inácio de Loyola, fundador da ordem religiosa Companhia de Jesus: Trabalha como se tudo dependesse de ti e confia como se tudo dependesse de Deus.

Quando hasteadas, as bandeiras trazem à tona o sentimento de patriotismo, de união e de vitória, além dos valores e ideais compartilhados pelo grupo ou sociedade que elas representam. Nos últimos anos, contudo, a sociedade brasileira e capixaba tem acompanhado a desconstrução completa dos lemas de nossas bandeiras (Nacional e Estadual). A “Ordem” foi quebrada, o “Progresso” literalmente parou… e “Trabalhar” está muito difícil para grande parte da população. Perdemos a “CONFIAnça” no Estado, que deveria zelar pela segurança da sociedade civil; perdemos a confiança uns nos outros enquanto cidadãos; perdemos o senso de coletividade – o egoísmo fala mais alto que o altruísmo.

Está na hora de olhar mais para nossas bandeiras e respeitar fielmente os dizeres e conjunto de princípios que carregam! Caso contrário, melhor mudálas, já que não estão sendo honradas. Quais são os valores que queremos?

Israel Pestana Associado do ILA 57

57


Valores em destaque: responsabilidade individual e responsabilidade social ATIVIDADES

“É altamente significativo que uma instituição que cuida de formar jovens dentro do ideal democrático de respeito às leis, inclusive às do mercado, também

ILA: o Primeiro Think Tank Carboneutro do Brasil. O projeto foi desenvolvido pelo engenheiro ambiental e associado Israel Aires Pestana com o objetivo de reduzir a “pegada ecológica” do Instituto Líderes do Amanhã (ILA) em relação ao ano de 2016.

se debruce sobre a preocupação com o futuro dos que nos sucederão. Prova concreta de que crescimento econômico não é incompatível com o respeito ao meio ambiente, como, de vez em quando, alguns teimem em nos fazer acreditar. Uma economia de baixo carbono, com consumo consciente, deixará nossa “casa comum” mais limpa e mais organizada. O uso da terra de forma respeitosa colherá em troca um clima mais favorável à realização plena do homem e de todos os seres vivos, condição de partida para que tenhamos qualidade de vida compartilhada com toda a sociedade. Que sinal maior de respeito às leis que não o de respeito à natureza? Que garantia da liberdade e dos direitos individuais poderá existir se não soubermos que o limite dos nossos próprios direitos termina aonde começam os direitos dos demais? Que sentido haveria em imaginar uma sociedade que aceita a miséria e a degradação dos seus recursos naturais de forma passiva e resignada?” – Jose Armando de Figueiredo Cam-

pos, conselheiro do Instituto Líderes do Amanhã.

ecological footprint o que é? O conceito de Ecological Footprint, traduzido como “pegada ecológica”, surgiu na University of British Columbia, no início da década de 1990 . Significa a quantidade de terra e água (medida em hectares) que seria necessária para sustentar as gerações atuais, levandose em consideração todos os recursos materiais e energéticos gastos por uma determinada população. Fazendo uma simples analogia: ao caminhar em um parque e pisar no solo, você deixará uma pegada, que irá variar com o tamanho do seu pé. Pense nessa “pegada” como o “tamanho” dos recursos naturais e

58

59


PROJETOS ILA

PROJETOS ILA

energéticos que você consome ao longo da vida: essa

Para neutralizar as emissões de GEE do ILA em relação

será a sua “pegada ecológica”, que está diretamente

à 2016, o primeiro passo foi estimar o consumo realizado

relacionada com todos os seus hábitos, tais como as

pelo Instituto naquele ano. Para tanto, considerou-se no

roupas que usa, os alimentos que consome, o carro que

cálculo:

dirige, a energia que utiliza... tudo o que o planeta te

Toda a metodologia do inventário de emissões de GEE

empresta para viver. Quanto mais recursos você gasta,

no ano de 2016 se deu de acordo com o GHG Protocol, fer-

maior será a sua pegada.

ramenta utilizada para entender, quantificar e gerenciar

Com o aumento da conscientização ambiental ao

emissões de GEE. Trata-se da ferramenta mundialmente

redor do mundo, reduzir a “pegada ecológica” já não é

mais utilizada pelas empresas e governos e foi original-

mais somente uma questão de marketing verde para o

mente desenvolvida em 1998, pelo World Resources Insti-

meio corporativo, mas uma necessidade real e imedia-

tute (WRI), nos Estados Unidos. É compatível com a

ta para a manutenção da qualidade de vida no planeta.

norma ISO 14.064 e com os métodos de quantificação do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).

a carboneutralização do ila

=

Após fechamento do cálculo, foi identificado que o ILA consumiu 5.000 tCO2e (toneladas de CO2 equivalente) em 2016.

Para neutralizar as emissões de GEE do ILA em relação à 2016, o primeiro passo foi estimar o consumo realizado pelo Instituto naquele ano. Para tanto, considerou-se no cálculo:

1

O número de encontros ocorridos - 52.

+

2

O número de associados ativos - 52

+

3

A distância média percorrida pelos associados até os encontros (meio de transporte utilizado);

+

4

O consumo de energia elétrica durante os eventos

60

“Ser carboneutro é ter seu consumo sequestrado ou neutralizado por meio do plantio de árvores ou pela adoção de tecnologias mais limpas de processo, tornando nulas (neutras) as emissões de gases de efeito estufa – GEE.”

parceria com o instituto terra Acreditando no propósito desta ação, o Instituto Terra tornou-se parceiro do ILA na atividade de carboneutralização das emissões de GEE do instituto no ano de 2016, trazendo força, visibilidade e credibilidade ao projeto. A ação foi realizada no dia 07/10/2017, na sede do Instituto Terra, em Aimorés, ocasião em que os associados do ILA plantaram 357 mudas de espécies nativas da região do Vale do Rio Doce, dentre elas: Mulato-velho (Citharexylum Myrianthum), Garapa (Apuleia leiocarpa), Pau d’alho (Gallesia integrifolia), Cedro (Cedrella fissilis) e Ipê-roxo (Handroanthus impetiginosus).

61


PROJETOS ILA

PROJETOS ILA

ização ambiental dedicada ao desenvolvimento

o instituto terra

sustentável do Vale do Rio Doce. Suas principais ações envolvem a restauração

O Instituto Terra é uma organização civil sem

ecossistêmica, produção de mudas de Mata

fins lucrativos fundada em abril de 1998, que

Atlântica, extensão ambiental, educação ambi-

atua na região do Vale do Rio Doce, entre os Es-

ental e pesquisa científica aplicada. Por conta

tados de Minas Gerais e Espírito Santo

da atuação do Instituto Terra, mais de 7.000 hec-

Foi fruto da iniciativa do casal Lélia Deluiz

tares de áreas degradadas estão em processo de

Wanick Salgado e Sebastião Salgado, que, diante

recuperação na região e mais de 4 milhões de

de um cenário de degradação ambiental em que

mudas de espécies de Mata Atlântica já foram

se encontrava a antiga fazenda da família, na ci-

produzidas, representando um projeto de recu-

dade mineira de Aimorés, tomou uma decisão:

peração ambiental sem precedentes no Brasil

devolver à natureza o que décadas de degra-

em termos de área contínua.

dação ambiental destruiu, fundando essa organ-

Quer se tornar um cidadão carboneutro?

62

Mais informações em: www.institutoterra.org/pt_br/

Baseado em sua missão e visão, o ILA gera resultados positivos para a sociedade ao dar esse exemplo e inspirar pessoas por meio das ações praticadas pelo instituto e seus associados. O Instituto pretende continuar realizando essa ação e contribuindo para o meio ambiente anualmente.

Envie seu consumo de energia elétrica e de combustível para contato@airessa.com.br para que possamos estimar a quantidade de árvores necessárias à neutralização das suas emissões de CO2e. O plantio pode ser realizado com nossos parceiros do Instituto Terra.

63


ESCOLA EM TEMPO INTEGRAL

A Escola em Tempo Integral

Mas, afinal, o que é o Educação em Tempo Integral? Como funciona? De onde vem? Pautado na visão de garantir o “acesso à educação com qualidade e formação de capital humano avança-

“Aqui, nós construímos o próprio futuro”

do”, o Espírito Santo em Ação dedica parte de seu trabalho a projetos educacionais com o objetivo de equalizar as oportunidades em Ensino Fundamental e Médio nas escolas públicas capixabas. Daí nasce o projeto de educação e inclusão social denominado “Escola em Tempo Integral” (ou “Escola Viva”), por meio do qual Espírito Santo em Ação visa assegurar a qualidade do ensino público capixaba por meio de gestão educacional e pedagógica e monitoramento constante de resultados. Trata-se de um novo modelo de escola pública desenvolvido pelo Instituto de Corresponsabilidade pela Educação (ICE), segundo o qual a base da escola é voltada para o projeto de vida do próprio aluno. Assim, a escola destina a este estudante muito mais do que aulas que constam no currículo escolar, mas também oportunidades para aprender e desenvolver práticas que irão apoiá-lo no planejamento e execução de seu próprio projeto de vida. Para viabilizar a contratação de consultorias responsáveis pela transferência da metodologia do projeto, o Espírito Santo em Ação conta com recursos financei-

Essa frase, dita por Eduarda do Nascimento Soares, uma jovem de 17 anos e aluna do Centro Estadual de Educação Integral São Pedro (CEEMTI), em Vitória, traduz a essência do projeto Educação em Tempo Integral, um modelo diferenciado de ensino trazido ao Estado pela atual diretoria do Espírito Santo em Ação e implantado em 2015.

ros da ArcelorMittal, Chocolates Garoto, Fibria, Fucape, Grupo Águia Branca, Instituto Natura, Instituto Sonho Grande, Samarco, Sicoob e Vale.

Tecnologia Outra inovação é a tecnologia da gestão educacional, voltada para uma avaliação constante do alcance das metas e objetivos, tanto da escola quanto do aluno. Os consultores do ICE realizam ações de acompanhamento, treinamento e formação ao longo de todo o ano, para rever, readequar e aprofundar o modelo proposto.

“A educação de crianças e jovens é a principal ferramenta transformadora de uma sociedade. Nesse sentido, o modelo do Educação em Tempo Integral tem como propósito o resgate do aluno ao centro de todas as atenções no ambiente de aprendizado, por meio da inovação na gestão escolar, atuando em suas dimensões fundamentais: o professor, o currículo e a infraestrutura escolar. Toda a sociedade ganha com uma educação de alta qualidade, pois não há desenvolvimento econômico sustentável sem uma sociedade intensiva em capital humano desenvolvido.” Aridelmo Teixeira Presidente Institucional.

64

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ESCOLA EM TEMPO INTEGRAL

Depoimento “Sairei transformada” Eduarda do Nascimento Soares “Conversei primeiro com uma pessoa envolvida no projeto. Depois, conversei com o diretor

66

ESCOLA EM TEMPO INTEGRAL

incentivaram”, conta Eduarda do Nascimento

paixão, quero uma carreira que me garanta sat-

Soares, a Duda, jovem de 17 anos que chegou ao

isfação profissional e estabilização financeira.

projeto de Educação em Tempo Integral ano pas-

Diante disso, mudei meu projeto pessoal e vou

sado. Segundo Duda, o modelo educacional in-

tentar Nutrição, outra área que também amo”.

spira e muda a visão do estudante. E ela fala isso

A moça sorri ao constatar que as experiên-

por experiência própria. Apaixonada por Moda,

cias já vividas a ajudaram a enxergar novos

até meados de 2015 estava certa que este seria

horizontes. E ela se diz preparada para as con-

seu curso universitário. Mas durante as eletivas

quistas e desafios. “Sempre fui muito tímida

deste ano tudo mudou.

e criei novos laços, me comunico melhor. Me

da escola antiga, que me apoiou e disse: ‘Vá, e

“Recebemos a visita de um estilista capixaba,

sinto mais preparada graças ao que aprendi.

se der errado, volte!’. E por último, tive uma con-

que nos alertou sobre as dificuldades do merca-

Amo aquela escola, me encontrei naquele lugar

versa decisiva com meus pais, que também me

do. Aquilo foi um balde de água fria, pois além da

e sairei de lá transformada”.

“Sempre fui muito tímida e criei novos laços, me comunico melhor. Me sinto mais preparada graças ao que aprendi. Amo aquela escola, me encontrei naquele lugar e sairei de lá transformada.” 67


INSTITUTOS PARCEIROS

COMENTÁRIO sobre o fórum Parabenizamos o Instituto Líderes de Amanhã, representado pelo seu presidente Sr. Fernando Antônio Kulnig Cinelli, por mais uma edição do Fórum Liberdade & Democracia de Vitória, este ano com o tema “Valores Que Constroem

Institutos parceiros

Instituições Douradoras”. Trata-se de uma iniciativa de alto nível que vem ganhando ano após ano mais visibilidade e impacto no debate público brasileiro. Saudamos esse importante e bem sucedido evento para a promoção de debates de grande relevância frente aos desafios atuais, fomentando sempre os valores da LIBERDADE e da DEMOCRACIA, valores esses que são centrais no conjunto dos nossos objetivos em comum.

ling O Instituto Ling foi criado em 1995 pelo casal de imigrantes chineses Sheun Ming e Lydia Wong Ling, com o objetivo de retribuir ao país que os acolheu através de investimentos em educação. Nestes 22 anos de atividades, concedeu 302 bolsas de estudos para cursos de mestrado e pós-graduação no exterior, auxiliando jovens talentos a desenvolverem seu potencial intelectual e empreendedor. Através de seus 10 programas de bolsas de estudo, inpais: a disseminação dos princípios liberais, o fortaleci-

vestiu US$ 5,9 milhões em educação de primeira linha

mento de organizações liberais, o intercâmbio regional

nas melhores instituições do mundo para brasileiros de

e internacional de conhecimento entre lideranças e a

destaque.

consolidação das suas redes.

NAUMANN

Com foco especial nos jovens, o IFN busca fortalecer

Centro Cultural Instituto Ling e em 2015, implantou, em

a capacidade de elaborar posições, propostas políticas

parceria com o Hospital Moinhos de Vento, o Centro de

e modelos liberais entre atuais e futuros dirigentes,

Oncologia Lydia Wong Ling, ambos em Porto Alegre - RS.

O Instituto Friedrich Naumann (IFN) é uma asso-

O IFN realiza um intenso trabalho com instituições

multiplicadores, formadores de opinião e tomadores

A parceria estabelecida entre o Instituto Ling e o In-

ciação sem fins lucrativos que faz parte de uma rede

e think tanks da sociedade civil em todo Brasil, além

de decisões dos diversos setores da sociedade para que

stituto Líderes do Amanhã está amparada no compar-

de mais de 40 escritórios atuante em mais de 60 países

de políticos com vocação liberal e objetivos em comum,

assumam com liberdade sua responsabilidade política

tilhamento de valores como meritocracia, liberdade e

da Friedrich-Naumann-Stiftung für die Freiheit (FNF),

através de iniciativas em favor da Democracia Liberal,

e social. Suas ações vão desde o apoio e a realização

reciprocidade. O acordo assinado entre ambas as in-

fundação política liberal alemã cujo objetivo é pro-

dos Direitos Humanos, do Estado de Direito, da Proprie-

de seminários temáticos e de assessoria, treinamentos,

stituições possibilita que associados de alto potencial

mover por meio da formação política os princípios da

dade Privada, da Liberdade de Expressão e da Econo-

workshops, trocas de boas práticas e fóruns em todas

transformador concorram a bolsas de estudo ofereci-

LIBERDADE em todos os âmbitos da sociedade para

mia Social de Mercado. Por meio da Educação Política,

as regiões do Brasil, até a promoção do diálogo entre

das anualmente para o programa de pós-graduação em

fortalecer a participação política e a responsabilidade

da Consultoria Política e do Diálogo Político, o IFN di-

parceiros, especialistas e lideranças, além da elabo-

liderança Global Competitiveness Leadership (GCLP), da

funde o Liberalismo baseado em três objetivos princi-

ração de materiais de conteúdo liberal.

Georgetown University.

cidadã com base nos ideais do Liberalismo.

68

Em 2014, expandiu sua atuação com o lançamento do

69


INSTITUTOS PARCEIROS

INSTITUTOS PARCEIROS

Em 2017 o IFL-SP comemora 10 anos, atualmente conta com 100 associados ativos que participam de eventos semanais onde já passaram mais de 400 palestrantes. Além dos encontros semanais o Instituto desenvolve projetos que com o objetivo de propagar seus

IFL-SC O Instituto de Formação de Líderes foi fundado em Santa Catarina em 2016, à semelhança

valores à sociedade, dentre eles o blog no portal Infomoney e o Aula Livre, um projeto de educação política empreendedora voltado a jovens de comunidades carentes.

dos institutos parceiros. Desde então vem se

No dia 13/11 realiza a 4a edição do Fórum Liberdade

consolidando na cidade de Florianópolis com

e Democracia São Paulo, no hotel Unique, sob o tema

a realização de mais de 60 encontros internos

“A Era da Disrupção”

e dois Fóruns Liberdade e Democracia. O seg-

ideias e do trabalho que vêm sendo construídos pelos demais institutos.

COMENTÁRIO sobre o fórum O Líderes do Amanhã é uma referência para nós pelo grande trabalho de formação que desenvolve e pela promoção de eventos tão substanciais como o Fórum Liberdade e Democracia. Este ano o Fórum de Vitória supera mais uma vez as ex-

dora. Nesse sentido, estimula o debate e a troca de experiências entre os seus associados, para que desempenhem suas funções na sociedade de forma ética e planejada, com persistência e motivação para conquista do sucesso em suas áreas de atuação. Com 34 anos, o IEE foi reconhecido pelo seu trabalho na formação de lideranças empresariais e na divulgação e promoção da cultura da liberdade. Em 2007 o Instituto recebeu o Templeton Freedom Award Grant como uma das mais promissoras instituições globais para defesa da liberdade. Já em 2013, foi reconhecido pela revista

undo Fórum promovido em SC atingiu a marca de 700 espectadores, ampliando o alcance das

Uma das principais atribuições do IEE é a formação de lideranças com capacidade empreende-

COMENTÁRIO sobre o fórum

Forbes como o think tank que realiza o maior evento de discussão de ideias da América Lati-

Em mais uma grande edição do Fórum

na, o Fórum da Liberdade. Foi classificado tam-

Liberdade e Democracia Vitória o Instituto

bém como uma das 150 organizações que mais

Líderes do Amanhã reforça seu papel de pro-

influencia transformações políticas, sociais e

tagonismo como defensor dos valores liberais,

econômicas do mundo no ranking 2013 do Global

não apenas na sociedade Capixaba, mas em

Go to Think Tanks, organizado pela Universidade

todo país. Eventos como esse trazem a tona

da Pennsylvania.

discussões fundamentais para a evolução

Com o intuito de encontrar alternativas ob-

da estrutura político-econômica do Brasil na

jetivas e viáveis para equacionar os problemas

busca por uma sociedade mais próspera. O

brasileiros, o Fórum da Liberdade foi criado em

IFL-SP orgulha-se de estar ao lado do Lideres

14 de abril de 1988, em Porto Alegre. O Fórum da

do Amanhã nessa missão e parabeniza o Insti-

Liberdade consolidou-se como o maior espaço de

tuto pelo evento.

debate político, econômico e social da América Latina.

pectativas, com uma curadoria cuidadosa, trazendo palestrantes e temas de qualidade excepcional pra esse dia de debates tão importante!

IFL-sp O Instituto de Formação de Líderes São Paulo (IFLSP) é uma entidade civil de jovens empresários e empreendedores, apartidária e sem fins lucrativos, que tem como missão formar futuros líderes com base nos valores de Liberdade Individual, Livre Mercado, Estado de Direito e respeito à Propriedade Privada.

70

iee O Instituto de Estudos Empresariais é uma associação civil sem fins lucrativos ou compromissos político-partidários, fundada em Porto Alegre no ano de 1984 por 20 integrantes. O Instituto tem como objetivo incentivar e preparar novas lideranças, com base nos conceitos de economia de mercado e livre iniciativa.

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