THE EDGYTOR 6

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6TH EDITION ON EDGE editor-in-chief vikki góis art directors renato bodeman & vikki góis photo director gustavo chams resident styylist murilo mahler info contato@theedgytor.com colaborate! editions@theedgytor.com collaborators raquel leone, mariani venancio, yasmin matos, fer stein, mariana duarte rezende, clarissa machado, cainã improta, gustavo chams, laura pasquini, camillo louvise, michelle gallon, renato bodeman, julia ribeiro de lima, fernanda mazili, natalia kataoka, iris castro, bianca santos, murilo mahler, felipe politano creator Vikki góis founders vikki góis & thais stephan w w w . t h e ed g y to r . c o m

social media f a c e b oo k . c o m / theed g y to r t w i t t e r . c o m / theed g y to r i n s t a g r a m . c o m / theed g y to r p i n t e r e s t . c o m / theed g y to r a reprodução sem permissão é proibida, hunny! A THE EDGYTOR® É primeira revista colaborativa online brasileira sobre moda, lifestyle, relacionamentos e beleza. Inspirada no jeito gonzo de fazer jornalismo, contamos com um time (em crescimento) de jornalistas, stylists, fotógrafos, modelos, beauty artists, sexperts, entusiastas por arte, música, moda, viagens e gastronomia, que ama criar e disseminar conteúdo de qualidade, relatando experiência e conhecimento nos campos que somos mais apaixonados. Dare to be different & join us!


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THE EDGYTORS ! s y u g , u o y k n a h T

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Ele se foi no início deste ano, mas seu legado de autenticidade e opinião própria, nós fazemos questão de lembrar e enaltecer. Confira uma das colunas mais polêmicas e de mais acesso do jornalista de moda Rodolfo Alves aqui para a The Edgytor.

“Moda, uma opinião” 08

JULHO/2014


Em 2014 faz três anos que edito o blog Moda, Uma opinião, e aprendi algumas coisas nesse tempo sobre a relação entre blogueiros. Uma relação tempestuosa, já que o ego fala mais alto e, no mundo dos blogs, o Google Analytics é igual ao seu RG, que determina se você está in ou out.

confusões se refletem não só no texto, mas também no conteúdo de cada blog colocado no site. É prudente observar que a maioria das “postadas” é de meninas inspiradas por Lalá Noleto, Lalá Rudge, Mariah Bernardes, Juliana Ali entre tantas outras blogueiras que deram certo.

É necessário diploma para ser blogueiro?

Será que este é o caminho?

Não é, porém se existir um diploma de qualquer área haverá mais alicerce e, evidentemente, um maior embasamento para a criação de textos com qualidade e enriquecimento, para a criação de uma internet ativa e inteligente. Isso não significa que esse enriquecimento é dado pelo ensino superior, mas sim que a faculdade apenas orientará os futuros blogueiros no caminho de um bom texto e repertório, tanto artístico quanto teórico. Mas ainda acredito que grande parte desse “repertório” vem de casa. Essa falta de conhecimento causa algumas inconveniências para o mercado de blogs; quem não conhece o Shame On You Blogueira? Ele serve como um grande documento dos equívocos cometidos nesse nicho, entre eles,

Alguns profissionais já disseram que o mercado está acordando e separando o joio do trigo, e que só ficará quem é realmente talentoso e original. Se isto está realmente acontecendo, só nos resta aguardar para um mercado mais profissional, unido e, principalmente, maduro.

contraindicações para suas seguidoras, muitas delas, menores de idade. No Instagram de seu blog sobre saúde e fitness, não é raro haver reclamações de jovens que, inspirados nela, compraram suplementos e medicamentos, os quais “fazem bem” unicamente à Pugliesi. O pior de tudo é que após as reclamações, a blogueira imaturamente apaga os “reclamantes” e os bloqueia o acesso. De vez em quando ela até os responde, mas nega que indicou tal/ tais produtos e, então, os bloqueia. Se isso não for ego demais e conteúdo de menos (sem a menor responsabilidade), não sei mais o que é. Imagens: reprodução

Esse problema de muito ego e pouco conteúdo não atinge apenas o mercado de moda. Recentemente Gabriela Pugliesi, blogueira que dá dicas de saúde, está em um imbróglio. Na realidade ela trabalha com isso, sem nenhum auxílio técnico ou médico, colocando a vida das pessoas em risco, já que indica produtos para o corpo e suplementos alimentares que funcionam para ela, mas não para todos. O caso de Gabriela é até mais emblemático, pois além dos publiposts não serem sinalizados, não há as

“Será que este é o caminho? Alguns profissionais já disseram que o mercado está acordando e separando o joio do trigo, e que só ficará quem é realmente talentoso e original.” WWW.THEEDGYTOR.COM

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“ Nossa editor-in-chief, Vikki Góis, fala sobre branded content dentro do mercado de moda e maturidade no ambiente digital. “Empresa de confecção feminina admite profissional com experiência para atuar com contato com assessoria de imprensa e produtores de moda, planejamento, orçamento e produção de peças de divulgação, eventos e atendimento a fornecedores, colaboradores, clientes e produtoras. Elaboração de e-mail marketing, ações de mídia digital (Facebook, blog, Twitter, Instagram, site), levantamento de dados de pesquisa na internet para monitoramento da concorrência e análise do comportamento do consumidor. Contatos com veículos de comunicação e assessoria de imprensa, buscar, organizar e manter conteúdo de notícias e eventos para o site e blog.” Navegando pela internet, me deparei com tal anúncio em um site X de vagas de moda. Caso eu fosse o empregador, ainda colocaria “super woman/super man” nas horas livres, que tal?

#workbitch Eu, como há 6 anos, despreparo vezes, cara 10

profissional de moda me envergonho pelo e, na maior parte das de pau de certas emJULHO/2014

presas ao descreverem as funções de um assistente de marketing. É uma vergonha uma empresa exigir que ele, com tantas funções gerais, execute um papel tão importante quanto o de pesquisar, planejar e produzir conteúdo para social media e vice-versa. Confesso que já passei por isso umas duas vezes, mas a vez que mais me traumatizou para a vida e me fez acordar enquanto profissional, foi a do emprego que larguei em quatro meses, em uma empresa familiar cujo nome não acho necessário revelar. Com a promessa de cuidar especificamente de social media e conteúdo, minha

especialidade, acabei virando assistente de marketing por motivos de “Você não pode SÓ ficar fazendo conteúdo o dia todo. Eu preciso dar mais funções pra você.”. Neste lugar, também servi de boneco ventríloquo, numa postura nada profissional dos meus ex bosses ao me usarem para fazer pirraça uns para os outros e, é claro, não posso esquecer o dia que recebi a seguinte oferta: “Eu te dou um iPhone pra você ficar 24h respondendo comentários, reclamações e sugestões nas mídias sociais.”. Eu quase tive um enfarto ao escu-


“empresa de moda procura” tar isso. A mesma empresa que não queria que eu ficasse apenas fazendo conteúdo, queria que eu fosse escrava por 24h, fazendo trabalho de monitoramento, que é outro pilar essencial para uma rede social saudável e redonda. Não, não havia sequer a possibilidade de aumentarem meu salário para isto, pois eu já iria ganhar um iPhone, não é demais?! (Leia-se muito sarcasmo). Uma pena que eu fui trouxa e não abri um processo. Motivos de sobra não me faltariam, já que na mesma empresa escutei que se eu emagrecesse eu ficaria uma “tchutchuca”. Num país que as empresas não valorizam o trabalho de um conteúdo bem feito e uma equipe voltada à pensar exclusivamente em mídias sociais, são poucas as marcas que realmente se destacam. Exemplo contrário a essa realidade é a Farm, que tem uma equipe inteira interna voltada ao conteúdo digital, e entende que “um post nunca é apenas um post”, existem estratégias, raciocínio e toda uma linha de comunicação a ser seguida. Procurei uma das top profissionais de planejamento de comunicação do mercado, Fernanda Loredo (que já passou pela Santa Clara, pela Fox, como Channel’s Community Manager, e pela Wunderman Brasil), para falar sobre o assunto e explicar o porquê de ser tão importante uma equipe toda voltada exclusivamente para criar o conteúdo de uma marca. Ela respondeu: “Apesar da bolha ter estourado em

2000, ainda visualizamos empresas achando que o meio digital é mais um ponto de contato secundário e, pelo contrário, é mais importante do que muita mídia de massa, porque ao ver uma revista você não sabe se o consumidor leu o seu anúncio, pois não tem como ele interagir com aquele papel impresso. Já na internet, você pode saber se ele leu, comentou, compartilhou, comprou… Então as empresas têm que parar de achar que é só mais um ponto de contato, para pensar: ‘Nossa, esse é O PONTO DE CONTATO’. De fato, no ambiente digital você tem um relacionamento muito mais estreito com o consumidor e um poder de mensuração muito maior, diferentemente do consumo passivo que as mídias de massa oferecem, com baixa interação e poucos dados mensuráveis. Para mim, só esse ponto que eu coloquei já diz o quão importante é você ter responsabilidade com o conteúdo que sua marca posta nas redes sociais e com o trabalho no ambiente digital como um todo, que é muito maior que um simples post no Facebook, uma vez que é um ambiente que gera experiência com a marca, mais do que muitos outros meios.” E ainda completou: “Ter responsabilidade é ter profissionais olhando para isso, pessoas especializadas, que estudaram e entendam de branding, não só achar que é possível programar um post no Facebook. Cuidar de uma marca no ambiente digital é algo muito maior. Não vai ser um blogueiro ou estagiário que vão dizer como sua

marca deve trabalhar no ambiente digital só porque eles têm lá os seus mil seguidores no Instagram. Você deixaria o seu filho recém nascido com uma babá de primeira viagem? A mesma coisa acontece com sua marca no ambiente digital, porque isso pode gerar uma crise enorme, que, para reverter, você terá que investir muito mais do que o salário mínimo do estagiário que contratou.” Existem vários cases, não apenas em moda, que comprovam o quanto o despreparo de profissionais pode gerar dor de cabeça pra gestão de uma empresa. Foi o caso da Barilla, da Fiat e de inúmeras outras que fizeram o peixe morrer pela boca. Já estive dos dois lados: trabalhei dentro de marca e dentro de agência digital. A conclusão que fica é que sim, as agências são realmente mais preparadas, com equipes formadas por planejamento, editor e produtor de conteúdo, atendimento, diretor de arte e diretor de comunicação, mas que conteúdo que vem de dentro é sempre muito mais completo, pois você está ali respirando 8h por dia (I wish) o DNA daquela empresa. O ideal seria unir os dois mundos. As marcas tomarem maior consciência de que conteúdo é importante sim e que não é função para um estagiário-faz-tudo desenvolver. Pesquisar, planejar e executar levam tempo e expertise. Grow up fashion brands, grow up. Imagem: reprodução

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“ASSISTENTE DA MIRANDA” “Zara é o que cabe no bolso” Vamos ser realistas. Nós, (lindos, fashionistas, blasés, hipters…) pupilos da moda, estamos sempre a par dos desfiles internacionais, bombando nossos Instagrams e Pinterests com imagens de looks incríveis das passarelas mundo afora. MAS, se você reparar, nunca estamos usando nenhuma dessas marcas. Realidade batendo na porta gente.

95% das pessoas da moda não são milionárias! Bem longe disso, aliás.

Então, infelizmente, nos contentamos com as lojas fast fashion, que nos trazem o último grito da moda com um preço ok para podermos abastecer nossos armários moderninhos. Só um P.S. esclarecedor: claro que às vezes gastamos nosso salário inteiro em uma única peça de alguma grife, mas não é sempre viu!? A regra “ou compra roupa ou come” é super válida.

Fernanda Mazili trabalha com moda e divide conosco seu dia a dia fadado ao “aceita que é melhor” em pílulas cheias de bom humor.

“Insta, Insta, negócios nada à parte” Minha timeline do Insta nesse momento: 1. Revista gringa de moda montando looks-desejo. 2. Editora de moda em evento de moda. 3. Amigo hipster tirando foto do sapato. (Curtir.) 4. Revista de moda nacional com fotos do último desfile. 5. Teaser de marca de sapatos nova que vai abrir loja pertinho do work. 6. Uma tatuagem incrível de um artista que amo. (Ufa! Respiro. Curtir.) 7. Outra editora de moda naquele mesmo evento. 8. Produto novo que o cliente lança e nem te avisou. (!!Panic!!) 9. Amigo esfregando na sua cara que está curtindo uma cervejinha no bar depois do work. (Invejinha. Comentário: Onde você tá? te encontro daqui a pouco!) 10. Outra revista nacional com foto do mesmo look do desfile. (Again? Boring.) 11. Amiga postando foto que está lá no evento dazmoda trabalhando. 12. Maquiador amigo posando com modelo incrível. (Curtir.) Não sei como as pessoas que não são obrigadas a seguir os grandes

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Isso tudo porque eu me recuso, de pés juntos, a seguir algum blog. Porque só o que me faltava era uma timeline de selfies de blogueiras. Meus amigos devem até achar que sou uma freak do insta, porque quando vejo uma foto que não seja relacionada ao trabalho é tanta alegria que curto, comento e mando emoji. Um sonho: meu Instagram voltar a ser meu, só com minhas coisas pessoais.

“Essenciais pra quem?” Ah, a temporada das liquidações! A era das oportunidades de comprar tudo aquilo que você precisa. Mas a questão é: o que você realmente preci-sa? Eu, particularmente, tenho muita dificuldade em definir minhas prioridades na hora que o consumismo aparece (o que é, tipo, quase o tempo todo). Mas o engraçado é como o foco de adoração pode mudar em questão de alguns metros de corredor dentro de um shopping. Por exemplo, se eu estou em loja de sapatos, tudo que eu mais quero e preciso é aquele slipper de dedos de caveira que eu vou poder usar todo dia, ou o salto dourado que combina exatamente com aquele vestido já meio esquecido do armário.

veículos de moda e seus respectivos profissionais conseguem.

Parabéns, sua paciência deve ser infinita. Infelizmente, quem trabalha nessa área fofa e prestativa que é a moda, precisa saber dos últimos passinhos dos queridos “formadores de opinião” para dar um help no próprio trabalho. Mas pra falar a verdade, até me canso de ver meu Instagram só porque já sei o que vou encontrar.

No começo é superbacana, muitas novidades e fotos de lugares diferentes, mas depois você descobre que tudo não passa de um ciclo. Fotos para mostrar o próximo shooting, fotos dos eventos (que sempre aparecem as mesmas pessoas), fotos das temporadas de moda e seus desfiles, e por ai vai…

Fazendo um esforço para baixar a ajuda divina e não comprar nada, eu saio de mãos abanando da loja (talvez não na maioria das vezes) e com o coração partido. Mas eu respiro fundo e me preparo para achar o meu próximo amor must have pelas várias opções de saias de paetês, botas de spikes, bolsas transparentes, jaquetas de couro…<3! Não é apenas o desejo de ter a peça mais icônica da temporada; você precisa dela!

E adivinha o que vai ter na próxima Imagens: reprodução temporada? Exatamente o mesmo? Bingo! WWW.THEEDGYTOR.COM

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GUESS What?! essas celebridades adoram brincar de dançarina exótica.

MILEY CYRUS

TAYLOR MOMSEN

HELEN MIRREN

stripper heels

(AND OTHER THINGS) Os famosos stripper heels surgiram nos anos 70, mas não há muitos fatos históricos que comprovem o porquê de sua criação. Eu, como curiosa, shoaholic e entusiasta do sensual, fui atrás de conhecer esse acessório tão icônico mais a fundo, e me deparei com diversas informações interessantes worth sharing aqui na The Edgytor. Antes de mais nada, vamos voltar um pouco no tempo da criação do salto plataforma. Ele foi inventado no tempo da Roma Antiga . Naquela época esse sapato recebia o nome de Kothomi e era usado por atores para mostrar o status e a importância de seus personagens durante as peças. Assim como as strippers de hoje, os atores eram marginalizados, pois o teatro não era uma profissão de “gente que queria ser alguma coisa na vida”. Isto aconteceu até o próprio Nero (Imperador) tornar-se ator para chamar atenção da sociedade (elite) para esta arte tão infame. É claro, com a queda de Roma, o salto também foi junto e só foi voltar à cena na Itália durante o período do Renascimento, sob o nome de Chopine. A história é um pouquinho mais longa que isto, mas como o foco é o charme das plataformas das dançarinas exóticas… First of all, por que saltos

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tão altos? Eles alongam a silhueta, proporcionando um visual mais harmonioso ao corpo da mulher e fazendo com que ela sinta-se ainda mais sexy. As plataformas oferecem mais suporte aos pés, tornando mais confortável o uso de um salto 18 cm, por exemplo. Outro fato interessante, é que o salto serve como distração para a região do abdomen, e também dá a impressão de que a musculatura da perna fica mais enrijecida, ou seja, dá o famoso efeito “gostosona”. Ah, e por que, muitas vezes, elas usam saltos transparentes? Há diversas teorias, entre elas: eles combinam com qualquer fantasia; no palco, o efeito é como se estivessem sempre flutuando; elas podem mostrar o quanto de dinheiro estão fazendo enquanto dançam de maneira mais fácil (less likely); os sapatos podem brilhar no escuro com luz neon (showtime!); enquanto o salto alonga a postura do corpo, os pés aparentam estar sempre “pelados”. Dentro do universo das strippers, que nada tem relação com glamour de fato, elas se sentem ainda mais confiantes e poderosas com um saltão pra mexer os money makers. E eu acrescentaria mais: quan-


DE GAGA À HELEN MIRREN. TODAS ELAS SÃO OBCECADAS POR STRIPPER HEELS (E EU TAMBÉM). BY VIKKI GÓIS.

do uma mulher usa um salto, eleva-se e valoriza seu próprio corpo (sorry a comparação, feministas de plantão, mas você já viu alguma marca que se preze colocar seu produto mais precioso direto no chão? I don’t think so!). Além de todas as mudanças que ocorrem na aparência, subir num salto deixa a mulher (ou o homem também) com mais confiança, principalmente quando se está numa situação completamente vulnerável (N-A-K-E-D). Quer se surpreender? Uma grande fã de stripper heels é a atriz Helen Mirren, que independentemente da idade, eu acredito ser uma das mulheres mais sensuais de Hollywood. Not kidding. Segundo ela, saltos de stripper são suas armas secretas para um boost na confiança. Plataformas de 10cm dão uma ótima altura e fazem as pernas parecerem inacreditavelmente longas. Helen também contou ao The Daily Mail que an-

tigamente só encontrava este tipo de salto em lojas voltadas ao segmento, mas que agora é possível encontrar stripper heels em qualquer lugar, mesmo que, infelizmente, todo mundo tenha descoberto o tal truque. So freaking cool o fato de uma senhora admitir que gosta mesmo desses sapatos, pois, ao perguntar para pessoas mais velhas, até mesmo da geração de Helen, “usar plataforma é coisa de vagabunda“. E gente da minha geração ainda acredita nisto. Para mim, coisa de vagabunda é roubar. Se até Prada já se rendeu aos saltos de acrílico e Jeffrey Campbell vive trabalhando os stripper heels de maneira ímpar, quem somos nós para julgar? Sendo bem honesta, não troco uma plataforma meia pata por nada neste mundo (meus pés agradecem, obrigada!). Outras personalidades bem conhecidas pelo amor incondicional aos saltões são Lady Gaga

- que já confessou querer ser enterrada com stripper shoes quando morrer -, Miley Cyrus, Taylor Momsen e a blogueira Rachel Lynch. O “stripping” é uma arte que, com o tempo, foi vulgarizada e tornada “barata”. Perdeu todo seu erotismo real, pois raramente apresenta a qualidade do “tease”, da provocação sem vulgaridade. O mais próximo da arte original que achamos hoje em dia é o burlesque, que ganhou o formato erótico, porém sofisticado, que tem atualmente entre 1860 e 1940. Dita Von Teese, modelo, dançarina e atriz conhecida por performances memoráveis, é uma das poucas que ainda carregam o charme e a brincadeira da provocação, mas com muita elegância e aura retrô que exige o espetáculo. Imagens: reprodução

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PRONTA PRA SUBIR NO SALTO?

O SAPATO VOCÊ JÁ PODE TER. AGORA É SÓ ARRASAR NA PERFORMANCE!

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Como quase toda palavra esvaziada com o tempo – de “conceito”, “gourmet”, “humildade”, you name it - “luxo” é uma vítima dos clichês que vão aos poucos coxinhizando o dicionário inteiro. Muita gente faz um esforço hercúleo para encaixar coisas, pessoas e lugares sob um verbete tão curto, mas pouco se fala do que é de fato essa entidade imaterial no alto do pedestal. O que haveria nesse substantivo misterioso? Se tanta coisa é “um luxo”, o que seria enfim “o luxo”? (Disclaimer: sim, a palavra luxo será repetida à exaustão nas próximas linhas, por total falta de sinônimos adequados). Defini-lo é tarefa das mais espinhosas; nem tanto pela falta de bibliografia, que oferece um cardápio bem servido para todos os entendimentos, mas pelo desuso. Pouco se discute do luxo como fenômeno social e cultural, que atravessa os séculos e serve de golden standard pra tudo que julgamos muito bom, muito raro ou muito difícil.


Achar uma definição para este substantivo parte de um problema básico: definir, por princípio, tudo que ele não é. E é justamente aí que aparecem os melindres e recalques da missão: todo mundo hoje em dia parece ter uma ideia muito própria – e muito cheia de si – do que é luxo. Até porque todo mundo, ultimamente, se julga especialista, especialíssimo e precioso desde o berço. Ou seja: os teóricos da área (sim, eles existem), pelo bem do conhecimento, acabam em suas divagações partindo alguns corações menos luxuosos. Estas definições são, acredite, um exercício mais relevante do que pode parecer. De uma maneira bizarra, a definição individual do que é luxo se tornou um indicativo importantíssimo do que são os parâmetros pessoais de sucesso e, na lógica dos nossos dias, de quem você é. Dá para parecer popular, populista, descolado, politizado ou um ser evoluído espiritualmente – tudo com base no seu discurso sobre os luxos da vida. Isso sem falar de uma indústria que gera mais de 600 bilhões de reais por ano em todo o mundo, o que faz dessas aspirações assunto sério para quem tem um olho no mercado. Como ia dizendo, clichês servem, muitas vezes, para validar coisas desimportantes se utilizando de indícios de coisas importantes – sacrificando no processo qualquer significado que nelas resida. Evidência número um dos clichês irritantes de entrevista de emprego e conversas de spa:

“Ai, luxo pra mim é ter tempo”. Olha bem, pra você que vive a maratona de se revezar entre o app da academia, o app da corrida, o app do cliente, o app do delivery, o app da pegação e o app do trânsito, “ter tempo” pode até ser “um luxo”, aquela adjetivação malandra e marota; mas O Luxo, como entidade cultural acima dos mortais 18

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(ainda falamos disso), não, não é. Desempregados, moradores de rua e ex-BBBs possuem tempo de sobra, e não há nada de luxuoso nisso. Ter agenda para brincar com seus cachorros ou andar na praia é coisa escassa e um devaneio delicioso, mas convenhamos: se existisse em abundância, não valeria tanto. Nessa mesma linha vão todos os outros lugares-comuns de revista de fofoca:

“Ai, luxo pra mim é ser feliz”. “Ai, luxo pra mim é ser realizado profissionalmente”. “Ai, luxo pra mim é (pausa pra respirar) ser eu mesma”. Queridinha, isso é o básico. É difícil, é lindo de ver, mas não é luxo simplesmente porque não dá pra QUALQUER coisa feliz e fofa ser luxo – justamente a medida que não tiveram com o “glamour”, por exemplo, e mataram o verbete ao errar a mão. E ó, se ser você mesma anda dando tanto trabalho assim, um nada luxuoso analista é altamente recomendável. Falando em coisas desimportantes tratadas de forma importante: um filósofo morre a cada “ai, luxo pra mim é ter a última tecnologia na minha mão”. Então vamos tocar nos brios consumistas do Brasil emergente: não, sua TV de plasma (ou LED, LCD, ou ecstasy, ou crack, ou placenta de lhamas, ou qualquer a tecnologia da moda) não tem qualquer título de nobreza. Pouquíssimos bens eletrônicos escapam da efemeridade: seu status só dura enquanto não aparece coisa melhor. E a perenidade do luxo, onde fica? Porque a moda, mind you, pode mudar; mas o valor criativo de uma roupa de alta-costura é para sempre. Um televisor state-of-the-art de hoje,

por outro lado, pode estar amanhã na oficina do seu Antônio – e depois de amanhã no lixo. Pode parecer elitista – e é. Pagar caro não compra, necessariamente, luxo. Principalmente no Brasil, onde impostos absurdos ajudam a criar distorções. Dos carros coreanos pilotados por baby sitters aos redor do mundo e exibidos como troféus por executivos engravatados daqui, ao apego a marcas de outlet e o amor por pulseirinhas brilhosas de camarote all-inclusive, é muito fácil se deixar levar pelo prestígio de mentirinha por aqui. O luxo não está na etiqueta de preço, mas na etiqueta de fabricação: é uma forma de pensar com carinho, executar com atenção e oferecer com preciosismo um bem ou serviço, e não simplesmente um lucro exorbitante sobre algo banal. Dentre tantas definições possíveis, algumas são infalíveis: luxuoso é aquilo que entrega exclusividade (que é raro, que demanda esforço, que exige conhecimento); tradição (ou história, ou uma cultura de continuidade); emoção (que, como a arte, aproxima o consumo da imaterialidade); e, claro, qualidade irrestrita, perfeccionista, incansável. Acima de tudo, o luxo reflete no consumo e na cultura um “comportamento” (outra palavra combalida, coitada) luxuoso, com raízes flosóficas que passeiam pela constituição da própria humanidade. Esqueça pelo menos até a próxima edição tudo aquilo que vem à sua cabeça quando se fala do assunto: ostentação, vaidade, superficialidade. Estes são a antítese do luxo e, veja bem, clichês que revelam apenas um reflexo do que a maioria consegue entender e enxergar. E, a partir de agora, clichês estão oficialmente e definitivamente out - com ou sem monograma de grife. Imagens: reprodução


STYLISH MEN

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t i f a t s #In

: MARCI ERTAS | Beauty PU É R D N A : ing Styl TAVO CHAMS | S (JOY). tógrafo: GUS Fo | s JULIA BARCELO : ói lo g Mode vikki | r po IAR VIGL texto FREITA & JÉSSICA


A glamorização do mood “let’s get physical” é resultado, assim como tudo que fazemos, vestimos e consumimos, de uma reação social. Lembramos de uma palestra do WGSN no qual eles previam que as pessoas ficariam mais conscientes da necessidade constante do corpo de se exercitar, e que a moda acompanharia essa mesma tendência, afinal, não é a toa que o sports chic ficou em alta novamente. Com a proliferação das redes sociais, essa cultura ao corpo tomou conta não apenas da forma que vamos atrás de informação, mas criou novos mercados, negócios e, com isso, uma série de blogs e perfis relacionados ao fitness. É no clima “I love my body” e da famosa #selfie no espelho pós academia (antes e durante também!), que nosso colaborador mais que especial, o fotógrafo Gustavo Chams, clicou a modelo Julia Barcelos. O styling de André Puertas e a make up de Marci Freita e Jéssica Vigliar, pontuaram ainda mais esse movimento de instagramar uma coisa tão trivial e necessária pra vida de alguém. Agora, a pressão virtual-social é maior pra você ficar #instafabulous e #instafit.









THE MASSENA TWINS

TEXTO/ENTREVISTA POR VIKKI GÓIS | FotÓgrafo: GUSTAVO CHAMS | Modelos: SUZANE E SUZANA MASSENA (L’equip) | Beleza: MARCI FREITA | Stylist: FERNANDO BATISTA | Fashion Producer: FABIO FURLAN.


Na edição que exaltamos nossa própria relação com o corpo e a mente, The Body Issue, também não poderia deixar de ter uma matéria com irmãos gêmeos idênticos. Neste caso, quase identicas. E não estamos falando de qualquer dupla, mas sim da dobradinha fashion que não para de ferver nos photoshoots mais badalados e passarelas mundo afora. Com editorial exclusivo para a The Edgytor, assinado por Gustavo Chams, conversamos com as sisters Suzane e Suzana Massena, irmãs da modelo Suellen Massena. Check it out:

“Não sei como funciona com os outros gêmeos, mas nós temos uma ligação muito forte. Sabemos o que a outra esta sentindo só pelo olhar. Acontece de uma completar a frase da outra. Já aconteceu de estarmos em locais diferentes, almoçando e quando nos falamos ao telefone, descobrimos que tínhamos escolhido exatamente o mesmo prato. É uma troca de energia muito forte. Porém, essa historinha de que quando uma apanha, a outra também sente dor, não é verdade. O máximo que pode acontecer é eu também sentir raiva e descontar por ela, rsrs.”

Como foi o começo da carreira de vocês? “A Xuxa teve uma participação muito especial no início da nossa carreira. A produção dela estava à procura de uma menina que tivesse o sonho de ser modelo, aí nos encontraram na nossa antiga agência, em Salvador. Não sabíamos de nada, foi tudo uma surpresa. Jamais imaginamos que iríamos trabalhar com a rainha. Pensávamos que era uma seleção para um editorial de moda, e nos deparamos com Xuxa indo nos buscar em casa. Foi muito gratificante. Além de desfilar ao lado dela, ela nos deu dicas valiosas e nos presenteou com o primeiro book em São Paulo. Além de desfilar ao lado dela no Monange Dream Fashion Tour, tivemos a honra de fazer algumas participações em seu programa. Sem dúvidas não poderíamos ter fada madrinha melhor.” As duas sempre quiseram seguir os passos da Suellen, ou planejavam outros caminhos profissionais? “No início nós a acompanhávamos nos ensaios e nos desfiles, e isso se tornou frequente. Acabamos nos apegando pela profissão. Ganhamos uma bolsa de 1 ano, para aulas de teatro e passarela e, ao final desse período, ja estávamos apaixonadas pela moda, e tivemos certeza que era isso que queríamos para as nossas vidas.” Quanto a personalidade: o que difere a Suzane da Suzana, e quem é a mais edgy? “Apesar das semelhanças físicas, a nossa personalidade difere muito. Podemos dizer que equilibramos uma a outra. A Suzana é mais tranquila, mais paciente. Eu, Suzane, sou mais agitada, mais dinâmica. Mas somos “de lua”. Você pode me encontrar totalmente zen e Suzana um pouco mais agitadinha. Ou pegar as duas num momento edgy, o que é um pouco difícil… Rsrs.” É verdade aquele mito de que gêmeos idênticos são soulmates?

Destaque em semanas de moda, sessões com Anna Dello Russo, Naomi Campbell requisitando vocês… Qual foi o momento mais marcante até agora pra cada uma das duas? “Todos esses momentos foram marcantes. cada um com seu “q” especial. Foi um prazer trabalhar com a Anna Dello Russo, uma experiência ímpar. Fotografar com a Naomi Campbell, nem se fala. Ela sempre nos inspirou. E os desfiles sempre nos trazem uma emoção, um friozinho na barriga. Nunca imaginamos que acompanhar a Suellen nos desfiles e ensaios nos proporcionariam tantos momentos importantes.” Qual projeto sonham em fazer um dia? Existe uma marca especial com a qual queiram trabalhar? “Queremos viajar por todo o mundo. Eleger uma marca é difícil, mas esperamos fazer um trabalho bacana sempre, independentemente de estarmos representando um marca pequena ou gigante. Mas claro que temos a ambição que trabalhar com grandes marcas, rsrsrs.” Qual é a sensação de “dividir o corpo” com outra pessoa? Vocês sendo quase idênticas, devem ter passado por situações até engraçadas por aí, não? Alguma que possam compartilhar?

“[...] a beleza só não basta. Tem que ter muita dedicação, profissionalismo, foco, força de vontade e humildade.”

“É engraçado, porque quando éramos pequenas as pessoas viviam trocando quem era quem, até hoje é assim… Então entramos num acordo e decidimos quem seria Suzane e quem seria Suzana. Pra acabar com aquela sensação de ‘eu sou eu, ou eu sou você?’, assim acabamos com nossa confusão. As pessoas até hoje confundem, às vezes chamam apenas de “gêmeas” ou Anes… Tem uma história que gostamos de contar: quando éramos bebês, meu pai ficou sozinho conosco. Quando WWW.THEEDGYTOR.COM

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a outra estava aos prantos. Meu pai explicou a ela que já tinha feito de tudo. Já tinha dado de mamar, banho, água e nada resolvia. Minha mãe, então, preparou uma bela mamadeira e rapidinho a que tava chorando se acalmou. Moral da história: meu pai, na confusão, deu de mamar duas vezes a uma, enquanto a outra ficou com fome.. Rsrs. Já aconteceu também de em desfiles não dar tempo de uma fazer a troca de roupa, a outra entrar no lugar e ninguém notar, rsrs. Ah! São várias as histórias. Daria pra escrever um livro.” Nem todo mundo sabe do hard work que vem junto com a profissão. Contem pra gente: como é a rotina de uma modelo e qual é a parte menos glamorosa? “Por incrível que pareça, a parte menos glamourosa é na execução do trabalho. As pessoas só enxergam tudo pronto, né? Mas ninguém imagina que é cansativo fazer um editorial, que às vezes passamos um dia inteiro fotografando, ou que aquele desfile incrível, que estamos super divas, o sapato tá apertando bem aquele calinho… Rsrs. O glamour é só depois, quando tá tudo prontinho. Sem contar toda a correria dos castings, todos os “nãos”. É muita ralação. Trabalho não cai do céu, rsrs, mas sempre vale a pena folhear uma revista com fotos nossas, ou ler alguma matéria falando dos desfiles que fizemos. Todo o sacrifício vale a pena.” Neste tempo trabalhando com moda, eu aprendi que… “… a beleza só não basta. Tem que ter muita dedicação, profissionalismo, foco, força de vontade e humildade. No final das contas, a beleza é a soma de tudo isso.”

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SAIAS ESPAÇO FASHION CAMISAS ESPAÇO FASHION CASACO DE TWEED CHOLET COLARES LANÇA PERFUME



VESTIDOS LANÇA PERFUME BRINCOS LANÇA PERFUME CHAPÉUS ALEXANDRE HERCHCOVITCH


BLUSAS COCA-COLA CLOTHING SAIAS ESPAÇO FASHION CARTEIRA E CALÇADOR VILLA VITTINI





Quanto mais Carão, melhor? Depende do ponto de vista, but don’t worry: a Julia Ribeiro de Lima mostra todos pra gente. Vale até fazer careta =p

+CARÃO -CARÃO


-

“Oi, será que agora você pode fazer uma careta pra mim?”. “Careta, como assim, como você quer que eu faça?”. “Como você quiser, ué. É uma careta...”. “Ok, vamos lá!”. CLICK CLICK CLICK. “Ah, eu posso ver??”. “Claro que pode!”. “ADOREI!”. Foi assim que rolou o diálogo entre eu e 99% das modelos fotografadas durante a semana de moda em São Paulo: surpresa no começo, curiosidade para saber como ficou a foto, de tudo um pouco. Durante essa temporada, resolvi fazer diferente. É claro que eu tirei aquela tradicional foto de beleza, aquela mesmo, com o carão e tudo mais, afinal, é para isso que eu to recebendo, mas por que não mostrar um lado diferente, um lado edgy? Desde criança tenho um bode dessas modelos com cara de morta (deve ser por isso que eu amo tanto o desfile da Victoria’s Secret e a Cara Delevingne)! Gente, é um desfile, é uma festa, SORRIAM! Mas não, afinal, “a modelo não pode aparecer mais do que a roupa exibida“. Mas é CLARO QUE PODE! Ué, quer exibir roupa, exibe no cabide. Ok, ok eu vou bater nessa tecla para sempre e nunca vai mudar, mas que tal mudar pelo menos no backstage? Eu te garanto que foi a foto mais divertida que elas tiraram no dia, e como te garanto! Todas riram depois, me abraçaram e ficaram mais um tempo conversando comigo, querendo saber um pouquinho da matéria, onde ia sair, a minha idade, como uma menina tão nova (19 anos com carinha de 15) já estava nesse mundo e todas me parabenizaram, não só pela ideia criativa, mas por ser a minha primeira matéria como jornalista. Imagens: Julia Ribeiro de Lima

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+ Calma. Esta não é mais uma daquelas matérias de como se sair bem e fazendo um bom carão na selfie, pelo contrário, esse Carão aí não tem nada a ver. Ou tem? Antes de te contar quem é esse Carão, pare um pouquinho e pense: que modelo faz caretas para os paparazzi e durante shoots de beleza dos desfiles? Que modelo fica tirando selfies enquanto se arruma para um dos runway shows mais badalados do ano, o Victoria’s Secret Fashion Show? Caso na sua mente venha apenas uma pessoa, você está mais do que certo. Vamos falar da modelo mais querida dos últimos tempos, a rainha que tomou o lugar da Queen Elizabeth II nas passarelas da Inglaterra e do mundo. Com vocês, Cara Delevingne, ou, como eu gosto de chamá-la, Carão! A bff da Rihanna conquistou as passarelas e uma legião de fãs no mundo todo não só por causa de seu catwalk, mas também pelo carisma de parar o Instagram. Para ela, tudo não passa de uma grande ferveção. Com uma lista longa de desfiles e campanhas, passando por Burberry, Mulberry, Saint Laurent, Chanel e, pelo segundo ano, Victoria’s Secret (mas agora no posto de Angel), Cara faz inveja em qualquer outra super model com mais tempo de mercado. Não podemos esquecer da sua

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lista de amigos, afinal, que outra pessoa poderia ser melhor amiga da Bad Gal RiRi, chamar Rita Ora de Maridinha e, ao mesmo tempo, ser best friend do inglês mais cobiçado e dono do hair flip mais famoso de UK, o cantor Harry Styles? Lógico, isso sem esquecer que ela sabe conciliar muito bem a amizade do rapaz com a amizade que mantém com a ex dele, Taylor Swift. - Vamos lembrar do tapinha no bumbum do VSFS 2013, por favor? #nãotemcomosuperar Cara provou que para ser uma das modelos mais cool da atualidade, não adianta só ter o rostinho bonito; também é necessário muito senso de humor. Rata de social media, principalmente o Instagram, ela não tem vergonha de floodar a timeline e falar o que pensa. Sem fotos produzidas, sem maquiagem, sem nada disso; apenas um sorriso no rosto (ou careta, é claro) e a vontade em mostrar para seus seguidores que está fazendo aquilo que gosta: ser ela mesma! E isso, meus caros, é a chave para tudo na vida. É óbvio que um bom catwalk, um rosto lindo, muito esforço e, vamos combinar, um pouquinho de sorte de socialite, fazem com que uma modelo tornese mundialmente famosa, mas espero que daqui para frente surjam mais Carões por aí; afinal, ninguém é bonito o tempo todo e uma boa careta vale mais que um carão. Imagens: reprodução


Maquiagens nacionais Quando se fala de maquiagem, é quase instantâneo pensar em variedade de produtos e marcas. Se você é profissional, ou mesmo não seja, se limitar a uma marca exclusiva tem seus prós e contras, mas normalmente é melhor ter um leque maior de opção, do que um leque de limitação. A maioria das pessoas prefere os produtos internacionais ao invés dos nacionais devido a qualidade ser superior em diversas maneiras e o preço, muitas vezes, ser mais acessível (se tratando de compras feitas por sites ou em viagens). Contudo, é necessário lembrar que existem marcas nacionais que são excelentes também, que até podem custar mais caras do que deveriam, mas isso deve-se ao fato da produção no mercado nacional ter muitas taxas abusivas em cima da matéria prima, o que reflete no consumidor final.

1 A Natura é uma das únicas marcas brasileiras que têm a produção inteira dentro do território nacional. Ela é dividida em duas linhas: “a cara e a barata”, dizendo de uma maneira mais chula. De modo geral, os produtos de maquiagem são muito bons, com pigmentação e durabilidade boas. O preço varia bastante dependendo da linha de produtos em questão. O problema maior está na limitação de variedade das cores, já que a marca segue uma linha mais “neutra”, no sentido de ser muito raro lançarem um produto coloridão; já em relação aos tons de pele para os produtos de rosto, como bases e corretivos, pessoas com pele muito clara ou uma pele muito escura podem ter dificuldade em encontrar o tom certo.

Estes são alguns exemplos de marcas nacionais que vale a pena conferir:

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Pra quem não conhece a marca Duda Molinos, o Duda é um maquiador brasileiro que trabalha muito com desfiles e editoriais, e essa é a linha de make up que ele criou. Normalmente você encontra para comprar em perfumarias e o preço é, de maneira geral, bem acessível. Os produtos têm uma ótima aderência com boas opções de tons de pele. O legal da marca está na quantidade de cores de sombras e em como cada uma delas tem uma ótima pigmentação.

3 A Contém 1gr é uma das melhores do mercado. Os produtos são diversos, com uma ótima variação de cores e tons de pele. Também tem uma qualidade impecável. O único contra está no preço, que é um pouco mais alto em relação as outras. De maneira geral, a compra deve ser feita como um investimento, ou seja, produtos que você usa constantemente, como base, corretivo e uma sombra ou lápis que você não fica sem.

Provavelmente é a mais comum de se encontrar para comprar. A O Boticário tem diversas linhas de make up e, de maneira geral, é muito boa. As sombras, os batons, os lápis e delineadores podem não ter uma grande cartela de cores, entretanto, são boas compras para básicos do dia a dia. Os pincéis são macios e bons para fazer as maquiagens diárias e têm um ótimo preço também. Contudo, é preciso ressaltar que alguns produtos de pele (base, corretivo, pó, etc.) dão certo para algumas pessoas e outras não, ou seja, você descobre testando. A linha Make B deles traz melhores resultados em relação a isso.


5 A Eudora é mais conhecida por seus perfumes, mas a marca também tem linha de maquiagem. Ela sempre segue as tendências, lançando produtos com colorações diferentes e inusitadas. Ano passado, por exemplo, uma linha que estava nas lojas era de batons coloridos, com tons de azul, cinza e, até mesmo, preto!

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A marca é do Grupo O Boticário e tem o foco somente em produtos de beleza. Com um preço mais acessível que o próprio O Boticário, a Quem disse Berenice? consegue suprir o que a maior marca do grupo não oferece. Os produtos têm uma boa variedade de cores e boa pigmentação. Eles também têm uma linha de esmaltes para as nail art addicts.

A Catharine Hill é uma das marcas mais difíceis de se encontrar para vender. Em São Paulo você encontra na loja principal da marca e em algumas perfumarias, então, caso você esteja procurando e não encontre, recorrer a loja online vale a pena. A marca tem tanto produtos de maquiagem para o dia a dia como para efeitos especiais e produções artísticas. O preço varia em relação ao produto, mas, de maneira geral, é razoável para adquirir. Os produtos de beauty são ótimos, com uma boa coloração e aderência à pele. Alguns deles seguem a linha Aqua Color, que necessita o uso de água na aplicação, o que é bom, pois o produto fica mais natural na pele. Contudo, deve-se ter cuidado para não usar muita água e deixar a finalização com aspecto aguado/fraco. Dica: não tenha medo de consumir produtos nacionais. Às vezes as marcas brasileiras possuem o produto que você quer e por um preço melhor do que as gringas. Lembre-se de como investir na maquiagem certa e gaste mais com produtos essenciais, por exemplo, para a pele e, se você gosta de variar seu look, tente sombras, batons, blushes, entre muitos outros produtos, de marcas e que estejam no seu orçamento.

Imagens: reprodução / Gustavo Chams


no matter what you wear Por Thais Stephan A moda representa o gosto coletivo, que é capaz de datar o tempo (zeigst), e o estilo representa a subjetividade, ou seja, o que é particular, individual. Iris Apfel disse em uma entrevista que estilo é atitude e eu concordo com a sua afirmação. Quando falamos em estilo vamos além da atitude, englobamos educação, informação, palavreado, pensamento, comportamento, etc. E isso com certeza reflete em nossa maneira tanto de lidar com o mundo, quanto de nos vestirmos. Desde os primeiros relatos sobre a vestimenta do Homem, três razões são dadas para nós o fazermos: pudor, adorno e proteção. Independentemente de estilos e ideologias diferentes, somos iguais e temos direitos iguais. Mas eis que de repente cruzamos com o preconceito, uma ideia preconcebida sem fundamento algum, uma espécie de preservação, reserva em relação ao que nos parece diferente. E aí os julgamentos são feitos e as maledicências ditas por meio de palavras, olhares ou risadas. E o objeto muitas vezes é o ser que está vestido

de modo diferente; mas eu me pergunto: como assim diferente? Há quem diga que nos vestimos para pertencer a um grupo, buscar aceitação dos semelhantes, pela necessidade de trocar e interagir com os iguais. E outros dizem que buscamos a individualidade com a originalidade, a diferenciação e a singularidade, que, muitas vezes, vem por meio da vestimenta. Eu não estou aqui para julgar qual é certo, na verdade eu acredito que somos a somatória destas duas diretrizes, pois é preciso estar incluído, misturado, mas sem desaparecer na massa de forma homogênea. Não vou entrar no mérito das tribos, grupos, estereótipos, modinhas e rótulos, pois isso é coisa para outro article, mas vou frisar a igualdade independentemente da roupa que escolhemos vestir. Ela é apenas um invólucro, que todos usamos, que passa uma mensagem, mas não define quem você é. Imagens: Stela Alves WWW.THEEDGYTOR.COM

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glitter instead of gun powder Não. Esta não é mais uma chamada de Glee (ou Glitter what so ever). É uma brincadeira séria de um artista que, por meio de seu trabalho, dissemina informação, humor e um pouco mais de humanidade para nós, seres menos evoluídos artística e politicamente. Ele atende por Saint Hoax (algo como o santo da brincadeira), e já foi ameaçado de morte mais de 70 vezes pelo

seu ponto de vista crítico e por misturar elementos da cultura pop em todo trabalho que executa com primor. Foi com a série “War Drags You Out” que Saint (vamos chamálo assim, só pra ficar mais íntimo) estourou na web no final do mês de fevereiro, e ganhou milhares de fãs, assim como milhares de haters. Saint é daquele tipo de pessoa que, apesar de proteger sua identidade por questões de segurança, não tem medo

de ir contra a corrente. Foi a peça de Osama Bin Laden que tocou na ferida da ignorância alheia e fez com que o artista recebesse ameaças sérias, floodando toda sua inbox. De onde veio a inspiração? Depois de ir a um show de drag queens pela primeira vez, ele ficou encantado com a riqueza da cultura orientada pelo glamour das rainhas da noite e percebeu que os mesmos esforços que as levam ser o

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que são, são os mesmos que levam o líder de uma nação a tornar-se o que é: um nome marcante, uma persona forte, um look correto, um cabelo personalizado, uma marca que seja exclusiva dele/dela e uma equipe forte de relações públicas.

E não para por aí! Outra série fantástica assinada pelo artista é a TeleVicious, composta por Jasmine, Snow White e Ariel (Disney), todas beijando Madonna na boca, como a cena do VMA que ficou marcada na história da TV.

Em entrevista para o Huffingdon Post, Saint Hoax disse:

Pra saber mais de seu trabalho, entrei em contato com “Saint” e fiz uma mini entrevista. Confira:

“Eu quero que minha arte se transforme num lembrete constante que líderes idolatrados são meramente performers vestidos de drag – ela (a arte) é mais POPlítica do que política.”.

Como viver no Oriente Médio define seu trabalho? “É meio limitador ser um artista “poplitical” aqui no Oriente Médio pelo fato de que nem todo mundo acredita que o que eu faço é arte. Também tem o fato das pessoas serem super sensíveis com relação a política por aqui. Mesmo sendo

desafiador, estou tentando glorificar o visual pop nesta região e torná-lo uma forma de arte a ser celebrada e aceita.” Num mundo dominado pela cultura pop, o que realmente captura seu interesse e te inspira a criar arte? “A inspiração vem de lugares surpreendentes e quando eu menos espero. Nunca é forçado, apenas acontece e eu nunca consigo denifí-la ou descrevê-la.” O que seria necessário para tornar drag queens em reais figuras políticas fortes e o que elas poderiam tangivelmente oferecer no cenário atual? “Glitter ao invés de pólvora.” Assumindo que uma drag queen reverbera com o background de seu público, suas fantasias e aspirações, você acredita que as personas criadas pelos políticos também são reflexões do que os eleitores realmente desejam? “Eu acredito que seja um reflexo do que os eleitores ‘acham’ que desejam. Na maioria dos casos, eles acabam desapontados com o resultado.” Você pensou em incluir os respectivos representantes do BRIC na série? “Sim, eu fiz.”. (E incluiu a atual presidenta do Brasil um tempo depois). Qual é a sua percepção do cenário POPlitical no Brasil? “Não tenho uma opinião formada sobre este assunto.” Estamos animados com a série TeleVicious. Sobre do que irá tratar a longo prazo? “TeleVicious é um comentário sobre os eventos marcantes da história da televisão. Com meu toque pessoal, of course.” Imagens: Saint Hoax


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Mágoa de Caboclo Dolores faz 10 anos de Las Bibas com tough love pra você, bilú! Texto por Felipe Politano.

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Dolores de Las Dores já era diva da internet quando muitos de vocês ainda brincavam no paint quando mamãe deixava usar o PC. Aceitem. Autora e porta-voz de diversos bordões e expressões, estrela de podcasts que já ganharam cult status, deejay badalada, fonte inesgotável de remixes babadeiros featuring humor escrachado e Miranda Priestly das bilús, Dolores já é uma instituição do mundo gay e, ao mesmo tempo, uma personagem em constante renovação. A dama de fero do meme powerhouse Las Bibas From Vizcaya completa uma década de fechação, sem-vergonhice e bate-cabelo este ano – e tem o que falar, com sua acidez peculiar e sem playback, sobre os temas fabulosos da The Edgytor na edição It’s a Drag’s World.

cos no iTunes. Se me jogo nas pick-ups é porque também quero mostrar meu trabalho ímpar, que, por sorte, agrada aos ouvidos tão carentes de boa musica hoje em dia!” O que mudou na Dolores após essa década na ribalta? E o que mudou no público que a aplaude na internet e nas pistas? “Hoje a internet traz uma nova “diva de bueiro” a cada mês. Nestes meus 10 anos já vi todas ascenderem, porém, não duram mais de três meses. Talvez porque não tenham mais o que dizer e repetem seus jargões acidentais que as

Ter se tornado a personalidade antes de ter incorporado a personagem fez da Dolores mais real ou mais fantasia?

O que não falta por aí é drag arrasando no bate-cabelo, mas sonhando com um microfone ligado. Por que você acredita que, ao contrário de tantas outras, ganhou notoriedade primeiro pelo que tinha a dizer, para só depois dar uma cara pública à personagem? Esse foi um privilégio ou uma estratégia da Dolores? “Porque no princípio de tudo a Dolores era apenas um personagem que tinha uma voz que cantava no estúdio, ocultado por esta simplicidade de nome, “LAS BIBAS FROM VIZCAYA“, fazia um podcast e dublava uns vídeos nas horas vagas. Tudo isso sem dar a cara a tapa em nenhum meio. Mais do que estratégia, foi necessidade, já que na época vivia em Barcelona.” Depois de virar uma diva multimeios, qual exposição dá mais frio na barriga: se fazer ouvir ou dar a cara a tapa? “Frio na barriga não! Me dá coceira no edi mesmo… Se paro pra gravar um podcast é porque tenho algo a dizer e a compartilhar com minhas fieis bilús seguidoras – são mais de três mil feeds automáti-

“Primeiro que não me considero drag. Acho uma ofensa a estes profissionais que tanto capricham na roupa, no make, nas dublagens e até no bate-cabelo. Me considero um crossdresser. Meu foco é a música, o DJ, e não se minha make up está impecável, ou se estou coberta de estilismo e labels. Mas o meu personagem nada mais é do que EU mesmo elevado à 24° potência do over, do bizarro, do feminino. Espelho aquilo que meu eu mais íntimo seria se não houvesse regras, homofobia, mágoa e recalque. Me sinto privilegiada de não pagar ao analista a terapia que faço quando me transformo na DJ Dolores de Las Dores.”

deixam famosas, ad infinitum… O público hoje em dia parece viver um Big Brother global, consequentemente vejo um público mais burro, que se contenta com qualquer merda que lhe é jogada à cara. Vivemos um período caótico de sub-divas, uma música tribal estacionada no tempo, fartura de boy magia pelado nos meios de comunicação e muita superficialidade. Ando bem cansada da falta de neurônios alheios…” Aqui na redação de The Edgytor, concluímos de que toda drag ou performer é a expressão de uma fantasia, de uma realidade alternativa imaginada. Se é assim, que fantasia a Dolores representa?

“O mundo é imediatista, fútil e visual… Os valores estão super invertidos. […] me preocupo mais com o legado que deixei e ainda deixo, e como será a futura mini-série ou filme que farão sobre minha vida daqui a uns vinte anos, depois que eu morra (risos divônicos).” Imagens: reprodução

lasbibas.com.br soundcloud.com/lasbibas lbfv.blogspot.com.br vimeo.com/lbfv lasbibasfromvizcaya.podomatic.com

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“It’s a girl thing: roller derby”

Rollerwhat? Derby. Aquele esporte de contato sobre patins que não tem bola nem taco. Sabe? A Michelle Gallon explica pra gente.

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São dois times competindo por pontos em uma pista oval, que pode ser flat (como uma quadra) ou banked (uma estrutura inclinada própria para o esporte). O jogo tem dois tempos de 30 minutos e cada um dos tempos é dividido em jams (partidas) que podem durar até dois minutos cada uma. Na track, são cinco jogadoras de cada time. Uma é a jammer (sinalizada com uma estrela no capacete, é quem marca os pontos) e as outras são blockers. Basicamente, os pontos são marcados quando a jammer ultrapassa uma blocker do time oposto. E a parte divertida para mim, está justamente nesse mo- atmosfera hostil e muitas vezes machismento: quando a jammer ta que paira pelas quadras. tenta ultrapassar a blocker, ela, bom… Ela faz bem o seu trabalho: bloqueia. #tenso

“[...] com o tempo você aprende que o Derby tem espaço pra todo mundo.”

Mas o que o Roller Derby te de tão especial? Essa é uma pergunta que eu poderia responder pelas próximas dez edições da The Edgytor, mas vou focar no que mais me chamou atenção quando eu cheguei na quadra em que as Ladies Of HellTown treinavam há uns dois anos. Não havia um time formado ainda; eram várias meninas correndo atrás de um esporte recém-nascido aqui no país. Não eram super atletas de corpos perfeitos e seguindo um padrão: eram meninas altas, baixas, gordas, magras, mais fortonas ou petit e também as super atletas. Com o tempo você aprende que o Derby tem espaço pra todo mundo.

Parece que quadra não é lugar de mulher, a não ser que seja volei ou handball.

E se você gosta mais de futebol, basquete ou o que quer que seja, vem aquele ar de “ah, mas essa aí é sapatona, né?”. Olha, às vezes é. Mas e daí? No derby isso não faz diferença nenhuma. Todo mundo se respeita. Outra coisa que sempre me afastou das quadras foi a rivalidade confundida com violência. Essas brigas de torcidas, de times… Acho uó. Eu sei que isso não se aplica a todos os fãs desses outros esportes, é claro que não. É sempre uma porção dessa torcida que estraga a festa. Mas no Derby, que é um esporte amador, é super importante ser parceiro das outras ligas. Em outros países a coisa já é mais evoluída e, ainda assim, as ligas se respeitam muito. Aqui no Brasil estamos no começo de tudo, e é incrível o apoio que as ligas gringas e as ligas mais experientes daqui dão para as mais novas. A rivalidade fica dentro do track.

Eu sempre fiquei meio de fora de outros esportes A Ladies Of HellTown é a primeira liga por achar que não tinha de Roller Derby do país (e minha liga porte pra eles e, principal- do coração). Se você está em São Paumente, por causa daquela lo, recomendo que vá assistir um treino

dessas lindas. Você vai entender tudo isso que falei, e duvido que não se apaixone por esse esporte que, de longe, parece bruto, mas quando a gente olha mais de perto vê que é puro amor. Imagens: reprodução

SOBRE O DERBY NO BRASIL Ladies Of HellTown – São Paulo ladiesofhelltown.com.br *O Derby é predominantemente feminino, mas já existem ligas masculinas e mistas por esse mundão de meu deus.


Nem ia comentar dessa pataquada sem propósito de #SomosTodosMacacos aqui, primeiro por ser publicitário e saber que buzz é tudo o que os criadores dessa bizarrice tem pra por na fatura na hora de passar a régua e fechar a conta, aquela coisa de não bater palma pra maluco dançar, vocês sabem. E segundo porque me dá certo receio ter que discutir um tema tão anacrônico… fico com medo de, sei lá, dar corda a essa coisa de volta no tempo e de repente até novembro já estarmos andando a cavalo, comprando anáguas, enfim. Mas voltando ao que deveria ser 2014: estava aqui passeando pela timeline do Facebook na madruga boladona e acabei vendo não UMA, não DUAS, mas uma boa dúzia de pessoas que estão agora apoiando a não-causa do boleiro mas que, surprise surprise, nesse curto ano mal começado já jogaram suas próprias bananas de opinião por aí – com absurdos mais ou menos sutis contra os direitos humanos dos imigrantes haitianos, ou a favor dos justiceiros amarrando marginais em postes; contra a escolha supostamente política de uma negra como mais bonita do mundo, ou a favor das piadas maldosas com a nova Globeleza; apenas achando super normal toda essa coisa de mendigo gato, tour de gringo na favela, Tinder da Suécia, ou silenciosamente validando bizarrice que o valha. Isso sem falar dos outros tantos que, no muito distante 2013, achavam que os shoppings tinham sim o direito de decidir quem tinha “cara de rolezeiro” e deveria ser preventivamente impedido de entrar em espaço privado de interesse público. Ou até mesmo gente que faz de conta que não entende a diferença entre igualdade e justiça, ou que finge não ver o privilégio social inerente a nascer branco, hétero, sem nenhuma deficiência, talvez numa religião amplamente aceita – e que mesmo assim posta foto com banana, mas se nega a discutir cotas e medidas afirmativas pra quem nasceu sem tanta “sorte”. A real é que a maior parte de nós nunca vai conseguir escrever um “somos-todos-qualquer-coisa” sem cair no ridículo da ilegitimidade, por pura falta de empatia. Não pelo “qualquer-coisa” da causa; mas pelo “todos”, que nunca existiu. Vejo uma campanha abraçada por gente especial, única, que se sente lisonjeiramente mais especial e única por vestir uma camiseta ou postar uma foto se dizendo igual a todos como se isso fosse em si uma prova de altruísmo – aliás, pior, se dizendo igual a uma minoria historicamente massacrada, e respondendo em nome dela a um preconceito que não está restrito aos estádios e do qual não se tem a mais rasa ideia. Dizer que “somos todos tipo assim negros” é um desdobramento natural do “tenho até amigos que são”, uma tampa de bueiro da mesma família do “não tenho preconceito, mas”. São discursos plásticos que obstruem diálogos reais, e tiram do grupo dominante a responsabilidade real com o todo. E nos tempos 54

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instagrâmicos, quando não só os publicitários mas também os usuários possuem métricas muito precisas de buzz e awareness, o apelo de uma hashtag, um meme ou um pretexto pra selfie ofusca facilmente a necessidade de um debate com todas as letras. Nessa medida, a campanha do #SomosTodosMacacos é não apenas um embuste, mas uma sacanagem. Veja bem: um dos mecanismos sociais mais cruéis é a apropriação, por parte do opressor, de elementos culturais e simbólicos do oprimido – sem para isso pagar o preço de viver na pele a opressão. Quando a elite (e por elite não estou falando de FHC nem da Fátima Bernardes, mas de você que tem privilégios automáticos por ter nascido onde nasceu, com sua cor, seu gênero, sua orientação e tendo onde cair morto) resolve usar os códigos culturais do pobre, do preto, do gay ou do nordestino para se entreter, ela exerce inadvertidamente o seu poder de opressor – já que transitar seguramente por esses códigos sem perder seus privilégios concedidos é demonstração do domínio do seu espaço social “natural”. Acontece o tempo todo na música, na televisão, na gíria, na moda, na vida, mas não deixa de ser sintomático. Pode ficar à vontade e tomar um tempinho pra pensar sobre isso – aliás, o tempo que for até descobrir por conta própria a diferença entre se sentir mal pela


on l i ne happenings

“NÃO, NÃO SOMOS TODOS

MACACOS” Por Felipe Politano

sorte na loteria divina e se sentir responsável por usar seus privilégios em benefício de quem não os tem, simplesmente porque o mérito de tê-los ou inexiste ou não é seu. É esse insight que, felizmente, permite a algumas pessoas entenderem porque grupos dominantes não precisam de “orgulho” e maiorias não tem como “sofrer preconceito”. Ao assentir com a campanha publicitária das (dos?) bananas do Huck e do Neymar, o público (por vezes sem querer, que haja o benefício da dúvida) se coloca na mesma posição de apropriação opressora do humoristão que pinta o rosto de preto para interpretar uma mendiga por um salário de muitos dígitos, ou do galã hétero que caricatura um gay afetado do jeito que ele mesmo diz, em entrevista, que não suporta na vida real. Caso não seja óbvio: isso é tudo muito real e muito escroto. Mas, passado o hype da campanha (ou o papel na emissora), todo o ônus da discriminação continuará exatamente onde sempre esteve: na menininha que acha natural o nome do seu tipo de cabelo ser “ruim”, no garoto que é confundido com o marginal “porque é tudo igual”… Mas onde o #SomosTodosMacacos dá um passo além rumo ao longe demais é ao se apoderar da VOZ do oprimido. Porque é somente dele, daquele a quem é infligida a opressão, o direito de responder à agressão

com indiferença ou chacota ou como queira, morando na confiança inesperada o tom de protesto. A atitude de “pode me chamar de macaco” só é catártica pra ele que vive o peso desse preconceito, todos os dias. Essa mesma atitude, estampada em posts e selfies e t-shirts, não só se esvazia e minimiza uma luta legítima, como ainda ilustra carmenmirandamente o exercício da apropriação opressora. Não é solidariedade, é “calmatá-tudo-bem-agora”. E não está. A você que chegou até aqui: muito obrigado por ter separado tantos minutos para a opinião de uma pessoa só. Não pretendo, aqui, falar em nome de ninguém – e juro que não queria ter sido tão prolixo e chato, mas é justamente essa indisposição coletiva pra falar à exaustão que permite a propagação de meiosdiscursos rasteiros. E ó, garanto que isso aqui ainda é muito pouco perto de tudo que ainda precisa ser dito e pensado – de preferência não nessa ordem – sobre o assunto. Porque essa ilusão coletiva de que a miscigenação criou um Brasil sem racismo joga bananas gratuitas por aí diariamente, ainda que sem direito a hashtag. Imagem: reprodução

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“o hype da fashion art / netPorart” Vikki Góis Graças ao Instagram, uma leva absurda de novos talentos foi descoberta. A plataforma é tão visual e expressiva, que deu voz a ilustradores, grafiteiros, tattoo artists e collage lovers e estimulou-os a estreitar ainda mais os laços com a moda (de marcas a formadores de opinião), e com quem tem um público suficientemente grande pra transformar um talento real em um mega sucesso. Este é o caso dos meus novos artistas favoritos: Atomic Turquoise e Yigit Ozcakmak . O Atomic Turquoise eu conheci pelo perfil de uma outra collage maker, a @msninaojorgeline. AT mora em NYC e cria collages com uma linguagem ultra pop e bem nova na internet, que ele mesma denomina como “net art”. É músico, fotógrafo, artista e super criativo. Assim como eu, tem cabelo colorido (azul e verde) e aponta isto como uma das razões que o tornam bem fácil de ser reconhecido em meio a multidão. Já Yigit Ozcakmak é turco e foi o primeiro de muitos ilustradores que acabei conhecendo por meio das celebridades mais badaladas do aplicativo. A alma livre do artista se reflete nos traços encantadores, que já caíram nas graças de big names como as meninas da família Kardashian. Pra matar a curiosidade, fui atrás dos dois para falarem um pouco mais dos seus estilos de trabalho. Confira: Quando você descobriu que o Instagram seria uma boa plataforma para divulgar seu trabalho? 58

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@atomic_turquoise: “Eu sempre gostei muito do Instagram como plataforma de social media e, ao longo dos anos, vi muitos artistas postarem seus trabalhos e suas carreiras realmente decolarem, então eu percebi que eu poderia fazer a mesma coisa. Comecei a conquistar de verdade os seguidores, o que é muito legal, porque agora eu posso compartilhar algo e eu sei que uma boa quantidade de pessoas vai ver e absorver.”

sonalizadas. Quando eu acerto o preço, acredito que não posso cobrar tão barato, porque há muito trabalho duro em meus desenhos, mas também quero algo acessível para as pessoas; mantenho isso em mente.”

@yigitozcakmak: “Ano passado eu observei as outras pessoas que compartilham suas artes no Instagram, então decidi dar uma chance. As primeiras vezes que postei, tive dúvidas se a rede social é realmente compatível com arte, mas, com o tempo, eu não tive mais dúvidas.”

@atomic_turquoise: “Na verdade, irei para a escola de arte no próximo ano (em setembro), mas desenho profissionalmente há menos de um ano. É preciso muita prática e pesquisa para realmente trabalhar com técnicas. Comecei desenhando anime, o que ainda faço de vez em quando, mas depois mudei para um desenho mais realista. Eu comecei a fazer o que eu chamo de net art em janeiro, e construí uma melhor biblioteca de imagens, o que torna a minha arte mais original, pois agora eu posso trabalhar com temas fixos.”

Vemos muitas referências à cultura pop na sua arte. É algo que te inspira? Por quê? @atomic_turquoise: “Eu cresci ouvindo música pop e estive submerso na cultura pop por toda a minha vida. Sendo um artista, eu estava sempre observando o visual que os músicos criavam para fora e comecei a notar tendências e temas em comum. Eu sempre me inspiro na cultura e nas tendências pop, mas também admiro as pessoas e coisas que são únicas e originais.” @yigitozcakmak: “Sim, a cultura pop sempre me inspirou desde o início, porque é um mundo muito divertido, colorido e vibrante, por isso é impossível não ficar inspirado por ela.” Qual foi o pedido mais louco que você já recebeu? Como você “precifica” cada trabalho? @atomic_turquoise: “Já que eu comecei a aceitar requests apenas recentemente, não recebi pedidos realmente muito loucos. Algumas pessoas já me enviaram fotos com backgrounds muito confusos, que me fazem pensar em como eu vou formatá-los, mas dá pra lidar. É só a gestão dos pedidos que é o problema. Eu cobro em torno de US$10 por peça. Se eu fiz um para você antes, pode ser que eu possa te dar um desconto na próxima vez, isso depende. Eu realmente não gosto de cobrar as pessoas, porque acredito que a arte deve ser livre, mas o que eu percebi é que eu sacrifico meu tempo por ela, então talvez eu deva aproveitar algo disso.”

Quando você começou a fazer arte profissionalmente? Você teve que aprender todas as técnicas especiais para trabalhar?

@yigitozcakmak: “Eu desenho desde a minha infância, mas faço fashion illustration há 4 anos, e posso dizer que faço isso profissionalmente desde o ano passado. Eu sou um ilustrador autodidata; só aprendi algumas técnicas na internet e de outros artistas, mas, principalmente, melhorei com a prática ao longo dos anos.” Quais são suas marcas e/ou celebridades favoritas para desenhar? Por quê? @atomic_turquoise: “Eu amo desenhar e fazer colagens de pessoas que são realmente coloridas! Sou especialmente fascinado com a atual cultura jovem de L.A. Acho que há um bando de gente muito legal e criativa por lá, que aparenta ser, e é, interessante. Mas eu amo desenhar pessoas que eu estou obcecado no momento. Por exemplo, eu tenho ouvido muito o EP da SZA, o “Z“, e decidi desenhá-la porque precisava contribuir a ela de alguma forma. Eu precisava reconhecê-la com o meu trabalho. Minha arte é sobre pessoas. Quero compartilhar e reconhecer pessoas legais e que eu acredito que o mundo precisa conhecer.”

“There’s so much in life to do and experience! Go out there and chase the stars!”

@yigitozcakmak: “Na verdade não recebi nenhum pedido louco ainda, eu acho que por causa do meu estilo. Meu desenho é mais glamoroso e elegante, e é por isso que as pessoas me procuram. Eu geralmente cobro o mesmo valor para ilustrações individuais per-

@yigitozcakmak: “Minhas marcas favoritas dependem muito da temporada, mas eu posso dizer que Burberry, Chloé e Alexander McQueen estão entre elas. Também amei a última coleção da Balmain. Minhas celebridades favoritas são, definitivamente, Beyoncé e Lady Gaga. Eu amo a atitude que elas têm e as acho muito poderosas, fortes e talentosas. Elas estão no topo do mundo, eu acho.” Quais são seus planos para o futuro? WWW.THEEDGYTOR.COM

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@atomic_turquoise: “Quero publicar um livro da minha arte, que as pessoas possam comprar, terem em suas casas e folhearem sempre que quiserem. Eu realmente quero lançar um álbum ou EP no iTunes, mas não senti que o meu material é bom o suficiente ainda. Há uma grande citação que li recentemente, e diz: “No momento em que você ama seu trabalho, você sabe que falhou como artista”, e eu concordo com essa afirmação de todo o coração. As pessoas sempre comentam sobre a minha música e minha arte e dizem o quanto eles adoram, e eu amo isso, mas sempre acho que ambos poderiam ser melhores. Desejo colaborar com um monte de gente legal, tanto na música, quanto na arte. Vou lançar um site em breve e quero que isso realmente abra novas portas de negócios e me coloque em um novo nível no qual eu possa me desenvolver mais. Eu quero continu-

ar a me desenvolver. Eu quero crescer como pessoa e como artista e quero alcançar tudo isso. Quero tornar minha vida tão interessante e cheia de acontecimentos tanto quanto eu puder, para que eu possa deixar o mundo sabendo que eu fiz algo com ela, porque esse sentimento de uma ‘vida desperdiçada’ me dá calafrios. Há tanta coisa na vida para fazer e experimentar! Vá lá fora e persiga as estrelas!“ @yigitozcakmak: “Para o futuro, eu gostaria de trabalhar para uma marca experiente e forte, então, depois de um tempo, eu tenho o sonho de ter minha própria linha também. Mas isso pode levar muito tempo para se tornar realidade.” Imagens: reprodução

Graças à social media, novos talentos são descobertos a cada dia. Este é o caso de Atomic Turquoise & Yigit Ozcakmak.


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CASACO LANÇA PERFUME

y p o l e n e I amP ean J

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h s i F

SERVING Todo mundo deveria ter um alterego mais fierce, mais fabulous, mais rainha. A The Edgytor trouxe com exclusividade o outro lado de Renato . Designer de dia, performer/ Ricci: the fierce DJ a noite e make up artist to be, essa força da natureza é a terceira peça do Trio Milano, que alegra e encanta ainda mais as noitadas paulistanas.

Penelopy Jean

Ao chegar para as fotos (montada, of course), Penelopy solta a máxima já tão conhecida por seus milhares de fãs: “Bom Jean!“, mesmo que já fossem quase 17h da tarde. A energia boa é quase palpável, e ela é uma daquelas pessoas que você apenas quer levar pra casa pra te acompanhar e ser sua melhor amiga pra for ever. Ao som de muito pop e bate cabelo, ela já entrou no ritmo da produção

“Já posso tirar as hotpants?”

. com proatividade absoluta: Sure! E foi assim que a equipe morreu com suas killer legs, também personagens principais dessas fotos, que uniram todo o universo pop e o styling matador de Murilo Mahler, o estudo das luzes e angulação impecáveis de Gustavo Chams, a assistência mais que necessária (e absoluta) de Raquel Leone, beleza por Renato Ricci (a.k.a Miss Jean herself) e a direção das nossas edgytors-in-chief, Vikki Góis e Thais Stephan. O conceito? A viúva negra poderosa e cativante que existe dentro de todos nós (vai, só um pouquinho?), descrita por um dos quotes mais conhecidos no universo gay: “Não mexa com as trava: perigosa!”. Num cenário “pós festa/murder scene”, nossa musa reinou absoluta, provando verdadeira a teoria de Vinícius de Moraes. Beleza é fundamental sim e Penelopy Jean tem de sobra.

#elaébonitapapi

Inspirados no perigón e arte das Drag Queens, durante toda a segunda edição fechada da revista, homenageamos essas performers e todo universo fascinante das Queens, que entretêm com graça, charme, brilho e glamour com humor, do jeitinho que a gente gosta. Agora conta pra gente: quem não gostaria de ter um pouquinho da fabulosidade de Miss Jean?

FotÓgrafo: GUSTAVO CHAMS | performer/beleza: penelopy jean | Stylist: murilo mahler | produção executiva: Vikki góis & thais stephan | assistente de produção: raquel leone

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“the body diary” Pela primeira vez fizemos uma coluna coletiva, na qual alguns colaboradores dividiram suas próprias experiências e demônios do relacionamento com o próprio corpo. Confira!

#01

er, quando morava sozinha. Sim, tudo errado (como você deve estar pensando ou, até mesmo, julgando), mas tudo dolorido, sofrido e muito triste, pois só quem sabe o que as pessoas com eating disorders passam, são elas mesmas.

Por Vikki Góis

Há não muito tempo, sempre tive uma relação conturbada com meu próprio corpo. Talvez muito daddy issue, bullying e falta de segurança e amor próprios tiveram suas parcelas nisso, mas o fato é que desde a infância eu sempre detestei meu corpo, ao ponto de tomar atitudes drásticas e nada saudáveis que a maior parte da população, por ignorância, simplesmente não entende, acha que é escolha e frescura. Provavelmente antes deste texto minha mãe nem saberia disso (sorry, mom), mas eu passei ao menos 3 anos da minha vida com distúrbios alimentares que, hoje, tenho plena consciência que foram resultado do meio no qual cresci (escola) e, em parte, da profissão que escolhi.

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Eu tinha 16 anos quando comecei a forçar comida pra fora do meu corpo, até que chegou uma fase de que eu não precisava mais forçar nada. Tomei remédio pro coração prescrição médica quando falar que era diurético e “um jeito de eliminar líquido” e

sem ouvi bom usei

Não havia um dia no qual eu não chorasse odiando cada parte do meu corpo, e sempre que eu comia algo que “não deveria”, me machucava, me beliscada, me batia, me mordia e sofria calada. Só quem realmente sabia o que estava acontecendo eram duas amigas minhas que passavam, uma delas ainda passa, pela mesma situação. Há pouco tempo, eu encontrei um caderno que eu mantinha naquela época, no qual eu escrevia as coisas mais horrendas sobre… mim. Era meu burn book pessoal, no qual a frase “fat whore” (vadia gorda) se repetia umas 30 vezes, e muito, muito mais.

“Não havia um dia no qual eu não chorasse odiandomeu cada parte do corpo[...]” laxante quase todos os dias durante este período. Tanto, que tenho trauma de laxante até os dias de hoje e sinto um gosto amargo na boca só de lembrar da palavra. Também passei uma ou duas semanas dopada, só lendo e dormindo, para não com-

Não. Anorexia e bulimia não são uma escolha, e meninas com este tipo de doença (digo meninas, porque a maior parte das pessoas com D.As são meninas e mulheres com sérios problemas psicológicos que não


devem ser julgados por ninguém), sofrem com a falta de informação de uma sociedade hipócrita, que cobra magreza acima de tudo, mas julga se você “é anoréxica e/ou bulímica“. Julga alguém por ter uma doença. Alguém que, por mais magro que esteja, nunca se enxerga desta forma ao ver seu próprio reflexo no espelho. Eu não queria sair com ninguém, porque não queria ser a chata que não comeria nada durante o almoço ou jantar, só ia da casa pra faculdade, da faculdade pra casa, e evitava de todos os jeitos fazer com que as pessoas ao meu redor descobrissem meu segredo. Eu às vezes “comia socialmente” para não levantar suspeitas, e sofri calada. Sofro até hoje em lembrar que prejudiquei minha própria saúde pra tentar entrar em um padrão que não é healthy pra ninguém. Não digo que os traumas de infância e os apelidos nada carinhosos dos meus coleguinhas de classe ainda não ecoam na minha cabeça. Eu mentiria se o

dissesse. As risadas ecoam, os olhares ecoam e até o silêncio do fato de me ignorarem como uma igual ecoa, mas eu encontrei, eventualmente, um jeito de melhorar. O engraçado é que a pessoa que me deu mais força, foi a que mais quebrou meu coração quando eu tinha uns 18 anos. Foi minha primeira paixão de verdade, que mentia mais que tudo na vida, mas que, somehow, encontrou um jeito de me apoiar e me ajudar a me recuperar.

de a conscientizar algumas pessoas de que o caminho é outro, tanto do lado de cá, quanto do lado de lá. Sim, eu melhorei, hoje estou aprendendo a comer direito (é um aprendizado constante), tenho hábitos mais saudáveis e não me sinto como a adolescente que era quando arrisquei minha vida em tamanho grau, mas, ainda assim, me sinto do lado dessas pessoas que sofrem com este tipo de problema, porque as memórias machucam e nunca vão embora.

O processo foi lento até eu realmente descobrir um equilíbrio, pois o que acontece muito com bulímicas, é a falta de equilíbrio na alimentação: ou você come demais e coloca pra fora, ou você não come nada e, ainda assim, seu corpo quer colocar o que não tem pra fora. Tudo acontece dentro da nossa própria cabeça e é difícil deixar alguns hábitos de lado, mesmo que você tenha melhorado e esteja seguindo um estilo de vida diferente daquele, mais saudável.

Caso você conheça alguém que passe pelo mesmo tipo de situação, o melhor caminho é oferecer apoio para quem necessita, porque

#02

Espero que, com esse texto, eu aju-

Por Michelle Gallon

só o amor, a falta de julgamento, a ajuda (médica também, caso necessário) e a compreensão, é que resolvem situações como esta de forma mais eficaz. É sempre bom lembrar que a recuperação tem que partir de quem sofre com isso e de quem quer realmente melhorar. Não digo que será fácil, pelo contrário, mas só você pode se salvar.

Quando a Vikki me convidou para escrever esta coluna, eu não sabia muito bem sobre o que falar. Mas ao longo de um rascunho de texto sobre insegurança, me lembrei de um episódio que já havia deletado do meu arquivo há uns dez anos e que explica muito sobre como eu me senti na maior parte da minha adolescência. Todo mundo já teve um bad hair day psicológico, e o tamanho do terror de não se sentir bom o bastante pode ser um verdadeiro pain in the ass para a vida toda. Pense na insegurança adolescente como plantinha que procura uma brecha nas estruturas, para crescer e roubar o espaço das coisas boas que devemos cultivar. Sendo assim, passei alguns anos da minha vida me sentindo inferior:

not pretty enough, not smart enough, not good enough… e no meio dessa

fase desagradável, fui vítima de bullying virtual.

Alguém criou esse blog anônimo, no qual diariamente postavam textos cheios WWW.THEEDGYTOR.COM

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de erros de português (e isso trau matizou muita gente mais que o bullying), falando todo o tipo de bobagem a respeito de alguém. Era como um burn book que todo mundo tinha acesso e ninguém saía impune, e algumas pessoas recebiam atenção especial: tinham o dobro de postagens e o triplo de negatividade para elas. Nunca tive interesse nesse blog, estava sempre ocupada demais com meus desenhos, meu fotolog (o Instagram da época, né gente), minha vidinha feliz de fã de anime, o menino que eu gostava e, naquela semana em especial, com uma apresentação que estava ensaiando pra uma atividade extra da escola – e, por isso, virei a pauta do dia. Não demorou muito para a gossip girl de nike shox da zona leste escrever algumas linhas sobre nossa apresentação, e a forma como eu descobri foi quase um cliché dos filmes teen: uma rodinha de amigos em volta do computador (inclusive o menino que eu gostava), enquanto alguém lia em voz alta pra todo mundo rir. A maior parte do texto era sobre uma das meninas que contracenou comigo (ela era um dos alvos favoritos do burn book), mas segundo a autora, eu era ainda pior que ela: mais feia, mais gorda, mais

idiota por existir e ser quem sou. Na hora eu ri, mostrei pra todo mundo o quanto aquilo não te atingiu. Mas por dentro, o sentimento era de frustração. Afinal, eu me esforçava tanto pra ser boa em alguma coisa e o feedback era esse: alguém dizendo que seria melhor se eu não fosse ninguém, com a risada da plateia do Chaves de fundo. Para completar, ainda comecei a receber comentários anônimos, o que deixou bem claro (só para mim) que eu realmente deveria andar por aí com um sobretudo e um saco na cabeça para esconder o rosto. Eu não me lembro exatamente o que escreveram ali, nem os comentários maldosos que fizeram na minha cara quando eu passava nos corredores da escola, mas aquilo me marcou.

Então, eu chorei escondido e me odiei em segredo. Sofri calada,

por muito tempo, até que o dia em que descobriram os culpados (até hoje não quis saber quem era), daí o blog foi deletado, o assunto morreu no colégio e, por fim, foi para o fundo das minhas lembranças. É bizarro perceber que essas mensagens negativas tenham dado origem a uma insegurança tão grande que se camuflou dentro de mim, e em quantas áreas da minha vida

É até engraçado perceber que todas essas polêmicas envolvendo “o corpo ideal” passam bem desapercebidas por mim. Já fui bem mais noiada com isso, mas em algum momento da minha vida eu consegui aceitar meu biotipo e comecei a pensar algo como “Gisele Bundchen, você é maravilhosa, tem uma família linda, muita grana, mas não, não quero seu corpo pra mim”. Não são elas, as modelos super magras dos editoriais de revista, muito menos as viciadas em academia do Instagram que me fazem perder o fôlego, ou de fato querer me cuidar. São as voluptuosas que me captam, chamam minha atenção. São as que têm peito, as que tem bunda e muitas, muitas curvas pra mostrar ao mundo. Rola todo um orgulho envolvido, porque é com elas que eu me identifico, fisicamente e psicologicamente falando. 76

JULHO/2014

ela se manifestou nos anos que seguiram este episódio. Muito mais do que eu gostaria de poder admitir. Eu costumo dizer que tudo acontece com o tempo e, de fato, com ele eu fui aprendendo a não prestar tanta atenção no que os outros dizem. É tão óbvio, mas para mim era tão difícil colocar em prática. Demorei, mas consegui enxergar quem realmente sou. Nem melhor, nem pior que ninguém: apenas eu, como só eu posso ser. Nota: Acredito que muita gente vai dizer que eu fui fraca, que me deixei levar facilmente pela opinião alheia. Eu não nego, mas gostaria de lembrar que todo mundo já se sentiu inseguro em algum momento da vida. Todo mundo já foi adolescente e precisou lidar com pressões psicológicas de todo tipo. O problema é que algumas pessoas são mais sensíveis que as outras, e não podemos usar nossa maturidade de hoje para julgar como uma garota de treze anos vai reagir a uma situação como esta. Se comparar o que me aconteceu com outros casos de bullying que vemos por aí, com certeza ele não foi o mais grave, e eu consegui superá-lo de certa forma. Mas já é sabido que só o dono da dor sabe o quanto dói, não é mesmo?

#03 Por Yasmin Matos


Eu amo apreciar essas mulheres sem medo de ser feliz, talvez porque nenhuma delas faça questão de ser perfeita. Ou até faça, mas não é o “perfeito” idealizado pelo mundo da publicidade, mas o “perfeito” delas. Ouço milhões de pessoas criticando a bunda absurdamente grande da Kim Kardashian, mas ela? Ela ama ser assim. Quanto mais bunda e mais curvas, melhor.

Elas amam o próprio biotipo e procuram valorizá-lo o quanto podem. E Rihanna que o diga no editorial divulgado recentemente para a revista francesa Lui. Tirou o fôlego de homens e mulheres de todo o mundo com fotos que revelam toda a abundância (de bunda e curvas)

vizinho sempre tem que ser mais verde? Magrinha, mignon, voluptuosa, seja qual for seu biotipo, o segredo é saberseaceitarevalorizaroquevocê tem de melhor, aproveitar todas as vantagens que seu DNA te proporcionou. Saber se amar, se cuidar, viver a vida e no fim das contas, ser feliz.

“[...]o segredo é saber se aceitar e valorizar o que você tem de melhor[...]”

E o que dizer da Scarlett Johansson sendo linda, natural e muito (mas muito mesmo) mais sexy do que todas as modelos da Victoria’s Secret juntas no filme “Debaixo da Pele” que revelou o corpo da atriz completamente nu e perfeito em sua naturalidade, ou “imperfeição”, como muitos (chatos por aí) fizeram questão de frisar. Existem muitos outros nomes que posso citar aqui, como Beyoncé, Iggy Azalea, Nicki Minaj, Sofia Vergara e até menos avantajadas como Rihanna, Cassie e Rita Ora, mas que são exemplos claros de mulheres que simplesmente don’t give a fuck pro culto à magreza.

que a Good Girl Gone Bad (and hot!) tem pra oferecer. No fim das contas eu sempre penso que por mais que role essa pressão toda da mídia, das revistas de moda, da sociedade e tudo mais, a responsabilidade é sempre nossa. É nosso papel, como seres e indivíduos pensantes, saber e procurar nos aceitarmos acima de tudo. Por que mesmo a grama do

Depois que você aprende a se amar, todas essas polêmicas envolvendo magreza excessiva ou vícios fitness se assemelham apenas a zunidos quase que imperceptíveis. Quem tá feliz com o seu, simplesmente não se incomoda com o do outro. Mas devo humildemente admitir, prefiro e admiro muito mais o meu. #VoluptuousPride

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Oi. Meu nome é Íris, tenho 26 anos e estou sóbria há ~ERROR~. Brincadeirinhas à parte, a verdade é que o Body Issue da The Edgytor me fez refletir muito em relação a mim e a transformação que minha autoestima sofreu nos últimos anos. Em um tema tão delicado quanto esse, acredito que sempre é válido ler/ouvir depoimentos de pessoas que sofreram por fugir do padrão, ou simplesmente por não conseguirem enxergar sua própria beleza. E eu tô aqui pra isso. Nunca fui uma criança muito comum. Isso não impediu que meus pais e familiares me achassem linda, mas não era bem assim que o mundo me via – ou, pelo menos, o que ele expressava pra mim em alto e bom tom.

Cabelos cacheados, nariz de batata, pernas de compasso: uma

receita de sucesso para ser considerada desengonçada. Enquanto minhas coleguinhas tinham seus belos cabelos e narizes afilados, eu ia crescendo e me afastando cada vez mais desse padrão de beleza. Fazer uma rinoplastia virou minha obsessão. Não conseguir aguentar o calor de um secador de cabelos se tornou minha frustração. Óculos que não encaixavam no meu narigão e nem ornavam com a minha cara redonda viraram uma constante. Nessa brincadeirinha, eu ainda tive que lidar com meus coleguinhas do primeiro e segundo ano do ensino médio me elegendo como a menina mais feia da sala. Meus peitos não eram grandes, minha barriga não era sequinha e, claro, minhas pernas estavam longe de serem grossas. A solução pra isso? Cabelo na cara e roupas folgadas. Até mesmo receber um elogio nessa época me dava medo. Sempre achava que estavam me trollando. Pensando bem, até

#04

Por Íris Castro meu primeiro beijo eu dei em um menino que eu escolhi pelo fato de ser o que eu acreditava que tinha menos chances de ser rejeitada. Funcionou, mas não foi o ideal. Não estou dizendo que quem usa roupa folgada ou beija qualquer um no primeiro beijo tá errado. Meu ponto é que qualquer artifício para esconder alguma característica sua e, ainda assim, não se sentir bem é que é o problema. E eu confesso ter feito isso durante a maior parte da minha vida. Mas, em um dado momento, tudo mudou. Não sei ao certo o que foi. Pode ter sido minha atração por mulheres (justificativa usada inúmeras vezes pela minha mãe), como também pode ter sido o intercâmbio de três meses que eu fiz, ou as amizades que fui fazendo ao longo dos anos. Independentemente do que tenha sido, em um certo momento da minha vida eu fui mudando. Passei a me importar mais com a minha própria opinião e acabei encontrando o a solução dos meus problemas.

Daí você me pergunta: qual? Eu parei de tentar me igualar ao que todo mundo era e fui ser mais eu. Em um

mesmo dia, pulava da calça boyfriend para uma saia plissada sem medo de ser julgada. Decidi usar mousse

para definir mais meus cachos, ao invés de fazer relaxamento. Decidi entrar em uma loja e provar todos os modelos de óculos de sol até achar um que me deixasse feliz. Decidi assumir que adorava pop music e não só metal. Enfim, fui fazendo decisões que me deixassem satisfeita, mas que não necessariamente se encaixavam no que o mundo dizia que era bonito. E descobri que, no final das contas, é isso que realmente importa.

Que YOLO é uma verdade coxinha, não vou negar. Mas, que também é uma máxima muito elucidativa, mais uma vez não vou negar. Estamos aqui e agora, do jeito que somos e isso é o que temos para dar de mais bonito como contribuição para esse mundo. No meu caso, narigão, testão e pernas de compasso. A cereja no topo foi meu cabelo platinado ad infinitum.


Nunca fui aquela garota de chamar a atenção dos caras. Na época da escola era só mais uma “nerd” sem sal. Sempre acompanhada do meu fiel agasalho, não importasse o calor de 40° graus que fizesse. Tudo isso para tentar esconder ao máximo o meu corpo. Como dizia minha mãe, sempre fui meio complexada. Não gostava do meu cabelo, do meu nariz de batatinha, dos meus braços, da minha barriguinha protuberante… A questão é que eu não me gostava at all. Nunca gostei. É claro que isso interferiu e muito na minha vida amorosa. Ou na falta de uma, né? Por conta dessas noias, eu tinha um certo pavor de meninos e não sabia lidar com eles. Tudo piorou ainda mais quando alguns anos, uns kilos e um namorado mais tarde, tive que ouvir a

#06

seguinte frase: “você precisa emagrecer, perdi o tesão”. Foi tenso e muito doloroso. De repente, toda aquela insegurança que eu vinha acumulando há anos, ganhou uma força absurda. O namorado em questão agora é ex, claro, mas o resultado disso tudo foi uma depressão e o problema de autoestima com o qual eu tenho que lidar até hoje. É triste admitir, mas, infelizmente, o impacto que a opinião alheia causa na percepção que temos do próprio corpo é gigante. Eu queria pode falar que superei tudo isso, que hoje me valorizo e que me amo. Mas não é verdade… *A colaboradora não quis ser identificada.

Por Raquel Leone

Quando a nossa Edgy-in-Chief propôs a pauta, confesso que fiquei bem receosa de mexer em algo que definitivamente é frágil em mim: meu corpo. Tem gente que acha que ser magra (hoje nem tanto, RISOS) é super fácil e a solução para todo e qualquer problema, mas muita gente nem imagina que magreza muitas vezes também pode ser alvo daquele famoso termo, o bullying. Desde criança eu sempre fui muito magra. Vendo fotos de pequena HOJE, me acho graciosa, era uma magrelinha bonitinha. Mas quando a fase de relaxo-puro (da puberdade para a adolescência) chegou, eu comecei a sentir o impacto que a minha falta de peso causava. Era uma época em que eu não era criança nem adolescente, me sentia sem identidade, e o corpo não ajudava. Algumas meninas da minha idade já apresentavam sinais de “corpo de mulherzinha” – peitinho, quadris largos, perna e etc. E eu continuava ali, sem formas e curvas. Mas o pior ainda está por vir. Eu nem acredito que eu estou admitindo publicamente isso porque esse assunto era um tabu completa-

mente intocável pra mim. Quantas vezes eu não me senti monstruosa por ter ali no centro do meu rosto, algo que me incomodava tanto. Sei que cada um tem e teve as suas questões, mas a minha estava ali, literalmente estampada na minha cara pra quem quisesse ver. E claro, as pessoas viam. Hoje eu ainda me acho narigudinha sim, mas pelo menos a minha perspectiva em relação a ele diminuiu. Já consigo falar no diminutivo. Mas isso custou 3 cirurgias, e se eu estivesse realmente em busca da perfeição, teriam pelo menos mais 2 pela frente. Para tentar compensar um pouco meu corpo de menina, aos 23 anos eu decidi colocar prótese de silicone em meus seios. Não serei hipócrita de dizer que isso é superficial (porque na verdade não é) e que eu não faria outra vez, mas hoje, aos 29 anos, eu percebo que isso não é big deal. Eu finalmente entendi que acima da minha beleza eu tenho charme e, na verdade, é ele quem comanda a minha sensualidade e não um par de seios bonitos. Mas essa é uma página que muitas meni-

nas viram e precisam virar diariamente mundo afora: a página da insegurança. O que eu posso dizer que absorvi da minha não-aceitação adolescente é que: não importa se você é magra, gorda, tem cabelo liso ou crespo, é alta ou baixa. A maioria das pessoas é criada com padrões preestabelecidos e qualquer um que seja diferente desses padrões é e continuará sendo alvo de críticas e olhares maldosos. A autoaceitação é fundamental mas, se tem algo que te incomode e você tem a oportunidade de mudar, mude – isso não é errado. Mas é bom sempre lembrarmos que as pessoas que realmente gostam da gente (seja para relacionamento amoroso ou amizade) nos aceitarão como verdadeiramente somos, magras ou gordas, narigudas ou não. Afinal de contas, algum gênio da internet uma vez disse: You can’t photoshop your ugly personality. E a real é que qualquer rostinho bonito cai quando a pessoa é amarga, ingrata e infeliz. Essa é a transformação mais dificil de ser feita, pois não há cirurgia plástica para a não aceitação.


APOTEÓ








APOTEÓSE O culto ao corpo foi nosso tema aqui na The Edgytor, então, nada mais fitting que mostrar o novo trabalho de um dos nossos maiores colaboradores, o fotógrafo Gustavo Chams. Todos os trabalhos que já fez com a revista têm sempre uma visão mais artística, edgy, que reflete sua experiência em contraste com a jovialidade e o lado fresh de seu talento nato. Nem dá para acreditar que Gustavo começou a carreira com apenas 14 anos de idade. Em Apoteóse, ele explora, como o próprio nome diz, a glorificação do corpo humano, “remetendo à antiguidade clássica, época na qual nós tratávamos o corpo como o bem mais precioso, como uma forma não só de nos conectarmos ao sagrado, mas como uma forma de sê-lo.”. O fotógrafo fundamentou este novo editorial em diversas expressões antigas que comprovam uma cultura não corrompida pela vulgaridade, como “não sabeis que o vosso corpo é o templo” e a saudação “namastê”, da cultura hindu, que reverencia ao deus que habita o interior de cada um. “As culturas viam na naturalidade do corpo o mais sagrado, o mais puro da essência humana, e exploravam ao máximo todas as possibilidades do do próprio físico.” Ainda nas palavras do artista, “hoje em dia as pessoas negligenciam todo seu potencial e tornam o corpo apenas como um objeto vulgarizado.”.

texto: vikki góis | Fotógrafo: GUSTAVO CHAMS | Beleza: Je Cavalcante | Performers: ALEX MOURA, EMANUEL VENTURA, LUIZA DEQUECH, MARCELO D’AVILLA, MARCIO HARDT, MARCO ANTONIO RODRIGUES DE SOUZA, MARCOS MORTARA, RAFAEL LIMA OLIVEIRA, RODRIGO ALVES DE SOUZA, THIAGO CAMACHO, THOMAS MUCIACITO DA ROCHA.


scars texto: vikki Gรณis | Fotรณgrafo: FER STEIN | Beauty: WILLIAM CRUZ | Styling: MARCIO CRAIS e DARK SHADOW, por IAKYMA LIMA | Modelo: OTACILIO VALIN I


Dizem que cicatrizes são lembretes das lições que aprendemos ao longo da vida. Eu concordo. Por meio delas, nos lembramos e contamos histórias. Passamos adiante aprendizados que ficam marcados na pele e na memória. Há também quem diga que elas são como tatuagens, mas com histórias mais interessantes, mais reais. São essas marcas eternas que nos tornam as pessoas que somos hoje, amanhã e sempre. Como tudo na vida, são formadoras de caráter, e têm poder tamanho de nos tornarem únicos, perfeitamente não-perfeitos e especiais. São provas de que cometemos erros, mas que superamos e saímos ainda mais fortes. É a forma do corpo lembrar para a mente ocupada de que algo aconteceu e mudou sua vida. Assim disse Rose Kennedy:

“Já foi dito que ‘o tempo cura todas as feridas’. Eu não concordo. As feridas permanecem. Com o tempo, a mente, protegendo sua sanidade, acoberta-as com cicatrizes e a dor diminui, mas (a ferida) nunca vai embora.”. Para dar o pontapé inicial nesse tema tão rico, “The Body Issue”, escolhemos o editorial de um novo colaborador, o fotógrafo Fer Stein. Ele, juntamente da equipe formada por William Cruz (beleza), Otacilio Valini (modelo), Marcio Crais e Dark Shadow por Iakyma Lima (styling), ilustrou bem a ideia de você se sentir bem na sua própria pele, seja ela qual for, e com quantas e quaisquer cicatrizes você tenha.






Sounds Edgy: the top 3 pop icons

Por Millo Louvise


Para que as Rihannas, Beyoncés e Katy Perrys pudessem se tornar o que representam hoje, três artistas em especial sofreram muitas críticas e colocaram a cara pra bater e o salto agulha pra dançar muito antes. Got curious? Apresentamos os três edgy icons que ousaram e quebraram os paradigmas de sua geração.

za (mulher) do pop. Suas músicas influenciaram não apenas as mulheres da época, mas também deram voz e espaço para o público LGBTTT, que sofria opressão da família e da sociedade. Sua influência pôde ser vista na mudança de padrão das cantoras da época e na ascensão de grandes nomes como Cindy Lauper e Kylie Minogue.

No início dos anos 80 surgiu uma lenda que se tornou o desejo de 9 entre 10 cantoras que estão no mercado até hoje. Madonna foi lançada trazendo para a música algo chamado autenticidade. Em um mundo conservador, no qual as mulheres ainda não se expressavam como gostariam, Madonna explorou em sua música e comportamento discussões sobre sexo, religião e preconceito abertamente, popularizou as grandes produções e shows das super performers, e se tornou a primeira grande reale-

Sofremos um grande período de ressaca durante os anos 90, no qual muitas das produções permaneceram no estilo de Madonna, ou também apostavam em uma linha mais infantil e conservadora, saturando o mercado e diminuindo a credibilidade da cultura pop. Foi no final da década de 90 que o cenário mudou com o aparecimento de Britney Spears nos charts mundiais. Neyde (brinks) foi o principal ícone para uma nova geração de amantes da música pop do final dos anos 90 – até então dominado pela supremacia das boy bands -, conquistando o cenário até meados dos anos 2000. Quase como Madonna, ela quebrou os tabus da época mostrando que era possível ser sexy sem ser vulgar e tornou-se na girl next door mais famosa do momento. Apesar do apelo sexual criado em Baby One More Time, Britney conseguiu transparecer a pureza da menina do interior e ganhou a América exatamente por representar tudo o que a sociedade almejava, e que o resto do mundo gostaria de ver, ouvir e copiar. Linda, com cara de anjo, mas sexy as hell, tinha algo diferente na voz, no olhar e sabia dançar como nenhuma outra. Novamente, com a chegada de uma nova es-

trela, novas portas se abriram para outras cantoras como Christina Aguilera, Jessica Simpson e Mandy Moore, que apostaram em fórmulas semelhantes rumo ao sucesso absoluto. Até meados de 2007, Britney liderou a indústria juntamente com Beyonce, já em carreira solo. O pop puro foi perdendo as forças e foi se reciclando ao longo dos anos, agregando novos estilos e fazendo um update na forma de se produzir música. A própria Britney já estava flertando com outras sonoridades para complementar suas músicas no álbum In The Zone, como influências do Hip Hop, R&B e alguns elementos eletrônicos e sintetizadores para o Blackout – seu quinto álbum lançado -, representando a vanguarda da música “rasga calcinha” e apresentando a tendência que o mercado seguiria durante muito tempo. Com 2008 chegaram muitas mudanças para o pop do novo século, que se redefiniu e ganhou corpo com muitas batidas eletrônicas e um visual completamente oposto ao da “girl next door”. Agora o que é edgy e diferente ganhou espaço, abrindo ainda mais portas para moda, música e arte se entrelaçarem. Desta vez, quem dominou o cenário foi Lady Gaga, que tornou-se o principal ícone da música pop dos anos 2000. Muitos podem negar, mas é indiscutível a transformação da indústria fonográfica com o surgimento da Mother Monster, que antes mesmo de construir seu nome como intérprete, já integrava equipes de grandes produtores e compositores da época, até resolver sair das sombras e procurar o seu lugar nos holofotes. E como o encontrou. Cantoras comportadas começaram a usar cabelos coloridos e perucas. As roupas de passarela e alta costura ganharam os palcos e referências da arte voltaram a ser utilizadas nos videoclipes. O pop, que antes sobrevivia de parcerias com rappers, começou a abraçar as parcerias com

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MØ | NO MYTHOLOGIES TO FOLLOW Com algo tão forte como sua voz nas músicas, não tem como não comparar. É uma mistura de Lorde + Lana Del Rey + Lykke Li, tudo junto e misturado em uma só voz. Karen Marie Ørsted, ou apenas MØ, conseguiu segurar o melhor de cada uma dessas cantoras e fez um disco pop eletrônico forte, potente e bem interessante.

CHEATAHS

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CHEATAHS

Esse álbum é um ode aos anos 90. Continuando com o delírio pelas guitarras, nada como uma banda que representa o Shoegaze muito bem, obrigada. Para quem sente saudade de My Bloody Valentine, Dinosaur Jr. e cia, esse primeiro disco deixa a gente com uma gostosa nostalgia. Só consigo imaginar como isso deve ser ao vivo, gente!

TEMPLES | SUN STRUCTURES Temples é tão bom que escrevi uma matéria só para eles (com link abaixo), mas vou fazer um resumo aqui: é tão maravilhoso esse tempo de guitarras, psicodelia e sintetizadores reinventados, que parece que a década de 70 voltou e, mesmo assim, saímos do lugar e fizemos algo melhor. Palmas eternas!<3

WARPAINT | WARPAINTBanda linda, de pessoas lindas e assunto da minha primeira contribuição para a The Edgytor. O que mais posso dizer desse disco maravilhoso? Elas ajudaram a começar o ano bem e, se quiser saber um pouquinho mais, pode dar uma lida no texto completo para vocês entenderem melhor o sentimento bem aqui. <3

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CHET FAKER | BUILT ON GLASS

#nowplaying

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Beware: Antes de escutar o disco, coloque uma roupa mais confortável. Essa maravilha de barba ruiva criou um disco para você ouvir depois daquele dia horrível no qual tudo que você quer nessa vida é relaxar. Seja com um vinho, ou sentado em uma sala a meia luz, a voz do australiano de 23 anos, Nicholas James Murphy (sim, estou começando achar que é sina amar pessoas que chamam James Murphy), puxa você para o clima do disco, te virando do avesso com uma das vozes mais aveludadas de 2014. Escutem!

Imagens: reprodução


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detox 4 real

Por Bianca Santos

Health is the new black. Sim, porque um corpo saudável vale muito mais a pena do que uma barriga positiva. O que desejamos para o ano inteiro não são quilos a menos, mas sim disposição e saúde a mais! Por esses e outros motivos, conversamos com a nutricionista Marina Scanferla e desvendamos todos os mitos e segredos sobre a detox. AFINAL, O QUE É DETOX? Nosso corpo está exposto a toxinas que invadem o organismo e, se acumuladas em longo prazo, podem desencadear desequilíbrio e doenças. “Nossos órgãos de eliminação precisam ser estimulados a trabalhar. São nossas escolhas alimentares, aliadas ao estilo de vida, que determinam esse processo”, explica Marina. “As toxinas têm afinidade por gordura e se alojam em nosso tecido adiposo. O objetivo da dieta detox é transformá-las em hidrossolúveis, para que sejam naturalmente eliminadas”, completa. Detoxificar é amenizar ao máximo a entrada de toxinas por meio da alimentação e, ao mesmo tempo, eliminar as que já estavam instaladas no corpo. Ou seja: hora da faxina!

SERVIÇO Marina Scanferla Tel.: (11) 4032-3167 Rua José Domingues, 101, Centro, Bragança Paulista mascanferla@yahoo.com.br

Afinal, o que é detox? Ele limpa o corpo mesmo e acaba com as gordurinhas? Let’s see!

QUANDO DEVEMOS FAZER A DETOX? “Faça a dieta detox e emagreça em poucas semanas”. Você já deve ter visto essa frase em centenas de revistas e blogs por aí. Porém, elas esqueceram de mencionar que, na realidade, o intuito da detox não é reduzir peso, mas sim limpar o organismo e permitir o melhor funcionamento do mesmo. Dores de cabeça frequentes, falta de energia, retenção de líquidos e mau funcionamento do intestino são alguns dos sintomas mais comuns da intoxicação. Em casos como esses, é recomendado consultar um médico e investir na detox. “Toda alimentação deve ter caráter detoxificante. Não com o objetivo de emagrecimento, mas sim de cultivar a saúde e prevenir doenças”, completa Marina. E O RESULTADO DISSO TUDO? Uma vez que as células estão “limpinhas” e detoxificadas, os benefícios começam a aparecer. Redução de celulite, acne e inchaços; melhora na disposição e na quali-

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COMO COLOCAR EM PRÁTICA? Comece a incluir no cardápio diário alimentos como: água de coco; ervas (alecrim, cúrcuma, cravo, canela e gengibre); chás (dente-de-leão, menta, camomila e chá verde); ameixa umeboshi; hortaliças; sementes de linhaça, abóbora, girassol, gergelim, chia, melão e melancia; e biomassa de banana verde. Aposte também nos sucos detox, superfáceis de fazer e bem gostosos. O melhor momento para tomá-los é pela manhã, em jejum, quando todas as vias de absorção estão ativadas – desta forma, o organismo aproveita ao máximo seus benefícios. Confira duas receitas:

RECEITA 1

2 folhas de couve manteiga; 1 fatia de melão; 200 ml de água de coco; 1 cubinho de biomassa de banana verde Hortelã a gosto. Imagem: reprodução

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dade do sono; além do bom funcionamento intestinal são alguns deles. “A detox também ajuda a acelerar o processo de quem segue um plano alimentar para redução de peso, já que elimina as toxinas liberadas pelo tecido de gordura. Desta forma, evita que o emagrecimento “estacione” ou que a pessoa volte a engordar”, conta Marina.

Modo de preparo: Corte a couve em pedacinhos e depois bata com os outros ingredientes no liquidificador.

RECEITA 2 1/2 pepino; 1 beterraba; 1/2 maçã; 4 cenouras. Modo de preparo: Passe todos os ingredientes na centrífuga.


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o hype da feirinha gastronômica Por Bianca Santos

O número de fotos no Instagram é proporcional ao de visitantes a cada domingo. Sim, a Feirinha Gastronômica da praça Benedito Calixto já se tornou point obrigatório dos hipsters e descolados de plantão, que, entre uma garfada e outra, registram a comilança sob os filtros da rede social. Eu, particularmente, sou totalmente a favor da proposta de democratização da boa comida, seja de rua ou não. Na Feirinha, é possível experimentar tanto criação de chefs e restaurantes já renomados, quanto novos talentos da cozinha paulistana. Tudo a um preço bem acessível (os pratos custam, em média, de 15 a 25 reais). Vá preparado, pois o evento costuma lotar bastante. São comuns longas filas de espera para entrar no espaço, por isso recomendo chegar antes das 13h. Também é bacana já ter em mente o que irá pedir, já que se torna praticamente impossível circular e escolher o que comer em meio a tanta gente – e aperto. Aqui algumas sugestões para uma primeira visita:

Locombia Barraca comandada por simpáticos colombianos, que preparam uma costelinha suína bem superior a de muitos restaurantes conceituados por aí. Extremamente macia e carnuda, vem acompanhada de batata assada com sour cream e barbecue caseiro. Também servem asas de frango recheadas com chilli, linguiça artesanal e os tradicionais chips de banana da terra.

La Vera Porcheta Não deixe de experimentar o sanduíche de porcheta, uma típica receita italiana de lombo de porco, que fica lindamente exposto e é fatiado na hora de servir. A carne é macia por dentro e crocante por fora, muito saborosa aliada ao molho de salsa e especiarias. Vale a pena por ser diferente de tudo que você já provou.

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Raphael Despirite Não sou muito fã de cachorro quente, mas o sanduíche preparado pelo chef do tradicional restaurante francês Marcel conseguiu me conquistar. A receita une salsicha frankfurter, molho bechamel, queijo gruyère e mostarda dijon, tudo numa baguete crocante. Yummy!

Cozinhando a Dois Fãs de burguer certamente irão adorar a versão daqui, que é preparada com costela de boi e servida com maionese de cebola caramelizada. Mistura simples, mas muito saborosa. Também é interessante o sanduíche de carpaccio de picanha com queijo pecorino, no pão bagel.

Para beber Guarde um espaço para as caprichadas caipirinhas (R$ 12) do Mapa da Cachaça e para os chopps (R$ 12) da tradicional cervejaria nova-iorquina Brooklyn Brewery.

Para adoçar Picolés de fruta, totalmente naturais e livres de conservantes, da Me Gusta para as formiguinhas mais saudáveis. Ou se jogue mesmo nos deliciosos bolinhos da Adoro Brownies e nas açucaradas maçãs da Caramapple, cobertas com caramelo, chocolate e confeitos. Imagem: reprodução





quinhos, de cabelo preto, barba e um pouco chubby, por exemplo, se dê ao direito de sair mais com esse tipo de rapaz do que com os demais. Fora que sair (e ficar) com seu tipo físico é garantia de tesão instantâneo. Quer coisa melhor?

FUCK MUSIC Seja Portishead, Lovage, The XX, algumas do Metric ou James Blake, fuck music sempre cai bem. Par perfeito da meia luz, complementa o vinho e traz um clima único. Bom que você pode usar com qualquer pessoa, independente da intimidade. Evita, na maioria das

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vezes, awkward moments e diz logo a que veio: mostra que você não tá de brincadeira e que se o cara subiu para tomar a última da noite na sua casa… Bem, não era apenas sobre a bebida.

TENHA HISTÓRIAS PARA CONTAR Uma das coisas mais divertidas de ser solteira – para não dizer da vida – é ter histórias para contar. Sem falar que eu não nem poderia escrever essa coluna caso não tivesse vivido metade do que já vivi. Faça a Piaf e não se arrependa de nada. Se vier qualquer pensamento dúbio, comece a cantarolar “Je ne Regrette Rien” e siga em frente. Não estou dizendo para ser leviana ou inconsequente.

Juízo é sempre bom, contanto que não tire a sua espontaneidade para aceitar convites de última hora, como passar o sábado de Carnaval com uma turma de gaúchos desconhecidos em um karaokê na Liberdade e depois ter um dos melhores sexos da sua vida. Ou de sair do show do The XX, também um dos melhores da vida, e ir à 1:30 da manhã tomar uma cerveja com um cara na Augusta e ser bem tratada a noite toda. Ou da vez que tive um first date com um doutorando em ciências políticas na USP, numa festa junina de um casal de sociólogos na Vila Madalena. Tem mais “culturete” que isso? De longe a mais arrumada da casa, bebi uma quantidade cavalar de vinho e saí fazendo pintinhas nos convidados. Para que mais divertido? Imagens: reprodução

os 10 estágios do término de um relacionamento

Vai, todo mundo já passou por um break up um dia. Não importa se você ficou 8 anos com o cara, ou se enrolou durante 4 meses: a dor é sempre intensa quando a gente gosta de verdade de alguém. Assim sendo, resolvi fazer uma brincadeira e listar todos os estágios do fim de um relacionamento com base na minha vida e histórias de diversos amigos que já tiveram o coração partido. 1. Ligar pra mãe / pro melhor amigo chorando; 2. Denial + indiretas pelo Facebook + denial + sessão de filmes tristes regada à junk food; 3. Choro a cada 5 min + ver o Instagram, os novos check-ins e todas as fotos de vocês juntos; 4. Choro a cada 30 min + todo o tempo que puder com os amigos mais próximos pra ver se esquece + espiar o Instagram dele de novo pra ver se ele já saiu pra balada enquanto você está ao relento; 5. Choro a cada 3 horas + uma olhada no Tinder porque você SABE que ele/ela já está em outra; 6. Saudade sem choro + um date pra se dar a oportunidade de conhecer outra pessoa legal, mas que não queira nada tão sério no momento; 7. De duas, uma: ou você começa a xingar seu ex e se pergunta o que estava fazendo com ele por todo aquele tempo, ou o date foi tão ruim que você

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Por Vikki Góis

sente ainda mais falta e volta a chorar e a ligar pro melhor amigo em desespero; 8. Independentemente da sua escolha no estágio 7, você resolve mesmo é se amar; 9. Você se ama tanto que resolve adotar o apelido da Valesca (quero dar), resolve viajar, cortar o cabelo, fazer mil tatuagens e milhares de outras coisas que vão servir de marco histórico que não vão te fazer lembrar tanto assim do ex que não te merecia; 10. Você se apaixona de novo, se ferra outra vez e seu ex volta a te procurar algum tempo depois que você o expulsou do seu sistema (a.k.a coração e mente).


The toughest love of all: o amor próprio Por Millo Louvise Não é fácil viver, isso é fato! Uns são ensinados a jogar o jogo e outros precisam aprender a sobreviver nele sem saírem feridos. Crescer sozinho, para mim, foi uma experiência tanto boa quanto ruim. Na verdade, mais a segunda. Aprendi a resolver meus problemas sozinho e a interiorizar tudo o que o mundo me jogava, engolindo sapos e nunca me defendendo. Porém, senti que me faltou o toque de alguém para ajudar naquele momento difícil.

Cresci sob quase todos os estereótipos possíveis: gordo, gay e nerd. Foi muito difícil crescer ouvindo todo tipo de julgamento em uma família que, até então, demonstrava certo tipo de preconceito com o que eu era, e tendo que me provar bom todos os dias. Sabia que teria de acordar para não cometer nenhuma falha em meu comportamento ou em minhas atividades e, assim, não passaria por nenhuma situação de escárnio, saia justa ou repreensão. Dessa forma, me tornei quase o Sr. Perfeito: educado, inteligente e esforçado, porém sempre sozinho. E eu não conseguia entender o porquê. Em qual momento eu aprendi que pedir ajuda era uma coisa ruim? Não sei, mas vivi lutando com todos

os meus demônios sozinho, sempre me impedindo de criar laços com outras pessoas para não lhes dever nada e poder, talvez, manter a cabeça erguida. Matei muitos sonhos de criança por não ter alguém que entendesse as minhas necessidades mais íntimas. Não encontrava apoio, e passei a tratar os meus desejos como bobagens passageiras. Infelizmente, os sonhos continuaram apenas escondidos e o vazio de ter deixado várias oportunidades passarem se tornou gigante. Isso refletiu na forma como interagia com o mundo, sempre com medo de falar com as pessoas, de encará-las, de confiar, esperando que a qualquer momento seria, mais uma vez, mal julgado. Ouvia para superar, mas se tornava cada dia mais difícil de levar em frente quando passava, diariamente, por situações embaraçosas apenas por existir. Problemas com a autoestima surgiram e desencadeou o pior sentimento de todos, ou, na verdade, a falta do principal sentimento de todos: o amor próprio; além da falta de confiança nos outros, pois a qualquer momento sempre espero a maldade de alguém. Viver sozinho é ruim, mas fui aprendendo a afastar as pessoas de mim, não porque não gostava delas, mas talvez porque gostasse tanto que tinha medo de feri-las, decep-

cioná-las por eu ser quem eu sou. Este sentimento afetou tanto a vida pessoal quanto profissional, com a falta de confiança em minhas ideias e projetos. Óbvio, se você mesmo não gosta e não acredita em você, é automático pensar que as outras pessoas também não gostarão. Quando o amor que falta é o por você mesmo, o que dói mais é saber que, depois de tudo, não valeu a pena! Você ainda se sente aquela mesma pessoa que a qualquer momento vai ser apedrejado e não se sente bom o suficiente para seguir em frente e enfrentar as coisas, sempre esperando o momento certo para agir, que nunca acontece, e mascarando sua felicidade com um “tudo bem”. Enfim, recebi um conselho de uma pessoa muito amada que diz: “Não adianta você fugir da barreira que você criou contra o mundo. Enquanto ela não for destruída, você terá que sempre voltar para tentar quebrá-la. Do contrário, nunca será totalmente feliz.”. Mas e então: o que fazer para destruir essa parede de gelo que foi erguida ao meu redor? Só essa resposta poderá dizer qual será o próximo passo para a felicidade. E um dia, isso vai acontecer, afinal, como diria RuPaul, “If you don’t love yourself, how the hell you’re gonna love somebody else.”. Imagem: reprodução

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He doesn’t care

Por Mariani Venancio

Depois de uma típica noite de menininhas com uma amiga – aquela com cinema, lágrimas, comidas, fofocas e reclamações -, cheguei em casa com um nó na garganta. Aquela vontade maluca de falar sobre amor pra alguém que eu considerava especial. Escrevi. Aquela avalanche que vem do nada. Coisas que você tem vontade de dizer todo dia sobre como a pessoa te faz bem e como o tempo que em que vocês estão juntos tem te feito evoluir. Gostar de alguém tem muito disto. Essa ansiedade em mostrar ao outro que tudo está caminhando pra ser cada dia mais legal, mais real e mais intenso. Eeu, apaixonada que sou, adoro isso. Adoro a fase em que o sentimento começa a desabrochar e gosto mais ainda de falar isso. Escrevi muito. Escrevi tudo. Falei sobre como gosto da forma como ele me olha e me puxa pra perto, mesmo quando já estamos bem próximos. Sobre minha vontade de sorrir todas as vezes que me lembro do jeito como brinca com meu cabelo e segura firme na minha mão. “Nesse pouco tempo – mesmo sem saber – você me encorajou a tomar decisões e espantar fantasmas que me assombravam. Você me fez perder o medo. A vontade de estar com você me fez perder o medo.” Falei sobre frio na barriga e sobre a saudade do abraço. O abraço no qual eu passaria o resto dos dias em que existisse o frio na barriga. Em resposta? Silêncio. Nunca doeu tanto não escutar absolutamente nada. Imagem: reprodução

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Inez & Vinoodh:

um casal edgy

Por Marina Duarte Rezende

Companheiros na vida profissional e pessoal, o casal de fotógrafos holandeses Inez van Lamsweerde e Vinoodh Matadin comprovam que dois podem se tornar um, tanto no trabalho e na convivência, quanto na combinação perfeita que promovem entre moda e arte. Ela é filha de jornalista e cresceu entre revistas e imagens fortes como as de Helmut Newton e Guy Bourdin, que influenciaram seu trabalho. Ele, filho de alfaiate, cresceu entre tecidos e entretelas e até ensaiou ser estilista. Se conheceram na escola de arte em 1986. Matadin precisava de um fotógrafo para um lookbook e um amigo em comum sugeriu Van Lamsweerde. Cada um tinha um parceiro diferente na época, mas trabalharam juntos diversas vezes até que, em 1992, conseguiram sincronizar a vida amorosa. Passadas mais de duas décadas desde o primeiro encontro, a dupla se casou, teve um filho e construiu um verdadeiro império na fotografia de moda. Inez e Vinoodh fazem praticamente tudo juntos. “Praticamente tudo” é também o título do livro que lançaram com uma retrospectiva de seus 27 anos de parceria criativa. O vínculo incomum entre o casal faz parte do fascínio que exercem. São questionados o tempo todo sobre como conseguem trabalhar juntos sem enlouquecerem, uma sugestão que parece confundi-los, já que não poderiam se imaginar vivendo de outra forma. As imagens da série “Me Kissing Vinoodh” estão entre seus projetos mais reconhecidos. Em uma delas, Vinoodh é removido digitalmente de um beijo entre o casal, demonstrando como

Inez ficaria incompleta sem ele. Em conjunto, fotografam seus sujeitos simultaneamente, a partir de ângulos diferentes. Quem dirige as cenas é Inez, para quem as pessoas retratadas olham, enquanto Vinoodh se move ao redor, clicando imagens mais voyeurísticas que são como momentos roubados. Os pontos de vista diferentes porém complementares fazem com que, tanto nos retratos quanto nos editoriais e campanhas da dupla, exista sempre uma sensação de dualidade, uma tensão entre o belo e o bizarro, o clássico e o inusitado, masculino e feminino. Interessante também é a preocupação com a textura que Vinoodh tem, a obsessão em dar significado a superfície, enquanto Inez se dedica à complexidade de sentimentos e emoções que pretende despertar com a imagem. WWW.THEEDGYTOR.COM

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As obras da dupla funcionam como espelhos que refletem ideias estabelecidas sobre beleza e distorcem a realidade introduzindo elementos fantásticos. Não sem razão, foram pioneiros na manipulação digital de imagens, que lhes permite criar esse olhar torto sobre as coisas. Paradoxalmente, seus retratos em preto e branco preservam a origem da fotografia, dentro do princípio da simplicidade, outra característica de seu trabalho. Frequentemente, as imagens ultrapassam o conceito de “fotografia de moda” e podem muito bem ser classificadas como fotografia contemporânea. Inez e Vinoodh podem nem sempre ter um estilo identificável, da mesma forma que fotógrafos como David LaChapelle ou Terry Richardson tem uma assinatura visual, mas as fotografias inspiradoras, ousadas e originais que sua riqueza de ideias produz, garantem que seus nomes estejam entre os mais cultuados do universo da moda, abocanhando no portfólio campanhas de Balenciaga, Givenchy, YSL, Louis Vuitton, Balmain, entre outras potências. Seria um desafio percorrer a edição de setembro de uma bíblia da moda como a Vogue, Harper’s Bazaar ou V Magazine sem tropeçar em um editorial de Inez & Vinoodh. Ah, e, é claro, eles são responsáveis por capas de álbums e vídeos de Lady Gaga e Bjork. Apesar de sua importância na indústria da moda, Inez e Vinoodh afirmam jamais terem se ocupado conscientemente com a ideia de criar imagens de moda ou de arte. Sem fazer distinções de gêneros fotográficos, preferem ficar livres para saciar sua imaginação e explorar uma fotografia marcada pela versatilidade. Retratar seres humanos é o cerne do trabalho. Às vezes uma maquiagem ou um look mais abusado dão conta de toda a força que o clique precisa, mas o material principal são as pessoas. Segundo Inez, o que realmente impulsiona seu trabalho é encontrar a melhor versão final possível do ser humano que está à sua frente e tentar comunicar a essência disso. Enxergar e compartilhar o melhor das pessoas. Se isso serve para a fotografia, é verdade que também pode ser aplicado com sucesso na vida afetiva. Talvez esteja aí a receita desse relacionamento. Imagem: reprodução


KINDRED SPIRITS texto: vikki Gรณis | Fotรณgrafo: GUSTAVO CHAMS | Modelos: RITCHELE PROCKNOW (JOY) & ANTONIO PAVELEGINI (Closer) | Beleza: FERNANDO MAGAL Hร ES | Stylists: ANTONIO PAVELEGINI, YAGO ROCHA, MATHEUS REIS, RACHEL SOARES & MARCELA IZUMI (looks de acervo)


Quando falamos a expressão “soul mates”, sempre associamos com a felicidade do encontro de almas que simplesmente nos completa e faz toda e qualquer love song ter algum sentido. Os kindred spirits não fogem da regra: eles dependem um do outro, mais do que as palavras possam explicar, e dividem experiências por um elo sobrenatural, que só aqueles que sofrem por amor são capazes de entender. E quando esses kindred spirits, tão necessitados da presença um do outro, tão cheios da sede visceral de ficarem finalmente juntos, são separados a força? O senso de eternidade, romantizado pelos corações mais descontroladamente apaixonados, foi o que uniu esse casal, mas também os separou e rompeu a ligação inexplicável que só os dois compreendem. Agora, essas broken souls vagam pelo universo em busca de cura, circulando perdidas e sem saberem qual caminho seguir. A questão é: ir adiante ou tentar juntar os pedaços estilhaçados das metades sem encaixe? Duas pessoas tão diferentes conectadas pela desconexão com o mundo, pela falta um do outro, como se nada mais fizesse sentido e como se a vida não valesse mais a pena. E então, o que fazer? Vencer o medo de tentar e não dar certo, ou desistir do que realmente os completam? Este editorial, inspirado na dor da separação das almas gêmeas, foi um dos primeiros trabalhos do fotógrafo Gustavo Chams e, como falamos de Tough Love na quinta edição da The Edgytor, nada mais adequado que incluí-lo e contemplar que até na dor, talvez principalmente nela, possa existir endless beauty.



























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MCQUEEN: A LOVE STORY

Por Cainã Ferreira

Contrastes. Resolvi começar o texto ouvindo Wave,­ de Tom Jobim. No entanto, o tom desta música é de um amor não tão tough quanto os temas tratados na quinta edição da The Edgytor. Ou será que wave e tough love são partes de uma mesma escala amorosa? Gosto desta dúvida e de instigar a curiosidade alheia. Muita coisa boa pode sair de paixões quentes ou amores constantes. Até mesmo dançar entre as diversas sintonias criativas que nascem onde tem muito amor, como os desfiles e construções de imagem de moda de Alexander McQueen: trabalhos intensos e com uma dedicação digna de um verdadeiro apaixonado. Em uma pesquisa sobre o designer, acabei por encontrar no youtube o vídeo do holograma de Kate Moss para o próprio McQueen no desfile de outono/inverno 2006, o Widows of Culloden. Sabe quando toda sua atenção é captada e instantaneamente seu flerte visual conversa sem desvios com seu íntimo e você parece, finalmente, ser entendido e representado por aquilo que está à sua frente? Foi o que aconteceu comigo. McQueen conseguiu transmitir em alguns minutos, de uma maneira sublime, um puro conceito aos seus observadores e, por meio de seus desfiles e criações, extrapolou as barreiras da passarela, transformando-a em um palco performático. De alguma forma isso é muito similar ao que Jack e

Rose fizeram com suas vidas em Titanic. Como?

Quem está tomado pela paixão não vê limites para expressar o que sente. Tough lovers. O uso de diversas tecnologias, como câmeras que transmitem em tempo real outro ângulo do desfile, hologramas, sobreposições de imagens projetadas, as trilhas sonoras, os cenários, a iluminação, a beleza, a atitude das modelos, são muitos detalhes. Uma série de fatores muito bem encaixados em cada trabalho que nos convidam a conhecer universos particulares. Todo este conjunto apresentado mostra o nível de intimidade em seu trabalho e que colocou ali muito do que investiu durante toda sua vida. Infelizmente, este homem que aqui tratamos se matou em 2010, mas cabe dizer que sua história lembra muito as do romantismo literário. Coincidência ou não, talvez possamos dizer que a vida de McQueen é um romance atípico. Vale a pena conferir o trabalho dele no grande acervo virtual conhecido como Google, e em grandes livros, como o “Cronologia da Moda – de Maria Antonieta a Alexander Mcqueen”, “Alexander Mcqueen – Savage Beauty (MET)”, “Alexander Mcqueen – Master Of The Fantastic”, “Alexander Mcqueen: Genius of a Generation” e muitos, muitos outros acerca sua genialidade criativa e verdadeira paixão pelo que fazia. Imagens: reprodução

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, g n i d a e r r o f thanks bitches!


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