ARQUITETURA E URBANISMO | CASA DE CULTURA

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CASA DE CULTURA | JARDIM ELVIRA

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ORIENTANDA Mariana do Carmo Vilela ORIENTADOR

ENTRE

Prof. Dr. Claudio Manetti

CIDADES

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

CASA DE CULTURA | JARDIM ELVIRA

FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIAS PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS

CAMPINAS, SP 2019 3


AGRADECIMENTOS A minha família, por sempre acreditar nos meus sonhos e por todo suporte e incentivo ao longo desses cinco anos de graduação. Ao meu namorado, que se tornou parte dessa conquista, pelas tantas vezes que se interessou e me ouviu falar sobre esse projeto. E ainda por me encher de paz nos dias de mais ansiedade, obrigada time. Agradeço também aos professores dessa faculdade que, com excelência, contribuíram para a minha formação. Em especial ao meu orientador, professor doutor Cláudio Manetti, por um ano intenso de questionamentos, reflexão e aprendizado; aos professores doutora Mônica Manso e José Luiz Roge Grieco que acompanharam de perto o desenvolvimento deste projeto e aos membros da banca avaliadora, professores mestres, Luís Eduardo Loiola de Menezes e Thiago Carneiro Amin. Por fim, a minha equipe, pela amizade e troca de experiências, pela dedicação com que conduziram esse trabalho e o comprometimento que têm com a arquitetura e o urbanismo. 4


PARTE 1

SUMÁRIO Resumo

.................................................................07

Introdução

.................................................................08

CONTEXTUALIZAÇÃO E RECONHECIMENTO DAS RELAÇÕES PLANO URBANÍSTICO E PROJETO I.I Contextualização

............................................................12

I.II Recorte de atuação ............................................................13 I.III Setor C - Eixo BRT

............................................................15

PARTE 3

PARTE 2

DO TERRITÓRIO DE EXCEÇÃO AO TERRITÓRIO DE DIREITOS II.I Território de exceção

........................................................21

II.II Território de direitos

........................................................24

II.II.I Arquitetura como resultado do diálogo com a cidade

.....................25

II.II.II Relação espaço e forma

.....................26

II.II.III Programa. Um lugar de liberdade

.....................27

II.II.IV Plantas e cortes

.....................28

II.II.V Estrutura

.....................35

UM ESPAÇO DE OPORTUNIDADES III.I Considerações finais

........................................................39

III.II Bibliografia

........................................................40 5


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RESUMO O projeto da Casa de cultura resulta do estudo, realizado em equipe, que contemplou os municípios de Barueri, Osasco e Carapicuíba, na região metropolitana de São Paulo (RMSP), quanto ao reconhecimento de limites e barreiras, entre cidades e dentro delas. Essa leitura verificou espaços muito fragmentados e originou o Plano Urbanístico de Reestruturação do setor Osasco, que contém além de um projeto de mobilidade, costurando os tecidos daquelas três cidades; a proposição de projetos pontuais na cidade de Osasco, com o objetivo de vencer os mais diversos tipos de barreiras contidas nesse território. Em acordo com este raciocínio, a implementação da casa de cultura acontece em uma área onde a desigualdade e a segregação fazem parte do contexto. A intenção desse equipamento, mais do que uma oportunidade de lazer e educação, se configura, para os moradores dos bairros Jardim Elvira, Munhoz Junior e Helena Maria, como um espaço democrático, capaz de romper as barreiras invisíveis por meio do acesso à cultura.

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INTRODUÇÃO Os limites, estaduais e municipais correspondem a divisão legal do território de uma federação e, diferente do que se entende por fronteiras, os limites não são regiões, mas sim linhas imaginárias precisas que, definidas por convenção, priorizam a existência de elementos naturais, como por exemplo rios, para sua demarcação. Essa divisa entre territórios, ao longo da história, têm sido um elemento de tensão e conflitos, quando entre países, por exemplo, ocasionando até mesmo guerras. Na escala dos municípios, essa tensão também acontece e intensifica-se, com o processo de conurbação, como no caso de regiões metropolitanas. Mas se os limites são linhas imaginárias, o que acontece no território real por onde elas passam? Que tipo de tensões e conflitos a definição desses limites pode resultar? Como a arquitetura e o urbanismo tem se relacionado com essa questão? É com esses questio8

namentos que se inicia a busca pelo reconhecimento dos limites municipais em área de conurbação, neste caso, a região metropolitana de São Paulo (RMSP). As situações encontradas, são as mais diversas possíveis, e ao observar o encontro dos tecidos, em alguns casos fica nítido no desenho das cidades as tensões e conflitos gerados por aquele limite, que muitas vezes apesar de definido por um elemento natural, recebe ainda intervenções físicas que intensificam essa divisão, atuando como barreiras. Em um estudo mais aprofundado, nota-se ainda que as barreiras e conflitos reconhecidos entre cidades, aparecem também dentro delas, fragmentando ainda mais o território. Essas barreiras, nem sempre são físicas. A tensão provocada pelos limites, resulta também em barreiras invisíveis, entendidas nesse contexto como a exclusão e a segregação social, privação de acesso ao lazer e a cultura, entre outros. Os municípios contemplados no plano urbano, são

amostras dessa situação, no caso de Barueri e Osasco por exemplo, a primeira cidade conta com a presença de condomínios empresariais e residenciais de alto padrão e tem um recolhimento financeiro muito superior aos municípios vizinhos, contudo faceia a região norte de Osasco encontrando uma situação de periferia. Nesse encontro as cidades pouco se relacionam, o tecido de Barueri configura-se de modo a voltar-se para si mesmo, inclusive com ajuda de muros de proteção. É nesse contexto que se insere o projeto da Casa de Cultura, localizada em Osasco no bairro Jardim Elvira e limítrofe aos bairros Helena Maria e Munhoz Junior, encontra-se a um quilometro do limite de tensão municipal. Grandes estruturas de transporte presentes nessa área também contribuem para seu isolamento, são elas a rodovia Castelo Branco e o Rodoanel. Ambas comprometem a conexão da região norte de Osasco com a cidade de Barueri e até


mesmo dentro do próprio município a relação com as regiões central e sul. Com objetivo de vencer as barreias físicas e garantir uma maior unidade no tecido urbano o plano de reestruturação implementa, nesta área, o anel BRT, que ao se relacionar ainda com outros modais de transporte, como o VLT, costuram o tecido entre cidades. A barreira invisível, de desigualdade e segregação social, é enfrentada também por projetos pontuais, como a Casa de Cultura. Projeto que será apresentado neste memorial, atua como um espaço de troca e oportunidades, com atividades voltadas a educação e a democratização do acesso a informação e a cultura, sempre considerando e priorizando o protagonismo da população na construção desse espaço, para através disso, fortalecer a relação entre as pessoas e o território.

“No processo de planejamento, em vez da sequência que prioriza os edifícios, depois os espaços e depois (talvez) um pouco de vida, o trabalho com a dimensão humana requer que a vida e os espaços sejam considerados antes das edificações.” - Jan Gehl, Cidades para pessoas

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PARTE 1

CONTEXTUALIZAÇÃO E RECONHECIMENTO DAS RELAÇÕES ENTRE PLANO URBANÍSTICO E PROJETO

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I.I CONTEXTUALIZAÇÃO REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO (RMSP)

OSASCO BARUERI

CASA DE CULTURA

CARAPICUÍBA

QUADRANTE DE ESTUDO EIXO OESTE

A região metropolitana de São Paulo (RMSP) foi o ponto de partida para o estudo e posterior, classificação, dos limites municipais que compõem a etapa conceitual do plano urbano. A escolha da região é feita devido a sabida complexidade de relações inter e intramunicipais desse contexto, que conta com a reunião de trinta e nove municípios, em intenso processo de conurbação, e uma população estimada em vinte e um milhões de pessoas. Após a classificação dos limites nas categorias: natural, invisível e artificial, alguns

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pontos se destacam como lugares de tensão, o que encaminha a leitura para amostra Barueri, Osasco e Carapicuíba (eixo oeste). Nesses municípios pode-se notar a presença dos três tipos de limites entre as cidades e o resultado das barreiras associadas a eles na fragmentação do tecido urbano. Baseado nas tensões encontradas, define-se um recorte de atuação para enfrentamento das barreiras, o setor Osasco, compreendendo os bairros Piratininga, a sul da rodovia Castelo Branco, e a norte, os bairros Munhoz Junior, Castelo Branco e Jardim Elvira, onde está inserido o projeto da Casa de Cultura.


QUADRANTE DE ESTUDO EIXO OESTE | PLANO URBANO DO EIXO OESTE DA RMSP

CASA DE CULTURA

2km

Mapa elaborado em equipe, sobre base do Google, durante desenvolvimento do plano urbano

I.II RECORTE DE ATUAÇÃO | QUADRANTE DE ESTUDO EIXO OESTE

CASA DE CULTURA

2km

Mapa elaborado em equipe, sobre base do Google, durante desenvolvimento do plano urbano

LEGENDA Áreas de Preserv. Ambiental Áreas de Parque Centralidades Reestruturadas Polo Gerador de renda

Centralidade Antiga

Linha e estações VLT proposta

Centralidade em Expansão Nova Urbanização

Linha e estações BRT proposta

Pluricentralidades fragmentadas Grandes Equipamentos

Estação CPTM existente Principais Vias Propostas

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I.II RECORTE DE ATUAÇÃO | MAPA SÍNTESE DOS PROJETOS

c 10

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8 9

B

A

6

4 5

1 3 11

2

1km

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Mapa elaborado em equipe, sobre base aérea do Google


PROJETOS DESENVOLVIDOS INDIVIDUALMENTE

A

1. Parque Fluir - Revitalização Borda Tietê 2. Pavilhão da Mulher 3. Centro Esportivo A|L 4. Conservatório Livre Ritmo em Movimento

B

5. Centro Cívico Oeste 6. Cetro Médio Eixo Oeste

c

7. Escola Técnica 8. Casa de Cultura 9. Conjunto Habitacional “Quintal Urbano”

I.III SETOR C | EIXO BRT c

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8 9

PROJETOS PROPOSTOS COMPLEMENTARES 10. Teatro 11. Centro de Tecnologia Ambiental LEGENDA Cursos d’água Rodovias classe 0 e ferrovia Sistema viário Linha VLT proposta Linha BRT proposta Áreas de parque e praças públicas Áreas de preservação ambiental Construções existentes Ensaio de construções segundo o novo zoneamento Projetos propostos

PLANO URBANÍSTICO E PROJETO O setor C, composto pelo corredor BRT (intermunicipal) e pelos projetos Escola técnica, Casa de Cultura e Conjunto Habitacional, corresponde a um conjunto de esforços de transformação da área a norte da rodovia Castelo Branco, no desfecho da cidade de Osasco. A implantação do corredor BRT propõe reconectar, fisicamente, essa área ao tecido urbano e, associados a esse eixo, os projetos pontuais, por sua vez, atuam em conjunto para, física e simbólicamente, resignificarem o território. A Casa de Cultura se alinha a esse principio de transformação por meio da proposição de um programa que proporciona a democratização do acesso a informação e a cultura e, a formação de individuos através de um olhar artístico, com o objetivo de incentivar e promover a expressão cultural em áreas periféricas e ao mesmo tempo, com a criação de espaços de troca e encontro fortalecer a relação e a noção de pertecimento das pessoas com o lugar onde vivem. 15


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PARTE 2

DO TERRITÓRIO DE EXCEÇÃO AO TERRITÓRIO DE DIREITOS

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Imagem elaborada pela autora sobre perspectiva do Google Earth

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CASA DE CULTURA JARDIM ELVIRA | OSASCO SP

“Você tem sede de quê? Você tem fome de quê? A gente não quer só comida A gente quer comida Diversão e arte A gente não quer só comida A gente quer saída Para qualquer parte A gente não quer só comida A gente quer bebida Diversão, balé A gente não quer só comida A gente quer a vida Como a vida quer”

trecho da música Comida - Titãs

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PESQUISA | CULTURA NAS CAPITAIS PERFIL DOS ENTREVISTADOS 60 ANOS OU +

HOMEM

MULHER

45 A 59 ANOS

12 A 15 ANOS

35 A 44 ANOS

16 A 24 ANOS

25 A 34 ANOS

ENSINO SUPERIOR

ENSINO MÉDIO

ENSINO FUNDAMENTAL

CLASSE D/E

CLASSE C

CLASSE A

CLASSE B

GRÁFICO DOS EXCLUÍDOS

Pesquisa e gráficos elaborados por JLeiva Cultura & Esporte em parceria com Datafolha. Disponível em http://www.culturanascapitais.com.br/exclusao/

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II.I TERRITÓRIO DE EXCEÇÃO A pesquisa “Cultura nas capitais”, realizada por JLeiva Cultura & Esporte em parceria com Datafolha em junho de 2017, entrevistou 10.630 pessoas nas doze capitais mais populosas do Brasil, sendo elas: São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Fortaleza, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Manaus, Recife, Porto Alegre, Belém e São Luís. A partir das respostas as cinquenta e cinco perguntas feitas aos entrevistados, foram elaborados diversos gráficos. O gráfico ao lado, corresponde a porcentagem (média das capitais) de pessoas que nunca frequentaram as atividades relacionadas na pesquisa. Considerando que a pesquisa foi feita nas cidades com maior oferta de atividades culturais do país, como São Paulo e Rio de Janeiro, esses dados são ainda mais alarmantes. Qual seriam essas porcentagens em cidades menos equipadas? Essa desigualdade no acesso a cultura é um dos elementos referidos anteriormente como uma barreira invisível. É clara a existência de

outras váriaveis, como o tempo e dedicação para estar nesses espaços, na limitação do acesso, mas é inquestionável o papel do desenho das cidades. Isso porque entende-se que a experiência da sociedade urbana e a relação com o território é baseada nos espaços em que os indivíduos circulam. A privação ou a exclusão das pessoas a esses espaços tem impacto direto na vida delas. Cabe nesse momento a reflexão baseada na frase de Jan Gehl quanto ao tipo de espaços que estão sendo modelados; O desenho das cidades tem sido pensado com responsabilidade? E o que ele tem significado na vida das pessoas? A partir desses questionamentos e desafios, reconhecendo barreiras invisíveis e físicas, que dificultam ainda mais o acesso a cultura, como as grandes distâncias por exemplo, inicia e desenvolve-se o raciocínio do projeto da Casa de Cultura que, como será apresentado, encontra-se implementado no território de exceção de Osasco-SP.

“Primeiro, modelamos as cidades e então elas nos modelam” Jan Gehl - Cidade para Pessoas

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II.I TERRITÓRIO DE EXCEÇÃO A existência de equipamentos culturais em Osasco concentra-se no centro da cidade. Os moradores do Jardim Elvira, encontram-se distantes, pelo menos, 50 minutos de ônibus, ou a mais de uma hora de caminhada, com travessias precárias e pouco seguras, da Escola de Artes, identificado como equipamento com atividades culturais mais diversificadas na cidade. CULTURA EM REDE O projeto da Casa de Cultura, pensado para o contexto do Jardim Elvira, parte do entendimento da necessidade de que esse não seja um projeto isolado na cidade, mas sim que atue como componente de uma rede de equipamentos, com programas complementares, incluindo edificios existentes e novas propostas, ampliando dessa forma a distribuição do acesso a cultura. Costurando essa rede, a adequação de trajetos entre os projetos, privilegiando sempre pedestres, ciclistas e transporte público também se faz necessária 22

Percurso de pedestres - simulação feita pelo Google Maps

Situação atual da transposição do Rio Tiête para pedestres (conexão norte e sul)

Banco de imagens do Google Maps, 2016

Banco de imagens do Google Maps, 2016


IMPLANTAÇÃO CASA DE CULTURA | JARDIM ELVIRA - OSASCO SP

INSERÇÃO URBANA

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2

1

Mapa elaborado pela autora, sobre base aérea do Google.

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Banco de imagens do Google Maps, 2011

O projeto da Casa de Cultura está inserido em um território frágil e fragmentado. Durante a etapa de levantamento realizada em equipe, esta área, a norte da rodovia Castelo Branco, foi identificada como a de maior vulnerabilidade econômica e social. Soma-se a essa condição a ausência de espaços públicos de lazer e cultura, dificuldade de acesso ao transporte público, e ausência de áreas verdes. Quanto a ocupação, pode-se observar uso majoritariamente residencial horizontal, com alguns pontos de comércio informal. Tendo isso em vista e associado a proposta do Plano Urbanístico de implementação do corredor BRT, que atua como elemento estruturador desse espaço, a Casa de cultura propõe-se a entender o território em que se insere e por meio de um desenho de arquitetura e um programa coerentes com essa realidade, atuar como um espaço capaz de alterar a lógica de exceção e transformar esse térritório, em um território de direitos.

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II.II TERRITÓRIO DE DEIREITOS ZONEAMENTO

ACESSOS

GABARITO

LEGENDA Zona de uso predominantemente residencial de média e alta densidade demográfica Zona de uso predominantemente residencial de baixa e média densidade demográfica

Fluxo estruturador BRT

01 Pavimento

Acessos

02 Pavimentos 03 Pavimentos

II.II.I A ARQUITETURA COMO RESULTADO DO DIÁLOGO COM A CIDADE Inserida em um bairro residencial de ocupação precária, no desfecho da cidade de Osasco, a Casa de Cultura se coloca como um espaço transformador da paísagem e da realidade. Com o cuidado de ser esse elemento, mas ao mesmo tempo continuar respeitando a escala do lugar, o programa desenvolve-se em um edificio de baixo gabarito, que se aproveita 24

do desnível de três metros, existente na quadra, para se acomodar. A topografia também é aproveitada para garantir o acesso ao edifício, em nível, em todas as vias do seu entorno, permitindo a criação de um espaço fluido e inteiramente público. Isso porque o projeto parte da premissa de que ape-

nas o desenho de uma arquitetura que dialoga com a cidade, é capaz de romper as barreiras nela presentes. E, enquanto Barueri e seus condomínios empresariais e residenciais, o Rodoanel e a rodovia Castelo Branco fragmentam e isolam esse território, a casa de cultura se abre física e simbolicamente a comunidade.


II.II TERRITÓRIO DE DIREITOS

DADOS DO PROJETO

Localização: Jardim Elvira, Osasco - SP Área da quadra: 3115,47m2 Área construída: 2597,77m2 Área livre: 2044m2 Público alvo: crianças, jovens e adultos Capacidade: 150 a 200 pessoas Raio de abrangência: 3km (sistema em rede)

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II.II.II RELAÇÃO ESPAÇO E FORMA

Inclinação A inclinação em uma das extremidades garante mais controle e intimidade ao pátio central

Edificio cursos Se estende ao longo da maior aresta da quadra. Volume que permite o contato com a comunidade, devendo apresentar fechamento mais transparente, para convidar esse público.

Espaço extrovertido Pátio para livre manifestação

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Paralelismo Dois planos definem horizontalmente o pátio, orientando em direção as extremidades (acessos)

Edificio mídiateca Volume acesso a midiateca, que se desenvolve no sub solo, necessidade de um espaço mais contido e silencioso.

Espaço introvertido Pátio resguardado do vento e ruído, e ao mesmo tempo permitindo entrada de luz e ventilação no subsolo Transição Sem limites claros. Espaço é inteiramente público


IMPLANTAÇÃO

PROGRAMA 1- ATELIÊS | CURSOS: FOTOGRAFIA ARTE URBANA ARTE DIGITAL 2- ÁREA DE EXPOSIÇÕES 3- ESPAÇO MULTIFUNCIONAL 4- ADMINISTRAÇÃO 5- BANHEIROS 6- ESTÚDIOS GRAVAÇÃO FOTOGRAFIA 7- LABORATÓRIO MULTIMÍDIA 8- CAFÉ - RESTAURANTE 9- MIDIATECA 10- CINE TEATRO 11- PÁTIO ABERTO 12- ÁREAS DE CONVIVÊNCIA

II.II.III UM LUGAR DE LIBERDADE A espacialização do programa da Casa de Cultura trata com igual importância a composição de cheios e vazios, que são pensados para dinamizar e proporcionar o encontro. As edificações são implantadas de forma a criar pátios de livre circulação e manifestação, insinuando a ideia de praça, e se apresentando como um lugar favorável ao desenvolvimento de atividades sociais, culturais, de lazer e até mesmo econômicas, como a realização de feiras, por exemplo.

A proposta de um espaço multifuncional, que combina atividades permanentes, como cursos, com a possibilidade de atividades espontâneas faz parte do objetivo dessa arquitetura que entende as pessoas como protagonistas do espaço. Quanto aos cheios, entendidos como edificio cursos e edificio mídiateca, eles abrigam o programa de atividades em espaços que se voltam aos pátios e ao bairro, sempre partindo do princípio de aproximar cultura e comunidade. 27


1

1

3

4

2

12

0

12,5m

CORTE AA

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25m

37,5m

50m

Ateliê cursos: fotografia, arte urbana e arte digital

Estúdio fotográfico

Estúdio de gravação

Espaço multifuncional

Banheiros


PLANTA NÍVEL 753 1- ATELIÊS | CURSOS: FOTOGRAFIA ARTE URBANA ARTE DIGITAL 2- ÁREA DE EXPOSIÇÕES 3- ESPAÇO MULTIFUNCIONAL (OFICINAS E DEBATES) 4- ADMINISTRAÇÃO 12- ÁREAS DE CONVIVÊNCIA

Administração

0

Café - restaurante

Rua Tetsuyu Tachibana

12,5m

Laboratório multimídia

25m

37,5m

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12,5m

0

CORTE BB

0

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25m

Teto jardim

12,5m

37,5m

50m

Mídiateca espaço mais contido e silencioso

25m

37,5m

Telha metálica inclinação = 5%

50m

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PLANTA NÍVEL 750

5- BANHEIROS 6- ESTÚDIOS GRAVAÇÃO FOTOGRAFIA E TRATAMENTO DE IMAGENS 7- LABORATÓRIO MULTIMÍDIA 8- CAFÉ - RESTAURANTE 9- MIDIATECA VÍDEOS E ÁUDIOS 11- PÁTIO ABERTO 12- ÁREAS DE CONVIVÊNCIA

CORTE CC

Solução que permite maior ventilação e iluminação do subsolo

Mirante, área de convivência e de livre manifestação, cultural social e econômica, como a realização de feiras

Talude. Solução que permite maior ventilação e iluminação dos ambientes na cota 750

Arquibancada coberta, espaço protegido do vento e do sol, permite ralização de saraus e cinema ao ar livre

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10 09

12 12

0

12,5m

37,5m

25m

50m

Cine teatro capacidade para 72 pessoas

CORTE DD

12,5m

0

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25m

37,5m

50m


PLANTA NÍVEL 746,4 9- MIDIATECA LIVROS EM PAPEL E ELETRÔNICOS, REVISTAS, JORNAIS. 10- CINE TEATRO 12- ÁREAS DE CONVIVÊNCIA Arquibancada coberta, espaço protegido do vento e do sol. Espaço de livre manifestação como ralização de saraus e cinema ao ar livre. Essa solução colabora ainda com a entrada de luz e ventilação para o subsolo. Foyer do Cine teatro pé direito duplo, recebe iluminação e ventilação

Solução que permite maior ventilação e iluminação do subsolo

Corredor BRT - Plano Urbanístico

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II.II.V ESTRUTURA

A estrutura pensada em concreto armado, apresenta-se pré dimensionada neste projeto. A escolha desse sistema considera fatores como vãos de pequena dimensão, e a baixa complexidade na

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1

execução. Além disso, tratando-se de um edificio público, o baixo custo de manutenção do concreto e a durabilidade superior aos outros sistemas construtivos, foram relevantes nessa decisão

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10

10

4 10

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0

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PARTE 3

UM ESPAÇO DE OPORTUNIDADES

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“Se a vida, como disse Vinícius de Morais, é a arte do encontro, a cidade é o cenário desse encontro – Encontro das pessoas, o espaço das trocas que alimentam a centelha criativa do gênio humano. ” Jaime Lerner, em prólogo à edição brasileira de Cidade para Pessoas

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III.I CONSIDERAÇÕES FINAIS

Alinhado ao principio de que a cultura não deve ser um privilégio, mas sim um direito desenvolve-se o projeto da Casa de Cultura. O processo se inicia com a leitura do território, seguida do reconhecimento das barreiras nele presentes e da reflexão e entendimento das necessidades daquele lugar. Decorrente desse estudo a proposição de um programa que se abriga em uma arquitetura. Ao longo das etapas, alguns desafios foram enfrentados: o primeiro, pensar e relacionar escalas regional e local de forma que o equipamento público não se torne um elemento isolado, mas possa compor uma rede, ampliando assim sua abrangência. O segundo, em acordo com o raciocínio anterior, é a busca por um desenho de arquitetura que, mais do que a espacialização de um progra

ma, consiga dialogar com o tecido urbano e reafirmar a importância dos espaços públicos pontuados pela cidade. Esse desenho precisa ainda se configurar de forma a convidar as pessoas a usarem e serem protagonistas desse espaço. Entende-se nesse processo que através da arquitetura e o urbanismo podemos questionar, refletir e transformar as relações entre as pessoas e as cidades. Entendo dessa forma o o projeto da Casa de Cultura como um espaço de oportunidades em dois sentidos, para mim, por cada discussão gerada e nas tentativas de solucioná-las ao longo do seu desenvolvimento. E para os possíveis usuários por se tratar de um espaço que com a midiateca, facilita e repropõe o acesso a in-

formação através da sua disponibilização em todas as formas de mídia. Por meio dos cursos incentiva e valoriza a produção artística, contribuindo para o território em que esta inserido, com desenvolvimento cultural, social e econômico. Resultando em um espaço de formação e inclusão, de expressão e troca, capaz de ressignificar e fortalecer a relação das pessoas com o lugar onde vivem.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

OSASCO (Município). Lei no 125, de 03 de agosto de 2004. Plano Diretor. OSASCO. PREFEITURA DE OSASCO. Cidade de Osasco. Disponível em: <http://www.osasco.sp.gov. br/home>. Acesso em: 25 junho 2019. ALMEIDA, Renato Souza de. PORTAL VERMELHO. Sobre cultura de periferia. Disponível em: <https:// www.vermelho.org.br/noticia/164138-1>. Acesso em: 28 junho 2019. IBGE. Divisão territorial brasileira. Disponível em: < https://www.ibge.gov.br/geociencias/organizacao-do-territorio/estrutura-territorial/23701-divisao-territorial-brasileira.html?=&t=o-que-e >. Acesso em: 15 maio 2019. BIBLIOTECA DE SÃO PAULO. São Paulo. Disponível em: <https://bsp.org.br/catalogo_bn/>. Acesso em: 23 setembro 2019. MINISTÉRIO DA CIDADANIA. SECRETARIA ESPECIAL DA CULTURA. Governo Federal. Disponível em: <http://www.cultura.gov.br/>. Acesso em: 28 agosto 2019. ELER, Guilherme. NEXO JORNAL. Pesquisa sobre acesso à cultura no Brasil. Disponível em: <https:// www.nexojornal.com.br/expresso/2018/07/25/O-que-esta-pesquisa-revela-sobre-o-acesso-%C3%A0-cultura-no-Brasil>. Acesso em: 28 agosto 2019. DATAFOLHA. Cultura nas capitais: Como 33 milhões de brasileiros consomem diversão e arte. Disponível em: <http://www.culturanascapitais.com.br/exclusao/>. Acesso em: 28 agosto 2019. BIBLIOTECA YACUCHO. Venezuela. Disponível em: <http://ww1.bibliotecayacucho.info/?subid1=57d38ef4-1294-11ea-8c1e-df9ba9b29a53>. Acesso em: 22 setembro 2019. GEHL, Jan. Cidades Para Pessoas. 2 ed. São Paulo: Perspectiva, 2014. Tradução de: Anita Di Marco.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASA DE CULTURA M’BOI MIRIM. SECRETARIA DA CULTURA. São Paulo. Disponível em: <https:// www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/subprefeituras/m_boi_mirim/noti>. Acesso em: 23 setembro 2019. BIBLIOTECA PARQUE MANGUINHOS. Rio de Janeiro. Disponível em: < http://www.bibliotecasparque.rj.gov.br/manguinhos/a-biblioteca/>. Acesso em: 23 setembro 2019. ALONSO, Rodrigo. ARCHDAILY. Sobre escala humana nos projetos de arquitetura. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/882862/jan-gehl-nos-ultimos-50-anos-os-arquitetos-esqueceram-o-que-e-uma-boa-escala-para-o-ser-humano>. Acesso em: 12 agosto 2019. SESI. UNIDADES INDÚSTRIA DO CONHECIMENTO. Natal-RN. Disponível em: <https://www.rn.sesi. org.br/industria-do-conhecimento/>. Acesso em: 03 outubro 2019. FAVELA CRIATIVA. SECRETARIA DE CULTURA. Rio de Janeiro. Disponível em: <http://cultura.rj.gov. br/>. Acesso em: 03 outubro 2019. COOPERIFA. MOVIMENTO CULTURAL. São Paulo. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=OYbjAFFfOsk>. Acesso em: 06 junho 2019. CENTRO DE FORMAÇÃO CULTURAL CIDADE TIRADENTES. São Paulo. Disponível em: <http://cfcct. prefeitura.sp.gov.br/>. Acesso em: 30 julho 2019. FAGUNDES, Daniel. SANSACROMA. Video documentário: Imagens de uma vida simples. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=OYbjAFFfOsk>. Acesso em: 08 outubro 2019. MIDIATECA TERCEIRO LUGAR. Thionville. Dominique. Disponível em: < https://www.archdaily.com. br/br/872870/mediateca-terceiro-lugar-em-thionville-dominique-coulon-and-associes >. Acesso em: 22 setembro 2019.

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