Vinhos do Alentejo | Únicos por Natureza (PT)

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vinhos do alentejo ÚNICOS POR NATUREZA


Textos e coordenação de Luís Ramos Lopes / Fotografias de Nuno Luis (excepto páginas 14 e 16 de Tiago Caravana e página 19 de Telmo Ribeiro) / Desenho gráfico de Duas Folhas / Propriedade: CVRA-Comissão Vitivinícola Regional Alentejana


alentejo

sustentável

Guardião ocidental da Região Mediterrânica, o Alentejo vale mais do que ostenta. Num vasto palco que se espraia de Portugal ao Líbano, a história desta Região é moldada pelo mar que lhe dá o nome e pelos eventos geológicos e climáticos do passado remoto. Mas também e de uma forma indelével, pelo uso milenar que o Homem tem feito do território, esculpindo as paisagens que hoje vivenciamos. Não encontramos em nenhuma outra zona da Terra uma combinação tão intensa e sucessiva entre A história natural e a história das civilizações que cruzaram e marcaram a Região. Mas, se quisermos destacar elementos que ilustrem a relação secular do Homem com o meio ambiente mediterrânico, é provável que citemos os montados e as culturas da oliveira e da vinha. Afinal, elementos estruturantes das paisagens do Alentejo.

A biodiversidade é a variedade da vida sobre a Terra. Para além do seu valor intrínseco, fornece-nos produtos, serviços e é uma fonte de opções futuras que não devemos negligenciar. E a Região Mediterrânica é uma das áreas do planeta mais ricas em biodiversidade, com cerca de 13 mil espécies de plantas endémicas. Este notável valor natural coexiste com pressões diversas resultantes da acção humana no tempo e no espaço. E como os territórios da Região sujeitos a alguma protecção não ultrapassam os 5% da superfície total, é imperioso compatibilizar a conservação da natureza com desenvolvimento. O desafio é avassalador. Mas é também uma oportunidade para implementar localmente práticas agrícolas que promovam a biodiversidade salvaguardando o nosso próprio futuro. Os vinhedos são um elemento fundamental no mosaico da paisagem alentejana. E este caleidoscópio de diferentes usos do solo (vinhas, olivais, pousios, searas, montados, rios e povoados) é justamente uma das expressões mais mediterrânicas do Alentejo. Por isso é tão importante manter a diversidade paisagística tradicional para assegurar os valores naturais, preservar o solo e a água (recursos escassos) e fomentar a qualidade dos vinhos produzidos. A excelência desse exercício será devidamente escrutinada por todos os apreciadores dos vinhos do Alentejo como o verdadeiro compromisso com um futuro sustentável. João E. Rabaça Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais Mediterrânicas Universidade de Évora

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No Alentejo, a terra é tudo. É a terra que gera a vida e a alimenta. E é por isso uma terra acarinhada, cuidada pelas mãos de quem sabe que dela virá o seu sustento e o das gerações vindouras.

A TERRA 3


REGIÃO DE CONTRASTES O ALENTEJO ESTÁ LONGE DE SER UNIFORME

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TIPOS DE SOLOS VARIEDADE É UMA VANTAGEM

Do mesmo modo que o relevo da paisagem alentejana muda da planície para a serra, das colinas para os vales, também o solo apresenta uma enorme diversidade. Na verdade, o Alentejo concentra numa única região quase todos os tipos de solo existentes no país, com derivados de argila, calcário, quartzo, granito, xisto, areias, etc. São solos relativamente pobres, tendo por isso um aproveitamento tipicamente mediterrâneo, com destaque para os cereais, as pastagens, o montado de sobro e azinho, o olival e a vinha.

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ÁGUA Água significa vida, para plantas, animais e homens. Numa região com baixos índices de pluviosidade, como é o Alentejo, conservar a água da chuva, dos rios e ribeiros, e utilizá-la com moderação, são medidas essenciais à sobrevivência. Grandes albufeiras ou pequenas charcas contribuem aqui para a manutenção da biodiversidade.

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A rega gota a gota da vinha implica uma monitorização constante das videiras. Em situações de stress hídrico, a rega repõe os níveis adequados das plantas, constituindo um importante factor de qualidade.

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As primeiras gotas de água são suficientes para trazer alguma vida ao solo gretado pela seca. Com a continuação, a chuva engrossa riachos e ribeiros, transportando nutrientes para os rios e albufeiras e suportando uma cadeia alimentar constituída sobretudo por insectos, répteis, anfíbios, aves aquáticas e, é claro, os peixes. Na bacia do Guadiana proliferam espécies autóctones, como barbos e bogas, bordalos e cabozes, pardelhas e saramugos. Mas também espécies introduzidas no início do século XX, como a perca, a carpa, o lúcio e o achigã.

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A lua cheia domina o céu, bela e imponente. Com o cair da noite, o astro agiganta-se no horizonte e à medida que se eleva ilumina tudo à sua volta, desde as humildes estevas até às copas altaneiras dos sobreiros. Aos primeiros raios solares, esconde-se atrás dos montes.

LUAR DE AGOSTO 10


NOITE e dia


O CICLO DOS DIAS

No campo, os ciclos solares e lunares definem o ritmo vital. Plantas e animais regulam-se pelos relógios celestes desde o início dos tempos. A noite no Alentejo tem som e movimento. Começa a sinfonia das rãs nas charcas, as lebres chegam-se à vinha para comer as uvas doces, o javali deixa o refúgio das silvas e busca as bolotas no montado, a coruja e a raposa saem para caçar. Com o nascer do dia, a paisagem transforma-se e surgem outros protagonistas.

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O Alentejo tem o privilĂŠgio de usufruir de mais de 3000 horas de sol por ano, um valor bem acima da mĂŠdia nacional, jĂĄ de si das mais elevadas da Europa.

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O colhereiro e o milhafre real são duas das mais belas e exóticas aves que se avistam na paisagem alentejana, a primeira residente, a segunda sobretudo migratória.

As zonas húmidas, as florestas e os campos de cereal abrigam e alimentam centenas de espécies de aves, de todos os tamanhos, formas e cores.

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A baixa densidade populacional, as culturas extensivas e com pouca intervenção humana (como a vinha, o montado ou a estepe cerealífera, com os seus restolhos, pousios e campos lavrados), as práticas agrícolas sustentáveis, os rios, ribeiros e espelhos de água doce, fazem do Alentejo a região de Portugal com maior riqueza de vida selvagem.

A VIDA SELVAGEM UM PATRIMÓNIO NATURAL

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O Alentejo possui dezenas de zonas classificadas ao abrigo da Rede Natura 2000, rede ecológica da União Europeia destinada a assegurar a biodiversidade, pela conservação da fauna e flora selvagens e de habitats naturais.

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Devido à presença de barrancos e ribeiros, relevo acidentado ou solos pobres e pedregosos, existem muitas áreas não cultivadas, onde prolifera a vegetação espontânea.

HABITAT PRESERVADO A proximidade geográfica das zonas incultas que fornecem protecção, repouso e dormida, com as zonas de alimento (montado, cereal ou pastagens), origina excelentes condições para os mamíferos de maior porte, como o veado e o javali, espécies em franco crescimento.

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Em declínio na Europa, a lontra tem uma população estável e relativamente abundante no Alentejo, para o que contribuem as muitas manchas de água doce não poluída.

As abelhas têm um papel muito importante na polinização e manutenção da biodiversidade da flora. Ao alimentarem-se do pólen de esteva, sargaço, rosmaninho, soagem, eucalipto, cardo, tomilho, laranjeira ou alecrim produzem o Mel do Alentejo, um produto com Denominação de Origem Protegida.

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Os campos mudam de cor, em inúmeros matizes, acompanhando as estações do ano. No Outono, predomina o castanho da terra lavrada e o alaranjado das folhas das videiras. As primeiras chuvas de Inverno dão origem a extensos mantos verdes que na Primavera se cobrem de uma explosão colorida de flores silvestres, com os seus vibrantes amarelos, vermelhos, lilases. O Verão traz o dourado do cereal maduro e dos restolhos, após as ceifas.

AS PLANTAS CORES, FORMAS, TEXTURAS, AROMAS

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BELEZA SUSTENTÁVEL

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Uma planta pode ser bela, pode ser útil e pode ser ambas as coisas. A utilização das plantas e fungos selvagens na alimentação está enraizada na cultura alentejana.

Orégãos, hortelã da ribeira, poejos, catacuzes, alabaças, beldroegas, cardos, espargos ou saramagos. A maior parte das ervas comestíveis têm grande sensibilidade aos produtos agro-químicos. A sua presença indicia uma agricultura responsável e sustentável.

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A cortiça é retirada cuidadosamente, à mão, de nove em nove anos. Com características únicas, é uma matéria prima natural, renovável, reutilizável e reciclável.

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Sobreiros, azinheiras e oliveiras são as árvores mais comuns na floresta alentejana e constituem um ecossistema muito próprio e de delicado equilíbrio, responsável por grande parte da biodiversidade de fauna e flora da região. Desenvolvendo-se em perfeita harmonia com as outras espécies animais e vegetais, a floresta do Alentejo é ao mesmo tempo geradora de riqueza e de bem-estar ambiental.

A FLORESTA 25


Como a generalidade das árvores, o sobreiro produz oxigénio. Mas a sua singularidade advém-lhe do facto de possuir uma estrutura celular complexa e muito particular, que lhe permite também reter o dióxido de carbono, gás que é o principal responsável pelo efeito de estufa e consequente aquecimento global. O sobreiro é por isso duplamente benéfico para o ambiente.

DEFESA NATURAL UMA ÁRVORE SINGULAR

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O olival tradicional é indissociável da paisagem alentejana. Neste modelo de plantação, as árvores conseguem produzir com regularidade durante mais de cem anos e podem viver bem além de mil.

Redondil, carrasquenha, cordovil, verdeal são algumas das variedades de azeitona que dão origem a azeites certificados com Denominação de Origem Protegida: Moura, Norte Alentejano ou Alentejo Interior.

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A vinha é uma cultura essencial para o Alentejo, sendo um dos principais factores de fixação das populações numa região que corre riscos de desertificação. Trabalhada com respeito pelas boas práticas ambientais, a vinha contribui igualmente para manter e promover a biodiversidade do ecossistema. A produção e protecção integrada dão primazia aos mecanismos de regulação natural de forma a garantir a regeneração do solo, a diversidade biológica e a redução dos factores poluentes, assegurando, a longo prazo, uma agricultura sustentável.

A vinha 28



Da videira selvagem (vitis silvestris) pré-histórica, de que ainda sobrevivem diversos exemplares no Alentejo, evoluiu-se de forma natural para as castas de uva que hoje conhecemos, perfeitamente adaptadas aos solos e clima da região. Esse clima, relativamente quente e seco na fase de formação e amadurecimento das uvas, desencoraja as pragas e doenças da videira. Com a prevenção adequada, a utilização de agro-químicos na vinha é assim drasticamente reduzida. A moderna vinha alentejana é, ao mesmo tempo, economicamente viável e ecologicamente segura. A viticultura em regime de protecção integrada, ou mesmo em modelo inteiramente biológico, é hoje uma realidade um pouco por todo o Alentejo.

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Uma videira velha, retorcida pelo tempo, continua a agarrar-se à vida e a oferecer os seus frutos em cada vindima. É o melhor testemunho da tradição regional numa actividade que, além de económica, é também social e cultural.

SÍMBOLO VIVO

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A videira é um organismo que trabalha em simbiose com muitos outros organismos. Essa diversidade biológica, que abarca muitas espécies de fauna e flora auxiliares, é fundamental para se fazer uma viticultura de qualidade e obter uvas de excelência, originando vinhos com mais carácter e intensidade, vinhos que cheiram e sabem a Alentejo.

UMA ALIANÇA ECOLÓGICA

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Comissão Vitivinícola Regional Alentejana Rua Fernanda Seno n.º 12 Apartado 498 7006-806 Évora - Portugal T: (+351) 266 748 870 F:(+351) 266 748 879 www.vinhosdoalentejo.pt cvralentejo@vinhosdoalentejo.pt

ROTA DOS VINHOS DO ALENTEJO Praça Joaquim António de Aguiar, nº 20-21 Apartado 2146 7001-901 Évora - Portugal T: (+351) 266 746 498 ou 266 746 609 F: (+351) 266 746 602 rota@vinhosdoalentejo.pt


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