Fanzine Mitologia Egípcia

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Seja bem-vindo ao Egito antigo, mais especificamente à cultura mitológica de milhares de anos desse povo fascinante! Convido você para conhecer um pouco de como era a complexa religião dos egípcios antigos, suas tradições, os mistérios dos seus deuses, seus santos sacerdotes e também como tudo foi criado e como tudo um dia será destruído, segundo suas crenças. Fanzine produzido, idealizado e editado por Vinícius Sevério, aluno do 5º período de Design Gráfico do IFF- Campus, Centro. Profundo admirador de mitologias e religiões do mundo todo, com um sonho de um dia estudar e conhecer um pouco de cada uma delas. Boa leitura e que os deuses estejam com você!


h ------ Surgimento do Mundo f-----Sacerdotes dos deuses g ---------- Fim do Mundo o ----------------------- Deuses z ---------------------------- Rรก l ------------------------- Nut p ---------------------- Sobek a ------------------------ Anubis k --------------------------- Isis y ---------------------- Osiris w ------------------------- Hรณrus e -------------------------- Uto


surgimento do mundo A religião egípcia era tão complexa e com tantos deuses, que existiam três vertentes de criação, cada um de uma cidade: Mênfis, Heliópolis e Amarna. Dentre esses mitos, o mais difundido foi o da cidade de Heliópiolis, que coloca o deus Atum-Rá (fusão dos deuses Rá e Atum, (Atum que é representado pela primeira figura ao lado)) como o criador de tudo, assim é o mito: No princípio era o caos (Nun), representado pelas águas turbulentas do Rio Nilo, dentro do qual se ocultava Atum-Rá, escondido num botão de lótus. Este se manifestou sobre o caos, criando dois filhos divinos: o deus do ar Shu e a deusa da umidade Tefnut. Estes, por sua vez, foram os responsáveis por gerar os deuses da Terra e do céu, respectivamente Geb e Nut. Geb e Nut eram apaixonados, porém foram proibidos de se unirem, pois, caso isso ocorresse, Rá não teria como atravessar o céu com sua barca. Se por ventura Rá não fizesse esse ciclo diário, o mundo acabaria, e o caos voltaria a reinar. Porém, a deusa Nut pediu ao deus da sabedoria, Toth para que pudesse se unir a seu amado. Toth atendeu seus anseios e criou mais cinco dias no calendário, e os irmãos assim puderam consumar sua união. Da união destas divindades surgiram Osíris, Ísis, Néftis e Seth. Shu, o deus do ar descobriu a união de Geb e Nut e interpos-se no meio deles. Ou seja, o ar era o responsável pela sustentação do céu, para que este não caísse na terra (conforme a segunda figura ao lado). Ou seja, os egípcios viviam em Geb, respiravam Shu, viam Nut acima e admiravam e davam graças ao brilho diário de Rá.

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sacerdotes dos deuses O antigo Egito foi dividido em quatro fases, são elas: Império Antigo (de 2575 a 2134 a.C.), Império Médio (até 1640 a.C.), Império Novo (até 1070 a.C.) e Período Tardio (até 330 a.C.). Desde o Império Antigo as camadas sociais foram fundamentais para hierarquizar o povo; Os sacerdotes se destacavam como a segunda classe mais importante para toda a nação, atrás apenas do Faraó. No Império Médio surgiu a hierarquia dos sacerdotes (e se manteve até o Período Tardio), como forma de organizar essa classe tão importante, detalhando as atribuições e os deveres de cada um: Sumo Sacerdote (administrava o grande templo e detinha conhecimentos nas áreas de geometria, leitura, escrita, artes, ciências, astronomia e aritmética) Segundo Profeta (cuidava da administração financeira dos templos) Sacerdotes Leitores (recitavam ao público a palavra dos deuses) Sacerdotes Sem (organizavam e executavam rituais de funeral) Sacerdotes das Horas (organizavam os calendários dos festivais). No que diz respeito à vestimenta dos sacerdotes, fora o fato de que eles eram obrigados a se depilarem, usavam traje de linho e sapato de papiro, porém alguns sacerdotes usavam roupas diferentes como indicativo do seu ofício; Os Sacerdotes Sem, por exemplo usavam mantos feitos com pele de leopardo (como é possível notar na primeira figura ao lado). No decorrer do Império Médio a supremacia dos sacerdotes ficou menos em evidência, retornando com força total a partir do Império Novo graças ao crescimento da importância dos templos religiosos e o desenvolvimento da superstição e da magia.

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o fim do mundo Não há relatos de um final de tudo e de todos que os egípcios temiam, o mais próximo disso era a existência e imortalidade da serpente Apep (figura ao lado), cujo o único objetivo era a total aniquilação dos deuses, dos demais seres e do mundo todo. O Deus Rá cruzava o céu durante doze horas com sua barca trazendo o Sol e nas próximas doze horas ele cruzava o submundo enfrentando a temida serpente Apep, a cada hora Rá se encontrava em um portão do submundo onde a serpente Apep insistentemente tentava derrota-lo, porém sempre era vencida, mas o ciclo continuava no outro dia. Durante a noite os egípicio evitavam sair de suas casas, pois temiam a serpente, a grande esperança desse povo era a volta de Rá com o Sol. Apep é considerada a personificação do caos no submundo é a própria destruição e o mal. Apep surge como uma serpente gigantesca, com 30 metros de comprimento, é servida por hordas de demônios, a maioria possuindo qualidades de serpente do fogo. Para os egípcios, quando havia um eclipse, um terremoto, ou uma tempestade era Apep, utilizando algum artifício para destruir a barca de Rá e devorá-lo. Existe um conjunto de textos conhecidos hoje em dia como o Livro de Apófis que é uma coleção de feitiços mágicos para derrotar Apep, que datam do Império Novo. O grande temor desse povo era a vitória de Apep e consequêntemente a não mais vinda do Sol. Basicamente esse era o possível fim do mundo dos egípicios antigos.

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deuses

Os Deuses Egípcios são divindades onipresentes e metamórficas que influenciavam os elementos e controlavam a natureza.

Estas divindades possuíam cararacterísticas acima da capacidade humana.

Poderiam, estar presente em vários locais ao mesmo tempo, assumir várias formas, inclusive de animais e interferir diretamente nos fenômenos da natureza.


Nas prรณximas pรกginas iremos conhecer um pouco mais sobre oito desses deuses.


ra Rá é considerado a principal divindade da mitologia egípcia, conhecido como o deus sol e criador dos deuses e da ordem divina. Descreve-se que Rá se esforçou tanto para terminar o trabalho da criação do mundo que chorou, e de suas lágrimas fez surgir os humanos e tudo o que crescia sobre os campos. A sede do culto do deus Rá ficava em Heliópolis. Os faraós de Tebas, querendo livrar-se da hegemonia do deus criado pelos sacerdotes, adotaram Amon como deus supremo. Daí surge uma

combinação entre os dois deuses que ficou denominada como Amon-Rá, e seu culto teve duração de vinte séculos. O deus Sol era entendido em quatro fases: a primeira ao nascer do sol, recebendo o nome de Khepri; a segunda ao meio-dia, sendo contemplado como um pássaro; a terceira ao pôr-do-sol, visto como um homem velho que descia à terra dos mortos; na quarta fase, durante a noite, era visto como um barco que navegava ao leste preparando-se para o dia seguinte, onde tinha de lutar ou fugir de Apep, a grande serpente má.

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nut Nut é a deusa Mãe dos Céus que acolhe os mortos de seu império. Representada como uma mulher com o corpo, alongado, coberto de estrelas e a pele azul, mas também era retratada como uma mulher carregando um vaso na cabeça com água, que representa o útero, ou por uma belíssima mulher, trazendo o disco solar orlando sua cabeça. Um símbolo sagrado de Nut era a escada, usado por Osiris para entrar em seus céus celestiais. Filha de Tefnut e Shu, esposa de Geb e mãe de Osíris, Isis, Seth, Néftis e Hathor; Nut é considerada uma

das mais antigas deusas, com as suas origens sendo encontrado na história da criação de Heliópolis, onde se iniciou a obra da criação do mundo. Nut era festejada no “Festival das Luzes”; nos seus inúmeros templos serviam apenas mulheres, que cuidavam dos seus altares e rituais, na esperança de que após sua morte iam brilhar como “estrelas no corpo da Deusa celeste”. Era comum homenagear a deusa nas tampas dos sarcófagos, tanto dos reis, quanto das pessoas humildes, assegurando assim a sua proteção após a morte.

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sobek Sobek era o deus-crocodilo, representado como um homem com cabeça de crocodilo. Os seus principais centros de culto no Antigo Egito eram Fayum e Kom Ombo, porém em todo o Alto Egito, surgiram vários santuários dedicados ao culto de Sobek, em alguns desses templos existiam anexamente, tanques com crocodilos sagrados, além de mumificações dos mesmos. Sobek estava ligado ao culto do sagrado rio Nilo, da divinização da água, fertilidade e proteção de todo o povo tendo por isso clero e rituais próprios para sua adoração.

O seu culto foi particularmente ativo com vários faraós com onomástica dedicada ao deus, como Sobek-hotep III e IV (XIII dinastia, c. 1795-c. 1650 a. C.) ou Sobek-neferu. Sobek foi assimilado a Amon e a Rá a partir do Império Médio, o que revela sua importância para os egípcios. Como o Sol que todos os dias saía da terra e se elevava no céu, também todos os dias o crocodilo saia da água, associando Sobek ao deus primordial Rá e também fazendo alusão à ressureição de Osíris.

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anubis Anúbis é o deus representado por um homem com cabeça de chacal e pele escura, associado com a mumificação e a vida após a morte. A menção mais antiga a Anúbis está nos Textos das Pirâmides do Império Antigo, onde é associado com o enterro do Faraó. Anúbis era, filho de Néftis (deusa dos desertos) com o deus Osíris e teve um filho, de nome Kebechet. Como muitas divindades egípcias, Anúbis assumiu diversos papeis em vários contextos, e nenhuma procissão pública no Egito era realizada sem uma representação de

Anúbis marchando em seu início. Os egípcios antigos acreditavam que no julgamento de um morto era pesado seu coração e a pena da verdade; Caso o coração fosse mais pesado que a pena o defunto era comido por Ammit (um demônio cujo corpo seria composto por partes de um leão, hipopótamo e crocodilo) mas caso fosse mais leve o morto poderia ter acesso ao paraíso ou a alma poderia voltar ao corpo. Seu principal feito foi a mumificação de seu pai, Osíris após ter sido esquartejado pelo própio irmão invejoso, Seth.

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isis Ísis, é uma deusa cuja adoração se estendeu por todas as partes do mundo greco-romano, e posteriormente por todo o mundo. É cultuada como modelo de mãe e esposa ideais, protetora da natureza e da magia. É a amiga dos escravos, pescadores, artesãos, oprimidos, assim como a que escutava as preces dos opulentos, das donzelas, aristocratas e governantes. Ísis é a deusa da maternidade e da fertilidade. Teve um irmão, Osíris, que veio a tornar-se seu marido, tendo se afirmado que ela havia concebido Hórus. Ísis contribuiu para a ressur-

reição de Osíris quando ele foi assassinado por Seth. As suas habilidades mágicas e a ajuda do deus Anubis devolveram a vida a Osíris após ela ter reunido as diferentes partes do corpo dele que tinham sido despedaçadas e espalhadas sobre a Terra. A estrela Sirius está associada a Ísis, o surgimento dela significava o advento de um novo ano, e Ísis foi igualmente considerada a deusa do renascimento e da reencarnação. O Livro dos Mortos descreve um ritual especial, para proteger os mortos, que permitia viajar em qualquer parte do mundo subterrâneo.

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osiris Osíris era o deus superior dos egípcios durante o Império Antigo, assumindo a vertente de deus funerário. Sabe-se que Osíris é oriundo da região de Busíris, no Baixo Egito e era um dos mais populares, cultuado desde épocas remotas até o fim da independência política do Egito. Em sua homenagem foram construídos diversos templos, sempre respeitando a deusa da bondade, que era considerada sua esposa, Ísis. A tríade que completava a principal família de deuses míticos do Egito antigo completava-se com o filho Hórus.

No início de seu culto, era conhecido apenas por ser a reencarnação de forças da terra e das plantas. A representação mais antiga de Osíris data de 2300 a.C.; suas representações são de um homem mumificado, em pé, com a pele negra ou verde, normalmente aparece com a cabeça coberta por uma mitra branca, representando um ser bondoso que assegura vida e felicidade eterna para todos os seus protegidos. Osíris era o responsável por governar a terra através das águas do Nilo, restaurando a vida após os períodos de seca.

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horus Com cabeça de falcão e os olhos representando o Sol e a Lua, assim é Hórus, o deus herói. Matou Seth, tanto por vingança pela morte do pai, Osíris, como pela disputa do comando do Egito. Após derrotar Seth, se tornou o rei dos vivos no Egito. Perdeu um olho na luta, que foi substituído por um amuleto de serpente, (que os faraós passaram a usar na frente das coroas), o olho de Hórus, que simbolizava o poder real foi um dos amuletos mais usados no Egito em todas as épocas. Os egípcios antigos acreditavam que as fases da lua eram o olho

ferido de Hórus. Hórus foi concebido por Isis, quando Osíris, que era seu pai, já estava morto. A lenda sugere que a fecundação ocorreu quando Isis, na forma de um pássaro, pousou sobre a múmia do esposo. Originalmente era o deus do céu, voando sobre o Egito como um poderoso falcão. Quando Hórus derrotou o assassino de seu pai, ele se transformou no rei de todo o Egito, unindo assim, o Alto Egito e o Baixo Egito, e é descrito usando uma coroa branca e vermelha (Baixo e Alto Egito).

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uto Uto era a deusa padroeira do Baixo Egito (o que correspondia à região do Delta do Nilo), foi a criadora do papiro e está associada à proteção, justiça e ao poder de cura; seu nome significa “A verde” (cor das serpentes) e “A da cor do papiro” (numa alusão à planta do papiro, que era a planta heráldica do Baixo Egito). Uto começou por ser uma deusa ligada à vegetação e a natureza, tendo se transformado numa deusa da realeza egípcia. É ela quem toma conta do pequeno deus Hórus, escondido nos pântanos do delta por Ísis, o qual alimentou com o seu leite.

O principal centro de culto da deusa era Per-Uadjit, localidade a que levou o nome de Buto e que corresponde à moderna Tel el-Farém. As informações mais antigas sobre a deusa datam da época do Império Médio. Durante a época do Império Novo a deusa tornou-se guardiã dos túmulos das necrópoles de Tebas (Vale dos Reis), acreditando-se que atacava aqueles que tentavam pilhá-los. Era representada como uma mulher com cabeça de serpente alada ou como uma cobra enrolada dentro de um cesto de papiros.

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