Visualização de dados oficiais sobre microcefalia associada ao vírus zika

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Trabalho de Conclusão de Curso

Visualização de dados oficiais sobre microcefalia associada ao vírus zika

Aluno

Vinicius Sueiro

Orientadora

Profa. Dra. Giselle Beiguelman

Curso

Design FAU USP

Data

5 / 12 / 2016



Trabalho de Conclusão de Curso

Visualização de dados oficiais sobre microcefalia associada ao vírus zika

Aluno

Vinicius Sueiro

Orientadora

Profa. Dra. Giselle Beiguelman

Curso

Design FAU USP

Data

5 / 12 / 2016



Visualização de dados sobre microcefalia

Resumo

7

Introdução

9

Dados

12

Visualização

19

Usuários

30

Requisitos

32

Desenvolvimento

34

Projeto

40

Considerações

49

Referências

50

3



Visualização de dados sobre microcefalia

Não basta fornecer a informação e dificultar o acesso a ela Lilian Venturini, Redatora de política e economia do Nexo em reportagem sobre o cumprimento da Lei de Acesso à Informação pelos governos

5



Visualização de dados sobre microcefalia

Resumo

O projeto é um redesenho do painel de gráficos utilizado pelo governo para comunicar dados sobre microcefalia. A ferramenta atual criada pelo Ministério da Saúde recebe atualizações semanais com dados de bebês vítimas da síndrome congênita do vírus zika, que pode causar deficiências auditivas, visuais e motoras, além da microcefalia. É um site bastante completo, mas poderia ficar melhor. Este painel é muito acessado por jornalistas que buscam guiar e contextualizar suas reportagens através de números oficiais. Com esta situação em mente, foi projetado um novo painel que busca simplicidade e clareza, além de permitir comparações mais precisas e apresentar um panorama da evolução do surto pelo país. Tudo isso foi desenvolvido após um cuidadoso tratamento de dados e em contato frequente com jornalistas e outros profissionais da mídia impressa e digital. A visualização permitirá que os números oficiais sejam facilmente analisados, contextualizados e criticados por jornais, revistas e especialistas, transformando dados brutos do governo em informação contextualizada para as pessoas.

Visualização, dados, microcefalia, zika, informação, jornalismo, digital, interface, ciência, saúde 7



Visualização de dados sobre microcefalia

1

Introdução

1.1 Zika O vírus foi identificado pela primeira vez em 1947

a Copa do Mundo ou um campeonato de

no sangue de um macaco rhesus na floresta

canoagem realizado no Rio com a presença

de Ziika, em Uganda. Um ano depois, também

de atletas da Polinésia Francesa.

foi encontrado no mosquito Aedes africanus. Os primeiros casos em humanos surgiram em 1952 na mesma região, e sua afinidade com DNA humano cresceu continuamente, até que em 2007 houve um surto na Ilha de Yap, em que 73% dos residentes foram infectados. Os sintomas foram classificados como leves e a doença considerada benigna, pois dura poucos dias. O primeiro caso por transmissão sexual foi reportado em 2008 quando um pesquisador, infectado no Senegal, contaminou sua esposa no Colorado. Entre 2013 e 2014 ocorreram epidemias em outras quatro ilhas do pacífico: Polinésia Francesa, Ilha de Páscoa, Ilhas Cook e Nova Caledônia. Houve milhares de casos suspeitos e testes apresentaram uma possível relação entre infecção por zika e má-formações congênitas e graves complicações neurológicas e autoimunes.

Figura 1. Imagem de vírus zika, destacados

Neste período foi identificada a possível

em vermelho, capturada por um microscópio

transmissão da gestante para o bebê (através da

eletrônico de transmissão (ZORZETTO).

placenta ou durante o parto), além do potencial de transmissão por transfusão sanguínea, reportada

Entre fevereiro e abril de 2015, o Brasil notificou

na Polinésia Francesa quando doadores, que não

aproximadamente 7.000 casos no nordeste do

apresentavam sintomas (como 80% dos infectados

país à Organização Mundial da Saúde (OMS) que

por zika) tiveram sorologia positiva para o vírus.

apresentavam sintomas similares aos da zika, mas nenhum teste para a doença foi realizado.

Há fortes indícios de que o vírus tenha chegado

Em julho foram reportados os primeiros casos de

ao Brasil em 2014, possivelmente durante

distúrbios neurológicos associados a um histórico 9


Introdução

de infecções: 49 casos foram confirmados como

O principal indício da condição é a criança

síndrome de Guillain–Barré, quando o sistema

apresentar perímetro cefálico menor que 2

imunológico ataca tecidos nervosos, levando à

ou 3 desvios padrão (ZORZETTO; OMS).

paralisia de alguns membros. Em outubro o país identificou um aumento incomum de microcefalia

O quadro está frequentemente associado

em recém-nascidos. Em novembro o vírus zika

a complicações futuras, como epilepsia,

foi encontrado no sangue de um bebê com

paralisia cerebral, dificuldades de aprendizado,

microcefalia, que faleceu após 5 minutos de vida.

problemas visuais e de audição, entre outros. A abrangência da condição é muito grande,

Nos meses seguintes foram confirmados casos

o que implica que algumas crianças podem,

de zika com transmissão autóctone (local) em

inclusive, se desenvolver normalmente.

diversos países da América Latina e Central. Cresceram também os casos de Guillain–Barré

Suas causas são historicamente associadas a

associados a infeção por zika (OMS, 2016).

infecções por parasitas (toxoplasmose), bactéricas (sífilis) ou vírus (rubéola, citomegalovírus, herpes, HIV e, mais recentemente, zika). A exposição da

1.2 Microcefalia

gestante a produtos tóxicos, o consumo de álcool, fumo, subnutrição e predisposição genética também são causas conhecidas de microcefalia. É possível identificar a condição através de

Em termos simples, a microcefalia é uma

ultrassom, especialmente no terceiro trimestre.

condicão em que a criança nasce com o perímetro

Contudo é durante o nascimento que o

cefálico menor do que o considerado normal.

diagnóstico é frequentemente realizado. Não existe tratamento para a microcefalia, o recomendado é que haja um grupo multidisciplinar de profissionais que auxiliem a família a estimular o desenvolvimento da criança, tanto no aspecto cognitivo quanto motor. Segundo a bioquímica Margareth Capurro e o virologista Paolo Zanotto, ambos do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB USP), hoje há consenso na comunidade científica sobre a infecção por zika causar microcefalia e síndrome de Guillain–Barré (USP TALKS).

Figura 2. Gráfico mostra como a porcentagem de crianças com determinado perímetro cefálico varia em uma população (ZORZETTO).

Os critérios são definidos pela Organização Mundial da Saúde e devem levar em conta o tipo de nascimento (normal ou prematuro), tempo de vida, sexo, peso e tamanho da criança. 10


Visualização de dados sobre microcefalia

1.3 Relevância — Zika virus

671 artigos até junho

— Dengue fever — Microcephaly

2004

2007

2010

2013

2016

1952

1970

1985

2001

2016

Figura 3. Gráfico gerado pelo Google Trends em agosto.

Figura 4. Evolução da quantidade de trabalhos

Apesar da grafia em inglês, esta ferramenta possibilita

publicados anualmente no Pubmed que contém

pesquisar “microcephaly” enquanto assunto e, portanto,

o termo “zika”. É evidente a sintonia da produção

contabiliza buscas feitas com termos diferentes, mas que

acadêmica com a tendência do gráfico anterior.

possuem a mesma conotação (como “microcefalia”).

Dados atualizados até 6 de junho de 2016.

Palavras como “zika” e “microcefalia” começaram

Também é possível observar que o volume de

a ganhar muito destaque em outubro de 2015.

publicações científicas e médicas cresceu muito.

Utlizando a ferramenta Google Trends, que

Para se ter uma ideia, de 1952 até 2015 a base de

mostra o volume de busca relativo para cada

artigos biomédicos Pubmed registra 218 trabalhos

termo desde 2004, é possível notar que os

sobre zika. Em junho de 2016 o número de

dois assuntos atingiram seu pico em fevereiro

trabalhos publicados já superava 670, mais que o

deste ano e entraram em queda nos meses

triplo da produção acadêmica dos últimos 60 anos.

seguintes (possivelmente por conta do cenário

Este aumento exponencial pode ser claramente

político que tomou conta dos noticiários).

percebido no gráfico acima. Agora no verão o

Apesar disso, o tema se torna mais relevante

assunto deve voltar a ter destaque na mídia, já que

a cada novo caso confirmado de microcefalia

é o período com maior infestação do mosquito

associado à infeção da gestante por zika.

transmissor (ANDRADE, ZORZETTO; PUBMED).

11


Dados

2

Dados

Todas as informações apresentadas nesta

(ver seção sobre microcefalia no capítulo de

seção se referem à pesquisa que foi realizada

introdução). Na sequência estes dados são,

até junho de 2016. A maior parte aconteceu

semanalmente, compilados pelas Secretarias

antes da publicação do painel do SAGE.

Estaduais de Saúde e enviados ao Ministério. Um grupo composto por especialistas valida (remove itens duplicados, por exemplo) e

2.1 Como são levantados Informações sobre nascimentos no país são normalmente cadastradas pelos

monta o informe epidemiológico seguinte.

2.2 RESP

gestores de hospitais no SINASC (Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos), uma

Os dados coletados pelo RESP não estão

ferramenta online bastante completa e,

disponíveis para pesquisadores nem para

consequentemente, de lento preenchimento.

veículos de comunicação. A alegação do Ministério da Saúde em fevereiro deste ano é

Na busca por agilidade, o Ministério da Saúde criou

de que os dados estão incompletos, não estão

em novembro de 2015 o RESP (Registro de Eventos

validados e que contém informações pessoais.

em Saúde Pública), um formulário online específico

Esta justificativa pode ser vista no pedido de

para reportar casos suspeitos de microcefalia e/

acesso aos dados do RESP solicitado por um

ou alteração do SNC (sistema nervoso central).

pesquisador e desenvolvedor de aplicativos em

Se a criança nasce com um possível quadro de

fevereiro deste ano (RESP, pedido de acesso).

microcefalia (identificado a partir do perímetro cefálico), o caso é notificado (RESP; BEDINELLI). A partir daí o município e o estado passam a investigar se a medição foi feita de acordo com os critérios da OMS, se há outros sinais de

Havendo interesse em trabalhar com uma base de dados mais precisa, é possível solicitar a base de dados do Sistema de Informação

microcefalia (identificados através de exames

de Nascidos Vivos (SINASC), pois este é o

de imagem) e qual a possível causa da condição

sistema oficial de registro de microcefalia, e

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Visualização de dados sobre microcefalia

que possui série histórica que lhe permitirá realizar análises e projeções precisas. Lamentamos, mas não podemos fornecer uma informação não validada e com duplicidades. Além disso, o sistema possui informações pessoais, cuja disponibilização é restrita por lei. Portanto, não é permitida a liberação da base de dados na íntegra, como solicitado Trecho da resposta de Cláudio Maierovitch Pessanha Henriques, Diretor Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis Secretaria de Vigilância do Ministério da Saúde.

Esta solicitação foi categorizada como “acesso concedido”, embora o ministério tenha recomendado ao pesquisador pedir os dados de outra base (SINASC), também através da Lei de Acesso à Informação. O próximo item trata das dificuldades específicas deste outro sistema.

Figura 6. Solicitei acesso aos dados do formulário RESP como pessoa física, mesmo sabendo que eles são destinados aos gestores. A resposta veio no dia seguinte à solicitação: “rejeitado”.

2.3 SINASC Mesmo com a crescente demanda por informações Figura 5. Formulário RESP, criado para

sobre o tema, a seção do DATASUS em que os

agilizar as notificações de microcefalia

dados no SINASC são disponibilizados mostra 13


Dados

apenas informações sobre os nascimentos entre 1994 a 2013 (SINASC). Buscando suprir essa necessidade, uma pesquisadora em epidemiologia, formada pela USP e com doutorado pela Universidade de Oxford, solicitou em janeiro de 2016 acesso aos dados de 2014 e 2015 sobre os nascidos vivos. A resposta chegou em meados de fevereiro e dizia que os dados de 2014 já estavam disponíveis e que as informações sobre 2015 ainda estavam sendo cadastradas. No mesmo parágrafo delimitouse um prazo de menos 10 dias para finalizar as inconsistências e consolidar preliminarmente os dados de 2015. Contudo, os dados continuam indisponíveis na página (checagem feita dia 6 de junho de 2016) (SINASC, pedido de acesso).

2.4 Informes e boletins As fontes de informação mais citadas por veículos de comunicação são os informes e boletins epidemiológicos, disponíveis no site oficial de prevenção e combate à dengue, chikungunya e zika (combateaedes.saude.gov. br). No ar desde 21 de dezembro de 2015, seu objetivo é esclarecer dúvidas da população através de materiais didáticos atualizados, orientações para gestantes, identificação de rumores e explicações sobre as 3 doenças. O site também traz material voltado a profissionais da saúde, como informações atualizadas e diretrizes do ministério. Os dados estão concentrados na página “Situação epidemiológica”, em que há uma lista com mais de 40 links para arquivos PDF, dividos em 3 categorias: informes epidemiológicos ; boletins sobre microcefalia e boletins sobre dengue, chikungunya e zika.

Figura 7. Página de início do hotsite “Combate Aedes”, que trata da prevenção e da luta em relação à dengue, chikungunya e zika. Há constantes atualizações e parte do conteúdo é bastante didática.

14


Visualização de dados sobre microcefalia

Figura 9. Na busca por melhorar a experiência do usuário, um mapa da ferramenta “Google My Maps” é atualizado a cada novo informe para mostrar os valores acumulados dos casos de microcefalia em investigação, confirmados e descartados (por UF), além do total de 2015 a 2016.

Figura 8. A página “Situação epidemiológica” pode ser acessada através de 4 links distintos na barra lateral da página inicial e conta com mais de 40 informes e boletins sobre a epidemia para download.

15


Dados

2.4.1 Informes Epidemiológicos PERÍODO: 15/11/2015 – 28/05/2016

Direcionados aos casos de microcefalia e/ou alterações do SNC (sistema nervoso central), estes documentos apresentam tabelas com casos notificados, número de municípios afetados e taxas de óbito fetal ou neonatal por estado. Há também mapas que mostram os municípios brasileiros e países americanos com casos notificados e confirmados.

2.4.2 Boletins Epidemiológicos Microcefalia PERÍODO: 17/11/2015 – 26/12/2015

Possui caráter de documentação e divulgação sobre a situação da microcefalia no Brasil. Apresenta as ações nacionais e estaduais de mobilização, definições de termos e mapa com casos suspeitos em cada município, além da somatória para cada UF em formato de tabela.

2.4.3 Boletins Epidemiológicos (dengue, chikungunya e zika) PERÍODO: 4/1/2015 – 23/4/2016

Estes boletins começaram a ser publicados em 2014 e, primeiramente, tratavam apenas da dengue. Com o passar dos meses, foram incluídos no relatório dados sobre chikungunya e, posteriormente, zika. Nos mapas apresentados, cada município é colorido de acordo com a quantidade de casos de certas doenças. Esta prática normalmente nos faz perceber os dados de forma errada: grandes municípios ganham muito destaque gráfico (pelo fato da área ser maior) e levam o usuário a crer que há uma concentração maior de casos na região, o que pode não ser verdadeiro. 16


Visualização de dados sobre microcefalia

2015

2016

Informes Boletins (microcefalia) Boletins (outros)

Figura 10. Na linha do tempo ao lado é possível notar que, aparentemente, a divulgação dos boletins foi interrompida e apenas os informes continuam sendo divulgados.

Meses com divulgação de informes/boletins

2.5 Lei de Acesso à Informação Um grande avanço em direção à transparência na gestão pública é a Lei de Acesso à Informação (CODA-BR). Desde 2012 ela permite que qualquer pessoa solicite dados a órgãos e entidades sem precisar de justificativas e dentro de um prazo relativamente curto (20 dias até a 1ª resposta). A lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, começa a valer após a aprovação do decreto nº 7.724, de 16 de maio de 2012. Os trechos abaixo (presentes no 3º parágrafo do 8º artigo) são especialmente relevantes para o desenvolvimento deste projeto, pois dizem que os sites governamentais devem: •

Conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que permita o acesso à informação de forma objetiva, transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão; Figura 11. Através da Lei de Acesso à Informação

Possibilitar a gravação de relatórios

solicitei ao ministério os dados utilizados para gerar

em diversos formatos eletrônicos,

os mapas de casos de microcefalia (por município) de

inclusive abertos e não proprietários,

todas as semanas epidemiológicas (LAI). A resposta

tais como planilhas e texto, de modo a

assinada pelo Departamento de Vigilância das Doenças

facilitar a análise das informações;

Transmissíveis veio dentro do prazo: “Informamos que da semana epidemiológica 45/2015 até a semana

Possibilitar o acesso automatizado por

epidemiológica 05/2016, os casos eram informados de

sistemas externos em formatos abertos,

forma agregada por UF; a desagregação dos casos por

estruturados e legíveis por máquina;

município e de acordo com a classificação (notificados, em investigação, confirmados e descartados) só teve

Manter atualizadas as informações

início a partir da semana epidemiológica 06/2016.”

disponíveis para acesso; •

Adotar as medidas necessárias para garantir a acessibilidade de conteúdo para pessoas com deficiência [...] 17


Dados

2.6 Inconsistência O método de coleta dos dados precisa ser

O critério para julgar a dimensão da cabeça como

considerado em qualquer análise e, neste

suspeita também se modificou ao longo do tempo.

contexto, a subnotificação dos casos de

Em 9 de março de 2016 o ministério passou a

microcefalia antes de 2015 é um grande problema.

adotar os parâmetros da Organização Mundial da

Possivelmente por não ser obrigatória, a inclusão

Saúde, que apresentam dimensões normais que

da medida craniana muitas vezes não era feita

variam conforme a idade, sexo, peso e tamanho

ao se registrar um nascimento no SINASC.

do corpo da criança, além de considerar se o parto foi prematuro ou não (MINISTÉRIO).

A médica Sandra da Silva Mattos formou uma equipe que revisou 16 mil registros (entre 2012 e 2015) das salas de parto da Paraíba em busca dos perímetros cefálicos. Concluiu-se que no mínino 2% destas crianças seriam notificadas como casos suspeitos de microcefalia na época.

Um grande problema até o momento é que os dados epidemiológicos disponíveis sobre a dispersão do zika e sua associação com a

Este número resultaria em uma média anual de

microcefalia ainda são escassos e de baixa

80 casos só neste estado – quase metade dos 164

precisão, devido a uma série de inconsistências

casos registrados no SINASC para todo o país.

nos sistemas de análise e notificação dos diferentes Estados e da ausência de um teste

Entre 2000 e 2014, o Brasil registrou a média

rápido de diagnóstico que permita confirmar

de 0.006% de nascimentos com microcefalia. O

ou excluir casos com agilidade [...]

que seria 100 vezes menor da média registrada nos EUA (ZORZETTO). Outro fator de peso é

Herton Escobar

que 8 em cada 10 pessoas infectadas por zika

Repórter do Estadão especializado em jornalismo

simplesmente não apresentam quaisquer

científico e ambiental sobre a relação entre

sintomas, dificultando os registros da doença.

zika e microcefalia em fevereiro de 2016.

Além disso, durante certo período em dezembro de 2015, o governo de São Paulo ignorou a recomendação do Ministério da Saúde e passou a registrar no RESP apenas os casos de microcefalia cuja associação ao vírus zika fosse confirmada, e não todos os casos suspeitos, como faziam os demais estados (CAMBRICOLI). O resultado foi uma queda ficcional de casos entre janeiro e fevereiro deste ano (os registros saltaram, posteriormente, para 18 e depois para 126). Foi possível notar esta discrepância pois o estado notificava todos os casos em outro sistema, o SINASC. Contudo, o Ministério da Saúde utiliza o RESP para montar os boletins epidemiológicos (BEDINELLI).

18


Visualização de dados sobre microcefalia

3

Visualização

3.1 Importância A comunidade internacional de visualização

sentido dizer que a coleta, análise e comunicação

de dados é composta em grande medida por

de informações quantitativas são muito

jornalistas, designers, programadores e estatísticos

importantes, como no caso das visualizações

e seu crescimento é notável: novas publicações

geolocalizadas e gráficos sobre a gripe aviária em

sobre o assunto surgem a intervalos cada vez

2009 (MOHERDAUI) e, mais recentemente, durante

mais curtos de tempo, iniciativas como o podcast

o surto de ebola.

Data Stories que há anos publica conversas com grandes nomes do ramo, como Amanda Cox e

Independente do tema, as visualizações de

Mike Bostock (ambos com longa dedicação ao

informação são formuladas sobre princípios

The New York Times), livros como “The Truthful

básicos. É possível dizer que existem dois

Art”, que dá sequência à primeira publicação de

direcionamentos nesta área: um mais arbitrário

sucesso de Alberto Cairo e também eventos que

(que busca ser mais chamativo e memorável) e

ganham cada vez espaço, como a 1ª Conferência

outro mais sintético (que busca ser mais objetivo

Brasileira de Jornalismo de Dados. Tudo indica

e preciso). Novamente, os gráficos informacionais

a ascensão deste campo (CAIRO; CODA-BR).

podem pender mais para um lado ou para o outro, porém é importante que esta decisão esteja

Este crescimento é retroalimentado pela

pautada pelo contexto e uso da peça gráfica. Uma

valorização da área: seja no ambiente das redações

revista infantil pode criar gráficos mostrando

ou dos negócios, coletar, tratar e comunicar uma

como a venda de sorvetes cresce no verão e,

avalanche de dados tem força imensa como

para isso, faz uma pilha de casquinhas para cada

ferramenta de aprendizado e tomada de decisões.

mês. É provável que esta representação seja mais memorável e beneficie o aprendizado da criança.

No meio jornalístico é possível observar, em

Em contrapartida, a visualização da receita de

alguns casos, a perda gradual da relevância de dar

uma empresa ao longo dos anos precisa ser

a notícia e o ganho de demanda por mostrar os

sintética e clara para que decisões estratégicas

dados. Com sensatez, podemos afirmar que estas

possam ser tomadas, como prega Edward Tufte.

duas formas de comunicação não são excludentes, apenas seriam mais indicadas para informar sobre

Por ser endereçado a profissionais da

temas e contextos diferentes (MOHERDAUI).

comunicação, da pesquisa e da tecnologia e por tratar de um assunto tão sério e repleto de

Ao se tratar de uma epidemia relacionada a

incertezas, este projeto deve seguir o caminho da

doenças não exaustivamente estudadas, faz

objetividade, da clareza, da precisão, da síntese. 19


Visualização

3.2 Histórico A representação visual de dados quantitativos existe há séculos. Epidemias e visualizações, por exemplo, caminham juntas desde 1854, quando o médico inglês John Snow mapeou os casos de cólera em Londres e criou pequenos gráficos de coluna em diversos pontos da cidade para representar a quantidade de óbitos. Desta forma foi possível identificar a relação entre o número de mortos e a proximidade com uma fonte contaminada de água (ROGERS). O médico tornou-se referência na epidemiologia, mas também abriu caminho para uma relação mais estreita entre visualização de dados e cartografia. Contudo, há de se levar em conta que o mapa serviu para corroborar uma hipótese que já havia sido formada com base em outras disciplinas. A relevância deste aspecto é que ele sabia que eram

Figura 12. Detalhe do mapa criado por John Snow

as bombas d’água que precisavam ser visualizadas.

em que podemos observar, posicionada bem ao

Caso o mapa desempenhasse função investigativa,

centro, a bomba de água (“pump”) contaminada.

seria necessário criar versões para incontáveis cenários, como a concentração de ratos em pontos da cidade, a profissão dos doentes ou mesmo a identificação de casas que possuem chaminés.

20


Visualização de dados sobre microcefalia

Quase um século depois, em 1939, Willard Cope Brinton apresenta em seu livro “Graphic Presentation” dezenas de outras formas para visualizar informações geolocalizadas. Constam entre elas técnicas como adicionar pequenos gráficos de barra, de setor ou símbolos repetidos para demonstrar quantidade. Em outro exemplo, o autor posiciona círculos sobre determinados pontos de um mapa e aumenta suas áreas para representar dados populacionais. Na legenda da imagem da página 198 de seu livro, o autor destaca a aplicação de cor diferente à borda dos círculos, facilitando a leitura daqueles que se sobrepõe. É interessante observar os outros recursos utilizados para dar a sensação de movimento neste material impresso, como as setas angulosas e alinhadas de forma radial, que parecem saltar por cima das divisas administrativas do país (BRINTON). Figura 13. Visualizações criadas por Brinton

Esta forma de visualização é até hoje muito

para representar migraçãos e imigrações entre

utilizada por grandes e pequenos veículos de

alguns estados dos EUA (BRINTON).

comunicação, potencializada pela tecnologia.

21


Visualização

3.3 MINISTÉRIO DA SAÚDE

Informes epidemiológicos Esta é a principal fonte de dados oficiais utilizada

Data

22 a 28/5/2016

por veículos de comunicação atualmente. Optei por

Referência

Semana Epidemiológica 21

não redesenhar este documento, apenas proponho

Periodicidade

Semanal

que o novo painel seja capaz de exportar mapas do

Tipo

PDF

Brasil para substituí-los nos próximos informes.

Função

Informar

Responsável

COES/Ministério da Saúde

A mesma técnica utilizada em 1939 (ver capítulo

Centro de Operações de

anterior) é utilizada no primeiro par de mapas.

Emergência em Saúde, criado em

Contudo, é preciso ser cauteloso, pois esse tipo

novembro de 2015.

de visualização facilita a criação de gráficos mentirosos. É comum ver círculos que tiveram seu diâmetro aumentado conforme os dados, mas isso torna a diferença entre os círculos mais gritante. Para que a representação seja fiel, é necessário que a área do círculo seja dimensionada, não seu diâmetro.

Prós

Contras

Diagramação densa economiza folhas na impressão

Uso de grafismos decorativos (topo das páginas)

Uso de tamanho de folha padrão (A4)

Uso de muitas cores

Todos possuem a mesma estrutura de conteúdo

Confusão nos símbolos do mapa (Figura 3)

Empenho da pessoa que diagramou (não–designer)

Ausência de malha construtiva Dificuldade em ver evolução dos casos por semana Mapa achatado verticalmente (Figura 3) Não foi projetado por um designer

22


Visualização de dados sobre microcefalia

Os dados por município não estavam publicados até junho de 2016. Assim, veículos de comunicação não conseguiam montar seus próprios mapas e precisam copiar e colar esta imagem em seus infográficos.

O leitor deste mapa provavelmente chegará à conclusão de que nos países em que há transmissão sexual do vírus não há casos confirmados da doença – algo que não faz sentido. Isto se dá pela escolha de cores e símbolos ambíguos ou ausência de explicações. Isto é, para compreender o mapa o usuário precisa supor que a visualização não foi bem pensada.

23


Visualização

3.4 MINISTÉRIO DA SAÚDE

Página “Situação epidemiológica” Esta página faz parte do hotsite “Combate Aedes”,

Data

2/2016

um dos mais conhecidos do Ministério da Saúde

Tipo

Site

que trata de doenças transmitidas pelo mosquito.

Função

Listar informes

Nesta seção atualmente constam um mapa e a

Responsável

Ministério da Saúde

lista de vários informes sobre microcefalia. Porém,

URL

combateaedes.saude.gov.br/

há uma outra página, da Secretaria de Vigilância

situacao-epidemiologica

em Saúde, que lista os informes de maneira mais organizada e atualizada. No projeto final foi criado um botão que levaria a esta página da SVS. A fonte tipográfica utlizada no site é a “Open Sans”, de uso livre (esta é a família utilizada para diagramar as páginas deste trabalho e foi a fonte escolhida para o projeto do painel).

Prós

Contras

Página possui questões de acessibilidade já pensadas

Repetição desnecessária de termos na lista

Há boa vontade de quem atualiza o mapa dos casos

Lista aparenta estar bagunçada

Hierarquia de conteúdo do site é bem definida

Botão “Leia mais” redireciona para outra seção

A fonte tipográfica é bastante legível

O mapa traz pouca informação visual

Utiliza poucas cores (principais são azul e cinza)

Requer interação com mapa para ver detalhes URL dos PDFs sem padrão de nome nem diretório

24


Visualização de dados sobre microcefalia

Estar em harmonia com o visual do site também é importante para o projeto, por isso, abaixo estão listadas as principais cores desta página. Três delas deram origem à paleta de cores do projeto final: o azul, o cinza e o amarelo. Como foi necessário utilizar vários tons, estas cores foram inseridas no site colorhexa.com, que gerou diversas tonalidades a partir de cálculos matemáticos com os valores de cada cor e, posteriormente, as que faziam sentido no projeto foram selecionadas por mim.

Além de problemas como a

Apesar do painel estar atualmente

repetição desnecessária de

no site do SAGE, o visual desta

termos na lista, há outros menos

página é que foi tomado como

evidentes. Por exemplo, o botão

referência projetual, pois ela

de “Leia mais” no tópico sobre

foi baseada no template mais

microcefalia leva o usuário a

recente do governo, que também

uma página que lista arquivos de

é empregado no site da Lei de

outra categoria (boletins sobre

Acesso à Informação, no Portal

dengue, chikungunya e zika).

de Dados Abertos, entre outros.

#2C66CE

#ECEDF1

#333333

#136328

#FFB400

#CD4500

25


Visualização

3.5 SALA DE APOIO À GESTÃO ESTRATÉGICA

Painel: microcefalia e zika Este é o item escolhido para ser redesenhado

Data

7/6/2016

como projeto final. A visualização foi lançada

Tipo

Site

quase na metade do ano e eu a considero um

Função

Visualizar dados

grande avanço, mas há muito que pode e deve

Responsável

SAGE/Ministério da Saúde

ser repensado. Um dos maiores triunfos é

URL

sage.saude.gov.br/#

que ela realmente existe e funciona, enquanto este projeto ainda não. É perfeitamente compreensível que, na urgência, ela fosse lançada mesmo com aspectos a serem melhorados. A ferramenta permite ver a distribuição geográfica dos casos de microcefalia, comparar nos gráficos as ocorrências que sugerem infecção congênita em recém-nascidos e em casos de óbito fetal e neonatal relacionados à microcefalia, além da quantidade de municípios com casos de microcefalia ao longo das semanas.

Prós

Contras

Informa data de atualização dos dados

Escolha de cores majoritariamente arbitrárias

Permite filtrar dados no mapa

Lentidão ao carregar e interagir com a página

Permite filtrar dados nos gráficos de coluna

Opacidade baixa dificulta a leitura da legenda

Reune vários dados num plataforma única

Repetição (ex: ano ”2016” consta em muitos lugares)

Permite consultas por localidade

Pouco acessível a daltônicos ou impressão em preto

Permite expandir o mapa

Inclinação de textos em 90º dificulda leitura

Possui muitos recursos (porém escondidos)

Dependendo da tela, gráficos ficam muito esticados

Informa número de municípios para referência

Dificuldade em ver evolução dos casos por semana

26


Visualização de dados sobre microcefalia

É notável que há muitos aspectos gráficos a serem resolvidos neste mapa. A título de exemplo, podemos ver que os círculos verdes e amarelos (que representam poucos casos) acabam sobrepondo os círculos vermelhos na região nordeste e fazem parecer que há menos casos confirmados de microcefalia na região.

27


Visualização

3.6 Tema na mídia Uma pesquisa foi realizada sobre como jornais, revistas e especialistas têm produzido suas próprias visualizações. Foi possível constatar alguns usos interessantes – a título de exemplo, a Revista Pesquisa da FAPESP, o portal O Globo e o G1 utilizaram uma captura de tela do mapa divulgado pelo ministério em suas páginas.

Figura 14. Mapas extraídos de informes e inseridos em material do Globo (esquerda), da Revista FAPESP (direita) e G1 (abaixo). O projeto a ser desenvolvido evitaria situações como essas, em que um mapa pouco preciso e sem possibilidade de customização ou de interatividade é utilizado por não haver possibilidade de baixar o mapa em formato vetorial (VASCONCELLOS; ZORZETTO)

Figura 15. No caso acima os dados são combinados com outras 2 fontes de informação: locais com maior ocorrência de Aedes aegypti e países mais visitados por brasileiros. Desta forma é possível imaginar os próximos países afetados pelo surto (DUCROQUET, MARIANI).

28


Visualização de dados sobre microcefalia

Figura 16. Este painel apresenta diversas anomalias congênitas,

Figura 17. O El País publicou em

incluindo microcefalia, e foi criado por Bruno Zoca, funcionário do

janeiro uma tela deste painel para

Ministério da Saúde e que já estudou na Faculdade de Saúde Pública

acompanhar a reportagem acima,

da USP. A visualização está disponível, junto com outros gráficos sobre

mais uma evidência da demanda

saúde, em seu índice de visualizações pessoais no Tableau (ZOCA).

entre jornalistas (BEDINELLI).

Figura 18. Publicado em 28 de fevereiro de 2016, o painel acima foi criado através da ferramenta Tableau e publicado no blog pessoal de Ramon Martinez, um engenheiro de software com anos de experiência em epidemiologia e estatística e que atualmente trabalha na Organização Pan-Americana de Saúde (MARTINEZ).

29


Usuários

4

Usuários

Trabalhar em um veículo de comunicação é

encontrar facilmente os dados. Isto envolve a

uma oportunidade de entrar em contato com

maneira escolhida por cada prefeitura, estado

profissionais ímpares de áreas relacionadas ao

e governo federal para divulgar informações

design, como jornalistas e desenvolvedores.

(todas estas 5.595 instâncias têm liberdade para construir seu próprio sistema – que será avaliado

É neste ambiente que tenho percebido o

posteriormente por entidades como o Ranking

potencial da visualização para informar pessoas

Nacional da Transparência) (VENTURINI).

através da exploração ativa de dados e, consequentemente, guiar processos racionais

Neste caso, os números estão disponíveis em

de tomada de decisão e de aprendizagem.

formatos abertos através do painel do SAGE, (isto é, planilhas e outros formatos utilizados

A peculiaridade deste projeto talvez resida na

por estatísticos e programadores que facilitam

definição do usuário. Diferente da maioria dos

o tratamento e a análise dos dados). Na página

projetos de design, o foco não está no usuário

ao lado há uma série de formatos indicados

final (leitor ou consumidor de informação), mas

para cada tipo de profissional, como planilhas

no intermediário (os próprios responsáveis pela

simples (CSV), objetos javascript (JSON), imagens

comunicação ou produção de conhecimento).

vetoriais (SVG) e imagens matriciais (PNG).

Em grandes e pequenas redações é possível

Contudo, a parte com mais horizonte para a

identificar os profissionais que compõe estas

atuação do designer é a representação visual

equipes – de forma generalizada: jornalistas,

destes dados. Pois se é possível tornar a

cientistas, designers, programadores e especialistas

comunicação mais fácil, rápida e clara, não fazê-lo

na área que será abordada. É importante

é desrespeitar o usuário – tendo em vista que pode

notar que estas profissões fazem referência

haver confusão, que o tempo necessário para a

às disciplinas envolvidas no processo, isto é,

compreensão será maior, que os processos mentais

podemos encontrar jornalistas que programam,

demandarão mais esforço e, o mais grave, que a

estatísticos que têm familiaridade com o assunto

informação pode chegar errada (como no caso do

tratado na visualização e assim por diante.

mapa colorido do SAGE). Neste momento em que a comunidade científica volta os olhos para um

Ao conversar com pessoas que atuam nestas

país com surtos sem precedentes da doença, não

posições foi possível compreender melhor suas

há espaço para falha na comunicação oficial dos

necessidades específicas. A primeira delas é

dados sobre microcefalia associada ao vírus zika.

30


Visualização de dados sobre microcefalia

Em suma, este projeto busca melhorar a forma

Designers

pela qual profissionais da saúde, da comunicação e da informação entram em contato com os

“A gente que trabalha em veículo de comunicação

dados epidemiológicos, especialmente jornalistas.

poderia se beneficiar de materiais gráficos

Abaixo há uma breve lista de potenciais usuários,

editáveis e constantemente atualizados”

identificados através de pesquisa informal e alguma vivência na área, juntamente com

FORMATOS INDICADOS:

um pensamento fictício de cada um deles.

SVG, PNG

Jornalistas PRINCIPAIS USUÁRIOS

Pesquisadores

“Através da exploração ativa dos dados, pautas

“Seria ótimo se houvesse uma maneira fácil de

interessantes podem surgir, assim como aconteceu

anexar os gráficos à minha tese e ainda poder

com a reportagem vencedora do Prêmio Esso 2015”

imprimir em tons de cinza, mantendo a legibilidade”

FORMATOS INDICADOS:

FORMATOS INDICADOS:

CSV, PNG

CSV, PNG

Programadores

Educadores

“Ao desenvolver uma visualização, seria muito útil

“Às vezes falta material detalhado

se os dados já viessem bem limpos e organizados,

quando queremos levar a discussão para

melhor ainda se houvesse uma série histórica e

dentro da sala de aula, seja no curso

uma forma de atualizar os dados automaticamente”

de estatística ou de biomedicina”

FORMATOS INDICADOS:

FORMATOS INDICADOS:

CSV, JSON

CSV, PNG

31


Requisitos

5

Requisitos

5.1 Conjunto de dados O novo painel permitirá que os números oficiais

Estar familiarizado com os dados disponíveis é

sejam facilmente analisados, contextualizados

fundamental ao se projetar uma visualização.

e criticados por jornais, revistas e especialistas,

Hoje temos números de casos e óbitos de bebês

transformando dados brutos do governo em

com suspeita de microcefalia, que são divididos

informação contextualizada para as pessoas.

em três subcategorias: confirmados (aqueles

Para isso, é necessário que tanto a interface

que têm a relação com o vírus zika confirmada

visual quanto a estrutura dos dados disponíveis

ou quando há fortes indícios), descartados (se

seja amigável. Portanto, ao lado estão listados

foi constatado que a microcefalia possui outras

requisitos aos quais estes itens devem atender.

causas) e aqueles que ainda estão em investigação.

Tem que ser... constantemente atualizado disponibilizado em formatos abertos fácil de atualizar fácil de encontrar no site fácil de manipular organizado e limpo padronizado separado por municípios separado por semana epidemiológica

32


Visualização de dados sobre microcefalia

5.2 Visualização interativa Com a divulgação recente, feita no dia 7 de junho, do painel interativo que reúne mapas e gráficos de coluna sobre o tema, fica evidente a preocupação do ministério em divulgar os dados de forma mais exploratória e fácil de usar, além de refletir a demanda por conteúdos desta natureza. Contudo, a forma como a visualização foi projetada e desenvolvida deixou a desejar em aspectos estéticos, de usabilidade e de objetividade.

Tem que ser... acessível a pessoas com deficiência (ex: daltonismo)

fácil de atualizar

adaptada a diferentes dispositivos

fácil de encontrar no site

bonita

fácil de entender

condizente com o visual do site

fácil de explorar

construída em código aberto

fácil de extrair gráficos e mapas editáveis

de rápido carregamento

fácil de incorporar em pesquisas acadêmicas

explícita sobre seus métodos e fontes

legível em diferentes telas

explícita sobre sua data de atualização

legível ao imprimir em tons de cinza

exploratória (usuário modifica variáveis observadas)

verdadeira (evitar distorções gráficas da informação)

33


Desenvolvimento

6

Desenvolvimento

6.1 Tempo investido em cada etapa David McCandless é um jornalista e programador

Este relato condiz bastante com a duração

que se tornou referência mundial em visualização

das etapas deste projeto durante a fase de

de dados, possui dois livros sobre o assunto

desenvolvimento. Foram meses empregados em

e já palestrou em grandes eventos (além de

limpar, organizar e mesclar bases de dados (como

ser o criador do “jogo do helicóptero”, que eu

a lista de casos de microcefalia por município e

amava quando criança). O autor relata em sua

suas respectivas coordenadas geográficas), além

página no Reddit a duração média de cada

de automatizar a coleta semanal da base divulgada

etapa do desenvolvimento de uma visualização

no SAGE e desenvolver protótipos funcionais para

de dados, desde a ideia até o resultado final.

testar e selecionar diversos tipos de gráficos.

Basicamente, ele estima que 80% do tempo seja

Ao longo do processo foram testados gráficos

dedicado aos dados e 20% ao design, isso não

de barra, colunas, colunas empilhadas, mapa

significa que um seja mais importante do que o

de símbolos proporcionais, diagramas de

outro, mas sim que a forma de representação

disperção, gráficos de “bolha”, entre outros.

gráfica surge a partir de um entendimento profundo dos dados (MCCANDLES).

Os mais adequados ao tipo de dado ou aqueles que se mostraram mais fáceis de serem compreeendidos foram sendo selecionados e continuamente melhorados. Diversas consultas informais foram feitas à designers, jornalistas e programadores dos jornais o Estado de S. Paulo, da Folha de S. Paulo e do Nexo. Também busquei conversar com pessoas leigas no assunto da visualização para checar se o que estava sendo produzido fazia sentido para pessoas ”de fora”.

Figura 19. Gráfico de “cascata” desenhado pelo usuário arvi1000 na discussão do Reddit sobre a quantidade de tempo investido em cada etapa do processo. A descrição do autor foi bastante precisa e se mostrou uma realidade durante este projeto.

34


Visualização de dados sobre microcefalia

6.2 Protótipos As próximas páginas apresentam diversos protótipos funcionais e estáticos produzidos com dados reais ao longo da fase de desenvolvimento do projeto.

Figura 21. O modelo esquemático acima foi criado para entender um efeito curioso notado por um desenvolvedor do Nexo: ao ampliar o nível de zoom do mapa ao lado, círculos de um município que estavam contidos em outros círculos acabavam “pulando” para fora. Ao desenhar dessa forma, foi possível perceber que quando apenas a malha é ampliada, mas o círculo continua com o mesmo tamanho absoluto, apenas a distância entre os centros é alongada. O que parecia um erro à primeira vista, na verdade é o comportamento esperado. Figura 20. O mapa de símbolos proporcionais (círculos) foi o primeiro teste com dados reais, feito com a API do Google Maps. Uma vantagem desta versão é que os círculos aumentam naturalmente com os valores (ex: círculos crescem para representar 2, 13, 122 ou qualquer outro valor), ou seja, não estão dentro de uma faixa pré-estabelecida (ex: círculos de determinado tamanho representam municípios com 2 a 10 casos confirmados). Isso gera uma mancha gráfica mais precisa.

35


Desenvolvimento

em análise descartados confirmados

em análise descartados confirmados

em análise descartados confirmados

novos em análise

Figura 22. Uma série de testes foram feitos com o gráfico

Figura 23. No último gráfico da figura anterior, destaquei

vetorial gerado pelo SAGE (copiei toda a marcação do

as diferenças de notificação entre uma semana e outra,

elemento SVG gerado pelo site, pois não há forma de

porém os dados por semana só estão disponíveis

baixar o gráfico em imagem vetorial, apenas como

a partir da semana 6 de 2016. Isso significa que os

“foto”). Os testes acima tratam de excluir a coluna

valores acumulados desde novembro de 2015 até 13

de casos notificados, pois é a soma das outras três,

de fevereiro estariam embutidos numa única barra.

depois empilhar as restantes (para que a altura total

Claro que isso distorceria muito os dados, portanto

recriasse a coluna de notificados e ainda mostrasse

havia dois caminhos possíveis: ocultá-la ou representar

o valor relativo entre suas 3 partes). A partir daí um

este acumulado de outra forma. Na imagem acima, um

teste foi feito de alinhar todas as colunas pela base

quadrado que teria área proporcional ao valor acumulado

e, posteriormente, fazer uma sobreposição. A ideia

seria acompanhado das barras semanais e a soma

era mostrar a migração dos casos em análise para as

destas duas partes resultaria no total. Ao conversar

categorias de confirmado ou descartado. Do lado direto,

com a jornalista de saúde do Estadão, chegamos à

porém, ao destacar as diferenças entre as colunas e

conclusão de que representar isto visualmente não

depois alinhá-las pela base, é possível ver a grande queda

seria necessário, pois mais confunde do que explica,

na notificação dos casos a partir de abril deste ano.

e o valor já estaria contabilizado no total dos casos.

36


Visualização de dados sobre microcefalia

Figura 24. Captura de tela da visualização de dados publicada em 6 de outubro pelo Estadão, baseada no código de uso livre disponível em meu repositório pessoal no GitHub.

Durante o desenvolvimento deste projeto,

Figura 25. Teste para representar graficamente o

surgiu na redação do jornal O Estado de S. Paulo

potencial de crescimento dos casos, ao desenhar um

(onde atualmente trabalho) a demanda por criar

círculo tracejado em volta dos confirmados. A diferença

uma visualização de dados para acompanhar

entre as duas áreas seria os casos em investigação.

a reportagem especial “Uma emergência

Ou seja, se todos que estão em investigação foram

esquecida”, da repórter Fabiana Cambricoli,

confirmados, o círculo cresceria até aquele tamanho

sobre a vida de quatro bebês com microcefalia

(o que é irreal pensando que a proporção de casos

que completavam seu primeiro aniversário. Eu

confirmados é aproximadamente 20% do total de casos

me ofereci para produzir esta visualização, já

notificados). Funcionaria também como uma forma de

que havia dedicado meses pesquisando sobre

ver a eficiência do sistema de saúde de cada município,

o tema. Todos os protótipos desenvolvidos

através da porcentagem de casos já investigados.

até então já eram de código aberto e estavam disponíveis no meu repositório pessoal no GitHub para uso livre por qualquer pessoa. A visualização publicada no Estadão foi baseada no meu primeiro protótipo funcional. 37


Desenvolvimento

Depois que a primeira versão ficou pronta e foi publicada no Estadão, retornei à prancheta para gerar novas alternativas projetuais, refinar o visual e repensar a forma de navegar e de filtrar os dados. Por exemplo, no protótipo haviam quatro seletores: um para categoria, outro para semana epidemiológica, outro para escolher a Unidade Federativa (estados e Distrito Federal) e outro para escolher os munípios da UF selecionada. Só para citar um dos aspectos que poderia ser melhorado. Nesta página há um pouco dos rascunhos manuais e digitais realizados durante a fase de redesenho.

38


Visualização de dados sobre microcefalia

39


Projeto

7

Projeto

O resultado final deste processo é um painel

conteúdos secundários. Neste exemplo, a título

que fornece tanto a visão geral da epidemia no

de ilustração, o balão no gráfico e o destaque ao

país, quanto a possibilidade de filtrar os dados

estado do Rio de Janeiro estão sendo mostrados

para ver detalhes sobre cada localidade.

como se o cursor do mouse estivesse sobre eles.

Na figura acima podemos ver a tela inicial

É importantíssimo dizer que nenhum dado

do painel desenvolvido. A seção com fundo

representado nessas telas serve para

escuro contempla os filtros, que ficam fixos na

análise. São dados falsos. Só deixarão de ser

tela; enquanto a seção da direita traz todas as

quando o site for implementado através de

informações de acordo com os filtros selecionados,

programação web (JavaScript, HTML e CSS).

e pode rolar livremente para baixo e revelar 40


Visualização de dados sobre microcefalia

Figura 26. Ao tocar nos pequenos círculos amarelos na página, o usuário veria uma mensagem de alerta sobre aquele dado em específico, como o pico e a queda de casos acumulados em Salvador, fruto de mudança nos critérios adotados e não de ocorrências reais.

Figura 27. A tela acima mostra uma situação fictícia em que o usuário optou por ver dados de óbitos no Rio de Janeiro que ainda estão sendo investigados para se confirmar ou descartar a associação com o vírus zika. Na ilustração, apenas os filtros, o mapa e o destaque no ranking foram alterados, porém a linha do Rio no gráfico de evolução também estaria destacada. A ideia é que tudo neste painel esteja conectado entre si.

41


Projeto

Abaixo estão algumas diretrizes criadas para garantir consistência no projeto gráfico. Elas foram baseadas em recomendações do Google Material Design, como a construção da página sobre uma malha de 8 por 8 pixels, medidas de cabeçalho e botões. Numa resolução de 1280px de largura, toda a página é arranjada sobre blocos quadrados com 48 pixels de lado.

42


Visualização de dados sobre microcefalia

Figura 28. Conteúdos secundários do painel ficam “abaixo da dobra” quando a página for aberta em um notebook comum, ou seja, o usuário precisa rolar a página para vêlos. Este conteúdo é composto por links relacionados, botões para acessar os dados e cartas explicativas sobre o método utilizado para desenhar os gráficos.

43


Projeto

Os filtros foram repensados para facilitar o uso.

Todo o sistema de ícones foi desenhado de forma

Através da cor azul de destaque, fica mais fácil

consistente em uma malha quadrada com 24px de

compreender qual localidade, categoria e semana

lado. Esta precisão é necessária para garantir que

está selecionada atualmente. As telas abaixo

eles vão se encaixar perfeitamente nos pixels da

representam etapas de interação com os filtros

tela, evitando aquela aparência de estar “borrado”.

de localidade (país inteiro, estado ou Distrito

Além disso, existem três variações de cor, uma

Federal e busca por município) e tempo (dados

escura, uma branca e um tom intermediário que

de novembro de 2015 até a semana escolhida).

funciona em qualquer fundo dentro do painel.

Figura 29. Etapas de interação com o filtro de localidade, onde é possível escolher ver dados por estado, pesquisar um município ou ter uma visão geral do país inteiro.

44


Visualização de dados sobre microcefalia

Figura 30. Etapas de interação com o filtro de tempo, em que é possível ver casos acumulados de novembro de 2015 até a semana mais atual, sendo que a semana mínima é a do dia 13 de fevereiro deste ano. Uma forma de reprodução automática que animaria cronologicamente o conteúdo de toda a visualização também foi proposta.

45


Projeto

Atualmente, a principal ferramenta de trabalho dos jornalistas, especialmente ao lidar com dados, continua sendo computadores desktop ou notebooks. O mesmo vale para designers, programadores e estatísticos, principalmente dentro das redações. Porém, o projeto foi pensado de forma modular desde o início, para que fosse possível desdobrar seus componentes em versões responsivas, que se acomodam a dispositivos variados.

Figura 31. Alguns modelos de como a visualização se comportaria em dispositivos móveis. Na imagem acima ela ocupa a tela de um iPhone 5c. Os filtros seriam colapsáveis, ou seja, ficariam escondidos fora da tela e o usuário poderia acionar um botão ou deslizar o dedo para a direita para trazê-los de volta.

46


Visualização de dados sobre microcefalia

Visão de uma pessoa daltônica (protanopia)

Versão em tons de cinza (impressão)

Figura 32. Página atual de “Situação Epidemiológica”

Figura 33. Exemplo de como poderia ficar o novo painel

do hotsite “Combate Aedes”, que apresenta um mapa

incorporado à página de “Situação Epidemiológica” do

do Google My Maps com marcadores clicáveis e uma

hotsite “Combate Aedes”. Este é apenas um modelo, que

lista de dezenas de informes epidemiológicos abaixo.

será melhorado durante a fase de programação do painel.

47


Projeto

48


Visualização de dados sobre microcefalia

8

Considerações

No início do ano, antes mesmo de começar a fase de pesquisa, eu já havia definido o primeiro requisito para este projeto: existir no mundo real. Os impactos desta escolha são perceptíveis – tanto os positivos quanto os negativos. A parte ruim é que houve muita energia investida em programação, que poderia ter sido direcionada a refinar ainda mais o novo projeto gráfico. Contudo, acredito que este ganho não supera os benefícios de eu ter criado os protótipos funcionais. Foi analisando um destes gráficos, aquele com as linhas de evolução dos estados, que a jornalista Fabiana Cambricoli notou um crescimento acentuado de casos confirmados no sudeste do país. Ninguém estava falando sobre isto e a notícia acabou saindo na capa do Estadão em 6 de outubro: “Surto de microcefalia cresce no Rio e em São Paulo”. A reportagem da Fabiana é brilhante e vai muito além dos números – fico muito feliz de ter contribuído um pouco com este material tão rico. Após uma exaustiva fase de pesquisa e muitas iterações durante o projeto, todos os requisitos estabelecidos foram atendidos ou tem potencial para ser (os que requerem programação). Isso não significa que o projeto está perfeito, na verdade ele ainda está bem distante do futuro que imagino. Contudo, espero ter dado os passos iniciais para uma comunicação mais clara e eficiente sobre este assunto tão relevante para o Brasil e para o mundo. 49


Referências

9

Referências

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Visualização de dados sobre microcefalia

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Este trabalho foi composto com a fonte tipogrรกfica de uso aberto Open Sans em papel tamanho A4



Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de SĂŁo Paulo


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