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Relicário dos Homens – Resgatando A Sabedoria Ancestral
Os arquétipos, ou modelos de ideais humanos que foram sendo incorporados à psique ao longo de todas as gerações de nossa espécie, constituem o que Jung chamou de INCONSCIENTE COLETIVO e formam a base de como pensamos, sentimos e de nossas reações características.
Desde que o mundo é mundo, as histórias dão significado e sentido à existência humana. Em tempos remotos, elas eram transmitidas oralmente, de geração a geração. Constituíam um acervo de aprendizado, uma tentativa de entender o mundo, o ser humano e sua trajetória na vida.
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O contador de histórias era o catalisador desses ensinamentos, ao conduzir os ouvintes à dimensão mitológica de imagens, cenários e personagens. Contribuía, assim, para a formação do caráter e a forma de estar no mundo. Era ele o arauto dos ensinamentos construídos ancestralmente. Essas figuras imaginárias eram o referencial de valores éticos e estéticos e virtudes humanas e inspiravam o aprimoramento pessoal.
O hábito de contar e ouvir histórias por muito tempo foi esquecido, até ser resgatado pelos novos contadores que retomaram essa tradição. Por outro lado, as histórias passaram a ser transmitidas também através de outras mídias, como contos literários, peças teatrais, filmes e desenhos animados.
Grande é investimento cinematográfico para recontar e ressignificar as histórias da tradição oral, as lendas e mitos, a exemplo de “Espelho, Espelho Meu”, “Enrolados”, “Branca de Neve e o Caçador”, “A Garota da Capa Vermelha”, “Harry Potter”, “Senhor dos Anéis” e tantos outros. Muitas são as animações de conteúdo reflexivo e existencial, dos quais destaco “Soul”, da Disney.
Todo esse interesse, que resultou em muitos sucessos de bilheteria, não é sem razão. Os parâmetros foram deturpados, substituídos por estereótipos, clichês que falseiam a verdade. A verdadeira fonte de inspiração e motivação foi esquecida. Atualmente, as expectativas sociais são baseadas em conceitos distorcidos e contraditórios.
A humanidade tem fome de histórias que tragam ao seu convívio os heróis e suas façanhas. A história contada de forma oral estimula a capacidade de imaginação inventiva e criativa das pessoas. A imersão na história desperta os potenciais inatos do ser humano e a atualização desses modelos norteadores da conduta.
Vivenciar (na psique) o herói e o enredo da história, reconhecendo, identificando e ativando a força, a potência, a energia desses arquétipos, faz deles uma poderosa ferramenta de crescimento pessoal.
Sem o atributo heroico, as invenções, o pioneirismo, o idealismo, as revoluções estariam órfãos. Precisamos da aparente insensatez para sair da mesmice. Precisamos da rebeldia para soltarmos as amarras que nos prendem ao pré-estabelecido, ao convencional, ao engessamento das ideias. Para libertarmo-nos das crenças equivocadas. Para Sermos.