Alto Mar - APPACDM de Évora

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APPACDM DE ÉVORA



APPACDM DE ÉVORA COMEMORAÇÃO DOS 50 ANOS 1972 — 2022


FICHA TÉCNICA — EDIÇÃO APPACDM - ÉVORA REVISÃO DE TEXTOS CRISTINA VIEIRA LOPES ILUSTRAÇÕES FRANCISCO BILOU PAGINAÇÃO LAURA HEITOR COELHO IMPRESSÃO GRÁFICA EBORENSE TIRAGEM 400 ANO 2022


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APRESENTAÇÃO —

O livro “Alto Mar” nasce da vontade e entusiasmo de várias pessoas que estão envolvidas nos projetos de vida de outras pessoas. Desde há alguns anos a esta parte que a APPACDM de Évora tem como foco principal desenvolver o seu trabalho em prol da concretização dos desejos, sonhos e aspirações das pessoas com quem trabalha diáriamente. Neste sentido, os testemunhos das conquistas e descobertas que se apresentam neste livro em forma de pequenas histórias de vida, são fundamentais para se perceber a evolução do pensamento de cada um de nós e da sociedade sobre os direitos das pessoas com deficiência, o respeito pela dignidade humana e autonomia individual. O significado do título remete-nos para o princípio da “liberdade do alto-mar”, fora dos limites territoriais: “mar pleno, mar livre, mar largo”. O que, sem dúvida, se reflete nestas próximas páginas, cuja “navegação” nos deixa completamente embalados pelo sentido de liberdade, plenitude e equidade. O livro que se apresenta é composto por duas partes, que em conjunto fundamentam a tão ambicionada Inclusão em todas as dimensões humanas. A primeira parte aborda os diferentes olhares e as diferentes abordagens dos vários agentes sociais de inserção e apoio, desde as entidades públicas, familias, técnicos e empresas, todos eles parceiros indispensáveis na promoção da integração social e profissional. Na segunda parte apresentam-se doze percursos de vida de pessoas com as suas caricaturas, onde cada uma relata à sua maneira e com a sua perspetiva, os aspetos mais relevantes da sua vida. Salienta-se que aqui, neste livro, tal como na vida real, “cada pessoa é uma pessoa” e é isso que faz dela um ser especial, com uma impressão digital única e itinerários distintos dos demais. Tal como no alto mar onde cada onda é única e o seu balanceamento leva a caminhos muito diversos. Marcar os 50 anos de vida da APPACDM de Évora e comemorar assim o seu cinquentenário é o melhor momento para dar a conhecer casos bem sucedidos e com expressão concreta do tão desejado ambiente, Justo e Inclusivo. Aos “navegadores” deste Mar agradeço pela forma como partilham os seus exemplos, sem dúvida inspiradores para outras pessoas que têm, também elas, a ambição de viver numa sociedade onde são livres os sonhos, a autodeterminação, as escolhas pessoais e a participação plena e efetiva. Finalmente, na concretização deste projeto confluiram o empenho e a dedicação de muitas pessoas e para elas o nosso agradecimento muito especial. E porque a “vida não pára”, fica lançado o desafio para que também os sonhos se continuem a escrever, à semelhança deste que está nas nossas mãos. Rosa Moreira Presidente da Direção da APPACDM de Évora



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“O melhor tempo que gastamos na vida é aquele que investimos nas pessoas” Fernando Pessoa

Foi precisamente este o caminho que a APPACDM de Évora trilhou ao longo dos últimos cinquenta anos, porque são as pessoas, a resolução dos seus problemas e a satisfação das suas necessidades, valores fundamentais que sustentam a inclusão e a solidariedade social. Cinquenta anos é muito tempo e como poderão comprovar, através das histórias que vão descobrir neste livro, existem inúmeras situações na vida que nem sempre conseguimos prever ou perspetivar. Ao longo de meio século muitas foram as pessoas que passaram pela instituição – desde colaboradores a utentes, sem esquecer os cuidadores. Todas elas com vidas diferentes, com percursos distintos, mas com um sentimento em comum: o orgulho que têm no trabalho desenvolvido pela APPACDM de Évora. Neste livro, que assinala o cinquentenário da APPACDM de Évora, encontramos vários textos – de utentes, colaboradores e parceiros – sobre a história desta instituição que tem como missão prestar serviços personalizados de reabilitação pessoal, social e profissional a pessoas com deficiência e incapacidades, valorizando o seu bem estar e que alicerça os seus valores na igualdade; lealdade; integridade; respeito pela dignidade humana; imparcialidade e justiça; e ainda, competência e responsabilidade. São histórias reais e emocionantes. Histórias de homens e de mulheres que merecem ter visibilidade, que lutam pelos seus direitos e, acima de tudo, pelas suas vidas, e que se tornam importantes partilhar. Histórias que consciencializam o leitor para a importância da inclusão de pessoas com deficiência ou incapacidades. Falar de inclusão de pessoas com deficiência ou incapacidades é falar de autorepresentação, auto-determinação, autonomia, superação, capacitação, da lógica do mainstreaming e integração social e, naturalmente, das grandes conquistas da Educação Inclusiva. Neste sentido, para poder levar mais além o nosso compromisso com a Inclusão e com o reforço do reconhecimento dos direitos das pessoas com deficiência, o XXII Governo Constitucional aprovou, em outubro de 2021, a Estratégia Nacional para a Inclusão das Pessoas com Deficiência (ENIPD 2021-2025). Uma estratégia que se foca em oito eixos fundamentais, cada um deles com medidas específicas para concretizar objetivos gerais e específicos de cada eixo: 1. Cidadania, Igualdade e Não Discriminação; 2. Promoção de um Ambiente Inclusivo; 3. Educação e Qualificação; 4. Trabalho, Emprego e Formação Profissional; 5. Promoção da Autonomia e Vida Independente; 6. Medidas, Serviços e Apoios Sociais; 7. Cultura, Desporto, Turismo e Lazer; e 8. Conhecimento, Investigação, Inovação e Desenvolvimento. A ENIPD 2021-2025 traduz o desígnio que Portugal assume de promover e garantir uma sociedade mais justa e inclusiva, assente em princípios e valores como a igualdade, a equidade e a não discriminação, permitindo a todas e a


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todos os cidadãos a sua participação plena em quaisquer domínios da vida. Princípios e valores que reforçam o compromisso com a inclusão e que são a garantia de um verdadeiro estado de direito democrático. A ENIPD 2021-2025 tem como destinatárias todas as pessoas com deficiência, entendidas na sua heterogeneidade, reconhecendo-se que, independentemente das diferenças relativas ao sexo, identidade de género, orientação sexual, etnia, religião, credo, território de origem, cultura, língua, nacionalidade, naturalidade, ascendência, idade, orientação política, ideológica ou social, estado civil, situação familiar, situação económica, estado de saúde, estilo pessoal e formação, todas as pessoas têm os mesmos direitos. As medidas a implementar visam produzir impactos não só nas pessoas com deficiência, mas também junto das suas famílias. Muitas foram as medidas de políticas públicas implementadas em Portugal desde 2016, como são o caso da Prestação Social para a Inclusão, o Modelo de Apoio à Vida Independente, as grandes conquistas da Educação Inclusiva, o reforço dos apoios ao desporto adaptado, os Balcões de Inclusão, o Regime Jurídico do Maior Acompanhado ou ainda o investimento em acessibilidades e na eliminação de barreiras arquitetónicas. Não obstante todas as medidas que foram concretizadas, sabemos ainda ser grande o caminho que temos a percorrer. Associações, Instituições e Organizações Não Governamentais das Pessoas com Deficiência são parceiros fundamentais para a implementação e prossecução dos objetivos planeados. A importância que têm entidades como a APPACDM de Évora é crucial para garantir uma maior proximidade às pessoas a quem dão resposta, garantindo um apoio constante à comunidade onde se inserem e salvaguardando a autorepresentação e as necessidades dos seus utentes. Para todas e todos aqueles que nestes vários textos contam a sua história e abrem assim o livro da sua vida, sensibilizando e consciencializando os leitores para a temática da inclusão, um grande abraço de amizade. Para a APPACDM de Évora, o meu muito obrigada por todo o trabalho já concretizado e desejos de muita força, inspiração e foco para pelo menos mais 50 anos de existência a trabalhar em prol de mais e melhor inclusão para as pessoas com deficiência. Drª Ana Sofia Antunes Secretária de Estado para a Inclusão das Pessoas com Deficiência


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O SONHO DE SER —

A adaptação é um caminho natural e realista para atingir um objetivo, para traçar uma meta ou para alimentar um sonho. É natural querer mais, é natural querer ser feliz, sendo possível acreditar que todos somos capazes de dar pequenos ou grandes passos. Mas o cenário social altera-se em ritmo acelerado dada a complexidade que a humanidade alcançou, sendo a adaptação um desafio constante e permanente em relação ao que o mundo proporciona e exige: autonomia e competitividade. Conceitos indicadores de sucesso e felicidade, também contribuem para o isolamento e consequente exclusão social daqueles que por alguma razão sofrem de alguma desvantagem. A deficiência é uma desvantagem, logo uma condição social de prejuízo, pelo que informar e promover o debate sobre o tema é um imperativo. No mundo, cerca de mil milhões de pessoas vivem com deficiência… e, em Portugal a deficiência está no ranking dos primeiros 10 motivos de discriminação. Em 2006 foi adotada a Convenção das Nações Unidas sobre os direitos das Pessoas com Deficiência, assinalando um avanço decisivo no estabelecimento de normas em matéria de direitos humanos e abrindo caminho a uma vasta produção legislativa que promove medidas de discriminação positiva. Na construção de uma Europa sem barreiras, também em março de 2001, a Comissão Europeia apresentou uma nova Estratégia Europeia para os Direitos das Pessoas com Deficiência (2021-2030), que visa orientar a ação dos Estados-Membros e instituições da União Europeia, na promoção e defesa da democracia e dos direitos humanos. Assente em áreas de atuação prioritária, importa destacar a necessidade de ação para garantir a igualdade no acesso ao emprego e a nãodiscriminação no trabalho. Efetivamente, o trabalho é fundamental e transformador na vida de cada pessoa, podendo ser um elemento norteador da organização da rotina diária e um promotor da participação social. Integrar a esfera produtiva enquanto expressão multidimensional da cidadania é determinante, pois permite o acesso a um estatuto socialmente valorizado. No horizonte de uma plena reabilitação afirma-se então a necessidade de dinamizar redes que potenciem a empregabilidade das pessoas com deficiência e incapacidade. Ora, o desafio da diversidade é incontornável e está centrado no esforço de incentivar e valorizar a diferença, procurando de certo modo a efetivação de um bem-estar social. Dirigido à sociedade em geral, pede às organizações, e aos seus líderes, um protagonismo que permita incrementar a flexibilidade, a mobilidade e a plasticidade do tecido social. A inclusão é um processo que faz parte do compromisso ético de promover a diversidade, criando exemplos de respeito e aceitação das possibilidades de cada um.


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É maravilhoso o ser humano conseguir adaptar-se a diferentes contextos, correndo riscos e criando oportunidades. Esta capacidade pertence àqueles que se aventuram e permite a mudança. Quanto aos sonhos… estes alimentam-se criando metas arrojadas em relação aos padrões pré-estabelecidos, construindo assim, uma metáfora de verdadeira inclusão. É uma honra poder fazer parte disto. Obrigada, APPACDM de Évora! Florbela Nunes – Socióloga Técnica Superior no Serviço de Emprego de Évora-IEFP,IP


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SOU UMA MÃE FELIZ E TRISTE AO MESMO TEMPO —

Após a escolaridade obrigatória, a minha filha Alexandra integrou a Formação Profissional de Cerâmica da APPACDM, aos 18 anos. Desde essa altura, a instituição esteve sempre a seu lado e já se passaram 20 anos. A Xana teve sempre bastante dificuldade em aceitar a Trissomia 21 e, na minha perceção, desde que começou a frequentar a instituição, teve sempre algo a acrescentar. Passou pelas Atividades Ocupacionais após o curso de Cerâmica, desenvolvendo algumas tarefas no âmbito dos Teares. Pouco tempo depois, ingressou no curso de Pastelaria que a fez expandirse na atividade. A componente da Formação em posto de trabalho tornou-se um novo desafio, e passou pela experiência na realidade de uma empresa, primeiramente no restaurante “Comes & Companhia” e mais tarde no restaurante “A Gruta”. Seguiu-se a vinculação em regime de Atividade Socialmente Útil, e a Xana conseguiu responder e evoluiu bem, superando, por vezes, as expetativas. No entanto e apesar de sempre assídua e pontual, a relação de trabalho foi-se desgastando e após 5 anos em que não via reconhecido o seu esforço e sentia que não era bem aproveitada, a Xana saiu, ingressando depois no serviço de quartos do Olive Hotel, onde permaneceu cerca de um ano, em estágio. Necessitando de supervisão, a Xana conseguia apresentar trabalho com autonomia, para além de ser já perfeitamente autónoma na utilização dos transportes públicos. Na minha opinião, nem todas as pessoas conseguem trabalhar com pessoas como a Xana, em que é preciso motivar, acompanhar, estabelecer relação, e não será necessário ter formação para o efeito, bastará talvez gostar muito do que se faz. Na sequência da saída do Olive Hotel, que constituiu para a Xana o desmoronar de um sonho de realização pessoal, desenvolveu um surto psicótico e após algum tempo em casa, voltou à instituição, onde atualmente dá apoio ao serviço de refeitório. A Xana e qualquer pessoa, qualquer criança com Trissomia 21 sente facilmente a rejeição por parte de um professor ou de um responsável. Vai fazer 38 anos, e olhando para trás, o esforço hercúleo de uma vida inteira por parte dos pais não foi correspondido pela sociedade, e não foram poucas as portas que se lhe fecharam. A Trissomia 21 padece de uma desvantagem na aceitação geral, começando pela própria fisionomia que lhe é característica. Na APPACDM foi possível transpor uma série de barreiras que na comunidade se foram mantendo como tal. A APPACDM é por nós encarada como um apoio e um suporte para a minha filha, no futuro. Futuro que se apresenta nebuloso, e deixa antever muitas dúvidas e perguntas sobre o que aí vem. Todavia, espero sempre que a instituição lhe dê a mão e o suporte que ela venha a necessitar, sobretudo se os pais faltarem. Considero que o conceito de Inclusão passa pela aceitação da diferença e da diversidade de características das pessoas, encarada como um conjunto de especificidades humanas com vulnerabilidades mas também com algum


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potencial, que cabe à sociedade explorar. Apesar de sentir alguma evolução desde os últimos 38 anos, vejo a sociedade ainda muito pobre de mentalidade, muito pouco aberta e pouco preparada para aceitar, respeitar e ajudar a crescer, e a precisar de acompanhar a evolução dos tempos. E a incluir. Muito poucos serviços da comunidade já conseguem aceitar, reconhecer a diferença no sentido mais construtivo e de investimento no potencial e na funcionalidade. O que penso, enquanto mãe, é que na área da Educação estamos hoje muito aquém do que já estivemos. Havia um núcleo de ensino especial onde havia uma boa avaliação e a atribuição do professor adequado à criança em causa. A minha filha teve um bom acompanhamento quer no jardim infantil, quer na escola básica, em que havia uma preocupação pelos percursos e amplitudes de crescimento. No caso da Xana, os resultados iam quase sempre mais além do que as expetativas. Hoje, porém, estou convicta que não terá havido grande evolução na escola inclusiva. Para pais que hoje precisem de trabalhar, não há políticas de apoio escolar. Porque é que têm todos que estar na escola até aos 18 anos, e que mais-valia a escola lhes pode dar se o lugar adequado para eles crescerem não for lá? No entanto, podemos dizer que há interações entre diversas entidades, que são verdadeiramente complementares e saudáveis, sendo a ponte entre elas feita pela mãe. Com a saúde e a educação, por exemplo, percorri com a Xana e por ela, um longo e difícil caminho. O que reparo é que mães de hoje vão registando o mesmo tipo de queixas e de adversidades que eu encontrei de há 38 anos para cá. As diferenças são realmente poucas. Contudo, identificam-se outras áreas da sociedade em que se regista alguma evolução. Tenho a convicção absoluta de que a Xana e nós, os seus pais, vamos envelhecer juntos, com 18 anos de diferença, era essa a idade que eu tinha quando ela nasceu. Sou uma mãe feliz e triste ao mesmo tempo, porque a Xana foi uma razão de grande crescimento dos Pais, como pais e como pessoas. Triste também, por esperar que ela conseguisse ir mais longe do que efetivamente conseguiu, em parte porque vive numa época em que a sociedade ainda não está à altura, ainda não está preparada para a acolher com sucesso. A única expetativa que tenho é que a APPACDM continue a fazer o seu bom trabalho, que nunca estará acabado porque preparar a sociedade para ser inclusiva é um processo muito lento e demora gerações. De ano para ano, não se vislumbram grandes evoluções, e há necessidade de se abrirem novos caminhos para as pessoas com deficiência poderem ser aceites pelo que são capazes e se sentirem, finalmente, parte do mesmo todo. Elsa Cristina Palma Brito


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INTEGRAÇÃO —

O processo de recrutamento através da APPACDM, de pessoas com problemas de saúde mental, tem sido bastante natural e sempre enriquecedor, creio que para ambas as partes. O que me levou a abraçar este projeto foi a forte convicção de que estas pessoas têm capacidades e necessidades que não estão a ser utilizadas e precisam de ser redirigidas e inseridas na sociedade, quer a nível profissional, quer a nível pessoal. A nível profissional, podem desenvolver aptidões, e tenho experienciado isso pessoalmente, mesmo in loco, factualmente. É extraordinário, e tornam-se pessoas de valor imprescindível e de muito acréscimo para a minha empresa. Conseguem desenvolver um enorme número de tarefas e capacidades variadas, valências em muitos campos diferentes, como atendimento ao público, faturação, arquivo, reposição e outras. Estimulando e acreditando nas pessoas, o nível de desenvolvimento do indivíduo com desordem psíquica é potencialmente maior, tanto quanto a tenacidade e força aplicada, por ele próprio e pela entidade empregadora, em acreditar na sua evolução. A sua progressão pessoal é, na minha empresa, um projeto de conjunto a ter com todos os que a integram, havendo um enorme respeito, mas também compreensão e firmeza na conduta e ética laboral. Há um bom ambiente e um espírito familiar e creio que isso faz com que as pessoas se sintam em casa, acolhidas e inseridas. Também protegidas. Esta engrenagem motiva as pessoas a inserir-se naturalmente, a querer fazer parte. Às vezes, há casos de pessoas que, infelizmente, não se integram e não chegam a bom porto, por motivos que nos são alheios e por melhor intencionados que estejamos; começam até muito bem motivados, mas desistem, ou nos primeiros dias ou passado umas semanas, por variadas razões, ou porque acham o trabalho fisicamente pesado, ou porque a pressão relacional é muita. E neste ponto, da desistência, entra a relação e “ponte” que é feita com as técnicas da APPACDM e a nossa empresa junto do trabalhador. Esta “ponte”, relação de cooperação e diálogo, traz estabilidade e pacifica a posição do indivíduo na empresa, desmistifica certas problemáticas que sempre surgem e transforma a posição do trabalhador, para que esta seja mais harmoniosa e estável. Há também uma atitude de enorme aceitação e compreensão face a certos comportamentos próprios de algumas destas pessoas com dificuldades, quer a nível de assiduidade, pontualidade, quer no que se refere à comunicação, higiene, estados de humor… Temos nós, que já cá estamos, de fazer um pouco de “vista grossa” a certas coisas e acreditar que amanhã será melhor e que há mais além do erro, a falha, a falta, há que dar a força e a motivação de que possam carecer. Acreditar e apoiar, obviamente, quando há um período de depressão ou mania, há que ser um porto


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seguro. Em minha opinião, isso é que representa, verdadeiramente, acreditar e investir nas pessoas e na promoção da sua integração. Claro que, por vezes, a entidade patronal e empresa, e também os seus empregados se cansam, contudo a experiência que tenho é que, no fundo, é uma história de sucesso, mais que isso, é uma história de gostar e de integração. Quando ambas as partes “dançam”, e querem, os obstáculos vão sendo superados, e todas as partes se satisfazem. É um processo com várias fases, mas é muito importante, a meu ver, mais que tudo acreditar e agir, ter muita calma, paciência e firmeza. Na minha família tenho um caso de doença mental, o que me mobilizou também para a ação a este nível, a urgência e necessidade em se fazer algo neste campo da saúde mental e integração socioprofissional. Pessoalmente, sou bastante sensível à indiferença social que estas pessoas encontram e espero dar um contributo no sentido de promover a diferença e fazer o possível, dentro das minhas capacidades, para que estas pessoas sejam respeitadas e tenham a hipótese de serem pessoas felizes. Faço tudo o que posso e, talvez dando este passo, outros o façam, e assim as coisas evoluam e progridam, e a saúde mental deixe de ser um “bicho-de-sete-cabeças”. Quero agradecer imenso por fazer parte deste projeto. Quero continuar, e manter. Sandra Dourado Dourado Distribuição, Lda.


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CAMINHO(S)... PARA UM SÓ DESTINO —

Ao fim destes seus 50 anos, a APPACDM de Évora procura hoje fortalecerse, distinguir-se e afirmar-se através do seu lema “A crescer investindo nas pessoas”, pautando-se por uma intervenção diversificada e com recurso a equipas pluridisciplinares, enraizada a crença no potencial de cada indivíduo e na sua capacidade de desenvolvimento num quotidiano de pequenos passos integrantes de uma longa “caminhada” com destino a uma almejada sociedade inclusiva. Cabe esta “caminhada” também aos colaboradores que, ao lado dos clientes, todos os dias e, conscientes dos desafios subjacentes à ativação, defesa e promoção dos direitos, escolhem fazer parte de uma instituição que trabalha com e para as pessoas. Atrevemo-nos a afirmar que a partilha interna e externa e, bem assim, o trabalho em rede, são a melhor forma de ultrapassar os obstáculos, superar os desafios, reajustar direções em alinhamento com os valores e princípios subjacentes à missão e refletir a intervenção perspetivando um horizonte de contínuas melhorias. Desta forma, todos os dias são um desafio, uma constante entrega em que acreditamos ser agentes facilitadores no acesso ao exercício pleno da cidadania. Quase que pode parecer um lugar-comum, muitos poderão tomá-lo como garantido e até de caráter obrigatório no contexto da nossa missão, mas mais do que trabalhar a inclusão é viver diariamente a inclusão já que, antes de tudo, a APPACDM é parte desta comunidade. Enquanto entidade empregadora, faz parte integrante do tecido económico e social, onde também tem sido percorrido um caminho de afirmação e de valorização, instância ativa no processo de “requalificação” de uma sociedade em constante evolução e potencialmente ajustável aos tempos e aos paradigmas das necessidades atuais. Esta é a bússola de orientação para todos os colaboradores das diferentes unidades e equipas que integram a Instituição e que assumem todos os dias um comprometimento com os valores organizacionais e, de forma alinhada, adotam no terreno um papel de “entusiastas” portadores da bandeira institucional da inclusão, onde acreditar no valor de cada indivíduo e apoiá-lo no seu crescimento e luta constante do exercício dos seus direitos, é o campo de batalha diário. Enquanto responsáveis pela prossecução dos objetivos da Organização, acreditamos aplicar o nosso melhor desempenho na resposta às necessidades, interesses, expectativas e especificidades do cliente; ainda assim, temos a clara perceção de que para a meta que se pretende alcançar, se torna imperativo que


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se fortaleçam relações, se diversifiquem estratégias, se contornem barreiras e se inove, para que sejam encontradas novas perspetivas e novas parcerias, e concretizadas mudanças significativas. Trilhando este longo caminho que conta já 50 anos de existência, procurando seguir as pegadas dos fundadores e das gerações de colaboradores que nos antecederam, antevendo em cada uma das nossas conquistas a motivação para crescer e melhorar nestes que são os nossos tempos, consideramos que somente nestes moldes a “caminhada” para uma sociedade verdadeiramente inclusiva faz sentido, com a crença de que é sempre possível fazer mais e melhor. Colaboradoras: Ana Marcão e Piedade Ferraz




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O SONHO DE SER CINTURÃO NEGRO —

O meu nome é Duarte Miguel Silva Carrageta, nasci em Évora em 14 de Setembro de 1977 e posso dizer que tive uma infância normal, com alegrias, tristezas, etc. Entrei para a escola, no bairro Cruz da Picada, em 29 de Setembro de 1983. O meu temperamento é forte, o que me impede de ter mais amigos do que aqueles que tenho, e todos os dias me pergunto como é possível haver pessoas que gostem de mim. Na verdade, tenho mau feitio, mas também consigo ser bom, compreensivo e amigo dos meus amigos. Com 18 anos, fui estudar à noite e aos 19 entrei para a Cercidiana num curso de carpintaria. Mas a parte mais interessante da minha vida, foi na APPACDM, onde conheci a Drª Carla Merca que me arranjou um estágio na Simbebe, onde gostei muito de estar. Tempos antes, na APPACDM tive oportunidade de frequentar um curso de Defesa Pessoal. Foi nesse curso que conheci o meu futuro mestre em artes marciais, um militar da GNR, um homem bom e justo, com valores e princípios. Passados seis meses, estava na escola dele, observando, aprendendo Taekwondo. Um dia o meu mestre convidou-me para treinar na escola dele. Lembro-me de chegar a casa, completamente doido com a ideia de ir treinar artes marciais a sério. Minha Mãe ficou receosa e foi bastante cautelosa querendo ir falar com o mestre, mas ele conseguiu tranquilizá-la, e de seis em seis meses eu ia fazendo graduação, e nunca chumbei. Quando entrei para a escola de artes marciais, fiz um juramento para mim mesmo que um dia seria cinturão negro, custasse o que custasse. Entreguei-me de alma e coração, treinando todos os dias durante uma hora. Hoje sou 4DAN. Mas não consegui isso sozinho, tive a ajuda de três instrutoras, meu mestre e as instrutoras Cátia, Inês e Cátia; sem eles, nunca teria chegado onde estou. Em 2015, já treinava grupos de crianças, principiantes da prática das artes marciais, uma responsabilidade que se tornava, para mim, num desafio. Mas o auge, na APPACDM, foi após o primeiro confinamento devido à Pandemia Covid-19. Estava no curso de Jardinagem e formou-se um grupo de amigos de Jardinagem (Duarte, Paulo, Tó Zé, Hugo) e do curso de Empregada de Andares (Márcia, Sofia, Carla e Joana), grupo a que estou muito feliz por pertencer. Gerouse a possibilidade de eu fazer uma demonstração, no Natal. Levei o equipamento e mostrei aos meus amigos e colegas o que sei fazer no Taekwondo. Foi um momento muito importante para mim. Hoje, encontramo-nos todos em formação em posto de trabalho. Vamos mantendo o contacto. Foi ainda na APPACDM de Évora que conheci a Arquiteta Marta, minha formadora de Jardinagem, mas também minha amiga. Também conheci a Assistente Social Jesus e a Psicóloga Ana Guerra, e mulheres bonitas não faltam na APPACDM… Este ano, sofri, juntamente com minhas irmãs Laurinda e Fátima, um duro golpe com a perda de nossa Mãe, vítima de cancro. Durante a última fase da doença,


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recebi grande apoio da minha Formadora Arquiteta Marta e Técnicas Carla Merca, Ana Guerra Jesus, e também dos meus amigos de Jardinagem e das meninas dos Andares. Também a professora Cristina da Formação de Base me deu apoio, e todos me trataram com carinho e acompanharam nessa fase tão difícil. Gosto muito de todos eles. Na Sagres, reencontrei a Filipa, que foi minha chefe e é grande amiga. Também a minha antiga chefe, Marisa Meira, era grande amiga. Trabalhei como fiel de armazém e gostei bastante daquele trabalho. Mas foi na Cercidiana que conheci o meu melhor amigo, Sérgio. Hoje preocupo-me com o trabalho e luto, uma vez mais, pelo meu emprego, numa área de que gosto bastante – jardinagem. Também me preocupo com o mundo que me rodeia, e sou muito sensível às injustiças e às dificuldades com que as pessoas com deficiência se debatem. Fui convidado para o IV Fórum Inclusivo, organizado pela APPACDM de Évora, no Dia Internacional das pessoas com deficiência. Estava um pouco nervoso, mas fiquei muito feliz por valorizarem a minha pessoa e me permitirem falar o que penso. Foi um debate online com o tema “Se eu mandasse…”, onde tive oportunidade de expor as grandes dificuldades e barreiras ao bem-estar e à cidadania das pessoas com deficiência, identificando às entidades Câmara Municipal, IEFP, Segurança Social e a todos os participantes o que, na minha opinião, precisa de mudar para que a sociedade seja mais justa. Duarte Carrageta



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... E RECEBO ELOGIOS DOS CLIENTES —

Nasci em Lagos, no Algarve, há 30 anos. Fui para o colégio de Viana do Alentejo aos 8 anos, junto com a minha irmã Liliana, de 15. Os meus irmãos, nessa altura tinham 4 e 6 anos e ficaram com os meus Tios. A nossa família tinha problemas, e tivemos de sair de casa. No colégio, as freiras eram fixes, eu é que me portava, às vezes, mal… pequenas asneiras que se fazem. Pregava muitas partidas, escondíamos as chaves e depois ficávamos de castigo. Uma vez juntamos algum dinheiro, comprámos uma garrafa de álcool, acabámos por ficar maldispostas, vomitámos da janela…. Fomos apanhadas, ficamos de castigo no quarto…. Mas saíamos, à mesma. Como tinha algumas dificuldades de aprendizagem, vim para Évora, para a APPACDM. Fui para o socioeducativo, a data não sei, mas a Nídia, que ainda lá está, deve saber. Gostei de lá estar. Aprendi a fazer panquecas e muitas outras coisas. Como gostava da área de cozinha e de pastelaria, fui fazer o curso de pastelaria, com a Pombinho. Fazia bolos, rissóis, biscoitos. Às vezes, ligávamos para os discos pedidos e pedíamos para ouvir a Florbela, mas a formadora estava à espera que fosse o Toni Carreira… era uma querida. Gostava muito de lá estar. De vez em quando, juntávamos dinheiro e íamos ao McDonalds, outras vezes fazíamos pizza e almoçávamos na pastelaria. Era muito divertido! Pertencia ao grupo de teatro “O Imaginário” da APPACDM e chegamos a ir a Madrid e a Marrocos, foi muito bom. Foi uma época muito fixe da minha vida, pena foi ter acabado. Quando acabou a formação na APPACDM, tive que ir para formação em posto de trabalho. Experimentei vários locais, com muitos altos e baixos. O que mais gostei foi o restaurante Alkimia, onde acabei a formação e fiquei a trabalhar, até hoje. Gosto de fazer grelhados, as sobremesas, a preparação dos pratos, e recebo elogios dos clientes. É muito bom. Já se passaram 8 anos, e é como se fôssemos uma família. Até chegamos a discutir, e depois fazemos as pazes… não podemos ficar zangados muito tempo, não resulta… Em novembro de 2020, comprei a minha casa. Vivo com o meu namorado, o Fernando, e com 3 cães, a Princesa, o Snoopy e a Brunny, a mais chata, porque é a mais ciumenta… às vezes estamos os quatro no sofá e quase não sobra espaço para o Fernando… O Fernando faz algumas coisas, apanha a roupa do estendal, dobra as meias e os lençóis, lava o nosso quintal. Já experimentei metê-lo ao fogão, mas não correu lá muito bem… Gosto da minha vida, é boa. Podíamos ter mais tempo um para o outro, mas a vida é assim… Marisa Dias



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GOSTO MUITO DE PASSEAR —

Vim de Faro para Évora aos 12 anos, vim para a Residência da APPACDM. Somos 5 irmãos e minha mãe não podia tomar conta de mim. Estive algum tempo com os meus tios, mas eles não tinham condições de ficar comigo. Aprendi a fazer blusas, bonequinhas, com a Rosa e a Cecília no CAO, que levávamos para a vender na feira. Não gostava de trabalhar nos teares. Durante muito tempo estive no CAO, achavam que eu não era capaz de ir para a formação, não sabia fazer bolos nem cozinhados. A Dr.ª Lurdes não queria que eu fosse para a Formação, mas a Engª. Cristina e a Rosa Moreira, sim. Mas eu gostava de ir para a Formação e fui. Aprendi a fazer bolos, rissóis, salame, e outras coisas. Estive um tempo na cozinha da APPACDM, a ajudar a Maria José. Ao fim de algum tempo arranjaram-me emprego na cozinha do Hospital, onde tenho estado até agora. Faço as saladas, descasco batatas, ajudo na limpeza e lavagem do chão. Agora tenho outro horário: entro às 10.30H e saio às 16.30H. Gosto mais deste horário. Ponho a loiça na máquina, ponho a lavar, tiro e guardo a loiça, e faço a limpeza do refeitório. Um dia conheci o Hugo e apaixonei-me por ele. Atualmente, moro na Cruz da Picada com o meu marido Hugo e com os meus sogros. Ajudo a fazer as coisas de casa. A Ana Rosa, a Isabel e a Lúcia da Residência foram ao meu casamento, elas eram a minha família. Gosto muito de passear, vou ao Movimento Fé e Luz, no Bacelo. Cantamos, Vamos à missa e rezamos. Quando vim para cá, não falava nada, mas agora gosto mesmo de falar. Tânia Maria Afonso José.



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TENHO UMA VIDA BOA —

Nasci há 33 anos nas Alcáçovas. Quando era pequeno, andava sempre a fazer traquinices na escola. Escondia os doces da rapaziada, só para os ver arreliados… Na escola, não era muito fã das aulas, a aula que mais gostava era a de ginástica. Gostava de jogar à bola. Naquela altura, era muito novo e achei que a escola não era para mim. Tomei uma má decisão. Como não gostava de estudar, vim para Évora, aprender um trabalho no curso de carpintaria da APPACDM. Gostava de usar as ferramentas e lembro-me que gostei muito de trabalhar com o berbequim. Fiz um tabuleiro com o mestre Gomes. Também fazia uns serviços de jardinagem, que é uma coisa que também gosto. Quando terminei o curso, vim fazer uma experiência de trabalho na empresa onde ainda hoje estou, a Evoracor. Ajudo os colegas a cortar uns laminados, umas tábuas. Faço também umas entregas de eletrodomésticos e limpo o armazém; dá-se uma varredela para ficar apresentável. O Dr. Sebastião gosta de ver sempre o armazém limpo e arrumado, mas às vezes não é possível. No final deste ano, vai fazer 12 anos que aqui estou. Gosto dos colegas, é tudo boa rapaziada e o patrão é boa pessoa. O meu ordenado ajuda a equilibrar as contas da casa e já é mais um dinheirito… Ao fim de semana descanso até mais tarde, até lá para as dez e meia. Depois de almoço, vou até um cafezito de um amigo, à entrada da vila e, quando acabo de beber o café, vou até casa do meu Avô, apanhar as ervas do quintal, para não parecer abandonado. Mas não tenho saído, na vila também não há muito para ver. Gosto de ouvir música quando estou em casa, Kizomba, mas não danço, que não tenho jeito para isso. Isso do namoro, está fraco, ainda não calhou. Não tenho tido sorte nessa área, mas a vida não tem sido pior. Ajudou-me muito ter vindo para Évora. Tenho trabalho, estou ocupado. Já não tenho tempo para certas companhias, que não interessam muito. Ajudo os meus Pais. Tenho uma vida boa. Luís Miguel Sítima de Carvalho.



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CAMINHO DE PROCURA DO LUGAR CERTO —

Eu sou a Maria Manuela Batista Peralta, nasci a 30 de outubro de 1973. Entrei para a Cercidiana no dia 13 de Novembro de 1978, foi uma segunda-feira. Funcionava na altura no Monte das Cortiçadas; depois, transferiu-se para a Quinta do Feijão, quarta feira, dia 15 de outubro de 1980. Comecei por integrar o grupo dos sensoriais, fazendo educação física e pequenos trabalhos como desenhos e pinturas. Segunda-feira, dia 24 de Janeiro de 1983 passei para os escolarizáveis. Segunda-feira, dia 1 de Outubro de 1984, passei para a 1ª classe e completei o ensino primário em 30 de Junho de 1989. Em Setembro de 1989 comecei a frequentar o ensino preparatório com o apoio dos professores da Cercidiana e da Escola de Santa Clara, em que repartiram as disciplinas de modo a completar o 5º ano em duas fases. Na segunda-feira, dia 2 de Setembro de 1991, entrei para a Formação na área de Empalhamento, apoiado pelo IEFP. Em Setembro de 1994, comecei o estágio que integrava formandos da Cercidiana e da APPACDM; em 1995 formou-se a Cooperativa CEPART, onde eu continuei na área de empalhamento, na Rua do Muro. Em Janeiro de 1997 fiquei integrada no grupo de CAO da APPACDM, onde estive até 2010. O meu trabalho no empalhamento era restauro em fundos de cadeiras, em palhinha holandesa. Em Janeiro de 2011, fui para a Lavandaria, fazer formação em serviços de lavandaria, com a Formadora Delfina. No dia 7 de Setembro de 2012 fui para a formação em posto de trabalho, no Hotel Solar Monfalim. No dia 18 de Março de 2013 entrei nos serviços de Lavandaria da Cruz Vermelha Portuguesa. Em 2015, assinei um contrato de trabalho, até Dezembro de 2017. Nessa altura, foi extinto o posto de trabalho para cedência do edifício à clínica existente no espaço. Daí fui para o desemprego, sendo em seguida encaminhada para a APPACDM, de novo, para fazer Formação em Empregado de Andares, desta vez com equivalência ao 9º ano de escolaridade. Em 23 de Outubro de 2019, fiz formação em posto de trabalho, na Lavandaria do Lar de São Paulo, até segunda-feira, dia 16 de Novembro de 2020. Sexta-feira, dia 4 de Dezembro de 2020, comecei um estágio de 5 meses, e de seguida assinei um contrato de estágio profissional de 12 meses, entre 4 de Maio de 2021 e 3 de Maio de 2022, no referido Lar de S. Paulo, onde me encontro, nos serviços de lavandaria. Maria Manuela Batista Peralta



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TRABALHO E AMIGOS, DUAS CONQUISTAS —

Chamo-me David Alexandre Fragoso Maurício Bicho, e integrei a APPACDM de Évora com 16 anos de idade, no curso de Carpintaria. Passado um ano, comecei a trabalhar na Carpintaria, a funcionar na instituição enquanto empresa de inserção. Em 2011, a Carpintaria fechou e estive no desemprego durante cerca de um ano, até que recebi da psicóloga da Unidade de Qualificação e Emprego a informação sobre a abertura de novos cursos de Formação Profissional. De entre a oferta formativa, optei pela área de Pastelaria. Integrei o curso de Pasteleiro/a Padeiro/a que me ofereceu a possibilidade de obter a dupla certificação, com equivalência ao 9º ano. Gostei de trabalhar com as Formadoras Gertrudes Pombinho, Cristina Sobreira, Patrícia Mateus e Dora Pias, e concluí o curso, de 3600 horas, após cumprir uma experiência em contexto trabalho, com a duração de 1200 horas, no refeitório, cozinha e copa da Escola Básica de Canaviais. Gostei muito desta componente prática do curso e senti-me acolhido e muito bem recebido. Após a Formação, tive oportunidade de continuar no mesmo posto de trabalho em regime de Contrato de Emprego Inserção (CEI+). Em 2017, receando que não houvesse possibilidade de integrar contrato de trabalho na Escola, a equipa de Centro de Recursos da APPACDM de Évora propôs-me uma experiência laboral numa outra área, numa empresa de reciclagem. Contudo, não gostei de trabalhar naquele contexto, mantendo sempre a vontade de regressar à Escola, na cozinha e copa onde me senti bastante integrado. Assim, a Equipa de Centro de Recursos voltou a negociar com o Município de Évora a possibilidade de retomar o posto de trabalho na cozinha da Escola Básica de Canaviais. Voltei assim a integrar novamente este trabalho e em março de 2019 celebrei aqui Contrato de Trabalho em Emprego Apoiado, onde me tenho mantido até ao presente. Entretanto, tive ainda a oportunidade de fazer uma Formação Contínua, de reforço de conhecimentos e competências na área de Pastelaria, o que me permitiu melhorar o desempenho no posto de trabalho. Para mim, ter este trabalho é muito importante, gosto muito dos colegas e estou feliz; recebo um ordenado e ganhei a minha independência. Estar com os amigos é algo que aprecio muito; em cada encontro, um pedaço de conversa, faz bem e torna-se um hábito mesmo saudável, que procuro manter. David Bicho



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UM SORRISO FEITO DE FORÇA —

Vivo no Sabugueiro, uma aldeia perto da vila de Arraiolos. Sou casado e tenho um filho. Tenho deficiência auditiva – surdez profunda, mas isso nunca me impediu de seguir os meus sonhos. No ano de 1997/1998, concluí pelo Centro de Educação e Desenvolvimento D. Maria Pia, o curso Técnico Profissional de Pintura de Construção Civil e é desde essa altura que começo a trabalhar, nunca me negando a qualquer trabalho e mostrando ser sempre empenhado, motivado e bom trabalhador. Já trabalhei como operador de loja num armazém e como servente de pedreiro. Passei também pelo “Parque dos Leitões”, um restaurante em Arraiolos, onde realizava quase todas as tarefas de manutenção. Desde meados de 2019 que me encontro a exercer funções de assistente operacional pela Câmara Municipal de Arraiolos, após um “longo” concurso público por que lutei, onde não deixei, mais uma vez, que a minha deficiência me impedisse de realizar os meus sonhos e me permitisse ter um futuro mais risonho, para mim e para a minha família. Tento sempre superar as minhas dificuldades e mantenho sempre uma atitude positiva. É por isso que tenho conseguido ultrapassar os vários desafios que a vida me tem oferecido. Sou o João Paulo, tenho 41 anos e acredito que o sorriso pela manhã me oferece energia para viver o meu dia-a-dia. João Paulo Leonor



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VIDA AUTÓNOMA E DIGNIDADE —

O meu nome é Ana Maria Grego Fernandes, tenho 55 anos e vivo em Évora na residência autónoma da APPACDM. Vivi até aos meus 49 anos na casa da D. Fernanda, que me acolheu e ajudou num momento complicado da minha vida. Lá em casa, ajudava a partilhar as tarefas domésticas. Eu gosto de ajudar todas as pessoas. Surgiu a oportunidade de integrar a residência autónoma da APPACDM e não hesitei, sentia a necessidade de ter o meu espaço. Ao ingressar na residência, tive também a possibilidade de tirar o curso de Lavandaria, no qual aprendi a passar a ferro, fiz amizades e principalmente comecei a sentir que era capaz e que conseguia desenvolver as tarefas. Realizei estágio no Hotel M’ar De Ar, mas não existiu a possibilidade de ficar com contrato. Quando saí do Hotel, realizei experiência na cozinha do Lar Barahona da Santa Casa da Misericórdia de Évora e adorei! A experiência correu muito bem e, atualmente, estou num contrato de trabalho. Faço o percurso de casa para o trabalho sozinha e a pé. Tenho o meu salário e sinto-me bastante feliz. As colegas de trabalho são como uma família. Tratam-me com dignidade e acima de tudo acreditam em mim. Convidam-me para jantares e festas de aniversário, estou completamente integrada e satisfeita. Sou responsável pela lavagem e corte de legumes e já não é preciso instruções para saber o que preciso de fazer. Faço parte de uma equipa fantástica. Na minha atual residência, sinto-me bem, autónoma e capaz. Gosto do meu trabalho e gosto de estar na residência. Ana Fernandes



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CAMINHO DE ESCOLHAS —

O meu nome é Faustina Rosa Grilo Rosado, tenho 35 anos e vivo em Viana do Alentejo. Estudei até ao 9ºano de escolaridade, mas sempre tive algumas dificuldades. Passei por um período muito complicado com a perda do meu pai, tendo sido difícil de ultrapassar. Fiquei com muito medo de estar sozinha, de dormir e tinha imensos pesadelos. Era muito apegada ao meu pai. Quando terminei o 9ºano tive a oportunidade de tirar o curso de lavandaria na APPACDM de Évora, o que me deixou muito satisfeita. Quando concluí o curso, fui trabalhar para uma lavandaria e fiquei lá alguns anos. Mas, a lavandaria encerrou e fiquei sem trabalho. Surgiu novamente a possibilidade de ingressar num curso na APPACDM e optei por Pastelaria. Foi muito importante entrar neste curso e aprender “coisas novas”. Fiz estágio no Évora Hotel, mas não tive a oportunidade de ficar lá. E foi novamente a APPACDM que me ajudou a encontrar um posto de trabalho na Padaria/Pastelaria Rico Doce. Atualmente trabalho na Rico Doce, tenho um contrato de trabalho sem termo e sou muito feliz. Gosto muito da D. Sílvia e de todos os colegas. Sou responsável pela casa das máquinas, onde se lavam todos os carrinhos e tabuleiros utilizados na pastelaria. Sou respeitada pelo que sou e pelo que faço. Venho todos os dias de Viana do Alentejo para Évora, mas não me importo, porque faço o que gosto. Neste momento, posso dizer que sou autónoma, vivo com o meu companheiro e com os meus dois cães, o Pipocas e a Diana, não me sinto sozinha e já consigo controlar os meus medos. Faustina Rosado



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CRESCER COM BRIO —

Nasceu em Évora, em 2 de janeiro de 1996. De nome Ana Isabel Mavioso Alexandrino, portadora de Trissomia 21, começou desde muito cedo a frequentar as consultas de desenvolvimento do Hospital de Évora, de onde foi encaminhada para as terapias da Associação de Paralisia Cerebral - APCE. Aos 6 meses foi acolhida na creche Nossa Senhora da Piedade, em Évora, tendo passado, cerca dos 2 anos, para o Jardim de Infância Quinta dos Sonhos, da APCE, por estar este apetrechado a nível de técnicos especializados, em contexto promissor de maior desenvolvimento. De 2002 a 2007 frequentou o 1º ciclo do ensino básico na escola de S. Mamede, onde foi integrada em turma que dispunha de professora de apoio do Ensino Especial. Seguiu-se o 2º ciclo até 2009, na Escola Manuel Ferreira Patrício. De novo, a passagem para nova escola, de 2009 a 2014, desta vez a Escola Severim de faria, onde frequentou o 3º ciclo do Ensino Básico. Ao longo do ano de 2015 até junho de 2016, a Ana fez voluntariado junto de crianças, no Jardim de Infância Quinta dos Sonhos, de onde seguiu para a APPACDM de Évora para frequentar, a partir de julho, um curso de Formação Profissional de Pasteleiro/a Padeiro/a. Nesta entidade formadora, a Ana desenvolveu competências laborais e de autonomia para poder prosseguir na componente de Formação em contexto de trabalho. Integrou neste âmbito, o restaurante Parque dos Leitões, em Évora. Concluído o curso, a Ana foi integrada na empresa Parque dos Leitões através da celebração de um contrato de emprego apoiado em mercado aberto, sem termo. A Ana mantém-se até ao momento com a categoria de Copeira-2º ano. Entre 2002 e 2017, a Ana frequentou o Agrupamento de Escuteiros 320 – Salesianos, em Évora. Neste contexto, cumpriu as etapas e promessas de lobito, explorador, pioneiro e caminheiro, participando no plano de atividades a nível regional e nacional, tendo registado mais de 200 noites passadas em atividade escutista. Apreciadora de dança, a Ana integrou durante algum tempo grupos de dança Hip-Hop e zumba. Atualmente, cumpre 3 sessões semanais de atividade física, no Clube Raquel Cabaço, e desenvolve bastante apetência para a modalidade do lançamento do peso, sendo de destacar que é federada na modalidade de atletismo. Segundo os técnicos da APPACDM que a foram acompanhando, a Ana cresceu bastante ao longo do período de formação, interiorizando com facilidade que aquele tempo de aprendizagens e experiências de interação era decisivo para o prosseguir de um caminho que passava pela integração laboral, e o exercício de uma profissão. Muito empenhada em aprender e ser independente, algo rebelde e irreverente, “desmonta” o seu potencial de teimosia para o transformar em empenho e brio profissional.



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O HOMEM DA PERNA DE PAU —

Viorel Iacob, agora com 55 anos, é natural da Roménia. Em sequência de violento acidente, desde os 15 anos que vive sem parte da perna direita, o que não o impediu de lutar por uma vida melhor e vir para Portugal em 2007. Conhecido como o Homem da Perna de Pau, foi com uma prótese artesanal, feita em madeira, que trabalhou primeiro como Jardineiro, mais tarde na Construção Civil. Viorel fazia de tudo, ou mais que muitos, como costuma dizer. Depois de uma experiência de trabalho negativa no Algarve, comprou uma bicicleta e pedalou durante mais de um mês até Évora, apenas com o dinheiro que trazia no bolso. Ao chegar a Évora, abrigou-se numa casa abandonada. Recebeu o apoio de várias Entidades e Instituições, vindo então a ser encaminhado para a APPACDM de Évora. Em 2017, com apoio do Centro de Recursos, em articulação com o Serviço de Emprego de Évora, Viorel conseguiu financiamento para uma prótese e, desde então, a sua vida mudou bastante. Com um sentimento de profundo agradecimento a todos os que o ajudaram, Viorel começou depois a trabalhar por conta própria na área da construção civil e, no início de 2021 foi-lhe atribuída uma habitação social. Embora continue a enfrentar desafios na sua vida, mostrase agradecido pelas coisas boas que a vida lhe tem trazido e confiante no futuro.



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SONHOS CONJUNTOS —

Sou a Maria Inácia Campaniço, carinhosamente tratada por “Maria”, tenho 41 anos e uma longa história de vida para contar. Tenho uma doença neuromuscular que se caracteriza pela perca progressiva da força muscular. Os primeiros sintomas surgiram por volta dos 6 anos, sendo que nesta altura não sabia de que tipo de doença se tratava. Como doença progressiva e degenerativa que é, aos 10 anos já tinha perdido a força nos membros inferiores, necessitando de uma cadeira de rodas. Era uma criança alegre no seio de uma família carinhosa e acolhedora que vivia numa aldeia no Baixo Alentejo. Esta altura da minha vida foi marcada por algumas adversidades e percas: perdi o andar, faleceu a minha mãe e tive que abandonar a escola, uma vez que não conseguia colmatar as minhas necessidades naquele momento. Face à estrutura familiar e à minha nova condição, houve a necessidade de abandonar a família biológica e incluir-me na “família de coração” - APPACDM de Évora. Decorria o ano de 1992 e eu tinha apenas 12 anos. Aqui chegada à nova casa, cheia de medos próprios de uma criança que sai do seu seio familiar e integra o desconhecido, trazia comigo uma “bomba emocional” que necessitava ser reajustada. Foram momentos difíceis, mas simultaneamente esta nova casa permitia-me voltar a sonhar, voltar à escola, ter amigos, brincar - sonhos próprios de criança adaptados à minha nova condição física. Sempre fui uma criança teimosa, persistente e ainda hoje o sou no estado adulto, mas também estou convicta que tem sido essa característica que me tem vindo a tornar autónoma, independente e incluída numa sociedade muitas vezes inadaptada às pessoas com diversidade funcional. A APPACDM apostou nas minhas capacidades e ajudou-me a sentir-me incluída novamente, no ensino. Ao longo do meu percurso académico, passei por várias escolas de Évora que não estavam adaptadas, em termos de acessibilidade; as barreiras arquitetónicas diversas, como escadas, ausência de casas de banho adaptadas, etc., eram transversais em todas as instalações de ensino por onde passei. Contudo, considero-me uma pioneira neste âmbito, uma vez que foram sendo realizadas as alterações necessárias à minha funcionalidade, e à medida das minhas necessidades específicas, deixando assim, nesses lugares, um “rasto” de acessibilidades para que a inclusão passasse a ser uma realidade a todos os níveis. Nunca me senti discriminada pelos colegas. Por todas essas escolas, fui introduzindo mudanças que considero positivas, mas que se devem muito à minha persistência e ao apoio da minha nova família (APPACDM). Em 2001 entrei para a Universidade de Évora onde me licenciei em Psicologia e, mais uma vez, foram realizadas alterações para me “acolher” e permitir o meu desenvolvimento e participação social, enquanto cidadã de plenos direitos. Em 2010 comecei a trabalhar no departamento da juventude da Câmara Municipal de Évora, através de uma medida de apoio ao emprego. Contei sempre com o apoio desta “minha casa”. Em 2013, o meu estado de saúde “abanou” e voltei



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a ter que me reajustar à nova condição - usar um ventilador. De volta à vida, em 2016 ingressei no mestrado em Psicologia Clínica, mudei para a residência autónoma da APPACDM. Depois de muito ambicionar, alcancei esse sonho, o de ser de alguma forma autónoma, não fisicamente, mas no poder de decidir e gerir as minhas escolhas. Foi um longo caminho percorrido, sempre com avanços e recuos, mas sempre com objetivos claros e concretos, sendo estes o motor da minha vida, da minha inclusão. Sentir-se incluído é poder participar nos diversos domínios da sociedade, tal como exercer uma profissão, sentir-se produtivo; conhecer novas pessoas traz consigo a interação com outras pessoas, o sentimento de cidadão produtivo, de pertencer a um grupo social e, neste sentido, a inclusão abrange o individuo no seu todo. Há cerca de 3 anos, surgiu o novo projecto que promove a autonomia e vida independente das pessoas com deficiência e, sendo este projecto tudo aquilo que defendo como a autodeterminação e o poder de decisão das próprias pessoas, a APPACDM voltou a acreditar nas minhas capacidades e, neste momento, coordeno a equipa do CAVI – Centro de Apoio à Vida Independente, e assumo agora o papel de cliente por um lado, de trabalhadora por outro, sentindo-me verdadeiramente grata. Por último, há cerca de dois anos, fui informalmente convidada a desempenhar um papel de “conselheira” da Direção da Instituição, um aspeto inovador que constitui para mim um enorme desafio e uma responsabilidade, na medida em que sou mobilizada a inserir-me nos problemas do dia-a-dia da gestão, a responder no meu papel de cliente alvo dos serviços, de colaboradora/coordenadora e, bem assim, a fazer valer o meu sentir plural e o meu contributo nas reflexões e decisões do órgão de topo da Organização. E, entretanto, cerca de 30 anos passaram desde que me incluíram e me tenho sentido incluída nesta “família” que é a APPACDM, que sempre sonhou comigo e acompanhou os meus voos. Maria Inácia


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PONTO FINAL —

São estas e tantas outras histórias que acompanhamos e apoiamos no dia-a-dia da intervenção, projetos de vida com os quais trabalhamos, pessoas com quem caminhamos, choramos, rimos, sonhamos, celebramos conquistas, com a certeza de que cada percurso é único, irrepetível, e cada pessoa guarda dentro de si um potencial a desenvolver e a partir do qual se faz caminho. Um caminho trilhado nesta proximidade a partir de sonhos e vontades, escolhas e decisões que, ao seu lado, apoiamos. Recorrendo à simbologia do mar neste projeto, realçamos o substrato rico de oportunidades e vivências, vontade de ir mais longe, obstáculos para ultrapassar, adversidades para gerir, aprendizagens, superações, onde a qualidade de vida e o bem-estar são alcançáveis, onde, e se pode crescer na interação com os outros, onde se afirma valor, se pode desfrutar a diferença na diversidade. Nesse Mar, enfim, imagem da sociedade a que todos pertencemos, continuamos a nossa caminhada a crescer e a investir no que para nós é o mais importante: as pessoas e a sua cidadania em exercício, respeito e liberdade. É o rosto de uma sociedade justa e inclusiva que ambicionamos e para o qual, incansavelmente e com as pessoas, sempre remando, navegamos… APPACDM de Évora 1972 / 2022 - 50 Anos “A crescer e a investir nas pessoas”


Este pequeno livro, rico de testemunhos e contributos que consubstanciam, por um lado, os diferentes olhares e abordagens dos agentes com papel determinante na intervenção da APPACDM de Évora junto das pessoas com deficiência e incapacidades, por outro lado, as histórias de vida e respetivas “navegações” em “Alto-mar”, por parte de pessoas com quem trabalhamos, e que connosco abraçaram este projeto, só foi possível de realizar, graças à sua disponibilidade e valiosa colaboração. A todos, o nosso sincero agradecimento. Ao nosso prezado amigo Dr. Francisco Bilou, cabe-nos agradecer muito especialmente o precioso trabalho das caricaturas que, sem dúvida, complementam e realçam as palavras, e em que as expressões e os sorrisos melhor ilustram os testemunhos aqui apresentados. De agradecer ainda a inestimável colaboração da empresa Visual Factory, que gentilmente se prestou a realizar o design e a conceção gráfica do livro. Ao nosso amigo de longa data, Jerónimo Heitor Coelho e sua filha Laura, o nosso muito obrigado. Por fim, não podemos deixar de registar e agradecer o valioso apoio da Câmara Municipal de Évora na edição deste livro, no âmbito das comemorações do cinquentenário da APPACDM de Évora. A todos, o nosso mais grato reconhecimento.

APOIOS:



A CRESCER E A INVESTIR NAS PESSOAS Este pequeno livro, rico de testemunhos e contributos que consubstanciam, por um lado, os diferentes olhares e abordagens dos agentes com papel determinante na intervenção da APPACDM de Évora junto das pessoas com deficiência e incapacidades, por outro lado, as histórias de vida e respetivas “navegações” em “Alto-mar”, por parte de pessoas com quem trabalhamos, e que connosco abraçaram este projeto, só foi possível de realizar, graças à sua disponibilidade e valiosa colaboração. A todos, o nosso sincero agradecimento.

— APPACDM DE ÉVORA — COMEMORAÇÃO DOS 50 ANOS 1972 — 2022


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