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Informativo Evangélico Virtual Ano 01 Edição 59 d

FAÇA TEOLOGIA A DISTÂNCIA NA FACULDADE BATISTA DE MINAS GERAIS

Pr. Wagno Bragança e Pr. Irland Pereira de Azevedo


sumário INSTITUCIONAL 1 - Capa 2 - Sumário 3 - Expediente 4 - Editorial 8 e 9 - Artigos 10 - Notícias PARCERIA 14 - Vida Total da Igreja 18 - ANAMEL 24 - Rede Batista de Educação DESTAQUE 30 - BRUNO FAÉ

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Informativo Evangélico Edição 59 d - 16/11/2017 www.vigiai.net Novembro de 2017

Criação Fabiano Sousa (In Memoriam) Jornalista e Designer Mtb-SP 66.300 Editor e diagramador Jornalista Vital Sousa Mtb-SP 63.588 E-mail: vital.sousa@gmail.com facebook.com/vital.sousa.3 Produção Vital Publicações www.vigiai.net Contatos E-mail: vigiai.net@gmail.com facebook.com/vital.sousa.3 Nota Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos seus autores, e não representam necessariamente a opinião do Informativo. É proibida a reprodução total ou parcial de reportagens, entrevistas, artigos, ilustrações e fotos, sem a prévia anuência dos titulares dos direitos autorais. “Vigiai, pois, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor; sabei, porém, isto: se o dono da casa soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa. Por isso ficai também vós apercebidos; porque numa hora em que não penseis, virá o Filho do homem.” (Mateus 24:42-44)

Para mais de um milhão de internautas

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editorial

Vital Sousa, editor

Dra. Emely Soubhia de Castro A missionรกria dentista!

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Estava precisando de uma dentista nova. Meu convênio não anda funcionando bem e terei que fazer um monte de implantes... De repente vi uma publicidade no meu face e eu nunca “rolo” para baixo o face. Não tenho tempo. E lá estava a Dra. Emely oferecendo os seus novos serviços de implantes dentários. Me interessei, mas tinha uma viagem a Natal... uns 10 dias. Voltei e logo entrei em contato. Me consultei. Tudo encaminhado. Mas conversa vai e conversa vem, fiquei sabendo que a doutora cuida dos dentes do povo da Cristolândia. E para os mais carentes, gratuitamente. Dra. Emely é uma autêntica missionária, direta e indiretamente pelos missionários que atende. Conheci alguns dentistas que rodaram o Brasil fazendo missões através do seu trabalho e alguns foram para o exterior. Dra. Emely já recebeu convites para ir atuar no exterior, mas... ainda não perdeu o medo de avião. A nossa missionária especial é membro da Primeira Igreja Batista da Penha, de São Paulocapital, mas já foi membro da Primeira Igreja Batista de Guarulhos. Ex-ovelha do Pr. Heralto Pacheco, ela ainda atende a esposa do pastor, que virá dos

EUA para tratar os dentes com ela ainda este ano, quase todos os anos ela vem ao Brasil e não deixa de passar no consultório da Dra. Emely, missionária em essência. Os amigos e irmãos que moram em Guarulhos, Zona Leste e Norte da capital e imediações agora sabem que existe uma dentista missionária, excelente profissional, com mais de 30 anos de experiência. Anote o face dela: https://www.facebook. com/emely.soubhiadecastro Vamos conhecê-la? Apresentação sou uma dentista e serva de Jesus Cirurgiã Dentista na empresa Consultório Odontológico Particular. Estudou Odontologia na instituição de ensino Unisa Estudou COLEGIAL na instituição de ensino Estudei no Caetano de Campos Frequentou IEE Caetano de Campos Mora em São Paulo Casada De São Paulo Missionária... veja o post que ela publicou hoje. Que Deus continue abençoando a Dra. Emely e ao seu esposo, que também tive o privilégio de conhecer.

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CARTA AOS DIÁCONOS BATISTAS

Pr. Tiago Dos Santos Esteves A Associação dos Diáconos Batistas da Cidade do Rio de Janeiro, reunida em seu primeiro seminário, dia 07/07/1997, no templo da Quarta Igreja Batista do Rio de Janeiro, após profunda discussão e reflexão sobre a origem, utilidade e atualidade da função diaconal, resolveu manifestar à denominação suas principais conclusões na forma abaixo: 1. A missão diaconal é a de servir a Deus em primeiro lugar, e à igreja local nas tarefas para as quais for requisitado, sempre no espírito de servir, sem quaisquer reinvindicações de caráter pessoal ou corporativa. 2. O diácono há de ser um pronto colaborador, um auxiliar sempre voluntário nas mais variadas esferas da vida da igreja sempre em perfeita harmonia com o seu pastor, a quem deve amar e respeitar no Senhor Jesus. 3. Como servo deve procurar descobrir, em oração e no exame da Palavra de Deus, o seu dom e o ministério que mais se harmoniza com a manifestação da graça de Deus em sua vida. 4. O diácono deve buscar sabedoria do Senhor, para que, com cuidado, prudência e amor, possa estar habilitado a tratar das questões simples às mais complexas, sempre sob a direção do Senhor da obra e orientação do seu pastor, de quem é auxiliar do ministério na igreja. 5. Como auxiliar do ministério pastoral, deve o diácono procurar apoiá-lo em oração, em amor e em serviço, a fim de que o mesmo esteja apto para desempenhar com alegria, dedicação e

eficácia, no temor do Senhor. 6. O diácono deve buscar a visão de Deus para a obra da igreja, detectando possíveis problemas, procurando minimizá-los, e, se possível, eliminálos antes do seu aparecimento, sem nunca imprudentemente, ser parte deles ou agravá-los. 7. O diácono deve entender que seu ministério reporta-se à igreja local, com a sua especificidade, e que o seu reconhecimento para o exercício do diaconato atendeu a uma necessidade local específica. 8. O exercício do ministério diaconal exige renúncia, humildade; não devendo o diácono esperar qualquer recompensa, pois ser escolhido para o diaconato é em si um privilégio concedido por Deus através da igreja. Para tanto, Deus nos ajude e esforce nossas mãos e aqueça os nossos corações para servir sempre e melhor. A Comissão: Gláucia da Rocha Magalhães (relatora), Jairo Pereira da Silva, Lauro Pedro da Silva e Antônio Claudino Rodrigues. Fonte: https://www.facebook. com/groups/1449033762072699/ permalink/1737460076563398/

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vigiai ParabĂŠns! 12 | VIGIAI VIRTUAL 59 | novembro de 2017


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http://www.vidatotaldaigreja.com.br Vamos Construir Seu Crescimento Juntos Vida Total da Igreja não é mais um programa de crescimento de igreja. É, antes, uma estratégia que ajudará a igreja a alcançar a sua comunidade através de um Evangelismo Contextualizado.

A Primeira Igreja Batista de Miranda do Norte realizou o Seminário Vida Total da Igreja com o Pastor Odilon Pereira, Coordenador VTI no Brasil e Países de Língua Portuguesa. Além da igreja local contamos com a participação de irmãos de Penalva e outras cidades da região. No domingo pela manhã toda a igreja saiu às ruas para proclamar o evangelho de casa em casa, e muitas vidas foram alcançadas para Cristo. Glórias ao Senhor! 16 | VIGIAI VIRTUAL 59 | novembro de 2017


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EDUARDO MAYR Vice-Presidente da ANAMEL

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ADVOGADO É DOUTOR Eduardo Mayr Desembargador do TJ/RJ Doutor por direito e por tradição, acrescento. O primeiro registro da palavra “doutor” estaria em um Cânon do ano 390 d.C., por Marcel Ancyran, editado pelo concílio de Saragosso. É o que lembra o jurista mineiro Olavo Luís de Mesquita Diniz, o qual acrescenta que, pelo mesmo, ficava proibido declinar-se dessa qualidade – doctorum – sem permissão (Code de L’Humanité, ed. 1778…, Verdon).

interpretavam as leis mosaicas, designando como Phisicum os médicos e curandeiros.

O bacharel em Direito que efetivamente milita e exerce a profissão de advogado faz jus a esse título. Em seu Dicionário de tecnologia jurídica, Pedro Nunes explicita: “Bacharel em Direito – primeiro grau acadêmico, conferido a quem se forma numa faculdade de direito. O portador deste título, que exerce o ofício de advogado, goza do privilégio de doutor” (ord. L 11 Tit. 66,42; O que é certo, contudo, é que o título Doctores Pereira e Sousa, Crim. 75 e not. 188; Trindade, Sapientiae só veio a ser utilizado em Roma pág. 157, nota 143, in fine e pág. 529; Aux. Jur. e outorgado aos filósofos e àqueles que 355, Ass 93). promoviam conferências públicas sobre temas filosóficos, notadamente jurídicos. Tem-se Há notícias de um alvará régio editado por D. notícia de que tais títulos honoríficos foram Maria Pia, de Portugal, pelo qual os bacharéis concedidos a filósofos como Santo Tomás em Direito passaram a ter o direito ao tratamento de Aquino, Duns Scott, Rogerio Bacin e São de doutores. Como esse alvará – lei, na época Boaventura, cognominados ainda de Angélico, – nunca chegou a ser revogado, perdura o seu Sutil, Maravilhoso e Seráfico, respectivamente. efeito com a outorga do título de “doutor” a todos os advogados militantes. Um rábula de notável As universidades foram avaras na concessão saber jurídico foi agraciado com esse título desse título. A de Bolonha o outorgou a um por meio de um alvará régio especial: Antônio advogado que passou a ostentar o título Doctor Pereira Rebouças, que não era formado em Legum, ao lado dos Doctores ex Ioix, somente nenhuma faculdade de Direito. dado àqueles versados na ciência do Direito. Essa lei remanesce em vigor, como tantas outras Em suas origens, esta honraria era atribuída a que nunca foram revogadas, como o nosso advogados e juristas, e não a qualquer outra Código Comercial, que é de 1850. profissão. Há notícias de protestos feitos em relação aos médicos, que indevidamente se Por tradição e por direito, são os advogados apropriaram do título, reservado aos homens “doutores”. que cultivavam as ciências do espírito. O livro dos livros, a Bíblia, refere-se aos “Doutores Fonte: http://www.editorajc.com.br/advogadoda Lei”, referindo-se aos jurisconsultos que doutor/ novembro de 2017 - VIGIAI VIRTUAL 59 | 21


FAIRPLAY Eduardo Mayr Desembargador do TJ/RJ Nós todos, que fazemos das carreiras jurídicas profissão, haveremos que ter e exteriorizar aquilo que os ingleses chamam de “fairplay”. “Fairplay” não tem uma tradução precisa, sendo mais sentido do que explicado, tratando-se de uma como que atitude peculiar frente à vida, uma forma estóica de se comportar, uma espécie de “Weltanschauung”, ou um como que “alto astral” ético, a demonstrar um refinamento de conduta, uma forma gentil de lidar com aquilo que nos desagrada.

convive com os outros integrantes da “família forense”, havendo que manter uma postura absoluta mente ética no trato das coisas da Justiça.

Os árabes, cuja sabedoria milenar é sempre reconhecida, recomendam o uso da astúcia, afirmando que “- uma abóbora vale mais que uma cabeça sem astúcia”, havendo um ditado que afirma: “qualquer um pode triunfar pela força, mas só os homens de inteligência superior sabem triunfar com a astúcia”. No vernáculo, “astúcia” tem uma conotação depreciativa, Procurando consolidar o conceito: uma lembrando a arte de enganar o próximo. Mas honestidade de propósitos, uma forma de não é desta astúcia que estamos falando. É de proceder com dignidade, ou tudo isto em algo diferente. Atribui-se a Henrique IV, rei da conjunto. Aquele bom senso que nos leva a não França, a frase “apanham-se mais moscas com se aborrecer com os insultos ou reveses, tão uma colher de mel do que 20 barris de vinagre”, comuns no desempenho de nossas atividades. que o folclore alemão condensou para “não é Exemplificadamente, a posição tomada por com vinagre que se apanham moscas” (Vinagre: Lincoln, quando seus adversários o acusavam “Essig”, azedo até no nome…). de ser um homem “de duas caras”, e que fez com Os clientes passam, certamente. Resolvido o que não retrucasse, chamando seus desafetos seu caso, o caso seu, certamente para eles o de asnos ou nomes indecorosos, mas que o mais importante caso do Judiciário, não mais levou a responder com inequívoco “fairplay”: retornam, normalmente. Mas os integrantes “Meus senhores, deixo a decisão à Assembléia. da “família forense” continuam, e assim, como Se eu tivesse duas caras, andaria com esta?” irmãos, todos hão que conviver em harmonia. Assim procedendo, fez com que os presentes Não é de boa política criarem-se áreas de rissem, e ganhou a admiração e simpatia de atrito, pois é certo que só recorrem aos insultos todos, inclusive seus adversários, sem insultá- aqueles que não conseguem vencer com los ou humilhá-los. argumentos e bom humor. A propósito, quando Lady Nancy Astor disse ao venerável primeiroO que desejo sublinhar, com isto? É que o ministro Winston Churchill: “Winston, se eu Advogado, o Defensor Público, o Promotor ou fosse sua mulher, poria veneno no seu café…”, o Procurador e Justiça, ou mesmo o Juiz de este retrucou com “fairplay” Direito, não deve se deixar levar pela ira ou por sentimentos menos nobres. Cada qual lida e 22 | VIGIAI VIRTUAL 59 | novembro de 2017


“E eu, querida Nancy, se você fosse minha mulher, o tomaria de bom grado”. Lembro do insigne ministro Ary Franco, ao examinar Processo Penal no “Velho Casarão do Catete” – e recentemente se comemorou o 100º aniversário de seu nascimento – dirigindo-se ao “bedel”, “cargo” que não mais existe, uma espécie de “factótun” nas salas universitárias, pediu-lhe que trouxesse “um feixe de feno”, referindo-se ao aluno que estava sendo examinado, insinuando tratar-se ele de uma cavalgadura. O aluno respondeu, na hora: “E para mim, Sr. bedel, um cafezinho. Risadas gerais. Esperávamos, todos, uma explosão do velho mestre. Mas este, com “fairplay”, riu também, deu nota máxima ao aluno e vaticinou que ele viria a ser excelente político. De fato: o aluno é hoje deputado federal pelo nosso Estado. Mutatis mutandis, na Inglaterra, fato assemelhado ocorreu quando o juiz George Jeffrey apontou sua bengala para um réu, observando: “Há um velhaco na ponta de minha bengala”, tendo réu perguntado: “Em que ponta, meritíssimo?” Mansur Chalitta, ilustre escritor e jornalista, certa feita escreveu que a verdade provoca revolta ou concórdia conforme as palavras com que é revestida. Contou que um sultão sonhava que havia perdido todos os seus dentes, e o adivinho da corte, chamado a explicar o significado do sonho, vaticinara: “Que desgraça, senhor! Cada dente caído representa a morte de um parente de vossa majestade!”. Em conseqüência, foi açoitado por ordem do furioso sultão. Outro, chamado em seguida, lhe disse “Excelso senhor, grande felicidade vos está reservada. O sonho significa que havereis de sobreviver a todos os vossos parentes”. Recebeu então 100 dinares de ouro de recompensa pelo agora agradado sultão. Ambos disseram a mesma coisa. Mas a maneira de dizer fora diferente.

onde se assenta altaneira a Sra. Justiça, com seus eventuais achaques e benquerenças. Lembremo-nos de que há uma antinomia eventual entre o legal e o justo, e que há formas variadas de interpretar o mesmo dispositivo legal, não havendo na verdade certo ou errado (haveria uma jurisprudência “certa” e outra “errada”?) mas sim argumentos melhores ou mais convincentes, e outros com menos capacidade persuasória. Também, que o conteúdo da lei muda com o tempo, e muda também no espaço, às vezes por imposição da mídia, outras vezes pelos usos e costumes. Não devemos vencer, simploriamente. Acima de tudo, devemos convencer, e por isto qualquer argumentação há que ser cuidadosamente fundamentada, pois muitas vezes deve-se entender a missão do Juiz moderno não apenas como e tão-somente fazer Justiça, mas também, e acima de tudo, evitar que em nome da lei se comentam injustiças. Já se afirmou que a injustiça, sob o manto da lei, é abominável. Couture tinha razão quando prelecionava que se há de ter fé, crendo no Direito, melhor instrumento para o humano convívio; crendo na Justiça, como objetivo normal do Direito; na paz, como o substituto piedoso da Justiça; e acima de tudo na liberdade, sem a qual não há direito, nem justiça, nem paz. Acrescentaria: e que todos nós ajamos eticamente, com alma nobre e elevada, com “fairplay”, a fim de nos tornarmos admirados e respeitados por todos, e o mundo melhor, com mais sorrisos e alegria, sem preconceitos, ódios e contendas, mas com mais paz e amor, este, o dom maior de que nos falava São Paulo. Fonte: http://www.editorajc.com.br/fairplay/

O que desejo transmitir é exatamente isto: é desembargador não devemos fazer uso, em nossos trabalhos jurídicos, petições e arrazoados, pareceres aposentado, advogado, professor e escritor. Nos ou sentenças, de vinagre ou fel, e em nossa finais de ano publica um novo livro. Neste ano atividade profissional, por mais desgastante está lançando “Iluminuras”. que seja, mantenhamos sempre bom ânimo. Usemos, sim, palavras suaves, que agradam ao coração. “Fairplay” é o senso de humor e ironia, mas sem quebra da respeitabilidade, dignidade e decoro. Não é de bom alvitre desentendermonos, nós que mantemos de pé o banquinho tripé

Eduardo Mayr

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CURSO DE GRADUAÇÃO EM TEOLOGIA EAD FACULDADE BATISTA DE MINAS GERAIS O curso de graduação em Teologia na modalidade educação a distância – EAD da Faculdade Batista de Minas Gerais habilita o egresso para atuar em igrejas e ministérios pastorais, além de fornecer aos participantes conhecimento na área teológica. Na mediação didático-pedagógica dos processos de ensino e aprendizagem, esta modalidade utiliza meios e tecnologias de informação e comunicação para unir estudantes e professores no desenvolvimento das atividades educativas em lugares e/ou momentos diversos.

em Teologia estará apto a atuar em igrejas como pastor, missionário, ou em ministérios específicos, tais como jovens, família, aconselhamento, ensino e outros. Ele pode exercer o magistério no ensino religioso em escolas públicas e privadas, mediante licença dos órgãos competentes, ou atuar em ONGs, no desenvolvimento de projetos e atividades na área social, em pleno exercício da cidadania; além disso, há a possibilidade de exercer capelania em ambiente empresarial, prisional, militar, escolar e hospitalar.

Com a mesma carga horária e qualidade do curso presencial, a graduação em Teologia EAD da Faculdade Batista de Minas Gerais possui elevado conceito, atuando na formação do estudante que deseja conhecer ou aprofundar seus conhecimentos teológicos.

DIFERENCIAL Para ter a tranquilidade de estudar sem sair de casa, o estudante conta principalmente com a plataforma Blackboard, o mais conceituado AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem. Sua conceituação é atestada pela facilidade de acesso oferecida ao estudante, tanto por meio do computador quanto por tablet e até mesmo por celular. Além disso, o estudante é acompanhado por uma equipe qualificada de professores e tutores que o ajudarão na caminhada do conhecimento com profundidade e aproveitamento máximo do curso.

O curso de graduação em Teologia EAD foi criteriosamente avaliado e aprovado pelos líderes e pastores de Minas Gerais, uma liderança conhecida pelo respeito, zelo e cuidado minucioso para com a Palavra de Deus. Logo, o programa curricular é confiável e permitirá ao estudante uma sólida formação teológica numa das mais respeitadas instituições de educação superior – IES do país, e tudo isso com a comodidade de estudar em qualquer local e no horário de sua preferência. As avaliações são realizadas presencialmente, uma vez por semestre, na sede da Faculdade, tendo o estudante que comparecer conforme data estipulada no Calendário Escolar. Em consonância com a proposta metodológica, as disciplinas semestrais foram organizadas em dois grupos, e desta forma o estudante faz 2 (duas) provas semestrais, numa perspectiva interdisciplinar.

CARREIRA E MERCADO DE TRABALHO O papel do teólogo, em qualquer das mediações que realiza, influenciará os valores éticos, estéticos, culturais e os modos de vida da comunidade/sociedade. Desta forma, o bacharel 26 | VIGIAI VIRTUAL 59 | novembro de 2017

Prof. Claudinei Franzini Diretor da Faculdade Batista de Minas Gerais. Prof. Valseni Braga Diretor Geral da Rede Batista de Educação Prof. Magno Moura Cordenador dos cursos de Administração e Contabilidade da FBMG


CURSO DE GRADUAÇÃO EM TEOLOGIA EAD FACULDADE BATISTA DE MINAS GERAIS O curso conquistou nota 5 do MEC em infraestrutura tecnológica. Também é reconhecido pela qualidade no atendimento, pelo conteúdo de alto nível, pela experiência dos professores e pela elevada qualidade da plataforma Blackboard, uma das mais modernas ferramentas disponíveis para educação a distância.

ENDEREÇO Realização: Faculdade Batista de Minas Gerais Rua Varginha, 630 – Colégio Batista – CEP: 31110-130 Belo Horizonte, MG

PÚBLICO-ALVO Vocacionados que desejam conhecer mais sobre Deus e a Revelação da Bíblia Sagrada como pastores, missionários, obreiros, diáconos, presbíteros, professores de Escola Bíblica e capelães, ou alguém que queira compartilhar os ensinamentos bíblicos.

prof.reinaldoarruda@redebatista.edu.br

INVESTIMENTO Valor da mensalidade: R$398,00*

DIAS, HORÁRIOS, DURAÇÃO E CARGA HORÁRIA A qualquer tempo (desde que cumpra o prazo estabelecido pelo Calendário Acadêmico)

* Preço diferenciado para pagamento pontual *Para convênios será aplicado o desconto do acordo de cada contrato sobre o preço nominal (sem desconto) e não será cumulativo.

COORDENACAO Prof. Dr. Reinaldo

RECONHECIMENTO MEC E TITULAÇÃO Ato Legal – Reconhecido pela PORTARIA MEC nº 781 DE 5 DE DEZEMBRO DE 2016. Titulação – Bacharel

Duração: 4 anos

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CURSO DE GRADUAÇÃO EM TEOLOGIA EAD FACULDADE BATISTA DE MINAS GERAIS

FACULDADE BATISTA DE MINAS GERAIS REALIZA ENCONTRO PRESENCIAL PARA AVALIAÇÃO NO CURSO DE TEOLOGIA – MODALIDADE A DISTÂNCIA Em 1º de julho realizou-se no campus da Faculdade Batista de Minas Gerais (FBMG) o encontro presencial dos alunos do curso de Teologia EaD para atividade avaliativa, conforme previsto no calendário escolar.

ações da FBMG na construção do processo ensino-aprendizado e da cidadania.

O professor Rogério Rocha, coordenador do Núcleo de Educação a Distância (NEAD), prestou esclarecimentos sobre aspectos Na ocasião, a FBMG recebeu a turma do metodológicos e discorreu sobre alguns dos primeiro período de Teologia EAD, com alunos recursos tecnológicos disponíveis, como vindos de várias cidades de Minas Gerais e até o ambiente virtual de aprendizagem (AVA) de outros estados, como São Paulo, Pará e Rio Blackboard, a necessidade de leitura atenta dos de Janeiro. “Essa atividade avaliativa faz parte e-mails e da página do NEAD, além do aplicativo do processo de ensino-aprendizagem que visa para celulares BatistaID, a ser adotado em breve despertar nossos alunos para refletir a respeito também para os alunos do NEAD. de todo o percurso do semestre. Esse primeiro encontro presencial segue a determinação da Estiveram presentes ao encontro os docentes legislação”, afirma o coordenador do curso, Mirian Lemos (Leitura e Produção de Textos), Tais Pereira (Metodologia Científica) e Rogério Rocha professor Wagno Alves Bragança. (Introdução ao EAD), disciplinas que compõem A programação teve início às 8h, com as boas- o grupo 1, bem como os professores do grupo vindas do prof. Claudinei Franzini, diretor da 2, Robson Franco (História do Cristianismo), FBMG, que agradeceu a presença de todos, Elias Vieira (Introdução Bíblica) e Hélio Alves incentivando-os com uma breve explicação (Evangelismo), que tiveram o primeiro contato sobre o princípio moral e ético que norteia as presencial com os alunos. Estiveram presentes 28 | VIGIAI VIRTUAL 59 | novembro de 2017


CURSO DE GRADUAÇÃO EM TEOLOGIA EAD FACULDADE BATISTA DE MINAS GERAIS também os professores que atuam no segundo período: Luiz Felipe (Filosofia), Jackson Martins (Homilética), Tarcísio Caixeta (Hebraico e Antigo Testamento I), Daniela Bessa (Psicologia) e Mariah (Sociologia). O coordenador pedagógico da FBMG, Prof. Reinaldo Arruda, manifestou seu apreço e reconhecimento a todos os estudantes da primeira turma de Teologia EAD, enfatizando que a formação teológico-ministerial está associada ao compromisso com a Bíblia, o serviço cristão, a igreja e a necessidade de uma transformação da mentalidade. Na trajetória de formação no campo da teologia é preciso muita dedicação, organização, desejo de aprender e muita esperança no coração. O professor destacou também que a formação teológica da FBMG na modalidade EAD traz desafios para quem quer crescer e alcançar uma boa formação, pois o curso está bem construído, é inovador e contextualizado, sem desconsiderar o que é essencial e fundamental para o ministério.

compartilhei com minha família: o curso tem sido bênção. Não tive e não tenho como interesse primordial a pontuação ou aprovação, e sim o aprendizado e o desenvolvimento da fé. O conteúdo e a forma como as atividades são conduzidas foram favoráveis para este objetivo”. Ele continua sua observação, referindo-se agora especificamente ao encontro presencial: “Quanto à aula presencial, achei interessante conhecê-los e suas respectivas qualificações. Isso me motivou e me trouxe grande temor quanto a seriedade do ministério”.

Além de ser uma exigência legal, o encontro presencial serviu para promover interação e aproximar, física, emocional e pedagogicamente, aqueles que durante o semestre se uniram por meio do ambiente virtual de aprendizado. Certamente os laços estabelecidos entre docentes e discentes foram fortalecidos, o que contribuirá para catalisar o aprendizado de todos nós, que, visando a um preparo sério e comprometido com a Palavra, realizamos o estudo de uma teologia que tenha aplicabilidade Vale destacar a palavra do estudante Luiz nas comunidades cristãs, para a glória daquele Eduardo Alves Mishima a respeito do curso: que merece toda honra e todo louvor. “Compartilho com os srs.(as) o mesmo que

Pr. Wagno Bragança Coordenador da Faculdade de Teologia da FBMG Pr. Irland Pereira de Azevedo - Professor da Faculdade Batista de São Paulo e Membro da equipe de Estudos Teológicos e Ministeriais da FBMG.

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A luta dos Batistas pela liberdade religiosa

Bruno Faé “Oh, rei. Não despreze o conselho dos pobres, e deixe que suas reclamações cheguem até você. O rei é um homem mortal e não Deus. Portanto, não tem poder sobre as almas imortais dos seus súditos, para fazer-lhes leis e ordenanças e para colocar chefes espirituais sobre eles. [...] A religião dos homens e Deus é um assunto entre Deus e eles. O rei não deve responder por isso. Nem pode o rei ser juiz entre Deus e os homens. Deixe que sejam hereges, turcos, judeus ou o que seja. Não pertence ao poder terreno puni-los em nenhuma medida.”

Para compreender a importância dos Batistas na luta pela liberdade religiosa é preciso conhecer o contexto no qual o grupo surgiu e se desenvolveu. A Inglaterra do século 17 tinha uma religião oficial (Anglicana) e ambos, Igreja e Estado, estavam sob governo do Rei. Os cidadãos deviam estar obrigatoriamente inseridos nas duas instituições. No caso da Igreja, essa inclusão era feita por meio do batismo, logo após o nascimento. Aqueles que não batizavam os bebês estariam negando-lhes, além da entrada no Reino de Deus, também a cidadania plena. Ou seja, era considerado uma espécie de abuso infantil. Assim, estavam violando a lei tanto os que não faziam parte da Igreja oficial quanto os que não praticavam o batismo infantil, podendo receber punições como prisão, exílio ou até mesmo a morte. Compreendendo essa situação, é possível entender por que a prática do batismo somente de adultos esteve tão intimamente ligada à luta pela liberdade religiosa e pela separação entre Igreja e Estado. Nesse contexto, surgem os Batistas, em 1609, na Holanda, a partir de um grupo de ingleses que fugira do país por pretender se separar da Igreja oficial, liderados pelo pastor John Smith e pelo advogado Thomas Helwys (1550-1616). Logo, começou a luta dos Batistas por liberdade. Defesa da liberdade religiosa na Inglaterra Em 1612, Thomas Helwys escreve uma obra intitulada Uma breve declaração do mistério da iniquidade. O livro é o primeiro deste tipo em língua inglesa, e uma cópia foi enviada diretamente ao rei Tiago I. Num dos trechos o autor afirma: 30 | VIGIAI VIRTUAL 59 | novembro de 2017

Por sua ousadia e coragem, Helwys foi preso quando retornou à Inglaterra e na prisão permaneceu até sua morte em 1616. Mas as ideias deste Batista, tão modernas até para o tempo presente, não puderam ser presas ou eliminadas. Elas foram uma fonte de inspiração para diversos outros ativistas pela liberdade religiosa, dentre os quais John Murton (1585-1626). John Murton foi um Batista membro da igreja liderada por Thomas Helwys e esteve preso com ele. Em 1615 e 1620 publicou, anonimamente, dois livros. Num deles, intitulado A Epístola, o autor defende a ideia de dois reinos separados. Segundo Murton, “a autoridade terrena pertence aos reinos terrenos, mas a autoridade espiritual pertence ao único Rei espiritual, o Rei dos Reis”. As obras de Murton provavelmente influenciaram a elaboração da Primeira Confissão de Fé de Londres (1644). Na questão da liberdade religiosa, esta Confissão mostra que Batistas Particulares e Gerais estavam unidos no pensamento. Em seu artigo 49, está disposto que: “Devemos defender as autoridades e todas as leis civis feitas por elas, com nosso ser e com nosso patrimônio, ainda que devamos sofrer, por razão de consciência, por não nos submeter às suas leis eclesiásticas com as quais não estamos de acordo”. O pensamento de Helwys e Murton influenciou também um grande notável Batista na luta pela liberdade religiosa, Roger Williams (1603-1683). E com esse personagem podemos olhar para um outro contexto, no qual os Batistas alcançaram suas maiores vitórias: os Estados Unidos.


A luta dos Batistas pela liberdade religiosa

Bruno Faé Primeiras vitórias na Nova Inglaterra Rhode Island se tornou um local de refúgio para os perseguidos de outras colônias, e assim passou Roger Williams, um pastor separatista inglês, fugiu a ser também alvo de ataques. Para garantir em 1631 para a Nova Inglaterra (grupo de colônias a segurança em seu território, seus líderes inglesas que futuramente se tornaria os Estados recorreram ao rei da Inglaterra, Carlos II. Entra em Unidos) e, rejeitando o batismo infantil, se tornou cena então mais um notável Batista, o pastor John Batista. Normalmente, as colônias tinham também Clarke (1609-1676). uma religião oficial, Anglicana ou Congregacional. Na cidade de Boston, Williams começa a pedir às Em 1653, John Clarke foi enviado por uma comissão autoridades que parassem de policiar as crenças de Rhode Island à Inglaterra para interceder junto religiosas das pessoas. Ele defendia que o poder ao rei pelo reconhecimento formal da colônia. Ali, do magistrado civil se estendia apenas às ações ele permaneceu durante dez anos e em 1663 o externas dos indivíduos, mas jamais deveriam rei lhes concedeu a Escritura Real, na qual estava interferir nas questões internas da alma. Por sua registrado que “nenhuma pessoa na colônia militância, foi banido da colônia de Massachusetts. poderia ser molestada, punida, perturbada ou desacreditada por nenhuma diferença de opinião Decidido a implementar sua visão de liberdade ou em matéria de religião”. Esta Escritura Real é religiosa, Williams segue para uma região mais ao o primeiro documento oficial a garantir liberdade sul e funda a colônia de Rhode Island em 1636, religiosa no território dos Estados Unidos. onde implementa um governo no qual haveria liberdade de consciência. Desta forma, pode-se Conquista da liberdade religiosa nos Estados dizer que Roger Williams fundou o primeiro lugar Unidos no mundo moderno onde cidadania e religião estavam separados, ou seja, havia separação Mas a conquista máxima dos Batistas no campo entre igreja e Estado. da liberdade religiosa provavelmente foi a Primeira Foi justamente em Rhode Island, em 1638, Emenda à Constituição dos Estados Unidos. onde Williams também estabeleceria a Primeira Nessa história, o primeiro nome a ser citado é o do Igreja Batista nos Estados Unidos, na cidade de pastor Isaac Backus (1724-1806), considerado o Providence. principal pregador durante o período da Revolução Americana (luta pela independência dos Estados Em 1644, Roger Williams escreveu o livro O Unidos). princípio sangrento da perseguição por causa da consciência. Usando argumentos bíblicos, ele Em 1773, Backus publica um sermão sobre clama por um “muro de separação” entre a igreja liberdade religiosa, com o título Um apelo ao público e o Estado e pela tolerância para com várias para a liberdade religiosa contra as opressões dos denominações cristãs, incluindo o Catolicismo, e dias de hoje, no qual afirma que: também para com pagãos, judeus, turcos ou até mesmo anticristãos. Em um trecho, ele afirma: “Deus designou dois tipos de governo no mundo, que são distintos em sua natureza, e nunca devem “Deus não exige que uma uniformidade religiosa ser confundidos em conjunto: um é chamado de seja promulgada e determinada em qualquer governo civil e outro é o governo eclesiástico. [...] estado civil. Cedo ou tarde, a uniformidade Quem pois pode ouvir Cristo declarar que seu forçada será a maior ocasião da guerra civil, do governo não é deste mundo e ainda acreditar que arrebatamento da consciência, da perseguição de essa mistura de igreja e Estado Lhe é agradável?” Cristo Jesus em seus servos, da hipocrisia e da destruição de milhões de almas”. Na seção 3 da obra, Backus relata os sofrimentos causados pela perseguição aos Batistas por não Essa obra de Roger Williams foi posteriormente aceitarem se submeter à Constituição vigente. A citada como fonte filosófica por John Locke, pela independência do país em relação à Inglaterra Primeira Emenda à Constituição dos Estados significaria também a oportunidade de viver num Unidos e por vários escritos de Thomas Jefferson. país com plena liberdade religiosa. Por seu princípio de liberdade de consciência, novembro de 2017 - VIGIAI VIRTUAL 59 | 31


A luta dos Batistas pela liberdade religiosa

Bruno Faé Essa independência veio finalmente em 1776, mas nas regiões interioranas do país, havia agressiva a nova Constituição só foi promulgada em 1787. perseguição aos protestantes.

Mesmo assim, por falta de consenso, os direitos individuais dos cidadãos não foram incluídos logo de início na Constituição. E é aí que entra em cena outro Batista importante: John Leland (17541841). Leland era um influente pastor no estado da Virgínia, onde os batistas representavam uma importante parcela do eleitorado e que era também distrito do congressista James Madison. Havia o anseio para que Leland concorresse à vaga de Madison no Congresso, o que levou esse pai fundador a fazer uma visita ao pastor em sua casa. Na reunião entre eles, ficou acordado que Leland não concorreria à vaga de Madison, e esse, por seu turno, se comprometeria a apoiar a luta dos Batistas pela liberdade religiosa. Madison, considerado o “Pai da Constituição Americana”, então apresentou a proposta da Carta de Direitos (1792), documento pelo qual são chamadas as dez primeiras emendas à Constituição dos EUA. A primeira dessas dez emendas dispõe que:

Os historiadores da vida dos primeiros missionários americanos no Brasil contam que um dos principais republicanos, Aristides Lobo, visitou o missionário William Buck Bagby no dia anterior à proclamação da República, que ocorreu em 15 de novembro de 1889, ocasião na qual conversaram sobre a liberdade religiosa nos Estados Unidos. Lobo, então, saiu desse encontro com uma cópia da Constituição Americana, fornecida pelo missionário Bagby. A separação da igreja e do Estado já era um anseio dos republicanos, mas esse encontro com o missionário Batista teria contribuído para sua garantia expressa na nova Constituição, de 1891. Sobre a liberdade religiosa, a Constituição Republicana estabelecia o seguinte:

Art. 11 - É vedado aos Estados, como à União: [...] 2º) estabelecer, subvencionar ou embaraçar o exercício de cultos religiosos; Art. 72 - A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes no país a inviolabilidade “O Congresso não legislará no sentido de dos direitos concernentes à liberdade, à estabelecer uma religião, ou proibindo o livre segurança individual e à propriedade, nos exercício dos cultos; ou cerceando a liberdade de termos seguintes: palavra, ou de imprensa, ou o direito do povo de § 3º Todos os indivíduos e confissões religiosas se reunir pacificamente, e de dirigir ao Governo podem exercer pública e livremente o seu culto, petições para a reparação de seus agravos.” associando-se para esse fim e adquirindo bens, observadas as disposições do direito comum. Em 1802, Leland ainda foi convidado para pregar § 5º Os cemitérios terão caráter secular e serão numa sessão conjunta do Congresso, com a administrados pela autoridade municipal, ficando presença do presidente Thomas Jefferson, onde livre a todos os cultos religiosos a pratica dos mais uma vez defendeu a liberdade religiosa. respectivos ritos em relação aos seus crentes, desde que não ofendam a moral publica e as Contribuição para a liberdade religiosa no Brasil leis. Quando os primeiros Batistas da Convenção do Sul dos Estados Unidos, além dos Batistas poloneses e letos, chegaram ao Brasil, nosso país ainda era uma monarquia e a Igreja e o Estado estavam unidos. Vigorava a Constituição de 1824 que estabeleceu a Igreja Católica como religião oficial. As outras religiões eram permitidas no “culto doméstico”. Ou seja, as igrejas evangélicas não podiam realizar cultos públicos. Além disso, seus praticantes não podiam ser eleitores. Na prática, especialmente 32 | VIGIAI VIRTUAL 59 | novembro de 2017

Mesmo com a proclamação da República, a perseguição aos Batistas, e a outros evangélicos, continuou, com insultos, depredações e espancamentos. Mas nossos irmãos do passado resistiram bravamente, denunciaram os abusos, cobraram das autoridades e exigiram o direito de que cada um viva sua fé de acordo com a própria consciência. Assim, pode-se dizer que os Batistas também tiveram participação na busca pela liberdade religiosa e pela separação entre igreja e Estado no Brasil.


A luta dos Batistas pela liberdade religiosa

Bruno Faé Conclusão estabelecido pelo Estado ou pela força. Deus nunca quis fundar um “país cristão”. Cristo quer Diante desses relatos, que são apenas um reinar nos corações das pessoas e seu Reino pequeno resumo, podemos dizer que os não tem aparência exterior. Ele quer que as Batistas foram protagonistas e construíram uma pessoas se arrependam e sejam conquistadas linda história na luta e na conquista da liberdade pelo amor e pelo Seu Espírito, e não pela lei ou religiosa. Escreveram a primeira obra em língua pelas armas. Deixe que sejam hereges. Isso inglesa sobre o tema, fundaram o primeiro Estado vai nos lembrar de nossa responsabilidade do mundo moderno onde havia separação em espalhar a mensagem do Evangelho. Não entre igreja e governo civil, conseguiram o basta ser o Cristianismo a “religião oficial” em primeiro documento que garantia liberdade de qualquer lugar para que Jesus fique satisfeito. consciência no território da Nova Inglaterra, Ele só ficará satisfeito quando cumprirmos com pregaram para presidentes e autoridades e empenho e fidelidade a Sua ordem: ide, pregai e tiveram envolvimento direto na inserção da fazei discípulos em todas as nações. liberdade religiosa na Constituição dos Estados Unidos, maior democracia do mundo. FONTES:

Conhecer essa história nos ajuda primeiro a valorizar o esforço e o sacrifício de irmãos do passado que arriscaram suas vidas, foram exilados, presos e até mortos por defender a liberdade de servir a Deus de acordo com sua consciência. Nos ajuda também a continuar lutando por nossos próprios direitos atualmente. Eventualmente, o Estado e outros grupos sociais tentam interferir na liberdade religiosa, ameaçando, por exemplo, pautar sobre quais temas os pastores podem pregar. A igreja deve estar vigilante e defender a liberdade de proclamar sua fé, conforme sua consciência, evidentemente sem ser intolerante com quem quer que seja.

First Freedom: The Baptist Perspective on Religious Liberty (Thomas White) Baptists in America: a history (Thomas S. Kidd) The Baptist story: from english sect to global movement (Anthony L. Chute) História dos Batistas no Brasil até 1906 (A. R. Crabtree) Os Bagby no Brasil (Helen Bagby Harrison) http://www.reformedreader.org https://en.wikipedia.org https://erlc.com

Mas, talvez a principal lição que esses Batistas do passado tenham a nos ensinar nesse aspecto é que ninguém pode ser inserido no Reino de Deus pela força. Há pouco tempo, circulou na Internet um vídeo no qual traficantes obrigavam uma mãe-de-santo a quebrar seu local de culto e a expulsavam da comunidade, tudo isso “em nome de Jesus”. Jesus jamais aprovaria isso. O Senhor não obrigava ninguém a segui-Lo. Ele disse que “se alguém quiser” andar com Ele, deve negar a si mesmo, tomar a cada dia a sua cruz e segui-Lo.

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Nós Batistas devemos ser os primeiros a defender o direito das pessoas de viverem a religião de acordo com sua própria consciência. Conforme nos ensinaram Thomas Helwys e Roger Williams, Deus nunca quis que o Evangelho fosse

Fonte: https://bruno-fae.blogspot.com. br/2017/11/a-luta-dos-batistas-pela-liberdade. html?spref=fb Bruno Faé

Bacharel em Teologia pelo Centro de Educação Teológica Batista do Espírito Santo (CETEBES). Professor de História dos Batistas e Apologética no Centro de Educação Teológica Batista do Espírito Santo. Pastor auxiliar na Igreja Batista da Glória (Vila Velha - ES). Bacharel em Ciência da Computação pela Universidade Federal do Espírito Santo. Auditor de Controle Externo no Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo. Casado com Lilian e pai de duas filhas: Luiza e Isabel. novembro de 2017 - VIGIAI VIRTUAL 59 | 33


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