Vitor Aurelio Druzian Duarte
CENTRO CULTURAL PLURALIDADE: INTERVENÇÃO NO ANTIGO EDIFÍCIO “CINEMA SÃO GERALDO” EM AVANHANDAVA-SP
Centro Universitário Toledo Araçatuba 2018
Vitor Aurelio Druzian Duarte
CENTRO CULTURAL PLURALIDADE: INTERVENÇÃO NO ANTIGO EDIFÍCIO “CINEMA SÃO GERALDO” EM AVANHANDAVA-SP
Trabalho apresentado por Vitor Aurelio Druzian Duarte, ao Centro Universitário Toledo, como uns dos requisitos para obtenção de conceito de avaliação para o TFG – Trabalho Final de Graduação na banca final. Orientadoras: Prof. Me. Ana Carolina Gleria Lima Prof. Esp. Manuella Boreggio Costa dos Santos
Centro Universitário Toledo Araçatuba 2018
Banca Examinadora
______________________________ Prof. Esp. Manuella Boreggio Costa dos Santos (Orientadora) Centro Universitรกrio Toledo
______________________________ Prof. Me. Ana Paula Cabral Sader Centro Universitรกrio Toledo
______________________________ Denise Carvalho Schneider Arquiteta e Urbanista
Araรงatuba, 12 de dezembro de 2018.
Dedico aos meus pais Marco Aurelio e Simone MercĂşrio e a minha irmĂŁ Maria Fernanda.
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a todas as forças maiores, evoluídas e iluminadas e também a todos por terem me ajudado a seguir em frente e não desistir, por terem contribuído direta ou indiretamente.
Ana Carolina Gleria Lima Donizeti Carlos dos Santos Ana Paula Cabral Sader Manuella Boreggio Mariana Medeiros Joas Mendes Raquel Barbosa Mariane Aparecida Ana Paula Seraphim Lourdes Mercurio Isabelle Martins Tiago Gin Maria do Carmo Roberta Maduell Antonio Mantovani Wania Ernesto Rosicler Pinheiro Rafaela Akemi Iasmin Angelica Seguimara Duarte Stefany Angelica Joaquim Miguel Clara Angelica Joice Suniga Diego Cavalcanti Vinicius Nunes Douglas Isidoro Debora Yuke Angelo Castro Fernanda Ferrazza Sergio Teixeira Thiago Pinheiro Renata Cesare Benonino de Oliveira Isac Lima Caio Sechim João Guilherme Igor Anthunes João Duanello Renan Hilario Jumara Medeiros Carlos Matos Sara Relva Felipe Barbosa Dirceu Campos Thiago Martins Adrian Christian Minoria Diferente
“Devemos garantir a compreensão de nossa memória social preservando o que for significativo dentro do nosso vasto repertório de elementos componentes do Patrimônio Cultural”. Carlos a. C. Lemos
RESUMO O presente trabalho é a elaboração do projeto de intervenção realizado no antigo edifício “Cinema São Geraldo”, na cidade de Avanhandava – SP, buscando através deste à preservação urbana, da memória, da história e afeição da sociedade pela edificação existente, com a junção da cultura, ação cultural e política cultural, mitigar as diferenças sociais existentes no mundo contemporâneo, com a implementação e construção do Centro Cultural Pluralidade, trazendo oportunidades de contato cultural para a população do município, onde até então não há locais adequados para essas manifestações culturais na cidade. Com a criação de um centro cultural, pretende-se a valorização das relações interpessoais com a priorização dos espaços públicos, intensificando as práticas culturais na sociedade avanhandavense. Palavras-chave: Preservação
Urbana;
Avanhandava.
Centro Cultura;
Cultural; Espaço
Intervenção Público;
Contemporânea;
Edificações
Antigas;
ABSTRACT This works presents the elaboration of the intervention project undertaken in the Cinema SĂŁo Geraldo building, in Avanhandava - City of SĂŁo Paulo. It aims the preservation of the city, memories, history and affection of the society throughout the existing building, together with the culture, cultural action and cultural policy, to mitigate the social differences existing on the contemporary world with the implementation and construction of the Centro Cultural Pluralidade, bringing opportunities of cultural contact for the population of this municipality which until now didn't have appropriate places for cultural manifestation in the city. With the creation of a cultural centre, the goal is the valuation of interpersonal relationships with the priorization of public spaces, enhancing the cultural practice in the "avanhandavense" community. Key
words:
Cultural
Centre;
Contemporary
Intervention;
Preservation; Culture; Public Space; Old Buildings; Avanhandava.
Urban
LISTA DE FIGURAS Figura 1. Formulário da Pesquisa de Campo........................................................................................ 35 Figura 2. Localização da cidade e da área de implantação do projeto .................................... 63 Figura 3. Hotel Domingues Nanni em 1935 ............................................................................................ 65 Figura 4. Antigo Hotel com a reforma para a implantação da escola estadual ....................... 65 Figura 5. Fotos atuais do antigo edifício ................................................................................................ 66 Figura 6. Fotos atuais do interior antigo edifício .................................................................................. 67 Figura 7. Mapa de Manifestações Culturais em Avanhandava – SP ............................................. 68 Figura 8. Mapa de implantação do projeto na cidade de Avanhandava-SP............................ 69 Figura 9. Mapa de Localização do terreno com cotas ..................................................................... 70 Figura 10. Mapa de situação atual da gleba ...................................................................................... 71 Figura 11. Vista frontal da praça Giocondo Francisco de Oliveira (praça triangular) .............. 72 Figura 12. Vista posterior do edifício da antiga Câmara Municipal ............................................... 73 Figura 13. Vista Lateral do edifício câmara municipal ....................................................................... 73 Figura 14. Vista lateral da antiga creche .............................................................................................. 74 Figura 15. Vista posterior do edifício do antigo cinema .................................................................... 74 Figura 16. Mapa do sistema viário........................................................................................................... 75 Figura 17. Mapa de uso do solo .............................................................................................................. 77 Figura 18. Mapa de gabarito de altura – Ocupação do Solo ......................................................... 78 Figura 19. Mapa de cheios e vazios – Ocupação do Solo ............................................................... 79 Figura 20. Mapa de Topografia ............................................................................................................... 80 Figura 21. Mapa de vegetação .............................................................................................................. 81 Figura 22. Mapa de orientação solar e ventos dominantes ............................................................. 82 Figura 23. Fachada do Centro Cultural RedBull Station – São Paulo - SP ...................................... 86 Figura 24. Croqui explicativo do fluxo de entrada .............................................................................. 87 Figura 25. Fachada Interna – Escada projetada para alteração de fluxo ................................... 88 Figura 26. Terraço coberto e marquise metálica ................................................................................ 89 Figura 27. Corte Longitudinal – Área independente interna - Criada ............................................ 90 Figura 28. Planta térreo – Setorização dos ambientes ....................................................................... 90 Figura 29. Planta subsolo – Setorização dos ambientes..................................................................... 91 Figura 30. Planta mezanino – Setorização dos ambientes ................................................................ 91
Figura 31. Planta pavimento superior – Setorização dos ambientes .............................................. 92 Figura 32. Sala para exposições no Red Bull Station ........................................................................... 92 Figura 33. Salas de Ateliers no Red Bull Station..................................................................................... 93 Figura 34. Estudios no Red Bull Station .................................................................................................... 93 Figura 35. Área administrativa no Red Bull Station .............................................................................. 94 Figura 36. Paredes originais mantidas no Red Bull Station ................................................................. 95 Figura 37. Planta de Cobertura – Resfriamento com água - Red Bull Station .............................. 95 Figura 38. Centro de Desenvolvimento Moravia ................................................................................. 96 Figura 39. O Edifício e seu entorno em Moravia .................................................................................. 98 Figura 40. Espaços de convivência social - Moravia .......................................................................... 99 Figura 41. Espaços de convivência social em uso - Moravia ......................................................... 100 Figura 42. Planta térreo setorizada - Moravia ..................................................................................... 101 Figura 43. Planta pavimento superior setorizada - Moravia ............................................................ 102 Figura 44. Vista do pavimento superior para a área de convivência - Moravia ....................... 103 Figura 45. Vista aérea do Centro Cultural ........................................................................................... 104 Figura 46. Vista lateral do Centro Cultural ........................................................................................... 105 Figura 47. Vista das áreas independentes .......................................................................................... 106 Figura 48. Planta térreo – Centro Cultural ........................................................................................... 107 Figura 49. Planta pavimento superior – Centro Cultural .................................................................. 108 Figura 50. Estrutura metálica da cobertura no interior do centro cultural .................................. 109 Figura 51. Vista interna com estruturas metálicas do centro cultural ........................................... 109 Figura 52. Corte longitudinal setorizada .............................................................................................. 110 Figura 53. Plata baixa pavimento térreo setorizada ......................................................................... 111 Figura 54. Planta pavimento superior setorizada ............................................................................... 111 Figura 55. Organograma do projeto .................................................................................................... 115 Figura 56. Organograma de conceito do projeto ............................................................................ 117 Figura 57. Obra de arte “A Dança” de Matisse ................................................................................. 119 Figura 58. Organograma de partido arquitetônico .......................................................................... 119 Figura 59. Organograma dos princípios norteadores ....................................................................... 120 Figura 60. Significado da palavra pluralidade no dicionário ......................................................... 121 Figura 61. Significado das cores – Pluralidade dos usos................................................................... 123 Figura 62. Logo do Centro Cultural Pluralidade ................................................................................. 123
Figura 63. Setorização do projeto ......................................................................................................... 126 Figura 64. Níveis – pavimentos do projeto ........................................................................................... 127 Figura 65. Fluxograma pavimento térreo ............................................................................................ 128 Figura 66. Fluxograma pavimento 1 ..................................................................................................... 129 Figura 67. Fluxograma pavimento 2 ..................................................................................................... 130 Figura 68. Fluxograma pavimento 3 ..................................................................................................... 130 Figura 69. Máquina de reciclagem residual ....................................................................................... 131 Figura 70. Detalhamento laje nervurada ............................................................................................ 132 Figura 71. Concreto aparente - característica natural .................................................................... 133 Figura 72. Detalhamento cisterna enterrada no solo ....................................................................... 133 Figura 73. Detalhamento aplicação piso drenante ......................................................................... 134 Figura 74. Detalhamento laje verde ..................................................................................................... 135 Figura 75. Estudo da implantação do projeto ................................................................................... 136 Figura 76. Estudo da volumetria do projeto ........................................................................................ 136 Figura 77. Maquete eletronica para estudo de volumetria ............................................................ 137 Figura 78. Implantação ............................................................................................................................ 139 Figura 79. Planta baixa - situação atual .............................................................................................. 141 Figura 80. Mapa de danos ...................................................................................................................... 142 Figura 81. Mapa de danos ...................................................................................................................... 142 Figura 82. Mapa de danos ...................................................................................................................... 142 Figura 83. Mapa de danos ...................................................................................................................... 143 Figura 84. Infiltração, Desplacamento do Reboco, Biodegradação e Depósitos Escuros ..... 144 Figura 85. Vandalismo .............................................................................................................................. 144 Figura 86. Fissuras ....................................................................................................................................... 145 Figura 87. Porta e Janela existente ....................................................................................................... 146 Figura 88. Estrutura telhado atual .......................................................................................................... 146 Figura 89. Fachada do edifício existente ............................................................................................ 147 Figura 90. Planta layout edifício existente ........................................................................................... 148 Figura 91. Perspectivas recepção e área de exposição ................................................................ 149 Figura 92. Perspectivas área de exposição ........................................................................................ 150 Figura 93. Detalhamento ligações entre paredes de drywall ........................................................ 151 Figura 94. Planta layout - Biblioteca ..................................................................................................... 153
Figura 95. Esqueleto da estrutura metálica do mezanino ............................................................... 153 Figura 96. Detalhamentos construtivos do mezanino ....................................................................... 154 Figura 97. Perspectiva mezanino/biblioteca ...................................................................................... 155 Figura 98. Perspectivas mezanino/biblioteca..................................................................................... 156 Figura 99. Planta Layout Passarela Expositoria ................................................................................... 157 Figura 100. Esquema do esqueleto da passarela.............................................................................. 158 Figura 101. Perfil metálico base e vigas ............................................................................................... 159 Figura 102. Detalhamento ligação entre viga e pilar passarela.................................................... 160 Figura 103. Detalhamento do piso em aço perfurado .................................................................... 161 Figura 104. Detalhamento cobertura com chapa de aço EPS ..................................................... 161 Figura 105. Detalhamento cobertura em aço com EPS .................................................................. 162 Figura 106. Módulos triangulares passarela ........................................................................................ 162 Figura 107. Detalhamento vidro duplo termo acústico passarela ................................................ 163 Figura 108. Detalhamento Calha acima da passarela.................................................................... 163 Figura 109. Perspectivas passarela........................................................................................................ 164 Figura 110. Perspectivas passarela........................................................................................................ 165 Figura 111. Planta Layout - Edifício proposto - Térreo ....................................................................... 166 Figura 112. Perspectiva térreo edifício proposto ............................................................................... 167 Figura 113. Mobiliário Paulo Mendes da Rocha + MMBB................................................................. 168 Figura 114. Mobiliário Modulável ........................................................................................................... 169 Figura 115. Planta layout - Edifício Proposto - Primeiro Pavimento ................................................ 169 Figura 116. Perspectiva sala de música ............................................................................................... 170 Figura 117. Perspectiva segunda sala de música ............................................................................. 170 Figura 118. Perspectiva sala de dança ............................................................................................... 171 Figura 119. Perspectiva sala de artes ................................................................................................... 171 Figura 120. Perspectiva sala de arte ..................................................................................................... 172 Figura 121. Perspectivas área de sociabilização ............................................................................... 172 Figura 122. Perspectivas área de sociabilização ............................................................................... 173 Figura 123. Perspectiva área de circulação com parede de cobogó ....................................... 173 Figura 124. Ventilação Cruzada ............................................................................................................ 174 Figura 125. Perspectiva com o fluxo criado através da rampa ..................................................... 174 Figura 126. Perspectiva acesso sanitários e elevadores .................................................................. 175
Figura 127. Planta layout - Edifício proposto - Segundo pavimento ............................................. 176 Figura 128. Perspectiva sala de projeção ........................................................................................... 177 Figura 129. Perspectivas auditório ......................................................................................................... 178 Figura 130. Detalhamento aplicação painel acústico .................................................................... 179 Figura 131. Detalhamento aplicação painel acústico na laje ...................................................... 180 Figura 132. Paginação painel acústico auditório e sala de projeção ......................................... 180 Figura 133. Placa acústica fixada na laje ........................................................................................... 181 Figura 134. Planta layout - Terceiro pavimento - Terraço verde .................................................... 182 Figura 135. Perspectiva do terraço para o centro cultural ............................................................. 182 Figura 136. Perspectivas edifício proposto .......................................................................................... 183 Figura 137. Situação Atual praça .......................................................................................................... 184 Figura 138. Monumento praça .............................................................................................................. 185 Figura 139. Planta layout - Praça Giocondo ...................................................................................... 186 Figura 140. Espécies plantadas na praça .......................................................................................... 187 Figura 141. Banco praça Giocondo ..................................................................................................... 188 Figura 142. Perspectiva praça Giocondo Ferreira ............................................................................ 188 Figura 143. Vista dos mobiliários - intervenção................................................................................... 190 Figura 144. Perspectivas intervenções temporarias .......................................................................... 190 Figura 145. Perspectiva arquibancada ............................................................................................... 191 Figura 146. Paginação do Piso drenante ............................................................................................ 192 Figura 147. Localização dos Canteiros/Bancos ................................................................................. 193 Figura 148. Espécies de árvores na área aberta ............................................................................... 194 Figura 149. Canteiro/banco espaço aberto ...................................................................................... 194 Figura 150. Perspectivas Centro Cultural Pluralidade ....................................................................... 195 Figura 151. Perspectivas Centro Cultural Pluralidade ....................................................................... 196 Figura 152. Maquete Física ..................................................................................................................... 197 Figura 153. Maquete Física ..................................................................................................................... 198
LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1. Contagem de Sexo em porcentagem .............................................................................. 36 Gráfico 2. Contagem de idade das amostragens ............................................................................. 37 Gráfico 3. Contagem de Estado Civil das amostragens ................................................................... 37 Gráfico 4. Contagem por tempo de permanência em Avanhandava-SP .................................. 37 Gráfico 5. Contagem de pessoas com conhecimento ao Antigo Edifício .................................. 38 Gráfico 6. Contagem se há contexto cultural e afetivo ao antigo edifício ................................. 39 Gráfico 7. Contagem do oferecimento de espaços culturais em Avanhandava-SP ................ 42 Gráfico 8. Porcentagem de municípios brasileiros por tipo de equipamento cultural .............. 52 Gráfico 9. Porcentagem da densidade de oferta a equipamentos no total dos municípios brasileiros ....................................................................................................................................................... 54
LISTA DE TABELAS Tabela 1. Resultados obtidos na amostragem quanto a recuperação do espaço................... 40 Tabela 2. Resultados obtidos na amostragem em relação ao nível de importância da cultura ............................................................................................................................................................ 43 Tabela 3. Sistematização das referências projetuais ........................................................................ 113 Tabela 4. Tabela do programa de necessidades e dimensionamento....................................... 125
SUMÁRIO INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 22 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO ....................................................................... 23 1
AS INTERVENÇÕES URBANAS E O PATRIMÔNIO CULTURAL ............................ 25 1.1 Intervenções Urbanas no âmbito da Preservação ......................................26 1.2 Memória e Preservação do Patrimônio Cultural ..........................................28 1.3 Arquitetura e o Urbanismo como estimulador da prática à preservação cultural de uma cidade ............................................................30 1.4 A importância da história da cidade e atribuição de valor pela sociedade de Avanhandava-SP .....................................................................32
2
A CULTURA E AS DIFERENÇAS SOCIAIS ........................................................... 48 2.1 Cultura popular, alta cultura e o direito à cultura .......................................49 2.2 A falta de promoção à cultura e a luta pelos espaços públicos .............51 2.3 Diversidade cultural, Ação cultural e Política cultural como agentes difusores para a diminuição da desigualdade social .................................57
3
RECORTE ESPACIAL E ANÁLISE ......................................................................... 63 3.1 A cidade de Avanhandava – SP ....................................................................63 3.2 Breve Histórico do Cinema São Geraldo .......................................................64 3.3 Áreas de manifestações culturais e o local de implantação ....................67 3.4 Análises e diagnósticos das condicionantes físico-climáticas ...................75
4
3.4.1
Sistema Viário ..............................................................................................75
3.4.2
Uso do Solo ..................................................................................................77
3.4.3
Gabarito de Altura – Ocupação do Solo ..............................................78
3.4.4
Cheios e Vazios – Ocupação do Solo ....................................................79
3.4.5
Topografia e Vegetação ..........................................................................80
3.4.6
Orientação Solar e Ventos Dominantes ................................................82
REFERÊNCIAS PROJETUAIS ................................................................................ 85 4.1 RedBull Station – São Paulo - SP .......................................................................85 4.2 Centro de Desenvolvimento Cultural Moravia - Medellín – Colômbia ....96
4.3 Centro Cultural Daoíz y Velarde – Madri - Espanha...................................104 4.4 Sistematização das Referências Projetuais ..................................................112 5
PROJETO .......................................................................................................... 115 5.1 Diretrizes projetuais ...........................................................................................116 5.2 Conceito do projeto ........................................................................................117 5.3 Partido arquitetônico e principios norteadores ..........................................118 5.4 Identidade do projeto .....................................................................................121 5.5 Estudo de implantação e volumetria ...........................................................135 5.6 Programa de necessidades e dimensionamento ......................................123 5.7 Setorização e Fluxograma ..............................................................................126 5.8 Técnicas construtivas, materialidade e sustentabilidade .........................131 5.9 Implantação ......................................................................................................135 5.10 A intervenção no edifício Cinema São Geraldo .......................................140 5.10.1 Análise da situação atual do edifício ..................................................141 5.11 O projeto de intervenção ..............................................................................147 5.12 Passarela Expositória .......................................................................................156 5.13 Edifício Proposto ..............................................................................................166 5.14 Praça Giocondo Ferreira (Triangular) ..........................................................184 5.15 Espaços Abertos e Públicos ...........................................................................189
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 199 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 202 APÊNDICE 1 - TRANSCRIÇÃO DE ENTREVISTA – RELATO SOBRE A HISTÓRIA DO CINEMA SÃO GERALDO ................................................................................. 206 ANEXO 1 - PRANCHAS ARTÍSTICA ....................................................................... 207 ANEXO 2 - PRANCHAS TÉCNICAS ....................................................................... 208
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO A desigualdade existente na sociedade contemporânea, gera cada vez mais a falta de motivação e esperança nos seres humanos, diferença notoria nos aspectos, qualidade e perspectiva de vida. A cultura refere-se a tudo aquilo que está no meio em que vivemos, nossa história, arte, música, o modo de uma sociedade agir, resumidamente ela se traduz a um todo de uma determinada população. Sendo assim a cultura é agente fundamental no desenvolvimento de um dado povo, capaz de transformar, mudar e aumentar o senso crítico em relação a assuntos do indivíduo e da sociedade. Contudo, a cultura é esquecida pelo poder público, elitizando-a e provocando assim o distanciamento do acesso a cultura, manifestações artísticas e a informações, para a maior massa social existente. Portanto, é de extrema importância o fortalecimento entre esse elo sócio-cultural, para estimulos e práticas, construindo assim um mundo mais honesto e democrático. Avanhandava, uma cidade do interior paulista, com 13 mil habitantes, sofre diariamente com a falta à promoção de manifestações culturais, tampouco de locais para a preservação da história de uma cultura existente desta sociedade, desta maneira há necessidade desses espaços, sendo objetivo
o
projeto
do
Centro
Cultural,
trazer
para
a
população
avanhandavense os direitos à cultura. A finalidade do projeto consiste em trazer para a cidade mais conteúdo cultural, para que haja a integração social e a diminuição das desigualdades encontradas na sociedade. Desta forma o Centro Cultural tem como princípio resultar na oportunidade de conhecimento sócio-cultural e histórico, dandolhes a população o seu próprio direito de absorver destas manifestações, procurando assim seu bem estar físico e mental, instigando ao convívio social em um mundo cada vez mais individualista, valorizando ainda mais o espaço público para as pessoas, promovendo assim amabilidade urbana. Também busca-se a partir da arquitetura e do urbanismo, fundir-se com a cultura, para 22
INTRODUÇÃO
viabilizar a democratização do acesso à cultura e estimulando as manifestações culturais na cidade. Procura-se com a intervenção no antigo edifício, o Cinema São Geraldo, situado no espaço de inserção do projeto, abandonado e em estado de desuso, provocar a preservação da memoria e história da cidade, em um local onde encontrava-se antes, o ato da manifestação cultural através da exibição de filmes e sócio cultura, por ter sido um lugar de convivio e integração social pela sociedade da época, permitindo assim que haja a valorização do patrimônio cultural na cidade de Avanhandava. PROCEDIMENTO METODOLÓGICO A metodologia dedutiva, utilizada na realização deste trabalho, foram pesquisas quantitativas, leitura e análise de bibliografia dentre o tema e assunto, análise e diagnóstico das condicionantes físico climáticas do entorno da área de inserção do projeto, estudo de projetos de intervenção e espaços culturais, visitas técnicas ao local de inserção do projeto e levantamento fotográfico, elaboração do programa de necessidades e dimensionamento, fluxogramas e organogramas, estudo e definição do conceito projetual e partido
arquitetônico,
conseguinte
ao
desenvolvimento
preliminares de projeto e elaboração do projeto arquitetônico.
23
de
estudos
AS INTERVENÇÕES URBANAS E O PATRIMÔNIO CULTURAL
1
AS INTERVENÇÕES URBANAS E O PATRIMÔNIO CULTURAL Intervenções urbanas expressas no espaço público, são em sua maioria,
atividades do cunho artístico, com a
modificação visual destes meios,
podendo variar de trabalhos simples a grandes projetos, ocorrendo por sua maioria em grandes centros urbanos. (CARDOSO, 2013). A cidade contemporânea, apresenta um elevado nível de crescimento espacial, com grande diversidade étnica e cultural, resultado de processos históricos conflitantes esquecidos ao decorrer do tempo gerando a degradação do espaço urbano. Segundo Vargas e Castilho (2015), o conceito de degradação urbana está frequentemente associado à perda de sua função, ao dano ou à ruina das estruturas físicas, ou ao rebaixamento do nível do valor das transações econômicas de determinado lugar. Ao intervir no espaço urbano, buscasse não apenas, a preservação destes espaços degradados, mas também conservar o valor afetivo de uma determinada sociedade, afirma o autor: Intervir em centros urbanos pressupõe não somente avaliar sua herança histórica e patrimonial, seu caráter funcional e posição relativa na estrutura urbana, mas, principalmente, precisa o porquê de se fazer necessária a intervenção. (VARGAS e CASTILHO, 2015, p. 3).
Assim pretende-se com as intervenções urbanas, a recuperação do processo de deterioração e degradação urbana, causada pelo tempo e esquecimento. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN afirma que: “o patrimônio cultural de um povo é formado pelo conjunto dos saberes, fazeres, expressões, práticas e seus produtos, que remetem à história, à
25
AS INTERVENÇÕES URBANAS E O PATRIMÔNIO CULTURAL
memória e à identidade desse povo”1. De acordo com o artigo 216 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, patrimônio cultural é:
Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - As formas de expressão; II - Os modos de criar, fazer e viver; III - As criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - As obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V - Os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. (BRASIL, 1988).
Uma das questões levantadas quando se dá a interrogação do porquê intervir, é a de teor cultural e afetivo a um determinado espaço urbano, com isso faz-se aqui a discussão e a preocupação da intervenção às áreas de patrimônios culturais e de preservação urbana. Vê-se a necessidade da preservação cultural e histórica local, buscando assim as motivações que conduzem a serem feitas.
1.1
Intervenções Urbanas no âmbito da Preservação Com as intervenções de cunho urbano, busca-se a preocupação em
resguardar a identidade, a referência de seus cidadões e a história da cidade. Dois conceitos sobre intervenções, que podem ser usados como exemplos são os de Solá Morales (2006), que afirma a intervenção como um conceito geral, englobando diversas ações sobre as obras históricas, onde a arquitetura
1
Disponível em: < http://www.cultura.al.gov.br/politicas-e-acoes/patrimonio-cultural/principal/textos/patrimoniocultural-o-que-e>. Acesso em: 10 de março de 2018.
26
AS INTERVENÇÕES URBANAS E O PATRIMÔNIO CULTURAL
intervém em outra e ou entornos históricos, e também de Nesbitt (2006), falando sobre as intervenções como estratégias de acréscimo em áreas urbanas, se colocando a relação da nova arquitetura com a história. As áreas centrais, são lugares onde pode ser encontradas as sedimentações e estratificações da história de uma cidade. Seria essa a preocupação em preservar e recuperar o cenário urbano central, onde encontra-se as áreas de imagem e memória de uma determinada história da cidade e sua população, afirma as autoras: Recuperar o centro das metrópoles nos dias atuais significa, entre outros aspectos, melhorar a imagem da cidade que, ao perpetuar a sua história, cria um espirito de comunidade e pertenciamento. Significa também promover a reutilização de seus edifícios e a consequente valorização do patrimonio construido, otimizar o uso da infraestrutura estabelecida. (VARGAS e CASTILHO, 2015, p. 5).
A preservação urbana surgiu após a fase de renovação das cidades entre os anos de 1970 a 1990, no processo de intervenções, criada para reforçar a importância da preservação das vizinhanças e a restauração histórica de edifícios considerados significativos como os novos símbolos de status e distinção. (VARGAS e CASTILHO, 2015). O ato de preservar a imagem urbana, incorporando edifícios antigos em novos projetos na renovação dos centros urbanos, é favorecer a preservação das cidades. Afirmando assim Vargas e Castilho (2015), que os órgãos de preservação relacionam as áreas históricas e de cunho cultural com o planejamento urbano, na intenção de salvaguardar a vida e integridade da sociedade. De maneira geral, objetivo do período de 1970 a 1990 esteve centrado na valorização da memória, na organização da sociedade em defesa do patrimônio histórico e no discurso de centros das cidades seriam elementos essenciais da vida urbana e gerariam identidade e orgulho cívico. (VARGAS e CASTILHO, 2015, p. 17).
27
AS INTERVENÇÕES URBANAS E O PATRIMÔNIO CULTURAL
Portanto conclui-se que a preservação busca proteger, contudo a imagem e identidade da cidade, estabelecida pelo tempo e uma determinada sociedade, entendendo a cidade como um organismo histórico resultado do processo de produção social.
1.2
Memória e Preservação do Patrimônio Cultural Segundo Chaui (2000, p. 158), “A memória é uma evocação do
passado. É a capacidade humana para reter e guardar o tempo que se foi, salvando-o da perda total”. Portanto a memória, fazendo-se de relatos preservados por um ser humano, com significados especiais, torna-se lembranças, por questões de afeto e da qualidade de valor atribuída, podendo ser esquecida com o tempo e suas ocasiões atemporais. “Então o único meio de salvar tais lembranças é fixá-las por escrito em uma narrativa seguida, uma vez que as palavras e os pensamentos morrem, mas os escritos permanecem”. (HALBWACHS, apud ABREU, 1990, p. 6-7). Podendo assim ser ampliada para a produção materializada, artefatos, objetos, edifícios. Como afirma Adams (2002, p. 17) “A essencialidade da memória reside no fato de que é por ela que se dá relação com a variável temporal, fundamental para o desenvolvimento e a continuidade de nossa existência”. Com isso a memória torna-se de extrema importância na discussão da preservação do patrimônio cultural, podendo haver seu seguimento e lembrança através da concretização material. Segundo Lemos (2010, p. 29), “Devemos garantir a compreensão de nossa memória social preservando o que for significativo dentro do nosso vasto repertório de elementos componentes do Patrimônio Cultural. Essa a justificativa do por que preservar”. Consequentemente a globalização ocorrida ao longo do tempo, provoca os impactos e mudanças na cidade, determinando sua anulação dos valores existentes para a instalação de outros, consolidando novas estruturas, perdendo sua identidade própria do lugar. Segundo Adams (apud, ABREU, 1996, p. 10), torna-se fundamental o resgate da “memoria urbana”, 28
AS INTERVENÇÕES URBANAS E O PATRIMÔNIO CULTURAL
definida como o “estoque de lembranças que estão eternizadas na paisagem ou nos documentos de um determinado lugar”, lembranças essas que tem sido gradativamente reapropriadas por parte da sociedade. Procura-se assim manter e preservar a história da cidade por suas construções existentes, afirmando Magalhães (1985): Uma cultura é avaliada no tempo e se insere no processo histórico não só pela diversidade dos elementos que a constituem, ou pela qualidade de representações que dela emergem, mas sobretudo pela sua continuidade. Havendo o seguimento da cultura para a constituição de sua história. (MAGALHÃES, 1985, p. 15).
Pretende-se com preservação a reafirmação da identidade, podendo assim garantir um registro para o futuro da sociedade. Adams (2002), aponta que diante de todas as transformações causadas, no âmbito de uma escala de relações sociais e culturais, o processo sistemático de preservação sugere naturalmente como alternativa de resgate da identidade de cidades, povos, nações, e complementa dizendo que a procura por uma identidade requer bem mais que a manutenção das formas congeladas no tempo e a valorização plena das coisas verdadeiras, exigindo a reutilização com um sentido social. Com a preservação cultural, busca-se objetivos e ações que beneficiam a determinada sociedade, no contexto sociocultural, reforçando a ideia de identidade coletiva. Desse modo, Kuhl (2006), enfatiza a preocupação de necessariamente preservar, afirmando que à não preservação acaba gerando riscos a sociedade, sendo a perda de cultura própria, memoria e identidade, implicando em todos os cidadãos. O homem destruindo, degradando ou desnaturando os monumentos históricos apaga suas raízes, deturpa a própria memória, deforma as lições deixadas pelo passado, condenando-se a nunca ir além do empirismo. Uma sociedade deturpando sua cultura e sua memória, destrói os instrumentos que são seus próprios meios de expressão como seres vivos, com incidências sobre a memória individual e coletiva, podendo gerar problemas para a identidade como comunidades, povo ou nação. A imprudência em relação aos monumentos históricos e a seus aspectos documentais, resultam na perda de um valor fundamental, que é diversidade, a multiplicidade. Perda de 29
AS INTERVENÇÕES URBANAS E O PATRIMÔNIO CULTURAL
multiplicidade que nega um preceito que deveria estar presente na vida em geral, que é a tolerância. (KUHL, 2006, p. 38).
Logo a memória está totalmente ligada com o ato de preservar, buscando sempre a não perca de identidade, que é um valor fundamental para a vida do homem, deve-se estar sempre presente, por se tratar dos meios de expressão de cada população.
1.3
Arquitetura e o Urbanismo como estimulador da prática à preservação cultural de uma cidade A cidade é constituída por sua história, identidade, construções e a
memória de seus cidadãos. Carrega assim os conjuntos urbanos, edificações de seu tempo inicial de formação, elementos mais atuais, construções contemporâneas que refletem a história da sociedade que ali habitou e habitará. Tal dinâmica possibilita a leitura da cidade por meio de sua história, na medida em que essa história se encontra representada nesses elementos construídos que compõem a paisagem urbana. (LANDIM, 2003). Assim as configurações do passado estão presentes em nossa atualidade, afirma Paula Landim: “[...] sua história, sua cultura, seu meio de produção, seu estágio técnico e tecnológico, a divisão de classes, a luta pelo poder, entre outros fatores, está espelhada na configuração espacial da cidade. As sociedades mudam ao longo da história, assim como mudam as condições físicas na superfície do planeta. Essa injunção de históriasociedade e meio físico gera uma diversidade de soluções, uma diversidade de formas urbanas. As cidades constroem-se mudam e diversificam-se por dois vetores: o espacial, que corresponde ao território, e o temporal, que correspondem à história. Assim, a paisagem urbana que se apresenta determinado momento reflete a história da relação homem/meio ambiente nesse dado momento”. (LANDIM, 2003, p. 31).
A cidade convive desta forma com inúmeros patrimônios históricoculturais, fazendo-se assim a responsabilidade a preservação destes, não apenas de obrigação à administração política, mas também dos cidadãos e arquitetos e urbanistas. A arquitetura e o urbanismo tendem a buscar a preservação da memória e cultura, a partir do momento que o arquiteto e 30
AS INTERVENÇÕES URBANAS E O PATRIMÔNIO CULTURAL
urbanista tem participação ativa quanto aos ambientes construídos ou bem edificados, nas edificações e espaços urbanos. Na graduação em arquitetura e urbanismo segundo o CAU/MT, é atribuído ao arquiteto a capacitação técnica, teórica e prática, para atuação dos recursos culturais, relativo aos bens edificados, ressaltando assim a atuação neste campo do patrimônio histórico e cultural de interesse público, por serem compostos de bens a serem usados pela coletividade. A importância da designação de arquitetos e urbanistas no campo dos acervos construídos é reconhecida por organizações internacionais relativas ao tema. Historicamente os arquitetos e urbanistas desempenharam papel determinante na conceituação do campo do patrimônio histórico e cultural e no desenvolvimento de metodologias e técnicas de preservação. Assim como na estruturação das organizações do poder público e da sociedade civil dedicadas a proteger e promover os bens históricos, assegurando sua permanência e usufruto para as gerações presentes e futuras. (CAU/MT, 2016).2
Assim a arquitetura e o urbanismo são agentes fundamentais para o estimulo da prática à preservação cultural de uma cidade, através dos projetos de intervenções no mundo contemporâneo, em vários espaços e edifícios, que se encontra em perca de identidade e os contextos culturais estando esquecidos pela sociedade. Como exemplo pode ser destacado todos aqueles projetos de intervenções que são feitos em grandes centros urbanos, lugares onde estão suscetíveis a degradação do espaço urbano, por concentrar a maior massa populacional. Esses projetos são de extrema importância para a prática de preservar os patrimônios histórico-culturais, com a restauração e reuso das edificações, abandonadas, ou mesmo degradas, mantendo assim o
2
Disponível em: <http://www.caubr.gov.br/o-arquiteto-e-a-preservacao-do-patrimonio-historico/>. Acesso em: 14
de março de 2018.
31
AS INTERVENÇÕES URBANAS E O PATRIMÔNIO CULTURAL
arquiteto, a responsabilidade perante a sociedade, quanto a resguarda dos bens patrimoniais de uma cidade, de um povo, de uma sociedade.
1.4
A importância da história da cidade e atribuição de valor pela sociedade de Avanhandava-SP Ao discutir a importância da história da cidade, é importante conhecer
as origens de um município. Com a análise do capitulo “Cidade: Uma perspectiva histórica”, do livro “Cidade” da autora Ana Fani A. Carlos (2015). A cidade sendo um compilado de funções urbanas, com suas diversidades especificas, e tais condições históricas, Carlos (2015) afirma: Na literatura urbana da década de 60 e na quase totalidade dos livros didáticos de hoje, a origem da cidade vincula-se à existência de uma ou mais funções urbanas. Nessa perspectiva a origem de uma cidade pode ser: industrial, cultural, comerciais, administrativas ou politicas, [...] Nem tampouco a cidade surge da “vila” a partir do aumento da população, da extensão do sítio ou do aumento de sua densidade. Existem condições históricas específicas que explicam o surgimento da cidade e suas diferenciações espaciais. (CARLOS, 2015, p. 56).
Portanto a cidade obtém sua origem por motivos diversos, constituindose assim de um processo de formação que não se compõe somente por um determinado momento ou um único fator de origem. Segundo Carlos (2015, p. 56-57), a cidade tem uma origem histórica, “nasce num determinado momento da história da humanidade e se constitui ao longo do processo histórico,
assumindo
formas
e
conteúdos
diversos”.
Assim
pode-se
compreender que a cidade é a totalização de diversas transformações do homem no espaço geográfico, da natureza, produzindo várias coisas, compondo a história de uma cidade, que se torna fundamental para poder entende-la como um resultado de fatos e acontecimentos. Essa dimensão histórica é fundamental para a compreensão da natureza da cidade. Ela é essencialmente algo não definitivo; não pode ser analisada como um fenômeno pronto e acabado, pois as formas que a cidade assume ganham dinamismo ao longo do processo histórico. A cidade tem uma história. (CARLOS, 2015, p. 57).
32
AS INTERVENÇÕES URBANAS E O PATRIMÔNIO CULTURAL
A história de uma cidade, composta por várias objeções, se torna assim a realização do ser humano, constituído através do processo histórico compondo uma materialização concreta e diferenciada, através de determinadas histórias especificas. Consequentemente a história de uma cidade se faz de extrema importância por manter a memória de tudo que a compõe e integra, assim formando-a. Para Carlos (2015, p. 38), “a paisagem não só é produto da história como também reproduz a história, a concepção que o homem tem e teve de morar, do habitar, do trabalhar, do comer e do beber, enfim, do viver”. Desse modo, justifica a importância de manter viva a história de uma cidade. Revela-se que a paisagem também é um reprodutor da história, construído pelo homem, Carlos (2015), diz que a paisagem existente na cidade, surge à primeira vista, não se tornando estático, e sim com movimento da vida, e complementa Paoli (1992), a ideia de que a sociedade consegue entender a ideologia da história de um lugar, mas, contudo, não busca compreendê-la como fator importante para a vivência da mesma. Parece claro que uma sociedade onde se pensa que tudo pode ser destruído ou conservado, tem uma noção de história — passado e presente — completamente abstrata. Nestas condições, ela não é uma forma de reconhecimento, não é um chão de enraizamento, não se produz como referência com a qual se possa refletir sobre a experiência social. Isto aponta claramente para uma sociedade destituída de cidadania, em seu senso pleno, se por esta palavra entendermos a formação, informação e participação múltiplas na construção da cultura, da política, de um espaço e de um tempo coletivo. (PAOLI, 1992, p. 26).
Logo o homem, o indivíduo e a sociedade de uma cidade, deve atribuir valor afetivo as suas edificações tornando-se constituintes da história de uma determinada cidade. A sociedade da cidade de Avanhandava atribui valor afetivo e patrimonial ao antigo edifício do Cinema São Geraldo, confirmando e fundamentando na escolha para a preservação da memória com a inserção do projeto de Centro Cultural, com o objetivo de averiguar essa atribuição
de
valor.
Foi
realizada
uma
pesquisa
quantitativa
com
amostragem, através da plataforma do “Google Forms”, com moradores de 33
AS INTERVENÇÕES URBANAS E O PATRIMÔNIO CULTURAL
Avanhandava, para averiguação de valor do edifício, com foco na promoção de cultura no município e a importância sobre a oferta de áreas culturais na cidade. A figura 1, é o exemplo do questionário aplicado nas pesquisas, com perguntas voltadas ao antigo edifício do Cinema São Geraldo, e a promoção de cultura no município.
34
AS INTERVENÇÕES URBANAS E O PATRIMÔNIO CULTURAL
Figura 1. Formulário da Pesquisa de Campo
Fonte: Google Forms. (2018). Elaborado pelo autor (2018)3
3
Formulário elaborado pelo Google Forms. Disponível em: <https://goo.gl/forms/CnnWRxexfpFjuOKw2>. Acesso em: 24 de março de 2018.
35
AS INTERVENÇÕES URBANAS E O PATRIMÔNIO CULTURAL
A pesquisa foi realizada com 79 pessoas, todas moradores da cidade de Avanhandava-SP, dentre eles com maior porcentagem de pessoas do sexo feminino, e com idade entre 18 e 76 anos, maioria com tempo de permanência na cidade entre 2 e 76 anos. Assim constata-se nas amostragens, os dados obtidos pela população, como mostra os gráficos (1, 2, 3 e 4). Gráfico 1. Contagem de Sexo em porcentagem
Fonte: Google Forms. (2018). Elaborado pelo autor (2018)4
4
Dados obtidos pelo Google Forms. Disponível em: <https://goo.gl/forms/CnnWRxexfpFjuOKw2>. Acesso em: 24 de março de 2018.
36
AS INTERVENÇÕES URBANAS E O PATRIMÔNIO CULTURAL
Gráfico 2. Contagem de idade das amostragens
Fonte: Google Forms. (2018). Elaborado pelo autor (2018)
Maior parte dos entrevistados são do sexo feminino (72,2%), e sendo do sexo masculino (27,8%), dados contidos no gráfico 1. A faixa etária das pessoas varia entre 18 a 72 anos, com maior porcentagem de entrevistados com 20 anos de idade, (gráfico 2). Quanto a contagem do estado civil das pessoas (gráfico 3), a massa encontra-se casados (43%), pode-se notar que a população da cidade de maneira geral, tanto jovens quanto idosos, se interessam pelo assunto discutido na entrevista. Gráfico 3. Contagem de Estado Civil das amostragens
Fonte: Google Forms. (2018). Elaborado pelo autor (2018) Gráfico
4.
Contagem por tempo Avanhandava-SP
de
permanência 37
em
AS INTERVENÇÕES URBANAS E O PATRIMÔNIO CULTURAL
Fonte: Google Forms. (2018). Elaborado pelo autor (2018)
No gráfico 4, foi feito a contagem do tempo de permanência na cidade, por cada entrevistado, podendo notar que a maioria das pessoas residem desde seu nascimento, e conta também com pessoas que vivem a uma média de 60 anos, tendo conhecimento quanto às edificações antigas, do início da formação urbana. Gráfico 5. Contagem de pessoas com conhecimento ao Antigo Edifício
Fonte: Google Forms. (2018). Elaborado pelo autor (2018)
38
AS INTERVENÇÕES URBANAS E O PATRIMÔNIO CULTURAL
No questionário havia uma pergunta quanto ao conhecimento do antigo edifício do Cinema São Geraldo (gráfico 5), e com 81% dos entrevistados disseram que sim, teriam conhecimento, e 19% não. Com isso pode-se
identificar
que
a
maior
parte
dos
entrevistados
possuem
conhecimento sobre a história e existência do edifício, constatando a intensidade de memória e afeição ao lugar, justificando-se que o antigo edifício seja preservado como patrimônio cultura para Avanhandava. Com os dados obtidos no gráfico 6, quanto ao contexto cultural e afetivo ao antigo edifício, 73,4% disseram que sim, considerando o local com contexto cultural e afetivo relevante à cidade, e 26,5% disseram que não, sendo menos da metade dos entrevistados.
Gráfico 6. Contagem se há contexto cultural e afetivo ao antigo edifício
Fonte: Google Forms. (2018). Elaborado pelo autor (2018)5
5
Dados obtidos pelo Google Forms. Disponível em: <https://goo.gl/forms/CnnWRxexfpFjuOKw2>. Acesso em: 24 de março de 2018.
39
AS INTERVENÇÕES URBANAS E O PATRIMÔNIO CULTURAL
Quanto as questões relacionadas a promoção de cultura (tabela 1), constata-se boa recepção para preservação do antigo edifício à construção de um Centro Cultural, com respostas de aceitabilidade e a importância que este tipo de intervenção terá para a cidade. Tabela 1. Resultados obtidos na amostragem quanto a recuperação do espaço
Opinião das pessoas em relação a recuperação do espaço para a construção de um Centro Cultural: 1
Acredito que será uma ótima oportunidade para quem gosta das coisas da arte, e um chamariz para a população!!
2
Porque precisamos da recuperação para trazer a nossa cidade algo que possa beneficiar a população
3 Acho que deveria ser recuperado sim 4 Importante 5
Acho uma ideia maravilhosa pois a cidade precisa de um espaço cultural, um local que trabalhe com as questões culturais
6
Acho uma ideia maravilhosa pois a cidade precisa de um espaço cultural, um local que trabalhe com as questões culturais
7 Seria maravilhosa a recuperação da construção 8 Ótima ideia Acho importante, pois além de dar novo cara ao ambiente, seria um local de 9 divertimento para pessoa de todas as cidades não precisando se deslocar para cidade vizinha 10 Seria bem útil, pois poderíamos tirar várias crianças das ruas 11 Legal 12 Excelente 13
Acho importantíssimo para a cidade, pois nossa cidade precisa de um centro cultural para lazer, conhecimento, histórias para contar para nossos filhos.
14 Apoio a ideia, para que haja espaço cultural em nosso município 15 Acho muito importante pois na cidade não há nada de entretenimento 16 Um centro cultural é muito importante, a população será beneficiada. 17 Seria uma ótima ideia trazer mais cultura para todos os moradores. 18 Iria enriquecer na forma de conhecimento a cidade 19 Seria interessante, faz parte da história da cidade. 20 Seria uma coisa boa para o município 21 Seria um ótimo resgate cultural 22 Muito importante restabelecer a cultura da cidade 40
AS INTERVENÇÕES URBANAS E O PATRIMÔNIO CULTURAL
23 Excelente ideia em recuperar o espaço. Cultura nunca é demais. 24 Seria ótimo 25 Importante 26 Vai ser muito importante para o nosso município 27 Nossa cidade merece algo de muita importância pois não temos a onde ir 28 Restauração. 29 Excelente 30 Adoraria ver sua restauração 31 Oferecer entretenimento e cultura à população. 32 Avanhandava está precisando de um espaço como esse. 33 Seria ótimo 34 De extrema importância para população dessa cidade 35 Ótima atitude, será de grande valia para o município. 36
Acho muito bom, a cidade necessita de cultura.
Com certeza, a recuperação do espaço, seria de grande importância na preservação de um monumento cultural e enriquecimento cultural para o nosso 37 município. 38
Se há possibilidade de recuperação, seria interessante.
Me mudei para Ava em 1974 e o cinema já não existia mais só havia o prédio em condições precárias, funcionou novamente com a apresentação de alguns filmes no ano de 1980 se não me engano com a apresentação do filme terremoto e depois 39 nunca mais funcionou, mas a criação de um espaço cultural na cidade sem dúvida será bem-vindo e recuperar esse prédio sem dúvida é algo muito interessante. 40 Ótima ideia para a cultura de nossa sociedade. 41 População merece Um prédio antigo abandonado, que precisa ser restaurado p melhoria de nossa de 42 nossa cidade... 43 Muito importante, não temos um centro cultural Tudo o que diz respeito à cultura é muito bem-vindo. Deve fazer parte do contexto 44 social. 45 Muito importante, não temos um centro cultural 46 De grande importância 47 Ótimo, a cidade está precisando 48
Será de ótimas oportunidades para a população.
41
AS INTERVENÇÕES URBANAS E O PATRIMÔNIO CULTURAL
Creio ser de grande relevância. É uma oportuna ocasião para termos acesso a apresentação de grupos teatrais, de dança, exposições variadas, encontro de 49 poesias, etc., 50 De suma Importância. 51 Acredito que seja uma ótima ideia para a cidade. 52 Muito importante para a população ter um lazer. 53 Vou voltar aos tempos de adolescência, será de muita importância 54 Isso seria ótimo para a cidade. Fonte: Google Forms. (2018). Elaborado pelo autor (2018)
Nota-se que a população da cidade carece de espaços de manifestações culturais, pois com os dados obtidos com a questão sobre o oferecimento desses espaços no gráfico 7, foram totalmente negativas, com 92,4% dos entrevistados disseram que não há esse tipo de espaço no município, e com 7,6% afirma que sim, mas não se tornando relevante, por se tratar da minoria das pessoas.
Gráfico 7. Contagem do oferecimento de espaços culturais em Avanhandava-SP
Fonte: Google Forms. (2018). Elaborado pelo autor (2018)6
6
Dados obtidos pelo Google Forms. Disponível em: <https://goo.gl/forms/CnnWRxexfpFjuOKw2>. Acesso em: 24 de março de 2018.
42
AS INTERVENÇÕES URBANAS E O PATRIMÔNIO CULTURAL
Assim,
para
descobrir
a
importância
para
a
sociedade
de
Avanhandava, quanto aos espaços para o desenvolvimento cultural, implementou-se uma questão sobre o nível de relevância para a população (tabela 2). Os resultados obtidos com a amostragens foram positivos, pois na opinião da maioria, é de extrema importância esses locais para o desenvolvimento em modo geral da cidade, buscando assim o resgate da cidadania. Tabela 2. Resultados obtidos na amostragem em relação ao nível de importância da cultura
Opinião das pessoas em relação ao nível de importância para a sociedade de uma cidade, lugares que promova espaços para o desenvolvimento cultural? 1
Muito importante, pois uma comunidade sem cultura é uma comunidade sem valores históricos.
2
É muito importante para que o povo consiga ter contato com a nossa cultura, isso pode ajudar na aprendizagem e como sendo um ponto turístico
3 Muito importante 4 Oferecer melhoria para a sociedade 5 Muito importante 6 Muita importância 7 100% 8 Interação e desenvolvimento 9 Extremamente importante 10 Extremamente importante 11 É muito importante 12 É muito importante 13 Nível de importância alta, nota 10 14 O maior nível possível 15 Muito importante 16
Super importante, pois além do divertimento, seria também um local que proporciona momentos de aprendizagem e mesclagem de culturas
17
O nível de importância seria médio, pois todos precisam de um lugar para se divertirem.
18 Muito importante 19 Muito 20 MUITO IMPORTANTE 43
AS INTERVENÇÕES URBANAS E O PATRIMÔNIO CULTURAL
21 Muito importante 22 Nível máximo, sem cultura não seremos nada 23 10/10. Acho que todas as cidades deveriam ter centros históricos, Espaço de cultura. Lugares que promovam espaços para a cultura são essenciais na nossa época porque as pessoas estão perdendo o costume de se interagirem por conta da tecnologia que cada vez mais vem avançando e deixando de lado nossa cultura. 24 Sendo assim, espaços que precisem mostrar que tem um desenvolvimento cultural são de extrema importância para qualquer cidadão, qualquer cidade, pais, filhos, família etc. 25
Tem um máximo nível de importância, pois é através da cultura que uma sociedade se desenvolve
26 Importantíssimo 27
Importante pois deixa a cidade bonita e turística. Povo vê com outra cara. Se dá o respeito.
28 Muito importante 29
Os espaços culturais, são de muita valia por dar a oportunidade de conhecer grandes artistas. Todos devem ser respeitados e ter seu espaço de trabalho.
30 Importantíssimo 31 A importância é influenciar crianças e adultos a buscarem cultura. 32 Um nível alto, uma sociedade sem cultura perde sua identidade 33 Seria muito importante A cultura é que faz a sociedade progredir. Falta isso em Avanhandava. Toda a 34 responsabilidade fica por conta da escola da cidade que consegue atender a demanda de toda a população. 35 Socialização 36
Isso é bom para o desenvolvimento e conhecimentos mais sobre a cultura o que hoje não temos
37 Fundamental 38
Além de adquirir mais conhecimento e muito importante trabalhos culturais para o da sociedade como um todo
39 Importância de socialização É muito importante um espaço que resgate a parte cultural da cidade e sociedade. 40 Quando queremos assistir a peças teatrais ou mesmo ir ao cinema temos que recorrer a cidades vizinhas. 41
Um lugar que transmita cultura deve ser considerado de extrema importância para uma cidade.
42 Essencial 43 É de extrema importância para o nosso município, pois não temos lugares assim 44 Educacional 45 Muito importante 46 Falta muito. Lugares PR o desenvolvimento cultural. 47 Para crescimento de conhecimentos 48 Altíssimo. O passado influencia o presente. A história diz de onde viemos. 44
AS INTERVENÇÕES URBANAS E O PATRIMÔNIO CULTURAL
49 1 50 1 51
É de suma importância, já que se trata de um município pequeno e que não oferece nenhum atrativa para crianças, jovens e adultos
52
É importante pois trabalha com a recreação, vínculo familiar, expande diversas culturas, transmite conhecimento e lazer....
53 Muito importante 54 De muita importância. 55 Alto 56 8 57 Muita importância! 58 É de muita importância, o povo precisa de cultura. 59 Será ótimo para a cidade e para nós. A sociedade necessita de espaços culturais, onde motivará os jovens, principalmente, a valorizarem suas vidas, quando através de atividades culturais, ampliarão seus 60 conhecimentos que os conduzirão ao prazer de fazerem parte de uma sociedade saudável e com igualdade. 61
Para mim é muito importante lugares que promovam o desenvolvimento cultural. O desenvolvimento cultural auxilia no resgate da cidadania.
62
Ajudar na formação das pessoas e torná-las mais comprometidas com assuntos de interesse geral
63 É muito importante para a cultura da população. 64
Uma cidade mais antenada, promovendo eventos para a população e muitas atividades que envolvessem os jovens.
65 Mais cultura para todos Nível de uma sociedade para melhoria cultural, porque a cidade tem muito jovens...que precisa ocupar o tempo com conhecimento, para a evolução da própria 68 comunidade, nossos jovens precisam...teatro...músicas. ...instrumentos...ocupar as suas mentes para não cair nas drogas...alcoolismo. ... 67 Muito importante Na sociedade que vivemos atualmente vivenciando tantos aspectos negativos de 68 corrupção, violência e tantos outros, há urgência de ter-se uns espaços culturais para amenizar tantos conflitos. 69 Muito importante 70 Importantíssimo 71 Muito importante 72 De extrema importância, pois a cultura ajuda no desenvolvimento do ser humano. É de suma importância para a preservação da cultura local, exposições de fotos 73 antigas, mostras de artistas iniciantes em todas as áreas como: dança, teatro, poesia, escritores, escultores e outras. 74 A cultura deve ocupar um nível sempre importante, que merece destaque. 75 Muito importante, é a cultura que traz à sociedade novas visões das diferenças. 45
AS INTERVENÇÕES URBANAS E O PATRIMÔNIO CULTURAL
76
É uma oportunidade para as pessoas terem contato com as diversas áreas culturais: cinema, teatro, palestras, etc.
77 Médio 78 Muito importante enriquecedor 79
É de muita importância para uma cidade, pois ajuda no desenvolvimento interpessoal. Fonte: Google Forms. (2018). Elaborado pelo autor (2018)7
Conclui-se com a pesquisa de campo, a necessidade da preservação urbana no local, a afeição cultural da população e a preocupação quanto ao desenvolvimento de manifestações culturais no município, assim sendo de extrema importância o projeto de intervenção para a implementação do Centro Cultural.
7
Dados obtidos pelo Google Forms. Disponível em: <https://goo.gl/forms/CnnWRxexfpFjuOKw2>. Acesso em: 24 de março de 2018.
46
A CULTURA E AS DIFERENÇAS SOCIAIS
2
A CULTURA E AS DIFERENÇAS SOCIAIS É possível conjugar a busca por igualdade social, política e econômica com a defesa do direito à diferença cultural? Como assegurar o respeito aos valores dos diferentes grupos étnicos e, ao mesmo tempo, garantir o princípio do tratamento igual a todos os cidadãos? (HOFBAUER, 2011, p. 2).
O mundo contemporâneo encontra-se em total diversidade, vivemos em um lugar que absorve mais o individualismo do que o respeito pelos ideais particulares, a sociedade acaba perdendo sua essência e humanidade e não havendo o desenvolvimento cultural, afirma Silva (2007), quanto ao desenvolvimento cultural, que tem seguido um rumo de crescente privatização de espaços de produção, fruição e consumo, aumento das áreas de mercado e valor crescente da cultura que é transmitida pelos eletrônicos. Nos tempos atuais, o homem se envolve cada vez mais com as possibilidades tecnológicas e virtuais, do que a própria socialização e troca de cultura em aspectos físicos com o outro, esquecem de manifestar-se culturalmente perante a todos em uma sociedade, perdendo seus valores e identidades, sendo a cultura, tudo aquilo que vem sendo perdido com o tempo, pela falta de manifestação e troca por tecnologia feita pelo homem. Soares e Cureau (2015), afirma que a cultura é a manifestação de ideias no mundo, é a concretização de tudo aquilo que o homem produz, e para que exista a cultura, as ideias devem ser transformadas palpáveis, visíveis, perceptíveis, seja materialmente, tangíveis ou intangíveis. A cultura se faz das ações do ser humano. Assim pretende-se neste capítulo, discutir e analisar como a prática cultural acontece no mundo contemporâneo,
desmistificando
os
“muros”
de
desigualdades,
implementados pela própria sociedade, resultando ao não acesso a manifestações culturais a grande massa social. Santos (2003, p. 24), conclui a ideia de que “as diferenças culturais não devem ser transformadas em desigualdades sociais”.
48
A CULTURA E AS DIFERENÇAS SOCIAIS
2.1
Cultura popular, alta cultura e o direito à cultura Para Storey (2015), uma expressão cultural popular, pode ser
compreendida de forma variável de acordo com cada sociedade e seu contexto, não sendo classificada como sem importância. Assim há várias formas de se classificar o conceito de cultura popular, sendo ela constituída por uma determinada população de diversidades sociais, Storey (2015) afirma que para tentar definir o que é cultura popular, é de fato dizer que é aquela cultura pertencente de muitas pessoas, com amplitude. Apesar de ser atribuída a cultura popular como uma abrangência de diversidades existentes em toda a sociedade, acaba-se gerando controvérsia nesse âmbito de dimensão social, existindo a seleção entre “alta cultura” e “cultura popular”. Assim para atribuir a dimensão de popular é necessário incluir uma quantitativa de tal dimensão, que por muita das vezes acaba sendo segregada entre as classes sociais. Uma segunda maneira de definir cultura popular é sugerir que ela seja aquela que é deixada de lado após termos decidido o que é alta cultura. Cultura popular, nessa definição, é uma categoria residual, que serve para acomodar textos e práticas que não atingiram padrões que os classificariam como alta cultura. Em outras palavras, é uma definição de cultura popular como cultura inferior. (STOREY, 2015, p. 21).
Com essa definição a cultura necessariamente teria que atingir, padrões, surgindo julgamentos de valor sobre a cultura popular, que deveria ser de qualquer tipo de manifestação cultural, sem discriminação ou seleção, para dizer o que é uma cultura boa ou ruim, elevando o sentido de cultura boa aquela que é difícil, inatingível. De acordo com Storey (2015, p. 21. apud. BOURDIEU, 1980) “argumenta que distinções culturais desse tipo costumam ser usada para apoiar distinções de classe” e complementa dizendo que o consumo de cultura é “predisposto – consciente e deliberadamente, ou não – a satisfazer a função social de legitimar diferenças sociais”. Logo tal definição de cultura popular, poderia estar apoiada na premissa de que é uma cultura comercial de massa, já alta 49
A CULTURA E AS DIFERENÇAS SOCIAIS
cultura seria fruto de uma ação individual de criação. Portando a cultura popular estaria classificada como a cultura da baixa classe social e a alta cultura só estaria sendo atingida pela alta classe social, assim gerando desigualdades no acesso as manifestações culturais. A partir desta discussão, busca-se aqui cessar essa definição de “alta cultura”, analisando os direitos culturais estabelecidos, pela Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), adotado a Organização das Nações Unidas (ONU), no ano de 1948, dedicando o artigo 27 aos direitos culturais: 1. Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de desfrutar das artes e de participar do progresso científico e de seus benefícios. 2. Toda pessoa tem o direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autora. (DUDH, 1948).8
Há também o artigo 22 da DUDH (1948), com uma compreensão mais ampla: Toda pessoa, como membro da sociedade, tem o direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade. (DUDH, 1948).9
Logo todos os seres humanos, indiferente de suas diversidades e particularidades, devem ser contemplados por todos e quaisquer tipos de manifestações culturas. Como complemento, a Constituição brasileira
8
Fonte: Site da Unicef. Disponível em: < https://www.unicef.org/brazil/pt/resources_10133.htm>. Acesso em: 15 de
março de 2018. 9
Fonte: Site da Unicef. Disponível em: <https://www.unicef.org/brazil/pt/resources_10133.htm>. Acesso em: 15 de
março de 2018.
50
A CULTURA E AS DIFERENÇAS SOCIAIS
assegura também a todo cidadão brasileiro, direito à cultura. O artigo 215 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 diz que: Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais. § 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional. § 2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais. § 3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do País e à integração das ações do poder público que conduzem à: I - defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro; II - produção, promoção e difusão de bens culturais; III - formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas dimensões; IV - democratização do acesso aos bens de cultura; V - valorização da diversidade étnica e regional. (BRASIL, 1988).10
Como mostram as leis, o direito à cultura é um direito de todo ser humano, fazendo-se necessário que a sociedade se oriente e tome atitudes que possam a vir cessar os paradigmas criados pelo homem, quanto aos níveis de cultura e acesso à determinadas classes sociais, podendo assim transformar o mundo mais igualitário.
2.2
A falta de promoção à cultura e a luta pelos espaços públicos Para que haja acesso a bens e manifestações culturais, se faz necessária
a existência de políticas voltadas a implementação da cultura na vida social das pessoas, sendo de extrema importância a prática desse tipo de política, gerando o desenvolvimento social.
10
Dados
obtidos
através
do
site
do
Senado
Brasileiro.
Disponível
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituição.htm >. Acesso em: 15 de março de 2018.
51
em:
<
A CULTURA E AS DIFERENÇAS SOCIAIS
As políticas culturais estão ancoradas nos direitos e na ideia de universalidade do acesso a bens culturais, simbólicos ou materiais. A democratização e o acesso à cultura são valores de amplo acolhimento entre os diferentes atores sociais. De maneira geral, os objetivos gerais que guiam outras políticas sociais se aplicam às políticas culturais, que também são consideradas como meios para enriquecer a existência das pessoas e criar igualdade social. No entanto, as instituições culturais encontram-se diante de fortes restrições que limitam sua abrangência e acesso. (SILVA, 2007, p. 11).
Ainda que existam leis que protegem e garantem o direito à cultura a todo cidadão, há uma discrepância no âmbito de acesso à cultura, na distribuição de equipamentos culturais pelo país e na administração com políticas culturais. No livro Economia e Política Cultural: acesso, emprego e financiamento de Silva (2007), faz-se uma análise da pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), e demonstra dados de que 10% dos mais ricos do país são responsáveis por 40% do consumo cultural total de manifestações culturais. Há também o gráfico 8, com dados de pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), “que revela as carências em termos da presença de equipamentos culturais e a heterogeneidades no desenvolvimento da institucionalidade da área cultural”. (SILVA, 2007, p. 34).
Gráfico 8. Porcentagem de municípios brasileiros por tipo de equipamento cultural
Fonte: IBGE. (2001). Elaboração (DISOC/IPEA)
52
A CULTURA E AS DIFERENÇAS SOCIAIS
Constata-se assim a elitização de um direito a cultura, que deveria ser de todos, podendo ser notada a partir de que a maioria dos espaços voltados a manifestações culturais, estão inacessíveis para a maior massa social, geograficamente ou economicamente. Afirmando assim o autor: O consumo cultural resulta da oferta institucional, organizada e acessível. O território urbano das regiões metropolitanas se alastrou rápida e desorganizadamente, de forma a limitar as possibilidades de expansão dos equipamentos culturais de uso coletivo ou público. No entanto, os equipamentos privados avançaram em ritmos mais rápidos. Paradoxalmente, os equipamentos privados repercutem no consumo feito no espaço doméstico, pois oferecem bens que ali são consumidos, tais como fitas de vídeo, DVDs, CDs etc. (SILVA, 2007, p. 23).
Com o avanço dos equipamentos privados, o homem acaba não buscando se relacionar socialmente com a população, gerando ainda mais a individualização social, Silva (2007), conclui que para reverter a situação, torna-
se indispensável que o poder público, em seus diversos níveis de ação, se prontifique a provisione o acesso a esses diversos bens coletivos, ampliando o número de equipamentos culturais, facilitando o acesso para toda população. Dados de uma pesquisa feita pelo IBGE em 2001, contida no livro Economia e Política Cultural, dos 5.556 municípios brasileiros, 152 não têm nenhum equipamento cultural e apenas 53 possuem todos os tipos de equipamentos
culturais.
No
conjunto
dos
que
possuem
todos
os
equipamentos, encontramos as capitais e regiões metropolitanas. O gráfico 9, demonstra a densidade da oferta de equipamentos culturais no total dos municípios brasileiros.
53
A CULTURA E AS DIFERENÇAS SOCIAIS
Gráfico 9. Porcentagem da densidade de oferta a equipamentos no total dos municípios brasileiros
Fonte: IBGE. (2001). Elaboração (DISOC/IPEA)11
Com o gráfico é possível identificar a falta de equipamentos culturais nos municípios brasileiros com maior porcentagem de baixa densidade da oferta dos equipamentos culturais (82%), e apenas 1% das cidades brasileiras, obtendo alta densidade de oferta dos equipamentos. Outro ponto que se pode assinalar são as distâncias sociais que os consumos culturais expressam, sobretudo quando vistos pelos estratos de renda. Essas distâncias marcam forte fragmentação, com pouca interação entre os indivíduos das diversas classes sociais. Essa fragmentação também é indiciada pelos consumos cada vez mais privados, realizados em pequenos grupos ou domicílios de famílias pequenas, e é agravado pelos desenvolvimentos urbanos. Sem expansão planejada dos serviços e equipamentos, em geral mal distribuídos geograficamente, distâncias sociais, econômicas, educacionais, são agravadas. Somam-se a essas causas a exclusão pelas distâncias relacionadas à organização do espaço e dos transportes, mas também às inseguranças da vida urbana. Outro elemento a transformar padrões de relacionamento e isolamento (nesse caso, relativo) é a atração dos meios de comunicação que chegam ao domicílio e que passam a ocupar boa parte do tempo livre, transformando hábitos e sociabilidades. (SILVA, 2007, p. 55).
11
Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/cadvol3.pdf>. Acesso em: 16 de abril de
2018
54
A CULTURA E AS DIFERENÇAS SOCIAIS
Desta forma, pode-se concluir que a diferença do nível e qualidade da promoção a cultura, encontra-se em total desigualdade, acentuando assim distâncias entre as sociedades à cultura, tornando-se clara a diferença do grau de qualidade da informação e cultura que é disposta as diferentes classes sociais. Logo ao observar que o fato da grande massa social, sofrer quanto a falta de promoção a cultura, deve-se a maior parte dos espaços destinados
a
manifestações
culturais,
encontrando-se
inacessível,
privatizadas. Uma das maneiras de dar ao cidadão a chance de promover à cultura, é dar a ele espaços que sejam públicos, sem distinção ao uso. Os espaços públicos geram democratização e acesso a produção cultural, que valoriza as variedades culturais existentes, o que torna fundamental esses espaços solidificando o papel cultural.
Ao prever espaços públicos para a sociedade, propõe-se o acesso à cultura, Calliari (2016) faz uma analogia em seu livro a respeito da Grécia ter desenvolvido o tipo de espaço coletivo, que hoje em dia seriam os teatros, refletindo o ideal grego de harmonia, que não restringia seu público, estendendo a todos os cidadãos, sendo essa uma representação da oportunidade de encontro social, entre todas as pessoas, incluindo as mulheres, uma forma de inclusão de gênero na era cristã. Com isso pode-se observar a preocupação entre as trocas sociais e culturais desde as origens da nossa sociedade confirmando a ideia de que nos espaços públicos e coletivos, encontramos a diversidade. Logo provocando a convivência entre a sociedade em locais públicos é proporcionar a essencialidade da civilização e o homem convivendo com as diferenças, conseguinte
compreenderá a ele mesmo, permitindo o
intercâmbio de ideais. Os espaços públicos, para toda a diversidade social, geram a troca sociocultural, aumentando a promoção cultural na cidade, sendo de suma importância que os municípios tenham essas áreas de sociabilização, Montaner (2012, p. 133) confirma que:
55
A CULTURA E AS DIFERENÇAS SOCIAIS
A cidade deve possibilitar lugares de comunicação, de informação gratuita, itinerários lúdicos. A luta por defender os espaços públicos constitui, definitivamente, um elemento básico para a democratização da sociedade. Cada vez que um lugar público é privatizado, a coletividade perde parte do seu direito de participar da cidade. Esse “direito à cidade” deve ser ampliado com a exigência do direito à memória, à beleza e aos lugares para a expressão da comunidade (MONTANER, 2012, p. 133).
Portando havendo áreas públicas nas cidades, consequentemente terá democratização, para que não perca a coletividade e o direito de participar da cidade. Gehl (2015) fala sobre a importância dos espaços públicos para a vida social. O espaço público criado democraticamente, garante acesso e oportunidades, para todos os grupos sociais, havendo liberdade para exercer qualquer tipo de atividades. Contudo o espaço público é um gerador de qualidades para toda vida social e urbana, obtendo como premissa, esses espaços, a diversidade, assim Gehl (2015, p. 28) complementa: A gama de atividades e atores demonstra as oportunidades do espaço público de reforçar a sustentabilidade social. É significativo que todos os grupos sociais independentemente da idade, renda, status, religião ou etnia, possam se encontrar nesses espaços, ao se deslocarem para suas atividades diárias. Essa é uma boa forma de fornecer informação geral para qualquer um sobre a composição e universalidades da sociedade. Além disso, faz com que as pessoas sintam-se mais seguras e confiantes quanto a experimentar os valores humanos reproduzidos em diferentes contextos. (GEHL, 2015, p. 28).
Ao promover os espaços públicos para as manifestações culturais, se faz com que as diversas camadas sociais possam ter acesso à cultura, exercendo seu direito à cultura, e se integrando ao espaço público a sustentabilidade social. Assim Silva (2007), afirma a falta desses espaços em nosso espaço urbano, não incentivando o uso dos espaços urbanos para o entretenimento, lazer e práticas culturais. Logo fica claro que as políticas culturais, são imprescindíveis para as ações organizadas do espaço urbano, que exige consequentemente ações intersetoriais. Sendo assim, para a massa social ter acesso e manifestação cultural, necessariamente as políticas públicas devem valorizar os espaços públicos de qualidade para o desenvolvimento da ação cultural. 56
A CULTURA E AS DIFERENÇAS SOCIAIS
2.3
Diversidade cultural, Ação cultural e Política cultural como agentes difusores para a diminuição da desigualdade social Aprovada na 31ª Conferência Geral da Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 2002, a Declaração Universal Sobre a Diversidade Cultural, que estabelece fatores fundamentais para a dignidade humana e as diferentes formas culturais que devem ser consideradas, por respeito, garantindo assim a paz mundial. Recordando que o Preâmbulo do Ato Constitutivo da UNESCO afirma “(...) que a difusão da cultura e a educação da humanidade para a justiça, a liberdade e a paz são indispensáveis à dignidade humana e constituem um dever sagrado que todas as nações devem cumprir com espírito de assistência mútua”, Reafirmando que a cultura deve ser considerada como o conjunto dos traços distintivos espirituais e materiais, intelectuais e afetivos que caracterizam uma sociedade ou um grupo social e que abrange, além das artes e das letras, os modos de vida, as formas de viver em comunidade, os sistemas de valores, as tradições e as crenças, Verificando que o respeito pela diversidade das culturas, a tolerância, o diálogo e a cooperação, num clima de confiança e de entendimento mútuos, estão entre as melhores garantias da paz e da segurança internacionais, (UNESCO, 2002).
A Declaração Universal Sobre a Diversidade Cultural (2002), proclama e adota princípios norteadores para a diversidade cultural, que devem ser seguidos pelo homem, garantindo assim a democratização cultural, diversidade de ideais e os direitos básicos dos cidadãos. IDENTIDADE, DIVERSIDADE E PLURALISMO Artigo 1º – A diversidade cultural, património comum da humanidade A cultura adquire formas diversas através do tempo e do espaço. Essa diversidade manifesta-se na originalidade e na pluralidade das identidades que caracterizam os grupos e as sociedades que compõem a humanidade. Fonte de intercâmbios, de inovação e de criatividade, a diversidade cultural é tão necessária para o género humano como a diversidade biológica o é para a natureza. Neste sentido, constitui o património comum da humanidade e deve ser reconhecida e consolidada em benefício das gerações presentes e futuras. Artigo 2º – Da diversidade cultural ao pluralismo cultural nas nossas sociedades cada vez mais diversificadas, torna-se indispensável garantir a interação harmoniosa e a vontade de viver em conjunto de pessoas e grupos com identidades culturais plurais, variadas e dinâmicas. As políticas que favorecem a inclusão e a participação de todos os cidadãos garantem a coesão social, a vitalidade da sociedade civil e a paz. Definido desta forma, o pluralismo cultural 57
A CULTURA E AS DIFERENÇAS SOCIAIS
constitui a resposta política à realidade da diversidade cultural. Inseparável de um contexto democrático, o pluralismo cultural é propício aos intercâmbios culturais e ao desenvolvimento das capacidades criadoras que nutrem a vida pública. Artigo 3º – A diversidade cultural, fator de desenvolvimento A diversidade cultural amplia as possibilidades de escolha à disposição de todos; é uma das origens do desenvolvimento, entendido não apenas em termos de crescimento económico, mas também como meio de acesso a uma existência intelectual, afetiva, moral e espiritual satisfatória. (UNESCO, 2002). DIVERSIDADE CULTURAL E DIREITOS HUMANOS Artigo 4º – Os direitos humanos, garantes da diversidade cultural A defesa da diversidade cultural é um imperativo ético, inseparável do respeito pela dignidade da pessoa humana. Implica o compromisso de respeitar os direitos humanos e as liberdades fundamentais, em particular os direitos das pessoas que pertencem a minorias e os dos povos autóctones. Ninguém pode invocar a diversidade cultural para violar os direitos humanos garantidos pelo direito internacional, nem para limitar seu alcance. Artigo 5º – Os direitos culturais, enquadramento propício à diversidade cultural os direitos culturais são parte integrante dos direitos humanos, os quais são universais, indissociáveis e interdependentes. O desenvolvimento de uma diversidade criativa exige a plena realização dos direitos culturais, tal como são definidos no artigo 27º da Declaração Universal dos Direitos Humanos e nos artigos 13º e 15º do Pacto Internacional dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais. Qualquer pessoa deverá poder expressar-se, criar e difundir suas obras na língua que desejar e, em particular, na sua língua materna; qualquer pessoa tem direito a uma educação e uma formação de qualidade que respeite plenamente sua identidade cultural; qualquer pessoa deve poder participar na vida cultural que escolha e exercer as suas próprias práticas culturais, dentro dos limites que impõe o respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. Artigo 6º – Rumo a uma diversidade cultural acessível a todos ao assegurar a livre circulação das ideias através da palavra e da imagem, deve-se zelar para que todas as culturas se possam expressar e dar a conhecer. A liberdade de expressão, o pluralismo dos meios de comunicação, o multilinguismo, a igualdade de acesso às expressões artísticas, ao conhecimento científico e tecnológico – inclusive em formato digital - e a possibilidade, para todas as culturas, de estar presente nos meios de expressão e de difusão, são garantias de diversidade cultural. (UNESCO, 2002).12
Disponível
12
em:<http://www.unesco.org/new/fileadmin/MULTIMEDIA/HQ/CLT/diversity/pdf/declaration_cultural_diversity_pt.pdf >. Acesso em: 18 de abril de 2018.
58
A CULTURA E AS DIFERENÇAS SOCIAIS
Logo com está declaração, pode-se entender que a cultura é totalmente diversificada e de direito a todo tipo de sociedade, considerando capaz de ser atribuída como cultura todas as diferentes formas de expressão e vivência. Portanto as diferenças sociais devem ser esquecidas com a prática das ações de cunho cultural, provocando a aceitação da diversidade e a democratização entre as sociedades, que para Cunha (2010), que para essa ação, emprega-se o termo ação sociocultural, indicando assim o conjunto das diversidades estruturais e formais de relações humanas e acrescenta, quanto a questão ao âmbito social, entende-se como objetivos de transformação e melhoria das condições da vida, classes, estratos, camadas ou grupos sociais pobres, buscando atingir um equilíbrio no acesso e distribuição das riquezas, conhecimentos e oportunidades para a experiencia da vida. Em vista disso a ação cultural necessita ser implementada a sociedade, por intermédio, de intervenção, tanto em questão urbana, política, social e econômica, administrada pelo poder público, coordenando assim projetos e atividades relativas ao cunho cultural. Cunha (2010) relata que a ação ou animação cultural constitui em intervenção simultaneamente técnica, política, social e econômica, pelo poder público ou organismos particulares da sociedade civil, por meio de programas e atividades relativas a manifestações culturais, e uma dessas atividades relatadas pelo autor é a de “criação ou estímulo à formação de centros ou de movimentos de informação e formação culturais em pequenas e médias comunidades”. (CUNHA, 2010, p. 76). Por conseguinte, estipula-se às ações culturais, aos centros de desenvolvimento cultural, assegurar a abrangência social, de todas as massas, podendo haver a diminuição das desigualdades sociais, obtém a ação cultural como premissa, a tradição humanista ou iluminista de pluralidade, diversidade, podendo gerar novas ações individuais e coletivas, estimulando os contatos sociais. Então com essas ações busca-se um mundo mais humanista, democrático e igualitário, com qualidade de vida ao homem 59
A CULTURA E AS DIFERENÇAS SOCIAIS
e um processo civilizatório, entretanto existem grandes dificuldades nas ações culturais que acabam dependem de fatores políticos, econômicos, etc. Determina-se, a ação cultural um agente de suma importância na vida de toda sociedade, intervindo nos melhores momentos, como portadora de outros valores como a diminuição das desigualdades culturais, das diferenças sociais, de habilidades e de comportamentos que aperfeiçoem o caráter humanístico da sociedade, obtendo a importância e a responsabilidade pública. Para que haja a prática da ação cultural, necessita-se de políticas, que é denominada de política cultural, sendo ações e decisões do poder público nas cidades, através de programas culturais. Por política cultural pode-se entender, inicialmente, o conjunto de intervenções e decisões dos poderes públicos por meio de programas e de atividades artístico-intelectuais ou genericamente simbólicas de uma sociedade, conduzido em nome do interesse geral ou do bom comum de uma coletividade, embora deste âmbito se encontre habitualmente excluída (mas nem sempre) a política de educação ou de ensinos formais. (CUNHA, 2010, p. 81).
A política cultural é diretamente ligada a ação cultural do estado ou poder público, que administra e incentiva as atividades, princípios, métodos de atuação, organismos administrativos, gerenciamento, formas de apoio a instituições, manutenção das obras e a preservação e uso dos bens patrimoniais, sendo materiais ou imateriais. Conclui-se, que a prática cultural sem uma política cultural, é totalmente ineficiente e pode agravar as desigualdades e distâncias sociais, ao prever isto Silva (2007) afirma a necessidade desta implementação de política, para garantir a eficiência das ações culturais, buscando uma atuação pública com o intuito de tornar-se a cultura acessível a todos. É evidente a necessidade de políticas culturais que distribuam bens e contribuam com a diminuição de distâncias e desigualdades nos mapas sociais de reconhecimento mútuo entre segmentos, grupos e classes. Em razão da ineficácia diante de problema de tamanha dimensão, a carência de equipamentos é sempre maior quando eles dizem respeito à atuação pública, é indispensável repensar a cultura e o consumo cultural à luz da noção de cidadania, cristalizando uma agenda que faça da intervenção cultural pública fator decisivo da 60
A CULTURA E AS DIFERENÇAS SOCIAIS
reconstrução de espaços de fruição e produção acessível de forma universal. (SILVA, 2007, p. 56).
Quando há política cultural em favor da ação cultural é colocada em prática, atuará como agente difusor para a diminuição das desigualdades sociais, o aumento da integração social e da pluralidade.
61
RECORTE ESPACIAL E ANÁLISE
3
RECORTE ESPACIAL E ANÁLISE 3.1
A cidade de Avanhandava – SP
Figura 2. Localização da cidade e da área de implantação do projeto
A cidade de Avanhandava, localizada a 472 km de São Paulo capital, foi fundada no ano de 1925 após transformações ocorridas entre o período de colonização feita pelo Cel. Antônio Flávio Martins Ferreira, que adquiriu em 1904, 3.500 alqueires fundando o patrimônio de Campo Verde. Obtendo progresso, em 1908 passou-se a ser Distrito Policial com o nome de Miguel Calmon, assim no mesmo ano foi inaugurada a Estação da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. No ano seguinte nomeada a Distrito de Paz, para o nome simplificado de Calmon. Surgindo a primeira capela, Santa Luzia, como primeira construção feita sobe tijolos, na época de 1921 onde haviam índios, que se agrupavam em duas tribos coroados e caingangues.
Fonte: Google Maps (2018). Modificado pelo autor (2018)1³
Obtendo
o
começo
da
colonização da cidade de Avanhandava em 1925 passando a ter o título de Município.13 Possui atualmente 13.112 habitantes segundo o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE 2017).
13
Fonte do Texto: obtido através do site da Prefeitura Municipal de Avanhandava. Disponível em: <
https://www.avanhandava.sp.gov.br/portal/cidade/1/Um-pouco-da-hist%C3%B3ria>. Acesso em: 02 de março de 2018.
63
RECORTE ESPACIAL E ANÁLISE
3.2
Breve Histórico do Cinema São Geraldo A história do Cinema São Geraldo é constituída por relatos de
moradores da cidade de Avanhandava, que residem desde a época de funcionamento, não havendo relatos bibliográficos ou registros que possa ser usado como recursos para a escrita desse texto. Foi utilizado como recurso o relato (VER APÊNDICE 1), de Rita Martins de Arruda nascida no ano de 1925, moradora de Avanhandava há mais de 80 anos e esposa de um dos primeiros prefeitos de Avanhandava, Wiilian Pinto de Arruda, e dos dados obtidos através do livro “De Campo Verde a Avanhandava: o início de uma história” do autor José Augusto Borgo (2013). No início de sua emancipação Avanhandava era ponto de parada de viajantes e vendedores, na década de 1930, e por se situar próximo ao Salto do Avanhandava (Barbosa), que atraia turistas para o local, contudo Barbosa não tinha estruturas para comportar tantas pessoas, o que ocasionalmente fez com que procurassem os hotéis de Avanhandava. Assim, a Gleba onde encontra-se o edifício do antigo cinema, surgiu com a construção de um Hotel “Domingos Nani” (figura 3), alguns armazéns de comércio e um galpão de ferragens no ano de 1935, onde tempos depois o edifício foi vendido para o uso do cinema São Geraldo em 1962. Com o passar dos anos e a modificação urbana ocorrida, o hotel e os armazéns foram sendo abandonados, ficando em total desuso, assim o Coronel Giocondo Francisco de Oliveira adquiriu toda a gleba e faz a doação para a Prefeitura Municipal de Avanhandava, que estava sob administração do prefeito Olavo Fornazari 1956 – 1959 (BORGO, 2013).
64
RECORTE ESPACIAL E ANÁLISE
Na época a cidade carecia de
Figura 3. Hotel Domingues Nanni em 1935
um local para o funcionamento de uma escola estadual, E.E. Prof.ª
Maria
Ferreira
(Ginásio),
ocasionou antigo
Eunice na
Fonte: BORGO, 2013, p. 81
o
reforma
edifício
“Domingos
Martins
do
Nani”
que do hotel pela
prefeitura (figura 4), para a
implementação da escola, que funcionou no local do ano de 1961 a 1971, após houve a construção de um novo edifício em outra área da cidade, para a implantação da escola onde permanece até hoje. Continuou na gleba o galpão de ferragens totalmente sem uso. A praça foi construída logo após, com a gestão administrativa do prefeito Willian Pinto de Arruda 1960 – 1963 (BORGO, 2013), e dada em homenagem ao nome de Coronel Giocondo Francisco de Oliveira. Figura 4. Antigo Hotel com a reforma para a implantação da escola estadual
Em
1962
um
empresário
conhecido como “Papinha” da cidade de Barbosa, decide usar o galpão de ferragens que até então estava em desuso, para a implantação
do
Cinema
São
Geraldo, transformando assim o galpão, em um dos primeiros locais de manifestação de cultura
Fonte: Fonte: BORGO, 2013, p. 100
e lazer da época na cidade, funcionava com exibições de filmes, duas vezes por semana, sendo um dos poucos locais de encontro e diversão da época, funcionando entre o ano de 1962 a 1971, após o edifício foi abandonado até os dias atuais, funcionando agora como deposito de mobiliários municipais em descarte. 65
RECORTE ESPACIAL E ANÁLISE
Conclui-se que o edifício do Cinema São Geraldo passou apenas por dois usos, chegando ao abandono e descuido atual, complementando a justificativa de transformação do espaço que manifestava cultura no início da cidade, como parte de complexo do projeto de inserção do Centro Cultural, tornando-se em uma transformação otimista e de boa feitoria a sociedade de Avanhandava, pois a cidade carece de espaços manifestadores de cultura. Não há registros fotográficos da época inicial do antigo edifício do Cinema, atualmente o edifício encontrasse em total abandono e desuso, tornou-se depósito de mobiliários velhos da prefeitura municipal. Pode-se observar nas figuras 5 e 6 registros fotográficos atuais do edifício, onde é notável a apropriação do edifício para manifestações culturais, através da arte do grafite. Figura 5. Fotos atuais do antigo edifício
Fonte: Registro feito pelo autor (2018)
66
RECORTE ESPACIAL E ANÁLISE
Figura 6. Fotos atuais do interior antigo edifício
Fonte: Registro feito pelo autor (2018)
3.3
Áreas de manifestações culturais e o local de implantação Avanhandava é uma cidade do interior do estado de São Paulo, com
pouca vida cultural para a comunidade, não havendo a promoção cultural considerável de uma escala abrangível para todos os cidadãos, o projeto do Centro Cultural busca intensificar a promoção de cultura para a população, proporcionando não apenas para própria cidade, mas também os municípios ao redor, dado que há a falta de vida cultural nas cidades do interior com pequena demografia.
67
RECORTE ESPACIAL E ANÁLISE
Segundo os moradores o município não promove a cultura por falta de espaços destinados à sua manifestação. A cidade é administrada pelo poder público, a carência de fato é consequência da não prioridade do incentivo pelo mesmo, não havendo nenhum papel sociocultural com a sociedade avanhandavense, muito menos o hábito e prática de cultura para uma identidade da cidade. Figura 7. Mapa de Manifestações Culturais em Avanhandava – SP
Fonte: Prefeitura Municipal de Avanhandava (2015). Modificado pelo autor (2018)
A situação encontrada (figura 7), justifica assim, a falta dos pontos e espaços destinados a esse tipo de prática, por não haver a existência de espaços para a prática de cultura no município. Foram listados locais que proporcionam indiretamente essas manifestações, as escolas tendo contato com a cultura por meio da educação e aprendizagem durante a vida e formação escolar, (Escola Municipal Profº Victor Sansoni, Escola Municipal Mirtes Pupo, Escola Estadual Profª Maria Eunice Martins Ferreira, Colégio Girassol, Centro de Ensino Integrado de Avanhandava – CEIA).
68
RECORTE ESPACIAL E ANÁLISE
Outro meio de expressão sociocultural mantido pela Secretaria Estadual da Cultura na cidade é o Projeto Guri, onde há atividades culturais por meio das aulas de música gratuitamente para crianças e adolescentes de 6 a 18 anos. Como pode-se observar no mapa foram listadas as áreas desportivas e de lazer existentes na cidade, áreas essas que são destinadas as práticas de esporte, não sendo especificamente para tais, cujo o uso é misto proporcionando cultura por meio do esporte e lazer, (Centro de esporte e Lazer, Ginásio de esporte e lazer, Estádio de esporte e convenções Isac Vargas). As praças, locais de fácil acesso e de uso público, promovem a sociocultural, constituindo-se como a sociedade avanhandavense se estrutura socialmente, descrevendo a cultura e a sociedade através do tempo, sendo utilizadas para eventos e relações sociais entre a população, (Praça Santa Luzia, Praça Victor Sansoni, Praça Vale dos Signos, Praça Bandeirantes, Praça Vila Industrial). Figura 8. Mapa de implantação do projeto na cidade de Avanhandava-SP
Fonte: Prefeitura Municipal de Avanhandava (2015). Modificado pelo autor (2018) 69
RECORTE ESPACIAL E ANÁLISE
A escolha da implantação do terreno (figura 8), aconteceu a partir da análise da gleba onde encontra-se o edifício do Antigo Cinema, hoje abandonado e em estado de descuido. Importante fator na definição da área de inserção do centro cultural é a importância do local pelo seu valor atribuído como Patrimônio Cultural, como podemos ver nas entrevistas realizadas pela população da cidade de Avanhandava (subcapítulo 1.3), assim tendo a combinação das questões socioculturais e históricas, por se tratar de um local de grande importância na história do município, um ponto de encontro entre as pessoas e manifestações culturais através das exibições cinematográficas da época, tratando-se da formação urbana da cidade. Figura 9. Mapa de Localização do terreno com cotas
Fonte: Prefeitura Municipal de Avanhandava (2015). Modificado pelo autor (2018)
70
RECORTE ESPACIAL E ANÁLISE
O mapa de localização (figura 9), exibe com maior detalhamento, a localização da gleba de inserção do Centro Cultural, sendo sua metragem em 2.159 m ², dispondo de três edifícios sem uso, o antigo cinema, antiga câmara municipal (desativada) e a creche municipal (desativada). Figura 10. Mapa de situação atual da gleba
Fonte: Prefeitura Municipal de Avanhandava (2015). Google Maps (2017). Modificado pelo autor (2018)
71
RECORTE ESPACIAL E ANÁLISE
A gleba atualmente encontrasse em total desuso (figura 10), com três edifícios e a praça Giocondo Francisco de Oliveira em estado de abandono, o edifício do antigo cinema, será preservado. O antigo prédio da Câmara Municipal hoje desativado, e a creche Municipal foi transferida para outro prédio e não havendo o uso das construções, além disso as duas edificações passaram por várias reformas, gerando a descaracterização original, complementando assim a justificativa da demolição para a implementação do centro cultural. As figuras 11, 12, 13, 14 e 15 são registros das fachadas da gleba no tempo atual, em seu estado físico de abandono das construções existentes no terreno. Figura 11. Vista frontal da praça Giocondo Francisco de Oliveira (praça triangular)
Fonte: Google Maps – Street View (2015)
72
RECORTE ESPACIAL E ANÁLISE
Figura 12. Vista posterior do edifício da antiga Câmara Municipal
Fonte: Registro do autor (2017) Figura 13. Vista Lateral do edifício câmara municipal
Fonte: Registro do autor (2017)
73
RECORTE ESPACIAL E ANĂ LISE
Figura 14. Vista lateral da antiga creche
Fonte: Registro do autor (2017) Figura 15. Vista posterior do edifĂcio do antigo cinema
Fonte: Registro do autor (2017)
74
RECORTE ESPACIAL E ANÁLISE
3.4
Análises e diagnósticos das condicionantes físico-climáticas Dentro do processo de projeto é preciso que haja estudo e análise de
todo seu entorno de várias formas, assim conseguimos diagnosticar todos os aspectos existentes no entorno, das questões físico-climáticas e os habitantes que ali vivem. Para
que
haja
um
projeto
adequado
e
que
transforme
condizentemente ao seu entorno, fez-se a necessidade das análises de tais condicionantes, com objetivos de buscar diretrizes para elaboração do projeto.
3.4.1 Sistema Viário Figura 16. Mapa do sistema viário
Fonte: Prefeitura Municipal de Avanhandava (2015). Modificado pelo autor (2018)
75
RECORTE ESPACIAL E ANÁLISE
Analisando o sistema viário da cidade na figura 16, pode-se observar que é um sistema simples, sem muita diferenciação de vias, composto por vias moderadas e relativamente quase todas locais, o município não tem nenhuma legislação, plano diretor. Logo os critérios usados para definição dos tipos de vias foram, os fatores de vias mais usáveis compondo o eixo principal da cidade, as vias arteriais constitui-se dos principais acessos à cidades, vias coletoras são as que se conectam aos acessos e distribui o fluxo para as vias locais, sendo as da malha urbana, sem um grande fluxo, assim como as vias coletoras. O principal eixo da cidade se dá pela Rua Boa Vista, que além de cruzar toda a cidade, dá acesso à área de implantação do projeto, conectando a dois acessos de suma importância. Pensou-se com este eixo principal de acesso, pois é de uso para as pessoas que vem da cidade de Penápolis a Promissão, havendo que passar pelo centro cultural, assim podendo ser acessível não apenas a população avanhandavense, mas também das cidades vizinhas. O local de inserção do projeto é atendido pelos principais eixos da cidade que se interligam a malha urbana de vias locais, obtendo fácil ingresso ao espaço por toda a sociedade.
76
RECORTE ESPACIAL E ANÁLISE
3.4.2 Uso do Solo Figura 17. Mapa de uso do solo
Fonte: Prefeitura Municipal de Avanhandava (2015). Modificado pelo autor (2018)
No município não há nenhum tipo de planejamento urbano em zonas, assim os lotes são de usos diferenciados em quase toda as áreas da cidade, a maior parte dos lotes são de uso residencial como pode-se observar na figura 17, obtendo à via principal da cidade um eixo com concentração de lotes comerciais na rua Boa Vista. As partes institucionais são encontradas em toda área urbana não havendo nenhum tipo de associação entre elas, não estando próximas umas das outras, podendo ser notado como ponto positivo, assim como a área de implantação do projeto, fazendo-se de simples acesso a todos, para que não haja a exclusão social e sim buscando mais
77
RECORTE ESPACIAL E ANÁLISE
diferenciação entre a sociedade, não obtendo apenas o uso por pessoas de regiões centrais, mas também das áreas afastadas dos locais públicos. Quanto ao entorno da área de implantação, encontra-se lotes de maioria residencial e industrial, as antigas cerâmicas, um dos principais meios de economia da cidade até anos atrás. Há áreas rurais presentes nos arredores do local de projeto, são utilizados para o cultivo e plantação de cana de açúcar.
3.4.3 Gabarito de Altura – Ocupação do Solo Figura 18. Mapa de gabarito de altura – Ocupação do Solo
Fonte: Prefeitura Municipal de Avanhandava (2015). Modificado pelo autor (2018)
78
RECORTE ESPACIAL E ANÁLISE
Diante a análise do gabarito de altura das construções do município (figura 18), pode-se observar a maior parte de edificações sendo térreas, havendo poucas com dois pavimentos ou mais. Assim conclui-se que o limite do gabarito de altura a ser adotado no Centro Cultural são de até três pavimentos, para não impactar ao seu entorno, compondo e integrando-se a paisagem urbana da cidade.
3.4.4 Cheios e Vazios – Ocupação do Solo Figura 19. Mapa de cheios e vazios – Ocupação do Solo
Fonte: Prefeitura Municipal de Avanhandava (2015). Modificado pelo autor (2018)
Os vazios urbanos são encontrados em todo o município de Avanhandava (figura 19), com predominância na área rural da cidade, mais
79
RECORTE ESPACIAL E ANÁLISE
afastada da região central. Esses lotes não edificados são competentes para a construção, porém há lotes com edificações inutilizadas assim como a de inserção do projeto de Centro Cultural. Para a maioria dos vazios urbanos é dado um novo uso, um exemplo é a plantação e cultivo de vegetação. Propõe-se assim com o Centro Cultural reutilizar o espaço sem uso para que haja melhor adensamento urbano.
3.4.5 Topografia e Vegetação Figura 20. Mapa de Topografia
Fonte: Prefeitura Municipal de Avanhandava (2015). Modificado pelo autor (2018)
A cidade de Avanhandava possui uma topografia com poucas curvas de níveis, e terrenos relativamente planos. Na área escolhida para implantação do Centro Cultural, observa-se um terreno predominantemente 80
RECORTE ESPACIAL E ANÁLISE
plano, uniformemente inclinado, como mostra na figura 20, facilitando a construção na área. Devido às características topográficas o projeto pode conter traçados orgânicos ou retos, para se adaptar perfeitamente às curvas de níveis que estão em metros no mapa. A praça se encontra em um nível mais alto que a outra parte da gleba, tendo assim a inclinação e desnível mais baixo na parte inferior, onde será o centro cultural. Deve-se implantar um esquema de caminhos que atendam ao máximo, a acessibilidade, utilizando-se dos desníveis mais concentrados apenas quando houver a necessidade. Figura 21. Mapa de vegetação
Fonte: Prefeitura Municipal de Avanhandava (2015). Modificado pelo autor (2018)
81
RECORTE ESPACIAL E ANÁLISE
A região onde o munícipio de Avanhanda encontra-se, é a região noroeste do estado de São Paulo, tratando-se a uma área de mudança entre a Mata Atlântica e o Cerrado, obtendo assim propriedades de ambos biomas. Diante do mapa de vegetação (figura 21), é notável que a maior predominância, é a do plantio de cana de açúcar e de vegetação de pequeno porte, da espécie de Oitis e ipês, em toda a malha urbana. Existem áreas com vegetação de médio e grande porte, porém afastadas do limite urbano. Na área de implantação a vegetação existente na praça é de apenas coqueiros, e ao entorno da gleba existem vegetação de Oitis nos canteiros das calçadas. O paisagismo do projeto busca complementar e valorizar toda a vegetação existente na gleba de inserção do Centro Cultural.
3.4.6 Orientação Solar e Ventos Dominantes Figura 22. Mapa de orientação solar e ventos dominantes
Fonte: Prefeitura Municipal de Avanhandava (2015). Modificado pelo autor (2018) 82
RECORTE ESPACIAL E ANÁLISE
A cidade de Avanhandava tem um clima definido como tropical com a estação seca, assim é preciso que adote técnicas de conforto térmico para haja ambientes agradáveis ao público, especificamente vegetação e elementos para o bloqueio necessário das fachadas com maior incidência solar.14 A orientação solar na área de implantação (figura 22), dispõe à Praça Giocondo Francisco de Oliveira ao sol nascente (Leste) e a parte posterior com o sol poente (Oeste), havendo a necessidade de tratamento da fachada oeste do terreno dependendo do uso contido nesta fachada. Obtém à praça melhor incidência solar que de todas as faces da gleba, pois recebe a luz do sol nascente, sendo o mais confortável ao usuário, não havendo nenhuma construção alta no entorno e árvores que causam sombreamento. Os ventos dominantes da região seguem do leste e sudeste em direção a oeste e noroeste, buscando assim o posicionamento das construções a serem feitas, aproveitando os ventos ao máximo para o conforto térmico.
14
Dados obtidos através do site CLIMATE-DATA. Disponível em: < https://pt.climate-
data.org/location/34922/>. Acesso em: 03 de março de 2018.
83
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
4
REFERÊNCIAS PROJETUAIS Os Centros Culturais são lugares aonde os cidadãos possam entrar em
contato com as diversas manifestações artísticas e culturais, podendo desenvolver um olhar mais crítico sobre aspectos do seu cotidiano, trazendo mais conhecimento a população da cidade. Esses espaços são pensados para conservarem e difundirem as artes, expor materiais produzidos pelo homem. Segundo a FUNART – Fundação Nacional de Artes, existem no Brasil 2.500 centros culturais entre museus, teatros e bibliotecas mantendo acervos e exposições. Os Centros Culturais são tidos como um exemplo de participação, onde são realizadas oficinas de música, canto, arte, contação de histórias e diversos outros tipos de manifestações culturais. Estas proporcionam momentos de descontração, valorização, reconhecimento, prazer e ao mesmo tempo, conscientiza-se a população que indiferente da classe socioeconômica, o lazer e cultura é um direito de todos (SILVA, LOPES, XAVIER, 2009).
RedBull Station – São Paulo - SP
4.1
•
Arquitetos: Triptyque
•
Localização: São Paulo, Brasil
•
Área: Construída 2210 m² | Terreno 748,80 m²
•
Ano do Projeto: 2013 15
O Centro Cultural Red Bull Station (figura 23), localizado na área central da cidade de São Paulo entre a Av. Nove de Julho e Av. Vinte Três de Maio na Praça da Bandeira, promove à urbanidade existente em sua forma mais
15
Fonte: Triptyque. Disponível em: < https://www.triptyque.com/redbullstation>. Acesso em: 05 de abril
de 2018.
85
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
forte e intensa, situado em uma região da cidade onde se vive processo constante de reconquistas e mudanças diárias. O projeto é a junção da restauração e reforma de um antigo prédio da década de 20 segundo o site Triptyque, anteriormente habitado pela companhia de energia Light, surgindo o Red Bull Station, um projeto da equipe do escritório Triptyque. Figura 23. Fachada do Centro Cultural RedBull Station – São Paulo - SP
Fonte: Pedro Kok16
Um centro de artes e música que funciona como importante ator de transformação dentro do cenário urbano central da cidade de São Paulo, articulando artes e música, com a produção e a difusão destas formas de
16
Disponível em: <https://www.triptyque.com/redbullstation>. Acesso em: 05 de abril de 2018.
86
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
expressões artísticas de caráter experimental. O edifício foi todo restaurado, e seguido os principais conceitos de preservação do patrimônio arquitetônico, recebendo a intervenção contemporânea arquitetônica, para que houvesse a adaptação à suas novas funções dos espaços com finalidades de promoção à cultura, mantendo a beleza autentica e seus elementos originais. Com a adaptação das novas funções do edifício, pensou-se em um projeto que transformasse o espaço mais instigante possível ao visitante, um dos diferenciais na elaboração do projeto foi o elemento monumental adicionado para que seu fluxo e uso fosse totalmente diferente, foi projetada uma escada (figura 24), propondo assim a mudança de fluxo. Na figura 25, da fachada interna do edifício é possível identificar com mais clareza a nova escada projetada para alterar o fluxo. Figura 24. Croqui explicativo do fluxo de entrada
Fonte: Triptyque17. Modificado pelo Autor (2018)
17
Disponível em: <https://www.triptyque.com/redbullstation>. Acesso em: 05 de abril de 2018.
87
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Figura 25. Fachada Interna – Escada projetada para alteração de fluxo
Fonte: Triptyque18. Modificado pelo Autor (2018)
Passando pelos cinco níveis do prédio, instituindo ao usuário a interagir com o elemento construído a partir do portão externo, transformando o terraço a entrada principal para o Centro Cultural, onde é encontrada na cobertura uma marquise metálica com o nome de folha (figura 26), um terraço coberto e um espaço expositivo que contempla a cidade de São Paulo, convidando o visitante para o resgate e a transformação de sua história.
18
Disponível em: <https://www.triptyque.com/redbullstation>. Acesso em: 05 de abril de 2018.
88
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Figura 26. Terraço coberto e marquise metálica
Fonte: Pedro Kok19
O projeto visou requalificar os espaços internos, com a demolição de alvenarias não estruturais, para a adequação de espaços de exposição e áreas de apoio, um estúdio musical, que é abrigado dentro do novo volume de concreto, projetado no interior do edifício. Pode-se notar na figura 27, o corte longitudinal onde torna-se claro esse novo espaço.
19
Disponível em: <https://www.triptyque.com/redbullstation>. Acesso em: 05 de abril de 2018.
89
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Figura 27. Corte Longitudinal – Área independente interna - Criada
Fonte: Triptyque20. Modificado pelo Autor (2018)
O Centro cultural conta com espaços como galerias, uma sala monumental que recebe exposições de todas as formas de artes visuais, performances e shows, estúdios de gravação de música, um subsolo com espaços expositivos, sala de ensaio de músicos e camarim, identificados nas plantas do térreo e subsolo, setorizadas nas figuras 28 e 29. Figura 28. Planta térreo – Setorização dos ambientes
Fonte:Triptyque21. Modificado pelo Autor (2018)
20
Disponível em: <https://www.triptyque.com/redbullstation>. Acesso em: 05 de abril de 2018.
21
Disponível em: <https://www.triptyque.com/redbullstation>. Acesso em: 05 de abril de 2018.
90
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Figura 29. Planta subsolo – Setorização dos ambientes
Fonte: Triptyque22. Modificado pelo Autor (2018).
No mezanino encontra-se a parte administrativa e áreas de apoio, como mostra a planta (figura 30), o pavimento superior abriga seis ateliers criados para o projeto Residência Artística e também os ateliers para workshops/palestras e uma galeria transitória onde trabalhos são expostos temporariamente, exibido na planta (figura 31). Figura 30. Planta mezanino – Setorização dos ambientes
Fonte: Triptyque. Modificado pelo Autor (2018).
22
Disponível em: <https://www.triptyque.com/redbullstation>. Acesso em: 05 de abril de 2018.
91
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Figura 31. Planta pavimento superior – Setorização dos ambientes
Fonte: Triptyque23. Modificado pelo Autor (2018).
As figuras 32, 33, 34 e 35, são imagens das áreas citadas anteriormente, do projeto finalizado. Figura 32. Sala para exposições no Red Bull Station
Fonte: Pedro Kok24
23
Disponível em: <https://www.triptyque.com/redbullstation>. Acesso em: 05 de abril de 2018.
24
Disponível em: <https://www.triptyque.com/redbullstation>. Acesso em: 05 de abril de 2018.
92
REFERÃ&#x160;NCIAS PROJETUAIS
Figura 33. Salas de Ateliers no Red Bull Station
Fonte: Pedro Kok Figura 34. Estudios no Red Bull Station
Fonte: Pedro Kok
93
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Figura 35. Área administrativa no Red Bull Station
Fonte: Pedro Kok25
Todos esses espaços se integram transformando o Red Bull Station em um difusor de manifestações da arte e cultura. O projeto torna-se um agente transformador, no meio urbano por ser de importância no resgate dos espaços para a história da cidade, restaurando e dando um novo uso a um edifício antigo, ressignificando o lugar e mantendo a essência local. Promovendo assim o acesso a arte e trazendo vida através das manifestações ali provocadas, ao seu entorno. O Red Bull Station é referência projetual para a proposta do Centro Cultural, pela sua requalificação dos espaços interiores e exteriores, sua importância em preservar a memória e história do local, contribuindo com técnicas construtivas e de estética quanto as plantas livres, paredes originais mantidas (figura 36), a implementação de novos elementos aos antigos, e soluções de conforto ambiental com resfriamento da água, projetado na
25
Disponível em: <https://www.triptyque.com/redbullstation>. Acesso em: 05 de abril de 2018.
94
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
cobertura (figura 37), transformando-o assim em um acesso principal para o edifício.26 Figura 36. Paredes originais mantidas no Red Bull Station
Fonte: Pedro Kok Figura 37. Planta de Cobertura – Resfriamento com água - Red Bull Station
Fonte: Triptyque
26
Fonte: Triptyque. Disponível em: < https://www.triptyque.com/redbullstation>. Acesso em: 05 de abril
de 2018.
95
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
4.2
Centro de Desenvolvimento Cultural Moravia - Medellín – Colômbia •
Arquitetos: Rogelio Salmona
•
Localização: Bairro de Moravia, Medellín - Colômbia
•
Área: Construída 1.628m²
•
Ano do Projeto: 2007 27
O Centro de Desenvolvimento Cultural Moravia (figura 38), localiza-se no bairro periférico de Moravia, Colômbia, desenvolvido para trazer mais qualidade de vida a população local. O projeto foi implantado em uma área onde situava um grande deposito de lixo da cidade, contava também com um espaço urbano marginalizado, desprezado, segregado e carente de infraestrutura, mas por outro lado um local com rica fonte de cultura popular, assentamentos com características inéditas, sendo resultado de soluções para os problemas diante ao alcance das possibilidades encontradas em Moravia. Figura 38. Centro de Desenvolvimento Moravia
Fonte: Abílio Guerra
27
Fonte:
Fundação
Rogelio
Salmona.
Disponível
em:
http://obra.fundacionrogeliosalmona.org/obra/proyecto/centro-de-desarrollo-cultural-moravia/>. Acesso em: 06 de abril de 2018.
96
<
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
O Bairro, zona periférica, continha espaços geradores de suas próprias ordens, baseadas na solidariedade, participação social e familiaridade, espaços onde miséria, dignidade e criação coexistem. Moravia e sua história difícil, com resultados de negligência de uma sociedade que negou oportunidades para as pessoas humildes. Os moradores não perdiam a esperança vendo assim pontos a começar uma outra vida com a construção do Centro de Desenvolvimento Cultural, construindo assim do lixo um futuro para pessoas que ainda não perderam a alegria de viver. O Projeto do Centro criado pelo arquiteto Rogelio Salmona, buscou transcender o efémero, capturou nos olhares de esperança daquele povo, tornando-se possível contribuir com sua arquitetura, melhores condições de habitualidade na passagem urbana existente em seu entorno. Esse projeto surge, para ajudar a resolver uma dívida social e histórica com a sociedade que foi negada por anos, devolvendo-lhes a dignidade perdida e oferecendo-lhes condições e direitos iguais, passando a ser conhecido como “a casa de todos”. A principal premissa do projeto para Rogelio foi respeitar as tradições urbanas e a diversidade, destacando a paisagem e seu ambiente, abordando as condições especificas que deram um caráter particular, tornando o Centro parte da alma de seus habitantes, formando um todo, podendo ser observado na figura 39, a preocupação do projeto com entorno existente.
97
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Figura 39. O Edifício e seu entorno em Moravia
Fonte: Abílio Guerra28
O projeto trata-se de uma recuperação de espaços públicos, resultados de conglomerados sobre o desenvolvimento espontâneo, onde a prioridade é um abrigo, de necessidades primarias da vida. A arquitetura neste contexto tornou-se gerador de espaços para convivência, solidariedade, reuniões, trocas sociais como realidade da vida, espaços saudáveis a serem apropriados por todos habitantes.
28
Disponível em: < http://obra.fundacionrogeliosalmona.org/obra/proyecto/centro-de-desarrollo-
cultural-moravia/>. Acesso em: 05 de abril de 2018.
98
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Assim Rogelio buscou dar maior atenção aos espaços de convivência social (figuras 40 e 41), espaços amplos, públicos, para que pudessem desenvolver a troca de vivências, histórias e manifestações culturais, procurando sempre manter a escala de acordo com a habitualidade do entorno. Figura 40. Espaços de convivência social - Moravia
Fonte: Abílio Guerra29
29
Disponível
em:
<
http://obra.fundacionrogeliosalmona.org/obra/proyecto/centro-de-desarrollo-cultural-
moravia/>. Acesso em: 05 de abril de 2018.
99
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Figura 41. Espaços de convivência social em uso - Moravia
Fonte: Abílio Guerra
O Centro de Desenvolvimento Cultural Moravia conta com espaços como anfiteatro para apresentações, salas de música, dança, teatro e ateliers para desenvolvimento de trabalhos artísticos, e com sua maioria, e maior parte das áreas voltadas a convivência social, como pode ser observado nas plantas (figuras 42 e 43).
100
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Figura 42. Planta térreo setorizada - Moravia
Fonte: Fundação Rogelio Salmona. Modificado pelo Autor (2018)
101
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Figura 43. Planta pavimento superior setorizada - Moravia
Fonte: Fundação Rogelio Salmona30. Modificado pelo Autor (2018)
30
Disponível
em:
<
http://obra.fundacionrogeliosalmona.org/obra/proyecto/centro-de-desarrollo-cultural-
moravia/>. Acesso em: 05 de abril de 2018.
102
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
O Centro de Desenvolvimento Cultural de Moravia, é um projeto de recuperação com a criação de espaços públicos para a sociedade esquecida, provocando valor aos locais degradados e gerando convivência, trocas sociais. O Projeto é referência por sua preocupação da apropriação dos espaços por todos, sem diferença nem classes sociais, e do direito de cultura de todo cidadão, promovendo áreas onde a manifestação cultural fosse possível, também locais para a convivência mutua, proporcionando a vida comunitária entre as pessoas (figura 44), a atenção dada ao âmbito da escala ser de acordo com sua habitualidade do entorno existente, havendo assim a integração do novo espaço, com materialidade condizente ao seu local de inserção. Figura 44. Vista do pavimento superior para a área de convivência - Moravia
Fonte: Fundação Rogelio Salmona
103
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
4.3
Centro Cultural Daoíz y Velarde – Madri - Espanha •
Arquitetos: Rafael de La Hoz
•
Localização: Calle Alberche, Venturada, Madri, Espanha
•
Área: Construída 6.850m²
•
Ano do Projeto: 2013 31
Com o objetivo de preservar a arquitetura, a intervenção urbana provocada, transformou um galpão onde situava o antigo quartel Daoíz y Velarde, em Madri, em um Centro Cultural. Rafael de La Hoz, arquiteto responsável pelo projeto, inicia seu estudo com a premissa de provocar a preservação externa do edifício existente, bem como estruturas de aço e as fachadas de tijolo, mantendo como a forma de um novo programa de projeto interior, dividido em duas áreas independentes com acesso e circulação separados,
mesmo
estando
fortemente
conectados
no
visual
e
espacialmente, podendo ser adaptados a diferentes tipos de eventos (figuras 45 e 46). Figura 45. Vista aérea do Centro Cultural
Fonte: Alfonso Quiroga
31
Fonte: Rafael de La Hoz. Disponível em: <http://www.rafaeldelahoz.com/project-plus-civic-01.html#>.
Acesso em: 06 de abril de 2018.
104
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Figura 46. Vista lateral do Centro Cultural
Fonte: Alfonso Quiroga32
Com a criação de um novo espaço intermediário, para separar o antigo edifício aos novos usos, trazendo o caráter do edifício preexistente à tona (figura 47). Um espaço comum foi criado em cada ponto de acesso, lugares para encontros, informações e exposições, funcionando como uma ágora coberta, dando a percepção de que a praça externa se adentra ao edifício.
32
Disponível em: <http://www.rafaeldelahoz.com/img/projects/civic/001-02.jpg>. Acesso em: 06 de
abril de 2018.
105
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Figura 47. Vista das áreas independentes
Fonte: Alfonso Quiroga33
Essas áreas foram criadas independentes para que não houvesse a interferência na estética e forma original do edifício, tornando-se totalmente articulado e de uso passível, não causando o intermédio projetual do interior ao exterior. Nas plantas (figuras 48 e 49), entende-se entender melhor a escolha projetual usada pelo arquiteto Rafael.
33
Disponível em: <http://www.rafaeldelahoz.com/img/projects/civic/001-02.jpg>. Acesso em: 06 de
abril de 2018.
106
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Figura 48. Planta térreo – Centro Cultural
Fonte: Archdaily34. Modificado pelo Autor (2018)
A área destacada na planta da figura 48, mostra a implementação do novo espaço ao interior do edifício, no pavimento térreo, pode-se identificar os ambientes de áreas especificas, criados para que o centro cultural tivesse a integração do existente com o novo. No pavimento superior (figura 49), criado a partir da nova construção, nota-se que o espaço foi destinado a exposições e áreas de convívio, por se tratar de uma planta livre e ampla.
34
Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-183784/centro-cultural-daoiz-y-velarde-slash-
rafael-de-la-hoz/53154eebc07a802080000116-daoiz-y-velarde-cultural-centre-rafael-de-la-hoz-groundfloor-plan/>. Acesso em: 05 de abril de 2018.
107
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Figura 49. Planta pavimento superior – Centro Cultural
Fonte: Archdaily35. Modificado pelo Autor (2018)
A partir destas análises observa-se o contexto de todo o projeto, a estrutura dos antigos galpões recuperados e restaurados, para que houvesse o novo uso, como uma “casca” ao centro cultural nos espaços internos, assim Rafael de La Hoz afirma ter levado como objetivo a ser alcançado durante o processo de elaboração do projeto. A estrutura metálica pré-existente (figura 50 e 51), composta por pilares vigas e tesouras, foi complementada com uma cobertura “hi-tech” metálica, elaborada para ajudar na ventilação e iluminação zenital, através das aberturas.
35
Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-183784/centro-cultural-daoiz-y-velarde-slash-
rafael-de-la-hoz/53154eebc07a802080000116-daoiz-y-velarde-cultural-centre-rafael-de-la-hoz-groundfloor-plan/>. Acesso em: 05 de abril de 2018.
108
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Figura 50. Estrutura metálica da cobertura no interior do centro cultural
Fonte: Alfonso Quiroga36 Figura 51. Vista interna com estruturas metálicas do centro cultural
Fonte: Alfonso Quiroga
36
Disponível em: <http://www.rafaeldelahoz.com/img/projects/civic/001-02.jpg>. Acesso em: 06 de
abril de 2018.
109
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
A cobertura desenvolvida, se impôs ao projeto já existente, realçando o contraste, entre as paredes de tijolos e a estrutura pré-existentes, que foram mantidas e restauradas, no corte da figura 52, pode-se compreender melhor a forma como foi adotada essas ações projetuais, entre o edifício construído e a parte construída no interior.
Figura 52. Corte longitudinal setorizada
Fonte: Archdaily37. Modificado pelo Autor (2018)
37
Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-183784/centro-cultural-daoiz-y-velarde-slash-rafael-de-la-
hoz/53154eebc07a802080000116-daoiz-y-velarde-cultural-centre-rafael-de-la-hoz-ground-floor-plan/>. Acesso em: 05 de abril de 2018.
110
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Nas figuras 53 e 54, mostra a setorização dos ambientes internos, e demarcação da área, paredes e estruturas metálicas mantidos. Projetado e destinados quase que todo, para os espaços públicos, amplos e para exposições. Figura 53. Plata baixa pavimento térreo setorizada
Fonte: Archdaily. Modificado pelo Autor (2018) Figura 54. Planta pavimento superior setorizada
Fonte: Archdaily. Modificado pelo Autor (2018) 111
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
O Centro Cultural Daoíz y Velarde, prioriza a importância das antigas edificações para a imagem e história de um tempo e espaço, mantendo a sua relevância sociocultural, estética e material. O Projeto faz-se referência pelo seu respeito à preservação da arquitetura local, a conservação da geometria do edifício e sua estrutura existente, criação de espaços para as pessoas e priorização dos espaços de sociabilização, assim podendo exercer seu papel de manifestação cultural perante a determinada sociedade.
4.4
Sistematização das Referências Projetuais Os três projetos de referência se conectam por sua concepção a
preocupação com a sociedade e cultura, obtendo assim um bom olhar arquitetônico e de vivência sobre todas as coisas. As referências projetuais em questão, são de extremo valor para manifestações culturais e históricas, dando o real uso aos edifícios para a própria sociedade, oferecendo qualidade de vida e conhecimento. São importantes também por apresentar preocupações quanto às questões de intervenção, preservação urbana e requalificação dos espaços urbanos. A tabela 3 é a sistematização das premissas extraídas dos projetos de referência.
112
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Tabela 3. Sistematização das referências projetuais CENTRO DE DESENVOLVIMENTO CULTURAL MORAVIA
CENTRO CULTURAL DAOÍZ Y VELARDE
CONTEXTO DE IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO
Restauração e reforma de um edifício da década de 20.
Projeto construído em local onde situava grande lixão.
Preservação de um galpão antigo onde funcionava um quartel.
PREMISSA DE PROJETO E CONTEXTO SOCIOCULTURAL
Manter a identidade do edifício, dando a ele novo uso para as manifestações culturais.
Trazer a uma dada sociedade esquecida, qualidade de vida e direitos iguais, através do desenvolvimento cultural.
Priorização da identidade e história do antigo galpão, com a implementação de um novo projeto interno para o uso sociocultural.
Estrutura original, não modificada, com plantas livres sem muita interferência ao edifício.
Planta simples e funcional, com áreas bem setorizadas, de uso descomplicado.
Desenho externo original, e planta interna livre, para intervenções e exposições.
Usos mistos, com priorização das áreas de desenvolvimento musical e artístico expositivo.
Benefício aos espaços dedicados a uso público de convivência e salas para cursos de artes, música, teatro.
Priorização do espaço para exposições e convívio mutuo.
Técnicas de restauro e reforma, uso das paredes originais, novos elementos construídos e resfriamento com água para conforto térmico.
Uso de materiais usados em sua habitualidade e entorno, simples e funcional, uso de espelhos d’água para o conforto térmico.
Técnicas de restauro e reforma, recuperação das fachadas de tijolos, e uso de estruturas metálicas originais para o telhado.
REDBULL STATION
DESENHO DE PROJETO
PRIORIZAÇÃO DOS USOS
TÉCNICAS CONSTRUTIVAS
Fonte: Elaborado pelo Autor (2018)
113
PROJETO
5
PROJETO O projeto nasce da necessidade de espaços culturais na cidade de
Avanhandava e da priorização das antigas edificações existentes na cidade, preservando a memória e história do lugar. A intervenção é feita através da conexão com o antigo e o novo, buscando manter a identidade local com a habitualidade do entorno nas novas edificações. O Centro Cultural é a integração do antigo edifício do cinema São Geraldo e a edificação proposta no projeto de intervenção. Pluralidade torna o convite a população da cidade para o convívio e composição das manifestações culturais, trazendo informação, criação e a discussão na sociedade, mantendo a memória de uma das primeiras edificações que manifestavam a cultura no início da formação de Avanhandava. No organograma de projeto pode-se entender melhor (figura 55).
Figura 55. Organograma do projeto
Fonte: Elaborado pelo Autor (2018)
115
PROJETO
5.1
Diretrizes projetuais O objetivo principal do projeto é trazer novo uso, ao espaço onde
encontra-se o antigo edifício do cinema São Geraldo, um patrimônio cultural do município de Avanhandava, abandonado e degradado pelo tempo. Busca-se com o projeto de intervenção, oferecer a cultura para mitigar as desigualdades sociais existentes no mundo contemporâneo, dando novo uso a esta área com a premissa da pluralidade cultural. Com a multifuncionalidade dos novos espaços e usos, busca atingir diferentes públicos, para promover a integração social e a utilização do espaço que não é mais usável. Outro aspecto importante é quanto ao oferecimento de locais para manifestações culturais à população do município que na atualidade não tem nenhuma área destinada a esta prática. Assim algumas diretrizes foram definidas para o projeto: •
Manter o edifício existente do cinema São Geraldo, classificado como patrimônio cultural pela população do município, dando novo uso ao mesmo;
•
Demolir dois edifícios existentes na gleba, hoje sem uso e abandonados,
pois
passaram
por
várias
mudanças
de
descaracterização desde sua forma original. •
Trabalhar com a multifuncionalidade dos usos, tornando o local útil em diferentes períodos.
•
Priorização dos espaços abertos, coletivos e públicos, para que haja a integração e vivência social, proporcionar diferentes apropriações do espaço, entre a sociedade contemporânea, que vive cada vez mais em um mundo individualizado e tecnológico.
•
Manter a praça existente, hoje degradada e abandonada, como parte de projeto do Centro Cultural, revitalizando-a e integrandose aos espaços de convívio mutuo.
116
PROJETO
•
O uso do declive existente na topografia da gleba, como princípio norteador da volumetria dos novos edifícios, e também a integração do antigo com o novo.
•
Com os novos edifícios, busca-se adotar uma volumetria mais formal, cubista, para que não haja a interferência com o principal norte de projeto que é antigo edifício do projeto de intervenção.
5.2
Conceito do projeto O conceito do projeto se fundiu a partir da idealização da intervenção
contemporânea no antigo edifício do cinema São Geraldo, com a premissa de manter a identidade, memória e história do local, buscando a preservação urbana, com o uso da cultura e ação cultural para mitigar as desigualdades sociais presentes no mundo contemporâneo, obtendo um conceito de igualdade e diversidade presentes na ideia de elaboração do projeto com espaços públicos e compartilhados. Na figura 56 pode-se entender o conceito com mais aprofundamento no organograma. Figura 56. Organograma de conceito do projeto
Fonte: Elaborado pelo Autor (2018)
117
PROJETO
5.3
Partido arquitetônico e principios norteadores O partido arquitetônico do projeto resultou-se a partir da conexão e
integração do edifício existente ao novo proposto, priorizando o espaço amplo e coletivo em todo entorno das edificações e o declive natural do terreno. A ligação feita através de um bloco, formando a passarela entre o antigo edifício do cinema e o novo tem como principal referência a obra de arte “La Dance” / “A Dança” (1909) figura 57, do pintor Henri Matisse (1986 – 1954), francês e um dos fundadores do Fauvismo38, que segundo Gombrich (2012), foi a escola que utilizava as cores vibrantes, livres de sombras e tratamentos em suas representações do mundo, sendo a cor o meio essencial de expressão. Está obra de Matisse retrata uma das inúmeras manifestações culturais expressas pelos seres humanos, no livro “Arte Moderna” de Argan (1992), a obra de Matisse, busca mostrar a uma arquitetura de elementos em tensão do espaço aberto, sintetizando entre a representação e realidade do corpo em movimento. A representação feita na obra, transmite uma das principais premissas das manifestações culturais, a união e integração sem diferenças, representase isso no modo que é retratado os corpos em movimento unindo-se uns aos outros, desnudos transmitindo a igualdade entre todos. Assim a obra faz-se referência principal de partido arquitetônico (figura 58), por conectar-se ao modo em que se dá a integração entre o antigo e o novo, representando a significância entre a união dos corpos durante a manifestação cultural que é a dança, e não pelo movimento orgânico exposto na obra, em sentido físico da estética que tomara o edifício.
38
Fonte: Site Henri Matisse. Disponível em: < https://www.henrimatisse.org/the-dance.jsp>. Acesso em: 17
de maio de 2018.
118
PROJETO
Figura 57. Obra de arte “A Dança” de Matisse
Fonte: Site Henri Matisse (2018)
Figura 58. Organograma de partido arquitetônico
Fonte: Elaborado pelo Autor (2018)
119
PROJETO
Os princípios norteadores (figura 59), é um conjunto das considerações do embasamento teórico, análises e diagnósticos do entorno da gleba de inserção do projeto. Definindo os princípios norteadores do projeto, obtendo assim a junção do conceito e partido. Figura 59. Organograma dos princípios norteadores
Fonte: Elaborado pelo Autor (2018)
120
PROJETO
5.4
Identidade do projeto
Figura 60. Significado da palavra pluralidade no dicionário
Fonte: Site Dicio (2018)39
Sendo a pluralidade (figura 60), a abrangência de tudo que existe, toda a diversidade existente, há dentro dela a pluralidade cultural, cuja temática é à valorização das características étnicas e culturais, de diferentes grupos sociais, às desigualdades socioeconômicas e às discriminações sociais. Logo a pluralidade cultural é a diversidade de todas as manifestações culturais existente no mundo geradas pelo homem. Ao pressupormos o ser humano como agente social e produtor de cultura, evocamos a emergência de suas histórias, delineadas no movimento do tempo em interação com o movimento no espaço. Esse movimento, por sua vez, é mediado por diferentes linguagens, cujas expressões denotam traços de conhecimentos, valores e
39
Disponível em: <https://www.dicio.com.br/pluralidade/>. Acesso em: 20 de maio de 2018.
121
PROJETO
tradições de um povo, de uma etnia ou de um determinado grupo social. Nesse contexto, as imagens construídas pelos gestos, pelos sons, pela fala, pela plasticidade e pelo silêncio implicam conteúdos relevantes para a construção da identidade, pois é nesse universo plural de significados e sentidos que as pessoas se reconhecem na sua singularidade. (BRASIL, 1997, p. 156).
A identidade do projeto é de maneira geral, a somatória de todos os aspectos abordados até então, é o convite para que todos possam usar e desfrutar do Centro Cultural Pluralidade, que nasce com esse nome, por englobar todas as manifestações geradas pelo homem, tornando-se assim um agente difusor das desigualdades sociais. Buscando uma conscientização e a geração da pluralidade, a aceitação e respeito com as diferenças existentes entre todos. A logo do Centro Cultural Pluralidade (figura 62), tem como forma o principal ator do projeto, o antigo edifício do cinema São Geraldo, tornandose agente principal do projeto de intervenção, com a transformação para o Centro Cultural. As cores primárias foram utilizadas, para mostrar as diferenças existentes, além de ser as principais cores que ao se misturar geram todas as outras, juntamente com as cores encontradas no brasão da cidade de Avanhandava e a telha romana, um dos principais produtos de comercio da cidade, obtendo assim uma totalidade de pluralidade. (figura 61).
122
PROJETO
Figura 61. Significado das cores – Pluralidade dos usos
Fonte: Elaborado pelo Autor (2018) Figura 62. Logo do Centro Cultural Pluralidade
Fonte: Elaborado pelo Autor (2018)
5.5
Programa de necessidades e dimensionamento Para que um Centro Cultural possa atender várias diversidades, das
necessidades culturais, e da sociedade, proporcionando um funcionamento eficaz, deve-se exercer funções necessárias, como espaços de apoio,
123
PROJETO
administrativos, técnicas e espaços que possam atender suporte a todas as atividades. Como papel principal os centros culturais segundo Milanesi (2003), devem dispor de espaços que constituam de três campos comuns ao desenvolvimento cultural, a Criação referindo-se à procura da estimulação e produção de bens culturais, Circulação e a Preservação favorecendo e protegendo o bem cultural e a manutenção da memória. Esses campos devem se integrar segundo Milanesi (2003), com os verbos, Informar, transmitido nos espaços como teatros, bibliotecas, áreas destinadas a exposições, salas de projeções, etc. O verbo Discutir é encontrado nos ambientes que auxiliam a entender o objetivo do funcionamento de um centro cultural, os auditórios, espaços de convivência social, pátios, etc. Criar que se desenvolve em áreas como ateliês de produção artística, salas de dança e teatro. Conclui Milanesi (2003, p. 199), “A riqueza de um projeto está na integração desses elementos e na forma como esses espaços se relacionam”. O Programa de necessidades e dimensionamento é a tabela 4, elaborada para melhor entendimento. A praça foi implementada no programa de necessidades, pois será revitalizada, integrando-se ao Centro Cultural Pluralidade.
124
PROJETO
Tabela 4. Tabela do programa de necessidades e dimensionamento
Fonte: Elaborado pelo Autor (2018)
125
PROJETO
5.6
Setorização e Fluxograma
Figura 63. Setorização do projeto
Fonte: Elaborado pelo Autor (2018)
126
PROJETO
Com relação a organização espacial do Centro Cultural (figura 63), mostra como os setores, conforme elaborados no programa de necessidades, foram dispostos diante do edifício já existente, setorizados e com os principais acessos aos edifícios, sendo o acesso principal para a entrada dos visitantes, o acesso secundário é também ao visitante e o acesso terciário é para entrada e saída de serviços. A organização espacial dos setores foi realizada através do fluxograma, que posiciona os acessos principais, do público e funcionários. O fluxograma foi desenvolvido a partir de níveis dos pavimentos criados (figura 64), com a junção do antigo ao edifício proposto. Figura 64. Níveis – pavimentos do projeto
Fonte: Elaborado pelo Autor (2018)
127
PROJETO
Figura 65. Fluxograma pavimento tĂŠrreo
Fonte: Elaborado pelo Autor (2018)
128
PROJETO
Figura 66. Fluxograma pavimento 1
Fonte: Elaborado pelo Autor (2018) 129
PROJETO
Figura 67. Fluxograma pavimento 2
Fonte: Elaborado pelo Autor (2018)
Figura 68. Fluxograma pavimento 3
Fonte: Elaborado pelo Autor (2018)
130
PROJETO
O fluxo do pavimento térreo (figura 65), acontece inicialmente a partir da entrada principal, localizada no edifício existente, com a recepção, sala administrativa, sala de funcionários, sanitários e áreas para exposições, após encontra-se as áreas de convivência, na marquise e no pátio, na marquise do edifício proposto conta com a cantina, área de alimentação, uma segunda recepção e uma área de convivência. No primeiro pavimento (figura 66), ainda no edifício existente, tem o seu fluxo vindo do térreo para o mezanino criado, abrigando a biblioteca do centro cultural, na passarela o fluxo é levado totalmente direto ao edifício proposto, passando pela passarela expositora chegando a área de circulação do primeiro pavimento do edifício proposto, com o fluxo levado em volta da rampa que dará acesso aos demais pavimentos, assim o fluxo segue para os sanitários, as salas de artes, sala de música e sala de dança. O fluxo do segundo pavimento (figura 67), segue para o interior do edifício proposto, onde continua o fluxo ao entorno da rampa de circulação, começando nos sanitários, sala de projeção e teatro, terminando no pavimento 3 (figura 68), onde encontra-se o terraço do edifício que também tem o fluxo ao entorno da rampa.
5.7
Técnicas construtivas, materialidade e sustentabilidade Os materiais e técnicas construtivas foram escolhidos a partir da análise
do entorno, para manter-se cordial com a habitualidade já existente. No edifício existente será utilizada técnicas de reforma e adaptações para a Figura 69. Máquina de reciclagem residual
intervenção.
Os
entulhos
gerados
pela
demolição das duas edificações existentes na gleba serão reciclados por meio de maquinas (figura 69), que reciclam este tipo de resíduos provocados por demolição, sendo utilizado o material reciclado na própria obra, pois com
Fonte: Site AeCWEB
eles podem-se gerar produtos ecologicamente
131
PROJETO
corretos como areia e rachão (pedras maiores), provenientes da reciclagem de concretos e blocos; brita, proveniente da reciclagem de resíduos e destinada para uso em obras de base, sub-base, reforço do aterro e acerto topográfico de terrenos, argamassas de assentamento de alvenaria de vedação, contrapiso, solo-cimento, blocos e tijolos de vedação, em obras de pavimentação, drenagens, terraplanagem, etc40. Logo será um projeto com resultados benéficos para o meio ambiente e sustentável, conseguindo diminuir a produção de matéria residual, e reduzindo a necessidade de extração de matéria-prima. O edifício proposto contará com as matérias recicladas e lajes nervuradas, reduzindo assim o uso de matéria prima, tornando-se mais sustentável por suas formas utilizadas na produção, formando cavidades que dispensa o suo de tanta matéria prima, ocasionalmente não necessitando de tantos pilares de sustentação, podendo vencer vãos e grandes distancias, na figura (70), pode-se ver o detalhamento construtivo da laje nervurada. Figura 70. Detalhamento laje nervurada
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
40
Fonte: Site AeCWEB. Disponível em: < https://www.aecweb.com.br/cont/m/rev/alternativa-para-
reciclagem-de-entulhos-de-construcao-civil_2344_0_0>. Acesso em: 20 de maio de 2018.
132
PROJETO
A estética foi pensada de forma que não interferisse tanto na habitualidade existente do entorno, será utilizada as técnicas de concreto aparentes (figura 71), das formas, valorizando a estética natural da construção. Figura 71. Concreto aparente - característica natural
A captação da água proveniente de chuva, será reservado
na
cisterna,
implementada no projeto do centro
Fonte: Archidaily
cultural,
diminuindo
assim o uso de água tratada,
esta água será utilizada para descargas dos sanitários, de bacias com caixa acoplada, gastando menos água, também para o uso de lavagem. Na figura (72), é possível ver o detalhamento da cisterna, que capita a água da chuva através de calhas no telhado, e canaletas de escoamento da água da chuva, passando por uma filtragem e ficando no reservatório para uso de limpeza e afins
Figura 72. Detalhamento cisterna enterrada no solo
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
Outra técnica construtiva sustentável adotada no projeto foram os pisos drenantes (figura 73), utilizados em toda área permeável, aberta e pública, 133
PROJETO
com este tipo de piso, a água é escoada com mais facilidade para o lençol freático, por meio dos poros existentes, tornando 100% permeável e não dependendo dos espaços entre as peças, outra qualidade dos pisos drenantes está no fato de manterem a água retida por certo tempo em sua base, escoando a água devagar para os lençóis freáticos, não criando poças e eliminando a necessidade de aplica-los sobre outros pisos, como camadas de concreto, além de sua produção ser sustentável, por levar materiais reaproveitados e bases naturais como fibras ou pedras. 41 Figura 73. Detalhamento aplicação piso drenante
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
Assim a laje do terceiro e quarto pavimento do edifício proposto, será verde, com a proposta de terraço verde, que tem como suas vantagens a diminuição das ilhas de calor, regulação da drenagem de águas pluviais, retira o gás carbônico e produz oxigênio, cria e preserva habitats, é isolamento
41
Fonte: Site Tem Sustentável. Disponível em: < https://www. http://www.temsustentavel.com.br/piso-
drenante-para-obras-sustentaveis-vantagens/>. Acesso em: 20 de outubro de 2018.
134
PROJETO
térmico e atua como resfriamento por evaporação42, detalhamento na figura 74. Figura 74. Detalhamento laje verde
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
5.8
Estudo de implantação e volumetria O estudo foi feito a partir do terreno de inserção do centro cultural,
(3.465,00 m² de área da superfície junto com a praça), com croquis e análises dos diagnósticos das condicionantes físico-climáticas, primeiro foi feito o estudo da implantação e disposição do edifício proposto na gleba (figura 75), foi disposto no terreno a partir do principal fator que era a valorização dos
42
Fonte: Site Ugreen. Disponível em: < https://www.ugreen.com.br/telhado-verde//>. Acesso em: 20 de
outubro de 2018.
135
PROJETO
espaços abertos e públicos, e também após a análise da topografia e orientação solar.
Figura 75. Estudo da implantação do projeto
Fonte: Elaborado pelo Autor (2018)
Após feito o estudo da implantação, chegando a final, pensou-se de que forma seria feita a conexão e integração do antigo com o novo, assim chegou-se a um dos fatores norteadores do partido de projeto, a volumetria do projeto foi pensada de forma que não interferisse no antigo edifício, formas básicas e funcionais. (figura 76). Figura 76. Estudo da volumetria do projeto
Fonte: Elaborado pelo Autor (2018)
136
PROJETO
Assim chegou-se a volumetria final, baseada nos estudos e análises, obtendo a integração simples e sútil com o principal ator do projeto de intervenção. (figura 77). Figura 77. Maquete eletronica para estudo de volumetria
Fonte: Elaborado pelo Autor (2018)
137
PROJETO
5.9
Implantação A área de implantação do projeto possui 3.465,00m², constituída de
uma quadra, e a praça Giocondo Ferreira conhecida como triangular, assim a partir do programa de necessidades, fluxogramas e organogramas, a implantação foi organizada espacialmente a fim de priorizar os espaços abertos e públicos, para sociabilização, também visando utilizar a topografia do declive natural já existente no terreno sem modifica-la, figura (78).
138
PROJETO
Figura 78. Implantação
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
139
PROJETO
5.10 A intervenção no edifício Cinema São Geraldo A importância de intervir torna-se clara quando se faz a reflexão do processo histórico e relatos, que com o tempo permanece como memória. Segundo a Carta de Veneza (1964), um monumento histórico e de significativa cultural, engloba a criação arquitetônica, como o espaço urbano de uma civilização
particular,
a
evolução
juntamente
com
o
tempo
ou
acontecimentos históricos. Assim pode-se entender que não apenas as grandes obras adquirem significado cultural, mas também às obras modestas, como a do edifício “Cinema São Geraldo”, que com o passar dos anos adquiriu suas significâncias, e resgatando a vivacidade ao local, revelando o seu valor cultural, sendo acessível para todos. De acordo com Nahas (2015), quando se adota na intervenção nova função temporal, havendo ou não a alteração de seu uso original, ela deve atender as expectativas do presente, preservando o possível a gramática do texto arquitetônico original, valores históricos, artísticos e espirituais da obra. Entendendo assim a restauração a intervenção na preexistência histórica, reconhecendo seus valores na preservação e transmissão para gerações futuras. Complementa a Carta de Veneza (1964), que a conservação e restauração, constituem na disciplina que necessita da colaboração entre todas as ciências e técnicas, contribuindo para o estudo e a salvaguarda do patrimônio. Portanto Nahas (2015) defende a complementação do antigo com o novo, nos projetos de restauro, sendo qualquer dimensão da intervenção, gerando modificação no monumento, obtendo assim o objeto de projeto do ato criativo. Este ato gera formas de diálogos entre o antigo e novo, absorvidos no processo de projeto, estabelecendo a conexão com o tempo presente, a partir de posturas de projeto. O projeto de intervenção seguirá duas posturas projetuais, que aproximará ao campo do restauro. A primeira postura a ser adotada é a “autonomia”, “que considera na intervenção o elemento ser preservado, apenas o involucro do monumento,
140
PROJETO
tratando como um contentor da obra”. (NAHAS, 2015, p. 97). Desta maneira há uma mudança de uso, entre o antigo e o novo, verificando como um diferente objetivo em suas funções originais. Outra postura será a “diferenciação”, adotando na intervenção ações de elementos compositivos, materiais e técnicas construtivas incorporados por adição do novo e subtração do antigo, mantendo claramente a distinção do antigo em relação a forma, material, cor e estrutura.
5.10.1 Análise da situação atual do edifício Atualmente o edifício encontrasse em total abandono, com o uso para deposito de mobiliário em desuso da prefeitura municipal de Avanhandava, a planta continua original, sem modificações no desenho interno. Por tratarse de um galpão, não existe ambientes e nem paredes divisórias, sendo um espaço amplo que pode ser visto na figura 79. Figura 79. Planta baixa - situação atual
Fonte: Prefeitura Municipal de Avanhandava (2015)
Para melhor entendimento e explicação foi elaborado mapas de danos (figuras 80 a 83), das elevações do edifício, mostrando a situação atual em questões físicas e estruturais.
141
PROJETO
Figura 80. Mapa de danos
Fonte: Prefeitura Municipal de Avanhandava (2015). Modificado pelo autor (2018) Figura 81. Mapa de danos
Fonte: Prefeitura Municipal de Avanhandava (2015). Modificado pelo autor (2018) Figura 82. Mapa de danos
Fonte: Prefeitura Municipal de Avanhandava (2015). Modificado pelo autor (2018)
142
PROJETO
Figura 83. Mapa de danos
Fonte: Prefeitura Municipal de Avanhandava (2015). Modificado pelo autor (2018)
Através dos mapas de danos é possível observar que o edifício está relativamente degradado pelo tempo, estando desabilitado e esquecido. Com isso atualmente o edifício encontrasse apenas como vazio, sofrendo com o descaso e os principais problemas físicos que estão relacionados a estrutura física, cobertura, paredes e problemas microbiológicos, outro problema encontrado é a em questão das esquadrias da porta e janelas, sofrendo desprendimento devido as rachaduras, sem nenhum vidro e enferrujadas. Observando o edifício do Cinema São Geraldo, percebe-se que o mesmo apresenta problemas físicos que são reversíveis, a Carta de Restauro (1972), exprime que a manutenção realizada ao longo do tempo, aumenta a vida dos edifícios, evitando maiores intervenções, assim após analisar os mapas, é possível classificar algumas de suas patologias, considerando as duas posturas projetuais ditas por Nahas (2015). Infiltração, Desplacamento do Reboco, Biodegradação e Depósitos Escuros (figura 84): causados pelas águas pluviais que transbordam da cobertura por não conseguirem isolar devidamente, danificando o teto e as paredes.
143
PROJETO
Solução: analisar o telhado e colocar mantas sob as telhas e impermeabilizantes.
Para
as
paredes:
retirar
o
reboco,
passar
impermeabilizante e aplicar reboco com tela estruturante de nylon para após aplicas a massa corrida e pintura. Figura 84. Infiltração, Desplacamento do Reboco, Biodegradação e Depósitos Escuros
Fonte: Registro do autor (2018)
Vandalismo (figura 85): grafitagem e pichação feitas nas fachadas do edifício. Solução: aplicação de pintura para cobertura dos vandalismos. Figura 85. Vandalismo
Fonte: Registro do autor (2018)
144
PROJETO
Fissuras superficiais não estruturais (figura 86): fissuras em direções diferentes, podendo ter sido causadas pela retração da argamassa ou aderência da pintura. Solução: aplicação de produto específico para reparo de fissuras, massa corrida para fechar e regularizar, por fim aplicação de pintura. Figura 86. Fissuras
Fonte: Registro do autor (2018)
Pisos: os pisos internos do edifício são em cimento queimado, porém estão degradados pôr a não manutenção ao longo do tempo. Solução: dar manutenção adequada e fazer troca de acordo com a necessidade. Portas e janelas (figura 87): as janelas da fachada estão desprendendo da parede devido ao despencamento do reboco, no geral encontram-se enferrujadas, precisando de reparos. Também se percebeu a necessidade de implementação de outra janela na fachada frontal do edifício. Solução para portas e janelas: ante da pintura é preciso remover toda ferrugem, aplicar anti ferrugem, aplicação de vidros que estão faltando e pintura.
145
PROJETO
Figura 87. Porta e Janela existente
Fonte: Registro do autor (2018)
Estrutura do telhado (figura 88): encontra-se sem manutenção, mas em bom estado, a estrutura feita em madeira maciça e de vários anos atrás, de boa qualidade é uma ótima forma de resguardar a estética original. Solução: fazer a manutenção da estrutura, visando a estética original do telhado, com madeiras e telhas de barro. Figura 88. Estrutura telhado atual
Fonte: Registro do autor (2018)
146
PROJETO
Após está análise conclui-se os danos e as medidas de reformas que terão de ser tomadas para a concretização do projeto de intervenção no edifício.
5.11 O projeto de intervenção O projeto de intervenção no edifício do cinema São Geraldo, teve como premissa as posturas projetuais de intervenções ditas por Nahas (2015). O Edifício existente (figura 89), atuando como principal peça de todo projeto, foi disposto como o acesso principal, para que o usuário fosse convidado a conhecer e passar por ele. Logo os ambientes foram dispostos de forma que usasse o espaço em todos os aspectos, preservando sua estética original, sem criar barreiras nas paredes, estruturas e estrutura do telhado originais, que após a análise dos mapas de danos foi possível reestruturar com a reforma. Figura 89. Fachada do edifício existente
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
O espaço contemplou com a recepção principal, área administrativa, sala de funcionários e sanitários no térreo (figura 90), com o projeto do mezanino pode-se aproveitar ao máximo o edifício.
147
PROJETO
Figura 90. Planta layout edifício existente
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
As figuras (91 e 92), é o resultado final do projeto da recepção e da área de exposição criada no interior do edifício existente, com painéis em mdf, com estrutura própria para que possa ser retirado, caso haja necessidade de exposições maiores.
148
PROJETO
Figura 91. Perspectivas recepção e área de exposição
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
149
PROJETO
Figura 92. Perspectivas área de exposição
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
O sanitário foi pensando para que houvesse a mesma conceituação do projeto, de igualdade, com o sanitário sem gênero, para usuários e funcionários, sem distinção de qualquer tipo, e para o usuário que não estiver a vontade a usar, pensou-se também no privativo, assim podendo atender a todos, e também o PNE sem gênero. As paredes internas, criadas para dividir os ambientes serão em drywall, assim não havendo interferência na estrutura existente (detalhes das ligações na figura 93) e também a melhor adaptação com a estrutura metálica do mezanino.
150
PROJETO
Figura 93. Detalhamento ligações entre paredes de drywall
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
A área destinada a exposição foi projetada para que houvesse maior oportunidades para manifestações culturais serem desenvolvidas no centro cultural, junto com as políticas culturais e ação cultural. Todas as áreas destinadas a exposição, é temporária e transitória para que haja a renovação e também o engajamento da população avanhandavense a produzir este conteúdo nas salas de artes desenvolvidas no edifício proposto. Pensando em aproveitar ao máximo o interior do edifício existente, foi desenvolvido o
151
PROJETO
mezanino, em estrutura metálica, criando assim um pavimento a mais, onde foi disposto a biblioteca e a área de descompressão. O mezanino foi projetado em estrutura metálica e pisos com painéis wall, que são compostos de miolo de madeira maciça, revestidas de compensados com colagem a prova de água, sendo uma solução racional, pois a estrutura em painel wall tem uma resistência a 500kfg/m², para poder suportar o peso de todo o mobiliário da biblioteca, suportando altas cargas. A estrutura metálica com o painel tornando-se a solução mais adequada para construção do mezanino43. Na figura (94) pode-se ver a planta layout da biblioteca, localizada no pavimento superior, que foi possível através da concepção do mezanino, elaborada da forma que de um lado ficasse o acervo e ao lado oposto a área de leitura e descompressão.
43
Fonte: Site Metálica. Disponível em: <http://wwwo.metalica.com.br/construcao-de-mezanino-
estrutura-metalica-x-concreto>. Acesso em: 17 de outubro de 2018.
152
PROJETO
Figura 94. Planta layout - Biblioteca
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
Para melhor entendimento na figura 95, é demonstrado um esqueleto da estrutura metálica do mezanino, sendo um pré sistema de estrutura sem o painel wall. A figura (96), são detalhamentos construtivos das estruturas metálicas e da instalação do painel wall. Figura 95. Esqueleto da estrutura metálica do mezanino
Fonte: Elaborado pelo autor (2018) 153
PROJETO
Figura 96. Detalhamentos construtivos do mezanino
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
154
PROJETO
Com o mezanino em estrutura metálica, foi possível obter uma melhor solução projetual, pois desta forma não há interferência na estrutura do edifício existente, conservando o máximo sua estética original, juntamente com a preservação da estrutura do telhado existente em madeira que ficará aparente e será colocado uma manta internamente abaixo da telha para melhorar o conforto térmico. A biblioteca foi elaborada e pensada espacialmente para que não fosse apenas um espaço a empréstimos de livros, mas também de descompressão, estudo e reuniões, dividida em duas áreas, assim obtendo uma melhor setorização interna, as perspectivas podem ser vistas nas figuras (97 e 98).
Figura 97. Perspectiva mezanino/biblioteca
Fonte: Elaborado pelo autor (2018) 155
PROJETO
Figura 98. Perspectivas mezanino/biblioteca
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
5.12 Passarela Expositória A passarela foi pensada para criar a conexão entre o edifício existente e o edifício proposto. Feita no mesmo material do mezanino em estrutura metálica. Por criar a conexão, a passarela acabará sendo quase que obrigatória, pelo fluxo criado, para ir até o outro lado do centro cultural, assim tornando-a transitória, também por ser expositora, contemplando o pavimento térreo com uma marquise. Na figura (99) pode-se ver a planta layout da passarela com a disposição da exposição, que será acessada pelo usuário através da escada ou plataforma elevatória para PNE, do pavimento térreo logo após a saída do edifício existente, onde encontra-se as catracas apenas para controle de usuário.
156
PROJETO
Figura 99. Planta Layout Passarela Expositoria
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
Pensada para criar a conexão e integração entre os dois edifícios, esteticamente pensada em dois eixos, tendo a aparência de um L, na figura (100) nota-se a estruturação no esqueleto que foi esquematizado.
157
PROJETO
Figura 100. Esquema do esqueleto da passarela
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
158
PROJETO
A estrutura da passarela feita por perfis metĂĄlicos de duas dimensĂľes Figura (101), um para o pilar base e outro para as vigas engastadas, na figura pode-se ver os perfis usados. Figura 101. Perfil metĂĄlico base e vigas
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
159
PROJETO
As ligações serão feitas com chapas de aço e parafusos, como pode ser visto no detalhamento figura (102). Figura 102. Detalhamento ligação entre viga e pilar passarela
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
160
PROJETO
O piso da passarela será em aço perfurado, contribuindo assim para a ventilação natural e drenagem, na figura (103) é detalhado este piso e sua aplicação e espaçamento nas vigas. Figura 103. Detalhamento do piso em aço perfurado
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
A cobertura é feita com chapa de aço lisa superior e inferior e com EPS no miolo, melhorando o desempenho termo acústico, figura (104). Figura 104. Detalhamento cobertura com chapa de aço EPS
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
161
PROJETO
A telha termo acústica (figura 105), irá ajudar no conforto térmico no interior da passarela, pois ela tem alto poder de isolamento térmico, do aquecimento causado pela incidência solar.44 Figura 105. Detalhamento cobertura em aço com EPS
Fonte: Site Isoplast (2018)
A estruturas das laterais são compostas por módulos triangulares que se repetem a cada 4 metros de distância (figura 106), auxiliando estruturalmente e permitindo uma estrutura mais esbelta, junto com o isolamento com os planos de vidros duplos e termo acústicos. Figura 106. Módulos triangulares passarela
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
44
Fonte: Site Isoplat. Disponível em: http://isoplast.ind.br/16/produtos/painel-eps-isopor-frigo/ >. Acesso
em: 19 de outubro de 2018.
162
PROJETO
A figura (107) é um exemplo de detalhamento da estruturação do vidro duplo, que é composto por duas lâminas de vidro, paralelas, de tamanhos diferentes e com espaçamento de ar desidratado entre eles, assim tendo eficiência térmica e acústica.45 Figura 107. Detalhamento vidro duplo termo acústico passarela
Fonte: Site Clique Arquitetura (2018)
A integração da passarela ao edifício existente acabou gerando a necessidade de implantar calhas no beiral do telhado, do edifício, que pode ser esclarecido com o detalhe na figura (108). Figura 108. Detalhamento Calha acima da passarela
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
45
Fonte: Site Clique Arquitetura. Disponível em: <http://www.cliquearquitetura.com.br/artigo/vidro-
isolante-termo-acustico.html>. Acesso em: 19 de outubro de 2018.
163
PROJETO
Contudo a passarela resultou-se, não apenas em expositora, e de conexão, mas também um ótimo lugar para contemplar a paisagem ao entorno, com as áreas públicas e os dois edifícios. As figuras (109 e 110), é o resultado final da passarela. Figura 109. Perspectivas passarela
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
164
PROJETO
Figura 110. Perspectivas passarela
Fonte: Elaborado pelo autor (2018) 165
PROJETO
5.13 Edifício Proposto O edifício proposto foi pensado para atribuir a maior parte das áreas do centro cultural, pela falta de espaço dentro do edifício existente, com a forma reta e linear. Esteticamente pensou-se em algo que não fosse tão imponente ao edifício já existente, e o centro da paisagem visual fosse o antigo edifício, em concreto aparente e piso de cimento queimado, não contrapondo ao edifício existente. É contemplado com uma rampa que interliga todos os pavimentos, criando uma fluidez na fachada e o fluxo vertical. No pavimento térreo (figura 111), encontra-se a segunda recepção para controle de acesso ao centro cultural pela catraca, a cantina, com o mobiliário, tornando assim o ambiente usável, gerando a sociabilização entre os usuários, e com a laje nervurada pode-se aproveitar ao máximo os espaços com o número mínimo de pilares, podendo vencer um grande vão. Figura 111. Planta Layout - Edifício proposto - Térreo
Fonte: Elaborado pelo autor (2018) 166
PROJETO
A figura 112, é perspectiva do pavimento térreo do edifício proposto. Figura 112. Perspectiva térreo edifício proposto
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
167
PROJETO
Por tratar-se de um centro cultural, o mobiliário (figura 113) utilizado no projeto é o mesmo utilizado nos centros de cultura, “Sesc”, assinado por Paulo Mendes da Rocha e o escritório de arquitetos MMBB, feitos em chapas metálicas, traduzindo uma linguagem modernista sendo característica da arquitetura de Paulo Mendes46, e foram escolhidos por se conectar com o estilo de arquitetura reta e linear assim como o modernismo, havendo assim a quebra com o mobiliário que é curvo e triangular, que entra na contextualização da forma triangular usada no projeto. Figura 113. Mobiliário Paulo Mendes da Rocha + MMBB
Fonte: Site Archidaily (2018)
Outro mobiliário pensado foi o da área de sociabilização, do térreo do prédio proposto, quadrados moduláveis e empilháveis, feitos em estrutura metálica e tampo de madeira, formando assim arquibancadas para o encontro dos usuários (figura 114).
46
Fonte: Archidaily. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/889788/sesc-24-de-maio-paulo-
mendes-da-rocha-plus-mmbb-arquitetos>. Acesso em: 20 de outubro de 2018.
168
PROJETO
Figura 114. Mobiliário Modulável
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
O primeiro pavimento (figura 115), abrange as salas de música (figuras 116 e 117), dança (figura 118), artes (figuras 119 e 120) e áreas para sociabilização (figuras 121 e 122), proporcionando ao centro cultural, maneiras de manifestar a cultura através da criação.
Figura 115. Planta layout - Edifício Proposto - Primeiro Pavimento
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
169
PROJETO
Figura 116. Perspectiva sala de mĂşsica
Fonte: Elaborado pelo autor (2018) Figura 117. Perspectiva segunda sala de mĂşsica
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
170
PROJETO
Figura 118. Perspectiva sala de danรงa
Fonte: Elaborado pelo autor (2018) Figura 119. Perspectiva sala de artes
Fonte: Elaborado pelo autor (2018) 171
PROJETO
Figura 120. Perspectiva sala de arte
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
Figura 121. Perspectivas área de sociabilização
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
172
PROJETO
Figura 122. Perspectivas área de sociabilização
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
Para que não houve-se a interferência na área de sociabilização, foi criada a parede de cobogós (figura 123), assim as salas foram planejadas com janelas em duas paredes, paralelas, obtendo a ventilação natural e cruzada, que pode ser observada na figura (124). Figura 123. Perspectiva área de circulação com parede de cobogó
Fonte: Elaborado pelo autor (2018) 173
PROJETO
Figura 124. Ventilação Cruzada
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
Os sanitários foram desenhados igualmente, como no edifício existente, sem gênero, privativo e PNE, para que assim haja o complemento ao conceito do centro cultural pluralidade. Todo o fluxo acontece ao redor da rampa de circulação, criando assim o eixo vertical do prédio (figura 125), assim não sendo necessária a escada de emergência, a rampa comportando a evacuação do prédio em caso de necessidade, juntamente com dois elevadores para 8 pessoas cada (figura 126). Figura 125. Perspectiva com o fluxo criado através da rampa
Fonte: Elaborado pelo autor (2018) 174
PROJETO
Figura 126. Perspectiva acesso sanitรกrios e elevadores
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
175
PROJETO
O segundo pavimento (figura 127), foi disposto do auditório com capacidade para 123 lugares e mais 4 PNE, projetado para apresentações de todos os tipos (figura 128). A sala de projeção atende 85 lugares e 3 PNE e também localizada no segundo pavimento, foi projetada para que possa ser usada assim como o antigo edifício Cinema São Geraldo era antigamente (figura 129), os dois ambientes contam com as placas acústicas na laje e paredes laterais.
Figura 127. Planta layout - Edifício proposto - Segundo pavimento
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
176
PROJETO
Figura 128. Perspectiva sala de projeção
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
177
PROJETO
Figura 129. Perspectivas auditรณrio
Fonte: Elaborado pelo autor (2018) 178
PROJETO
Os painéis acústicos são ideias para o projeto por auxiliar no conforto acústico dos ambientes, facilitando a absorção sonora, é composto por um painel de lã de vidro revestido em ambas as faces com véu de vidro (tecido de vidro)47. Assim foi feito uma paginação desses painéis com as cores e formas do projeto. Na laje foram fixadas as placas em formatos quadrados para fortalecer o desempenho acústico nos ambientes, os detalhes podem ser vistos nas figuras (130 e 131). Figura 130. Detalhamento aplicação painel acústico
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
47
Fonte: Isover. Disponível em: < https://www.isover.com.br/industria/paineis-acusticos/isosound>.
Acesso em: 20 de outubro de 2018.
179
PROJETO
Figura 131. Detalhamento aplicação painel acústico na laje
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
Fixados com a ajuda de perfis e canaletas em aço, sendo adaptável a qualquer formato, foi elaborado uma paginação em triângulos de cores diferentes para as placas fixadas nas paredes laterais (figura 132), havendo assim a conexão com a estética do conceito projetual, já os fixados na laje, como forro acústico e com desenho quadrado tem recuo para iluminação embutida e preso por canaletas em aço, (figura 133). Figura 132. Paginação painel acústico auditório e sala de projeção
Fonte: Elaborado pelo autor (2018) 180
PROJETO
Figura 133. Placa acústica fixada na laje
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
Desta forma o auditório e sala de projeção, serão utilizados para informar e trazer mais formas a sociedade de manifestar-se cultura na cidade de Avanhandava. Seguindo o fluxo pela rampa de acesso ou elevadores, chega-se ao terraço verde (figura 134), idealizado para que possa ser usado e explorado pelos usuários, para as trocas sociais, e contemplar a paisagem urbana do centro cultural como um todo, além de poder contar com o conforto térmico e proporcionando mais espaços de vegetação ao usufruidor. Perspectivas da paisagem vista no terraço na figura (135).
181
PROJETO
Figura 134. Planta layout - Terceiro pavimento - Terraรงo verde
Fonte: Elaborado pelo autor (2018) Figura 135. Perspectiva do terraรงo para o centro cultural
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
182
PROJETO
Desta forma, o edifício proposto (figura 136), torna-se um anexo de atividades oferecidas no centro cultural, obtendo a estética marcante, mas não sobrepondo ao edifício já existente, criando assim a conexão entre os dois prédios através da passarela. Figura 136. Perspectivas edifício proposto
Fonte: Elaborado pelo autor (2018) 183
PROJETO
5.14 Praça Giocondo Ferreira (Triangular) A praça encontra-se atualmente em total abandono, sem nenhum tipo de manutenção, com isso a arborização existente não é cuidada de maneira que acaba gerando uma barreira visual, impedindo que o edifício do Cinema São Geraldo possa ser visto, na figura (137) pode-se observar o estado atual da praça. Figura 137. Situação Atual praça
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
Após a análise da situação atual da praça, foi possível notar que ela impede a visão, necessitando a revitalização, com outro desenho de canteiro, para que possa ser visto e valorizado o antigo edifício. Assim Abbud (2010), diz que um jardim, praça ou paisagem, pode empregar pontos focais, com elementos dispostos nos espaços, ou nos finais de caminhos, logo para tornar o edifício um ponto focal, deve-se redesenhar a praça, ajustando-o ao entorno, não colocando algo que impeça a visão. Logo Abbud (2010) complementa que as palmeiras marcam a paisagem sem vedá-la, pontuando e subdividindo sutilmente o que está atrás, transformando a paisagem enquadrada, complementando que quando dispostas em linhas e com ritmos regulares, podem criar lindas colunas, criando perspectivas que dão força e importância ao ponto focal. 184
PROJETO
Assim a praça foi desenvolvida pensando no ponto focal, canteiros retos e lineares juntamente com a disposição das palmeiras já existentes na praça. As árvores existentes e não utilizadas serão realocadas para outra área da cidade, assim não havendo desmatamento. Há também na praça o monumento do Coronel Giocondo Francisco de Oliveira (figura 138), que marca a inauguração e entrega do espaço para a sociedade, que será preservado no mesmo local. Figura 138. Monumento praça
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
Após pesquisas, não há na prefeitura municipal de Avanhandava a planta original do projeto da praça Giocondo, sendo assim a revitalização tomará como partido inicial as premissas ditas por Abbud (2010), valorizando o patrimônio cultural que é o Edifício do Cinema São Geraldo. Na figura (139), pode ser observado o novo desenho da praça, com traçados retos e canteiros lineares com 5 metros de espaçamento e o comprimento seguindo a dimensão da praça, para que consiga assim o ponto focal.
185
PROJETO
Figura 139. Planta layout - Praรงa Giocondo
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
186
PROJETO
O paisagismo tendo grande influência no projeto da praça, tornando-a o caráter de área verde e criando diferentes cenários, transformando a paisagem que antes toda fechada e desorganizada em uma visão agradável. As espécies foram escolhidas conforme os estudos para a transformação da paisagem, palmeiras reais por serem altas e não atrapalhar a visão, e as forrações nativas (figura 140). Figura 140. Espécies plantadas na praça
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
Com a transformação, foi desenhado um banco inspirado em todo conceito do projeto, com formas geométricas feito em concreto (figura 141). O piso será o mesmo utilizado em todas as áreas abertas e de sociabilização do centro cultural.
187
PROJETO
Figura 141. Banco praça Giocondo
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
Concluindo a praça se integrará ao centro cultural, transformando-se em uma paisagem convidativa, exaltando o edifício, tornando assim, mais um local de sociabilização e integração social com o espaço aberto e público (figura 142). Figura 142. Perspectiva praça Giocondo Ferreira
Fonte: Elaborado pelo autor (2018) 188
PROJETO
5.15 Espaços Abertos e Públicos Os espaços abertos e públicos tornam-se ferramentas eficientes que geram a troca social entre a população de determinado lugar, transformando vazios, e as áreas abandonadas em lugares totalmente humanizados, o que condiz com a amabilidade urbana, que segundo Fontes (2012) esses espaços tendem a criar vínculos entre a pessoa e o espaço, essas que podem decorrer de trocas reagindo ao individualismo, gerando formas de convívio coletivo, logo o espaço público gerando intervenções, passará a ser movimentado e tornando cada vez mais amável. A transformação do espaço vazio e esquecido para locais de manifestações culturais a comunidade, complementa Fontes (2012) estará em oposição aos espaços privados, gerando a trocas, encontros, locais de consumo, espetáculos, festas, turismo e sociabilidade, sendo assim formas de diferentes apropriações geradas pela população. Para que possa ser funcional à essas transformações sociais, é imprescindível a criação de intervenções temporárias, que será alternativa para a revitalização das áreas públicas. “Usos e ocupações temporárias são [...] auto observadores da sociedade, pois por estarem à margem do planejamento urbano, ocupam ou se apropriam de áreas que por alguma razão estão vazias. Logo, observam as relações sociais e exploram nichos, apresentandose muitas vezes como alternativas potência e forma de movimento para a revitalização das áreas residuais e dos espaços ociosos da cidade, movimentando com potencial elástico, que permite o contínuo fazer e desfazer” (FONTES, 2012, p. 51).
A sociabilização e integração social sendo fatores importantes no desenvolvimento do projeto, assim como a priorização dos espaços abertos e públicos de máxima importância, esses espaços foram deixados livres e com o declive natural do terreno, para que possa ser utilizado com intervenções temporárias, criando assim uma praça das artes a céu aberto. Pensando nas ocupações temporárias, foi idealizado duas intervenções (figura 143 e 144), para que possa ser usada nesses espaços, Pluralidade, intervenção com 189
PROJETO
referência nas diferenças do mundo contemporâneo, a esfera expressa nosso planeta Terra, as mãos coloridas representam a pluralidade, buscando o respeito e igualdade, outra intervenção é a Socialize , que instiga o usuário do espaço a sociabilizar-se e gerar a coletividade, com os mobiliários em formato de espreguiçadeira e bancos paralelos, formando um biombo que é vazado, buscando extinguir as barreiras criadas da individualização, mas aos poucos por ainda ter a barreira física, os mobiliários são feitos em madeira, pintados em branco e impermeabilizados para que possam ser utilizados também como painéis para expressar suas ideias, através de canetas. Figura 143. Vista dos mobiliários - intervenção
Fonte: Elaborado pelo autor (2018) Figura 144. Perspectivas intervenções temporarias
Socialize Fonte: Elaborado pelo autor (2018) 190
Pluralidade
PROJETO
A arquibancada (figura 145), foi desenvolvida para ser utilizada e integrada pelos usuários, e com um canteiro na parte de traz com vegetação, arbustos Dracena. Criando assim mais troca de informações e sociabilização e também podendo ser usado para apresentações de todos os tipos ao ar livre, contando com a fachada do edifício proposto para projeção de filmes.
Figura 145. Perspectiva arquibancada
Fonte: Elaborado pelo autor (2018) 191
PROJETO
Em todo o centro cultural nas áreas abertas e permeáveis, será utilizado pisos drenantes, que por sua vez não nos limita ao trabalhar com este tipo de materialidade, em diversas cores e uma variedade de formas que se pode chegar, e também luzes indiretas embutidas nos encontros de triângulos (figura 146). Figura 146. Paginação do Piso drenante
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
Desta forma, ao pensar na paginação deste piso, buscou-se algo que remetesse ao fator histórico do local, e por ser conhecida a gleba como “Triangular”, e sendo fisicamente nessas dimensões, surge o conceito da paginação do piso, em combinação com o fator da memória social, mas não apenas por isso, também em associação a gama de significados que a forma triangulo tem, gerando assim significância de pluralidade, de diferenciação, infinidade de definição não colocando limites, quebrando as barreiras libertando a estereotipagem existente em nossa sociedade, junto com as cores primarias e cores em tom de peles escuras e claras, dando a intensidade na pluralidade. 192
PROJETO
Assim espera-se que com todo este papel da paginação do piso, a conscientização e respeito a toda forma de viver, agir, falar, e socializar, mostrando ao usuário que ali é o Centro Cultural Pluralidade e existe respeito ao próximo. Complementando o projeto dos espaços abertos, Abbud diz que, “Lugar é todo aquele espaço agradável ao encontro das pessoas ou ao nosso próprio encontro. Ele estimula a permanecer e praticar alguma atividade...” (ABBUD, 2010, p.24), portanto para tornar o espaço mais agradável, foram feitos alguns canteiros em formato de bancos (figura 147 e 149), com árvores específicas e floríferas (figura 148), que também serão utilizadas nas calçadas com a troca das árvores já existentes sendo realocadas, para melhor paisagem do entorno.
Figura 147. Localização dos Canteiros/Bancos
Fonte: Elaborado pelo autor (2018) 193
PROJETO
Figura 148. Espécies de árvores na área aberta
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
Figura 149. Canteiro/banco espaço aberto
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
Totaliza assim o projeto do Centro Cultural Pluralidade (figuras 150 e 151), que eleva os espaços de sociabilização e públicos, prevendo o aumento da troca social e da vida menos individualizada. Nas Figuras 152 e 153 é a maquete física desenvolvida pelo autor. 194
PROJETO
Figura 150. Perspectivas Centro Cultural Pluralidade
Fonte: Elaborado pelo autor (2018) 195
PROJETO
Figura 151. Perspectivas Centro Cultural Pluralidade
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
196
PROJETO
Figura 152. Maquete FÃsica
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
197
PROJETO
Figura 153. Maquete FÃsica
Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
198
CONSIDERAÇÕES FINAIS
CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo do desenvolvimento deste projeto, pode-se perceber o quão carente é a valorização de edificações históricas e culturais, a falta de apoio do governo e da iniciativa privada, ao promover o uso destas construções. Também foi evidenciado a falta de promoção e desenvolvimento à cultura, que é tão benéfica ao ser humano, ao exercer seu direito de ter cultura, conhecendo novas opiniões, modos de viver e se expressando, ajudando a diminuir a desigualdade social existente no mundo contemporâneo, fazendose de suma importância um porta voz contra as injustiças e falta de respeito, através da manifestação, arte, e sociabilização. O Centro Cultural Pluralidade, vai além de um espaço para desenvolver a cultura e afeição as diferenças, é o respeito há história, memória e fator social de uma população, materializado e concretizado, para as gerações futuras, transformando o espaço abandonado e inabitável, de identidade própria, reconhecido, para toda a cidade de Avanhandava-SP, assim estimulando a usabilidade do espaço público, formando opiniões e identidade cultural. Pluralidade são todas as coisas existentes no mundo, inclusive a história de um tempo passado, e com esta intervenção espera-se um pouco mais de consentimento e conscientização do ser humano, para com sua própria qualidade de vida e memória. Temos de ser plural.
200
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS
ABBUD, B. Criando paisagens: guia de trabalho em arquitetura paisagística. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2010 ADAMS, Betina. Preservação urbana: gestão e resgate de uma história. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2002. ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna: do iluminismo aos movimentos contemporâneos. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 1992. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituição.htm>. Acesso em: 11 abr. 2018. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: pluralidade cultural, orientação sexual. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997. p 164. BORGO, José Augusto. De Campo Verde a Avanhandava: o início de uma história. Araçatuba/SP: Somos, 2013. CALLIARI, Mauro. Espaço público e urbanidades em São Paulo. São Paulo: Bei Comunicação, 2016. CARDOSO. A. S. et al. Intervenções Urbanas. EXTIFAL: Revista de Extensão do Instituto Federal de Alagoas, Alagoas, 2013, v.1, n.1, p. 49 – 54. Disponível em: <https://issuu.com/publicacoes_editorial/docs/extifal_v1_n1_2013>. Acesso em: 9 abr. 2018. CARLOS, Ana Fani Alessandri. A cidade. 9. Ed., 2ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2015. CAU/MT. Conselho de Arquitetura e Urbanismo. O arquiteto e a preservação do patrimônio histórico: a participação dos arquitetos e urbanistas é fundamental na preservação dos acervos construídos. Disponível em: < http://www.caubr.gov.br/o-arquiteto-e-a-preservacao-do-patrimoniohistorico/>. Acesso em: 5 abr. 2018. CHAUI. Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2000. CUNHA, Newton. Cultura e ação cultural: uma contribuição a sua história e conceitos. São Paulo: Edições Sesc São Paulo, 2010, p. 112. 202
REFERÊNCIAS
FONTES, A. S. Amabilidade urbana: marcas das intervenções temporárias na cidade contemporânea. Revista de Estudios Urbanos y Ciencias Sociales, v. 2, 2012. FUNART. Fundação Nacional das Artes. Portal das Artes. Disponível em: <http://www.funarte.gov.br/category/artes-integradas/>. Acesso em: 8 out. 2017. GEHL, Jan. Cidade Para Pessoas. 3 ed. São Paulo: Perspectiva, 2015. GOMBRICH, Ernst Hans. A história da arte. 16 ed. Rio de Janeiro: Editora LTC, 2012. HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Vértice, 1990. HOFBAUER, Andreas. Cultura, diferença e (des)igualdade. Contemporânea. Revista de Sociologia da UFSCar. São Carlos, Departamento e Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar, 2011, n. 1, p. 69-102. KÜHL, Beatriz Mugayar. História e ética na conservação e na restauração de monumentos históricos. Revista CPC, São Paulo, N. 1, P. 16-40, APR. 2006. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/cpc/ar2cle/view/15579>. Acesso em: 11 abr. 2018. LANDIM, Paula. Desenho de paisagem urbana: as cidades do interior paulista. São Paulo: Editora Unesp, 2003. LEMOS, Carlos A. C. O que é patrimônio histórico. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 2010. MAGALHÃES, Aloísio. E Triunfo?: a questão dos bens culturais no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. MILANESI, Luís. A casa da invenção: biblioteca centro de cultura. 2. ed. São Paulo: Ateliê, 2003. MONTANER, Josep Maria. A Modernidade Superada: Ensaios Sobre Arquitetura Contemporânea. Tradução: Alicia Penna. – 2 ed. rev. e ampl. – São Paulo: Editora G. Gili, 2012. NAHAS, Patricia Viceconti. Antigo e novo nas intervenções de caráter monumental: a experiência brasileira (1980-2010). Revista CPC, São Paulo, n. 20, p. 78-111, dec. 2015.
203
REFERÊNCIAS
NESBITT, Kate (Org.). Uma nova agenda para a arquitetura. Antologia teórica (1965-1995). Coleção Face Norte, volume 10. São Paulo, Cosac Naify, 2006. PAOLI, Maria Célia. Memória, história e cidadania. In SÃO PAULO (CIDADE). SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA. O direito à memória: patrimônio histórico e cidadania. São Paulo: DPH, 1992. SANTOS, Alexandrina Passos. Educação, sociedade e comunidade escolar. In: SOUSA, José Vieira de. Aprendendo a aprender. Volume 3. Brasília: UniCEUB, 2003, p. 7-74. SILVA. Frederico A. Barbosa. Economia e Política Cultural: acesso, emprego e financiamento. Brasília: Ministério da Cultura, 2007. 308 p. – (Coleção Cadernos de Políticas Culturais; v. 3). Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/cadvol3.pdf>. Acesso em: 12 abr. 2018. SILVA, M. J. V; LOPES, P. W; XAVIER, S. H. V. Acesso a Lazer nas Cidades do Interior: um Olhar Sobre Projeto CINE SESI Cultural. VI Seminário 2009 ANPTUR. São Paulo/SP, 2009. SOARES, Inês Virgínia Prado; CUREAU, Sandra. (Org.). Bens Culturais e Direitos Humanos. São Paulo: Edições Sesc São Paulo, 2015, p. 512. SOLÀ-MORALES, Ignasi. Do Contraste à Analogia: Novos Desdobramentos do Conceito de Intervenção Arquitetônica. In: NESBIT, Kate. Uma Nova Agenda Para Arquitetura: Antologia Teórica. São Paulo, 2º edição. Cosac Naify, 2013. STOREY, John. Teoria cultural e cultura popular: uma introdução. São Paulo: Edições Sesc São Paulo, 2015, p. 512. UNESCO. Declaração universal da UNESCO sobre a diversidade cultural. 2002. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001271/127160por.pdf>. Acesso em: 18 abr. 2018. VARGAS, Heliana Comin; CASTILHO, Ana L. Howard. (Org.). Intervenções em centros urbanos: objetivos, estratégias e resultados. 3. ed. Barueri-SP: Manole, 2015.
204
APÊNDICE
APÊNDICE 1 - TRANSCRIÇÃO DE ENTREVISTA – RELATO SOBRE A HISTÓRIA DO CINEMA SÃO GERALDO Entrevista Nome: Rita Martins de Arruda Idade: (93 anos) A entrevista refere-se à história do cinema São Geraldo, na cidade de Avanhandava-SP, buscando relatos e informações para contribuição no trabalho acadêmico de conclusão de curso. Rita Martins de Arruda, moradora da cidade de Avanhandava a mais de 80 anos, esposa do ex-prefeito Wiilian Pinto de Arruda e mãe do ex-vereador Willer Osvaldo de Arruda, pode ser considerada parte da história e contribuinte da evolução urbana do município. A entrevistada, começa a falar sobre o tempo em que morava ao lado da quadra onde encontra-se o antigo edifício, explicando como foi o surgimento da mesma, com o hotel Domingos Nanni, alguns armazéns e o galpão para comércio de ferragens no ano de 1935, anteriormente a se transformar o galpão no cinema São Geraldo. Rita, esclarece que grande permanência de viajantes e turistas da região na cidade, justificava a existência do hotel. A quadra foi toda abandonada com o tempo, e posteriormente comprada e doada para a Prefeitura Municipal, para ser implementada no edifício do hotel, o primeiro ginásio escolar em 1961, obra foi realizada pelo ex-prefeito Olavo Fornazari, enquanto o galpão continuou em desuso. Logo após o ex-prefeito Willian Pinto de Arruda, finado esposo de Rita assume a administração da cidade, e decide construir a praça na quadra, colocando assim o nome do doador da área, Giocondo Francisco de Oliveira. Rita, conta que o cinema foi implantado no galpão por um empresário conhecido como “Papinha” da cidade de Barbosa, no ano de 1962 funcionando até meados de 1971. Quando perguntado a entrevistada se ela fazia uso do local que manifestava cultura através de exibição de filmes a população, disse que visitava quase sempre com seus filhos, pois naquela época era um dos únicos lugares que existia na cidade para encontro cultura e lazer. 206