Bancas: Volume Teórico

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Vitor Fiacadori Costa

Bancas

São Paulo 2013


Ficha Catalográfica Costa, Vitor Fiacadori Bancas Vitor Fiacadori Costa. São Paulo, 2013. 92p., Color, 22cm. Orientadora: Fernanda Romero Trabalho de Conclusão de Curso — Centro Universitário Senac Campus Santo Amaro, São Paulo, 2013. 1. Fotografia 2. Bancas de jornal 3. Cidade I - Romero, Fernanda II Braga, Eduardo III - Bancas.

Impresso na gráfica EMBRACOP Capa em Couché fosco 230g/m² Miolo em Couché fosco 115g/m² Novembro/2013 Tiragem: 4


VITOR FIACADORI COSTA BANCAS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para o Centro Universitário Senac como exigência para a obtenção do grau de Bacharel em Design com habilitação em Comunicação Visual. Orientadora:

Fernanda Romero

A banca examinadora dos Trabalhos de Conclusão em sessão pública realizada em __ / __ / __, considerou o condidato: 1) Examinador(a): 2) Examinador(a): 3) Examinador(a):

São Paulo 2013



Ao meu irm達o, Lucas,



Agradecimentos Aos meus pais, Ângela e Paulo, por tudo (e sempre), Ao Lucas Theodoro e Marcelo Terreiro, por tudo, À Rafaela Arriaran, Felipe Sena e ao Lucas Medeiros, À minha orientadora, Fernanda Romero, (não só) pela paciência e apoio, E aos demais íntimos e amigos que conheci em todo esse tempo, do surgimento da fotografia na minha vida até a finalização deste ciclo, apoiadores ou observadores: acredito que todos vocês tiveram uma participação, mínima ou máxima, neste resultado final.

Obrigado, de qualquer forma.



Resumo Essa pesquisa, tomando como base um pouco da rotina na maior metrópole latinoamericana, pretende mostrar, através de um livro fotográfico, uma narrativa que acompanha um pouco do cotidiano e o público que frequenta as bancas de jornais da cidade de São Paulo, sua difusão e o que este serviço tem a oferecer ao cidadão, também incentivando novos pontos de vista para este lugar comum presente em grande parte da capital. Palavras-chave: Fotografia, Bancas de jornal, Rotina

Abstract This research, starting from the day by day of the population in the biggest latin american city, will result in a photobook narrating the routine of a newstand in Sao Paulo. The consumers, services and the evolution of everything that is built around this commercial spot, proposing a new look to this commonplace. Keywords: Routine

Photography,

Newstands,



Sumário Resumo 13 Sumário 15 Introdução 19 Origem 23 As bancas na cidade Cotidiano Contextualização 29 Geografia Público Relação Espaço/Público Colecionismo Painel Semântico 43 Painel Editorial Painel Estético Projeto 51 Volume Teórico Grid Fontes Seleção de Imagens Composição

Volume Fotográfico

Grid Seleção de Imagens Narrativa Processo de montagem Conceituação Composição Amostras do volume final

Conclusão Bibliografia, links e referências Lista de imagens

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Introdução A ideia das bancas de jornais na cidade sempre me chamou a atenção. Ter algum “lugar seguro” (um ponto de referência de tantas informações como pontos específicos ou turísticos da cidade, ou de revistas e livros) na cidade me parecia conveniente demais, tendo em vista a quantidade de bancas que temos em São Paulo e quantos serviços cada uma oferece ao consumidor. Na minha breve história, as bancas sempre foram parte ativa na rotina e no cotidiano. Sempre frequentei bancas, até conhecia seus donos. Comprava revistas de videogames e quadrinhos na infância, além dos álbuns de figurinhas. Mais tarde, me faziam companhia as revistas de carros e skate na adolescência. Nos tempos do cursinho, o consumo virava apenas livros e revistas de arte, além de todo açúcar que tive que consumir pra ficar acordado nos estudos. Essa história pessoal com bancas me deixou pensando nas outras histórias com bancas. Se é algo que, nessa vida paulistana que levei, esteve tão presente, esteve tão “em-toda-esquina”, imagino que isso esteve na esquina da vida de muitos. Quais necessidades as outras pessoas suprem nas bancas? Quais gostos são expressos através dos jornais, revistas ou livros que lhes carregam através dos dias? Esses valores vão muito além disso. Eles dão lugar ao real espaço que as bancas ocupam em suas vidas: tanto emocional quanto geográfico. Certeau (1992, p.53) discute um pouco do espaço que o “lugar” ocupa em L’invention du quotidien que “num mesmo lugar, podem coexistir elementos distintos e singulares”, negando e adicionando pensamentos à máxima de que duas coisas não ocupam o mesmo “espaço” ao mesmo tempo.

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Michel de Certeau vê no lugar, qualquer que seja ele, a ordem “segundo a qual elementos são distribuídos em relações de coexistência” e, se ele exclui que duas coisas ocupam o mesmo “espaço” admite que cada elemento do lugar esteja ao lado dos outros, num “local” próprio, define o “lugar” como uma “configuração instantânea de posições”, o que equivale a dizer que, num mesmo lugar, podem coexistir elementos distintos e singulares, sem dúvida, mas sobre os quais não se proíbe pensar nem as relações nem a identidade partilhada que lhes confere a ocupação de lugar comum. Com esse ensaio, pretendo mostrar aspectos que a banca oferece ao consumidor e também seus produtos que conquistam novos transeuntes. Como a banca oferece diferentes serviços para o público que a frequenta, seu crescimento e transformação aos espaços de consumo ligado à conveniência, além de como ela se adapta à rotina dos cidadãos que a visitam, também procurando esclarecer o valor que a banca ainda mostra. Através deste volume discutirei sobre a história das bancas e como elas chegaram ao que são hoje, de sua estrutura, dos seus produtos e por algumas leis que ditam o que as bancas podem distribuir hoje em dia. Também abordarei um pouco do público, de uma maneira geral, a frequência de sua presença nas bancas que fazem parte de seu cotidiano. Mostrarei um pouco da relação da banca com o espaço que ocupa na cidade: o bairro que ela é instalada e como isso influência diretamente em seu tamanho, seus produtos e seu público, traçando esse senso de pertencimento à cidade, um dos objetivos desse trabalho. Outro ponto que faz as bancas terem uma clientela fiel ainda nos dias onde o avanço da internet e a leitura/publicação de material

digital vem crescendo é a questão do colecionismo e do lançamento de objetos colecionáveis, ou apenas publicações divididas em série, que fazem o consumidor voltar à banca para comprá-los, fazendo dessa visita ao espaço um hábito. Álbuns de figurinhas, coleção de miniaturas, CDs ou DVDs e encadernados de histórias em quadrinhos são alguns desses objetos que mantém uma tradição de venda em bancas e que carregam essa tradição das publicações periódicas colecionáveis. Levando em conta os valores aqui mostrados, por fim, mostro como compus esse projeto mostrando suas referências gráficas e um passo-a-passo de como o volume final foi montado, suas justificativas de grid, escolhas tipográficas e fotográficas, formato e como será publicado.




Origem As primeiras versões de bancas de jornal apareceram quando os jornaleiros espalhados pela cidade começaram a vender as publicações em pequenos stands feitos a partir de caixas de madeira, apoiando as pilhas dos impressos que comercializavam. O nome Banca tem sua origem etimológica de um imigrante italiano que “primeiro montou seu ponto fixo”, Carmine Lebanca. Essa origem não pode ser cientificamente comprovada como aponta Chagas (2011, p.47)1, porém é a terminologia nacionalmente adotada. No princípio, após os jornaleiros ganharem seu ponto fixo na cidade (mais detalhes abaixo), as bancas eram construídas em madeira e tinham poucas seções. O espaço que ocupavam nas ruas e calçadas eram metade do que as bancas médias atuais ocupam (área da banca média: 10 à 15m²) e a variedade dos produtos também era bem limitada: somente a partir de leis2 com pouco mais de 2 décadas que começou-se a permissão para venda de bebidas e comidas, além de outros utensílios como pilhas, cigarros entre outros. Com o avanço de processos de construção com estruturas em metal entre os anos de 1970 e 1980, as bancas também começaram a ser fabricadas em metais leves, como aluminio e chapas de aço galvanizado. Desde então as bancas que 1 Apontando que a apropriação desse termo muito se assemelha (ou pretende assemelhar) à adoção internacional do termo “taxi” a partir do sobrenome da família Tassis, que dominava o sistema postal europeu no século XVI (BURKE e BRIGGS, 2006)”. 2 As leis que regularizam as bancas, seu espaço físico, o que podem comercializar, o que podem expor entre outros fatores foram criadas dia 9 de junho de 1986, de acordo com a lei nº 10.072 (1), de mesma data.

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conhecemos hoje em dia começaram a existir, e estão nesse processo até hoje. Juntamente com a evolução de seu processo de fabricação e o desenvolvimento de suas estruturas (boa parte por causa de sua popularização e de necessidade de crescimento do espaço físico), também aconteceu o processo de regularização e leis de distribuição deste novo estabelecimento comercial em formação. As últimas leis e decretos registradas pelo governo do Estado de São Paulo desde 1986 foram atualizadas apenas nos anos 2000, e também não o foram por completo. Os artigos que foram modificados dizem respeito exatamente aos objetos que mais vendem nas bancas de jornais hoje em dia: cigarros, cartões telefônicos, doces e alguns outros objetos triviais. Porém são antigas suficientes para deixarem brechas e não citarem produtos que surgiram posteriormente à essa atualização.

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das livrarias da capital, os livros deveriam se limitar à distribuição nas livrarias e os ‘livretos’ ou impressos de grande difusão e circulação deveriam ter outro circuito de distribuição. Entre diversas discussões sobre a introdução do jornaleiro na sociedade e até onde as publicações que distribuíam chegavam, também mostrando a dificuldade de regularização do material que

As bancas na cidade

As bancas brasileiras como conhecemos hoje, os quiosques urbanos, surgem apenas em 1846, e só se difunde em 1870, segundo Jean-Yves Mollier (2009). Antes da formação das bancas, os jornaleiros surgiram dos camelôs e vendedores ambulantes. A popularização do jornal deve-se em grande parte pelos próprias camelôs, que também distribuíam as publicações da imprensa da época, e atingiam outros lugares além dos que o jornaleiros que se especializavam nesse tipo de distribuição se delimitavam. Mollier (2009) aponta algumas diferenças que viriam a separar os jornaleiros dos camelôs e das próprias livrarias. Através de um regulamento

Fig. 1 - Banca nos anos 30, Rio de Janeiro. Fonte: Rio Que Passou


distribuíam, apresentou fundamental importância na consolidação das bancas: por um lado parecia um atentado à liberdade de expressão da imprensa e mais uma maneira de recolher tributos dos produtos que vendiam além do espaço que ocupavam, mas Chagas aponta (2011, p.50), em contrapartida, que isso também proporcionava “um status de formalização do empreendimento e direitos reais neles embutidos”. Ao paço que se desenvolviam como pontos de compra de publicações, podemos ver na foto, tirada entre os anos de 1930 e 1940, as bancas ainda não eram pontos fixos, construídos de madeiras e com rodinhas de madeira a davam mobilidade. A banca da figura, segundo fonte, era localizada na Av. Copacabana. “O que possibilitava a passagem dos pedestres era a pequena dimensão da banca e sua mobilidade, vemos que ela não era fixa, tendo seu corpo principal pouco mais largo que uma pessoa. O resto do espaço era conquistado graças a várias banquetas de madeira, possivelmente irregulares perante a “Posturas” do DF.”, segundo André, autor do site Rio Que Passou. Suas publicações exibidas em varais não dividiam espaço com nenhum dos produtos hoje popularmente vendidos nas bancas atuais (salvo o salto dos anos e da evolução de nossa espécie). Na sua evolução, bancas de jornal viraram mais do que apenas o crescimento do jornaleiro e sua função de distribuição de jornais e revistas. Chagas (2011) mostra isso explicando através do decreto de lei no. 17.225/1998 que a banca poderia comercializar cigarros, fósforos, canetas, pilhas entre outros objetos e serviços de menor importância, contanto que, no máximo, 10% do espaço da banca seria destinado a eles. Isso se tornaria justificável como medida para reduzir atrativos aos camelôs e vendedores ambulantes,

ajudando no recolhimento de receita nesses produtos menores. Para os próprios donos de bancas de jornais esses produtos alternativos são conveniências que complementam a venda e dão retorno. “Atualmente as pessoas procuram mais recargas de celular. Revistas também saem bastante, mas recarga de celular as pessoas procuram mais.” diz Manoel (2013, em entrevista), dono de uma banca no bairro de Pinheiros há 25 anos. “Com a internet e as assinaturas das revistas o movimento caiu bastante.”, mostrando sua experiência com o ramo. Isso também aumenta o valor do espaço físico dado a banca pelo cidadão, e chama atenção para esse aspecto que introduz a banca no cotidiano do transeunte. Diversos proprietários desses espaços afirmam que com o avanço das mídias digitais o comércio de impressos diminuiu significantemente, fazendo comércios com muitos anos de existência praticamente ficarem obsoletos e beirarem a falência em apenas alguns anos, tornando esses serviços mais triviais (como cigarros, recargas de celular, doces e balas etc.) algo que mantém a banca lucrando quando os atrativos reais hoje são outros. O valor que este lugar enquanto espaço físico e espaço relacional ou identitário ocupa no cotidiano será melhor abordado a seguir.

Cotidiano

Este projeto aborda as bancas de jornal mostrando pontos de vista que podem não passar percebidos no cotidiano. Começaremos então partindo de uma terminologia abordada em “NãoLugares”, Augé (1992) fala: “Os não-lugares são (...) instalações necessárias à circulação acelerada das pessoas e bens”.

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A ideia de “não-lugares” tratada no estudo diz que espaços como as bancas de jornais, que ocupam apenas a forma corrida do cotidiano, nunca é realizado em sua totalidade. Passa-se então a considerar que o espaço que a banca ocupa no cotidiano é passageiro: ela existe apenas no instante que lhe é conveniente. Esse termo mostra mais uma possível reflexão sobre este espaço do que uma base de início de conceituação do lugar que a banca ocupa. Seriam elas esses lugares que tem sua importância reduzida aos pequenos momentos que ela nos é conveniente? Ou através de um ensaio fotográfico este projeto consegue propor novos pontos de vista para esse espaço? Em todo caso, no estudo da história e da evolução das bancas na cidade de São Paulo,c podese perceber que a ampliação do seu espaço tanto físico, dos pequenos quiosques às grandes estruturas metálicas que hoje são , quanto relacional, a ampliação dos seus serviços prestados e dos atrativos sendo vendidos, causa um impacto no fluxo da cidade. Um estudo feito pela ToolBoxTM (2011) entre 2009 e 2010 aponta que as bancas são as novas lojas de conveniência da cidade. Hoje o serviço de revistas e jornais representa em menos de 50% do faturamento da banca, sendo cigarros o produto mais vendido atualmente. Isso mostra uma posição de ponto de referência na cidade para os próprios cidadãos. Sendo um mobiliário urbano que, na maioria dos casos, preserva-se no mesmo lugar a, geralmente, 5 anos, as bancas se tornam pontos de parada para qualquer dúvida sobre a região, a cidade, livros, revistas e outras conveniências. Alguns casos mais tradicionais de bancas de jornais bem estabelecidas em bairros e tendo

uma clientela bem próxima dos serviços que oferece, alguns proprietários e jornaleiros oferecem encontros de consumo e troca de serviços muito tradicionais das próprias: encontros de trocas de figurinhas e de trocas de quadrinhos, por exemplo, são alguns eventos organizados por bancas de alguns bairros onde isso acaba se tornando referência. Esses serviços típicos das bancas podem nos mostrar como isso acaba criando uma própria cultura que gira em torno do serviço que esse lugar oferece. As figurinhas de álbuns ilustrados e os jornais mais recheados de domingo também apontam objetos que mudam a rotina de uma pessoa para com a banca de apenas uma conveniência para um ponto específico que apresenta uma atividade específica para aquela necessidade. Passa-se, então, para uma posição de destaque à metamorfose que esse espaço sofreu e que, apesar da substituição de valores que os produtos que eles originalmente ofereciam passaram, a banca de jornal ainda está presente no cotidiano.




Contextualização A noção histórica apresentada sobre as bancas no primeiro capítulo nos ajuda a entender melhor o espaço que elas ocupam hoje em dia. Sendo algo que está presente no cotidiano como ponto de referência para os cidadãos ou não, ainda nos falta traçar pontos que mostram a banca na cidade e a relação com o espaço urbano e relacional. Isso em nada busca questionar o status de “lugar” ou “nãolugar” da banca, e sim tenta esclarecer alguns fatores que podem, ao julgar de seu consumidor, colocá-la na denominação que mais lhe convier.

Geografia

Com um passeio pela cidade de São Paulo, percebe-se a abundância das bancas. Seu cinza inconfundível3, vezes disfarçado por cartazes, vitrines de revistas ou até grafites que mesclam a banca na cidade, junto com seu espaço, se impõem na vida do transeunte. Ao fazer um levantamento geográfico das bancas de jornal percebe-se que elas sempre se colocam em pontos estratégicos. Para fins didáticos desse projeto, classificaremos em três níveis a localização das bancas: as bancas que ficam em bairros comerciais de São Paulo, bancas que aproveitam o fluxo da região que se instalou e bancas que ficam no interior dos bairros: • Bancas de centro comercial são bancas muito presentes nos bairros onde 3 Decreto nº 22.709, de 5 de Setembro de 1986 , Capítulo V, Art. 26: As bancas de jornais e revistas, no Município de São Paulo, serão pintadas de cor cinza e padronizadas, conforme modelo a ser aprovado por portaria da Secretaria Geral das Subprefeituras.

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se encontram os centros empresariais da cidade. Bairros como o Jardins (casa para a Av. Paulista), o Itaim Bibi e o Brooklin residem os maiores centros empresariais das maiores companhias de diversos tipos do país. Essas bancas são maiores que a média, e apresentam algumas publicações mais exclusivas encontradas quase exclusivamente nelas. • As bancas de fluxo ficam estrategicamente posicionadas, aproveitando um fluxo de algum comércio por perto ou de algum serviço prestado pela cidade. Algumas dessas bancas são muito próximas de postos de gasolina, padarias, colégios e faculdades. Elas não são tão grandes como as bancas de centros comerciais, apesar de apresentarem uma boa variedade de publicações, mas dividem seu espaço ainda mais com serviços de conveniência, como doces, cigarros e até brinquedos. • Já as bancas de bairro se destacam pelo tamanho reduzido e por quase sempre ficarem em meio a prédios e condomínios residenciais. São pequenas, com um leque de publicações bem reduzido, e oferecem alguns serviços bem convenientes ao bairro, como afiação de facas e canivetes e xerox. Mostra-se claro o motivo por quais a bancas se instalam em bairros comerciais. A quantidade de pessoas que circulam perto de prédios comerciais na Avenida Paulista diariamente, por exemplo, mostra que cada banca deve receber um grande fluxo diário de pessoas procurando algum serviço que elas apresentam. Isso sem contar alguns horários de pico que bairros

de grande movimentação podem proporcionar: saídas de escolas, horário de almoço e fins de horários comerciais representam um crescimento na rotina da banca. Pelos bairros comerciais apresentarem uma faixa etária extremamente abrangente e todo seu público chega a consumir algum dos serviços que esse bairro apresenta, é fácil pensar o porque da instalação de um centro comercial no bairro, apesar do preço do metro quadrado da concessão do espaço representar também um aumento no gasto de manutenção. Usaremos nesse primeiro exemplo a Banca Gazeta, que está localizada à frente do prédio comercial da emissora TV Gazeta, em São Paulo. O prédio também é dividido com a escola de ensino fundamental, médio e de cursos preparatórios para vestibulares do Colégio Objetivo, com a faculdade Cásper Líbero e com o espaço Reserva Cultural. Especificamente, esta banca se encontra em uma das saídas do colégio, bem como uma das saídas do espaço Reserva. No horário de pico da banca, ela tem um público que abrange ambos estudantes do colégio e da faculdade, funcionários da TV Gazeta e consumidores do Reserva Cultural, além dos transeuntes da avenida. Fora dos bairros de grande movimento da cidade, como o supracitado bairro do Jardins, bairros centrais como a República e a Sé, e até mesmo os bairros de maior concentração de prédios empresariais como Itaim Bibi e Brooklin, chegamos ao segundo nível de localização de bancas em São Paulo: bancas posicionadas por fluxo. Enquanto pode ser comum o engano que essa categoria possa aninhar-se nas mesmas áreas que as bancas de centros comerciais, as vemos de uma maneira muito comum, e em áreas menos comerciais:


geralmente em bairros residenciais, perto de escolas, universidades e centros comerciais voltados para o lazer, como padarias ou postos de gasolina. Muitas dessas bancas possuem serviços até mais voltados para o bairro, ou para o público que elas aproveitam o fluxo, como, por exemplo: bancas que ficam em portas de colégios ou mais próximas a faculdades possuem revistas mais voltadas ao público jovem e estudantes tentando ingressar em uma faculdade; em áreas familiares, as bancas possuem produtos mais gerais e até produtos já típicos para família como álbuns de figurinhas e uma variedade de jornais. Já as bancas que são classificadas aqui como bancas de bairro são bancas exclusivamente dependentes do bairro residencial que ela se instala. São geralmente bancas que ficam em praças

Fig. 2 - Zona Oeste de São Paulo no mapa Bancas (Google Maps)

de encontro de grandes condomínios ou fluxo de pedestres entre sua casa e outra área de lazer. Por atender um fluxo de público menor que as outras duas categorias, as bancas bairristas tem seu tamanho reduzido, bem como seu estoque e seu leque de produtos. Por não procurar um público específico ela geralmente veicula as revistas e jornais mais vendidos na cidade de São Paulo. E apesar de não ter uma grande variedade de opções em forma de mídia impressa, algumas dessas bancas, para atender também uma outra necessidade que se gera em sua localidade, oferece serviços como xerox, afiação de facas e canivetes e, apesar do advento da fotografia digital, algumas ainda oferecem revelação de negativos fotográficos. Entendendo agora um pouco melhor dos níveis que a banca atinge em sua geografia e o porque de sua localização em cada ponto da cidade, através de uma pesquisa de campo extensa, foram mapeadas algumas das bancas de São Paulo usando a ferramenta Google Maps. No mapa ao lado (Fig.1), concentrado na zona oeste de São Paulo, separei por cores a didática que assumo com esse trabalho: os marcadores verdes indicam as bancas que estão em bairros de centros comerciais, como o Jardins/Av. Paulista, a Av. Faria Lima e Brooklin; os marcadores vermelhos indicam as bancas posicionadas por fluxo e os marcadores azuis indicam as bancas de bairro, como apontado a seguir: Com esse primeiro levantamento é fácil visualizar a separação por fluxo de pessoas nessas bancas, visualizando também o bairro que elas estão. As legendas no mapa são: indicadores verdes para bancas de bairros de centros comerciais, indicadores vermelhos para bancas posicionadas em grande fluxo e indicadores azuis para bancas de bairro.

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Bancas de centros comerciais

Bancas de fluxo Bancas de bairro Utilizei da ferramenta de visualização de ruas do Google para me ajudar nesse levantamento primordial para o trabalho. Em algumas situações, a vista do entorno da banca e das ruas que a cercam a contextualizam de forma categórica para sua classificação, e a ajuda dessa ferramenta para visualização dessas bancas se torna essencial.

32 Fig. 3 - Av. Paulista no mapa Bancas (Google Maps)

A diferença da pesquisa através do Google Maps e da pesquisa in loco merece uma atenção especial: a quantidade de bancas em uma cidade do tamanho de São Paulo é impeditivo de um levantamento exato de quantas bancas existem e exatamente o lugar que elas ficam. A pesquisa de campo entra em cena para retratar algumas das bancas de vias mais arteriais da cidade, contextualizando-as e ajudando a fechar nos grupos separados neste trabalho. A ferramenta de pesquisa online e do Street View entra no lugar da pesquisa de campo, possibilitando que algumas das bancas que ficam mais distantes desse centro bruto de pesquisa também sejam avaliadas e classificadas, diversificando o trabalho para áreas da cidade que poderiam ser deixadas de lado pela priorização de outras.


Fig. 4 - Banca Bella Paulista no mapa Bancas (Google Maps)

Focando agora no bairro do Jardins (Fig. 2, ao lado), mostrando especificamente a quantidade de bancas que existem na Av. Paulista. A visualização de que o movimento da soma dos transeuntes com os trabalhadores, estudantes e moradores da avenida justificam a quantidade delas e seu pouco espaço entre uma e outra. Em seus 2km de extensão, há 33 bancas ativas na avenida, não incluindo as bancas que estão no encontro de seus cruzamentos e nas ruas paralelas. A concentração de bancas em bairros onde há centros e prédios comerciais é surpreendente, apesar de lógica. Podemos pegar como exemplo qualquer uma das bancas indicadas para uma visita na ferramenta de Street View do Google para entendermos sua classificação (Fig. 3, acima). Uma breve olhada na banca e você percebe seu

tamanho físico perto dos comércios que a cerca e a quantidade de pessoas que estão em sua volta, além da quantidade de publicações que elas carregam.4 Mostrando agora na página a seguir, um mapa geral de levantamento de bancas até o momento, com um pouco mais da zona sul e leste de São Paulo, com os três níveis de bancas que separo aqui. Por São Paulo ser a cidade mais rica da América do Sul (dado em estudo feito pela Price WaterhouseCoopers em 2008), podemos ver pelo levantamento que algumas bancas de centros comerciais podem facilmente se misturar com algumas bancas denominadas de fluxo também, porém a mesma olhada na dinâmica da banca e dos comércios ao redor podemos ver a diferença. A 4

Acesso ao mapa em: http://goo.gl/maps/AgxP0

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Fig. 5 - Mapa Bancas (Google Maps)


influência dos comércios ao redor e da quantidade de pessoas que passam por essas bancas ao longo do dia nos mostra essa diferença. Andando pela cidade vemos que com a aproximação dos centros mais movimentados da capital, cada vez mais as bancas vão aumentando seu tamanho e sua variedade de serviços e/ou opções de publicações. Sendo assim, com maior movimentação, a banca tem que garantir seu espaço servindo mais pessoas e tendo suporte para mais clientes que cruzam por ela na sua rotina. Os indicadores na imagem mostram as ruas e avenidas que dão acesso à Av. Paulista a partir da zona oeste da cidade, como a Av. Dr. Arnaldo e a Rua Teodoro Sampaio. Também podemos enxergar próxima a essas ruas duas estações de metrô, que ajudam na concentração de bancas de fluxo e de alguns comércios de conveniência. Nos focando agora nos marcadores azuis do mesmo mapa, indicando as bancas que se destinam e dedicam à movimentação do bairro em sua volta, podemos ver algumas nas ruas mais residenciais do bairro do Alto da Lapa, na zona oeste da cidade. Novamente: uma pesquisa in loco nos mostra que em volta dessas bancas existem grandes condomínios de prédios ou casas, e que seus tamanhos, em questão de espaço físico, mostram que seus catálogos de revistas e seus serviços anexos, além da venda de publicações, indicam outro público, que não é o mesmo de bancas de fluxo ou dos bairros de negócios. Vemos que a quantidade de bancas destinadas aos bairros também é menor que as bancas que aproveitam o fluxo de pessoas gerado por outros estabelecimentos, o que torna essa classificação bem específica e fácil de reconhecer.

O aproveitamento da ferramenta Street View do Google Maps adiciona muito à esta pesquisa a todos que não podem ou não têm o costume de passear pela cidade e ter um olhar de Flanêur (pessoa que anda pela cidade afim de experimentála) (BAUDELAIRE, 1993, p.18 apud ARAÚJO, 2009, p.680). Ela possibilita o reconhecimento das informações aqui registradas e de avaliação das bancas que estão pela cidade, também servindo como ponto de referência aos leitores desse projeto e apoio aos transeuntes dos bairros paulistas.

Público Por utilizarmos uma metodologia própria neste projeto para separação geográfica das bancas, usaremos o mesmo esquema para separação do público, já que os dois fatores estão diretamente ligados e dizem muito sobre o espaço que a banca ocupa no cotidiano de cada um. Começando com o mesmo exemplo do capítulo anterior, pegaremos o público que frequenta a Banca Gazeta, em frente ao prédio da TV Gazeta, na Avenida Paulista. Por sua localização (como especificada no capítulo anterior), seus consumidores são variados e muito difíceis de especificar. Podemos dizer que a faixa etária desse público varia entre 14 e 70 anos, dada sua geografia (abrangendo os alunos mais novos do colégio e colegial do Objetivo, até os empresários e funcionários dos centros comerciais que a cerca). Isso também reflete nos produtos que ela oferece: aos mais novos, álbuns de figurinhas, quadrinhos e doces; aos mais velhos, uma grande variedade de revistas e jornais importados do mundo todo de diversos assuntos além de artigos típicos de tabacaria.

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Quando nos locomovemos para bancas menores, bancas que, aqui, chamamos de bancas de fluxo, seu público varia conforme sua instalação, como seus produtos, faixa etária e até tamanho físico da banca. Caso uma dessas bancas de fluxo estejam posicionadas em frente ou próximas a um colégio, por exemplo, seu fluxo será majoritariamente de estudantes, tendo sua faixa etária entre 10 e 16 anos. Logo seus produtos serão reflexo do interesse desses jovens, e seu tamanho será referente à movimentação que a banca recebe a partir deste ponto de referência que ela mesmo cria (a escola). Digamos outro exemplo que podemos observar pela geografia das bancas: uma banca que se instala na frente de um comércio, como uma padaria ou um posto de gasolina. A variedade de público é um pouco maior, parecida com uma banca de centros comerciais (como a supracitada Banca Gazeta), apesar do fluxo de pessoas ser bem menor. Observei a Super Banca I, na Vila Leopoldina. Esta banca esta localizada próxima a uma padaria e a um posto de gasolina, além de ser rota comum de saída de três colégios da região. Por seu tamanho, oferece muito serviços para jovens como brinquedos, jogos de carta e variedade de quadrinhos. Além disso, o movimento da padaria permite que a banca invista em revistas importadas e uma grande quantidade de jornais para as famílias que crescem no bairro. Aos domingos a banca também se promove organizando encontros na praça que é localizada para as crianças e os colecionadores trocarem figurinhas de álbuns que estejam em alta em cada época, como álbuns de futebol ou de desenhos animados. Por outro lado, as bancas de bairro se resumem a serviços e produtos mais básicos para

a rotina do local, independente de qual seja ele. Essas bancas oferecem serviços diferenciados das outras bancas como afiação de alicates e tesouras e serviços de cópias xerox. Seu tamanho espacial é menor que as duas categorias de bancas anteriores e a variedade de revistas e jornais também é menor, mas são extremamente convenientes para o bairro pela sua localização. Sua proximidade com residências e condomínios atraem os moradores pela sua praticidade. Com seus produtos bem numerados e selecionados entre os mais vendidos atualmente no mercado (entre revistas, jornais e publicações diversas), suas vendas são sempre boas e o público dessas bancas é mais fidelizado.

Relação Espaço/Público

A partir da separação das bancas nas 3 classificações propostas aqui, podemos traçar uma relação mais fiel do público com o tipo de banca, além da sua localização, o fluxo, as vendas, fidelização e como é enxergada pelos transeuntes. Começando pela relação que as bancas denominadas bancas de bairro criam com seu ambiente e seu público, os serviços que elas prestam e o local que elas ocupam pretendem fidelizar um grupo menor de pessoas. As bancas de bairro, encontradas em meio a bairros predominantemente residenciais, fidelizam os moradores da região e têm um serviço mais pessoal e intimista. Em entrevistas com alguns proprietários dessas bancas, pode-se perceber que a rotina das pessoas em volta englobam a banca como parte da sua vida. Assim, forma-se a clientela fidelizada que a banca serve, com poucas mudanças e/ou expansão do público que ela atinge.


As mesmas pessoas frequentam essas bancas, sempre nos mesmos horários, procurando sempre os mesmos serviços. “Aqui eu já sei que o Seu X compra a Folha, Dona Y compra o Agora, e assim por diante. Sempre que eles aparecem, sempre na mesma hora, o jornal deles já está aqui separado.”, disse Rafael (2013, em entrevista), funcionário da Banca City Lapa, na Vila Leopoldina.

Os serviços que elas oferecem também fidelizam esse público de uma outra forma. Essas bancas, por serem menores, como dito anteriormente, oferecem alguns outros serviços, como xerox, afiação de alicates e tesouras, entre outros serviços. Isso também da uma noção de alguns dos serviços mais pessoais oferecidos aos moradores da região.

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Outro valor que, inevitavelmente, essas bancas também ganham é o de “ponto de referência”. Espera-se automaticamente de bancas que servem uma área menor e mais limitada a condição de “guia do bairro”. Essas bancas existem, geralmente, a mais tempo do que bancas que surgem em torno de comércios na cidade e até de alguns comércios em sua volta. Seus donos, consequentemente, conhecem mais o entorno das suas bancas e seu bairro, criando no inconsciente coletivo de que sua idade e experiência dita a confiança na informação sobre pontos de referência do bairro, comércios, ruas e números de casas. Esse valor de “ponto de referência” ainda é um valor um pouco compartilhado com as outras categorias de bancas, sendo um valor atribuído a partir do cidadão, e não uma característica natural. Porém isso também será detalhado mais a frente.

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Para as bancas de fluxo, ainda que exista um público mais fidelizado, o número de pessoas que deposita esse valor nela é mais dividido com os transeuntes do bairro ou usuários dos serviços ao entorno dessa banca comparado às de bairro. Essas pessoas que estão todos os dias nos colégios, trabalham nos escritórios que a banca serve, usam do serviço da banca diariamente, porém somente até quando elas forem fiéis à rotina que as levam para esses lugares, não necessariamente à banca. Relacionando-se dessa maneira com a banca, o público que a atende também pode passar sempre no mesmo horário, nos mesmos dias, mas dificilmente usa os mesmos serviços, e talvez até procurem os produtos menores dessas bancas, como cigarros e doces. Ainda assim, o maior fluxo dessas bancas ainda é pelas pessoas que utilizam dos serviços no entorno.


Novamente o título de “ponto de referência” pode ser inserido para as bancas, pois o tradicionalismo de bairro dão esse valor à ela. As bancas de fluxo tem mais funcionários do que as de bairro (que, geralmente, tem um funcionário, e os próprios donos das bancas são quem atendem os clientes), e nem sempre os funcionários são do mesmo bairro que ela ocupa, porém o valor que elas tradicionalmente tem ditam que elas sejam procuradas como lugares que saibam dos entornos e que, entre seus serviços, além do tradicional do comércio de jornais, também conte com a “cidadania da informação”. Sobre as bancas de centros comerciais, a relação espaço/público é ainda mais indefinida. Seu tamanho é incomparável ao tamanho das classificadas anteriormente e o lugar que se encontram as fazem se sustentar basicamente pelo fluxo abundante e continuo de pessoas nesses locais. Comparando o nível de pessoas por hora que passam nas bancas de centros ou bairros comerciais, o fluxo chega a mais de 500 pessoas por hora, ou mais de 1.000 pessoas em horário de pico da cidade (saídas de colégios/faculdades, horários de almoço e saída de escritórios)5, enquanto nas de bairro ou de fluxo o máximo que ela chega é de 15 a 30 pessoas por hora, segundo levantamento feito por um funcionário, em entrevista. As bancas de centros comerciais também determinam um outro relacionamento com seu público a partir dos serviços que eles oferecem. 5 Dado aproximado comparativo sem comprovação através de matéria veiculada na Folha de São Paulo, 25 de janeiro de 2009: “Fluxo de pedestres na Paulista cresce 15%”. “(...) levantamento da prefeitura mostra que (...) passam a pé pela avenida por dia -de pouco mais de 1 milhão de pedestres” (sic).

Algumas bancas da Avenida Paulista, por exemplo, por estar perto dos escritórios de grandes empresas multi-nacionais, importam e criam assinaturas de alguns jornais internacionais para elas nem recebendo parte desse público diretamente no seu espaço. Este mesmo fluxo, novamente, também dita os produtos mais vendidos dessa banca. Apesar de atender um público muito diversificado, tendo um leque de publicações muito maior do que as demais bancas, os serviços mais utilizados nessas bancas continuam sendo os serviços relacionados à conveniência, como cigarros, doces, bebidas (as que oferecem esse tipo de serviço) e recarga de celulares e cartões de transporte público. Claro que a questão da rotina volta a se apresentar. Ser um consumidor frequente da mesma banca é algo fácil uma vez que a banca se estabeleceu perto do seu colégio, faculdade ou escritório. Porém a questão do fluxo torna esse tipo de consumidor uma figura um pouco mais rara e que rende menos para os lucros do estabelecimento. Observando de perto essa relação entre a bancas de jornal hoje em dia com seu público, é seguro concluir o status da banca como um dos serviços de conveniência mais usados na cidade. Pelos produtos oferecido ao público atualmente e sua localização, é muito acessível, fácil e realmente conveniente usar a banca para comprar esses produtos menores, e a partir daí, tornar esse tipo de comércio uma conveniência de luxo, oferecendo além das publicações, também esses serviços menores, cada vez mais abrindo os serviços que oferecem.

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Colecionismo Colecionismo, pela sua definição, é a prática de colecionar diversos itens em função de interesses pessoais6. Um ponto muito interessante que cruza diretamente com o relacionamento espaço/público das bancas. Algo que sempre esteve relacionado com a venda e distribuição de impressos é da continuidade e da periodicidade dessas publicações. Jornais são contabilizados pelos dias que são impressos, revistas são separadas em séries, capítulos e fascículos, e boa parte das publicações que as bancas vendem atualmente estão presas a algum tipo de coleção. CDs, livros, DVDs, álbuns de figurinhas estão todos atrelados à idéia de coleção, e esse ponto é extremamente importante para a fixação e fidelização de um público para com o este espaço. Em entrevista com alguns donos de bancas de jornais, eles mostram que, sobre alguns lançamentos de coleções e algumas tendências que as publicações vem tomando, tem épocas que as coleções chegam a vender mais que os objetos usuais como cartões de recarga de celulares e cigarros, e que isso também traz um público novo à banca, além de fidelizar alguns consumidores mais usuais. Essas coleções são bem marcantes para o público, e causam uma comoção grande quando começam a serem comercializadas. “Quando tem campeonato brasileiro, paulista, copa do mundo, por exemplo, vem todo o tipo de gente comprar figurinha pra completar o álbum. Vende demais,

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6 Belk (1995) define colecionismo como o processo de adquirir e possuir coisas de forma ativa, seletiva e apaixonada. Esses produtos ou coisas, não são utilizados na sua forma usual e são percebidas como partes de um conjunto de objetos não idênticos.

é impressionante. As pessoas se prendem muito a essas coleções.” disse Cleivison (2013, em entrevista), dono da Banca Equatorial, no bairro de Pinheiros. “Não só álbum de figurinhas, mas essas coleções de miniaturas, alguns encadernados de super-heróis que tão lançando com mais frequência, sai bastante”, diz. A periodicidade dessas publicações ditam muito a vontade do consumidor e seu interesse em continuar comprando a continuação de uma série de histórias em quadrinhos ou coleção de miniaturas. Geralmente, as publicações são quinzenais ou mensais, dependendo do produto. Coleções como séries temáticas de CDs e DVDs saem semanalmente, pois são coleções mais longas de um artigo de consumo mais rápido, como música e filmes. Quadrinhos e livros tendem a ser quinzenais ou mensais, dependendo do tamanho do encadernado, arco narrativo (no caso de histórias de ficção) ou da coleção que se encaixam, podendo ter várias lançadas simultaneamente. O fato de se criar um laço de convivio com a banca, por ser a única provedora dessas coleções, colocam-na numa posição favorável no tempo onde publicações impressas foram substituídas quase totalmente pela mídia digital. Nesse relacionamento, podemos ver que o hábito de ir à banca de jornal comprar o próximo número da história, o próximo CD da coleção ou a próxima peça do tabuleiro de xadrez especial também pode criar novas oportunidades de fixar a banca no cotidiano das pessoas de maneiras diferentes. Na Super Banca 1, na Vila Leopoldina, em época de álbuns de figurinhas em alta, aos domingos, ela mesma organiza um encontro para confraternização e troca dos adesivos para todas as idades. Esse tipo de encontro mostra como a banca


também pode ser introduzida na rotina e até na vida de seus consumidores mais novos, já enraizando sua importância e sua imagem de referência. Mostrando pró-atividade para ações que divulgam seus produtos (neste caso, um produto específico em seu ponto de venda como o álbum de figurinhas e seus adesivos), a própria banca aumenta seu fluxo e gera atrativos para mais consumidores. Não distante também a criação desse vínculo com a banca, tornando-a mais que um espaço de conveniência, mais que o local onde você compra seus periódicos, mas um ponto de encontro e um ponto de referência rotineira.



Painel Semântico Dividiremos o capítulo de referências deste projeto em dois painéis semânticos diferentes, focando nos dois principais aspectos que regem visualmente este livro. O primeiro painel semântico se foca em questões editoriais, mostrando alguns livros que servem como referência em alguns pontos como a construção do grid, posicionamento das imagens e formato do livro, além de fazerem parte de editoras que entram no foco do público que este projeto tem. Editoras como a COSACNAIFY e Taschen tem livros de arte e fotografia que são referências em design editorial, e este livro fotográfico foca em um projeto gráfico que segue essa linha, colocando o foco na arte a ser mostrada e como ela chega ao consumidor. O segundo painel reune fotos que dão a linha estética e que usam de alguns métodos técnicos e olhares que similarizam alguns pontos que também uso em minhas fotografias no livro. Como a procura de padrões, repetições visuais no cotidiano, contextualização do objeto de estudo em seu ambiente e cenas urbanas que inevitavelmente cruzam neste estudo. Este painel mostra alguns fotógrafos como Aleksandr Rodchenko, Ernst Haas, uma série fotográfica de Felipe Bertarelli que mostra algumas figuras repetidas encontradas em São Paulo, bem como as bancas.

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Painel Editorial

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Os livros usados como referência incluem Keep your Eyes Open, Rockers, Hot Shots, Otto Stupakoff entre outros. Foram colocados no painel tomando como base seus formatos, disposição das fotos e grid.

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Painel EstĂŠtico

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Alguns dos fotógrafos que mais aparecem nos painéis nestas páginas são: Ernst Haas, Aleksander Rodchenko, Cristiano Mascaro e Walker Evans. Procurei nessas fotos mostrar um aspecto de pertencimento à cidade, abundância de padrões orgânicos, geralmente arranjados naturalmente, e movimento nas fotos com algumas longas exposições, dando a idéia do mobiliario urbano junto com todo o movimento que o cerca.

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Projeto Posteriormente ao estudo sobre a banca de jornal na cidade de São Paulo, este trabalho consiste em um livro contendo uma série fotográfica onde seu assunto é bancas de jornais: sua rotina, seu público, sua localização, serviços e outros pontos que a envolve. Para um livro fotográfico mostrar adequadamente o objeto de estudo, trabalharei construindo um grid próprio, selecionando as fotos de uma maneira certa para formar uma narrativa que mostre cada aspecto da banca estudado neste texto, encaixando-as no grid de maneira que as favoreçam e favoreçam a apreciação do livro. Usando como base alguns livros da editora COSACNAIFY e Taschen, escolhi a primeira editora por se encaixar melhor no perfil que incorporo no livro e também por algumas publicações apresentarem a qualidade que procuro no produto final. Uma breve pesquisa através de livros fotográficos, vemos que a construção de um grid e suas colunas dão prioritário espaço para as fotos, com pouca ênfase nos textos apresentados (quando os são), e um espaço detalhado para suas legendas. Neste capítulo separo este projeto em dois volumes diferentes: o volume de tese, que contém as informações de pesquisas anteriores ao ensaio, e o livro fotográfico (o produto final). Escolhi separá-los e tratá-los separadamente pela quantidade de texto que o volume teórico possui e, por outro lado, a quantidade de fotos do livro final. Diferenciando-os, consigo assim colocálos em posições onde podem ser apreciados separadamente, sem prejudicar leiturabilidade nem visualização.

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Volume Teórico Grid Em ambos os grids deste projeto, tomei como base a entrelinha do texto utilizado, a partir do tamanho da fonte escolhida. Após alguns estudos possíveis de como o livro poderia ser montado, escolhendo primordialmente para formatos preferencialmente horizontais (fig. 56), fiz as páginas através do seguinte módulo:

Módulo 1: 10,5 pt Módulo 2: 5,25 pt Este volume possui 62 módulos horizontais e 49 módulos verticais. Para posicionamento das colunas, enquadramento de imagens e posicionamento das legendas, são sempre usados módulos inteiros (módulo 1), e apenas quando necessário a partir da boa visualização os meiomódulos (módulo 2) são usados. Na página ao lado podemos ver exatamente como o grid foi montado, quantos módulos são considerados em cada recuo e demais detalhes sobre o posicionamento das imagens, numeração da página, colunas entre outros. Este grid foi desenvolvido ligeiramente maior comparado ao volume final, visando principalmente as colunas de texto e como o texto seria distribuído.

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Fig. 56 - Esboços de possíveis grids


M贸dulo 1: 10,5 pt

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Fontes Na conceituação do livro e pela escolha dele apresentar primordialmente as fotos do projeto e construir uma narrativa a partir das imagens e como elas estarão dispostas no livro, ele não apresentará uma massa de texto grande, nem informações cruciais que precisam ser lidas por muito tempo. Apesar dos jornais apresentarem fontes que tem como base uma leitura longa, as massas de texto são elaboradas com fontes bem serifadas e marcadas a partir da base de sua altura. Porém, como em bancas as revistas são predominantes, e o design em revistas tem maior liberdade criativa do que em um jornal (mais tradicional, por sua vez), a fonte aqui, não só pela interação com as revistas, mas também pela massa de texto reduzida do livro, será sem serifa e simples. Tendo isso em mente, a escolha de uma fonte sem serifa também pode mostrar maior da qualidade do livro. A princípio será a fonte Lato, simplista e bem geométrica, sem serifa. Para algumas imagens e edições, também uso a fonte Typographer Subway, fonte usada na maioria dos banners das bancas na cidade de São Paulo. Para ilustrar e fazer referência justamente esse ícone, essa fonte será usada em algumas edições de fotos, como na foto desta capa. As mesmas fontes serão usadas nos dois volumes apresentados.

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Lato Regular ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ abcdefghijklmnopqrstuvwxyz 1234567890 Lato Bold ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ abcdefghijklmnopqrstuvwxyz 1234567890 Lato Italic ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ abcdefghijklmnopqrstuvwxyz 1234567890 Lato Light ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ abcdefghijklmnopqrstuvwxyz 1234567890 Typographer Subway ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ abcdefghijklmnopqrstuvwxyz 123456789



Seleção de Imagens

Neste volume, a seleção de imagens mostradas são basicamente ilustrativas. Mostram algumas fotos que vão aparecer no produto final, bem como imagens que ajudam a ilustrar pontos mostrados através da dissertação, e principalmente referências deste projeto (como os painéis visuais do capítulo anterior).

Composição O volume teórico tem formato de revista, por se enquadrar no tema escolhido. Com acabamento em grampo, sua capa é impressa em Couché 115g/m² e o miolo de Couché 80g/m².

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Volume Fotográfico Grid Este grid, diferentemente do grid desenvolvido para o volume teórico, contém menos guias, não se preocupa necessariamente com as colunas de texto, e é separado de uma forma que consigo encaixar as imagens me preocupando com a narrativa. O volume fotográfico vai ser ligeiramente menor que o volume teórico, além de mais horizontal, para melhor encaixar as fotos e também pela ausência de grandes blocos de texto. Os módulos usados seguem o mesmo tamanho dos já apresentados anteriormente, porém este livro tem 46 módulos verticalmente, mantendo os mesmos 62 módulos horizontalmente. Ao lado, podemos ver um pouco das separações utilizadas para a distribuição das fotos nas páginas

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Seleção de Imagens

Um dos pontos mais cruciais para um bom produto final é a seleção de imagens que serão apresentadas neste volume. A partir de uma pré-seleção das fotos tiradas nas saídas fotográficas dedicadas ao projeto, levei em conta alguns dos pontos principais que gostaria de passar através do livro para os consumidores deste produto, que eram: abundância, variedade e movimento. Com esses três pontos em mente, escolhia e editava as fotos pensando na seleção final que poderiam ir ao livro, pensando em fotos como conjuntos de 2 ou 4 fotos, e nelas separadamente, enquanto comunicadoras únicas de pontos que esse projeto aborda.

Narrativa O livro foi montado a partir de vários aspectos fotográficos e visuais, mostrando uma narrativa orgânica a partir das fotos, indo de fotos mostrando mais texturas e padrões encontrados nas bancas, mostrando seu público, seus produtos, seu movimento e seu contexto. Levando em consideração os três pontos citados anteriormente, as fotos foram montadas visando uma transição natural entre esses diferentes temas, fazendo ganchos entre elas, também mostrando pequenos conjuntos de até 4 fotos na mesma página, destacando a variedade dos produtos vendidos na banca.


Fig. 58 - Grids e guias do volume final e linha mostrando sua redução em relação ao volume teórico.

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Processo de montagem

Seleção da combinação das fotos e das páginas, visualização geral das fotos nas páginas e numeração das fotos.

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Conceituação Antes de tirar algumas fotos do projeto, tive idéias de desenhar algumas das fotos que havia pensado em fazer e que seriam uma boa adição ao trabalho. Fotos como a troca de dinheiro entre funcionário e consumidor, o carro que deixa os jornais diários nas bancas durante a madrugada e a passagem do tempo com um time-lapse de uma das bancas foram desenhadas antes por mim em um rápido esboço antes de serem concretizadas. Fiz um total de 6 saídas fotográficas por bairros selecionados da capital, fotografando em horários variados durante os dias úteis e finais de semana. Foram feitas mais 1.000 fotos, sendo selecionadas mais de 150 para o volume final.

Composição O livro terá o volume final em couché brilho 150g/m², com capa dura e laminação fosca, acabamento em hotmelt.

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Fig. 65 - Esboços de fotos a serem tiradas



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Amostras do volume final










Todas as páginas do livro Bancas, em imagens de amostras para referência. Podemos perceber pelo conjunto os padrões de textura de inserção da banca na cidade, o movimento à sua volta e como a banca, enquanto mobiliário urbano, é tão presente na cidade. Em questões técnicas, podemos enxergar também a padronização do grid do livro, como algumas imagens são mostradas, o porque da preferência do formato dominantemente horizontal e como me utilizei desse fatores para criar a narrativa com as fotos e as montagens.



Conclusão Apesar deste projeto ter um caráter um pouco pessoal, a pesquisa realizada e tudo escrito até aqui não sobra dúvidas dos assuntos que as bancas ainda são capazes de levantar na cultura urbana de hoje. Capaz de ter o valor que seu usuário coloca, e ainda assim transmitir valores independentes, fica claro através deste trabalho que a banca é mais do que apenas mais um mobiliário urbano. A pesquisa mostra que ela, por si, coloca abaixo alguns dos argumentos de que a banca estaria prestes a ser extinta com o crescimento das mídias digitais, se tornando um comércio além dos jornais e revistas. Através do ensaio fotográfico, também pude mostrar alguns pontos julgados (pessoalmente) interessantes. Produtos, pontos de vistas, e serviços (antigos ou novos) que as bancas oferecem, procurando valorizar, ou valorizar novamente, um poder mercadológico e possivelmente social que as bancas tem (e que julgo desvalorizado atualmente). Não distante de buscar valorizar esse ponto ainda presente, fazendo um retrato de um comércio tão bem difundido e característico das capitais brasileiras, me fez perceber a falta de estudos que cercam esse comércio e o quão mal-documentado ele é. Faltam registros sobre esse tipo de comércio. Não discarto a possibilidade de eles estarem em posições realmente difíceis de serem achados, porém a pesquisa para este foi extensa e cansativa. Diante da imensidão de bancas que encontrei na cidade de São Paulo, infelizmente não consegui capturar o número de bancas que desejei, por seu extenso número, por sua geografia acidentada como a da nossa cidade, e por tempo dividido entre fotos a serem tiradas e pesquisas a

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serem feitas, infelizmente o número de fotos acabou menor do que esperava. A idealização desse projeto se deu em meados de 2008, e desde então consegui concretizálo de uma forma que me agradasse. Apesar dessa quantidade de fotos ainda não ser idealmente o que imaginei, a grandiosidade do objeto que quis retratar me possibilita continuar essa pesquisa e enriquecer o volume final com fotos, abrangendo mais pontos, criando novas narrativas na sua montagem, e mostrando pontos de vista cada vez mais diferentes das bancas. Enquanto conclusão de um projeto, com seus objetivos mostrados, acredito que consegui tocar nos pontos que imaginei desde o início e realmente propor novos pontos de vistas para as bancas, e, quem sabe, conseguir valoriza-las a partir desse olhar: um olhar particular que a valoriza.

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Fig. 10 - _____________. Foto do livro Otto Stupakoff, (2013). Acervo particular.


Fig. 11 - _____________. Foto do livro Illustrration Now!, (2013). Acervo particular. Fig. 12 - _____________. Foto do livro Rockers, (2013). Acervo particular. Fig. 13 - _____________. Foto do livro Illustration Now!, (2013). Acervo particular. Fig. 14 - _____________. Foto do livro Keep Your Eyes Open, de Glen E. Friedman, (2013). Acervo particular. Fig. 15 - _____________. Foto do livro Hot Shots, de Kevin Meredith, (2013). Acervo particular. Fig. 16 - _____________. Foto do livro Keep Your Eyes Open, de Glen E. Friedman, (2013). Acervo particular. Fig. 17 - _____________. Foto do livro Otto Stupakoff, (2013). Acervo particular. Fig. 18 - _____________. Foto do livro Otto Stupakoff, (2013). Acervo particular. Fig. 19 - _____________. Foto do livro Rockers, (2013). Acervo particular. Fig. 20 - _____________. Foto do livro Keep Your Eyes Open, de Glen E. Friedman, (2013). Acervo particular. Fig. 21 - _____________. Foto do livro Keep Your Eyes Open, de Glen E. Friedman (2013). Acervo particular. Fig. 22 - OLIVA, Daigo. Sem Título (2012). 1 fotografia, color. Disponível em: <http:// www.flickr.com/photos/daigooliva/8360927091/>. Acesso em: 23.10.2013. Fig. 23 - RODCHENKO, Aleksandr. Parade of the Dynamo Sports Club, (1928). 1 fotografia, P/B. Disponível em: <http://en.wahooart.com/@@/8XXMQQAlexander-Rodchenko-Parade-of-the-Dynamo-Sports-Club,-1928>. Acesso em: 23.10.2013. Fig. 24 - EVANS, Walker. New Orleans Street Corner, (1936). 1 fotografia, P/B. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Walker_Evans_New_


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Fig. 53 - MASCARO, Cristiano. Detalhe do Copan, (Ano Desconhecido). 1 fotografia, P/B. Disponível em: <http://www.cristianomascaro.com.br/galerias/ colecoes/sao-paulo-a-cidade/>. Acesso em: 23.10.2013. Fig. 54 - MASCARO, Cristiano. Escadas Rolantes, (Ano Desconhecido). 1 fotografia, P/B. Disponível em: <http://paisagensnaartebrasileira.pbworks.com/w/page/13733910/ Cristiano%20Mascaro>. Acesso em: 23.10.2013. Fig. 55 - EVANS, Walker. Título Desconhecido, (Ano Desconhecido). 1 fotografia, P/B. Disponível em: <http://daveblume57.wordpress.com/street-photographyseeking-a-definition/>. Acesso em: 23.10.2013. Fig. 56 - COSTA, Vitor Fiacadori. Esboços de possíveis grids, (2013). 1 ilustração, grafite, P/B, 21cm x 13cm. Coleção particular. Fig. 57 - COSTA, Vitor Fiacadori. Grid final do volume teórico, (2013). 1 ilustração, digital, color, 22,9cm x 18,1cm. Coleção particular. Fig. 58 - COSTA, Vitor Fiacadori. Grid final do volume fotográfico, (2013). 1 ilustração, digital, color, 22,9cm x 17cm. Coleção particular. Fig. 59 - ROMERO, Fernanda. Paginação do volume fotográfico, (2013). 1 fotografia, color. Acervo particular. Fig. 60 - COSTA, Vitor Fiacadori. Seleção e montagem das primeiras fotos, (2013). 1 fotografia, color. Acervo particular. Figs. 61, 62, 63, 64 - COSTA, Vitor Fiacadori. Seleção e montagem do volume fotográfico, (2013). 4 fotografias, color. Acervo particular. Fig. 65 - COSTA, Vitor Fiacadori. Esboços de fotos a serem tiradas, (2013). 1 ilustração, grafite, P/B, 21cm x 13cm. Coleção particular. Figs. 66 a 80 - COSTA, Vitor Fiacadori. Bancas, (2013). 14 fotos, color. Coleção particular. Demais fotos desse volume por Vitor Fiacadori.


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Um estudo de campo e fotogrĂĄfico sobre as bancas da cidade de SĂŁo Paulo.


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