Bancas: Livro Fotográfico

Page 1






Ficha Catalográfica Costa, Vitor Fiacadori Bancas Vitor Fiacadori Costa. São Paulo, 2013. 112p., Color, 22cm. Orientadora: Fernanda Romero Trabalho de Conclusão de Curso — Centro Universitário Senac Campus Santo Amaro, São Paulo, 2013. 1. Fotografia 2. Bancas de jornal 3. Cidade I - Romero, Fernanda II Braga, Eduardo III - Bancas.

Impresso na gráfica EMBRACOP Capa em Couché fosco 230g/m² Miolo em Couché fosco 115g/m² Novembro/2013 Tiragem: 4


BANCAS Vitor Fiacadori Costa



“So write a song that everyone can sing along to, So when you’re gone, you can live on, They won’t forget you.” - “Is Survived By”, Touché Amoré


Após as primeiras sessões de fotos realizadas, e com o primeiro grupo de imagens nas mãos, impressas, prontos para iniciarmos o processo de seleção de fotos e juntá-las (com o que acabou sendo o que vocês verão nas próximas páginas, após outros encontros), minha orientadora, Fernanda, me questionou, tão diretamente: “O que você quer mostrar com esse livro?”. Ótima pergunta. Comecei a jogar algumas palavras chaves que diriam exatamente como eu vejo as bancas, como eu as compreendo num cenário: abundância, diversidade, quantidade, movimento, cidade, multiplicidade. Mas mais tarde eu fui digerindo essa pergunta de uma outra forma. Agora, aqui, em território seguro, longe de qualquer obrigação de referência, num espaço

onde o que eu digo é o que eu digo, e “não apenas uma frase reescrita de algum autor com seu nome e uma data ao lado” (COSTA, 2013): vi um reflexo. Tão pessoal e íntimo, que quebra a barreira do pessoal e íntimo e vira o individual e geral. Me chamem de louco, sem problemas. O projeto Bancas começou há muitos anos atrás, quando uma pessoa muito mais nova do que a que terminou o projeto não fazia a menor ideia de como fazê-lo, mas sentia as mesmas coisas que sente sobre ele hoje. E o quanto ele já se transformou desde então não está escrito. Agora, vendo ele com outros olhos (e pronto), gosto do reflexo que vejo. São bancas, centros concentrados de informação e um milhão de coisas, pontos de cidades gigantes, múltiplas,


também saturadas de informação e outras um milhão de coisas (geralmente ruins, em contraponto) e que ainda assim podem ser tão únicas. E notáveis. E de fácil acesso. Sendo mais objetivo agora: sempre tive problemas com a ideia da multiplicidade. Corrijo: sempre tive muitos problemas com a visão de que as pessoas tem problemas com a multiplicidade. Você já reparou o quanto somos preocupados em categorizar, organizar (até os mais desorganizados), separar, dividir, encaixotar idéias? Gostos? Estilos? Quantificar e agrupar pessoas? Livros? Filmes? EMPREGOS?! Isso é doentio! Repare: a banca organiza/separa tudo, e distribui tudo. Enlouqueça, agora. As bancas são espaços na cidade que vomitam a própria cidade. Alguns diriam que pode até parecer um ciclo, veja só. Mas ainda me perturba a ideia da organização sistemática da consciência coletiva de onde vivemos. Outro dia estava organizando meu portfolio e parei pra pensar: “Caralho, fiz várias coisas de tantos jeitos diferentes. Como organizo, agora? O que eu vou ter que deixar de fora por não se encaixar muito bem? Certeza que algumas pessoas vão achar nada-a-ver ver tudo isso junto e misturado.” Esse livro começou como um projeto muito pessoal. É um livro de fotografias minhas, que mostram como eu vejo, um lugar onde eu frequentei e tenho um carinho grande, um lugar que me traz memórias infinitas sobre tempos que gosto, lugares que gosto, pessoas que gosto, e que aprendi a gostar de vários jeitos. Viajei por todas as sessões das maiores bancas da minha vida, fui dos quadrinhos, para as revistas de jogos, pras palavras-cruzadas,

até os livros, passando pelos álbuns de figurinhas, revistas eróticas, jornais, carrinhos e bonequinhos de super-heróis, comprando mais uma bala antes de vazar e voltar pra casa. “O que eu quero mostrar no livro?”, agora? Acho que agora quero mostrar como as pessoas são diversas. Muitas. Sempre. Mas não são apenas uma. São múltiplas. Não são restritas, e não são limitadas. Mas continuam se colocando como tal. Me ver como um designer/músico/andarilho/jogador-de-vídeo-game/fotógrafo/filósofo-meia-boca/virginiano, tudo junto, agora, anos TENTANDO ver as bancas de um jeito, vejo o reflexo de que ser uma coisa, apenas, não faz sentido. Acima de tudo, as bancas se posicionam de uma maneira para suprir uma demanda que ela mesma cria. Estar em uma cidade diversa, significa ter serviços diversos. Ter gostos diversos, significa correr atrás de vontades diversas. Minha insegurança me faz duvidar se realmente atinjo esses pontos com esse livro. Mas se posso começar um livro de fotos com (basicamente) uma crônica barata, não estou longe de adicionar “pseudo-escritor” nas minhas especialidades. Assim como uma banca, feito necessário, talvez abra uma nova sessão de “Verduras & Legumes”. - Vitor Fiacadori Costa

“We don’t see things as they are. We see them as we are.” -Anais Nin



































































































Sobre o autor

Foto por Lucas Theodoro

O autor acha um pouco narcisista escrever sobre si (principalmente depois da introdução que escreveu), então pediu para as três pessoas mais próximas a ele o fazerem, para então escrever sobre o que eles escreveram. Seus amigos Lucas e Marcelo fizeram questão em observar o quanto ele confabulou com a idéia deste livro. Marcelo lembrou das primeiras idéias e saídas fotográficas anos atrás. “Ainda guardo as fotos!”, diz. Lucas reforça: “Ver esse livro pronto é um grande desenrolar de uma história antiga.” Sobre a pessoa, Lucas quis reforçar “Ele é uma dessas pessoas que não se dá por satisfeita enquanto não amarrar todos os nós perfeitamente”. O autor concorda. “Mas acho que jamais conseguirei escrever um ‘Sobre o Autor’ bom o suficiente, já que é sobre muitas outras coisas. Principalmente, é sobre repensar uma vida inteira para escrever meia dúzia de palavras”. Qualidade (ou defeito?) que dividem com a amizade. Seu irmão, também Lucas, sempre sucinto, expressou-se através de um poema: “Vitor tem varios vícios velho, volante virtual, vá lá avaliando seu valor à vera volto invariavelmente ao que já vejo como verdade ele é foda.” Agradeço.




Um ensaio fotogrĂĄfico sobre as bancas de jornal de SĂŁo Paulo


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.