Releituras de Guardiola Confidencial e Guardiola: a evolução
VITOR KELLNER
PEP EXPLICA A VIDA
SEM QUERER, QUERENDO Este e-book nasceu de uma maneira despretensiosa. Ao ler os livros sobre Pep Guardiola escritos por Martí Perarnaú e publicados no Brasil pela Editora Grande Área, surgiram insights, que ultrapassam o esporte. Nos livros, autor e treinador oferecem novas formas de pensar várias atividades humanas. A partir deste momento, surgiu o primeiro post sobre o livro no Medium e, posteriormente, no Linkedin. Este e-book é um compilado destes textos, com o acréscimos de alguns escritos inéditos. Optei por um layout diferente, em um tamanho que se adapta tanto a smartphones quanto notebooks. A elaboração deste e-book é sem fins lucrativos e sua diagramação foi realizada no site canva.com
ME APROPRIEI DA GENIALIDADE DO TREINADOR PEP GUARDIOLA E DO JORNALISTA MARTI PERARNAÚ PARA A PARTIR DO ESPORTE PENSAR A VIDA,O COTIDIANDO E APRESENTAR PARA PÚBLICOS DIVERSOS OS ENSINAMENTOS DELES, LIGADOS AO FUTEBOL Vitor Kellner
ESTE E-BOOK NÃO É UMA RESENHA CRÍTICA, MAS PODE SER Ao passo que pensa os conceitos em outros contextos, ele também ressalta os conceitos. Além disso, apresenta, de uma maneira resumida, o livro Guardiola: a evolução, ao longo dos textos.
COMO UM LIVRO SOBRE FUTEBOL ME DEU UMA NOVA PERSPECTIVA SOBRE INOVAÇÃO
Sabe aquela informação que você descobre por mero acaso, tipo quando você procura o caminho para as Índias e encontra a América? Pois é, isso aconteceu comigo. Estava a ler o livro Guardiola: a evolução de Martí Perarnau para me aprofundar nas ideias do técnico do Manchester City (exBarcelona e Bayern de Munique), quando surgem fragmentos que abordam a inovação no trabalho do treinador.
Guardiola se descreve como um “ladrão de ideias”, explica Perarnau. Ele assiste aos jogos, entende conceitos de jogo do futebol, de outros esportes e até de outras atividades, como gastronomia. Desconstrói os conceitos e reaplica em seus times. Por exemplo, observou outras equipes que tiveram jogadores que atuaram na função de falso 9 — um atacante que joga pelo meio, mas que quando tem a bola ao invés de buscar o contato com os zagueiros adversários, se distancia deles para receber a bola livre e com espaço para correr e finalizar — e a recriou para Messi no Barcelona. Na verdade, deu um novo uso para um recurso existente, como o próprio autor do livro pontua. Esse processo de desconstrução propriamente dito, que Guardiola realiza, não é conhecido. Um chefe de cozinha amigo do treinador — Ferran Adrià — relata no livro que sugeriu ao técnico elaborar um método empírico. Se o treinador, após visitas a universidades norte-americanas “criou” seu método não se sabe. É sabido que Guardiola analisa a sua equipe, para corrigir erros, e o adversário para entender os pontos fracos, por onde e com que formação atacará, e os fortes, para decidir qual estratégia utilizará para neutralizá-los.
Adrià tem uma defnição bem interessante sobre inovação. “ A inovação é e sempre foi a busca por ganhar a vida”. No caso do treinador, inova pela necessidade de vencer a próxima partida. E se essa definição fosse transportada para o mundo dos negócios? Fulano inova para não perder o emprego? Beltr ano inova para criar seu próprio empreendimento? Essa simples forma de def inir inovação, resume muito bem o ambiente atual. A inovação é a busca por ganhar a vida. Ah sim, antes de terminar esse texto, mais uma boa f orma de pensar a inovação — também retirada do livro. Definição de Jon Pascua Ibarrola: “Inovar é conectar coisas”. Dessa forma, seria como matemática, 1+2=3? Talvez. Na prática é muito mais dif ícil do que a simples associação. Mas, já é um início. Que tal? Várias ideias, um brainstorn e depois uma conexão entre as melhores.
O QUE UM TÉCNICO DE FUTEBOL PODE ENSINAR SOBRE ADAPTAÇÃO AO EMPREGO? Famoso pela sua passagem vitoriosa como técnico do Barcelona, Guardiola é contratado pelo Bayern de Munique, que acaba de conquistar os três títulos que disputou na última temporada. A expectativa, por parte da imprensa, como relatam os livros Guardiola Confidencial e Guardiola: a evolução, era de que o treinador replicasse o modelo de jogo do Barcelona no Bayern. O que se observa nas três temporadas é uma mescla das suas ideias básicas, com as características do elenco que dispõe e do próprio futebol alemão.
Defesa avançada — no campo do adversário — , jogo de posição — cada parte do campo tem uma função específica — , posse de bola — como instrumento para levar a bola ao ataque — e dominar a partida são conceitos do treinador. Por outro lado, ataque em velocidade — característica do futebol alemão — , e decidir as jogadas pelas extremidades — devido a boa finalização de Robben e Ribery — foram adaptações que o treinador fez ao seu modelo de jogo. Isso enriquece o seu repertório.
Cabe aqui uma reflexão, se um treinador famoso e multicampeão ao chegar em um novo clube se adapta ao seu elenco, por que existe tanta resistência em se de adaptar ao novo emprego? É difícil ser tão disruptivo como o treinador? Também é interessante o fato dele não abandonar conceitos chaves que ele acredita. É possível mesclar o que acreditamos com o que vamos dispor para realizar o trabalho? Como é possível realizar isso?
A LIÇÃO DE UM TÉCNICO DE FUTEBOL SOBRE ERROS GRAVES Errar. Errar é o medo de qualquer pessoa. Falhar, cometer um equívoco, enfim o sinônimo você escolhe. No jornalismo, aprendi no estágio que dar margem para interpretações diversas em uma informação em uma notícia é um erro. Como essa informação pode interferir no trabalho de outra pessoa, um erro que parece ser simples pode tomar conjecturas graves.
Marí Perarnau nos livros Guardiola Confidencial e Guardiola: a evolução comenta que para se precaver de um erro de passe no ataque, Pep utiliza o jogo de posição e a troca de passes, de forma que os seus times sempre chegarão ao ataque agrupados, com jogadores próximos. Isso significa que se um atleta errar um passe, seus companheiros estarão por perto e em maior número para recuperar a bola do adversário rapidamente. Por outro lado, existem erros que não são possíveis de reparar, como na semifinal da Liga dos Campeões de 2013/14, quando o Bayern de Munique foi derrotado por 4 a 0, em casa, pelo Real Madrid. Guardiola analisou o jogo e entendeu que o seu erro principal foi ter sido muito ofensivo, entrar com muitos atacantes, ao invés de povoar seu meio-de-campo. Essa era sua ideia original, mas seguiu a sugestão dos jogadores de jogar com a emoção e não com a razão.
A eliminação na semifinal da competição europeia foi inevitável. Mas, na temporada seguinte e na posterior, o treinador passou a utilizar o time cheio de atacantes (2–3–5). Para isso, desenvolveu ideias que deram suporte a ofensividade do time, como os laterais jogando pelo meio, ao lado do volante, na fase ofensiva, para dar suporte na transição defesa-ataque. Guardiola aprende com seus erros, sejam eles pequenos, que procura corrigilos o mais rápido possível para que não se tornem grandes erros. E, com os grandes erros que surgem no percurso. Ele pensa, repensa, desconstrói e propõe soluções teoricamente, treina, analisa o treino, treina novamente, repete, repete e aí sim põe em prática em uma partida “as ganhas”. O que a gente pode aprender com isso? Que devemos pensar em nossos erros e encontrar soluções o mais rápido possível. Sim, isso é perfeito para os pequenos erros.
Mas, os grandes erros precisam mais que isso. Porque esses não será possível reparar naquele momento. Entretanto, cabe uma reflexão, uma desconstrução para entender o porquê ocorreu o equívoco, encontrar uma solução para o futuro, treinar, analisar o treino, treinar novamente e repetir o processo de treinamento. “Mas eu não tenho tempo para isso”. Sim, o Guardiola também não tinha. Ele tinha um novo jogo a cada três dias, precisava analisar a sua equipe, o adversário, pensar soluções táticas para atacar e se defender, treinar a equipe e por aí vai. O segredo é que ele não “resolveu” o grave erro em curto prazo. Ele matutou aquilo por um bom tempo, o que inclui as próprias férias e o seu tempo livre. Somente na outra temporada, que ele tornou aquele erro que custou o título mais importante da temporada, em um acerto para sua equipe.
GUARDIOLA É OUSADO E INOVADOR. ADEMAIS, ELE É UM ESTUDIOSO. ESTUDA SUA EQUIPE, O ADVERSÁRIO, DESCONSTRÓI AS DUAS EQUIPES E PROPÕE UM MODELO DE JOGO PARA A PRÓXIMA PARTIDA. QUE TAL SEGUIR O EXEMPLO DELE?
JOGADORES QUE PENSAM NO COLETIVO OU LIVRES, QUAL É O SEU PERFIL? Martí Perarnau no livro Guardiola: a evolução explica que Guardiola entende os jogadores de futebol de duas formas: atletas que analisam o que é necessário para a equipe evoluir ao longo da partida, controlam o jogo e pensam sempre no coletivo; jogadores que atuam mais livres, por isso podem demonstrar seu talento de maneira total e conquistar a vitória para a equipe, com seus gols e lances individuais.
O treinador ressalta que o ideal é ter uma mescla desses dois tipos de jogadores em suas equipes. E você, qual perfil tem? É alguém que trabalha pelo coletivo, entende que é importante fazer o trabalho de bastidor — na maioria das vezes subvalorizado -, mas fundamental para o sucesso da empresa? Ou prefere ser decisivo, gosta de liderar a equipe nos momentos decisivos, fechar o contrato ou aparecer na foto da grande venda? Como disse o técnico de futebol, os dois perfis são necessários tanto no esporte quanto numa empresa. Porque a lógica, é a mesma, a coletividade. Ainda que apenas um seleto número de jogadores dispute o troféu de melhor do ano. Sozinho ele não conquistaria nada. São necessários mais 10 jogadores ao seu lado. Na empresa também, mesmo que apenas o chefe “realiza” a venda. O processo envolveu mais pessoas, nos bastidores.
No jornalismo isso é ainda mais clara essa divisão coletividade/individualidalidade. Apesar do Boner aparecer, ser o jogador que decide com seu talento. Nos bastidores do Jornal Nacional, tem vários que analisam as notícias, elencam as principais e coordenam o trabalho, pensam o programa, controlam a duração do jornal e por aí vai. Mas voltamos a discussão, qual é o seu perfil? Reflita sobre você. Entenda como você gosta de trabalhar. Não quero sugerir nenhum perfil para você. Mas eu sou mais do jogo coletivo. Gosto de ajudar as pessoas ao meu redor a evoluírem.
UM CONVITE A PENSA R SOBRE GENIALIDA DE E PESSOAS BOAS No livro Guardiola: a evolução, o autor Martí Perarnau reflete sobre o uso da palavra gênio como adjetivo. O ex-técnico do Barcelona, Bayern de Munique e atual do Manchester City, Josep Guardiola comumente é caracterizado como gênio. O autor explica que no livro não utiliza a nomenclatura de gênio para caracterizar o técnico. Além disso, questiona por que Guardiola seria um gênio. Por que conquistou muitos títulos? Segundo Perarnau isso faz dele um vencedor. Por que inova no futebol? Isso o torna um inovador e não um gênio.
“Para saber com “Para saber com certeza se há sentido certeza se há sentido em usar o conceito de em usar o conceito de gênio, devemos esperar gênio, devemos esperar que conclua sua que conclua sua carreira como treinador carreira como treinador eeassim avaliá-lo em assim avaliá-lo em sua plena dimensão” sua plena dimensão”
Martí Perarnau Martí Perarnau
É uma espécie de reticência ao uso exacerbado da palavra gênio. Os pré-requisitos para entrar nessa categoria seleta são altos. O autor cita alguns traços nas personalidades dos gênios: analíticos, impulsivos, autodidatas, autocríticos, metódicos e apaixonados. Nós, também temos uma que outra característica dessas citadas e nem por isso somos gênios, talvez nem sejamos bons. Entretanto se a pessoa é boa não vejo porque não falar isso a ela. Atrapalha a evolução, fica mais comoda, diria alguém. Pode ser que isso aconteça. Mas é sempre bom lembrar que ninguém é bom todos os dias, nossa vida não tem uma regularidade impecável. Pode acontecer de esse elogio vir próximo a um momento ruim. Afinal, após um esforço excessivo, nosso corpo faz o quê? Descança.
Ainda nessa questão de gênio e pessoas boas, às vezes a pessoa cumpre todos os prérequisitos, mas não é reconhecida, porque as vagas já estão ocupadas. Se o número de vagas é limitado, ok. Entretanto, desconheço um número máximo de nomes que podem ser chamados de gênio. Ninguém chama alguém de gênio atoa. Claro que é importante analisar toda a história para afirmar que o cara era um gênio de fato. Também é fato que nesse caso, talvez, o gênio nunca seja assim denominado. Ou a pessoa que tem uma qualidade muito grande, não receba o elogio durante o ciclo, que pode ser da vida, do emprego ou da faculdade. Se a pessoa cumpre os requisitos de ser 10. Ela deve receber o 10. Independente se o colega cumpre os requisitos de ser 10 e mais outros. Esses outros requisitos que “sobraram” deveriam ser guardados para o futuro. E não o outro que também merece 10 receber 9,9 porque o outro cumpriu prérequisitos que superam os pressupostos para o 10. Também considerar muito rápido uma pessoa boa ou um gênio pode se tornar um equívoco, porque pode ser apenas uma pequena fase excepcional, sem regularidade nenhuma. Entretanto, considerar a pessoa boa durante esse período não é um erro. Porque ainda, que por um curto período, ela foi boa.
“PARA GANHAR PRIMEIRO É PRECISO PERDER”
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Essa frase é de Manel Estiarte, auxiliar técnico de Guardiola. Ela aparece no livro Guardiola: a evolução de Martí Perarnau, acompanhada de uma reflexão de que perder em momentos não decisivos ajuda. Pois faz com a equipe reflita, perceba pequenos erros e corrija eles.
No futuro esses ajustes se mostrarão importantes em jogos decisivos. Porque esses errinhos não serão repetidos. Por isso, Estiarte diz que perder em um momento não decisivo é uma dádiva.
“Você quase sempre precisa que alguém o freie e golpeie para reagir e ser mais forte”
Manel Estiarte
Estiarte comenta que quando se ganha seguidamente, os pequenos erros são esquecidos na comemoração após o jogo. Enquanto, quando se tem uma derrota, os errinhos são percebidos e corrigidos.
Na vida e no trabalho esse pensamento também deveria ser levado em consideração. Aquela foto que você troca no momento de diagramar um jornal e o seu chefe percebe é um errinho, mas se saísse assim no jornal seria um erro grave. Uma reflexão após esse errinho também é importante. Pensar como isso aconteceu, entender em que momento da apuração houve a confusão evita repetir no futuro equívocos parecidos. E será que é possível encontrar pequenos errinhos quando tudo aparentemente dá certo? Numa reflexãozinha diária, talvez seja possível perceber. “Ah, mas isso é um perfeccionismo exagerado”. Pode ser. Então repense de tempos em tempos a sua atividade. É uma forma de evoluir.
COMO SER PROPOSITIVO?
Para o treinador de futebol, Pep Guardiola que baseia seu jogo em manter o domínio da partida, a partir da bola, ser propositivo é jogar para frente e buscar a vitória. Também, é manter uma defesa acertada, que jogue distante da sua meta e mesmo assim seja a que menos sofra gols nos campeonatos que disputa. Ele diz que para atacar é preciso se defender bem. Para isso prefere jogar com a bola nos pés de seus jogadores, que se posicionam perto um do outro (compactados, na linguagem do futebol), de forma que se algum perde a bola, o outro pode recuperar rapidamente e o time continuar o ataque.
É interessante como os princípios coletivos se assemelham no futebol e numa empresa. Se todos os empregrados estiverem com o mesmo objetivo, com a mesma mentalidade e dominarem o trabalho, o processo de evolução ocorre normalmente, um equívoco e o colega corrige, assim prossegue o ritmo da equipe. Por outro lado, se a empresa não tiver um padrão definido e que os funcionários conheçam, certamente, cada um trabalhará a sua forma e os resultados custarão aparecer.
MAS, DE QUE FORMA CRIAR UM PADRÃO? No livro Guardiola: a evolução, Martí Perarnau relata que Guardiola encontra o modelo de jogo desejado para a sua equipe com muito estudo. Ele analisa detalhadamente a sua equipe e o adversário. A partir dos dados coletados, desconstruídos e analisados, o treinador cria soluções para vencer (inova), recria posições e funções antigas com novos conceitos. Por isso, Guardiola se define como “um ladrão de ideias”.
Outra lição do treinador: é preciso conhecer a si mesmo, a sua equipe, ter um propósito e acreditar nele. Mas estar aberto a outras ideias que podem transformar para melhor, você e a sua equipe. E você prefere ser defensivo, tradicional, não ousar e inovar, permanecer na zona de conforto? Ou tornar-se propositivo assumir riscos controlados e atacar com uma identidade própria?
CARACTERÍSTICAS DE UM LÍDER Além de ser um excelente treinador, com ideias táticas brilhantes, Pep Guardiola antes disso é um líder, uma pessoa que tem espírito coletivo. No livro Guardiola: a evolução, o autor Martí Perarnau analisa o treinador, objeto e personagem do livro. Esquecidos os aspectos que estão mais diretamente ligados ao campo de jogo, destaco algumas características de Pep, que fazem dele um líder:
Lutar por um ideal Agressivo espírito competitivo Qualidade e quantidade de ideias Primeiro a evolução do jogador, depois a vitória Ensinar os jogadores Trabalhar, trabalhar e trabalhar Constância e regularidade / Continuidade e estabilidade Aumentar o rendinemto
Ainda estão bastante ligadas ao futebol, alguns tópicos. Por isso, vamos tirar do específico e trazer para o amplo: o agressivo espírito competitivo poderia ser facilmente substituído por ambição; primeiro a evolução do jogador, depois a vitória se assemelha a planejamento e organização; ensinar os jogadores equivale a repassar conhecimento ou capacitar a equipe. Ainda é possível resumir essas ideias em apenas três tópicos: conhecimento, planejamento e trabalho.
Conhecimento se adquire com leituras, vídeoaulas ou cursos online. Planejamento pode ser feito em um caderno, no Word ou no Google Drive. Trabalho não é apenas aquela atividade com o objetivo de remuneração. Trabalho também é se aperfeiçoar nos horários de lazer. Por isso, quando se trabalha com o que gosta é melhor.
QUANTO TEMPO VOCÊ PRECISA PARA ESCREVER UM TEXTO? Na primeira entrevista de emprego, formado em jornalismo, a pergunta mais marcante foi: “quanto tempo você precisa para escrever um texto?”. Que pergunta boa, mas eu não fazia nem ideia de quanto tempo demoro para escrever. Cada texto apresenta dificuldades e é singular. É interessante, porém difícil de responder. Ao ler Guardiola: a evolução de Martí Perarnau me deparei com uma boa reflexão do treinador (Pep Guardiola, ex-Barcelona e Bayern de Munique, atual do Manchester City) sobre o tema velocidade.
“Quem ganha no esporte é aquele que o faz um pouco mais rápido que o demais” Pep Guardiola Para ele, velocidade não é apenas aquela relacionada ao atletismo de quem corre mais rápido. O treinador cita outros dois tipos de velocidade: velocidade relacionada ao jogo, quem tem a bola naturalmente é mais rápido; e velocidade mental, pensar a ação com antecedência, dessa forma, quem pensa antes sai na frente e chega mais rápido.
“No futebol a velocidade quem dá é a bola. E os passes, um dois, tac-tac, e você faz o adversário correr para trás, ainda que pareça que não está fazendo nada” Pep Guardiola O preparador físico de Pep Guardiola, Lorenzo Buenaventura, pensa em velocidade de maneira próxima, porém com uma distinção importante. Para esse, existem três tipos de velocidade: a velocidade pura, que define o mais rápido; velocidade aplicada ao futebol, intui e se antecipa; e velocidade dentro da jogada, o mais lento pode fazer pequenas pausas, ameaçar e parar, enganar, freiar e correr quando o outro freia e assim se torna veloz.
O autor do livro, Martí Perarnau também contribui com a reflexão. Velocidade orientada: na fase de construção velocidade moderada e na zona de definição velocidade elevada, para conseguir vantagem no final da jogada; velocidade precisa: o deslocamento com qualidade e rapidez, e não desesperado; e velocidade inteligente: com pausas e pequenos retrocessos para avançar com qualidade. Perarnau cita o pensamento de Jorge Valdano, autor do livro Fútbol: el juego infinito. A exemplo dos outros, Valdano divide a velocidade em três tipos: velocidade translação, em quanto tempo é capaz de percorrer uma distância; velocidade mental escolher a melhor possibilidade num reflexo; e velocidade técnica, individual e coletiva, com pausas e qualidade. Essas três formas de perceber a velocidade de certa forma só atrapalham a resposta da pergunta original. Pois, se já era difícil saber o tempo necessário para escrever um texto, se você pensa de maneira linear, uma espécie de velocidade do atletismo ou pura.
Para responder também é preciso levar em conta o tempo gasto com pausas e pequenos retrocessos para avançar com qualidade, além da velocidade mental para escolher num reflexo o enfoque do texto, as fontes que serão utilizadadas, as entrevistas e os trabalhos de pesquisa. Além disso, não basta ser o mais rápido na hora de escrever o texto é preciso ter uma boa velocidade na hora de transcrever a entrevista. Outra coisa fundamental é o equipamento utilizado para escrever, se é um notebook ou um computador faz muita diferença, principalmente nos primeiros dias até se adaptar a sua ferramenta de trabalho. Se essa pergunta me ocorresse agora eu responderia que o tempo gasto depende de vários fatores, que não posso afirmar com certeza quanto tempo é preciso para escrever porque cada texto é singular. Mas que posso me adaptar ao ritmo da redação. Que se não escrever na velocidade necessária nos primeiros dias também é uma questão de se adaptar ao ambiente de trabalho e as ferramentas utilizadas. Além disso, se não for tão rápido durante a escrita, tenho facilidade para decupar as entrevistas. E, isso deixará todo o processo de realização do texto veloz. E você, quanto tempo demora para escrever um texto?
POR QUE É IMPORTANTE TER CONTROLE? Controlar os jogos e dominar o adversário são as principais identidades dos times de Pep Guardiola. Foi assim no Barcelona, no Bayern de Munique e, atualmente, no Manchester City. O treinador busca controlar o jogo para diminuir a influência do acaso. É uma forma de pensar o jogo. Não necessariamente a certa, mas é a forma que ele entende como melhor, segundo os livros Guardiola Confidencial e Guardiola: a evolução. A partir desta parte do texto, caro leitor, vou explanar um pouco sobre a minha vida. Dessa forma, se você não curte isso, não ficarei chateado se pular para o próximo texto. Mas, se me acompanhar serei grato.
Por coincidência, sempre gostei de controlar a minha vida, planejar, analisar e escolher o rumo. Ainda que de maneira inconsciente, acabava por criar uma estratégia que permitisse no futuro almejar aquele posto. Até a formatura na faculdade esse controle é facilmente realizado. As estratégias eram preconcebidas: estudar, se preparar para o ENEM, realizar a o exame, se cadastrar no Sisu ou no Prouni, conquistar uma vaga na faculdade, estudar por um tempo prédeterminado, se dedicar a disciplinas, estágios, projetos e TCC e por fim se formar. Mas é depois? É neste momento que é preciso criar uma nova estratégia para ingressar no mercado de trabalho, que se torna um pouco mais difícil para quem estudou e é do interior. Agora, estou a executar o planejamento para conquistar uma vaga de emprego que desejo no futuro. Junto o dinheiro recebido do trabalho freelancer de produção de conteúdo, para no futuro me mudar para uma capital e tornar essa vaga mais palpável e próxima.
Enquanto isso, também estudo um idioma, faço curso de marketing digital e relacionados ao jornalismo esportivo. A estratégia está sendo cumprida. Se der certo, relembro ela e se não der também. Afinal, é importante repensar a estratégia para corrigir os erros, tanto ao longo dela quanto posteriormente.
COMO O MODELO DE JOGO DO FUTEBOL PODE TE AJUDAR NA HORA DE FORMAR UMA EQUIPE DE TRABALHO
Coletividade, esse é o princípio fundamental do futebol. Por isso, ele pode trazer insights sobre vários ambientes que trabalham com equipes ou com o coletivo. E, isso também ocorre na proporção inversa, treinadores como Pep Guardiola buscam conceitos de esportes coletivos como o rugby e o basquete para aplicar nas equipes de futebol. Talvez, o conceito mais importante do ponto de vista coletivo de um time é o modelo de jogo. A forma de jogar, com lançamentos diretos ou posse de bola, propor o jogo ou se defender (e por aí vai) são princípios do modelo de jogo. É importante ressaltar, que os grandes clubes tem um modelo de jogo definido para a temporada e fazem adaptações estratégicas perante alguns adversários.
Por exemplo, o Barcelona sempre busca o ataque através do domínio da posse de bola. Por mais, que em momentos específicos utiliza outras jogadas e estratégias. No livro Guardiola: a evolução, Martí Perarnau diz que o modelo de jogo tem que refletir a personalidade da equipe e as ideias do treinador. Além disso, deve se levar em conta as características dos jogadores do elenco. O princípio é parecido com o de uma empresa: tem a personalidade da equipe, que pode recorrer a publicidade raras vezes ou ser autoridade de marca no segmento através do marketing de conteúdo, isso também depende das ideias do gestor e da forma que ele administra a empresa, correndo riscos para crescer e evoluir ou de maneira gradual. Os funcionários também são parte importante, as características do time podem ser excelência no atendimento a clientes ou preferência por maior volume de vendas.
Por outro lado, tem uma questão que diverge bastante a concepção do modelo de jogo de uma equipe e o modelo de negócios de uma empresa. Por mais um novo treinador, promova algumas alterações no elenco uma parte significativa dos jogadores vão permanecer, com características provavelmente diferentes das que ele costuma utilizar. O treinador precisa adaptar as suas ideias de jogo aos jogadores que dispõe, de maneira que fique equilibrado.
Enquanto em uma empresa, um novo gestor na maior parte das vezes contratará funcionários com características que ele julgue importantes. Agora, é interessante que o novo pense nessas ideias de adaptação tanto dos funcionários com as suas ideias quanto das ideias dos funcionários com o seu modelo de jogo. Se isso acontecer, vale a pena uma lida no Guardiola: a evolução, você, certamente, encontrará boas ideias de gestão e inovação.
PLANEJAMENTO PARA EXTRAIR O MELHOR DA EQUIPE No livro Guardiola: a evolução, Martí Perarnau explica que para extrair o melhor da sua equipe, Pep Guardiola tem um plano de jogo a longo prazo. Que busca principalmente uma regularidade na equipe. Esse é criado a partir das ideias do treinador sobre futebol e leva em consideração o contexto do clube e as características dos jogadores. Além disso, Guardiola além de treinador se torna uma espécie de gestor, pois tem elementos ligados diretamente ao futebol (modelo de jogo, metodologia de treinamento, plano de jogos e ações táticas, por exemplo) e elementos relacionados a equipe, mas não específicos ao campo de jogo (nutrição, prevenção de lesões, reabilitação dos jogadores e preparação emocional).
Essas questões resumem, basicamente, o modo de trabalho de Guardiola. Ele se prepara para os jogos, estuda o adversário e pensa sempre em vencer. Mas, principalmente busca um time que jogue de maneira regular e com uma identidade. Os conceitos de Guardiola fazem refletir e é possível adaptálos para outros ambientes como o mundo corporativo e de pequenas, médias e grandes empresas, além da vida pessoal. O planejamento do treinador, a ideia de regularidade, com uma identidade definida, em que podem ser trocadas as peças, mas o todo permanece em harmonia, se preocupar não apenas no expediente, oferecer aos empregados a possibilidade de estudar, assistência média etc. São elementos do esporte, que é coletivo e por isso, se adaptam a outros ambientes coletivos.
COMO NASCE UM GRANDE TIME? Já escrevi que uma pequena derrota precede uma grande vitória e é importante na formação de uma grande equipe. Vou retomar essa ideia, com uma nova percepção. Para além disso, convido você a pensar sobre a formação de uma equipe. Mais precisamente, as escolhas que levam a criação de um coletivo de destaque e a importância da cultura da equipe. Autor de Guardiola Confidencial e Guardiola: a evolução, o jornalista e ex-atleta do salto em distância, Martí Perarnau analisa de uma forma bastante interessante a mudança de patamar da equipe do Bayern de Munique, que conseguiu regularidade no cenário nacional e internacional, após a contratação do treinador Pep Guardiola. Uma grande equipe que atue de maneira regular, com um margem de crescimento nos momentos necessários é o desejo de pessoas que trabalham com o coletivo: treinadores, gestores, professores, para citar algumas profissões.
PERDER PARA GANHAR
"Todo grande time nasce da confluência entre uma ideia inspiradora e estimulante que reúne as energias coletivas e uma derrota enorme que provoca fraturas e efeitos catárticos" Martí Perarnau
"Em time que está ganhando não se mexe", para quem acompanha esporte essa é uma frase batida e que aparece de vez em quando nos comentários de jornalistas ou nas entrevistas coletivas dos treinadores. Como bem observa Perarnau, uma sequência de vitórias (adapte isso a sua realidade, uma sequência de metas batidas, de jobs concluídos, de textos com uma boa taxa de leitura) mascaram pequenos erros, que no futuro podem ocasionar a perda do título. Nas vitórias se comemora e nas derrotas busca-se os erros que fizeram o time perder. Por isso, ser derrotado em momentos não decisivos é importante para repensar as práticas, as estratégias e os modelos seguidos. Consertados esses errinhos, o time chegará mais forte em momentos decisivos.
A CULTURA DA EQUIPE Além da pequena derrota, outro aspecto importante para tornar o time preparado para vencer é a cultura da equipe, como explica Martí Perarnau: "A ideia é equivalente às fundações de um edifício: a derrota serve como cimento para unir a base, e a cultura de equipe é a estrutura do edifício". Dessa forma, é a cultura da equipe que estabiliza o time após uma pequena derrota. Cabe, ao treinador e seus auxiliares encontrar os erros e propor sugestões e a equipe colocar as sugestões em prática. O princípio é o mesmo para qualquer ambiente coletivo. Quem é o responsável por repensar é o comadante, o líder ou o gestor. A equipe é quem põe em prática. E o que significa cultura da equipe? Segundo o autor, "a cultura da equipe abrange muito mais do que slogans e vídeos motivacionais, regras disciplinares e rituais ou linguagens específicas". Essas questões são importantes, mas são mais questões que contribuem para a evolução do rendimento da equipe, não para formar uma cultura da equipe.
"[A cultura da equipe] É um pacto de condutas e comportamentos que engloba todos os componentes do time e os dirigentes, até metas globais que permitem visualizar de maneira irrefutável a identidade dessa equipe" Martí Perarnau
É uma espécie de um por todos e todos por um moderno. A cultura da equipe engloba todos os setores, que necessariamente devem remar para o mesmo lado, norteados por um planejameto bem estruturado e com metas definidas.
Com explica Perarnau, no Bayern de Munique, Guardiola tem uma cultura coletiva de trabalho, ou seja, um espírito de equipe, ligado a traços históricos da cultura alemã, principalmente da baviera, sede do Bayern. A meta principal do Bayern na última temporada de contrato do treinador era conquistar a Bundesliga (Campeonato Alemão) pela quarta vez consecutiva. Para relembrar seus atletas diariamente da meta, Guardiola mandou pintar em toda as paredes do centro de treinamento o número quatro em vermelho. Encurtando a história, a meta foi atingida. Guardiola dá muita importância ao espírito de equipe ou a cultura da equipe, inclusive antes da estruturação do modelo de jogo.
"Se o coletivo é capaz de se reunir sob um espírito estratégico comum, pode ser mais factível a aplicação de um modelo futebolístico, sua execução mais ou menos acertada e a sua consequência final (ganhar jogos)" Martí Perarnau
Se esse pensamento fosse levado para outros setores, antes de ensinar a um novo funcionário qual será o seu trabalho, seria importante explicar a cultura da equipe. Quais são as condutas e os comportamentos dos membros do time e as metas globais. Isso facilitaria o compreendimento do processo, tendo em vista que ele já conheceria os fins. Em casos de pequenos equívocos ao longo do período de experiência, é mais fácil corrigi-los rapidamente, sem influir no resultado final.
QUE TAL TER LIBERDADE PARA ACRESCENTAR ELEMENTOS NO SEU TRABALHO? Pep Guardiola fez exatamente isso no Bayern de Munique, segundo relato de Martí Perarnau no livro Guardiola: a evolução. Antes das partidas, os jogadores realizavam exercícios para aquecer seus músculos. Um preparador físico conduzia esse trabalho. Até aí tudo normal, como em qualquer equipe de futebol. A diferença é que após o trabalho geral comandado por Lorenzo Buenaventura, cada jogador escolhia como seria a parte final do seu aquecimento Alguns preferiam treinar chutes ao gol, outros terminar o trabalho no vestiário com alongamentos ou focavam na prevenção de lesões. Lendo esse relato no livro, veio o pensamento: "Como isso poderia acontecer em outras profissões?".
É muito motivador fazer coisas de sua preferência. Ainda que não seja a parte que você mais gosta do trabalho, adaptar o trabalho ao seu modo é um bom incentivo. E aí, se você é um gestor, deixaria essa liberdade para seus colaboradores? De que forma é possível proporcionar isso? Se você é um trabalhador, prefere fazer o seu trabalho de uma maneira preconcebida ou ter a liberdade de adaptá-la?
COMO O FUTEBOL ENSINA QUE GRANDES E PEQUENOS PODEM VENCER O futebol é um microcosmo interessante para se tirar lições para a vida, para o mundo dos negócios e vários outros temas. As estratégias do futebol, por exemplo, equiparam times grandes e pequenos. As estratégias mais simples quando um time grande e de qualidades individuais enfrenta um time pequenos é: o primeiro precisa atacar e o segundo apenas se defender. Ambas são estratégias, entretanto, na maioria das vezes, a segunda equipe é caracterizada por "abdicar do jogo". Discordo disso, na verdade a segunda equipe está é equiparando o jogo. Pois, se ela jogar de "igual para igual", ou seja, atacar também, a tendência é o time que tem mais habilidade vença.
Se você tem uma habilidade inferior ao seu adversário, você não vai querer disputar de igual para igual com ele - e seguir um caminho predestinado a derrota. Você vai criar uma estratégia que possibilite entrar com chances de vencer, sem necessariamente jogar parecido com o grande. No mundo dos negócios, um empreendedor ou um freelancer não vai competir pela mesma fatia do mercado com uma empresa estabelecida, com funcionários especializados e com experiência. As estratégias dos pequenos podem ser variadas: focar apenas em um perfil determinado de público (prestar serviço para proprietários de negócios de bairro) ou apostar em entregar seu trabalho no menor tempo etc. No início, os pequenos também não vão concorrer de igual para igual com os grandes, como no futebol. A diferença é que nos negócios ambos podem vencer, porque existe espaço e mercado. Já, no futebol só um pode vencer - no máximo o jogo pode terminar empatado.
A IMPORTÂNCIA DA LINGUAGEM NO FUTEBOL Um treinador espanhol, que comanda uma equipe da Inglaterra, com jogadores da América, da África e da própria Europa, como toda essa gente se comunica? Quem nunca teve essa dúvida atire a primeira pedra. Pois é, recentemente, ao ler um capítulo do livro Guardiola: a evolução, o autor Martí Perarnau explicou como o processo de comunicação, os diálogos e as trocas de informações acontecem num time global. No Manchester City, o treinador Pep Guardiola cria uma metalinguagem. Ou seja, constrói um idioma, uma língua própria com os conceitos de futebol que o treinador pretende praticar. Os conceitos de futebol formam o modelo de jogo - que nada mais é que o jeito que o time joga, prioritariamente ataca ou se defende, por exemplo. Logo, o modelo de jogo é um idioma. E para funcionar, fazer com que o time jogue bem e como bônus seja campeão, esse idioma deve ser de fácil compreensão. Além disso, deve ser compreendido por todos os jogadores, membros da comissão técnica e dirigentes.
Perarnau prossegue a comparação entre linguagem e futebol, no caso do Manchester City: o passe é uma maneira de se comunicar - a bola viaja e leva informações de um jogador para outro; o modelo de jogo é a gramática a ser dominada, com seus códigos, vocábulos, números e alfabetos - assim como a gramática, o modelo de jogo também tem regras, nos times de Pep a principal é tocar a bola para desorganizar os adversários e criar espaços para atacar. Uma coisa específica da comunicação de Guardiola com os jogadores é de que ele não gosta de desenhos e setas sobre um campo virtual, porque fica uma imagem estática. Dessa forma, não reflete a realidade dinâmica do futebol. Por isso, o treinador utiliza muitos vídeos para ilustrar suas ideias. Até porque, como o próprio treinador diz não é fácil transmitir em imagens e palavras tudo o que se deseja. Apesar de parecer fácil criar um idioma, um modelo de jogo é uma tarefa difícil, que exige, no caso de Guardiola, muito estudo, da equipe que comanda, dos adversários que vai enfrentar ao longo da temporada. Ainda mais difícil é fazer os jogadores assimilarem o modelo de jogo. Apesar de alguns terem mais aptidão que a maioria para aprender um novo idioma, é consenso que essa é uma tarefa difícil, que exige estudo, treinamento e repetição. Assim, como no futebol, afinal lembre-se, o modelo de jogo é um idioma.
Esse processo de aprendizagem do idioma requer ainda mais atenção e determinação dos jogadores e do treinador. Pois, naturalmente a linguagem é confusa. E, no esporte, um agravante, a comunicação acontece em momentos de tensão. Por isso, as vezes, o jogador capta uma instrução diferente da emitida pelo treinador. Cabe ao treinador, a busca por diminui ao máximo desentendimentos e ruídos na comunicação. Por isso, precisa entender a forma que cada jogador capta melhor a informação. Para uns basta falar, para outros é melhor escrever em um bilhete ou ainda gesticular enquanto fala. Isso também acontece em outros ambientes ou deveria acontecer. Afinal, a comunicação é o elo de ligação entre os setores.
A DIFERENÇA ENTRE TÉCNICO E TREINADOR Durante as leituras dos livros Guardiola Confidencial e Guardiola: a evolução, surgiu uma reflexão: técnico e treinador são palavras sinônimas? Antes desses livros, acreditava que eram. Agora, entendo que não. Vamos aos argumentos. Técnico trabalha com a parte técnica. Mas, o futebol não é apenas técnica, como afirma Guardiola: a evolução, é também tática, preparação física e psicológica. Assim deveria ser chamado de treinador quem trabalha com as quatro nuances do futebol, técnica, tática, parte física e psicológica. Não necessariamente apenas o treinador trabalha com esses quatro pilares, ele gerencia todas essas questões. O auxiliar técnico trata apenas da técnica, os analistas de desempenho da tática, os preparadores físicos da parte física e psicológicos a parte psicológica. Desssa forma, o treinador acaba sendo uma espécie de CEO da parte de futebol da equipe. Ele delega trabalhos, cobra relatórios, ajuda na resolução dos problemas e gerencia o time.
O QUE É TER MATURIDADE? Maturidade é quando se chega no topo das conquistas? Talvez, mas não apenas isso. No livro Guardiola: a evolução, Martí Perararnau explica que uma série de treinadores conseguiram chegar ao topo rapidamente: Guardiola, Sacchi, Cruyff e Mourinho. Esses tiveram papéis de destaque na evolução do futebol, com ideias dissonantes, promoveram mudanças nos seus clubes e em seus adversários, que precisaram buscar novas estratégias para enfrentar o novo. Em comum, nenhum dos citados parou de trabalhar após chegar ao topo. Pois, as novidades que eles introduziram passaram a ter antídotos criados por treinadores adversários. Assim, nenhum conseguiu montar times invencíveis, ainda que comandaram times dominantes e que ditaram a regra. Por isso, a maturidade, sempre é perseguida, mesmo que ela pareça inalcançável.
Em seu primeiro ano como treinador do Barcelona, Guardiola teve êxito ao levar o time B a conquista da Terceira Divisão Espanhola. A partir daí passou a acumular troféus, na mesma medida que buscou concepções e formas de jogar. Desse espírito de desbravador, de descobridor, de quem tem como palavra favorita: “aprender”. Após dez anos no comando de equipes de alto nível Pep continua jovem, com força de vontade e com muitos anos como treinador. Atingir a maturidade ainda é um sonho distante. Na medida em que ele assimila ao máximo os conceitos de futebol, busca em outras áreas conceitos e recursos para utilizar na preparação física, no treinamento, no jogo propriamente dito ou na nutrição. O futebol ainda tem espaço para evoluir, na medida que um treinador insere no esporte novidades, adversários são obrigados a pensar em neutralizar a novidade. Por isso, o processo de evolução é constante. Martí Perarnau define que até o momento Guardiola como treinador foi adolescente no Barcelona e se tornou adulto no Bayern. Expomos o nosso ponto de vista, no Manchester City deve amadurecer um pouco mais, mas deve permanecer por pelo menos mais uns quatro ou cinco ciclos de três anos na fase adulta.
“APRENDER É A MINHA PALAVRA PREFERIDA”
Quem não gostaria de ter essa palavra como sua preferida. Quem gosta de aprender, logo se torna obcecado por inovação, por conhecer coisas novas e ter novas experiências. Esse é Pep Guardiola, segundo os livros Guardiola Confidencial e Guardiola: a evolução de Martí Perarnau. "Pep é obcecado por aprender. Absorver conhecimento”, descreve o autor Martí Perarnau. Mas como ele aprende? Aprende do que vê, do que experimenta, do que lê ou do que lhe explicam. Aprende das boas experiências e das ruins. Aprende não apenas sobre o futebol, quer também se comunicar melhor, analisar melhor, propor melhores planos, mais ajustados a cada necessidade.
“Aprende-se olhando e pensando. Observando e refletindo” Pep Guardiola No caso de Guardiola, Martí Perarnau explica que o treinador observa e analisa partidas; confronta opiniões com as da comissão técnica; ensaia e testa movimentos; consulta e debate com os jogadores; analisa rivais, assiste jogos, revisa erros e reflete sobre isso; faz cursos de atualização e estuda a história do futebol. Para se sair bem na função de treinador, logo, é preciso gostar muito de estudar e ter facilidade de aprender.
Domenc Torrent, auxiliar técnico de Guardiola analisa a importância dos testes, antes de por em prática novas ideias ao longo das partidas de futebol: “Algumas vezes os testes não saem bem, mas em alguns casos, ajudam a progredir”. O processo de aprender de Guardiola guarda particularidades, conforme o autor: “Não é aprender para conhecer mais, mas para dirigir melhor a ação. É uma obsessão tremendamente pragmática”. Seja pelo pragmatismo de Guardiola ou pelo idealismo filosófico, aprender é o motor da evolução: “Somos o que fazemos repetidamente, observou Aristóteles, antes de proclamar que a excelência não é um ato, mas um hábito”, afirma o autor. Para evoluir e buscar a excelência é preciso muito trabalho. “A aprendizagem profunda exige objetivos de melhora contínua e mecanismos de correção imediata”, sentencia Perarnau. Esse processo de evolução, no futebol, exige sempre melhoras, principalmente nas vitórias, para não se estagnar. Por isso, Guardiola diz que é na vitória que se deve estar mais vigilante.
UM PAPO SOBRE INTENSIDADE Paulo Henrique Ganso, meio-campo, que surgiu como promessa ao lado de Neymar no Santos, em 2010. Projetou-se que Ganso seria melhor que Ney, que seria o camisa 10 da Seleção e o craque do Hexa. Neste ano, após uma série de lesões no próprio Santos e na passagem pelo São Paulo e dois anos no Sevilha da Espanha, que poucas vezes entrou em campo, PH Ganso foi apresentado pelo Armiens, time modesto da França, que luta para não ser rebaixado a segunda divisão francesa. Ganso é um primor técnico, tem excelente visão de jogo, que o auxiliam na construção de jogadas, tem bom chute e um repertório de passes curtos, longos e em profundidade. Enfim, talentos que o gabaritavam para ser um craque na Seleção Brasileira. Porém, falta a ele intensidade. Participar mais do jogo, correr no seu limite, ajudar a defender, enfim, se doar para a equipe. Sair da sua zona de conforto, que é receber a bola e passar para um adversário de maneira magistral. Quando seu time está no ataque, ele é fantástico. Mas, quando seu time precisa se defender ele é um a menos.
Para um jogador jovem é fundamental a intensidade, afinal é dele que se espera a vantagem física. Agora, aos 28 anos essa intensidade já não é mais cobrada como a de um jovem. Assim, ele pode voltar a ser acima da média, como de fato é. Pois, sua inteligência futebolística é conhecida e reconhecida por quem o observa jogando. Em paralelo com a vida, dos jovens se busca a intensidade, que ele seja o cara que mais se doe pela equipe. Ainda que individualmente ele seja fantástico, se não sair da sua zona de conforto, as oportunidades se fecham, mesmo ele sendo destaque. Entender isso é difícil, mas necessário quando se sai da faculdade e surge o processo de transição para o mercado de trabalho.
O QUE É ESTADO DE JOGO E COMO ELE PODE AJUDAR A MELHORAR SEU RENDIMENTO No início deste ano, logo após a formatura no curso de jornalismo, me inscrevi numa capacitação para jornalistas ofertada pela Universidade do Futebol. No curso, aprendi sobre marketing esportivo, gestão esportiva, análise tática, análise de desempenho, treinamentos, negócios do esporte e até Direito esportivo. Em uma das aula sobre jogos reduzidos e adaptados, conheci o conceito de estado de jogo e logo percebi a importância dele em outras áreas, assim como o curso fazia referência no futebol. Parafraseando, estado de jogo é quando o jogador vive o jogo em sua totalidade, a questão mais importante para ele naquele momento é a partida. Isso permite que ele aumente seu desempenho, pois o foco total de suas ações é o jogo que ele está disputando. Os problemas que ele resolve são apenas os dos jogos, como passar pelo marcador, tocar a bola corretamente e chutar para a meta adversária, basicamente.
Os treinadores falam em uma dificuldade de atingir isso, quando as crianças e jovens chegam as escolinhas e categorias de base. Para estimular adaptam jogos para as suas realidades. Ao invés de treinar chutes num arco, as crianças chutam uma bola dentro de uma caixa, quem vencer ganha o desafio. Depois, parte-se para o treino de futebol propriamente dito, quando já estão ambientadas com o futebol, através do peso da bola e já tem um pouquinho de técnica no chute. Entretanto, as vezes, jogadores profissionais na saída de campo falam que a equipe precisa entrar mais concentrada. Isso, também, é não estar em estado de jogo. Pois, como já dito, naquele momento o futebol deve ser o foco total. E você, por vezes, também não entra desfocado na empresa, fora do estado de jogo, principalmente nos primeiros dias do novo emprego? O treinador do sub-10 desenvolve o jogo adaptado, para a criança aprender a gostar e a jogar futebol, mas você, provavelmente, precisará entrar em estado de jogo sozinho. Como conseguir isso? Talvez, o mais fácil seja também pensar que os processos tenham fins diferentes do que o real. Por isso, é legal um espaço onde é possível jogar uma sinuca, se deitar num puff, pensar um pouquinho e voltar ao estado de jogo.
O LUGAR DA MEMÓRIA E DA IMPROVISAÇÃO Ter boa memória e saber improvisar com facilidade e com inteligência. Ou seja, conhecer as informações corretas, lembrar dos treinos e tomar novas decisões, que rompem com o pré-estabelecido e ao mesmo tempo só aconteceram por conhecer o estabelecido. Isso é o segredo da inteligência, conhecer várias ideias, desconstruílas mentalmente, de maneira consciente ou não, e reformatar para resolver novos problemas. Me puxei na introdução né? Sim, é que o tema deste artigo é bem legal. Memória e improvisação como pilares da inteligência. A base para esse pensamento é o livro Guardiola: a evolução do autor espanhol Martí Perarnau. Adendo, Guardiola é um treinador de futebol, famoso por dirigir equipes inovadoras e vitoriosas (Barcelona, Bayern de Munique e Manchester City). Segundo o autor, para que um time de futebol possua criatividade elevada, seus componentes necessitam de boa memória; precisam recordar o que aprenderam nos treinamentos durante os jogos.
"Qual é o jogador inteligente? Aquele que tem boa memória. Alguém que tenha absorvido as centenas de instruções ao longo do treinamento e que seja capaz de recordar o que aprendeu para ativar as transmissões sinapticas no momento adequado e explorar suas capacidades" Martí Perarnau Entretanto, como afirma Perarnau no livro, sempre há excessões, ter boa memória significa que o jogador dependerá da inteligência do treinador, que elaborou a estratégia e o treinamento capaz de explorar as capacidades do jogador. Para ser um jogador inteligente é fundamental, além de ter boa memória saber o momento exato para romper com elas, buscar espaços em lugares não encontrados anteriormente. Enfim, improvisar. Buscar uma nova solução baseada, nas ideias treinadas.
Para facilitar esse processo de inovação por parte dos jogadores, alguns treinadores realizam exercícios para treinar a chamada tomada de decisão. Em uma situação específica, o jogador tem duas ou mais opções para passar a bola. Ele precisa escolher a melhor opção para que o time possa progredir com mais facilidade no campo adversário. Assim, precisa pensar em duas jogadas seguintes, ou seja, imaginar como cada um dos seus companheiros receberia a bola, como os adversários iriam se defender, qual seria a possibildiade do companheiro tocar a bola para um novo companheiro etc. Fora do esporte, essa tomada de decisão raramente é explorada, pessoas inteligentes costumam pensar em quais serão os próximos passos na carreira ao aceitar um emprego, mas normalmente apenas se joga o jogo. Apenas repetindo o que lhe foi ensinado, sem inovar. As tomadas de decisões até são corretas, mas a inteligencia está em que ensinou trabalhar daquela forma e não em quem executa o trabalho retilíneo.
O QUE FAZER COM O CONHECIMENTO?
Pergunta difícil de responder, em qualquer sentido e contexto. E, quando você está de passagem por um lugar, com um contrato acertado, com prazo de duração. Nesse caso, o dilema aumenta mais ainda. Essa é uma reflexão que o autor Martí Perarnau propõe o livro Guardiola: a evolução.
Segundo o autor, o treinador ĂŠ sempre alguĂŠm de passagem por um clube. Por isso, precisa decidir o que fazer com o seu conhecimento. Existem basicamente duas formas de pensar o uso de conhecimento por parte de alguĂŠm de passagem: transmitir o conhecimento em forma de legado; levar consigo quando for embora.
O mais comum, em todos ambientes, é o chefe, o empregado ou o treinador levar seu conhecimento consigo quando for embora. Compartilhar com seus companheiros o estritamente necessário para a empresa ou o time funcionar. Guardar para si os principais conhecimentos para se manter como uma autoridade no assunto. Enfim, uma pessoa necessária para fazer toda a engrenagem se mover. O técnico Pep Guardiola foge do lugar comum. Ele busca deixar seus conhecimentos como legado nos clubes pelo qual passa. E você, pretende deixar um legado de conhecimento ou guardar todo o conhecimento para si?
O QUE É ESQUEMA TÁTICO E COMO ELE PODE TE AJUDAR NA ORGANIZAÇÃO O esquema tático no futebol é a forma como os jogadores são dispostos no campo de jogo. Como são 11 atletas de cada lado é preciso organizá-los de uma forma lógica para que a equipe renda mais. Isso é o trabalho realizado pelo treinador. Os esquemas são representados por números: 4-4-2, 4-3-3, 3-5-2, 4-2-3-1 e por aí vai. O goleiro costuma ser excluído na representação, pois essa função é necessária e comum a todas as equipes. Os números representam os jogadores que jogam alinhados. No 4-4-2, por exemplo, são quatro jogadores alinhados na zaga, quatro alinhados no meio de campo e dois no ataque. Essas linhas podem ser simétricas (retas) ou assimétricas (tortas, um jogador um pouco mais a frente do outro).
Os esquemas táticos são um dos princípios fundamentais do futebol de alto rendimento. Pois, é a partir dessa organização que são escolhidos os jogadores para compor as equipes, bem como planejados os modelos de jogos (se a equipe vai prioritariamente atacar ou defender). Se no futebol que apesar de ser um esporte de alto rendimento, ainda guarda o seu aspecto lúdico é necessária organização, em outras áreas esse aspecto também é necessário. Normalmente, a organização é o estágio inicial do projeto. E você, como organiza suas ideias? Apenas na mente, com papel e caneta, no computador ou no bloco de notas? Utiliza esquemas, topicaliza ou escreve em formato de textos? Você tem um planejamento, traça planos e projeta metas?
O FUTEBOL E A SUA DUPLA LINGUAGEM No livro Guardiola: A evolução, o autor Martí Perarnau divide o futebol como linguagem prosística e como linguagem poética. A primeira linguagem do futebol acontece no coletivo e a segunda depende exclusivamente da individualidade, principalmente dos talentos dos jogadores. - Futebol como linguagem prosística se baseia na sintaxe, no jogo coletivo e organizado, na execução raciocinada do código. É comum na Europa esse estilo de jogo, lá os treinadores costumam comandar com regras rígidas, como se fosse uma sintaxe e transferem essas regras para os jogadores através de conversas, gestos ou apresentações em vídeo, sempre levando em consideração o código. - Futebol como linguagem poética aparece na individualidade, no drible e no passe preciso. Estilo de jogo padrão na América Latina, principalmente no Brasil. Os atacantes brasileiros costumam ser artistas e criar suas obras de improviso. Pelé, Garrincha e Ronaldinho Gaúcho são expoentes do jogo poético. Foram poetas que compuseram sua obra durante as partidas, com traços de genialidade e de inovação.
Fora do futebol também acontece essa maneira dual de trabalhar. Alguns rendem mais pelo improviso, resolvem seus problemas conforme eles aparecem, e outros precisam se preparar, seguir uma estrutura de trabalho. Também acontece de mesclar essas duas linguagens. Isso que Pep Guardiola busca, integrar em um mesmo modelo as duas formas. Ter jogadores de características prosísticas e de características poéticas. Normalmente, os primeiros na zaga; no meio-de-campo jogadores que mesclam essas características e os poetas no terço final da equipe. Esse era o Pep Team, o Barcelona de 2010-2011, que ganhou Liga dos Campeões, Campeonato Espanhol, Supercopa da UEFA, Supercopa da Espanha e Mundial de Clubes.
COMO É O SEU PROCESSO CRIATIVO E VOCÊ UTILIZA ALGUMA METODOLOGIA?
Vou apresentar a você alguém que tem. O proceso criativo que irei descrever é do treinador de futebol Pep Guardiola. Não desista deste texto, mesmo que você não goste de futebol, afinal de contas no processo criativo não deve existir preconceito. Inclusive, Guardiola se inspira em outras áreas para inovar. O processo criativo de Guardiola consiste em roubar ideias, desconstruí-las, extrair a essência, aplicar com novos usos (inovar) e assim, construir sua própria obra. É basicamente como se fosse escrever um artigo científico. É preciso ler vários textos, depois agrupar várias ideias, retirar as partes principais e construir algo novo e com novos usos.
Para realizar o processo criativo, Pep segue uma metodologia: preparar ou obter uma documentação ampla sobre o tema; descartar a maior parte; ficar apenas com o núcleo fundamental e aplicar isso em uma nova ideia. No pensamento de Pep Guardiola o processo criativo e o método utilizado são uma unidade. Ele sabe que precisa seguir esses passos para vencer a partida e encantar os fãs com novas técnicas no bom futebol da sua equipe. Esse modo de trabalhar do treinador têm raízes num movimento artístico, chamado de Apropriacionismo. Nele, o artista se apropria de elementos de uma obra para criar uma nova obra, a sua obra. E você como realiza o seu trabalho? Se inspira em outras produções, de maneira consciente ou apenas inconscientemente?
QUAIS SÃO OS SEUS OBJETIVOS NO TRABALHO?
O título é bastante provocativo. Mais ainda são os objetivos do treinador de futebol, Pep Guardiola: ganhar, jogar bem e emocionar os torcedores. Esses objetivos são revelados por Martí Peraranau no livro Guardiola: A evolução. Veja só ganhar é o básico, é a resposta primária. Seria algo como trabalho para ganhar o meu salário no final do mês. Mas, Guardiola não é um simples treinador recebe comentários positivos por seu estilo de jogo de jornalistas e fãs do futebol. Além de trabalhar por seu salário, parafraseando, Guardiola também trabalha para ajudar a empresa crescer e está em um processo constante de aprendizado que busca inovações para ser respeitado tanto entre seus colegas quanto por seus concorrentes.
Guardiola é do tipo que trabalha intensamente na sua obra e quando ela está próxima de ser finalizada, procura outro desafio, no local em que trabalha ou em "novos ares". Quando cumpre os três objetivos, ele alcança uma satisfação, mas não plena, porque ainda encontra pequenos defeitos para corrigir. Ele não desfruta dos seus grandes triunfos porque de imediato projeta novas conquistas. É agora, após esse exemplo, repito a pergunta: quais são os seus objetivos no seu trabalho?
O FUTEBOL É UMA REDE SOCIAL Os passes são as conexões dentro de campo. Os atores sociais dentro de campo são os jogadores. Baseado nos estudos de Raquel Recuero, as redes sociais são formadas por atores sociais e suas conexões. Logo, o futebol é uma rede social, pois tem esses dois elementos. Os atores sociais são diversos: jogadores, treinadores, torcedores, jornalistas. Todos eles são interligados por conexões, mais fracas ou mais fortes. As conexões dos atores sociais também podem formar bolhas. Jogadores de categorias inferiores, quando não bem treinados, jogam basicamente de apenas uma forma. Exceto se um treinador experto desperta neles outros modos de jogar e pensar. Nesta bolha, os problemas sempre são os mesmos. No futebol brasileiro, por exemplo, é o calendário. Atores sociais com passados recentes de grandes conquistas ou bons jogos carregam consigo um capital social que lhes permitem bons contratos, ainda que o futebol em si não seja mais o mesmo. Para jovens jogadores o pouco capital social é um adversário. O jovem da base dificilmente ganha oportunidade no time principal se não destacar-se com formadores de opinião, que muitas vezes utilizam seu capital social para pedir o garoto no elenco.
INÉDITO
CINCO RAZÕES PARA VENCER DE BIELSA (MAIS UMA DE PEP GUARDIOLA) O treinador argentino Marcelo “El Loco” Bielsa é uma das inspirações de Pep Guardiola. Por seu jogo de posição, bonito e de boa qualidade técnica. Apesar de Bielsa não ter muitos troféus para ostentar, a lista de razões para vencer é uma boa forma de pensar, como acontecem os resultados. Time melhor Condição física superior Acerto tático ou técnico Pelo coração Pela análise do rival Pelo acaso, acrescenta Guardiola.
INÉDITO
O QUE GUARDIOLA E MARTÍ PERA RNAU PENSAM SOBRE O JORNALISMO ESPORTIVO - antes era um ofício artesanal - processo selvagem de reindustrialização nas últimas décadas - jornalismo desaparecendo, antigos paradigmas arrasados. - novos traços: imediatismo, superficialidade e impacto. - os meios de comunicação e os clubes tem o mesmo objetivo geração de conteúdos velozes e sem profundidade. - ainda existem excelentes meios de comunicação - agitar emoções e provocar tensão são as novas geradoras de receitas da comunicação - o problema não são os jornalistas, mas a indústria jornalística O pensamento de Guardiola e de Martí Perarnau se misturam, se mesclam e se completam ao longo desta parte sobre jornalismo. Para finalizar, o autor analisa o ambiente do jornalismo: “é um redemoinho sem fim, daí que tenha se multiplicado os erros jornalísticos nos últimos anos, afetando reputações e pessoas, no mesmo ritmo que diminuíram as empresas, as extensões dos textos e sua qualidade”.
INÉDITO
UM PERSONAGEM PARA ENTENDER A VIDA Assim defino Pep Guardiola, a partir das leituras de Guardiola Confidencial e Guardiola: a evolução. Um personagem inspirador, com alto conhecimento e um senso elevado de inteligência. Como você viu ao longo do e-book, as histórias de Pep e seus conhecimentos são vastos - sobre diversas áreas. A metodologia - investigar, analisar, elencar os pontos principais, treinar, analisar, treinar novamente e por em prática numa partida de futebol - é inspiradora. Ainda mais se levarmos em consideração que isso ocorre em meio a muitas tarefas, treinos diários e jogos a cada três dias, contra grandes clubes. O nível de exigência é altíssimo e Guardiola oferece regularidade neste cenário.
Acima de tudo, Pep é muito profissional, pensa em si, mas encontra tempo para ajudar os jogadores a evoluir e leva em consideração a história do time, o passado, o presente e o futuro nas suas tomadas de decisões. Apesar de todas essas características explendidas, ele também falha. As falhas o abatem, entretanto, ele rapidamente se levanta e passa a pensar, em como aprender com seus erros. Naquele processo de investigação, análise, treino, análise, treino e prática numa partida.
Para você que gostou das ideias do Pep Guardiola e deste e-book aproveita para sugerir a compra dos dois livros da editora Grande Área e do autor Martí Perarnau - Guardiola Confidencial - Guardiola: a evolução Certamente, será um bom investimento!
facebook.com/vitor.kellner e-mail: vitorkellner@gmail.com twitter: @kellneralecrim
Vitor Kellner 22 anos Jornalista pela Universidade Federal do Pampa - Unipampa MTB-0019354/RS Áreas de atuação: jornalismo esportivo, jornalismo, analista tático, analista de desempenho, social media, produtor de conteúdo e marketing digital.
Possui cursos nas áreas de marketing digital (Universidade Rock Content, RD University e Hubspot University) e de jornalismo esportivo (Universidade do Futebol)
Pep Guardiola ajudou vocĂŞ a entender a vida?