Horário eleitoral

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SALVADOR DOMINGO 24/8/2014

COTIDIANO VITOR PAMPLONA pamplonovitch@gmail.com

Horário eleitoral

B

rasileiros e brasileiras, vocês me conhecem. Há muito tempo estou ao seu lado. Ao lado do meu povo. Meu povo. Vocês e todos os outros. Este ano, mais uma vez, nós tivemos muitas conquistas, mesmo que os adversários digam o contrário. Quero aproveitar este momento em que se inicia o horário eleitoral para falar com você, que está em dúvida se é hora de optar pela mudança. Eu já decidi. E resolvi dar minha contribuição.

N

ada muda tão rapidamente os rumos de um país quanto a morte inesperada de um político importante, do tipo que mesmo derrotado nas urnas, ou fora delas, influencia uma nação anos a fio. Mas, confesso: tenho uma predileção pelas tragédias, quando meus biógrafos gostam de me chamar de imponderável. É claro que os gregos antigos continuam insuperáveis naquela alegoria dos deuses e na eterna batalha contra o destino. Eles eram melhores artistas. Mas os últimos tempos até que reservam boas recordações nesse ramo de deixar países em lágrimas e palácios em pânico.

V

ocês devem se lembrar. O frio revólver no peito de Getúlio abriu a porta do poder para gente que não cruzaria tal soleira com as próprias pernas. A bala que matou Kennedy escreveu mais história do que a pena de Lincoln. O caminhão no caminho de Juscelino bloqueou por décadas este país. E agora esse aviãozinho em Santos, descendo em chamas do céu. Ninguém sabe o que seria de Eduardo Campos, se um dia chegaria lá. Também não sei, não sou adivinho. Mas agora sabemos que não chegará.

A

tristeza rivaliza com a perplexidade. Estou acostumado. A origem das tragédias tem uma dupla dimensão, profunda e igualmente humana. Não se trata apenas de sentir a dor. Dela brota a criação. “Minha filosofia: arrancar o homem da aparência, seja o perigo qual for. E nada de medo, mesmo com risco da própria vida!”. Poderia adotar esse lema, mas prefiro não exagerar a importância dos filósofos alemães. Melhor lembrar daquele padre fatalista inglês: “A morte de qualquer homem me diminui, porque estou incluído na humanidade”.

P

or isso, podem contar comigo. Meu nome é trabalho. Fecho caminhos para abrir atalhos. Somente a ingratidão – esta pantera – é a minha companheira inseparável. Nestas eleições, quem representa a mudança sou eu. Mas não peço seu voto. Não preciso. Sempre acabo vencendo. «

«O frio revólver no peito de Getúlio abriu a porta do poder para gente que não cruzaria tal soleira»

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