SALVADOR, DOMINGO, 2/11/2008
|
SALVADOR
9
|
& região metropolitana
MOSTRA ❚ Pela primeira vez na Bahia, IV Encontro Nordeste de Veículos Antigos traz de volta memórias com velhos companheiros
Lembranças do carburador FOTOS | FERNANDO VIVAS | AG. A TARDE
VITOR PAMPLONA vpamplona@grupoatarde.com.br
O motorista aposentado Raimundo Marinho acordou ontem determinado a reencontrar uma página do passado. Reuniu a mulher Maria da Conceição e o filho Rafael e foi até o Campo Grande, onde uma velha conhecida o esperava no meio da praça. Cercada de admiradores, a velha caminhonete Chevrolet Brasil, idêntica à que Raimundo traz na memória, reluzia aos pés Caboclo. “Fui buscar uma dessas na fábrica, em São Bernardo do Campo (SP). Dirigi ela por muito tempo e queria mostrar a meu fiCropped by pdfscissors.com
lho”, diz, aos 69 anos, o ex-funcionário do Departamento Nacional de Estradas e Rodagens. Em torno do carro, outras 185 jóias do passado atraem curiosos e aficcionados à Praça Dois de Julho desde sexta-feira, quando começou o IV Encontro Nordeste de Veículos Antigos. Pela primeira vez na Bahia, a exposição reúne colecionadores de todo o Nordeste, além de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerias. Jorge Cirne, presidente do Veteran Car Club do Brasil na Bahia, que organiza o encontro, não escondia a satisfação. “O número de visitantes está acima das expectativas. Às vezes abrimos
No Campo Grande, os veículos antigos chamam a atenção
mão de programas de família, mas eles respeitam. É a nossa diversão, nossa cachaça”, brinca o expositor e dono de 43 carros. Cachaça mesmo levava Raimundo ao Rio de Janeiro, para presentear colegas de serviço público em viagens para trazer viaturas ao DNER. “Era pinga vagabunda, mas os cariocas achavam uma maravilha”, ri. São lembranças de um tempo em que os carros tinham carburador, como as que traz na memória o médico Luiz Carlos Santos, de Feira de Santana. Seu Ford 1929, comprado há 40 anos, foi todo restaurado com peças originais. É como um filho. "Tenho
por ele grande afeto". Pedir para avaliar o objeto dos cuidados é chover no molhado. “Carro antigo não tem preço de mercado, depende da originalidade, interesse do comprador e do vendedor”, enumera. “E se der R$ 500 mil agora, você vende?”, pergunta um observador. Ao lado do velho companheiro, a resposta do médico é quase do tamanho de um álbum de família. “Esse carro faz parte da minha vida. Cresci nele, casei nele, meus filhos nasceram nele. Você acha que isso vale R$ 500 mil?”. SERVIÇO | A mostra vai até hoje. Das 8h às 17h, no Campo Grande | Grátis