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Paganini - Curta de Animação Tradicional Viviane Vallesin Guimarães Orientador: Silvio Soares Macedo
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Alli Artisti
Agradecimentos À minha família, pelo apoio e por entender que muito do tempo que lhe seria dedicado precisou ser ocupado por este trabalho; 4
aos violinistas Adriana “Didi” Turrin, Paulo Viel, Gleice Ingrid de Oliveira, Tiago Dias e 5 Tim Fain, pela ajuda essencial; aos Fantastiques, pelas críticas; a Silvio Macedo, Carlos Avelino, Fernando Brandão e Laurent Cardon pelos atendimentos e correções; aos amigos, pelas tardes de quarta-feira e discussões informais sobre o trabalho; a Karina Mendonça e Fernanda Sugimoto, pelo apoio nos momentos certos; e a Thiago Vidotto, por todos estes motivos.
Índice
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I - Introdução 7 II - Ideia 9 III - Referências 13 IV - Personagens 15 V - Roteiro 39 VI - Música 48 VII - Animação 50 VIII - Considerações Finais 52 IX - Notas 53 X - Bibliografia 54
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I - Introdução
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m curta-metragem de animação, como qualquer projeto que integre aspectos técnicos e criativos, começa pelo conceito abstrato de ideia; esta ideia depende, então, de pesquisa para embasamento teórico e referências. Este trabalho é sobre uma ideia que superou seu estado subjetivo e conseguiu ser transformada em narrativa. Este projeto abrange, em etapas, esboços para criação de personagens, desenvolvimento de diversas versões de roteiro, músicas e quadros de animação, de modo a mostrar todo um processo invisível aos olhos dos espectadores que, normalmente, tem contato apenas com o resultado final. A meta é que estes espectadores, por meio de uma linguagem acessível a quem não pertença à área de animação, conheçam o modo de produção geral de um curta de animação e as dificuldades específicas desta história e como elas foram solucionadas.
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Acima: Quadro do storyboard digital
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II - Ideia
“Ele sonhou certa noite, em 1713, que havia feito um pacto e que o diabo estava a seu serviço (...); ele imaginou que lhe deu seu violino para
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À direita: “A Morte como Estranguladora - O primeiro surto de cólera em um baile de máscaras em Paris, 1831” (1851) - Alfred Rethel Na página seguinte: “Auto-retrato com a Morte tocando violino” (1872) - Arnold Böcklin
roteiro é o aspecto mais importante de uma animação: ele interliga todos as etapas de produção e, portanto, não pode ser encarado levianamente. Para este trabalho, diversas ideias foram consideradas, analisadas e descartadas, antes mesmo do início do TFG. Era importante que ao menos a ideia estivesse definida para dar início ao trabalho, já que ela acompanharia todo o proceso e seria inviável alterá-la completamente uma vez que as outras etapas de produção houvessem iniciado. Em junho de 2011 tive contato com a gravura “A Morte como Estranguladora - O primeiro surto de cólera em um baile de máscaras em Paris, 1831” (1851), de Alfred Rethel (1816-1859); na obra, a Morte aparece tocando dois ossos como se fossem um violino. Não era a primeira que eu via este tema - também conhecia a pintura de Arnold Böcklin (18271901), “Auto-retrato com a Morte tocando violino” (1872) e, por curiosidade, ainda sem intenções em relação ao roteiro do TFG, resolvi pesquisar a possível ligação que poderia existir entre a Morte e o instrumento. Contudo, encontrei associações do violino com o Demônio, e não com a Morte. Após encontrar lendas medievais que relacionavam o Diabo e o instrumento, finalmente
ver se ele seria capaz de tocá-lo: qual foi seu espanto ao escutar uma sonata tão singular e bela, executada com tanta superioridade e inteligência, como nunca havia sido ouvida (...) ele perdeu o fôlego: acordou com esta sensação violenta; pegou o violino instantaneamente, esperançoso de capturar um pouco do que havia acabado de sentir, mas em vão; a peça que ele compôs é,
em verdade, a melhor que jamais havia feito, e 11 ele ainda a chama de Sonata do Diabo; porém ela estava tão abaixo do que ele havia ouvido, encontrei um fato confiável e datável para a pesquisa: a Sonata para Violino “O Trilo do Diabo” (1713), de Giuseppe Tartini (16921770). Na época, Tartini contou a seu amigo Jérôme Lalande que sonhou com o Diabo, e que o mesmo, ao ser desafiado, tocou-lhe uma melodia ao violino. A história é relatada por Lalande em seu livro “Voyage d’un François en Italie: fait dans les années 1765 & 1766”, no trecho trancrito a seguir:
que ele teria quebrado seu violino e abandonado a música para sempre se ele pudesse passar pelos segundos que ela lhe proporcionou.”
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Cheguei, então, a Niccolo Paganini (1782-1840), violinista virtuose de Gênova, Itália. Descobri que a vida deste foi rodeada por lendas em relação a sua extrema habilidade com o violino: teria feito um pacto com o diabo em troca de seu talento, e um espectador jurou ter visto o demônio ajudando-o a
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tocar. A aparência do músico contribuía para os boatos: suspeita-se que Paganini fosse portador da Síndrome de Marfan, cujos sintomas são tez pálida e macilenta e face encovada. (Esta mesma síndrome pode tê-lo ajudado em sua habilidade com o violino, pois outros de seus sintomas são o alongamento dos dedos e membros e a extrema flexibilidade das juntas). Multidões acompanhavam-no em suas turnês,
tentando tocá-lo, para averiguar se ele era realmente humano. Paganini, de certa maneira, estimulava estes boatos de habilidade sobrenatural apresentando truques em suas turnês, como quando partia disfarçadamente as cordas do violino, uma a uma, e terminava tocando a melodia na restante. Um de seus Caprichos para violino solo, o número 13, foi apelidado posteriormente de “A Risada do Diabo”.
Por fim, cheguei a “Danse Macabre” (1874), de Saint-Säens (1835-1921), arranjo para violino solo, na qual a Morte convida os Mortos para dançar ao som de seu violino. Colocando estes dados em ordem cronológica, obtém-se: 1713: Sonata para violino “O trilo do diabo”, de Giuseppe Tartini; 1782 - 1840: vida de Paganini; 1851: “Morte como Estranguladora”, de Alfred Rethel; 1872: “Auto-retrato com a Morte tocando violino”, de Arnold Böcklin; 1874: “Danse Macabre”, de Saint-Säens; Ou seja, as obras que relacionam a Morte ao violino surgem pouco após o falecimento de Paganini. Acredito que, devido à fama do compositor e aos boatos que circundavam sua carreira, sua imagem esquelética contribuiu para uma mudança no imaginário popular e, então, o violino deixou de ser associado ao demônio e passou a ser relacionado a caveiras e, consequentemente, à Morte. Não busquei fatos, além dos já mencionados, que comprovassem essa teoria; a intenção era apenas aproveitar uma ideia para criar um roteiro original, que se apoiasse em fatos reais e fosse, ao mesmo tempo, uma ficção. No curta, considerei os mitos como base para uma narrativa que, ao invés do Demônio, focasse no relacionamento do Paganini e da Morte e a influência desta na habilidade do músico.
“Apesar da curiosidade de ver-me ter sido há muito satisfeita, apesar de eu ter apresentadome em público mais de trinta vezes, e apesar de meu retrato ter sido publicado em todo estilo e pose, eu não posso deixar meus estabelecimentos sem reunir uma multidão, a qual contenta-se em seguir-me ou acompanhar-me; eles andam ao meu lado, à minha frente, falam comigo em inglês, do qual não entendo uma palavra, me tocam como se para ter certeza de que sou feito de carne e sangue. E isso não se aplica à mera mul-
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tidão, e sim às classes mais elevadas” 2
À direita: “Retrato de Paganini” (1832) Eugène Delacroix Na página anterior: “O Sonho de Tartini” (1868) James Marshall
III - Referências
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Nesta página: À esquerda: “How to Cope with Death” (2002) Canto superior: “The Tale of the Three Brothers” (2010) Acima: “La Dama y la Muerte” (2009) Na página seguinte: “Thought of You” (2010)
or se tratar da história de um compositor reconhecido, optou-se por um curta sem diálogos, no qual a música teria a importância de transmitir as sensações dos personagens e ditar o ritmo das cenas. Uma referência importante neste tipo de interação entre som e imagem são os longas-metragens Fantasia (1940) e Fantasia 2000 (1999) - destes exemplos, foi estudada principalmente a sequência “The Firebird Suite”, devido à dramaticidade da trilha sonora de Stravinsky e aos movimentos fluidos da animação de efeitos. Também foram analisados curtas com a temática da Morte: “La Dama y la Muerte” (2009), de R. J. Gracia, “How to Cope With Death” (2002), de Ignacio Ferreras, e “The Tale of the Three Brothers” (2010), de B. Hibon. “La Dama y la Muerte” aborda o tema de um ponto de vista cômico, não mórbido, e o design da personagem foi uma referência durante a criação da Morte para o TFG 1. “How to Cope with Death”, por outro lado, mostra a Morte como uma ameaça - seu design e sua animação são mais agressivos e ameaçadores, ponto que foi explorado no roteiro e na criação da personagem; outro aspecto importante foi a sincronia da entrada da mesma em cena com a trilha sonora. Por fim, “The Tale of the Three
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Brothers” é um curta do filme “Harry Potter e as Relíquias da Morte - parte 1” - nesta animação, a Morte também é ameaçadora, mas não é interpretada como vilã; além da caracterização da personagem, este curta foi extremamente importante em relação à ambientação: as cenas não se desenvolvem em cenários definidos, e o fundo pardo com as bordas levemente escurecidas passa a impressão de que a ação poderia ocorrer em qualquer lugar e época. Por fim, outro curta utilizado como referência foi “Thought of You” (2010), de Ryan
Woodward. A narrativa deste curta ocorre de maneira simples, com uma câmera fixa e sem cenários, um fundo pardo e uma animação de aparência simples, levemente rabiscada e com muitas transições de efeitos. Apesar do curta de Paganini ter se voltado ao realismo durante a produção, esta foi a maior referência para o processo: optou-se pela ausência de cenário, pelo fundo com textura de papel e pela animação rabiscada.
IV - Personagens Paganini
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Retratos de Paganini - respectivos autores e ano das obras. À esquerda: John Whittle (1836) Acima: Edwin Henry Landseer (1831) Na página seguinte, à esquerda: Albert Newsam (1838) Na página seguinte, à direita: Ingres (1819)
omo ponto de partida para o visual do personagem foram utilizados diversos retratos do compositor. Nas primeiras versões, desenvolvidas durante o primeiro semestre do TFG, foi dada atenção a características marcantes, como os cabelos longos e ondulados, o rosto pálido, a barba densa demarcando as laterais do rosto e o nariz adunco. Para o corpo, manteve-se uma estrutura longilínea. No entanto, apenas no fim do TFG 1 consegui uma biografia do compositor, fator essencial para a criação do personagem. Ela continha descrições detalhadas do físico de Paganini, bem como suas expressões faciais e postura enquanto tocava. A descrição mais marcante sobre Paganini, do biógrafo Schottky, dizia que ele era tão magro quanto seria possível que alguém o fosse3. A concepção do Paganini até então era a de um personagem magro, mas que não se encaixava com essa descrição extrema. Optou-se, então, por refazer o personagem para reforçar as descrições do livro: a silhueta foi alongada e as linhas tornaram-se
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cada vez mais curvas e sinuosas. As linhas das vestimentas e outros detalhes, como botões e fivelas, foram desaparecendo para facilitar a animação até que, por fim, após experimentações com nanquim e bico de pena, tudo foi substituído por um traje completamente negro, sem linhas ou demarcações, de modo que, no modelo final, as únicas partes do personagem com detalhes em linhas são as áreas claras: suas mãos e cabeça.
Após a escolha do modelo final, faz-se os model sheets (páginas com o personagem em vários ângulos e atitudes diferentes) de acordo com a personalidade do personagem para definir a volumetria.
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Na pågina anterior: Estudos baseados em retratos de Paganini grafite Acima e ao lado: Estilizaçþes livres dos desenhos baseados em retratos Estudos para o personagem Paganini grafite
“Paganini é pálido, magro e de média estatura. Apesar de ter apenas 47 anos, sua estrutura magra e a perda de seus dentes fazem seus lábios parecerem contraídos, enquanto seu queixo projeta-se, dando-lhe uma aparência muito mais velha. A grande cabeça em um pescoço longo e esquelético, em conjunto com seus membros magrelos, a princípio dão a impressão de desproporção. A testa grande e larga, seu nariz aquilino
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e muito característicos, sobrancelhas graciosamente arqueadas, uma boca maliciosa, levemente semelhante à de Voltaire, grandes orelhas salientes, Nesta página: Estudos de expressões grafite Na página seguinte, acima: Estudos de roupas do século XVIII e XIX grafite Na página seguinte, abaixo: Model sheet Violino digital
destacadas de sua cabeça, cabelos negros e longos caindo negligentemente sobre seus ombros e contrastantes com sua pele pálida, dão à aparência de Paganini um aspecto extraordinário, e a certo grau testemunho de seu gênio inegável”4
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Paganini foi concebido como um personagem sério, vaidoso, contido em suas ações e com plena consciência da sua habilidade com o violino. Enquanto não está tocando violino,
permanece numa posição ereta e tensa; ao tocar, curva-se e movimenta-se de acordo com o ritmo ditado pela música. De acordo com seus biógrafos, além de tocar o violino, dedicava
seu tempo a mulheres e jogos de azar, aspectos explorados no roteiro.
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Nas páginas anteriores, em sentido horário: Estudo de poses - digital Versão preliminar de Paganini - digital Model sheet Paganini - digital Acima: Redefinição do personagem busca pelas formas básicas de construção grafite, lápis col erase e nanquim
“Construído em linhas longas e sinuosas, um rosto pálido, de aparência forte, um nariz saliente, olhos de águia e cabelos ondulados flutuando em seus ombros, escondendo um pescoço extremamente fino; duas linhas, alguém poderia dizer gravadas em suas bochechas por sua profissão, pois assemelham-se ao f f de um violino ou contrabaixo”5
Nesta página: Redefinição do personagem grafite, lápis col erase e nanquim
“Ele é tão magro quanto é possível que alguém o seja (...) com sua tez pálida, um nariz pontudo e aquilino e longos dedos ossudos. Ele mal parece capaz de suportar o peso de suas roupas e, quando
26 curva-se, seu corpo se con-
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torce tão estranhamente
que alguém poderia temer que a qualquer momento seus pés separar-se-iam do resto do seu corpo, e toda a estrutura cairia subitamente ao chão, um amontoado de ossos”3
À esquerda: Estudo de poses e nova versão do personagem Paganini grafite e nanquim Acima: Esboço de Paganini lápis col erase Página seguinte: Model sheet mãos grafite e lápis col erase
Pรกgina anterior: Model sheet final Paganini digital Nesta pรกgina: Model sheet final Paganini - poses digital
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Morte
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ara que a Morte não fosse considerada a vilã da história, era importante que a sua personalidade ficasse bem definida: ela pode ser, ao mesmo tempo, manipuladora e atenciosa, interesseira e delicada, ameaçadora e calma, sem que estas características sejam encaradas de um ponto de vista maniqueísta. Essa variação de humores é importante para o desenvolvimento da personagem no decorrer da história e deve ser compreendida pelos espectadores apenas pela pantomima, ou seja, atuação sem diálogos Durante o primeiro semestre do TFG, tanto a Morte quanto Paganini tinham em
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À esquerda: Estudo de expressões - digital Acima: Esboço da Morte - grafite Página seguinte, sentido horário: Estudos para crânios - grafite Model sheet foice - digital Estudos de mãos - digital
comum a forma esguia vestida em tons escuros, sendo as áreas claras e detalhadas representadas pelo rosto e mãos. Durante o TFG 1, por receio de transformar a personagem em vilã, acabei desenhando-a com uma aparência “fofa”. Descontente com o resultado, optei por redesenhá-la completamente para obter um visual mais agressivo até que, por fim, devido ao desenvolvimento do roteiro, a Morte foi redesenhada de maneira que ela e Paganini ficaram com a mesma estrutura óssea. Portanto, para o modelo final, os model sheets dos dois personagens foram concebidos
concomitantemente, sempre sobrepondo as imagens até que ficassem o mais parecidos possível.
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Acima: Model sheet - Morte digital À esquerda: Redefinição da personagem grafite e lápis col erase Página seguinte, à esquerda: Relação entre personagens Morte e Paganini grafite, lápis col erase e nanquim Página seguinte, à direita: Esboço da Morte grafite
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À direita: Model sheet expressões - Paganini digital Página seguinte, à esquerda: Model sheet expressões - Morte digital Model sheet final - Foice e Violino digital Próxima página dupla: Model sheet final - Morte digital
“Sim, houve um tempo em que toquei violino, há mesmo retratos meus em que apareço assim” 6
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Personagens secundários
Na página anterior: Concept “oponente jogo” personagem descartado grafite, lápis col erase e nanquim Nesta página: Concept “mulheres” personagens descartadas grafite, lápis col erase e nanquim
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s personagens secundários foram desenvolvidos com base nos fatos da vida de Paganini. Inicialmente concebidos como personagens com personalidade definida, esta proposta foi mudada no decorrer da revisão dos personagens principais. Optou-se, então, pela ideia de que eles fossem realmente genéricos, como se representassem quaisquer pessoas que 38 pudessem ter passado pela vida de Paganini, sem que fosse necessário o desenvolvimento de uma personalidade própria para cada um deles. Durante a revisão do visual da Morte e de Paganini e com a primeira versão do roteiro mais definida, foram desenvolvidos 5 personagens: uma mulher que apareceria no inicio do curta e poderia ser considerada uma criada ou a própria mãe do músico, um adversário de jogo e três meninas que seduziriam Paganini. No entanto, o visual dos mesmos em relação ao Paganini e à Morte não estava uniforme - os estilos eram diferentes e não se encaixavam. Além disso, nem todos eram essenciais ao roteiro e estavam dispostos de maneira frag-
Próxima página dupla: Concept “mulher” personagem descartada grafite, lápis col erase e nanquim
mentada, em cenas sem conexão entre si. Por fim, optei por eliminar a primeira personagem do curta, transformar as mulheres em personagens gerais e transformar o adversário em vários outros, dando a entender que Paganini ficou muito mais tempo jogando do que o que é mostrado no curta. A nova concepção destes personagens não foi desenvolvida em model sheets porque era necessário dedicar tempo a outras etapas da produção e porque o processo de criação/ desenvolvimento de personagens já havia sido bem exemplificado.
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V - Roteiro
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uando o curta começou a ser pensado, só estava definido que seria uma narrativa sobre Paganini e a Morte. O relacionamento entre os dois, as motivações dos mesmos, nada disso estava estipulado. Ao pesquisar sobre a vida de Paganini, coletei alguns fatos que seriam interessantes para a criação da história: quando criança, Paganini foi acometido por sarampo e considerado morto, mas melhorou subitamente. Aprendeu o violino nesta mesma época, e relatos dizem que mal era visto praticando o instrumento quando adulto. Manteve um estilo de vida boêmio, rodeado por mulheres em noites de jogos de azar, nos quais muitas vezes apostou o violino como último recurso. Certa vez, quase perdeu “Il Cannone”, seu violino favorito; arrependeu-se e decidiu nunca mais jogar. As lendas de que teria feito um pacto com o diabo foram o ponto de partida para unir estes pontos da história. A versão inicial, feita para a apresentação da pré banca do TFG 1, foi feita diretamente na forma de storyboard (disposição de quadros chave da história de maneira a explicar a narrativa e enquadramentos de câmera). Apesar de manter, de forma geral, as mesmas ideias da versão final, esta primeira narrativa estava muito fragmentada - as cenas não se
relacionavam umas com as outras e a transição entre as mesmas era confusa; outro problema era o tempo de animação: estava muito longo, ultrapassando os 3:30 minutos (a meta era entre 2 e 2:30 minutos) devido às cenas mal planejadas. O início estava bem construído, mas o ritmo acelerava-se durante o curta e espectadores que não conhecessem nada da história não conseguiam entender como ela terminava ou não mantinham a atenção durante muito tempo. Após uma revisão geral, personagens que estavam com mais destaque do que o necessário foram descartados e os personagens secundários foram concentrados em uma única cena. Resumidamente, nesta primeira versão é apresentada uma mulher chorando por uma criança que jaz em uma cama - esta criança é Paganini, e ele acabou de falecer. A moça cobre o rosto da criança e apaga uma vela para, assim, sair de cena. Neste momento, a música muda e a vela acende sozinha para indicar a chegada da Morte, que está aos pés da cama de Paganini para buscá-lo - no entanto, ela decide mantê-lo vivo e entrega-lhe um violino. Ele cresce aprendendo a tocar e por fim, já adulto, percebe que a Morte não está mais a seu lado. Opta por continuar sua vida tocando, e então encontra três garotas, que decidem seduzi-lo para furtar o violino. Neste momento, a Morte retorna, livra-se das moças, retira o instrumento das mesmas e retorna-o para Paganini que,
resignado, volta a tocar. Na cena seguinte, Paganini está perdendo um jogo e decide apostar o violino - neste momento, a Morte retorna novamente, aniquila o oponente e força Paganini a voltar a tocar. Quando ele nega, ela diz que ele lhe pertence e desaparece, deixando-o sozinho. Então, Paganini, confuso, volta a tocar - neste momento, suas feições mudam, vê-se que é a Morte que toca em seu lugar e o curta termina. Essa versão continha muitos problemas: a primeira personagem tinha muita importância, era a primeira a ser apresentada e não retornava em outros momentos do curta. Não ficava claro porque a Morte havia decidido oferecer o violino a Paganini, e o rela- 41 cionamento de ambos não havia sido bem trabalhado. As cenas possuíam uma divisão muito óbvia: Paganini criança, Paganini tocando, mulheres seduzindo-o, jogo, discussão com a Morte, sem que houvesse uma relação entre elas. Também não era bem explicada a manipulação da Morte para com Paganini. De maneira a entender melhor detalhes da história e o relacionamento dos personagens principais, o storyboard inicial foi descartado e um novo roteiro formulado, desta vez em forma escrita antes do desenho de novos quadros. A reformulação do roteiro foi, então, resolvida em etapas: primeiramente, foi feito um conto narrando a história; dessa maneira,
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abstraiu-se a descrição visual e o foco foi destinado à relação entre a Morte e Paganini. Após ter as motivações e personalidades de ambos bem definidas, o conto foi transformado em Argumento (forma simplificada da história, com ações e conflitos descritos visualmente no presente). Finalmente, com o Argumento aprovado, foi escrito o Roteiro literário de acordo com as normas de formatação - o que permite estipular o tempo do curta: cada página formatada de roteiro tem, aproximadamente, um minuto de imagens. Finalmente, com o roteiro finalizado e os problemas de narração resolvidos, iniciou-se o novo storyboard. Nesta nova versão, Paganini aparece logo no primeiro quadro, uma maneira de 44 deixar clara a importância do personagem para o curta. Ele está sozinho, no chão, de modo que ele poderia estar em qualquer ambiente, de acordo com a imaginação do espectador. A sombra da Morte aproxima-se quando a música muda, e ela retira a alma de Paganini com a foice (para reforçar a ideia da Morte como “ceifadora de almas” e justificar o uso da foice). Então, Paganini a encara, e é nesse momento, como se a ousadia dele a tivesse surpreendido, que ela hesita, retira a foice e conjura o violino. Ele cresce com ela ensinando-o a tocar, ouvindo as sugestões da tutora até que, já adulto, comete um erro e recusa a ajuda. Paganini dá as costas à Morte e recomeça a melodia, concluindo-a com orgulho - então, a Morte sorri e desaparece misteriosamente, abandonando-o.
Contrariado, resolve voltar a tocar, e a cena anterior muda para um palco, no qual Paganini está se apresentando. Ao fim da apresentação ele agradece e recolhe um pequeno saco de moedas; na transição para a cena seguinte, Paganini aposta as moedas deste mesmo pacote em uma mesa de jogos, rodeado por mulheres. Elas brincam com o violino enquanto ele aposta contra diversos adversários. Em um dos jogos, Paganini perde todas as moedas e decide apostar o violino - neste momento, o jogo torna-se favorável para ele e ele vence; assim, Paganini transforma o violino em amuleto e aposta-o consecutivamente, sempre recebendo as moedas de volta. Neste mesmo momento, a Morte retorna e observa o jogo, contrariada. Por fim, perde a paciência com Paganini, aniquila seu oponente e força-o a voltar a tocar. Irritado, ele tenta devolver o violino, mas quando a Morte aceita o instrumento de volta, Paganini vê sua própria alma acompanhando-o. Assustado, ele puxa o violino para si novamente e encara-a assustado, finalmente entendendo no que ter aceitado o violino, ainda criança, implicava. Por fim, decide voltar a tocar - suas feições mudam e a Morte aparece tocando em seu lugar. Apesar de já ter evoluído muito em relação à anterior, esta versão também apresentava falhas. Os ângulos de câmera na primeira cena estavam confusos e aconteciam muitas ações em seguida - não havia tempo para resolver todos os quadros do storyboard de acordo com
a música. Paganini errando, ainda adulto, e a Morte desaparecendo, não era essencial ao enredo. O pacote de moedas no palco não ficaria claro ao espectador, e a Morte aceitar que seu violino fosse apostado diversas vezes antes de resolver reagir também não condizia com a personagem. Finalmente, para a última versão foram corrigidos estes detalhes, o que simplificou a leitura da história sem que fosse necessário desistir dos pontos mais importantes. Cada enquadramento foi escolhido para reforçar a ideia da cena. O processo de correções de roteiro foi o mais complexo do TFG: o cronograma inicial estipulava que o roteiro seria finalizado durante o TFG 1, de modo a reservar o tempo do TFG 2 apenas para a animação e pós produção. Isto não foi possível, pois devido aos constantes esforços para aprimorar a narrativa, esta etapa ocupou o cronograma até a metade do TFG 2, e foi realizada em paralelo com outras etapas do processo. Esta reformulação é comum também em grandes produções, nas quais o roteiro ocupa mais tempo do que todas as fases da produção. Para ilustrar os exemplos destas mudanças neste caderno, foram reduzidos três storyboards de, aproximadamente, 110 para 66 quadros. Mesmo reduzidos, é possível acompanhar as mudanças mencionadas e comparar as diferentes versões.
Após a finalização do storyboard, os quadros são dispostos de acordo com o tempo desejado e com a trilha sonora ou diálogos - o resultado é o animatic, um vídeo que esboça o produto final. O animatic é importante devido à definição dos tempos de cada cena: é preciso que estes sejam suficientes para a leitura da narrativa, porém que não sejam longos demais e a atrasem. É o animatic que define os quadros a serem desenhados na animação; portanto, se as ações não estivessem claras no mesmo, a animação não resolveria os problemas e o resultado final seria desconexo e não prenderia a atenção dos espectadores. 45
Páginas anteriores: leitura da esquerda para a direita Storyboard inicial: versão TFG 1 grafite e digital Próximas páginas: leitura da esquerda para a direita Storyboard revisado TFG 2 digital Storyboard final TFG 2 digital
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VI - Música
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música neste curta era mais importante do que um simples fundo para definir o clima de cada cena. Por não haver diálogos, ela funciona quase como um personagem, servindo de voz para a Morte e Paganini e estipulando o diálogo de ambos, além de suas ações e humores. Como a história trata de Paganini, foram estudadas composições do mesmo mais especificamente os Caprichos 1 a 24 para violino solo. A intenção inicial era de utilizar apenas um dos Caprichos para todo 50 o curta, porém nenhum compreendia a variação de dinâmicas necessárias para a história. Então, optou-se por trechos dos Caprichos de acordo com a dinâmica dos mesmos e qual combinaria melhor com cada cena, dando preferência aos mais curtos, de maneira a não desperdiçar quadros na animação (pois cada segundo de música equivaleria a 24 desenhos). Apesar de vários interprétes de Paganini terem sido analisados, os trechos selecionados foram todos de Itzhak Perlman. Para o primeiro animatic, desenvolvido durante o TFG 1, foram escolhidos trechos dos Caprichos 5, 7, 8, 13 e 24 - porém, as músicas não se conectavam e a imagem dependia delas, ou seja, certas cenas estavam muito longas apenas para que a sincronia com o som fosse alcançada.
Em julho, fui a um ensaio da OCAM (Orquestra de Câmara da Universidade de São Paulo) para desenhar o solista do Concerto para Violino em Ré maior Op. 62 de Beethoven. Uma das dificuldades, na época, era encontrar referências que mostrassem o corpo todo do violinista solista tocando - ou a qualidade das imagens era muito baixa, ou a câmera ficava constantemente focada no rosto e braços dos músicos, sem que fosse possível entender as linhas de ação durante as músicas e a postura do corpo. Então, ao saber do ensaio com o violinista Tim Fain, compareci para fazer esboços rápidos e entender melhor a movimentação de violinistas solistas em geral. No ensaio, ao conversar com Tim Fain, este se ofereceu para gravar a trilha sonora do curta. Isto representou um grande avanço para a história pois, além de não ter problemas com direitos autorais (dos violinistas intérpretes, e não de Paganini, já que sua morte foi há mais de 70 anos) no caso do curta ser divulgado posteriormente em festivais, a música poderia ser adaptada à imagem e não apenas o contrário. A partir de julho, a trilha sonora foi reformulada diversas
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Nesta e na página seguinte: Esboços de Tim Fain durante ensaio da OCAM caneta hidrográfica
vezes, bem como a relação da mesma com os personagens (com timbres diferentes atribuídos a cada um), a clareza da história em geral e o quanto a música poderia adicionar à narrati-
va. Para a versão final, foram utilizados trechos dos caprichos 7 e 24 e o Moto Perpetuo.
VII - Animação
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pós o animatic pronto, pode-se planejar a animação: a animação tradicional é feita em 24 quadros (desenhos) por segundo, em ones (todos os quadros são desenhados separadamente) ou twos (quadros dobrados, ou seja, 12 quadros por segundo). O curta deste projeto resultou em mais de 4000 quadros. A primeira etapa da animação é planejar a cena e, caso necessário, buscar referências visuais e fazer estudos ou thumbnails (peque52
nos desenhos esquemáticos para entender o movimento). Depois, o processo pode ser feito em duas maneiras: uma delas é o método Pose to pose, no qual são feitas poses chaves (keys) em desenhos rápidos, sem se preocupar com a finalização, e sim com a fluidez do movimento e as linhas de ação. Após a definição das keys desenham-se os breakdowns (quadros que indicam como o movimento irá acontecer entre as poses chave). Keys e breakdowns são, então, espaçados de modo a definir o tempo da animação. Com o tempo estipulado no time chart (espécie de gráfico que determina quantos intervalos são necessários entre as keys e breakdowns e define acelerações/desacelerações
ou uniformidade de movimentos), as keys são “limpas” e os personagens são desenhados de acordo com o model sheet, para que o visual de cada um seja mantido durante toda a narrativa. Apenas após todo este processo que os intervalos (inbetweens) são desenhados. Outro método é o Straight Ahead, no qual os quadros são desenhados um em seguida do outro. Pose to pose é técnico, envolve mais planejamento e evita erros, porém os desenhos podem terminar “duros”, sem movimento, enquanto Straight Ahead é livre e espontâneo, mas mais difícil para manter o personagem no model sheet. O ideal é uma mistura dos dois métodos, buscando uma animação fluida e planejada.
Para o produto final do TFG, optei por um formato que mostrasse o processo de criação, processo este muitas vezes desconhecido à maioria dos espectadores. Escolhi cenas para manter no formato storyboard, rascunhadas, com as keys e breakdowns definidos ou com os inbetweens, dando preferência às cenas com maior importância na narrativa para uma maior finalização. Dessa maneira, todo o processo é contemplado em um único vídeo e a narrativa é compreendida da mesma maneira.
Abaixo: Exemplos do processo de animação: na primeira linha, o storyboard; na segunda, o rascunho da animação e, na terceira, os respectivos quadros “limpos” e adequados ao model sheet do personagem digital
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VIII Considerações Finais
A
nimação é, essencialmente, um trabalho em grupo. A concepção de um curta (ou longa) envolve diversas etapas, as quais são raramente desenvolvidas pelas mesmas pessoas: roteiro, arte conceitual, layout, storyboard, animação, música, pósprodução. Desenvolver um curta sozinha foi 54 um grande aprendizado, principalmente devido à produção na maioria destas áreas, algo que, trabalhando em uma grande produção, não aconteceria. No entanto, durante o TFG, senti falta do trabalho em grupo - não pelo fato de que em grupo haveria menos trabalho individual, e sim pelo frescor, por aquela faísca de ideia que, no trabalho individual, apaga-se facilmente. Tentei manter este frescor, sempre fazendo atendimentos e pedindo opiniões não apenas com o orientador Sílvio Macedo, como também com professores, amigos e músicos. Quem está fora do processo enxerga com muito mais facilidade pequenos problemas, ou simplesmente pode apontar uma passagem onde a narrativa não está clara, algo muito mais complicado para quem está no mesmo projeto
todos os dias. Sem essa ajuda, o trabalho teria chegado ao fim completamente diferente - e certamente o produto final teria sido inferior ao alcançado. Fazer uma animação também envolve, além do processo de produção explicado neste caderno, aprender a descartar desenhos. Desenhos que não são necessariamente ruins, mas que não servem para o projeto como um todo. Desenhos que deram trabalho e levaram horas mas que, para prosseguir com o projeto, precisam ser recomeçados praticamente do zero. No processo de criação deste curta, muitos foram descartados - os que mostram melhor o desenvolvimento do trabalho durante o ano foram colocados neste caderno; outros, foram descartados novamente. Para escolher quais seriam os mais adequados, revi todo o processo e me surpreendi com os produtos dos primeiros meses - desenhos que eu achava que estavam bons, mas que precisaram mudar em prol do projeto, na verdade estavam muito piores do que os atuais. Ser capaz de enxergar esta evolução, agora no final do processo, é muito importante. Neste estágio do curta, no qual só faltam trechos de animação e a finalização das cenas na pós-produção, já é possível visualizar algo muito próximo do resultado final. Após a apresentação, farei o restante das cenas e a a pós produção, de maneira a inscrever e divulgar o trabalho em festivais de animação.
IX - Notas 1- Tradução própria do texto: Il revoît une nuit, en 1713, qu’il avoit fait un pacte, & que le diable étoit à son service; tout lui réussissoit à souhait, ses volontés étoient toujours prévenues, & ses desirs toujours surpassés pas les services de son nouveau domestique; enfin il imagina de lui donner son violon pour voir s’il parviendroit encore à lui jouer de beaux airs: mais quel fut son étonnement lorsqu’il entendit une sonate si singulière & si belle, exécutée avec tant de superiorité & intelligence, que jamais il n’avoit rien entendu, ni même conçu qui pût entrer en parallele? Il éprouvoit tant de surprise, de ravissement, de plaisir, qu’il en perdoit la respiration: il fut reveillé par cette violente sensation; il prit à l’instant son violon, espérant de rendre une partie de ce qu’il venoit de sentir, mais ce fut en vain; la pièce qu’il composa pour lors est à la vérité la plus belle qu’il ait jamais faite, & il l’appelle encore la sonate du diable; mais elle étoit si fort au-dessous de ce qu’il avoit entendu, qu’il eût brisé son violon & abandonné pour toujours la musique, s’il eût été en état de se passer des secours qu’elle lui procuroit”, página 294 do livro Voyage d’un François en Italie: fait dans les années 1765 & 1766, de Jérôme Lalande (ver bibliografia). 2- tradução própria do texto: “Although the curiosity to see me had long been satisfied, although I had played in public more than thirty times, and although my portrait has been published in every conceivable style and pose, I cannot leave
my rooms without collecting a crowd, which is content to follow or accompany me; they walk beside me, ahead of me, they speak to me in English, of which I do not understand a word, they touch me as though to make sure that I am flesh and blood. And this does not apply merely to the ordinary crowd, but to the better class of people”, página 43 do livro Nicolo Paganini - A Biography, de J. G. Prod’homme (ver bibliografia). 3- Tradução própria do texto: “‘He is as thin as anyone can possibly be,’ writes his biographer Schottky, before Castil-Blaze; “with this a sallow complexion, a pointed aquiline nose, and long bony fingers. He seems barely able to support the weight of his clothes, and when he bows, his body is so strangely contorted that one fears any moment the feet will part company from the rest of him, and the whole frame fall suddenly to the ground, a heap of bones”, página 15 do livro Nicolo Paganini - A Biography, de J. G. Prod’homme (ver bibliografia). 4- Tradução própria do texto: “Paganini is pale, thin and of middle stature. Although he is only forty-seven, his thin frame and the loss of his teeth make his lips look drawn, while his chin protrudes, giving him a far more aged look. The large head on a long, scrawny neck, together with his lanky limbs, at first gives a impression of disproportion. A high forehead, broad and massive, an aquiline and very characteristic nose, beautifully arched eyebrows, a mobile, malicious mouth, slightly resembling Voltaire’s, large protruding ears, standing well off from the head, long black hair falling carelessly to his shoulders and contrasting with his pale skin, gave Paganini’s appearance an extraordinary cast, and to a
certain degree testified to his undeniable genius”, página 16 do livro Nicolo Paganini - A Biography, de J. G. Prod’homme (ver bibliografia). 5- Tradução própria em cima de descrição de Castil-Blaze: “Built on long sinuous lines, a long, pale face, with strong lineaments, a protruding nose, an eagle eye, and curly hair flowing to his shoulders, hiding an extremely thin neck; two lines, one might say were graven on is cheeks by his profession, for they resembled the f f of a violin or double-bass.”, página 15 do livro Nicolo Paganini - A Biography, de J. G. Prod’homme (ver bibliografia). 5- Fala da personagem Morte no livro “As Intermitências da Morte”, de José Saramago, página 192 (ver bibliografia).
Nota a respeito da dedicatória: “Alli Artisti” - dedicatória de Paganini de seus Caprichos: aos artistas. Apesar do correto em italiano ser “Agli Artisti”, optou-se pela grafia incorreta por ser a original escrita na partitura dos Caprichos.
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SOLOMON, C. The Art and Making of Beauty and the Beast. New York, Disney Editions, 2010. STANCHFIELD, W. Drawn to Life vol. 1. Oxford, Focal Press, 2009. STANCHFIELD, W. Drawn to Life vol. 2. Oxford, Focal Press, 2009. THOMPSON, F. Tim Burton’s The Nightmare Before Christmas. New York, Disney Editions, 2009. WILDE, O. Le Portrait de Dorian Gray. Paris, Librairie Générale Française, 2003.
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Paganini - Curta de animação tradicional Aluna: Viviane Vallesin Guimarães Orientador: Silvio Soares Macedo Composição da banca: Silvio Soares Macedo Myrna Nascimento Wilson Lazaretti (convidado externo) Carlos Avelino (convidado externo) São Paulo, 23 de novembro de 2012.
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