1
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE DESIGN E MODA CURSO DE MODA VIVIAN DE CÁSSIA MAXIMIANO FRANCISCON
Desenvolvimento de produtos com melhor vestibilidade que valorizem a estética e a feminilidade das adolescentes nipo-braisleiras
Cianorte 2011
2
VIVIAN DE CÁSSIA MAXIMIANO FRANCISCON
Desenvolvimento de produtos com melhor vestibilidade que valorizem a estética e a feminilidade das adolescentes nipo-braisleiras
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Moda do Departamento de Design e Moda, Centro de Tecnologia da Universidade Estadual de Maringá, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Moda. Orientadora: Prof.ª Eliane Pinheiro Pinto
Cianorte 2011
3
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho e todo o meu esforço aos meus pais que sempre me apoiaram em minhas decisões e que souberam dizer “não” nos momentos necessários, que priorizaram minha educação e não deixaram a distância afetar a nossa relação de amizade e de muito amor.
4
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: Vitrine de uma loja de souvenir no Bairro da Liberdade em São Paulo, SP, 2011. ...................................................................................................................................................09 FIGURA 2: Escola japonesa em Onda Verde, São Paulo, SP..................................................10 FIGURA 3: Família de D. Rosa Toguchi Arume, em 1920, no Brasil ....................................12 FIGURA 4: Gráfico correspondente à questão refrente à idade ..............................................27 FIGURA 5: Gráfico correspondente ao grau de descendência japonesa .................................27 FIGURA 6: Gráfico correspondente à questão de rejeição pela descendência.........................28 FIGURA 7: Gráfico correspondente à causa da rejeição..........................................................28 FIGURA 8: Gráfico correspondente à aceitação do corpo.......................................................29 FIGURA 9: Gráfico correspondente ao corpo ideal.................................................................29 FIGURA 10: Gráfico correspondente aos fatores que influenciam no momento da compra. ...................................................................................................................................................30 FIGURA 11: Gráfico correspondente à dificuldade em comprar bottoms...............................30 FIGURA 12: Gráfico correspondente à dificuldade em comprar tops.....................................31 FIGURA 13: Ilustração das medidas de 1 a 9...........................................................................33 FIGURA 14: Ilustração das medidas 10, 11 e 12.....................................................................33 FIGURA 15: Ilustração das medidas de 13 a 18......................................................................34 FIGURA 16: Média das medidas obtidas divididas por idade.................................................36 FIGURA 17: Razão entre a Circunferência da Cintura e a Circunferência do Quadril por idade..........................................................................................................................................36 FIGURA 18: Média da amostra total pesquisada.....................................................................37 FIGURA
19:
Tabela
de
medidas
padronizada
pela
ABNT/INMETRO
-
NBR
15800/2009................................................................................................................................37 FIGURA 20: Tabela de Medidas Base para a empresa “Nasci do Quimono”..........................38 FIGURA 21: graduação referente à calça da imagem..............................................................39 FIGURA 22: à direita, calça da Tokyo Fashion........................................................................39 FIGURA 23: graduação referente à calça da imagem..............................................................39 FIGURA 24: à direita, calça da Barbie Sue..............................................................................39 FIGURA 25: graduação referente à calça da imagem..............................................................40 FIGURA 26: à direita, calça da Eventual.................................................................................40 FIGURA 27: Tabela com diferenças encontradas nas medidas nas nipo-brasileiras................41 FIGURA 28: Modificações realizadas no produto top.............................................................42
5
FIGURA 29: Modificações realizadas no produto top ............................................................43 FIGURA 30: Gráfico referente à questão sobre idade .............................................................47 FIGURA 31: Gráfico referente ao número do manequim que utilizam...................................48 FIGURA 32: Gráfico referente à descendência........................................................................48 FIGURA 33: Gráfico referente à ligação com a cultura japonesa............................................49 FIGURA 34: Gráfico referente aos ensinamentos da cultura japonesa....................................49 FIGURA 35: Gráfico referente à pergunta 6 do questionário...................................................50 FIGURA 36: Gráfico referete à pergunta 7 do questionário.....................................................50 FIGURA 37: Gráfico referente à pergunta 8 do questionário...................................................51 FIGURA 38: Gráfico referente à pergunta 9 do questionário..................................................51 FIGURA 39: Gráfico referente à pergunta 10 do questionário.................................................52 FIGURA 40: Gráfico referente à pergunta 11 do questionário.................................................52 FIGURA 41: Gráfico referente à pergunta 12 do questionário.................................................53 FIGURA 42: Gráfico referente à pergunta 13 do questionário.................................................53 FIGURA 43: Gráfico referente à pergunta 14 do questionário.................................................54 FIGURA 44: Gráfico referente à pergunta 15 do questionário.................................................54 FIGURA 45: Gráfico referente à pergunta 16 do questionário.................................................55 FIGURA 46: Gráfico referente à pergunta 17 do questionário.................................................55 FIGURA 47: Gráfico referente à pergunta 18 do questionário.................................................56
6 SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................08 2
A
TRADIÇÃO
CULTURAL
DOS
IMIGRANTES
JAPONESES
E
SUA
OCIDENTALIZAÇÃO NOS DESCENDENTES BRASILEIROS...................................09 3 A CULTURA OCIDENTAL DE BELEZA CORPORAL...............................................14 4 TRANSFORMAÇÕES CORPORAIS FEMININAS OCORRIDAS NA FASE DA PUBERDADE.........................................................................................................................16 4.1 ASPECTOS PSICOLÓGICOS DAS ADOLESCENTES DURANTE E APÓS O DESENVOLVIMENTO CORPORAL ....................................................................................18 4.1.1 Influência da biculturalidade na formação da identidade de adolescentes nipobrasileiras ................................................................................................................................20 5 INTERAÇÃO DO CORPO X VESTUÁRIO ...................................................................21 6.1 ANTROPOMETRIA .........................................................................................................23 7 INTRODUÇÃO À PESQUISA ..........................................................................................25 7.1
METODOLOGIA
ADOTADA
PARA
A
REALIZAÇÃO
DO
ESTUDO
ANTROPOMÉTRICO .............................................................................................................25 8 IMPLEMENTAÇÃO DA PESQUISA .............................................................................26 9 TABELA DE MEDIDAS ...................................................................................................32 10 RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................................41 11 CONCLUSÃO ...................................................................................................................44 12 PERFIL DA EMPRESA....................................................................................................45 12.1 RAZÃO SOCIAL DA EMPRESA...................................................................................45 12.2 PORTE DA EMPRESA ...................................................................................................45 12.3 PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO........................................................................45 12.4 TIPO DE COMERCIALIZAÇÃO....................................................................................45 12.5 LOGOMARCA.................................................................................................................46 12.6 IDENTIDADE DA MARCA............................................................................................46 13 PESQUISA DE PÚBLICO-ALVO...................................................................................47 13.1 MODELO DE QUESTIONÁRIO (APÊNDICE)............................................................47 13.2 TABULAÇÃO DA PESQUISA.......................................................................................47 13.3 PERFIL DO PÚBLICO-ALVO........................................................................................56 13.4 TENDÊNCIAS DE COMPORTAMENTO......................................................................57 13.5 PRANCHA ICONOGRÁFICA DO PÚBLICO-ALVO...................................................59
7
14. PERFIL DO PRODUTO..................................................................................................61 14.1 DEFINIÇÃO DO SEGMENTO WEAR...........................................................................61 14.2 CONCEITO DO PRODUTO............................................................................................61 14.3 LINHA DE PRODUTOS, EXTENSÃO DE LINHA DE PRODUTOS E MIX DE PRODUTOS...........................................................................................................61 14.4 CONCORRENTES...........................................................................................................62 15 PESQUISA DE TENDÊNCIA..........................................................................................63 15.1 TENDÊNCIAS ATUAIS DE MODA ADOTADAS PARA A COLEÇÃO....................63 15.2 ADOÇÃO DE REFERÊNCIA..........................................................................................63 15.3 NOME DA COLEÇÃO....................................................................................................64 15.4 CONCEITO DA COLEÇÃO ...........................................................................................64 15.5 PRANCHA ICONOGRÁFICA DA COLEÇÃO..............................................................65 15.6 CARTELA DE CORES....................................................................................................67 15.7 CARTELA DE COORDENAÇÃO DE CORES ...........................................................69 15.8 CARTELA DE MATERIAIS ..........................................................................................71 15.9 COLEÇÃO .......................................................................................................................73 15.19 SEQUÊNCIA DE DESFILE ........................................................................................135 REFERÊNCIAS....................................................................................................................137 APÊNDICES..........................................................................................................................140
8
1 INTRODUÇÃO
Os laços de amizade entre o Brasil e o Japão, tiveram início em 1908 e formaram uma nova sociedade bicultural, a nipo-brasileira. A cultura foi ocidentalizada ao longo dos anos, mas também ocorreu a preservação da tradição e principalmente a inserção das influências recebidas do Japão atual. Geloneze e Yamanaka (2008) afirmam que o Brasil seja o berço da maior comunidade japonesa fora do Japão, contando com aproximadamente um milhão e quinhentos mil descendentes nipônicos. Para todo imigrante que se insira em outra sociedade, Phinney (2004) explica que ocorre a biculturalidade, baseada na dúvida sobre a verdadeira etnicidade. No caso das adolescentes nipo-brasileiras, essa questão se agrava juntamente com os inúmeros questionamentos que tendem a surgir na fase da adolescência. As transformações ocorrentes na fase da adolescência, englobando os aspectos físicos e psíquicos. O vestuário pode ser considerado um instrumento que reflete uma imagem desejada pelo usuário, e pode transmitir a personalidade, a descendência e os valores. Por isso acreditase que o vestuário que proporcione boa vestibilidade além de conter identidade nipobrasileira, seja essencial para a formação de identidade e aceitação do próprio corpo no caso das adolescentes nikkeys. Antropometricamente tem-se a diferença entre o corpo oriental e o ocidental conforme Panero e Zelnik (2002), resultando em uma dificuldade das adolescentes nikkeys em encontrar boa vestibilidade e conforto em grifes nacionais. Através da pesquisa realizada a partir de um questionário, a maior insatisfação se concentra nos bottoms, com ênfase no cumprimento da perna e no quadril, e nos tops, com relação ao busto e ao ombro. Baseado nesses fatores de diferenciação cultural e corporal o projeto tem como objetivo desenvolver uma tabela de medidas a partir do estudo corpóreo em adolescentes nikkeis de segunda ou terceira geração com o intuito de valorizar a estética e a feminilidade de seus atributos corporais através de produtos com melhor vestibilidade.
9
2
A
TRADIÇÃO
CULTURAL
DOS
IMIGRANTES
JAPONESES
E
SUA
OCIDENTALIZAÇÃO NOS DESCENDENTES BRASILEIROS.
Segundo Kawamura (2008), ao longo dos 100 anos de inserção dos japoneses na sociedade brasileira, não ocorreu somente uma ocidentalização dos valores, mas, também, a preservação e recuperação da tradição e principalmente a miscigenação das influências recebidas do atual Japão. Isso pode ser notado simplesmente na Figura 1 que mostra a vitrine de uma loja de souvenir no bairro da Liberdade, na cidade de São Paulo, onde os tradicionais enfeites e talismãs japoneses estão ao lado dos mimos ilustrados com personagens da atualidade.
Figura 1: Vitrine de uma loja de souvenir no Bairro da Liberdade em São Paulo, SP, 2011.
10
A ocidentalização dos costumes dessa nova geração de nipo-brasileiros, para Kawamura (2008), indica que a organização familiar mudou, a vida cotidiana e a educação dos filhos sofreram mudanças. Alguns costumes provenientes do Japão juntamente com o navio Kasato Maru em 1908, foram preservados e unidos com as influências recebidas pelos Dekasseguis ao sair do Brasil, por volta dos anos 80, para trabalhar no Japão. Um artigo de Sobral apud Ninomiya (2008) publicado no Correio Paulistano em 1908, conta que além de bem vestidos, organizados, disciplinados e higiênicos, os japoneses que ali chegavam tinham um alto nível de alfabetização quando comparados com os demais imigrantes da Europa e do Oriente Médio. Mais de 80% deles sabiam ler e escrever em japonês. Isso se explica, pelo fato de que após a Reforma Meiji, em 1868, os japoneses eram obrigados por Lei a fazerem com que as crianças freqüentassem escolas, o sistema era democrático, crianças de todos os níveis sociais podiam frequentá-las, sendo filho de lavradores ou comerciantes (NINOMIYA, 2008). Dando continuidade a esse costume, Handa (1987) relata que depois de instalados em terras brasileiras, os japoneses logo se preocuparam em construir escolas de Língua Japonesa e de Aritmética para a educação de seus filhos, antes mesmo de terem uma associação para encontros sociais e comunitários.
Figura 2: Escola japonesa em Onda Verde, São Paulo, SP Fonte: NINOMIYA, 2008.
Após 25 anos da chegada dos imigrantes, Ninomiya (2008) menciona o ingresso dos primeiros japoneses e seus descendentes nas escolas superiores brasileiras por serem reservados e centrados nos estudos. A tradição de priorizar os estudos fez com que as vagas
11
das melhores universidades fossem ocupadas pelos nikkeys1. Na Universidade de Direito de São Paulo, de 1936 a 2008, 1500 nipo-brasileiros se formaram, e na Universidade de São Paulo (USP), 1300 nikkeys colaram grau no curso de medicina no período de 1939 a 2008. (NINOMIYA, 2008) O hábito alimentar dos japoneses não se concentrava somente no arroz, uma saída que eles encontraram foi de adaptar os ingredientes da cozinha brasileira para o paladar oriental, então Handa (1987) conta que apesar de usar o fubá, a farinha de mandioca, o feijão, e até mesmo a carne-seca e o bacalhau, eles preparavam tudo à moda japonesa, fazendo surgir pratos insólitos. Muitos desses pratos deixaram de existir ao longo do tempo, pois os japoneses começaram a plantar e cultivar alguns ingredientes básicos para suas refeições e com o passar dos anos, a culinária japonesa foi ganhando espaço na mesa dos brasileiros também. Como os japoneses lutavam para manter a tradição e os costumes a fim de voltar um dia ao seu país de origem, os miais, casamentos arranjados pelas famílias, aconteceram até por volta dos anos 70. Já havia ocorrido com freqüência antes de embarcarem para o Brasil para que atendessem às exigências dos protocolos de imigração, e continuou no Brasil por conveniência, para que tivessem uma melhor convivência com seus semelhantes ou até mesmo para se livrarem dos “desconhecidos”. Também foi cultivada a primazia do primogênito e a obrigação dos mais novos de cuidarem e dar amparo aos idosos, isso pode explicar o fato de, os avôs por muitas vezes morarem com os filhos mesmo depois que estes venham a se casar. As atividades religiosas e esportivas, as comemorações festivas do tradicional Japão, também eram praticadas nas colônias (CARDOSO apud KAWAMURA, 2008).
1
Denominação em língua japonesa para os descendentes de japoneses nascidos fora do Japão.
12
Figura 3: Família de D. Rosa Toguchi Arume, em 1920, no Brasil. Fonte: PAGANELLI, 2008
Em contrapartida as novas tendências japonesas também atingiram o Brasil após o fenômeno dekassegui, onde os filhos dos imigrantes viajam para o Japão em busca de trabalho e voltam ao Brasil com influências das novas culturas.
Se, no passado, houve uma visão homogênia da vida e cultura dos nipobrasileiros, hoje paira a diversidade e a complexidade cultural, com casamentos interétnicos, significativa presença de “mestiços”, participação em uma variedade de religiões e em diversas áreas de atividades na sociedade. (KAWAMURA, 2008)
Kawamura (2008) observa que por um lado a diversidade social e a complexidade cultural dos nipo-brasileiros são reforçadas pelas trocas de experiências proeminentes do vaie-vem dos migrantes na rota Brasil-Japão; por outro, a cultura tradicional dos imigrantes japoneses ainda permeia no Brasil, no comportamento, na conduta, nos valores e sentimentos nipo-brasileiros. O fato de o Japão ter se tornado uma das maiores potências tecnológicas do mundo, deu aos seus descendentes, uma grande influência positiva na sua imagem. Houve uma demanda maior para aprenderem o idioma, as artes, os esportes, os eventos festivos e, como
13
cita Kawamura (2008), principalmente, “o mundo imaginário transmitido pela mídia e pelos produtos tecnológicos japoneses”. Essa atração pela nova cultura causou em outros grupos, que não fosse os nikkeys, uma curiosidade e interesse dos mais variados nessas novidades, proliferando a diversidade da sociedade, e aumentando a integração dos nikkeys com outros grupos sociais. Prova disso são os blogs e sites brasileiros com informações de moda, comportamento e cultura pop japonesa. A presença dos desenhos animados japoneses, os chamados Animês, é muito forte na internet e na televisão, por conseqüência disso, há uma grande procura por esses desenhos assim como por Mangás, que são as histórias em quadrinhos no estilo nipônico. Além de assistirem às animações, muitos adolescentes se identificam com os personagens e dão vida a eles com a prática do Cosplay. No site “Cosplay Brasil” pode-se perceber a grande aceitação da população brasileira por essa prática, que além de promoverem inúmeros eventos durante o ano reunindo os cosplayers, há também um compartilhamento de experiências vividas dentro do “Universo Cosplay”. Muitos blogs femininos também fazem referências aos estilos desfilados nas ruas de Harajuku, bairro japonês ícone da moda. O estilo mais seguido pelas blogueiras pesquisada foi o Gyaru, o que mais se aproxima do ocidental. As meninas são no geral bronzeadas artificialmente, com cabelos castanhos ou loiros, que se vestem exuberantemente sensuais. Os cabelos são sempre volumosos, compridos e cacheados, as unhas muito compridas e bem adornadas com pinturas diferentes, geralmente usam saia curta e decotes profundos. É o estilo perfeito para garotas extremamente consumistas, que estão ligadas a tudo que está na moda. Muitas delas fazem uso de lentes de contato que aumentam o globo ocular, conhecidas por Circle Lenses, além de desejarem muito os produtos cosméticos japoneses. Após a análise de sites e blogs brasileiros de cultura japonesa, ficou evidente que as fontes de informações das quais as nipo-brasileiras têm acesso é muito rica de conteúdo e o contato com a nova cultura japonesa é de fácil acesso. Porém, ocorre uma releitura para ocidentalização dessa cultura pop, rica em detalhes e com toque lúdico e fantasioso.
14
3 A CULTURA OCIDENTAL DE BELEZA CORPORAL
Cada cultura e cada época têm uma maneira de definir sua beleza corporal, como afirma Queiroz e Otta (2000), assim também as partes que lhes chamam mais atenção e que são dados os atributos negativos ou positivos. Em um rápido estudo da silhueta de cada época é possível perceber essa teoria. Conforme a linha do tempo de Garrini (2007), no Renascimento as mulheres precisavam ter saúde, o corpo era robusto, logo após o espartilho deixava a cintura fina e delicada. Com a libertação dos espartilhos o corpo mais reto era sinal de emancipação para as mulheres que foram conquistando seu espaço e para impor igualdade os ombros ficaram mais largos. As modelos de passarelas foram surgindo e o corpo foi emagrecendo, os ossos ficaram à mostra, uma beleza fragilizada. Com a banalização do corpo desnudo, as publicidades que utilizam dos corpos femininos para vender, entre outros fatores, fixam no imaginário que o corpo ideal hoje é voluptuoso. Essas modificações corporais que foram acontecendo paralelamente com o desenvolvimento do mundo são resumidamente explicadas por Queiroz e Otta (2000) quando dizem que “o corpo é de fato apropriado e adestrado pela cultura”, ele vai se alterando conforme os ideais coletivamente estabelecidos. O corpo é fonte de símbolos e expressões cujos significados são alterados de tempos em tempos, por isso pode-se dizer que o corpo simboliza a sociedade, os perigos e os poderes relacionados à estrutura social. O Brasil, país mundialmente conhecido pelo carnaval, possui um ideal de beleza muito sensual, dotado de curvas e quem não as possui, recorrem a métodos cirúrgicos a fim de atender os ideais de beleza. Uma reportagem publicada na revista “Veja” assinada por Zakabi, (2002) mostrou que as cirurgias plásticas de ocidentalização, como são conhecidas, dobraram após a década de 90. São aproximadamente 14.000 pessoas por ano que resolvem colocar próteses de silicone nos seios, nas nádegas, na panturrilha ou que afinam o nariz e aumentam a abertura dos olhos com uma plástica nas pálpebras, devido à insatisfação com o corpo. Sabrá (2008) tenta explicar essa grande preocupação com a estética corporal da nação brasileira através dos estudos da antropóloga Mirian Goldenberg na qual destaca que em um país, onde o investimento nas áreas da educação e cultura é baixo, o corpo revela-se um componente fundamental para a formação de identidade nacional, e a importância dada a ele é muito maior.
15
Embora haja diversas culturas e consequentemente vários ideais de beleza, Queiroz e Otta (2000) explicam o ideal universal através das expressões psicobiológicas da beleza facial e corporal. As características faciais mais agradáveis são as que remetem à face infantil, como olhos grandes e redondos, nariz pequeno, testa ampla, bochechas salientes e queixo retraído. Tais formatos sugerem inocência, espontaneidade e vulnerabilidade. Os autores citam o exemplo da apresentadora de programas Xuxa, que ao começar a carreira na televisão recorreu às intervenções cirúrgicas para diminuição do nariz a fim de que sua figura parecesse mais amigável. Fazendo uma conexão com a moda estética do Japão observada em revistas japonesas de moda teen como a Vivi e a Nonnô, entende-se a febre do uso de lentes de contato que aumentam o globo ocular, dando a impressão de que seus olhos estão mais abertos e redondos, além de usarem também cílios postiços e maquiagens que ajudam a aumentar os olhos e também afinar o nariz. Além das revistas também foi observado nos blogs já citados neste trabalho o uso destes recursos por nipo-brasileiras. Já para a beleza corporal, Queiroz e Otta (2000) adotam a silhueta “mulher tanajura” como sendo o ideal mundial. No entanto são alguns grupos étnicos que apresentam o acúmulo maior de gordura na região do glúteo e do fêmur, que não é o caso da etnia nipônica. Além do relato das próprias adolescentes questionadas ainda pode-se adotar a razão RCQ (razão entre a medida da circunferência da cintura e do quadril) para comprovar a diferença corporal entre essas etnias. O RCQ das mulheres brasileiras varia entre 0,67 a 0,80, já o corpo nipobrasileiro possui uma média de 0,85 de RCQ. Na atualidade, um fator decisivo para a idealização do corpo desejável é a mídia. Ela possui um poder de influência muito grande, e massifica o desejo efêmero, no qual nunca satisfaz a pessoa atingida. A moda, a estética, os cosméticos milagrosos, cirurgias plásticas de correção de imperfeições, são bombardeados pela mídia para todo tipo de público (GARRINI, 2007). A mídia reforça a participação do corpo tanto nas propagandas de fármacos e aperfeiçoamento da forma corporal, já citado acima, como também, identificando qualidades corporais como caminho para o sucesso social. Com a figura do “corpo midiático”, as pessoas trocam a vida sentimental pela vida física, ou seja, não se procura mais um bem-estar sentimental, mas sim o bem-estar sensorial. A conseqüência dessa troca é o fenômeno do consumismo, pois o “sujeito sensorial, para reter prazer físico, devora os objetos dóceis, os que estão à mão, ou melhor, ‘sempre ao corpo’”(VILLAÇA, 2007).
16
Para conseguir atingir o ideal de beleza feminino, o vestuário pode ser um grande aliado da mulher, tendo a função de mostrar, esconder, alongar ou diminuir o que ela acha necessário. Na fase da adolescência, é muito comum o descontentamento com o corpo, como vimos anteriormente, para isso este estudo tem a finalidade de auxiliar as nikkeys, através do vestuário, atingir uma melhor satisfação com o próprio corpo.
4 TRANSFORMAÇÕES CORPORAIS FEMININAS OCORRIDAS NA FASE DA PUBERDADE
A adolescência é a fase em que ocorre o amadurecimento para a vida adulta. Mas como sustenta Becker (2003), esta fase só adquiriu relevância social no século XX, pois se tornou objeto de investigação científica. Deste modo, foi associada a uma época de transição, entre a dependência de ser criança e a independência da fase adulta, ou seja, é “um período de transição, que como tal envolve reconstruções do passado e elaborações de projetos futuros” (BECKER,2003). Esta etapa da vida que prepara o corpo da menina para a reprodução, pode ser dividida em duas fases. Primeiramente a Puberdade, na qual consiste nas mudanças biológicas do corpo terminando com a menarca, primeira menstruação. E a Adolescência que é definida como “o conteúdo social, psíquico, imaginário e simbólico” (CHABY, 1997). Conforme Sprinthall e Collins (2003), o cérebro é responsável a dar o start para que diversos hormônios comecem a transformação do corpo até então infantil para a capacidade de reprodução. Ainda não se provou quais são os fatores que levam o hipotálamo, uma pequena região do cérebro, a produzir as substâncias que induzem a hipófise, “glândula central” que controla as outras glândulas do organismo, a enviar hormônios ativando o amadurecimento do ser humano. A média é que dos 8 aos 12 anos (para meninas) ocorra o surto do crescimento ,que é, paralelamente ao aparecimento do “botão” do seio (que será abordado mais a frente), um dos indícios do início da puberdade. No surto do crescimento, ocorrem mudanças estruturais nos ossos e nos músculos. O corpo cresce nas extremidades, os braços e as pernas ficam mais longos, há um aumento exacerbado na altura (SPRINTHALL; COLLINS 2003). Essas mudanças são importantes para o desenvolvimento deste projeto, já que as medidas corporais sofrem uma brusca alteração nessa fase.
17
Do início do surto do crescimento à menarca, a menina cresce em média 8,4 centímetros por ano e após esse acontecimento, que se dá em média dos 13 aos 15 anos, ela pode crescer de 4 a 13 centímetros dentro de dois anos após o início das menstruações, pois para Chaby (1997), com a chegada da primeira menstruação ocorre uma diminuição na média de crescimento por causa dos hormônios liberados durante os ciclos ovulatórios que provocam a maturação óssea, seguida da fusão das cartilagens com os ossos resultando na parada do crescimento. Já as mudanças sexuais são divididas entre as características sexuais primárias e secundárias. Para Sprinthall e Collins (2003) apresentam-se como características sexuais primárias as mudanças nos órgãos reprodutores, que não são aparentes, como aumento do útero e da vagina, maturação do ovário e trompa de Falópios e preparação dos tecidos epiteliais para a produção de pêlos na região do púbis (pequena almofada de gordura situada acima do clitóris). As características sexuais secundárias são mais nítidas e são as que causam maior perturbação nos adolescentes em geral, tendo portanto, uma importância maior para esse projeto. Partindo do estudo de Chaby (1997), o surgimento do “botão mamário” (primeira forma da glândula mamária) corresponde ao início da puberdade para as meninas, e causa muita ansiedade, pois além de ser sinônimo da feminilidade ele desempenha um papel atrativo, estético, erótico antes mesmo de ser lembrado como fonte de alimento para um filho. Além de todas as mudanças biológicas que cercam essa fase transitória, a menina ainda se preocupa vaidosamente com o formato do seu corpo, pois, partindo de Sprinthall e Collins (2003), ele passa a acumular gorduras em lugares específicos, como nas ancas, nas regiões da pélvis, na parte superior das costas, no peito e na parte superior e inferior dos braços, características que levam o corpo feminino a ser mais arredondado. Porém a reação de cada indivíduo está muito ligada à cultura em que vive. Cada cultura tem uma expectativa diferente quando se refere às mudanças corporais da puberdade. Como nossa sociedade enfatiza o desenvolvimento físico, as respostas dos indivíduos com relação à puberdade influenciam na auto-imagem, na auto-estima, e na identidade sexual desse adolescente. Mesmo com a grande variedade de corpos, Sprinthall e Collins (2003) categorizam o tipo e o tamanho dos corpos em endomorfos, que são relativamente atarracados ou pesados; os mesomorfos, que têm proporções ideais – quadris delgados e ombros largos, nos homens, e uma figura totalmente bem modelada, nas mulheres; e os ectomorfos, que são magros e geralmente altos.
18
O estudo feito por Cortes e Gatti apud Sprinthall e Collins (2003), com alunos de uma escola revela que os adolescentes criam estereótipos psicológicos a partir do formato do corpo condizentes com os estereótipos citados acima. Os ectomorfos eram titulados pelos seus colegas como tímidos, os endomorfos como desagradáveis e os mesomorfos eram destemidos e com maior número de amigos. Os autores ainda completam que “na sociedade ocidental, de uma maneira geral, um homem de anca esguia e ombros largos e uma mulher com uma figura esbelta representam os ideais culturais de atração física”. Porém, o formato do corpo e a altura, que são transformações que correspondem à adolescência, estão ligados à genética. Dependendo da raça dos descendentes, o adolescente já possui um biotipo pré-moldado. Por conseqüência disso, será realizado esse estudo do corpo voltado às características nipobrasileiras. Contudo, partindo desses conceitos biológicos que cercam a adolescência, o indivíduo que vive essa transformação passa por muitas modificações psíquicas também, pois obviamente um “novo corpo” exige uma “nova cabeça” e começam então as perturbações psicológicas da adolescência. (SPRINTHALL E COLLINS, 2003).
4.1 ASPECTOS PSICOLÓGICOS DAS ADOLESCENTES DURANTE E APÓS O DESENVOLVIMENTO CORPORAL
A transformação corporal na puberdade se resume em uma cadeia de hormônios que capacitam um corpo para a reprodução. Mas como afirmam Sprinthall e Collins (2003) “são poucos os dados que comprovam que essas transformações hormonais são totalmente responsáveis pelos efeitos psicológicos da puberdade”, o que afeta psicologicamente esses adolescentes são as mudanças das normas de comportamento que precisam seguir agora que não são mais crianças, as mudanças físicas e o significado destas para os próprios adolescentes, para os adultos e para os colegas à sua volta. Além de tudo, há a busca da identidade para se tornar um adulto, que para Chaby (1997) significa o reconhecimento interno e íntimo unido ao reconhecimento exterior, que fará com que os outros a reconheçam pelo que ela representa. Becker (2003) destaca o fato de que os pensamentos também mudam. Os estímulos ambientais reagem de formas diferentes em crianças e adolescentes. Para Piaget apud Becker
19
(2003) quando se é adolescente, adquire-se a capacidade de raciocinar o abstrato, ou seja, de formular hipóteses, de engenhar possibilidades. Contudo, essa fase é onde a pessoa contraria, abstrai, assimila, critica e pensa a respeito de si mesmo e do mundo a sua volta. Por conseqüência da grande importância dada na sociedade a essas transformações, muitos ajustamentos psicológicos que os indivíduos precisam fazer na segunda década da vida estão ligados à algum trauma ou tensão vivido na fase da puberdade. (SPRINTHALL E COLLINS, 2003).
É nesse mundo em crise e mutação, onde novos valores convivem com valores arcaicos e ultrapassados, é nesse mundo confuso e contraditório que o adolescente de hoje deve achar a sua identidade e seu papel. Convenhamos que não é das tarefas mais fáceis. Ainda mais quando é ele próprio o veículo principal destas transformações. (BECKER, 2003)
Tudo é novo para este corpo que está em transformação, e diante disso são variadas as reações do indivíduo que a vive. E para Chaby (1997) o adolescente vai experimentar o mundo e, através dessa experiência, ele irá reformulá-lo à sua maneira para que encontre a si próprio. Para que isso aconteça muitas vezes ele entrará em crise com a família, com a escola e com os amigos. Segundo Becker (2003), o adolescente alterna o estado de depressão com a agressividade e a intolerância, e uma das explicações dadas a esse fato são os “lutos” do adolescente. Primeiramente o luto pela identidade infantil: ele perde os privilégios de criança e teme a responsabilidade de ser adulto. Em segundo, o luto pelo corpo já conhecido desde criança: as transformações corporais são incontroláveis e o jovem precisa reconhecer o seu novo corpo. Em terceiro, o luto pelos pais que tinham quando eram crianças: é a perda da proteção e do apoio dos pais em todo momento, já que agora se tornará independente da permissão de um responsável. Para o desenvolvimento deste projeto se revelam essenciais os dois primeiros lutos, pois abordam a identidade, que pode ser alterada pela “biculturalidade” como será mostrado abaixo e a preocupação com a imagem deste novo corpo. O primeiro luto também é conhecido como a “crise de identidade” e surge por conseqüência dos conflitos de valores e identificações dos adolescentes. Acarreta muitas vezes a angústia e a dificuldade em se relacionar (BECKER, 2003). A teoria mais famosa sobre a “crise de identidade” é de Erik Erikson que conforme Sprinthall e Collins (2003) tem sido referido como “o homem que deu à adolescência uma crise de indentidade”.
20
Esta teoria consiste na forma como o indivíduo se vê e o modo com que os outros o veem, pois o conceito que ele tem do seu “eu” é a base para a personalidade adulta. Se este conceito do “eu” estiver bem embasado, resultará em uma sólida identidade pessoal, caso contrário, acontecerá o que Erikson denomina de “difusão de indentidade”. À este estado pode-se relacionar a sensação de alienação pessoal que impedirá a identificação de estabilidade pessoal, nesse caso, a adolescente se perde no sentido de passado e futuro.
4.1.1 Influência da biculturalidade na formação da identidade de adolescentes nipobrasileiras
Para entender a construção da identidade das nipo-brasileiras na adolescência, pode se partir da comparação entre a teoria de Erikson já citada com a teoria de Phinney (2004) que aborda a formação de identidade dos imigrantes e de seus filhos de uma forma geral, podendo ser empregada nesse caso de imigração japonesa uma vez que a diferença entre as culturas é muito grande. Phinney (2004) explica como é difícil a biculturalidade, pois para uma adolescente conhecer a si própria, ela precisa estar inserida e pertencer a um grupo. Mas Ishimori (2005) acredita que no Brasil, um país com culturas e costumes tão divergentes do Japão, e mesmo as características físicas, dificultam a inserção das nipo-brasileiras em um grupo. Ocorre então a biculturalidade citada acima, onde a adolescente não sabe se é brasileira ou japonesa. A teoria de Phinney (2004) ajuda na compreensão desta biculturalidade, pois divide a identidade dos imigrantes em nacional e étnica. Uma vez que a identidade nacional pode ser mudada com o tempo, e vai amadurecendo a partir do desenvolvimento de lealdade com o país em que se vive. A identidade étnica é irreversível, caracterizada pela identidade do seu país natal. A fase da adolescência é marcada pela não compreensão de sua etnicidade. Porém o conflito dessas identidades não acaba nessa fase, ele se transforma constantemente ao decorrer da vida, ou seja, a identidade étnica e nacional sempre estarão em conflito. A ocorrência de rejeição por parte das adolescentes para com o grupo dominante ou do seu próprio grupo étnico nessa fase é absolutamente normal. A conclusão que Ishimori (2005) expõe para que a finalização desse processo de crise de identidade entre as nipo-brasileiras ocorra em ordem, é que elas procurem conhecimentos sobre o seu grupo étnico, formando
21
assim uma ideia segura e confiável sobre sua identidade étnica. Seguras de suas influências ancestrais elas conseguirão se inserir em um grupo e construir assim sua identidade nacional. Com base nos fatos citados acima não resta dúvidas de que a construção de uma identidade sólida é muito mais árdua para uma adolescente nikkey quando comparada a uma jovem legitimamente brasileira. Partindo para o segundo luto, que se refere à perda do corpo conhecido, é entendido por Chaby (1997), como sendo a etapa em que a adolescente experimenta uma sensação angustiante de que seu corpo é agora um corpo estranho e desconhecido, além de ser também sexuado. Ocorre então uma preocupação constante entre as meninas adolescente com a aparência e as características físicas do seu corpo. Como já foi citado no tópico acima, os adolescentes atribuem estereótipos físicos para determinar suas personalidades através da aparência. Outra percepção que Sprinthall e Collins (2003) tiveram ao fazer um estudo com meninas do sexto e sétimo ano de uma escola, é que elas possuem uma visão distorcida sobre a sua própria silhueta. Devido à idealização de que o peso ideal seria no nível ou abaixo da média, elas sentiam sempre que estavam acima da média e nunca satisfeitas. Não se constou nenhum nível patológico nas meninas examinadas, entretanto, a visão distorcida do corpo acaba resultando em distúrbios alimentares como a anorexia e a bulimia. A partir dos fatos apresentados, pode-se concluir que os aspectos psicológicos nessa fase estão diretamente ligados com a imagem que o adolescente faz de seu corpo. Essa preocupação com a aparência está aumentando cada vez mais e o descontentamento com o aspecto corporal parte da influência midiática, e da valorização de um corpo perfeito.
5 INTERAÇÃO DO CORPO X VESTUÁRIO
O corpo, para Villaça (2007), usa da roupa como um escudo, uma carapaça que o protege do mundo. Essa camada protetora faz a comunicação, “vela e desvela, simula e dissimula”. Entre o corpo e a veste há aderência, toque e sensações que serão descritas no decorrer deste tópico. A moda é uma tecnologia pensada muitas vezes como máscara que oculta a verdadeira face do corpo. O fato de se vestir, tornou-se uma forma de construir um novo aspecto para apresentação do “self incorporado”. (VILLAÇA,2007)
22
Além de refletir uma imagem almejada, sob a visão de Miranda (2008), é possível observar que a moda também tem a função de atrair, proteger, adornar, denotar importância social, definir papeis sociais, expor status econômico, ser símbolo político, indicador de magia ou religião e enfim ser um marcador social. Todas essas ações são projetadas pela indumentária através dos signos que a roupa possui. Outra relação que Sirgy apud Miranda (2008) faz entre o produto e o consumidor é o status da marca que ele carrega. O autor cita a teoria da autocongruência, onde os consumidores procuram marcas com um autoconceito consistente, ou seja, eles procuram na autoconsciência da marca a projeção de sua auto-imagem. Sendo essa uma importante observação para este trabalho que procura atingir um público carente de marcas que sejam congruentes às suas características de personalidade. Por isso, no momento da compra são assimilados vários fatores ao produto para que finalmente possa obtê-lo, como cita Barthes apud Villaça (2007)
Pode-se esperar do vestuário que ele constitua um excelente objeto poético. Primeiramente, porque ele mobiliza com muita variedade todas as qualidades da matéria – substância, forma, cor, tactilidade, movimento, apresentação, luminosidade, e depois porque, em contato com o corpo e funcionando ao mesmo tempo como seu substituto e sua cobertura, é ele, certamente, objeto de um investimento muito importante.
A superfície também tem grande importância na relação corpo/vestuário, pois se trata do plano que cobrirá o corpo, que irá descrever o que ela contém através da temperatura, da textura, da cor, da forma e do desenho. Em se tratando de superfícies têxteis, uma vez que entram em contato com o corpo, provocam variadas sensações e modifica a fisionomia corporal e este por sua vez, dá vida à superfície têxtil, através das dobras, das concavidades, das depressões, das articulações e do movimento corporal. (SALTZMAN, 2007) Assim como a superfície do tecido é repleta de significados, seja através das cores, das estampas ou da textura, Saltzman (2007) também discorre sobre a construção da roupa que configura a silhueta desejada. As linhas construtivas criam efeitos de percepção, podendo dar mais volume, alinhar, desalinhar, alongar e diminuir o que contém. Para Fischer (2009), a silhueta de uma vestimenta é a característica que causará a primeira impressão ao consumidor, pois o formato é identificado antes mesmo de perceber a textura, a qualidade e outros detalhes. Assim, a partir da escolha da silhueta, serão selecionados alguns recursos estilísticos e de modelagem para que o resultado seja
23
satisfatório. A autora cita o exemplo das ombreiras, que realçam os ombros e dão a impressão de uma cintura mais fina e quadril mais estreito. Para compreender a verdadeira função da silhueta que compõe a vestimenta, Saltzman (2007) menciona a duplicidade que ela possui, sendo a parte externa apresentada como o novo contorno do corpo que a veste, e a parte interior como o espaço que contém a si mesmo. O aspecto interior é importante pelo fato de que a veste irá comprimir, pressionar, pesar, raspar ou acariciar, condicionando o modo de andar, de agir e de se comportar com o que circunda. E o aspecto exterior poderá insinuar, esconder e alterar o que está cobrindo. De modo geral, sob o julgamento de Saltzman (2007), o vestuário reflete as condições da vida cotidiana, imprime seu comportamento em diversas circunstâncias e atua sobre o usuário. E esses conceitos serão usados neste trabalho para elaboração das peças, que serão construídas de tal forma que as adolescentes nikkeys exteriorizem sua cultura sem deixar de ser brasileiras.
6 ANTROPOMETRIA
A antropometria segundo Panero e Zelnik (2002), é a ciência que estuda a fundo as medidas do corpo a fim de estabelecer as diferenças dos indivíduos de cada grupo. Os primeiros registros históricos sobre a antropometria física datam de 1273 a 1295, após as viagens de Marcos Polo que ao observar indivíduos, detectou diversas raças que detinham dimensões corporais diferentes. Apesar de Marco Polo ter dado início ao estudo antropométrico, foi a partir do século XIX que esse estudo foi aprofundado, pois havia a necessidade de distinguir as raças através dos aspectos físicos do corpo. A partir dessas descobertas, o estudo das medidas do corpo humano se tornou uma ciência. (SANTOS, 2009) A roupa é diretamente ligada à antropometria, pois a modelagem do vestuário só terá boa vestibilidade se tiver fundamentado nas medidas do corpo. Conforme Santos (2009), o alfaiate francês H. Gugliemo Compaing foi pioneiro ao utilizar esta ciência em seu trabalho. Ele desenvolveu um quadro comparativo entre a idade e a medida do corpo humano, uma vez que foi possível fazer a relação da graduação de cada parte do corpo com a idade, desde o nascimento até a velhice. Para Iida, apud Santos (2009), as medidas antropométricas se dividem em estáticas e dinâmicas. As medidas estáticas se referem ao corpo parado, ou com mínimo movimento, e
24
são obtidas a partir de pontos anatômicos, facilmente detectados. As dinâmicas medem o alcance máximo de um movimento, mantendo as outras partes do corpo estáticas. Para este estudo serão retiradas as medidas estáticas com o propósito de usá-las para a construção da modelagem do vestuário. Ao realizar um estudo antropométrico é necessário fazer algumas subdivisões, escolhendo grupos semelhantes entre si. Tais grupos são divididos por idade, raça, gênero e fatores socioeconômicos. Cada grupo étnico possui diferentes medidas corporais e a comparação entre raças que Panero e Zelnik (2002) fazem é a partir da estatura mediana de cada país. Dentre os dados existentes, são apresentados os do Japão, que está diretamente ligado a essa pesquisa, e do Canadá, já que foi o único país ocidental pesquisado. O Japão apresenta uma estatura média de 166,9 centímetros, ficando um pouco mais de 10 centímetros abaixo do Canadá que possui 177,4 centímetros. Outro fator que influencia muito nas medidas é a idade, pois o corpo está em constante transformação, e a faixa etária utilizada para esta pesquisa corresponde à fase de maior crescimento corporal e transformação, como já foi mostrado em tópicos anteriores. Cada medida depende ainda do gênero em questão, uma vez que os meninos normalmente são 0,6 cm mais compridos e 0,2 Kg mais pesados ao nascerem, como cita Santos (2009), além de outras diversas diferenças que vão aparecendo no decorrer da idade. O fator socioeconômico também contribui para a divergência das dimensões, pois a alimentação propõe um maior ou menor crescimento do indivíduo. Para Panero e Zelnik (2002) o status econômico é uma forma de diferenciar níveis de educação, e através dos seus estudos, puderam comprovar que a estatura e os níveis escolares crescem proporcionalmente, ou seja, as pessoas que tinham maiores níveis de escolaridade eram mais altos que os indivíduos que não possuíam estudo, sendo estes pertencentes à mesma raça. O Brasil não possui uma tabela de medidas padronizada, por isso é comum a utilização das tabelas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) ou da ISO (International Stardartization Organization). Mesmo assim, ocorrem divergências quanto às nomenclaturas da medida e a forma de medição manual. Consequentemente, cada empresa adota a sua própria tabela de medidas, fato que acaba dificultando no momento da compra, pois o mesmo tamanho de marcas diferentes possuem medidas diferentes. O fato das empresas estudarem as medidas do público-alvo é comum desde a década de 60, conforme Dinis e Vasconcelos (2009), foi quando as tabelas de medidas começaram a ser elaboradas.
25
7 INTRODUÇÃO À PESQUISA
No que se refere ao padrão corporal das jovens nipo-brasileiras com suas formas orientais, ainda que modificadas pela miscigenação não se mostram arredondadas e sinuosas como as formas das brasileiras, com suas misturas de raças, observa-se que aconstrução de uma tabela de medidas que contemple a forma do corpo dessas jovens de modo a valorizar seus atributos corporais possa contribuir para a confecção de produtos de moda para este público consumidor. Para tanto, faz-se necessária a realização de pesquisa de campo para a coleta de dados das medidas corporais das adolescentes nipo-brasileiras.
7.1
METODOLOGIA
ADOTADA
PARA
A
REALIZAÇÃO
DO
ESTUDO
ANTROPOMÉTRICO
A metodologia adotada para este projeto foi a pesquisa descritiva com abordagens de campo específica, este tipo de pesquisa foi necessário para obtenção de informações e medições corporais. O estudo foi dividido em duas etapas. A primeira corresponde à aplicação de um questionário a fim de descobrir as dificuldades encontradas pelas nikkeys ao se vestir assim como a satisfação quanto seus atributos corporais. A segunda etapa do estudo é composta pela aplicação de outro questionário, com a finalidade de obter as características de comportamento e preferências do público-alvo, e coleta das medidas corporal das entrevistadas. As áreas de estudo selecionadas foram escolas particulares de ensino fundamental e médio nos estados de São Paulo e Paraná. A primeira etapa foi realizada no colégio Objetivo Vergueiro de São Paulo (SP) e a segunda etapa ocorreu em três colégios: o Colégio Drumond de Cianorte (PR), o Colégio Camões e o Colégio OAPEC de Santa Cruz do Rio Pardo (SP) A amostragem total para a primeira etapa da pesquisa foi de 23 garotas, e para a segunda etapa, 34 garotas, sendo 11 alunas do Colégio Drumond, 13 alunas do Colégio Camões e 10 alunas do Colégio OAPEC.
26
Para a coleta das medidas utilizou-se fita métrica e lápis dermográfico para marcação dos pontos anatômicos do corpo que serviram como referência de localização das medidas, uma vez que a medição foi mecânica. As adolescentes foram medidas em local fechado, com o corpo estático e semi-vestido. As medições ocorreram nos períodos matutino e vespertino, correspondendo ao intervalo entre as aulas dos colégios.
8 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Na primeira etapa realizou-se a aplicação de um questionário com o objetivo de descobrir as dificuldades das adolescentes nikkeys em se vestir, e a satisfação delas quanto seus atributos corporais. Para atingir o objetivo, o questionário possui perguntas que analisam a real ligação das adolescentes com o Japão, decodificando assim sua morfologia, seu biotipo. Ainda aborda questões psicológicas, de como elas se sentem por ter um corpo fisicamente diferente dos demais (quando se trata de uma nipo-brasileira vivendo no Brasil), e questões contendo as possíveis dificuldades que elas encontram ao vestir uma peça de roupa legitimamente brasileira. Aplicou-se o questionário em uma amostra de 23 nikkeys do Colégio Objetivo Vergueiro que fica próximo do maior bairro japonês do Brasil, o bairro da Liberdade, na cidade de São Paulo.
27
Qual a sua idade? 34
35
29
Porcentagem (%)
30
13 anos 14 anos
25 20
15 anos
16
16 anos
13
15
17 anos 10 5
6
18 anos
2
0 Figura 4: Gráfico correspondente à questão refrente à idade.
Aas adolescentes correspondem à faixa etária de 13 a 17 anos, porém, 63% estão com 16 ou 17 anos.
Qual o seu grau de parentesco com o último membro de sua família que veio do Japão? Porcentagem (%)
79 80
meu pai veio do Japão
60
meu avô veio do Japão
40
meu bisavô veio do Japão
20
8
11 2
outro
0 Figura 5: Gráfico correspondente ao grau de descendência japonesa.
Quanto à sua descendência, percebemos que a grande maioria é da terceira geração, ou seja, os avôs vieram do Japão. A pequena porcentagem referente à resposta “Outro” corresponde às adolescentes que nasceram no Japão.
28
Você já se sentiu rejeitada por ser nipo-brasileira? 74 Porcentagem (%)
80 60
Sim Não
26
40 20 0
Figura 6: Gráfico correspondente à questão de rejeição pela descendência.
Nota-se que 26% das adolescentes já se sentiram rejeitadas por serem nipodescendentes, sendo um possível argumento para o afastamento de sua descendência.
Se sim, qual foi o fator decisivo para essa rejeição? diferenças culturais Porcentagem (%)
80
67 diferenças físicas (faciais)
60 40 20
33
diferenças físicas (corporais) 0
0
Outro
0 Figura 7: Gráfico correspondente à causa da rejeição.
Elas apontaram como principal causa para a rejeição a diferença cultural, ficando em segundo lugar a diferença de aspecto físico facial.
29
Qual parte do seu corpo te incomoda mais? 47
Porcentagem (%)
50
Meus olhos
40 34
40
Minha altura 29
Meus seios
30
Meu rosto 20
Meu bumbum
10 5
10
Outro
0 Figura 8: Gráfico correspondente à aceitação do corpo.
Para entender qual o aspecto que mais as deixam desconfortáveis com relação ao corpo, foi feita a pergunta acima, que também auxilia na criação das peças. O quadril, por exemplo, é um fator que causa muito incômodo para 47% das entrevistadas e a altura para 34% delas.
Qual seria o corpo ideal para você? 68
Porcentagem (%)
70 60
Corpo “violão”, sensual
50
Magrinha com curvas
40 30 20 10
Sarado, musculoso
24 8 0
corpo de modelo, magérrima
0 Figura 9: Gráfico correspondente ao corpo ideal.
Observando estas respostas, também pode-se perceber que o desejo das meninas dessa faixa etária é ter um corpo magro e com curvas
30
Ao escolher uma roupa você leva em conta:
Porcentagem (%)
o conforto
92
100
o preço
80
o modelo
60 39
31
40
34 se ela ficou bem no seu corpo
20
0
Outro
0 Figura 10: Gráfico correspondente aos fatores que influenciam no momento da compra.
As nikkeys estão à procura de peças que fiquem bem no corpo delas, deixando o conforto, o preço e o modelo da roupa em segundo plano.
Qual a sua maior dificuldade ao comprar uma calça? 40
36
a cintura fica larga
35 Porcentagem (%)
as pernas são muito compridas
39
29
30
a cintura fica apertada
25 20 15
18
18
fica sobrando na perna
10
8
10 5
2
0
2
fica justa na perna 0
fica sobrando no quadril
0 Figura 11: Gráfico correspondente à dificuldade em comprar bottoms.
Com relação à modelagem das roupas nacionais, as críticas são maiores quando se diz respeito aos bottoms, pois o corpo brasileiro possui um volume maior no quadril, e para elas, esse é o principal problema. Em segundo lugar as pernas das calças ficam muito compridas, pois a estatura média das nikkeys é menor, consequentemente onde era pra ficar o joelho nas
31
calças fica o começo da canela, deixando sobras nas pernas. Detectou-se também um problema com a cintura, que fica larga.
Qual a sua maior dificuldade ao comprar uma blusa? sobram nos seios
58
60
ficam muito compridas
Porcentagem (%)
50
ficam muito curtas
40 30
ficam justas nos ombros
23
19
15
20 10
2
0
0
ficam largas na cintura 0
ficam justas na cintura
0 Figura 12: Gráfico correspondente à dificuldade em comprar tops.
Para os tops, mais da metade das garotas questionadas não tem dificuldade em encontrar um que se ajuste ao corpo, mas ainda se observa uma porcentagem que está insatisfeita pois sobram nos seios, e apertam nos ombros e na cintura. Foi possível concluir que as adolescentes nipo-brasileiras em questão são na maioria da 3ª geração, há um baixo índice de rejeição por diferenças culturais, uma vez que ainda são ligadas à cultura dos seus descendentes. A questão corporal é bastante incômoda, em se tratando de quadril e altura, e elas idealizam o corpo ideal como sendo magro, porém com curvas. No fator vestuário, verificou-se uma maior dificuldade em encontrar bottom com boa vestibilidade, sendo o comprimento das pernas e a largura do quadril as maiores causas dessa desaprovação. A maioria dos tops tiveram uma boa vestibilidade, deixando a desejar um pouco na largura dos ombros e no tamanho dos seios.
32
9 TABELA DE MEDIDAS
A segunda etapa da pesquisa é composta pela aplicação do questionário e a coleta das medidas corporais. Os resultados do questionário serão abordados no capítulo correspondente ao perfil de público-alvo, enquanto as medidas foram coletadas, tabuladas e estudadas conforme algumas regras de medição do corpo humano que Sabrá, Santos e Dinis (2008) apontam como importantes: Para compor uma metodologia de medição antropométrica é necessário estabelecer alguns pontos, como: 1) quais e quantas medidas são mais relevantes para o objetivo final – neste caso, a produção de artigos de vestuário; 2) como serão tiradas estas medidas, ou seja, qual o melhor procedimento para a tomada confiável de medidas de uma pessoa, incluindo a seleção de instrumentos de medição; 3) em quais condições as pessoas serão medidas, ou seja, horário, local, tipo de vestuário, tempo, entre outros; 4) quantas pessoas precisam ser medidas para estabelecer um banco de dados significativo; e 5) quais perguntas complementares, em formato de questionário, poderão ser feitas para um enquadramento das pessoas através de segmentos.
Para a escolha das medidas, foram considerados os dados colhidos na primeira etapa, onde as adolescentes destacaram as maiores dificuldades encontradas na compra de uma peça de roupa. As reclamações acerca dos tops foram: ficam justos nos ombros, ficam justos na cintura e ficam grandes nos seios. Por conta desses resultados foram colhidas as medidas de: 1. Circunferência do tórax 2. Circunferência do busto 3. Circunferência da cintura 4. Altura do busto 5. Separação do busto 6. Largura do busto entre axilas 7. Largura das costas entre axilas 8. Medida das costas (ombro a ombro) 9. Altura das costas
33
Figura 13: Ilustração das medidas de 1 a 9.
Considerando também os estudos feitos sobre o desenvolvimento do corpo na fase escolhida, onde foi detectado um crescimento maior dos membros (braços e pernas) em relação ao tronco, serão medidos: 10. Comprimento do ombro ao cotovelo 11. Comprimento do ombro ao pulso 12. Largura mínima do punho
Figura 14: Ilustração das medidas 10, 11 e 12.
34
Os dados colhidos com relação aos bottons, a partir do questionário, revelaram que as calças ficam justas na cintura, justas na perna, grandes no quadril e muito compridas. Portanto foram escolhidas as medidas: 13. Circunferência do quadril 14. Altura da cintura ao quadril 15. Altura da cintura ao joelho 16. Altura da cintura ao chão 17. Circunferência da coxa média 18. Altura do gancho
Figura 15: Ilustração das medidas de 13 a 18.
35
Essas medidas compõem a tabela de medidas resultante do projeto, a qual auxilia na precisão da modelagem, que possibilitará boa vestibilidade às adolescentes nikkeys. Entretanto, a tabela de medidas também pode ser pesquisada junto a órgãos responsáveis pela normalização de medidas da população de um determinado país, como a ABNT, e a ISO. (RADICETTI, 1999) Após a medição de 35 adolescentes com idades entre 13 e 17 anos, os dados obtidos foram divididos por idade e depois tabuladas as médias de cada medida (Tabela 2). A comparação feita por idade das médias obtidas levam a crer que o corpo está se transformando, e consequentemente, a garota de 13 anos tem a relação tórax e busto muito parecida, onde o busto é ainda menor que o tórax, pois os seios ainda não se desenvolveram. Com o passar da idade, as medidas foram se igualando e com 17 anos o busto se torna maior que o tórax. Outra relação que se pode fazer é entre a circunferência da cintura e do quadril (RCQ), ilustrada na Tabela 3. Os números obtidos variaram entre 0,72 e 0,75, porém, essa diferença não é tão significativa, o que demonstra o pouco crescimento do quadril em relação à cintura, ou seja, a ausência da formação de uma cintura acentuada, já que é nessa fase que o corpo começa a acumular gordura nessas áreas. As medidas de altura do busto e separação do busto pouco oscilaram. Houve um crescimento considerável da medida da Largura das costas entre as axilas, que com a fase da adolescência tende a acumular gordura. Essa medida se iguala à medida da largura do busto entre as axilas nos 16 anos, sendo inferior após os 17 anos. A medida das costas ombro a ombro e a altura das costas aumentaram cerca de 2,5 centímetros. O comprimento do braço, seja até o cotovelo ou ao punho e a largura mínima do punho não se alteraram no decorrer das idades. Assim como as alturas referentes ao quadril, ao joelho e ao tornozelo que pouco mudaram nessa fase, essas inalterações podem ser explicadas pelo fato de que o crescimento é estagnado após a menarca ocorrida entre os 13 ou 14 anos.
36 MEDIDAS TÓRAX BUSTO CINTURA QUADRIL COXA MÉDIA ALT. BUSTO SEP. BUSTO LARG. BUSTO LARG. COSTAS MEDIDA COSTAS ALT. COSTAS OMBRO AO COT. OMBRO AO PUNHO PUNHO ALT. QUADRIL ALT. JOELHO ALT. TORNOZELO ALT. GANCHO
13 ANOS 14 ANOS 15 ANOS 16 ANOS 17 ANOS 78 79,5 80,5 81 80,5 77,5 80,5 81 81 82 65,5 64 63,5 67,5 68 86,5 88 87,5 90 92 47 47,5 48,5 46 49 20,5 20 20,5 20 21 15,5 16 17 17 16,5 40,5 42 42,5 40,5 43 36 39 38 40,5 39 33,5 35 33 36 36 34,5 35,5 34,5 35 36,5 33,5 33 31,5 32,5 33,5 56,5 55,5 54,4 55 56 19 20 19 20 20 22,5 23,5 23 24 23,5 55,5 55,5 55 55 58 92,5 93 90,5 90 93 25,5 26 25 26 27,5
Figura 16: Média das medidas obtidas divididas por idade.
RCQ
13 anos 14 anos 15 anos 16 anos 17 anos 0,75 0,72 0,72 0,75 0,73
Figura 17: Razão entre a Circunferência da Cintura e a Circunferência do Quadril por idade.
Após a comparação de cada medida por idade, obteve-se a média total, onde foi usada a medida de toda a amostra da pesquisa. Essas médias constam na Tabela 4 e a partir desta foi feita a comparação com a tabela da norma NBR 15800/2009 (Tabela 5) que contém as medidas padronizadas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas e Técnicas) e o INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia) para utilização na confecção do vestuário feminino. Nesta tabela, foram utilizadas as medidas do tamanho 36 para fazer a comparação, uma vez que ficou mais próxima da média.
37 MÉDIA FINAL TÓRAX BUSTO CINTURA QUADRIL COXA MÉDIA ALT. BUSTO SEP. BUSTO LARG. BUSTO LARG. COSTAS MEDIDA COSTAS ALT. COSTAS OMBRO AO COT. OMBRO AO PUNHO PUNHO ALT. QUADRIL ALT. JOELHO ALT. TORNOZELO ALT. GANCHO
80 80,5 65,5 89 47,5 20,5 16,5 41,5 38,5 34,5 35 33 55,5 19,5 23,5 56 92 26
Figura 18: Média da amostra total pesquisada
Figura 19: Tabela de medidas padronizada pela ABNT/INMETRO - NBR 15800/2009. Fonte: <http://www.moldesmodelitus.com.br/Tabela%20de%20Medidas%20do%20Corpo%20Humano.html>
O que se pode perceber a partir dessas duas tabelas, foi que as medidas que se referem ao busto das adolescentes pesquisadas são menores, tanto na circunferência como na altura e que elas apresentam um volume maior na região das costas, onde a diferença foi significativa, de 4,5 centímetros. As circunferências do quadril e da cintura são pouco divergentes, a maior
38
diferença se apresentou na altura do quadril, onde a diferença foi de 3,5 centímetros. A partir deste fato conclui-se que a parte superior do corpo, compreendida como o tronco, é maior tanto na altura, do ombro ao quadril, como na largura, de ombro a ombro. A partir das devidas comparações, foi estabelecido que a modelagem final deste projeto será produzida a partir da Tabela de Medidas Base para a empresa “Nasci do Quimono” que segue abaixo com a graduação para a grade do tamanho 32 ao 38. Essa tabela foi adquirida através da Figura 19, onde obteve-se a média final das medidas, considerada como tamanho 36, e a partir dele foram calculados os demais.
TABELA DE MEDIDAS Nasci do Quimono MEDIDAS TÓRAX BUSTO CINTURA QUADRIL COXA MÉDIA ALTURA DO BUSTO SEPARAÇÃO DO BUSTO LARG. BUSTO ENTRE AXILAS LARG. COSTAS ENTRE AXILAS MEDIDA COSTAS ENTRE OMBROS ALTURA COSTAS OMBRO AO COTOVELO OMBRO AO PUNHO PUNHO ALTURA QUADRIL ALTURA JOELHO ALTURA TORNOZELO ALTURA GANCHO
32 72 76,5 57,5 85 42,5 19,5 15,5 39,5 32,5 32,5 35 32 54,5 19 23,5 56 92 25
34 76 78,5 61,5 87 45,5 20 16 40,5 35,5 33,5 35 32,5 55 19,25 23,5 56 92 25,5
36 80 80,5 65,5 89 47,5 20,5 16,5 41,5 38,5 34,5 35 33 55,5 19,5 23,5 56 92 26
38 84 82,5 69,5 91 49,5 21 17 42,5 41,5 35,5 35 33,5 56 19,75 23,5 56 92 26,5
Figura 20: Tabela de Medidas Base para a empresa “Nasci do Quimono”.
Uma vez que no Brasil a tabela padronizada apresentada acima não é de uso obrigatório das confecções de vestuário, foi feita também a comparação das medidas usadas para a modelagem de uma calça jeans brasileira, da marca Eventual, confeccionada em Cianorte no Paraná e de duas calças disponíveis em um site de vendas yesstyle.com, da marca Tokyo Fashion, produzida em Taiwan, e da marca Barbie Sue, confeccionada na Coréia do Sul. É importante lembrar que o biótipo da raça humana existente na Coréia do Sul e em Taiwan é o mesmo do Japão e essas marcas são vendidas também nesse país.
39
Cada tabela de graduação corresponde às medidas da peça ilustrada ao lado. O modelo selecionado para comparação foi o de calça skinny, já que ele é mais aderente ao corpo e define a silhueta de quem a veste. Aparentemente as calças têm a mesma vestibilidade, já que as japonesas estão vestindo peças confeccionadas para o seu biótipo e a brasileira faz o mesmo.
Graduação - calça skinny Tokyo Fashion TAMANHO S M L XL COMP. TOTAL 92 92 92 92 CINTURA 75 79 83 89 COXA 53 55 59 61 BAINHA 13 14 15 16 GANCHO DIANTEIRO 24 24 24 24 GANCHO TRASEIRO 31,5 31,5 31,5 31,5 Figura 21: graduação referente à calça da imagem Figura 22: à direita, calça da Tokyo Fashion. Fonte (Figura 22): <http://www.yesstyle.com/en/tokyo-fashion-elasticwaist-rhinestone-jeans-black-xl/info.html/pid.1024509547>
Graduação - calça skinny Barbie Sue TAMANHO 25 26 27 CINTURA 71 74 77 QUADRIL 80 82 84 GANCHO 16 17 18 COXA 44 46 48 BAINHA 24 26 28 COMPRIM. TOTAL 92,5 93,5 94,5
28 80 86 19 50 30 95,5
Figura 23: graduação referente à calça da imagem Figura 24: à direita, calça da Barbie Sue. Fonte (Figura 24): < http://www.yesstyle.com/en/barbie-sue-skinnyjeans/info.html/pid.1024503556
40
Graduação - Calça skinny Eventual Jeans TAMANHO 34 36 40 CINTURA 70 72 74 QUADRIL 87 89 91 GANCHO FRENTE 16 16,5 17 GANCHO TRASEIRO 31,5 32 32,5 ENTREPERNA 82 82 82 COXA À 2,5CM 50 51 52 MEIO COXA 41 42 43 JOELHO À 33CM 35,4 36,2 37 BOCA 14 14,5 15
42 76 93 18 33,5 82 53,2 44,2 37,8 15,5
Figura 25: graduação referente à calça da imagem Figura 26: à direita, calça da Eventual. Fonte (Figura 26): < http://www.eventualjeans.com.br/inv11/>
Fazendo uma análise das medidas dos tamanhos que mais se aproximaram, que foram o S da Tokyo Fashion, o 25 da Barbie Sue e o 34 da Eventual Jeans, é perceptível que as marcas Eventual e Barbie Sue apresentaram maiores semelhanças entre as medidas de cintura e gancho do que a Tokyo Fashion, porém o que é bem interessante ressaltar, é que apesar de terem algumas medidas semelhantes o quadril está significantemente 7 centímetros menor na marca confeccionada na Coréia do Sul. Outra diferença contrastante é no comprimento total da peça, que, apesar de não existir na Tabela da Eventual, podemos chegar a uma medida aproximada do comprimento total se fizermos a soma das medidas de entrepernas e gancho dianteiro. Após a soma dessas medidas no tamanho 34, chegamos a um resultado no comprimento total de 98 centímetros, sendo que nas marcas estrangeiras o essa medida é de 92 e 92,5 centímetros. Essa diferença no comprimento da perna, quando uma nipo-brasileira veste uma calça brasileira, acarreta ao deslocamento do joelho, que acaba ficando na canela, ocorrendo assim um desencontro da modelagem e da anatomia do corpo, perdendo o conforto e a vestibilidade que a peça poderia proporcionar. Houve também uma diferença grande entre a medida da cintura da calça Tokyo Fashion para a cintura da calça Eventual, assim como a altura do gancho dianteiro. Esta
41
diferença está ligada ao que já foi citado a cima com relação ao tronco das nipo-brasileiras, que são maiores quando comparados ao corpo da tabela padronizada brasileira. A medida da coxa é difícil de ser comparada já que não existe uma altura padrão para efetuar a medição, sendo que no início da coxa (próximo ao gancho) a medida tende a ser maior quando é retirada na coxa média (situada no meio entre o quadril e ojoelho). Como forma de organizar as conclusões obtidas através da pesquisa e das comparações feitas acima, a Tabela 8 resume as mudanças nas medidas da modelagem que serão empregadas neste produto.
Modificações para vestuário de adolescentes nipo-brasileiras TOP
BOTTOM
Tórax: mantém aproximadamente a medida Cintura e quadril: essa linha não é tão do busto.
curvada.
Altura do busto: menor que a média.
Quadril: é menor que a média.
Busto: menor que a média.
Gancho: maior que a média: não sofrem alterações na graduação.
Cintura: menos acentuada.
Comprimento: menor que a média, não sofre alterações na graduação.
Costas: é maior na largura dos ombros Comprimento: maior que o normal e não varia na graduação. Figura 27: Tabela com diferenças encontradas nas medidas nas nipo-brasileiras.
Após tabelar as divergências de medidas encontradas nas tabelas que foram comparadas acima, foi feito um estudo de recursos estilísticos que podem, ajudar no conforto e melhorar o aspecto visual, deixando-as mais ocidentalizadas.
10 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Montemezzo (2003) discorre que no setor do vestuário, sempre haverá um consumidor com características físicas, fisiológicas, psíquicas e sociais a serem consideradas no projeto de desenvolvimento e estas, certamente influenciarão na formação das qualidades técnicas,
42
ergonômicas e estéticas do produto final. Para isso, foram estudados o contexto social em que as nikkeys estão inseridas como também seus atributos corporais. Todo o estudo resulta em um produto final que terá como principal função dar conforto e melhorar a vestibilidade da peça. Além de conter elementos simbólicos, que de acordo com Montemezzo & Santos apud Montemezzo (2003), são fundamentais no processo de comunicação com o usuário final. Estes símbolos carregarão um pouco de sua cultura, sem deixar a peça estereotipada, a intenção é que elas se sintam atraídas por essas peças, tendo uma ligação afetiva. A relação ergonômica do produto com o corpo também é muito importante para o desenvolvimento deste produto. Conforme Montemezzo (2003) os produtos eficazes, além de terem um poder comunicativo, estabelecem outras vinculações de satisfação com o usuário, tendo em vista que os produtos de vestuário estarão interferindo o tempo todo no seu bemestar. Com base neste conceito, foram desenvolvidas duas novas tabelas a partir da Figura 28 do tópico anterior, que mostram os artifícios utilizados para a correção dos problemas encontrados em Tops e Bottoms. Estes recursos têm como objetivo, sanar a dificuldade que as adolescentes nikkeys encontram em comprar roupas que tenham uma boa vestibilidade.
Modificações no modelo do produto (TOP) Altura do busto: menor que a média.
Diminuição da profundidade do decote
Busto: menor que a média.
Utilizar decotes quadrados ou arredondados que aumentarão ilusoriamente o volume nessa área.
Cintura: menos acentuada.
Utilizar recursos que marquem a cintura, como cinto, elástico, recortes e pences.
Costas: é maior na largura dos ombros
Utilizar da manga raglã, para que aumente o conforto nessa área e para diminuir ilusoriamente essa área.
Comprimento: maior que o normal e não Aumentar o comprimento das blusas varia na graduação. Figura 28: Modificações realizadas no produto top.
43
Modificações no modelo do produto (BOTTOM) Cintura e quadril: essa linha não é tão A curva da cintura para o quadril será menos curvada.
acentuada, uma vez que terá um elástico interno no cós para uma melhor aderência da peça ao corpo.
Quadril: é menor que a média.
Utilizar filigranas e pences que aumentam visualmente o volume dessa área. Fazer a pala arredondada para valorizar o formato do bumbum e deslocar a costura lateral para frente delineando a silhueta do corpo.
Gancho: maior que a média: não sofrem Aumentar a altura do gancho, alterações na graduação. Comprimento: menor que a média, não sofre Diminuir o comprimento total da calça, alterações na graduação.
fazendo a correção da altura do joelho para que não deixe sobras nas canelas. Utilizar recursos que alongam a silhueta. Figura 29: Modificações realizadas no produto top.
As questões abordadas até agora como padronização antropométrica, mobilidade, conforto visual, térmico e tátil, facilidade e versatilidade no uso, entre outros são para Montemezzo (2003) somadas ao tão comentado apelo visual da vestimenta em um projeto de design centrado no usuário. Para a autora, a criação da vestimenta envolve um projeto complexo de uma solução em resposta a um problema. Esse é o conceito-chave desse trabalho, por isso o desenvolvimento das peças partirá dos princípios projetados nas tabelas acima.
44
11 CONCLUSÃO
Após o estudo realizado, onde englobou-se duas culturas tão distintas, pode-se concluir que há uma ligação viva desde 1908 entre o Brasil e o Japão. Porém ainda não havia sido feita uma análise de diferenciação corporal para utilização no segmento da moda. As medidas do corpo são essenciais para a construção de um vestuário com boa vestibilidade, por isso foi realizado esse estudo antropométrico com foco nas adolescentes de 13 a 17 anos com descendência japonesa. As mudanças ocorridas na puberdade foram importantes para o desenvolvimento deste projeto, já que as medidas corporais sofrem uma brusca alteração nessa fase. E é nesse momento que as adolescentes encontram mais dificuldade em se vestir. Por isso acredita-se que um vestuário que proporcione boa vestibilidade além de conter identidade nipo-brasileira, seja essencial para a formação de identidade e aceitação do próprio corpo para este público. Através da comparação entre as medidas obtidas na pesquisa, e as medidas existentes no Brasil, foi possível realizar uma tabela para o corpo nipo-brasileiro, na qual percebeu-se a divergência entre as medidas de altura de busto, circunferência de busto, cintura e quadril, medida das costas, altura do quadril, gancho e tornozelo. Essa tabela será usada para a construção de peças que além de terem boa vestibilidade, também construirão uma nova silhueta através de recortes , elásticos, entre outros artifícios de modelagem e estilísticos.
45
12 PERFIL DA EMPRESA
12.1 RAZÃO SOCIAL DA EMPRESA
V.M.F. Indústria e Comércio de Confecções EPP
12.2
PORTE
DA
EMPRESA:
DEFINIÇÃO
DA
CAPACIDADE
INSTALADA,
PRODUTIVA E DE VENDAS
A V.M.F. Indústria e Comércio de Confecções é uma Empresa de Pequeno Porte. A capacidade instalada é para produção de 1800 peças ao mês e a capacidade produtiva é de 1640 peças. A capacidade de venda mensal é de 1550 peças.
12.3 PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO
O processo de industrialização é horizontalizado. A criação dos produtos, a modelagem, a produção da peça piloto, o setor PPCP, o acabamento final e a expedição serão realizados internamente. E processos como a produção dos lotes, os beneficiamentos como lavanderia, bordado e estamparia e a entrega dos pedidos serão terceirizados.
12.4 TIPO DE COMERCIALIZAÇÃO
A comercialização será feita por representantes que atenderão o estado de São Paulo e o estado do Paraná. Também terá um site para vendas e-commerce de peças excedentes, que fará entregas para todo o território nacional.
46
12.5 LOGOMARCA
O símbolo criado que caracteriza uma adolescente nikkey, teve como referência as bonecas japonesas conhecidas como Kokeshi e o nome da marca está relacionado à descendência da adolescente, uma vez que o quimono era o traje usado no Japão quando se iniciou o processo de imigração japonesa. E a fonte usada liga a fase escolar que essas garotas estão, já que o traço orgânico lembra a caligrafia. As cores representam a alta atividade psíquica e física que represnetam a fase da adolescência.
12.6 IDENTIDADE DA MARCA
Com uma identidade visual totalmente voltada ao estilo nipônico moderno, a Nasci do Quimono tem a proposta de atender às necessidades das adolescentes nipo-brasileiras que estão insatisfeitas com a vestibilidade das marcas nacionais , oferecendo um produto diferenciado e inédito no mercado brasileiro.
47
13 PESQUISA DO PÚBLICO-ALVO
13.1 MODELO DE QUESTIONÁRIO (APÊNDICE)
13.2 TABULAÇÃO DA PESQUISA
Este questionário foi aplicado na segunda etapa da pesquisa do projeto, juntamente com a medição das entrevistadas. A amostra total é de 34 adolescentes, sendo 11 alunas do Colégio Drumond (Cianorte, PR), 13 alunas do Colégio Camões (Santa Cruz do Rio Pardo, SP) e 10 alunas do Colégio OAPEC (Santa Cruz do Rio Pardo, SP).
Quantos anos? 24
23
25
Porcentagem (%)
20 15
21 13 anos
17 13
14 anos 15 anos 16 anos
10
17 anos 5 0 Figura 30: Referente à questão sobre idade
As adolescentes entrevistadas estão na faixa etária de 13 a 17 anos.
48
Qual o número do seu manequim?
Porcentagem (%)
50
41
40
32
31
34
30
36 14
20
14
38
10 0 Figura 31: referente ao número do manequim que utilizam.
Dentre as adolescentes pesquisadas, 41% delas vestem o manequim 36 seguidas do manequim 34 com 31%, e as numerações 38 e 32 com 14%.
Qual a sua geração de descendência de japonês? 50
Porcentagem (%)
50 1ª geração
40 25
30
19
20 10
2ª geração 3ª geração 4ª geração
6
0 Figura 32: referente à descendência.
Pelo fato da pesquisa ter sido realizada em cidades que foram destinos das colônias japonesas mais antigas, 50% das garotas são da 3ª geração, ou seja, sanseis2.
2
Os isseis são da 1ª geração que vieram do Japão, os nisseis da 2ª geração, os sanseis da 3ª geração e os ionseis da 4ª geração.
49
Você se sente ligada à cultura japonesa? 78
Porcentagem (%)
80 Sim
60
Não
40
22
20 0 Figura 33: referente à ligação com a cultura japonesa.
Quem te influencia ou te ensina a cultura japonesa? 80
Porcentagem (%)
80 Família 60
Amigos Internet
40 20
Outro
14 6
0
0 Figura 34: referente aos ensinamentos da cultura japonesa.
Mesmo não estando em cidades de forte influência japonesa, elas se sentem ligadas à cultura de seus descendentes através dos ensinamentos de seus familiares como mostra os gráficos anteriores.
50
O que você costuma assistir na TV? 42
45
Porcentagem (%)
40
Jornal ou noticiários
35
Seriados
28
30
Novelas
22
25
20
20
Desenhos animados
11
15
Canal MTV
10
5
Não assisto TV
5 0 Figura 35: referente à pergunta 6 do questionário.
Analisando a sua forma de entretenimento, observou-se que 42% delas assistem seriados em TV a cabo e 28% acompanham as novelas.
Em quais sites você costuma entrar na Internet? 70
64
Porcentagem (%)
60
Sites de relacionamento
50
Blogs de moda
40 30
Sites de notícias 19
17
20 10
Não navego na internet
4
0 Figura 36: referete à pergunta 7 do questionário.
O que elas preferem acessar na web são sites de relacionamento como Facebook, Twitter e Orkut onde além de conversar com os amigos elas participam de jogos vinculados a cada um desses sites.
51
Você assiste Animês ou lê Mangás? 69 70
Porcentagem (%)
60 Sim
50 31
40
Não
30 20 10 0 Figura 37: referente à pergunta 8 do questionário.
Na cultura pop japonesa os Animês são os desenhos animados e os Mangás são as histórias em quadrinhos, apesar disso, 69% afirmaram não assistirem aos desenhos japoneses.
Qual o seu estilo musical? 78 80
Sertanejo
Porcentagem (%)
70
Tecno/Psy
60
HipHop
50 40
Pop Rock
33
Pagode
30 13
20 10
14 8
Rock
12 5
Outro
0 Figura 38: referente à pergunta 9 do questionário.
O estilo musical é uma característica importante, 78% das adolescentes entrevistadas escutam o estilo Pop Rock.
52
Você tem afinidade com algum estilo japonês?
Porcentagem (%)
100
Mori Girls
81
Gyaru ou Gal
80
Lolita
60
Decora 40
Cosplay 11
20
0
0
8
0
Nenhum
0 Figura 39: Gráfico referente à pergunta 10 do questionário.
Este gráfico se refere aos estilos das adolescentes japonesas, para saber se havia algum interesse dessas adolescentes nipo-brasileiras na moda atual japonesa. A resposta a esses estilos foi que 81% não conhecia a moda atual japonesa. Porém essa resposta pode sofrer alguma alteração se for feita às meninas de grandes centros como no Bairro da Liberdade.
Qual a sua cor preferida? Preto e outros tons escuros
49 50
Porcentagem (%)
40
Rosa e outros tons femininos 32
Azul, verde, marrom ou bege
30
22
Cores vibrantes
20 11 10 0
11
Branco e tons pastéis 5 Outra
Figura 40: Gráfico referente à pergunta 11 do questionário.
Quase a metade das adolescentes nipo-brasileiras entrevistadas preferem o preto e outros tons escuros, o que mostra o seu jeito introspectivo e tímido, contrapondo com 32% que preferem rosa e outros tons femininos e 22% que escolheram as cores vibrantes.
53
Como você define seu estilo? 45
Porcentagem (%)
50
Básico, prefiro peças clássicas
40 30
It-Girl, uso tudo que está na moda
23 17
20
Não sei definir meu estilo, mas estou na moda
14
Não me importa o estilo, gosto de estar confortável
10 0
Figura 41: Gráfico referente à pergunta 12 do questionário.
Com relação ao estilo dessas garotas, 45% definem seu estilo como sendo básico, preferindo peças clássicas e 23% se mostram It-Girls e usam tudo que está na moda. Muitas relataram que as peças mais modernas não ficavam bem no corpo delas, por isso optavam por um estilo mais básico.
Você recebe mesada? 56 Porcentagem (%)
60
44 Sim
40
Não
20 0
Figura 42: Gráfico referente à pergunta 13 do questionário.
Na questão referente à mesada, apesar de 56% das adolescentes nikkeys não receberem mesada, elas relataram que pedem dinheiro esporadicamente para os pais, não tendo uma quantia fixa. A outra parte de 44% recebe uma média de 250 reais por mês, porém esse dinheiro não é destinado à compra de roupas na maioria das vezes, sendo os pais responsáveis pela compra do vestuário.
54
Com que frequência você compra roupas? 56
Porcentagem (%)
60
Toda semana
44
50
Todo mês
40 Ocasionalmente
30 20 10
0
Minh mãe compra roupas para mim
0
0 Figura 43: Gráfico referente à pergunta 14 do questionário.
Dando continuidade ao perfil de consumo, elas foram questionadas quanto a freqüência na compra de vestuários, e 44% responderam que compram todo mês e 56 % compram ocasionalmente. E apesar dos pais bancarem essas compras, quem efetuam a compra são as adolescentes.
Porcentagem (%)
Quanto você costuma pagar nas suas roupas? 60
45
de 30 a 50 reais
42
de 50 a 100 reais
40
de 100 a 150 reais 20
8
5
acima de 150 reais
0 Figura 44: Gráfico referente à pergunta 15 do questionário.
Para 45% das adolescentes entrevistadas, uma peça deve ter o preço de 50 a 100 reais, e 42% costumam pagar entre 100 e 150 reais.
55
Você é fiel a alguma marca? Porcentagem (%)
94 100 Sim Não
50 6 0
Figura 45: Gráfico referente à pergunta 16 do questionário.
Seria muito difícil inserir uma marca nova no mercado se essas adolescentes fossem fieis a uma determinada marca, porém 94% responderam que não têm preferência por uma grife específica e que compram independente do status da marca.
Você segue as tendências de moda? 70
Sim. Principalmente a moda japonesa
61
Porcentagem (%)
60
Sim. Sempre me informo do que está na moda no geral
50 40
31
Não mas gosto de saber o que está na moda
30 20 10
4
8
Não. Meu foco está nos estudos
0 Figura 46: Gráfico referente à pergunta 17 do questionário.
Uma importante observação que pode ser feita a partir desse questionário é que apesar de 45% das garotas definirem seu estilo como sendo básico, 61% delas afirmaram na questão seguinte que seguem as tendências de moda, e 31% se interessam e se informam do que está na moda. Isso mostra que apesar de serem básicas, elas ainda usam alguns elementos inspirados na prospecção de moda de cada estação.
56
Você compraria produtos de uma marca para nipo-brasileiras? 89
Porcentagem (%)
100 80
Sim
60
Não
40
11
20 0 Figura 47: referente à pergunta 18 do questionário.
A última questão vem afirmar que as adolescentes nikkeys realmente são carentes de produtos destinados a elas, pois, 89% responderam que comprariam um produto de moda feito para nipo-brasileiras e relataram nunca ter visto em nenhum setor do mercado produto parecido.
13.3 PERFIL DO PÚBLICO-ALVO
Adolescentes do sexo feminino com descendência japonesa e que esteja ligada à cultura natal de seus pais e avós. Essas garotas de faixa etária entre 13 e 17 anos, passam pela fase da adolescência com a árdua missão de firmar duas identidades, a étnica e a nacional. Por vezes seus pensamentos podem parecer um pouco confusos, e sua maneira de se mostrar para a sociedade irá transparecer isso, através de seus atos e de suas roupas. Elas estão ligadas às redes sociais, dentre elas Twitter, Orkut e Facebook, e também possuem o hábito de acompanhar seriados e novelas pela televisão. Quanto ao gênero musical, predomina-se a preferência pelo Pop Rock. O nível de consumo desse público que ainda é dependente financeiramente, é relativamente alto, uma vez que elas procuram obter uma peça de roupa sempre que necessitam ou pelo menos uma vez por mês, sendo pago entre 50 e 150 reais por uma peça.
57
No momento da compra, elas levam em conta principalmente, se a peça ficou bem em seu corpo além de se atentarem ao estilo e conforto. Essa adolescente é também um pouco tímida, mas determinada a usar uma marca que carregue a sua descendência como forma de afirmação e aceitação de sua identidade.
13.4 TENDÊNCIAS DE COMPORTAMENTO
Para adoção de tendências de comportamento foram usadas duas fontes de dados do comportamento e atitude dos jovens brasileiros. Uma delas foi a revista Capricho, que além de informar as adolescentes brasileiras a equipe também se preocupa em promover pesquisas para entender e informar os interessados nesse público sobre os seus hábitos e suas preferências. A outra fonte de informações é o site “Núcleo Jovem”, que contém um acervo de pesquisas sobre assuntos sociais, econômicos, políticos, entre outros. Em um caderno divulgado pela revista Capricho em abril deste ano, fala-se sobre o comportamento das adolescentes brasileiras de 13 a 19 anos que pode ser observado nos últimos anos através das enquetes feitas no próprio site da revista e das cartas escritas pelas leitoras. Nele contém informações, que já foram obtidas com a pesquisa realizada nesse projeto, e outras que serão citadas para complemento dessas informações. Houve um aumento de atividades na agenda das meninas, uma vez que elas se dividem entre o colégio, o clube, a academia, o shopping, o cinema, a escola de língua estrangeira, a aula de instrumento musical, entre outras atividades. Por isso, o lugar preferido é a própria casa, pois através da internet têem acesso ao mundo todo, e estão ligadas às redes sociais onde twittam todo o seu dia como se tivessem escrevendo em um diário. Através das redes sociais elas também estão mais próximas de seus ídolos, que na maioria das vezes são estrangeiros. Entre eles estão: Selena Gomez, Justin Bieber, Taylos Swift, Os atores de Crepúsculo, Jonas Brothers, Demi Lovato e Miley Cyrus. As adolescentes estão muito influenciadas pelo consumismo, são frequentadoras assíduas de shoppings, e nunca vão sozinhas. Estão sempre na companhia das amigas para comprar roupas ou mesmo para escolher o vestuário e a maquiagem que irão usar a noite. A peça principal que não pode faltar no guarda-roupa jovem é a calça jeans, e a preferida é com modelagem skinny.
58
Já o conteúdo levantado através do site Núcleo Jovem, corresponde a várias pesquisas feitas pela MTV com adolescentes de 12 a 30 anos, denominadas “Dossiê Universo Jovem”. O Dossiê de número 4, divulgado em dezembro de 2009, abordou algumas questões que estão fazendo do jovem da nova geração, um ser vaidoso, consumista, acomodado, individualista, impaciente e estressado, porém bem informado, tecnológico e ousado. A conclusão foi de que os fatores que atingem os jovens são em primeiro lugar a família, que está se desfazendo cada vez mais. Os pais não conseguem dar a atenção que pretendiam e colocam a responsabilidade da escola em cumprir com esse dever. A escola está em segundo lugar, que especificamente a escola pública, deixa muito a desejar no quesito tecnologia, criatividade e atratividade, sendo assim, acaba competindo com a TV, a internet e outros meios a que os alunos têm acesso. A violência está em terceiro lugar, que acaba passando insegurança ao jovem e falta de confiança no mundo. Eles estão demorando mais para sair de casa e atingir a independência, por causa da violência. O Dossiê de número 5, que foi divulgado em dezembro de 2010, abordou como assunto principal a tecnologia. Revelou que os jovens compartilham dos mesmos desejos de consumo, independentemente das classes sociais que estão inseridos. Sentem necessidade de obter conteúdo, diversão e informação em todos os lugares e simultaneamente. Querem opinar, interagir, participar e estão aptos a consumir o tempo todo, munidos de instrumentos como os celulares, que já são praticamente parte do seu corpo e por meio deste podem captar diferentes mensagens ao mesmo tempo. Essa habilidade faz com que o foco de atenção dos jovens fique fragmentado, que são os jovens o Dossiê deu o nome de Screen Generation. Outra pesquisa realizada pelo Núcleo Jovem teve como tema o meio-ambiente e a resposta obtida foi que os jovens se preocupam com a saúde do planeta, mas não conseguem agir como gostariam. Consideram importante a adoção desse tema nas salas de aula e preferem consumir produtos em que as empresas se preocupam e divulgam suas ações sócioambientais. Essas informações concluem a alta atividade econômica em que os adolescentes se encontram e comprovam que esse público está em potencial.
59
60
61
14 PERFIL DO PRODUTO
14.1 DEFINIÇÃO DO SEGMENTO WEAR
A marca “Nasci do Quimono se enquadra no segmento Casual Wear, no qual possui roupas que se adéquam às atividades do cotidiano, dando muita importância ao conforto, tendo um estilo básico, casual.
14.2 CONCEITO DO PRODUTO
O produto da “Nasci do Quimono” valoriza a forma do corpo, e traz nos detalhes o símbolo ou o nome da marca em cada peça. O vestuário terá melhor conforto e vestibilidade, adquiridos através da tabela de medidas própria para o corpo das nikkeys. As linhas e recortes inseridos nos produtos redesenham uma silhueta mais “ocidentalizada”, os bottoms têm a função de arredondar o quadril e alongar as pernas enquanto os tops aumentam os seios e diminuem os ombros.
14.3 LINHA DE PRODUTOS
A linha de produto será de Top, Bottom, Overall, Coats e Complements.
62
EXTENSÃO DE LINHA DE PRODUTOS
MIX DE PRODUTOS
14.4 CONCORRENTES
O mercado brasileiro é carente de marcas que atendam a esse público-alvo, sendo assim, a “Nasci do Quimono” não tem concorrente direto. Foram detectados como concorrentes indiretos a Colcci, e a Planet Girls, que são marcas com numeração menor que as demais, e que carregam muitas cores e detalhes em suas coleções. A marca Colcci existe desde 1986, passou por uma mudança drástica em 1997, na qual mudou toda a identidade da marca e o estilo do vestuário. Em 2004 foi adquirida pelo grupo AMC Têxtil que investiu na marca e posicionou-a no mundo fashion. A Planet Girls foi criada, em 1998, sob direção de Adriana Restrum que posicionou a marca em um território livre e dinâmico voltado para mulheres de 14 a 30 anos.
63
15 PESQUISA DE TENDÊNCIA
15.1 TENDÊNCIAS ATUAIS DE MODA ADOTADAS PARA A COLEÇÃO
Para a coleção de Inverno 2012, foi realizada uma pesquisa nas prospecções de moda da Use Fashion Journal, onde foram apontadas cinco vertentes para essa estação: a tendência Elementos Masculinos, a Sporty Glitter, a Oversized, o Nostálgico e o Eterno Feminino. Dentre as informações recebidas foram filtradas para esta coleção apenas a tendência do Nostálgico, pois está mais relacionada com o público-alvo da marca. O estilo Nostálgico é definido com referências das décadas de 50 e 60, onde a cintura fica bem marcada, e há uma necessidade em definir a silhueta do corpo, deixando transparecer um pouco de malícia. As peças-chave para este estilo são os casaquetos mais curtos, blusas com detalhes de fivelas ou laços nas golas, o casaco-vestido e o vestido sixtie . As costuras, marcam mais o contorno da roupa, ficando mais afastado da bainha. As golas são mais arredondadas e menores, e os abotoamentos aparecem enfileirados. As cores são femininas, predominando o rosa e o púrpura, além do preto e o off white.
64
15.2 ADOÇÃO DE REFERÊNCIA
A referência adotada para a coleção são as pinturas divididas entre o ocidente e o oriente da artista plástica Erica Mizutani. Como uma legítima nipo-brasileira, Erica procura sempre caracterizar seus desenhos com algum detalhe remetente ao Japão, que fica clara na série de pinturas denominada Imigração. Dedicada totalmente às artes, seus trabalhos extravasam criatividade em um jogo de cores e formas. Erica também procura misturar pop arte ao grafismo de quadrinhos, e essa mistura propõe leveza e encantamento em adultos e crianças. A sua descendência e sua forma de transmiti-la através de seus traços foram essenciais para a escolha dessa talentosa artista como tema de coleção para o Inverno 2012 da “Nasci do Quimono”.
65
15.3 NOME DA COLEÇÃO
O vôo do pássaro
15.4 CONCEITO DA COLEÇÃO
Com Erica Mizutani, vem do Oriente o pássaro dono das cores, encantador e envolvente.
Acompanhado de cores, Estampa o Inverno Com linhas orgânicas, Um retrô-moderno.
O vitral geométrico Também é presente, Nos bordados e estampas, Sua descendência é aparente.
O resultado é uma coleção Colorida e delicada Que adequa-se ao corpo, Para o cotidiano ou para a balada.
66
67
68
69
70
71
72
73
74
75
76
77
78
79
80
81
82
83
84
85
86
87
88
89
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
100
101
102
103
104
105
106
107
108
109
110
111
112
113
114
115
116
117
118
119
120
121
122
123
124
125
126
127
128
129
130
131
132 REFERÊNCIAS
BECKER, Daniel. Oque é Adolescência. São Paulo: Brasiliense, 2003. BELTRÃO, Kaizô Iwakami. Vivendo no Brasil: características da população de origem japonesa. In: SAKURAI, Célia. (Org.) Resistência & Integração: 100 anos de Imigração Japonesa no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2008. CHABY, Lucien. L’Adolescente et son Corps. Lisboa: Instituto Piaget. 1997. Tradução de ANDRADE, Maria Isabel. Biblioteca Básica de Ciência e Cultura. 1997.
COSTA, Antonio Luiz M.C. Murphy Atômico. Carta Capital. São Paulo: ano 16. N638. P. 58-63. 23 mar. 2011. DINIS, Patrícia Martins; VASCONCELOS, Amanda Fernandes Cardoso. Modelagem. In: SABRÁ, F. (Org.). Modelagem – Tecnologia em produção de vestuário. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2009.
DOSSIÊ: Caderno Capricho sobre a garota brasileira. São Paulo. Abril. 2011. Disponível em: <http://habla.abril.com.br/materia/caderno-capricho> acesso em 20 jun. 2011. FULCO, Paulo de Tarso; SILVA, Rosa Lúcia de Almeida. Modelagem Plana Feminina: Métodos de Modelagem. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2005. GARRINI, Selma Peleias Felerico. Do Corpo Desmedido ao Corpo Ultramedido: Reflexões sobre o Corpo Feminino e suas Significações na Mídia Impressa. São Paulo:2007; Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. Disponível em: < http://www.intercom.org.br/papers/outros/hmidia2007/resumos/R0037-1.pdf> Acesso em: 13 mar 2011. GELONEZE, Bruno; YAMANAKA, Ademar. Cem Anos de Imigração Japonesa no Brasil: Lições Sociometabólicas. Arq Bras Endrocrinol Metab 2008;52/1. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/abem/v52n1/a02v52n1.pdf> Acesso em: 13 mar 2011 HANDA, Tomoo. O Imigrante Japonês: História de sua vida no Brasil, São Paulo: TAQ, 1987. ISHIMORI, Karina Midori. Viver num corpo estrangeiro: sentidos e significados do ter e ser um corpo oriental para adolescentes nikkeis insatisfeitos com sua fenotipia, São Paulo: Pontifícia Universidade Católica, 2005. Dissertação apresentada ao Programa de Estudos Pós-Graduação em Psicologia Social, 2005. Disponível em: <http://www.sapientia.pucsp.br/tde_arquivos/25/TDE-2006-01-03T11:22:17Z1608/Publico/Karina%20Midori%20Ishimori.pdf> Acesso em: 13 mar. 2011. KAWAMURA, Lili. Família, mulher e cultura: impactos da migração para Japão. In: SAKURAI, Célia. (Org.) Resistência & Integração: 100 anos de Imigração Japonesa no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2008. KODAMA, Kaori; SAKURAI, Célia. Episódios da Imigração: um balanço de 100 anos. In: SAKURAI, Célia. (Org.) Resistência & Integração: 100 anos de Imigração Japonesa no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2008.
133
MIRANDA, Ana Paula de. Consumo de Moda: a relação pessoa/objeto. São Paulo: Estação das Letras. 2008. MONTEMEZZO, Maria Celeste. Diretrizes metodológicas para o projeto de produtos de moda no âmbito acadêmico. São Paulo: Universidade Estadual Paulista, 2003. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenho Industrial, 2005. Disponível em: < http://portal.faac.unesp.br/posgraduacao/design/dissertacoes/pdf/Maria_Celeste_Montemezz o.pdf> Acesso em: 24 jun. 2011. MOTTA, Eduardo. Vestuário feminino inverno 2012. USE Fashion. São Leopoldo: Brasileira, nº 89. P. 64-77. Jun. 2011. NINOMIYA, Masato. O Tradicional e o Moderno na educação dos filhos de imigrantes japoneses. In: SAKURAI, Célia. (Org.) Resistência & Integração: 100 anos de Imigração Japonesa no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2008. PACHECO, Paula. A dupla crise dos decasséguis. O Estado de São Paulo, 25 jul. 2009. Disponível em: < http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,a-dupla-crise-dosdekasseguis,408426,0.htm> Acesso em: 13 mar. 2011. PANERO, Julius; ZELNIK, Martin. Dimensionamento Humano para espaços interiores: um livro de consulta para projetos. Barcelona: Gustavo Gili, 2002. PEREIRA, Nilza de Oliveira Martins; OLIVEIRA, Luiz Antônio Pinto. Trajetória dos Imigrantes Japoneses no Brasil: Censo demográfico 1920/2000. In: SAKURAI, Célia. (Org.) Resistência & Integração: 100 anos de Imigração Japonesa no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2008. PHINNEY, Jean S. Formação de identidade de grupo e mudança entre migrantes e seus filhos. In: DEBIAGGI, Sylvia Dantas; PAIVA, Geraldo José de. (Org.) Psicologia, E/Imigração e Cultura. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004. QUEIROZ, Renato da Silva; OTTA, Emma. A Beleza em foco: condicionantes culturais e psicobiológicos na definição da estética corporal. In: QUEIROZ, Renato da Silva. (Org.) O Corpo do Brasileiro: Estudos de Estética e Beleza. São Paulo: SENAC, 2000. RADICETTI, Elaine. Medidas Antropométricas padronizadas para a Indústria do vestuário. In: Conferência Industrial Têxtil e de Confecções. Rio de Janeiro: SENAI Cetiqt, 1999. SABRÁ, Flávio Glória Caminada; SANTOS, Cristiane de Souza dos; DINIS, Patrícia Martins. Estabelecendo uma metodologia para medição do corpo humano. In.: IV Colóquio de Moda, 2008, Novo Hamburgo. Anais. São Paulo: Senai Cetiqt, 2008. CD-Rom. SABRÁ, Flávio Glória Caminada ; RODRIGUES, Ana Silvia L.V. Gerenciamento de Produto. In: SABRÁ, F. (Org.). Modelagem – Tecnologia em produção de vestuário. São Paulo:Estação das Letras e Cores, 2009. SANTOS, Cristina de Souza dos. O Corpo. In: SABRÁ, F. (Org.). Modelagem – Tecnologia em produção de vestuário. São Paulo:Estação das Letras e Cores, 2009. SALTZMAN, Andrea. El Cuerpo diseñado: sobre la forma em el proyecto de la vestimenta. Buenos Aires: Paid[os, 2007.
134
SCREEN GENERATION: Dossiê Universo Jovem 5. São Paulo: Abril. 2010. Disponível em: <http://www.publiabrilonline.com.br/upload/files/0000/0308/Resumo_Dossi__Universo_Jove m_MTV_5.pdf> Acesso em: 20 jun. 2011. SONDAGENS: Núcleo Jovem. São Paulo: Abril. 2010. Disponível em: <http://www.njovem.com.br/sondagens/meio-ambiente/> Acesso em: 20 jun. 2011. SPILLER, Renata. Megatendências teen inverno 2012. USE Fashion. São Leopoldo: Brasileira, nº 89. P.34-37. Jun. 2011. SPRINTHALL, N. A., COLLINS W. A. Psicologia do Adolescente. Uma Abordagem Desenvolvimentista. Lisboa: Gulbenkian. 2003. VILLAÇA, Nízia. A edição do corpo: tecnociência, artes e moda. Barueri: Estação das Letras, 2007. YONAHA, Liuca. “Nada foi pior que isso”. Época. São Paulo. Nº670. p. 78-83. 21 mar. 2011. ZAKABI, Rosana. De Olhos bem Abertos: criar uma dobrinha na pálpebra é moda entre os descendentes de orientais no Brasil. Veja.São Paulo. v. 1.763. n. 31. p. 62,63. 07 ago 2002.
135 APÊNDICES
APÊNDICE A – MODELO DE QUESTIONÁRIO PARA O TÓPICO 13.1
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ Pesquisa realizada para o desenvolvimento de um Trabalho de Conclusão de Curso com a proposta de confeccionar um produto que valorize a feminilidade e a estética das adolescentes nipo-brasileiras, a fim de descobrir suas dificuldades ao se vestir, e a satisfação dessas quanto seus atributos corporais
1- Qual a sua idade? ( ) 13
( ) 14
( ) 15
( ) 16
( ) 17
( ) 18
2- Qual o seu grau de parentesco com o último membro de sua família que veio do Japão? ( ) meu pai veio do Japão ( ) meu bisavô veio do Japão
( ) meu avô veio do Japão ( ) outro: ________________________________
3- Você já visitou o Japão? ( ) Sim
( ) Não
4- Você já se sentiu rejeitada por ser nipo-brasileira? ( ) Sim
( ) Não
5- Se sim, qual foi o fator decisivo para essa rejeição? ( ( ( (
) diferenças culturais ) diferenças físicas (faciais) ) diferenças físicas (corporais) ) outro: __________________________________________________________________________
6- Qual parte do seu corpo te incomoda mais? (você pode assinalar mais de uma alternativa) ( ) meus olhos ( ) meu rosto ( ) minha altura ( ) meu bumbum ( ) meus seios ( ) outro: __________________________________
7- Qual seria o corpo ideal para você: ( ) Corpo “violão”, sensual ( ) Magrinha com curvas
( ) Sarado, musculoso ( ) corpo de modelo, magérrima
8- Ao escolher uma roupa você leva em conta: (você pode assinalar mais de uma alternativa) ( ) o conforto ( ) o modelo ( ) o preço ( ) se ela ficou bem no seu corpo ( ) Outro:__________________________________________________________________________
136
9- Qual a sua maior dificuldade ao comprar uma calça? (você pode assinalar mais de uma alternativa) ( ) as pernas são muito compridas ( ) fica sobrando no quadril ( ) a cintura fica larga ( ) fica apertado no quadril ( ) a cintura fica apertada ( ) a cintura fica muito alta ( ) fica sobrando na perna ( ) a cintura fica muito baixa ( ) fica justa na perna ( ) não tenho dificuldade quanto a isso ( ) outro: __________________________________________________________________________
10( ( ( ( (
Qual a sua maior dificuldade ao comprar uma blusa?
(você pode assinalar mais de uma alternativa) ) sobram nos seios ( ) ficam justas nos ombros ) ficam muito compridas ( ) ficam largas na cintura ) ficam muito curtas ( ) ficam justas na cintura ) não tenho dificuldade quanto a isso ) outro: __________________________________________________________________________
137