Diagnóstico Ambiental do Litoral Sul do Espírito Santo

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Universidade Federal do Espírito Santo – Laboratórios de Nectologia e Ictiologia Núcleo de Unidades de Conservação do ES/ ICMBio

DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO LITORAL SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO: ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

Coordenação: Hudson Tercio Pinheiro Arthur Luiz Ferreira João Batista Teixeira

Patrocínio:

VITÓRIA, JANEIRO DE 2010


SUMÁRIO Equipe Executora .......................................................................................................................................................... 4 Agradecimentos............................................................................................................................................................ 6 Apresentação ................................................................................................................................................................ 7 Histórico do processo da proposta de criação de uma UC marinha no litoral Sul do Espírito Santo ........................ 7 A Voz da Natureza e a proposta de UC .................................................................................................................... 8 Meio Físico .................................................................................................................................................................. 10 Região costeira do sul do Espírito Santo ................................................................................................................ 10 Aspectos geológicos ............................................................................................................................................... 10 Aspectos climáticos ................................................................................................................................................ 13 Aspectos oceanográficos ........................................................................................................................................ 13 Ondas ..................................................................................................................................................................... 15 Marés ..................................................................................................................................................................... 15 Metodologias .............................................................................................................................................................. 16 Diagnóstico da Biodiversidade das ilhas ................................................................................................................ 16 Diagnóstico e mapeamento marinho ..................................................................................................................... 17 Diagnóstico da Biodiversidade Terrestre das Ilhas do litoral Sul do Espírito Santo ................................................. 26 A vegetação das ilhas ................................................................................................................................................. 36 Ilha dos Franceses .................................................................................................................................................. 36 Ilha do Meio ............................................................................................................................................................ 47 Ilha dos Cabritos ..................................................................................................................................................... 52 Ilha Branca ............................................................................................................................................................. 56 A Fauna das ilhas ........................................................................................................................................................ 58 Aves marinhas costeiras ......................................................................................................................................... 58 Aves continentais ................................................................................................................................................... 63 Herpetofauna ......................................................................................................................................................... 65 Mastofauna ............................................................................................................................................................ 68 Considerações acerca dos impactos ambientais sobre as ilhas da costa sul do Espírito Santo. .............................. 74 Mapeamento dos habitats marinhos da costa sul capixaba ..................................................................................... 77 Recifes rochosos ..................................................................................................................................................... 83 Fundos biogênicos .................................................................................................................................................. 98 Recifes biogênicos ou Cabeços ............................................................................................................................. 107 Fundo biogênico com cobertura de Algas ............................................................................................................ 114 Fundos inconsolidados ......................................................................................................................................... 119 Pesca recreacional nas ilhas e recifes ...................................................................................................................... 126 Padrões espaciais de distribuição da comunidade de peixes ................................................................................. 130 Inter‐relação entre os ambientes marinhos: conectividade e dispersão ............................................................... 134 Importância ambiental, social e econômica dos ecossistemas costeiros e marinhos da região .......................... 137 Extrativismo para alimentação ............................................................................................................................ 137 Ambientes costeiros e marinhos da Costa Sul Capixaba ...................................................................................... 148 Problemas e ameaças aos recursos naturais e a conservação da biodiversidade ................................................. 152 Atividades pesqueiras ........................................................................................................................................... 152 Industrialização .................................................................................................................................................... 155 Turismo ................................................................................................................................................................. 157 Crescimento desordenado .................................................................................................................................... 158


Considerações acerca do ordenamento e manejo dos recursos naturais da região .............................................. 159 Referências Bibliográficas ........................................................................................................................................ 176 Anexos ...................................................................................................................................................................... 193 Listas Florísitcas ........................................................................................................................................................ 193


EQUIPE EXECUTORA Ana Carolina Crove Loss - UFES Arthur Luiz Ferreira – Voz da Natureza Brena Siqueira Franco - ESFA Fernando Pedro Marinho Repinaldo Filho – ICMBio/ Voz da Natureza Hudson Tercio Pinheiro - Voz da Natureza/UFES João Batista Teixeira – UFES/ Voz da Natureza João Luiz Gasparini - UFES Nelio Augusto Secchin - UFES Renata Costa Carvalho – Voz da Natureza Thiago José Fagundes Costa - Voz da Natureza/ MOMAR Thiony Emanuel Simon – UFES/ Voz da Natureza

EQUIPE DE APOIO Agnaldo Silva Martins - UFES Antônio de Padua Almeida – TAMAR/ICMBio Caio Ribeiro Pimentel - UFES Flavia Carnelli Frizzeira - Voz da Natureza Flavio Nascimento Coelho - UFES Flavio Pavan Filho – Flamar/ MOMAR Francys Lacchini Santos Jean-Christophe Joyeux - UFES Leonardo Baião – Voz da Natureza Leonardo Motta Schuler – Voz da Natureza


Lucas Batista da Costa Xavier - UFES Maria Elisa Tosi – UFES/ MOMAR Paulo Veronez Junior - UFES Raphael Mariano Macieira - UFES Roberto Sforza – ICMBio Rodrigo da Silva Cipriano Sebastião Pinheiro - Voz da Natureza Sergio Barbiero Lage Tessa Chimalli - Voz da Natureza

EDITORAÇÃO Gibran Chequer

FOTOGRAFIAS Arthur Luiz Ferreira Diana Frota de Abreu Fernando Pedro Marinho Repinaldo Filho Flavio Pavan Filho Gibran Chequer Hudson Tercio Pinheiro Jean-Christophe Joyeux João Batista Teixeira João Guilherme Centoducatte João Luiz Gasparini Marcella Nunes Tavares


Luiz Muri Nelio Augusto Secchin Raphael Mariano Macieira Rodrigo da Silva Cipriano Thiago José Fagundes Costa Thiony Emanuel Simon

AGRADECIMENTOS Gostaríamos de agradecer as empresas de mergulho Windive e Flamar pelas contribuições nas atividades em campo; o apoio das Colônias de Pesca Z4 (Anchieta), Z8 (Marataízes), Z9 (Piúma), Z10 (Itaipava), Associações APEDI, APUP, APEMAR, APESP, APROFLOPI, Associação das Mulheres de Pescadores de PIÚMA, Associações de Marisqueiras, Escola de Pesca de Piúma, Secretaria de Pesca de Itapemirim, Secretaria de Pesca de Marataízes; colaboração dos pescadores e mestres de

embarcação

Cazimiro,

Vito,

Mironga,

Sergio,

Neraldo;

LaboGeo/UFES, através do Prof. Alex Cardoso Bastos e sua equipe.

cooperação

do


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APRESENTAÇÃO Este documento visa subsidiar a conclusão da proposta de criação de uma Unidade de Conservação (UC) Marinha na costa sul do Espírito Santo, apresentando estudos complementares sobre os aspectos físicos e biológicos.

HISTÓRICO

DO PROCESSO DA PROPOSTA DE CRIAÇÃO DE UMA

UC

MARINHA NO

LITORAL SUL DO ESPÍRITO SANTO

O estado do Espírito Santo possui cerca de 400 km de linha de costa, juntamente com ilhas e bancos oceânicos que se estendem até 1.200 km do continente. Contudo, não possui nenhuma Unidade de Conservação (UC) exclusivamente marinha. Somente a Área de Proteção Ambiental de Setiba, situada em Guarapari, possui áreas marinhas em uma borda de seu território. Em 2003, instituições e entidades da sociedade civil do litoral sul do estado do Espírito Santo, tais como: Colônias de Pescadores, Escola de Pesca de Piúma, Centro Cultural e o Projeto TAMAR, em conjunto com as Prefeituras Municipais de Piúma e Itapemirim, encaminharam ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente - IBAMA (setor atualmente sob responsabilidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio) uma proposta de criação de um Parque Nacional Marinho entre os municípios de Piúma e Itapemirim. O Parque estaria localizado entre as coordenadas de 20º 50´44”S e 20º 59´00”S, protegendo, entre outras, a Ilha dos Franceses. Um dos nomes sugeridos a esta UC foi Parque Nacional Marinho Ilhas do Sul Capixaba. Os limites propostos foram estabelecidos de forma a englobar áreas representativas de diferentes tipos de substratos marinhos e as ilhas costeiras da região, desenhando um polígono de cinco lados, cujas laterais paralelas à linha de costa seguem aproximadamente as isóbatas de 5 e 20 m (Figura 1). A área proposta para a UC abrangia uma superfície de aproximadamente 12.000 ha e um perímetro de aproximadamente 25 milhas náuticas, compreendendo um trecho de mar territorial e cinco ilhas que se distribuem na porção mais costeira da área.

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Figura 1 - Carta Náutica Nº 1402, com a indicação da área proposta para criação do Parque Nacional Marinho

A Voz da Natureza e a proposta de UC A OSCIP Voz da Natureza surgiu, em 2003, da iniciativa de estudantes de biologia que visavam à captação de recursos para a viabilização de atividades de pesquisas e educação ambiental na Ilha dos Franceses e comunidades costeiras do entorno. As primeiras atividades de pesquisa iniciaram em 2002 com estudos botânicos, de avifauna e ictiofauna. A fim de colaborar com a proposta, a Voz da Natureza encaminhou para o IBAMA, no início de 2004, um relatório contendo todos os resultados e discussões preliminares das atividades realizadas. Neste momento foram inclusas informações a respeito de estudos botânicos, de avifauna, ictiofauna, malacofauna, atividades de pesca locais e atores sociais envolvidos direta e indiretamente com a Ilha dos Franceses. O relatório contribuiu como um dos subsídios de avaliação da proposta anterior de Parque Nacional Marinho, uma vez que apontou os aspectos da biodiversidade local e as formas de uso pelas comunidades costeiras, muitas delas, como a pesca, incompatíveis com a proposta.

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A fim de ouvir a opinião das comunidades locais, em dezembro de 2004, foi realizada pelo ICMBio uma oficina participativa na Escola de Pesca de Piúma, instituição municipal muito importante nas iniciativas e processos de conservação ambiental local. A Voz da Natureza participou da oficina apresentando uma palestra sobre os aspectos naturais e de conservação das ilhas e ambientes litorâneos da região. Nesta oficina foi comprovada a existência de muitas atividades pesqueiras praticadas na área e surgiu a necessidade de uma reestruturação da proposta de Parque Nacional Marinho. Neste ínterim a Voz da Natureza realizou na Ilha dos Franceses, entre 2005 e 2006, o projeto “Estrutura da Comunidade de Peixes Recifais e Atividades de Pesca na Ilha dos Franceses (0643_20042)” (Pinheiro et al., 2006), patrocinado pela Fundação O Boticário de Proteção à Natureza. O projeto contribuiu com muitas informações a respeito do estado de conservação da ictiofauna local e da freqüência de impactos das atividades de pesca e extrativistas, profissionais e amadoras (incluindo turísticas), realizadas na área. Uma vez concluído que as atividades pesqueiras e o turismo são de grande importância para a região e que as mesmas também geram grande impacto e pressão sobre os recursos explorados, o ICMbio viabilizou um projeto de caracterização e diagnóstico das atividades pesqueiras da região proposta para a UC (Martins et al., 2009a). O projeto teve início em agosto de 2008 e foi desenvolvido sob coordenação do Laboratório de Nectologia do Departamento de Oceanografia e Ecologia da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), com a participação de integrantes da Voz da Natureza e da empresa Acqua-Ambiental. Foram realizadas, com apoio das Colônias de Pesca, Associações e Prefeituras Municipais, entrevistas e oficinas participativas com os pescadores dos municípios de Anchieta, Piúma, Itapemirim e Marataízes. Paralelamente a este projeto, com o apoio do ICMBio e da UFES, a Voz da Natureza deu inicio a dois projetos, intitulados “Diagnóstico da Biodiversidade do Arquipélago Sul Capixaba”, patrocinado pela Fundação SOS Mata Atlântica, e “Diagnóstico Pesqueiro e Marinho do Arquipélago Sul Capixaba”, patrocinado pela Fundação O Boticário. Estes projetos juntos, no qual os resultados compõem este documento, visam alcançar todos 9 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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os estudos complementares para a criação de uma UC Marinha que melhor se enquadre com a realidade local.

MEIO FÍSICO Região costeira do sul do Espírito Santo A porção sul da costa do Espírito Santo em estudo para a criação da UC possui como limite norte a localidade de Ubú (município de Anchieta) e como limite sul a divisa entre os municípios

de

Marataízes

e

Presidente

Kennedy, entre as latitudes de 20°46’S e 21°12’S (Figura 2). Os municípios que compõem a divisão política da região são: Marataízes, Itapemirim, Piúma e Anchieta. A região marinha costeira recebe influência de três bacias hidrográficas que formam os rios Benevente

(Anchieta),

Itapemirim

(entre

Marataízes e Itapemirim) e Itabapoana (divisa com o Rio de Janeiro). Figura 2: Mapa da área dos estudos complementares da proposta de uma UC Marinha no litoral sul do Espírito Santo.

Aspectos geológicos As características geológicas dessa faixa do litoral sul do Espírito Santo são bastante heterogêneas, com três unidades geomorfológicas distintas formando seus contornos: as Planícies Costeiras, formadas por sedimentos quaternários provenientes de outras unidades geomorfológicas, e do aporte fluvial, ocupando a região principalmente nas planícies fluviais, marinhas e fluvio-marinhas, praias e regiões de manguezal (Martin et al., 1996); os Tabuleiros Costeiros, formados pelos depósitos terciários da Formação Barreiras; e as Colinas e Maciços Costeiros, compostos por maciços rochosos de

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origem ígnea e metamórfica que formam os costões rochosos e as ilhas da região, recortando a presença costeira das unidades anteriores (Projeto

RADAMBRASIL,

1983). Também é marcante a presença de estuários e lagoas nesta

região.

características

Essas propiciaram

uma linha de costa bastante recortada e com a presença de falésias mortas e vivas (que ainda estão em processo de erosão marinha) no norte do município de Anchieta e ao sul de Marataízes (Albino et al., 2001) (Figura 3). A

Formação

constituída

Barreiras

por

é

sedimentos

terrígenos depositados sobre a plataforma continental quando o nível do mar se situava abaixo

do

atual

(Bigarella,

1975). Através de um processo denominado lixiviação, em que os compostos solúveis são

Figura 3 - Praias, Manguezais, formação barreiras (falésias vivas), costões rochosos e ilhas do litoral sul do Espírito Santo.

carreados e aglomerados no solo, ocorre a formação de rochas ferrígenas denominadas “lateritas”. Estas rochas são encontradas expostas em diversas porções da costa sul do Espírito Santo, principalmente onde há ocorrência de falésias vivas, e formam feições denominadas de Terraços de Abrasão Marinha. Essas rochas, quando expostas, possuem um aspecto bem pontiagudo e rugoso, resultante dos diferentes graus de erodibilidade desta rocha sedimentar provocada pelos seus diferentes graus de cimentação. 11 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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A plataforma continental rasa do sul do Espírito Santo é bem diversificada morfologicamente, e todos estes ambientes resultantes conferem um aspecto muito peculiar à região (Garcia, 2005). Ela é composta por embasamentos de formações bem distintas, como recifes rochosos submersos (ígneos, metamórficos e sedimentares) (Figura 4 a,b), complexos insulares que formam as ilhas da região, bancos de algas calcárias (Figura 4 c), recifes submersos truncados (paleorecifes erodidos, construções recifais conhecidas como “cabeços”) (Figuras 4 d) e fundos biogênicos (Figura 4 e), que também ocorrem recoberto por algas (Figura 4 f). Segundo Albino (1999), algumas anomalias podem ser notadas na isóbata de 20 m a partir da localidade de Ubú, em direção ao sul. Isso se deve a presença de paleo-vales e bancos biogênicos isolados (paleo-recifes).

Figura 4 - Diferentes formações recifais encontradas no litoral sul do Espírito Santo.

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Kowsmann & Costa (1979) estudaram a composição sedimentar da plataforma interna na região e concluíram que há uma predominância de areia terrígena até a isóbata de 20 m, seguida de cascalhos e areias biogênicas, compostas principalmente por briozoários recifais, em profundidades maiores. Estas características morfológicas conferem à região um grande potencial agregativo para o desenvolvimento de espécies bentônicas incrustantes que servem de alimento para diversos recursos pesqueiros.

Aspectos climáticos O clima da região é característico de regiões intertropicais, com intensas e prolongadas chuvas no verão em função de frentes polares atlânticas (período chuvoso de outubro a março), e um período de estiagem que vai de abril a setembro. Segundo a classificação de Koppen (1948) apud Martin et al. (1993), esse clima é do tipo pseudo-equatorial, apresentando-se quente e úmido na primavera e verão, e seco no outono e inverno. A temperatura média anual é de 22°C, ficando a média das máximas entre 28° e 30°C, enquanto que as mínimas apresentam-se em torno de 15°C, podendo ser verificadas após uma passagem de frente fria de origem subpolar (Nimer, 1989). As precipitações médias são de aproximadamente 750 mm/ano para o litoral central e sul do estado do Espírito Santo, possuindo uma variação entre as épocas chuvosas e secas descritas anteriormente (Albino, 1999).

Aspectos oceanográficos O padrão de ventos atuantes no Oceano Atlântico Sul é caracterizado pelo giro Anticiclônico Subtropical do Atlântico Sul. É um padrão circulatório em sentido antihorário em toda a extensão do oceano, fluindo para o sul ao longo da costa brasileira. A localização e a intensidade deste padrão de ventos oscilam sazonalmente, acompanhando a dinâmica da Zona de Convergência Intertropical - ZCIT. Assim, durante todo o ano, os ventos mais freqüentes são de Leste a Nordeste, oriundos desse sistema meteorológico, e que podem ser cessados com a chegada de sistemas 13 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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de perturbações atmosféricas de Sul, Oeste e Leste. Dessa forma, o padrão de ventos de nordeste passa, no inverno, a ser mais afetado pela passagem dos sistemas anticiclônicos polares (frentes frias), que provocam a rotação dos ventos para sudoeste (Castro & Miranda,1998). Segundo Fragoso (2005), os ventos leste e nordeste estão diretamente associados à ressurgência costeira que ocorre de forma endêmica entre o litoral do Espírito Santo e Cabo Frio. Os ventos provenientes do quadrante nordeste alcançam velocidades medias de 4,6 a 5,0 m/s no período que vai de agosto a maio, já os ventos predominantes de sudeste no período de abril a julho alcançam 4,1 a 4,5 m/s (EMCAPA, 1981). As massas d’água presentes na plataforma continental do Espírito Santo caracterizamse por pequenas variações de temperatura, resultante da interação de três massas de água: Água Tropical (AT), Água Central do Atlântico Sul (ACAS) e Água Costeira (AC). Na plataforma externa ocorre a mistura entre a Água Tropical e a ACAS, enquanto que a plataforma interna é dominada na superfície pela AC enquanto que no fundo pode ocorrer o dominio da ACAS, principalmente no verão (Castro & Miranda, 1998). A Água Tropical possui, geralmente, salinidade maior que 36,4 e temperatura maior que 20.5°C (Signorini et al., 1989), e está associada à Corrente do Brasil (CB), que origina-se de uma bifurcação do braço sul da Corrente Sul Equatorial próximo do Banco dos Abrolhos e da cadeia Vitória-Trindade (Castro & Miranda, 1998). Devido aos recortes da plataforma continental do Espírito Santo, onde encontra-se a cadeia de montes vulcânicos Vitória-Trindade, e aos significativos gradientes de profundidade, a corrente do Brasil interage com os montes submarinos e flui através da passagem mais próxima à costa (Castro & Miranda, 1998). Embora esse fluxo seja pouco pesquisado, a morfologia altamente heterogênea da região acaba contribuindo para um padrão de circulação atípico, com o surgimento de vórtices (como o vórtice de Vitória) e outros fenômenos relacionados à ressurgências (Albino & Gomes, 2005). As frentes frias do período de estiagem (abril a setembro) afetam a circulação superficial da região, principalmente na plataforma interna, onde as correntes podem mudar de direção, sofrendo rotação anticiclônica (Castro & Miranda, 1998). 14 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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Ondas O padrão dos ventos provoca ondas que variam entre os quadrantes NE-E e SE-E, predominando as de nordeste/leste. As ondas de sudeste/leste são menos freqüentes, mas muito mais fortes. A altura significativa das ondas para o litoral sul do Espírito Santo é de aproximadamente 1,5 m, sendo as alturas de 0,9 e 0,6 m as mais freqüentes. Os períodos que geralmente são encontrados na dinâmica das ondas encontram-se em torno de 5,0 a 6,5 s, não ultrapassando 9,5 s (Albino, 1999). Marés O regime de marés encontrado na costa do Espírito Santo é classificado como micromaré semidiúrnas (por variar menos que 2m na sizígia e oscilar aproximadamente duas vezes por dia) e caracterizado por marés de amplitudes que variam entre 1,40 e 1,60 m (Vellozo & Alves, 2006). A principal componente harmônica é a semidiurna lunar (M2) (Albino, 1999).

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METODOLOGIAS Diagnóstico da Biodiversidade das ilhas A caracterização biológica dos ambientes terrestres das ilhas costeiras do litoral sul capixaba foi realizada a partir de dados oriundos de monografias, artigos científicos e estudos ainda não publicados, que vem sendo desenvolvidos desde 2002 principalmente na Ilha dos Franceses, em Itapemirim. Dentre esses estudos destacamse aqueles relacionados diretamente com os grupos de botânica e avifauna. Visando a expansão dos estudos para outros grupos biológicos e outras ilhas da região a A. A. Voz da Natureza deu início em 2009 ao projeto “Diagnóstico da Biodiversidade do Arquipélago Sul Capixaba”, patrocinado pela Fundação SOS Mata Atlântica através do edital “Costa Atlântica”. Neste estudo foram contemplados os grupos de botânica, avifauna, herpetofauna, mastofauna, além de uma caracterização sócio-econômica da região proposta para criação de uma Unidade de Conservação (UC) na costa sul do Espírito Santo. Tais estudos provém de uma demanda do ICMbio para elaboração de uma proposta de UC bem embasada, sendo seu objetivo principal a caracterização biológica da área em estudo, bem como destacar sua relevância e possíveis dificuldades para a conservação. As metodologias de pesquisa para os grupos biológicos foram adaptadas para uma Avaliação Ecológica Rápida (AER), segundo The Nature Conservancy (2003). Tais metodologias foram aplicadas em todas as ilhas, sendo utilizados: dados pretéritos, identificações taxonômicas de espécies por especialistas em campo, coleta de exemplares não conhecidos para identificação em laboratório, caracterização dos habitats em campanhas de campo, utilização de imagens de satélite e aumento do esforço amostral em uma mesma campanha de campo (Figura 5).

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Figura 5 - Metodologias de amostragem de avifauna (a), botânica (b), herpetofauna (c) e mastofauna (d)

Diagnóstico e mapeamento marinho Levantamento, caracterização e mapeamento dos pesqueiros Para levantar as informações de cada comunidade com relação à atividade da pesca, pesqueiros e ambientes marinhos, foram organizadas oficinas de Diagnóstico Rápido Participativo - DRP em cinco comunidades: Ubú, Anchieta Sede, Piúma, Itaóca/Itaipava e Marataízes (Figura 6) (Martins et al., 2009a). Com o auxílio de um questionário guia, foi realizada uma dinâmica de discussões orientadas através de perguntas chaves que visaram alcançar informações específicas como número de pescadores, principais locais de pesca de cada arte de pesca, distribuição dos habitats de fundo, áreas de relevância ambiental e áreas de conflito.

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Figura 6 - Oficinas dos Diagnósticos Rápido e Participativo realizados em cinco comunidades do litoral sul do Espírito Santo

Mapas dos pesqueiros de cada atividade, habitats marinhos e áreas de relevância ambiental foram confeccionados e validados pelos próprios pescadores de cada comunidade (Figura 7). A validação, que resultou na elaboração de um único mapa por comunidade, ocorreu com a sobreposição dos mapas desenhados por todos os grupos de pescadores das oficinas, onde os próprios pescadores apontavam e discutiam a distribuição dos habitats e pesqueiros (Figura 7).

Figura 7 – Validação dos mapas mentais produzidos pelas comunidades pesqueiras no litoral sul do Espírito Santo.

Os mesmos mapas validados pelos pescadores foram utilizados para a escolha dos pontos de amostragem do diagnóstico ambiental (Figura 8). A escolha dos pontos 18 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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buscou compreender todos os habitats descritos pelos pescadores, sendo replicados em diferentes isóbatas de profundidade, distâncias da costa e municípios.

Figura 8 – Mapa do litoral sul do Espírito Santo contendo os pontos amostrados pelo Diagnóstico Marinho.

Levantamento Geofísico Acústico para auxilio no mapeamento de habitats Dentro das metodologias geotecnológicas disponiveis para o mapeamento de habitat, os métodos geofísicos de aquisição indireta de dados fornecem uma densa gama de dados geológicos, com custo relativamente baixo e cobrindo uma grande área espacial, enquanto que as amostragens diretas permitem relacionar as anomalias detectadas com condições geológicas locais (Ayres Neto & Baptista Neto, 2004). A combinação de métodos diretos e indiretos de aquisição de dados é uma abordagem inovadora que 19 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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complementa os estudos necessários para a compreensão da dinâmica natural da área de estudo, bem como para seu adequado manejo. O imageamento do fundo marinho com a utilização do Sonar de Varredura Lateral (Side Scan Sonar – SSS) é uma ferramenta bastante utilizada em investigações em ambientes recifais e inter-recifais, objetivando análises da distribuição sedimentar, de habitats, morfologia e estrutura de recifes (Marshall & Davies, 1988; Harris & Davies, 1989; Souza & Moura, 2005; Barnhardt et al., 2005; Collier & Humber, 2007; Wright & Heyman, 2008). O imageamento acústico do leito da plataforma continental por SSS é um método geofísico baseado nos princípios de reflexão do sinal acústico, operando em altas freqüências. A embarcação reboca um equipamento

submerso

em

forma

de

torpedo, denominado “peixe” contendo dois transdutores localizados em lados opostos, os quais emitem e recebem continuamente os sinais acústicos, varrendo a superfície do fundo. Como produto final é feita a geração de

imagens

interpretação

(sonogramas),

baseia-se

na

cuja

análise

de

padrões de reflexão que diferem em função de fatores, o tipo de material do fundo, a morfologia,

o

ângulo

de

incidência

a

atenuação das ondas acústicas, etc. (Figura 9) (Morang et al.; 1996; Ayres Neto, 2000; Ayres Neto & Baptista Neto, 2004; Souza, 2006). Sendo

os

sonogramas

formados

por

imagens constituídas por níveis de cor

Figura 9 – Desenho esquematico do funcionamento do sonar de varredura lateral.

relacionados aos valores de retorno de energia capitada pelo SSS, o retorno das ondas emitidas podem sofrer o efeito de espalhamento provocada interação com bolhas de ar, alvos a meia água (ex. peixes), sedimentos em suspensão e o fundo. 20 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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O retorno do sinal da energia de espalhamentodo fundo, conhecida como reverberação do fundo (backscatter), que é capitado pelo transdutor do SSS, é reflexo das caracteristicas dos materiais que constituem o fundo e permite diferenciar os tipos de sedimento. O backscatter é afetado em ordem decrescente pela geometria entre o sensor e o alvo (ângulo de incidência), caracteristicas da morfologia da superfície investigada (rugosidade) e pela natureza do material do fundo (composição, densidade, etc.) (Blondel & Murton,1997; Blondel, 2000; Ayres Neto & Baptista Neto, 2004). A interpretação de sonogramas é feita pela análise das características texturais e dos tons da imagem. Os fundos de cascalhos ou rochas apresentam alto backscatter (tons claros), já fundos lamosos tem baixo backscatter (tons escuros) (Ayres Neto, 2000). Os aspectos ambientais e operacionais que interferem na qualidade dos registros sonográficos são discutidos em detalhes nos trabalhos de Fish & Carr (1990). Com o objetivo de auxiliar o mapeamento de habitats e a validação do mapa de fundo gerado pelos pescadores, foram executados na região de estudo levantamentos geofísicos com a utilização de um SSS. As campanhas foram realizadas entre os dias 23/09 e 8/10/2009, tomando como limite norte o município de Anchieta e limite sul Marataizes. A equipe foi composta por 01 doutorando, 04 mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Oceanografia Ambiental, 03 graduandos do Curso de Oceanografia e 01 graduanda de Biologia, todos da UFES (Figura 10). Os levantamentos de dados sonográficos foram programados em 08 pernadas com a finalidade de recobrir os mais diversificados ambientes levantados pelos pescadores, e também a heterogenidade dos recortes batimétricos. Por problemas operacionais (condições de mar e equipamentos), das oito pernadas inicialmente previstas não foi possível efetuar a pernada denominada de “G” e uma parcela das pernadas “H” e “F”. No entando a área não recoberta foi alvo de intensas amostragens por monitoramento de mergulho. Foi percorrido uma distância total de 290 km lineares (Figura 11), com uma varedura média de 400m laterais, englobando um total de 110Km² de área mapeada, com um total de 27Gb de dados levantados.

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Figura 10 – Expedições e materiais para imageamento indireto do fundo, utilizando um sonar de varredura lateral.

Figura 11 – Mapa contendo a rota percorrida pelo sonar de varredura sobre os tipos de fundo indicados pelos pescadores do litoral sul do Espírito Santo.

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A extrapolação dos dados do sonar foi realizada utilizando-se os dados do levantamento biótico coletados em 30 pontos amostrais dentro da área estudada (Figura 11). Os dados sonográficos foram processados com o software SonarWiz Map4 onde foi possível georreferenciar os mosaicos e exportá-los em formato GeoTIFF com resolução de 1m/pixel. A interpretação das imagens se baseou em intensidade, rugosidade, perfil, sombra, tamanho e textura do fundo, juntamente com a utilização do Sistema de Informações Geográficas (SIG) ArcGIS 9.3.

Caracterização dos habitats bentônicos dos pesqueiros e ambientes marinhos Em cada ponto, a estrutura da comunidade bentônica foi estudada através de levantamentos subaquáticos, com uso de pranchetas de PVC, máquina fotográfica e transects, metodologia não destrutiva que não conta com coleta dos indivíduos. Os dados sobre a cobertura dos organismos bentônicos foram coletados através de 10 foto-quadrats (Figura 12) em transects de 20 metros de comprimento, onde fotos 35x20 cm foram batidas a cada 2 metros do transect (10 fotos por transect). Em cada ponto, três transects foram dispostos aleatoriamente, visando compreender o máximo da habitats encontrados. As fotos foram analisadas em laboratório utilizando-se o programa CPCE (Kohler & Gill, 2006). Dados secundários referente à comunidade bentônica do infra-litoral (Costa, 2009) e médio-litoral (Chimalli et al., 2005) da Ilha dos Franceses foram explorados neste estudo.

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Figura 12 – Metodologia de coleta de dados da comunidade bentônica.

Estudo da ictiofauna O estudo da ictiofauna foi realizado através de levantamentos e censos populacionais subaquáticos (Figura 13), metodologia não destrutiva que não conta com coleta dos indivíduos (Floeter et al., 2007). Foram realizados aproximadamente 20 censos em cada ponto de pesca profissional e nos recifes das ilhas costeiras da área estudada. Os censos visuais subaquáticos foram realizados utilizando-se transects de 20 m de comprimento e 2 m de largura, onde foram anotadas em pranchetas de PVC uma lista e a abundância das espécies. Além disso, a cada censo foram anotadas a profundidade e a rugosidade do ambiente. Ainda, foram explorados neste estudo dados secundários referente à comunidade de peixes recifais e atividades extrativistas da Ilha dos Franceses (Pinheiro et al., 2006).

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A ictiofauna e a comunidade bentônica foram classificadas quanto à ameaça de extinção e sobre-explotação segundo MMA (2003, 2004), IUCN (2010) e Passamani & Mendes (2007). As espécies alvo de pescarias

profissionais

foram

classificadas segundo Pinheiro (2010). Estes

autores

classificaram

como

“espécies alvo” àquelas de alto valor comercial, “espécies capturadas” àquelas envolvidas

com

aproveitamento,

e

captura “sem

e

captura”

espécies não capturadas ou rejeitadas. Os dados de abundância dos peixes são apresentados em número de indivíduos por

100m²,

enquanto

a

cobertura

bentônica é expressa em porcentagem (%) de cobertura.

Figura 13 - Metodologia de coleta de dados da comunidade de peixes recifais.

Elaboração do Sistema de Informações Geográficas - SIG Um sistema de informações geográficas, SIG, foi elaborado através do software ArcGis 9.0, contendo: limites federais; limites e sedes municipais; localidades; batimetria e feições do fundo marinho. A este sistema foram incorporados os mapas dos pesqueiros, habitats marinhos, áreas de relevância ambiental, áreas de conflitos, número de pescadores, além das análises do diagnóstico ambiental, como padrões espaciais de diversidade, riqueza de espécies, abundância total, espécies ameaçadas e espécies alvo de pesca.

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DIAGNÓSTICO

DA

BIODIVERSIDADE TERRESTRE

DAS ILHAS DO LITORAL

SUL

DO

ESPÍRITO SANTO Este estudo buscou a caracterização biológica dos ambientes terrestres das ilhas do litoral sul do Espírito Santo, incluindo estudos botânicos e de fauna dos grupos de aves, répteis, amfíbios e mamíferos. Além das espécies identificadas buscou-se a caracterização fisionômica dos ambientes e descrição dos principais problemas enfrentados por esses, bem como considerações acerca da conservação das ilhas. Fitofisionomicamente, o litoral do Espírito Santo é classificado como costa Leste ou Oriental do Brasil, sendo uma região de transição entre o litoral Nordeste e litoral Sudeste, o que lhe confere características de ecótone. É caracterizado por relevo associado ao Grupo Barreiras de forma descontínua, sendo substituído em algumas áreas por afloramentos do embasamento cristalino (Muehe, 1998). As ilhas costeiras, formadas por afloramentos rochosos, representam um importante elemento que compõem a paisagem natural do litoral sul do Espírito Santo, colaborando com a diversidade de espécies marinhas e terrestres. Porém, algumas ilhas encontram-se mal conservadas, principalmente devido à exploração predatória de seus recursos e visitação descontrolada (Efe, 2004). Em vista da crescente especulação imobiliária, da falta de planejamento e carência de Unidades de Conservação, os ecossistemas costeiros do Espírito Santo encontram-se em processo acelerado de fragmentação e degradação. Neste ínterim, as ilhas costeiras podem representar importantes remanescentes de ambientes costeiros. O conhecimento sobre a estrutura e ecologia das ilhas costeiras capixabas é incipiente e as atividades que agridem seus aspectos naturais só vêm aumentando (Ferreira et al., 2007). Segundo Falkenberg (1999) as atividades antrópicas nestes ambientes têm crescido muito, ameaçando a conservação dos fragmentos restantes e a sobrevivência de centenas de espécies. Os ambientes insulares são frágeis em sua dinâmica e, em geral, abrangem uma área pequena (Visnaldi & Vital, 2001). Segundo Mazzer & Polette (2000), os ambientes insulares proporcionam excelentes oportunidades para pesquisas de planejamento ambiental, pois constituem um território bem delimitado, onde os problemas ambientais 26 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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que ali ocorrem são singulares em relação às áreas continentais fragmentadas, servindo de base para estudos de comparação desta natureza. Apesar de sua importância, as ilhas não recebem atenção adequada, sendo muitas vezes manejadas exclusivamente por atividades desenvolvidas por parte da Marinha do Brasil (Pompéia et al., 1994). De acordo com Mazzer & Polette (2000), a preocupação com as ilhas por parte da sociedade civil só ocorre quando estão envolvidos interesses relacionados à exploração turística e de seus recursos naturais, bem como em processos de privatização.

As Ilhas do litoral sul do Espírito Santo As ilhas abrangidas neste estudo são todas costeiras, estando localizadas na região da Baía do Benevente, que é compreendida entre a foz do rio Benevente, município de Anchieta, e a foz do rio Itapemirim, município de Itapemirim. As ilhas encontram-se, mais especificamente, entre os litorais dos municípios de Piúma e Marataízes. As ilhas de Piúma (Ilha do Gambá, Ilha do Meio e Ilha dos Cabritos) estão próximas umas das outras e próximas da costa. Estas ilhas funcionam como uma espécie de barreira contra as correntes marinhas predominantes, consequentemente forma-se, sob influência do rio Piúma, uma área estuarina entre as ilhas e a faixa de areia da costa. Esta área de remanso é utilizada por pescadores locais para o atracamento de suas embarcações, destacando-se as “baiteras” (barcos a remo), e para a atividade de coleta de conchas para confecção de artesanato, um dos destaques dentre os produtos típicos da região litorânea do sul do Espírito Santo. Este conjunto de ilhas foi tombado como “Patrimônio Natural”, resolução CEC. Nº 06/89, publicada no Diário Oficial no dia 28/12/1989. Na estrada de acesso à Ilha do Gambá foi construída uma guarita, visando atividades de controle da visitação à ilha, como registro do número de visitantes, orientações aos turistas e educação ambiental. No entanto esta se encontra desativada, não havendo gerenciamento das atividades desenvolvidas nas ilhas, como a exploração dos recursos naturais e a visitação turística.

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Além de sua importância ecológica, as ilhas de Piúma formam juntamente com o Monte Aghá, localizado no final do balneário, uma bela paisagem, considerada um dos cartões postais do Espírito Santo (Figura 14)

Figura 14 - a: imagem de satélite das ilhas de Piúma-ES; b: vista do Monte Aghá a partir da Ilha do Meio; c: Monte Aghá, Piúma-ES.

. Ilha do Gambá A Ilha do Gambá possui grandes dimensões e se encontra ligada ao continente por um aterro realizado há muitos anos, possuindo inclusive uma estrada de chão acessível por automóvel ao longo de todo o seu perímetro. A ilha não possui nenhum tipo de edificação, sendo ocupada em sua maioria por cobertura vegetal (Figura 15). Ao longo de sua borda rochosa são desenvolvidas atividades como a pesca, coleta de mariscos e visitação turística. A falta de um manejo adequado aliado à facilidade de acesso desencadeia uma série de impactos ambientais na ilha, sendo comuns desmatamentos e lixos.

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Figura 15 - Face leste da Ilha do Gambá, Piúma-ES.

Ilha do Meio Esta ilha encontra-se entre a Ilha dos Cabritos e a Ilha do Gambá, estando relativamente próxima do continente. Nas marés mais baixas é possível caminhar, com água nos joelhos, até a ilha partindo da praia de Piúma. Entretanto, por não possuir muitos atrativos, como praias e infra-estruturas, esta ilha acaba por ser menos visitada. Consequentemente, a Ilha do Meio apresenta seus aspectos naturais mais conservados, como a cobertura vegetal e o costão rochoso. Informações de nativos destacam a habitação da ilha, há aproximadamente 20 (vinte) anos atrás, por um senhor. Devido a composição atual da vegetação, conclui-se que desde então esta não sofreu com interferências de novas habitações ou outras atividades de grande impacto (Figura 16).

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Figura 16 - a: face leste; b: face oeste da Ilha do Meio, PíúmaES.

Ilha dos Cabritos A Ilha dos Cabritos juntamente com a Ilha do Meio e Ilha do Gambá (atualmente ligada ao continente) formam um conjunto de ilhas de grande beleza cênica. A Ilha dos Cabritos é considerada a que apresenta mais alterações antrópicas. Possui uma edificação que nos períodos de maior visitação turística funciona como um bar e ponto de referência para os turistas. Sua vegetação apresenta formações e espécies decorrentes de degradação ambiental, somando-se a introdução de fauna exótica.

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Ainda não se sabe ao certo os critérios e condições de viabilização da construção e funcionamento desta edificação. Moradores locais citam ligações de parentesco entre o proprietário e um antigo capitão da Marinha do Brasil. Esta ilha apresenta a maior área de “praia” dentre todas as ilhas, com um cordão arenoso de aproximadamente 50 m de comprimento. Esta área de praia está localizada na face oeste da ilha, região abrigada dos ventos e correntes marinhas predominantes. A ilha conta ainda com trilhas bem demarcadas que atravessam sua vegetação nos sentidos norte-sul e leste-oeste e um cultivo de mexilhões (Perna perna) e de vieira (Pecten maximus) sudoeste da ilha, sendo uma das ilhas que mais recebe visitação turística (Figura 17).

Figura 17 - a: Ilha dos Cabritos, Piúma-ES; b:desembarque de turistas na Ilha dos Cabritos; c: cultivo de mexilhões (Perna perna) e vieira (Pecten maximus) à sudoeste da Ilha dos Cabritos, Piúma-ES.

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Ilha Itapetinga Em frente à Praia do Monte Aghá, município de Piúma, localiza-se uma pequena ilha que apresenta em seu entorno um conjunto de rochas emersas, conhecidas como “baixas”. Estas têm a importante função de sítio de repouso para aves marinhas que utilizam a ilha para descanço em rotas migratórias e áreas do entorno para alimentação. Esta ilha não possue cobertura vegetal, sendo seu costão rochoso e lajes adjacentes cobertas por mexilhões e organismos do médio-litoral (Figura 18).

Figura 18 – a: imagem de satélite da Ilha Itapetinga, Piúma-ES; b, c: Ilha Itapetinga.

Ilha dos Franceses No município de Itapemirim encontra-se a Ilha dos Franceses, um dos principais atrativos turísticos da região, devido a sua beleza e as águas claras que encostam principalmente na época do verão. Esta é a maior ilha costeira de todo o litoral do Espírito Santo, com uma área estimada em 155.926 m2, sendo que seu maior eixo em comprimento está disposto paralelamente à costa. A ilha está situada a 3,7 km de distância da praia de Itaóca, município de Itapemirim, sendo facilmente visualizada (Figura 19).

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Em seu ponto mais alto, a 36 m de altitude, está situado um farol de navegação da Marinha do Brasil com 12 m de altura, construído

em

monarquia

de

1883 Dom

no

período

Pedro

II,

da

sendo

constituído por grandes pedras rejuntadas com cascalho e óleo de baleia (Figura 20 a). Junto ao farol havia uma casa de faroleiro, que foi demolida na década de 50 pela própria Capitania dos Portos. No entorno destas instalações eram cultivadas pequenas roças e criados alguns cabritos. No lado da ilha voltado para o oceano existe uma caverna denominada Gruta do Judeu, que consiste numa fenda formada por dois blocos rochosos, a qual envolve lendas contadas por moradores locais (Figura 20 b). Não se sabe ao certo a origem do nome Ilha dos Franceses. Segundo moradores nativos, os antigos falavam que no século XVIII a ilha foi ocupada por franceses em estratégia

contra

embarcações

portuguesas e índios Puris (Santos, 2003).

Figura 19 – a, b, c: Ilha dos Franceses, Praia de Itaoca, Itapemirim-ES.

A ilha possui o importante papel de atrativo turístico da região, recebendo considerável contingente de turistas no verão e de pescadores e marisqueiros ao longo do ano. Entretanto não há nenhuma forma de gerenciamento destas atividades, o que ocasiona impactos negativos sobre seus aspectos naturais.

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Figura 20 –a: Farol da Ilha dos Franceses, Itapemirim-ES; b: Gruta do Judeu na Ilha dos Franceses

Ilha Branca A Ilha Branca está localizada na foz do rio Itapemirim, a aproximadamente 2 km da costa de Pontal do Itapemirim, Marataízes-ES. Possui pequenas dimensões, que aliadas ao forte intemperismo determinam suas características físicas, como a pouca concentração solo, que por sua vez reflete na vegetação de porte rasteiro e com espécies xeromórficas. O nome “Ilha Branca” foi dado devido à mancha branca de guano deixada pelas aves marinhas, que utilizam esse ambiente como sítio de pouso em suas rotas migratórias e de nidificação, sendo também conhecida como “Ilha dos Ovos”. Possui um farol de navegação, que é utilizado principalmente por barcos pesqueiros como referência para entrada na foz do rio Itapemirim, local onde ficam atracados. Em seu entorno encontram-se lages de pedra submersas, mas que ficam parcialmente emersas nas marés mais baixas (Figura 21)

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.

Figura 21– Ilha Branca, Marataízes-ES

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A VEGETAÇÃO DAS ILHAS Dentre os estudos relevantes sobre a flora de ilhas do Espírito Santo destacam-se os desenvolvidos por Ruschi (1950), que também descreveu a flora da Ilha de Trindade e das Ilhas Martim Vaz, as quais ele visitou no ano de 1939. Segundo o pesquisador, outras ilhas inclusas no território do Espírito Santo e que merecem atenções botânicas, são todas costeiras, como a Ilha dos Franceses, citada na época como possuidora de uma flora ainda autóctone. Um dos principais componentes dos ambientes insulares a sofrer com as interferências humanas é a cobertura vegetal, muitas vezes devido a incêndios criminosos, abertura de clareiras e trilhas (Ferreira et al., 2007). Diversos estudos sobre ilhas destacam a degradação da vegetação natural por ação do homem, como na Ilha dos Alcatrazes, SP (Pompéia et al., 1994), Ilha do Mel, PR (Silva, 1994), Ilha Urubuqueçaba, SP (Yano et al., 2003), Arquipélago de Abrolhos, BA (Kemenes, 2003) e Arquipélago de Fernando de Noronha, PE (Batistella, 1996). Portanto trabalhos de mapeamento em ilhas, com a descrição e a identificação das comunidades vegetais, são de fundamental importância para o registro da flora das mesmas, colaborando também com ações de conservação e de manejo destes ambientes (Kemenes, 2003).

Ilha dos Franceses A Ilha dos Franceses representa um refúgio ecológico, possuindo uma exuberante formação vegetal e fauna nativa. A maior parte de sua área é coberta por vegetação nativa, apresentando em sua face nordeste uma pequena praia de aproximadamente 30 m de extensão. O restante de sua borda é formada por costão rochoso (Figura 22). Esta ilha conta com um levantamento botânico de dois anos de coleta com freqüência mensal, entre os anos de 2002 e 2004, dados estes contidos no artigo “Composição Florística e Formações Vegetais da Ilha dos Franceses, Itapemirim-ES” (Ferreira et al., 2007), o qual foi utilizado como referência na composição do estudo botânico da Ilha dos Franceses. 36 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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Figura 22 – Imagem de satélite da Ilha dos Franceses, Itapemirim-ES.

Foram identificadas até o momento 125 espécies de plantas, distribuídas em 100 gêneros e 55 famílias (Anexo 1). As famílias com maior riqueza de espécies são Asteraceae (9), Bromeliaceae (7), Fabaceae (7), Poaceae (7), Myrtaceae (6) e Orchidaceae (5) (Figura 23).

Figura 23 - Gráfico de distribuição do número de espécies por famílias na na Ilha dos Franceses, Itapemirim-ES. Adaptado de Ferreira et al. (2007).

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A Ilha dos Franceses possui vegetação composta por um mosaico de formações, as quais proporcionam uma diversificada composição florística. Sua flora está relacionada com a vegetação do ecossistema costeiro de restinga, visto possuírem muitas espécies de ocorrência em comum. As formações vegetais mais significativas estão distribuídas de forma circular pela ilha, semelhante a curvas de níveis. A borda rochosa é ocupada pela formação rupestre, destacando-se na porção nordeste desta borda a poça-de-maré, formada pelo acúmulo de água do mar durante as marés cheias e aporte de água doce drenada do interior da ilha pela encosta nesta região. A formação arbustiva encontra-se por uma extensa área ao redor da ilha, compreendida da face norte até toda a face leste, abrangendo a pequena região de praia, representando uma das principais regiões de transição entre a formação rupestre e florestal. A formação florestal ocupa o centro da ilha, que se encontra em um nível topográfico mais elevado, possuindo regiões de transição principalmente com as formações arbustiva, mata de leucenas, taquaral e chegando até a formação rupestre na face sudoeste da ilha. As áreas antropizadas encontram-se nas trilhas, ao redor do farol e clareira na região de praia (Figura 24). A formação rupestre ocupa o entorno rochoso da ilha, sendo caracterizada pela alta incidência de luz, alta influência da salinidade, elevadas temperaturas e pouca quantidade de solo. A vegetação está distribuída basicamente em duas formas: em “ilhas de vegetação”, onde se encontra algum acúmulo de solo e matéria orgânica, e pelas bordas das formações florestal, arbustiva e mata de leucenas, com as quais apresenta regiões de transição.

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Figura 24 - Modelo das formações vegetais encontrada na Ilha dos Franceses - ES, construído através da captura de pontos com GPS e posterior processamento no de sistema de informação geográfica ArcView GIS 3.2a. Adaptado de Ferreira (2005).

As famílias de maior riqueza florística nesta formação são Asteraceae (6), Bromeliaceae (4), Cactaceae (4), Fabaceae (2) e Poaceae (2). Destacam-se pela abundância as espécies de cactáceas Cereus fernambucensis, Coleocephalocereus fluminensis e Selenicereus setaceus, que ocorrem juntamente com as bromeliáceas Aechmea lingulata, Neoregelia pascoaliana e Quesnelia quesneliana principalmente. Além dessas espécies ocorrem também Centrosema virginianum, Cordia curassavica, Cyperus ligularis, Lasiacis ligulata e Sida carpinifolia, além das lianas Centrosema virginianum, Ipomoea cairica, Oxypetalum bankzsii e Vanilla sp. na transição com as formações adjacentes (Figura 25). 39 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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Figura 25 – a: face leste da Ilha dos Franceses; b: Coleocephalocereus fluminensis; c: face oeste da Ilha dos Franceses; d: Cereus fernambuscensis; e: Cereus fernambuscensis; f: Stigmaphyllon ciliatum; g: Bromelia antiacantha; h: Bromelia antiacantha.

A formação arbustiva está relacionada às características do habitat, apresentando maior acúmulo de matéria orgânica, camada de solo um pouco mais espessa e menor influência salina, apesar de sofrer forte influência dos alíseos. As famílias que apresentam maior riqueza de espécies são Bromeliaceae (5), Amaranthaceae (2), Boraginaceae (2), Malpighiaceae (2), Poaceae (2), Rubiaceae (2) e Verbenaceae (2). Esta vegetação possui um porte de 1 a 2 m de altura, os indivíduos apresentam troncos finos, ramificados e retorcidos, como em Capparis flexuosa, 40 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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Heteropternis chrysophyla, Swartzia apetala e Schinus terebinthifolius, além de muitas lianas,

como

Heliotropium

indicum,

Senna

bicapsularis,

Ipomoea

cairica

e

Stigmaphyllon ciliatum, sendo estas duas últimas muito comuns nesta formação. Destaca-se nesta formação a presença de palmeiras Polyandrococos caudescens (Figura 26).

Figura 26 – a: formação arbustiva; b: Capparis flexuosa; c: Guapira pernambucensis; d: palmeiras (Polyandrococos caudescens) se destacando da formação arbustiva.

A formação florestal apresenta o maior número de espécies e é a mais conservada formação vegetal. Ocupa o centro da ilha, sendo circundada principalmente pela formação arbustiva e mata de leucenas. Seu solo é mais profundo, intemperizado e apresenta influência de rochas lateríticas, características da Formação Barreiras. Seu estrato arbóreo caracteriza-se por um dossel bem definido, com árvores de 6 a 7 m de altura.

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As famílias com maior riqueza de espécies nesta formação são: Myrtaceae (5), Orchidaceae (4), Bignoniaceae (3) e Bromeliaceae (3). No extrato arbóreo ocorrem espécies como Eugenia brasiliensis, E. cf. umbelliflora, Marlierea grandiflora, Psidium myrtoides, Erythroxylum passerinum, Guapira opposita, Trichilia casaretti, Myrsine umbellata, Heisteria perianthomega, Scoepfia brasiliensis, Bumelia obtusifolia, Picramia bahiensis e Crataeva tapia, sendo a maioria destas espécies, ocorrentes em matas de restingas do Rio de Janeiro (Araujo, 2000) e do Espírito Santo (Pereira & Araujo, 2000). Nesta formação é encontrada a maioria das espécies epífitas da ilha, como as bromeliáceas Vriesea procera, Tillandsia gardneri, T. stricta e Aechmea lingulata, além da orquídea Catasettum sp.. Acima do dossel predominante desta formação destacamse as palmeiras Polyandrococos caudescens e Syagrus romanzoffiana. O sub-bosque também contribui para a diversidade de espécies, sendo comuns exemplares de Anthurium sp., Dichorizandra thyrsiflora, Maranta divaricata, Clavija spinosa, além das orquídeas terrestres Oeceoclades maculata, Cyrtopodium sp. e Eltroplectris calcarata (Figura 27). Num ambiente restrito de poça-demaré localizada na porção nordeste do costão rochoso da ilha desenvolve-se duas espécies características de manguezal, a Avicennia schaueriana e Laguncularia racemosa. Ambas apresentam porte arbustivo atrofiado, semelhantes a “bonsais” naturais, devido a pouca disponibilidade de solo e o tempo em que vem se estabelecendo. Este solo, de consistência lodosa, é proveniente da borda da ilha, chegando por carreamento com a água que ocasionalmente drena desta região e por deposição do material suspenso da água do mar, que enche a poça durante as marés altas. A ocorrência deste ambiente é extremamente peculiar, não sendo observado em nenhuma outra ilha do Espírito Santo (A. L. Ferreira, comunicação pessoal) (Figura 28). A mata de leucenas é formada pelo predomínio de indivíduos da espécie exótica Leucaena leucocephala (Leguminosae), com porte de 2 a 4 m de altura. Ocorrem nesta formação, com poucos indivíduos, as espécies Bromelia antiacantha, Capparis flexuosa, além de Panicum maximum.

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Figura 27 - a: vista do dossel da formação florestal; b: palmeira Syagrus romanzoffiana; c: sub-bosque; d: vista da formação florestal; e: bromélia Aechmea lingulata; f: Maranta divaricata

Esta formação provavelmente deve ter se instalado devido a algum impacto antrópico e em vista de Leucaena leucocephala ser uma espécie invasora (ISSG, 2005), pioneira e de crescimento rápido (Martins, 2001). Formou-se, conseqüentemente, uma mata relativamente homogênea. As outras espécies que também ocorrem nesta formação podem ser remanescentes da vegetação original (Figura 29). O taquaral é formado pela predominância da espécie exótica Arundo donax (Poaceae). Possui indivíduos que atingem alturas de até 6 m, sombreando a vegetação natural, o que causa a morte e impede o desenvolvimento da maioria das plantas. Resistem nesta formação Bromelia antiacantha, Capparis flexuosa, Guapira pernambucensis e 43 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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Schinus terebinthifolius. Esta formação encontra-se em expansão, visto o crescente número de indivíduos invadindo a formação arbustiva e florestal.

Figura 28 – Poça-de-maré com Avicennia schaueriana e Laguncularia racemosa.

Figura 29 – Mata de leucenas (Leucaena leucocephala).

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A espécie Arundo donax é citada como uma espécie invasora freqüentemente encontrada em florestas ripárias degradadas do estado da Califórnia nos Estados Unidos, sendo denominada popularmente como “giant reed” (Lockwood, 2001; Boose & Holt, 1999) e apresentando reprodução vegetativa (Decruyenaere et al., 2001). A ocorrência desta espécie na Ilha dos Franceses pode estar relacionada à degradação da vegetação original na área, aliada à invasão desta espécie, proveniente provavelmente de sistemas fluviais como o rio Itapemirim, ao sul da ilha (Figura 30).

Figura 30 - Vista do taquaral destacando-se da vegetação nativa da Ilha dos Franceses, Itapemirim-ES.

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As áreas antropizadas compreendem a clareira na área da praia (formação arbustiva), trilhas e arredores do farol. A clareira dentro da formação arbustiva vem sendo utilizada para acampamentos, representando um ponto crítico de desmatamento e acúmulo de lixo, sendo acompanhada sua expansão e degradação ao longo dos anos. A trilha de acesso ao farol, utilizada principalmente pela Marinha do Brasil para manutenção deste, é dominada pelo capim-colonião (Panicum maximum) e a trilha sobre a Gruta do Judeu, utilizada por visitantes, apresenta-se sem vegetação em seu início, o que vem comprometendo a gruta devido à erosão. As famílias com maior riqueza de espécies nesta formação são Asteraceae (3), Fabaceae (2), Passifloraceae (2) e Poaceae (2). Espécies encontradas nessa área como Indigofera suffruticosa (Fabaceae), Panicum maximum (Poaceae), Vernonia platensis e Vernonia scorpioides (Asteraceae) são classificadas como daninhas por Lorenzi (2000). Nas áreas do arquipélago de Fernando de Noronha, onde a atividade antrópica foi excessiva, Batistella (1996) observou uma dominância de plantas herbáceas pertencentes às famílias Poaceae e Fabaceae. A presença destas espécies pode ser utilizada como indicador de impacto antrópico, como nas faixas de vegetação costeira da Estação Ecológica Juréia-Itatins, onde as perturbações foram notadas pela presença de espécies ruderais, destacando-se as famílias Asteraceae e Poaceae (Souza & Capellari Jr., 2004) (Figura 31). A Ilha dos Franceses representa um importante remanescente de vegetação costeira, onde inclusive são encontradas espécies ameaçadas de extinção no Espírito Santo, como a palmeira Syagrus romanzoffiana (criticamente em perigo), a bromélia Neoregelia pascoaliana (vulnerável) e a orquídea Eltroplectris calcarata (vulnerável) (Simonelli, 2007). Contudo, as diferentes formações vegetais encontradas indicam que a ilha não se encontra totalmente conservada. Os ambientes conservados estão principalmente em partes da formação florestal, formação arbustiva e formação rupestre. Já os degradados são representados pelo taquaral, mata de leucenas e regiões antropizadas. Esta composição fisionômica mostra, portanto, a necessidade de medidas de manejo e conservação.

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Figura 31 - Clareira na área da prainha da Ilha dos Franceses, ItapemirimES.

Ilha do Meio A cobertura vegetal da Ilha do Meio apresenta, em sua maioria, um porte arbustivo, apresentando também as formações: florestal, rupestre e a halófila-psamófila. A formação rupestre cobre especialmente as bordas rochosas da ilha, antecedendo geograficamente a formação arbustiva. A localização desta formação colabora para um maior impacto sofrido por essa fisionomia, já que serve como área de amortecimento às outras formações em relação à visitação humana e a forte influência marinha. Esta fisionomia é de extrema importância para o desenvolvimento do solo, já que o acúmulo de restos vegetais forma camada considerável de matéria orgânica, cuja retenção de umidade favorece tanto o aumento do intemperismo sobre a rocha quanto o estabelecimento de novos indivíduos sobre a mesma. Essa formação é ocupada principalmente por espécies das famílias Bromeliaceae, Cactaceae, Orchidaceae e Poaceae, as quais formam inúmeras “ilhas de vegetação”, que conferem à ilha grande beleza paisagística. 47 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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Destaca-se na formação rupestre da Ilha do Meio uma grande aglomeração da bromélia Neoregelia pascoaliana, a qual se encontra na lista de espécies vulneráveis do Espírito Santo e ameaçada de extinção no Brasil (Simonelli, 2007). Além dessas ocorrem também Agave angustifólia, Vernonia scorpioides, Lasiacis ligulata, Panicum maximum e Chiococca alba, as quais ocorrem principalmente na face oeste da ilha. Estas espécies podem ser indicadoras de impactos antrópicos, visto que muitas são classificadas como daninhas, invasoras ou exóticas (Lorenzi, 2000) (Figura 32). A fisionomia halófila-psamófila localiza-se geralmente em áreas de praia e pós-praia, sendo suas espécies altamente adaptadas à influência marinha. A Ilha do Meio apresenta uma pequena praia que representa a única área com substrato arenoso da ilha, localizada em sua face nordeste. É composta principalmente pelas espécies Alternanthera maritima, Blutaparon portulacoides e Sporobolus virginicus, importantes na ocupação e sustentação do substrato arenoso da área de praia, e ainda no fornecimento de abrigo à fauna ecotonal (Figura 33). A formação arbustiva forma a maior parte da cobertura vegetal da Ilha do Meio, estando compreendida por todo o interior da ilha a partir da formação rupestre, não ocupando apenas a pequena área de “praia” e uma área a sudoeste da ilha ocupada pela formação florestal. Tal característica pode estar associada às características do solo, como pouca fertilidade e elevada acidez, forte influência dos alíseos associada à sua baixa altura e ainda a impactos antrópicos, como exploração dos recursos vegetais e queimadas, mas que não foram confirmados nos estudos. O adensamento dessa vegetação auxilia na proteção contra o impacto da influência do vento marítimo nordeste, contribuindo para o estabelecimento e evolução da fisionomia florestal a sudoeste da ilha, além de dificultar o acesso humano, já que é composta por espécies espinhosas e de galhos retorcidos e rígidos. Tais características servem de grande suporte à moradia e abrigo da fauna local e migratória, além de espaço seguro para nidificação e acasalamento.

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Figura 32 - a, b: Coleocephalocereus fluminensis; c, d: Neoregelia pascoaliana; e: Pseudobombax grandiflorum; f: Pilosocereus arrabidae.

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Figura 33 - Prainha da Ilha do Meio, Piúma-ES.

É composta principalmente pelas espécies de porte arbóreo Schinus terebentifolius, Vernonia scorpioides, Cordia curassavica, Capparis flexuosa, Paullinia racemosa e P. weinmanniaefolia. Ocorrem também as espécies de sub-bosque Ctenathe glabra e Stromanthe c.f. tonckat (Figura 34).

Figura 34 – a: Formação arbustiva; b: Capparis flexuosa.

A formação florestal está concentrada na porção sudoeste da ilha, numa pequena depressão, resultando num local protegido da influência dos ventos nordeste, predominantes. Isso provavelmente contribuiu com a formação dessa vegetação, que representa um pequeno percentual em toda a ilha. Esta se encontra em bom estado de 50 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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conservação, sem ocorrência de elementos de contaminação biológica botânica. Sua composição típica é representada por Ctenathe glabra, Stromanthe c.f. tonckat, Trichilia casaretti, Pilocarpus spicatus, Zanthoxylum arenarium, Zanthoxylum rhoifolium, Tillandsia stricta, Tillandsia usneoides, Bumelia obtusifolia e Paullinia racemosa (Figura 35).

. Figura 35 – Vista da formação florestal da Ilha do Meio, PiúmaES

Foram identificadas 49 espécies de plantas, pertencentes a 25 famílias e 41 gêneros (Anexo 2). As famílias com maior riqueza de espécies foram: Bromeliaceae (6), Asteraceae (4), Cactaceae (4), Poaceae (4), Orquidaceae (3) e Rutaceae (3). Esta ilha apresenta um exemplar da espécie exótica invasora Terminalia catappa (Castanheira), que ocorre na área de transição entre a formação arbustiva e florestal. Esse táxon possui elevada adaptação a esses ecossistemas e compromete a permanência de espécies nativas da ilha, já que compete por espaço principalmente. Segundo o Instituto Horus (2010) em áreas de floresta nativa, esta espécie pode prejudicar o desenvolvimento da regeneração natural, bem como impedir a sucessão florestal em função de excessivo sombreamento causado pela sua copa. Nos locais onde é invasora, desloca espécies nativas e exerce dominância sobre ambientes naturais de restinga. No entanto a Ilha do Meio não apresenta formações antropizadas bem diferenciadas das demais formações, o que indica a baixa interferência sobre a cobertura vegetal 51 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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natural da ilha. Destaca-se a ocorrência de uma espécie inclusa na Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção no Brasil, a “pimenteira” (Jacquinia brasiliensis) (MMA, 2008).

Ilha dos Cabritos A vegetação desta ilha é composta pelas formações rupestre, arbustiva e florestal. Predominam em relação à área ocupada as formações: arbustiva e florestal, apesar de se estabelecerem também fisionomias decorrentes de impacto antrópico. A formação rupestre encontra-se principalmente nas bordas rochosas da ilha, margeando a formação arbustiva. Apresenta diferenciação entre as espécies que ocorrem na face leste e oeste da ilha. Esta diferenciação está relacionada aos diferentes fatores ambientais atuantes sobre esses ambientes incluindo a interferência humana, que incide principalmente sobre a face oeste, onde está instalado o “bar” e encontra-se a praia. Dentre as principais espécies que ocorrem nesta formação estão as bromeliáceas Aechmea lingulata, Bromelia antiacantha e Quesnelia quesneliana; as cactáceas Cereus fernambuscensis, Coleocephalocereus fluminensis e Selenicereus setaceus, além de Cordia curassavica, Guapira pernambuscenses, Pseudobombax grandiflorum e Pilocarpus spicatus. A formação rupestre sofre diretamente com impactos antrópicos, que aliados às condições adversas desse ambiente permitem o estabelecimento de espécies oportunistas. A região da ilha mais impactada é sua face oeste, na área ocupada originalmente pela formação rupestre, que foi classificada neste estudo como área antropizada. Dentre as espécies oportunistas devido a impactos antrópicos, principalmente na face oeste da ilha, estão Agave angustifolia, Vernonia scorpioides e Lantana camara (Figura 36).

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Figura 36 – a: Vernonia scorpioides; b: Lantana camara; c: Coleocephalocereus fluminensis; d: Pilosocereus arrabidae; e: Quesnelia quesneliana; f: Selenicereus setaceous.

Seguindo-se para o centro da ilha, encontra-se a formação arbustiva, com um porte de aproximadamente 1 – 2 m de altura. Forma um cordão no entorno da formação florestal, sendo menos impactada do que a formação rupestre, devido ao obstáculo que 53 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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esta representa. É composta por espécies nativas de porte arbustivo predominante, como Allophylus cf. puberulus, Capparis flexuosa, Clusia sp., Esembeckia grandiflora e Schinus terebentifolius. Ocorrem também muitas lianas, como Oxipetalum banksii, Passiflora mucronata, Paullinia racemosa e Smilax syphilitica (Figura 37).

Figura 37 - a: Clusia sp.; b: Solanum sp.

A formação florestal concentra-se na porção central e mais alta da ilha, sendo a mais representativa em área. É composta por árvores de até 7 m de altura, as quais abrigam a maior parte da flora epífita da ilha. Devido a uma trilha que corta esta formação no sentido leste-oeste observa-se uma separação de dois fragmentos, além desta há também uma trilha cortando o sub-bosque de um dos fragmentos, mas que causa menos impactos à vegetação devido a sua menor largura. A primeira trilha citada foi classificada como área antropizada, devido à descaracterização de seus aspectos naturais por ação do homem. A composição de espécies desta formação é formada por exemplares de porte arbóreo de Trichilia casaretti, Bumelia obtusifolia e Tibouchina sp, além da epífita Tillandsia stricta (Figura 38). A lista florística conta com 56 espécies, distribuídas em 28 famílias e 47 gêneros (Anexo 3). As famílias com maior riqueza de espécies são Fabaceae (6), Poaceae (6) e Bromeliaceae (4).

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Figura 38 – Vista da formação florestal no topo da Ilha dos Cabritos, Piúma-ES.

Provavelmente devido a queimadas no passado, espécies exóticas invasoras de gramíneas formam diversas touceiras em todo o entorno da ilha, tais como Panicum maximum e Lasiacis ligulata. Esses cordões densos podem causar o impedimento ao estabelecimento de espécies naturais do local e ainda servir como combustível para causar novas queimadas. Estão presentes também espécies ruderais, como Lantana camara, Lantana cf. fucata, Dactyloctenium cf. aegyptium e Vernonia scorpioides, além de espécies exóticas, como Agave angustifólia e Passiflora edulis. Tais espécies decorrem do alto grau de impactos antrópicos que incidem sobre essa ilha.

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Ilha Branca A vegetação desta ilha apresenta porte predominantemente rasteiro, com espécies rupículas e herbáceas principalmente, as quais são adaptadas a pouca disponibilidade de solo e a forte influência marinha, fator determinante na seleção das espécies que ocorrem nesta ilha. Apresenta, portanto apenas um tipo de fisionomia, a formação rupestre. Podendo ser diferenciada uma área antropizada no entorno do farol e acesso a este através da vegetação. Dentre as famílias mais representativas desse ambiente estão Amaranthaceae, Cactaceae e Poaceae, típicas de ambiente de restinga e afloramentos rochosos litorâneos, sendo classificadas entre as principais famílias de restingas brasileiras (Pereira & Araujo, 2000). Observa-se grandes aglomerações da cactaceae Cereus fernambuscensis, espécie altamente adaptada aos ambientes costeiros mais próximos da influência marinha, por toda e extensão da ilha. Além deste são bastantes características as espécies Alternathera maritima, Blutaparon portulacoides e Ipomoea cairica. Nas áreas antropizadas ocorrem principalmente Vernonia scorpioides, Lasiacis ligulata e Dactyloctenium cf. aegyptium, apesar de ocorrerem também espécies nativas, as quais representam a maior parte das espécies da ilha e ocorrerem em maior abundância (Figura 39). Ao todo foram identificadas 14 espécies vegetais, pertencentes a 14 gêneros e 11 famílias (Anexo 4). As famílias com maior riqueza de espécies foram Poaceae (3), Amaranthaceae (2) e Asteraceae (2).

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Figura 39 - a: formação rupestre; b: Cereus fernambuscensis; c: Ipomoea cairica; d: Blutaparon portulacoides.

O grande número de fisionomias vegetais e as centenas de espécies vegetais nativas permitem classificar a maioria das ilhas como ambientes bem conservados. As áreas decorrentes de impactos antrópicos representam riscos aos aspectos naturais das ilhas e devem ser sanados através de medidas de manejo específico para cada caso. As ilhas apresentam quase que a totalidade de suas áreas cobertas por vegetação, o que as torna possuidoras de habitats diversos para a fauna dos ecossistemas costeiros. Por serem ambientes únicos e isolados geograficamente suas características devem ser conservadas e a degradação desses ambientes pode ter conseqüências irreversíveis. Aliado a isso a presença de espécies ameaçadas de extinção exalta a necessidades de medidas de conservação para as ilhas.

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A FAUNA DAS ILHAS Aves marinhas costeiras O estado do Espírito Santo é detentor de ecossistemas litorâneos caracterizados por uma alta heterogeneidade de ambientes e paisagens, o que lhe confere grande diversidade biológica (Martins & Doxsey, 2003). Dentre estes ambientes destacam-se as ilhas costeiras, por representarem refúgios para muitas espécies da fauna e flora (Ferreira et al., 2007). No entanto a redução de áreas preservadas pela ocupação humana em áreas litorâneas é um dos principais componentes das ameaças às espécies de aves costeiras no Brasil (Both & Freitas, 2004). As ilhas costeiras possuem extrema importância para as aves marinhas, sendo utilizadas como sítios de reprodução, locais de pouso (descanso) e áreas de alimentação. No entanto, estas têm sido cada vez mais degradadas pela especulação imobiliária, turismo, introdução de animais, queimadas, dentre outros (Tershy et al., 1997; Efe, 2004). Segundo Efe (2004), as ilhas do litoral sul do Espírito Santo sofreram uma enorme degradação de seus ecossistemas por meio de visitas periódicas de pescadores e turistas que desmatavam, ateavam fogo à vegetação e introduziam animais exóticos. Em estudos sobre aves marinhas realizados nas ilhas da costa sul capixaba foram registradas todas as espécies de aves marinhas costeiras ocorrentes no estado, por exceção de Stercorarius parasiticus e Puffinus lherminieri. As ocorrências registradas totalizam uma lista de 10 (dez) espécies levantadas, pertencentes a 10 gêneros e 7 famílias. A família com maior riqueza de espécies foi Laridae, com 4 (quatro) espécies. Foi classificada também a freqüência de ocorrência das espécies nas ilhas, baseado no número de registros ao longo dos anos de estudo dessas aves (Tabela 1).

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Tabela 1 – Aves costeiras marinhas registradas nas ilhas da costa sul do Esírito Santo. F: freqüente; O: ocasional. Adaptado de Ferreira et al. (2005). Família

Espécie

Nome popular

Ocorrência

Charadriidae

Charadrius semipalmatus

Batuíra-de-bando

F

Haematopodidae

Haematopus palliatus

Piru-piru

F

Scolopacidae

Arenaria interpres

Vira-pedras

F

Laridae

Larus dominicanus

Gaivotão

O

Sterna eurygnatha

Trinta-réis-do-bico-vermelho

F

Thalasseus sadvicencis

Trinta-réis-do-bico-amarelo

F

Anous sp

Viuvinha

O

Fregatidae

Fregata magnificens

Fragata

F

Sulidae

Sula leucogaster

Atobá-marrom

F

Sphenecidae

Spheniscus magellanicus

Pinguim-de-magalhães

O

O número de espécies encontrado pode ser considerado como de grande relevância quando comparado ao número de espécies contabilizadas em outras ilhas e áreas da costa ao longo do Brasil (Alves et al., 1997; Alves et al., 2004; Alves & Vecchi, 2009; Branco, 2004; Coelho et al., 1991; Campos et al., 2007; Efe, 2004; Venturini et al., 1996).

Espécies de aves marinhas costeiras registradas nas ilhas da costa sul capixaba: • Anous sp. (Viuvinha) – durante as expedições do Diagnóstico da Biodiversidade foi registrada a ocorrência de um indivíduo desta espécie, que foi avistado e fotografado ao sul de Marataízes pousado no convés da embarcação. A coloração das penas dessa ave indica se tratar provavelmente de um indivíduo juvenil. A espécie Anous stolidus ocorre nas ilhas de Abrolhos, F. de Noronha, Atol das Rocas e Arquipélago de S. Pedro e S. Paulo. Já Anous minutus ocorre em F. de Noronha, Arquipélago S. Pedro e S. Paulo e Ilha Trindade (Projeto Albatroz, 2010). 59 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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• Arenaria interpres (vira-pedras) – é uma ave que migra para a costa brasileira vindo da costa leste dos Estados Unidos. Com base nos trabalhos de Azevedo et al. (2001), Azevedo et al., (2004), Branco (2004), Krul (2004) e Novelli, (1997), a ocorrência desta ave no Brasil parece ser maior na costa da região nordeste e diminui na região sul. Nas ilhas da costa sul capixaba, A. interpres ocorre geralmente em bandos de até 15 indivíduos, sendo avistados nos costões rochosos das ilhas, se alimentando na zona entre-marés e poças-demaré. • Charadrius semipalmatus (batuira-de-bando) – é uma ave migratória com praticamente a mesma rota migratória de A. interpres, proveniente do hemisfério norte, onde se reproduzem (Azevedo et al., 2001). Foram observados nas ilhas em forma solitária ou pequenos grupos de até 3 (três) indivíduos. • Fregata magnificens (fragata) – costumam chegar à Ilha dos Franceses nos finais de tarde, algumas vezes sendo avistadas sobrevoando a ilha até de noite. Possuem hábito oportunista de se alimentar, roubando o alimento de outras aves e capturando peixes sob a superfície da água (Branco et al., 2007; Alves et al., 1997). Ocorrem nas ilhas tanto indivíduos juvenis quanto adultos (machos e fêmeas), sendo avistados durante todo o ano. Essa espécie possui ampla distribuição geográfica, havendo colônias em Abrolhos, Fernando de Noronha e nas ilhas do Rio de Janeiro à Santa Catarina (Coelho et al., 1991; Alves et al., 1997; Sick, 2001; Branco et al., 2007). • Haematopus palliatus (piru-piru) – ocorre na costa desde a América do Norte até o sul da América do Sul, geralmente nidificando nas áreas de ocorrência (Novelli, 1997). Foram observados ninhos desta espécie em diversas expedições às ilhas, sendo estes encontrados na região de praias, em meio à vegetação rasteira e nos costões rochosos. Os ninhos são confeccionados de forma simples com pedrinhas e/ou bioclasto. Geralmente os ninhos apresentam 1 ou 2 ovos. • Larus dominicanus (gaivotão) – é uma espécie ocasional no litoral do Espírito Santo, sendo registrada, durante as expedições, apenas uma ocorrência de 2 60 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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(dois) indivíduos nos arredores da Ilha dos Franceses. Apresentam ampla distribuição geográfica na faixa temperada do hemisfério sul, sendo o Espírito Santo o limite norte de sua ocorrência no Brasil (Branco & Ebert, 2002). • Spheniscus magellanicus (pinguim-de-magalhães) – é também uma espécie ocasional no litoral do Espírito Santo. O registro realizado ocorreu em setembro/2000, onde foram avistados 2 (dois) indivíduos no costão rochoso da Ilha dos Franceses. Estes pingüins costumam ser encontrados em praias do sul do Espírito Santo, geralmente debilitados e/ou cansados. Esta espécie é bem distribuída ao longo da costa sul da America do Sul, se reproduzindo na Patagônia e ilhas adjacentes, desde a Península Valdez até a Terra do Fogo, migrando da costa da Argentina para a costa do Brasil através de correntes marinhas (Valim et al., 2004). • Sterna hirundinacea e Thalasseus sadvicencis (trinta-réis-do-bico-vermelho e trinta-réis-do-bico-amarelo) – estas aves foram avistadas em grande número em todas as excursões de campo, sendo observados indivíduos juvenis e adultos. Essas aves aproximam-se da Ilha dos Franceses para se alimentarem dos grandes cardumes de clupeídeos e engraulídeos que se aglomeram no entorno da ilha. Também é comum avistar estas aves se alimentando dos descartes da ictiofauna acompanhante da pesca de camarão, principalmente cianídeos, clupeídeos e engraulídeos (Krul, 2004; Ferreira et al., 2005). A Ilha dos Franceses encontra-se entre um dos principais sítios reprodutivos de trinta-réis no Espírito Santo, que é composto pelas ilhas Itatiaia, Escalvada e Ilha Branca (abrangida neste estudo) (Efe, 2004). A distribuição destas espécies no Brasil vai do Nordeste até o Rio Grande do Sul (Novelli, 1997), sendo observadas reproduzindo além das ilhas do Espírito Santo, nas ilhas de Santa Catarina (Branco, 2004), Ilhas do Paraná (Krul, 2004) e Ilhas do litoral norte de São Paulo (Campos et al., 2004). • Sula leucogaster (atobá-marrom) – esta espécie se reproduz em diversas ilhas costeiras e oceânicas do Brasil, desde as ilhas de Santa Catarina até o arquipélago de São Pedro e São Paulo (Coelho, 2004). Diversos estudos sobre Sula leucogaster se atem às colônias de reprodução, porém pouco se conhece 61 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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sobre suas migrações e aspectos em sítios de alimentação e descanso. A Ilha dos Franceses destaca-se como um importante sítio de repouso e alimentação do atobá-marrom, sendo contabilizados até 69 indivíduos desta espécie pousados no costão rochoso da ilha (Schuler et al., 2009). A mancha de guano deixada na Ilha dos Franceses por estas aves pode ser avistada inclusive do continente (Figura 40).

Figura 40 – a: Anous sp. (viuvinha); b: Charadrius semipalmatus (batuíra-de-bando); c, d: Arenaria interpres (vira-pedras); e: Fregata magnificens (fragata); f: Haematopus palliatus (piru-piru); g, h: ninhos de Haematopus palliatus (piru-piru); i, j: bandos de trinta-réis-do-bico-amarelo (Thalasseus sadvicencis) e trinta-réis-do-bico-vermelho (Sterna hirundinacea); k, l: atobá-marrom (Sula leucogaster) em sítio de pouso na Ilha dos Franceses.

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A presença de aves marinhas é considerada um importante indicador de qualidade ambiental, já que geralmente estão associadas a grandes cardumes e áreas costeiras sem muitas interferências humanas (Burger & Gochfeld, 2004). A presença de sítios de pouso, de alimentação e de reprodução, constituídos principalmente pelos ambientes insulares, indica o bom estado de conservação das ilhas da costa sul do Espírito Santo. Além disso, ressaltam a necessidade de medidas de conservação para esses ambientes de extrema importância ecológica.

Aves continentais Associadas à vegetação das ilhas, suas formações vegetais e habitats, encontram-se diversas espécies de aves continentais, que ocupam as ilhas costeiras principalmente por essas estarem relativamente próximas da costa. Esta proximidade pode permitir o fluxo das espécies entre as ilhas e o continente. O bom estado de conservação da maioria das ilhas permite a ocorrência de uma grande diversidade de aves, que possuem desde hábito forrageiro rasteiro até aquelas de dossel (Anexo 5) As espécies encontradas são de ocorrência comum em ambientes de restinga, manguezais e cosmopolitas. A Ilha dos Franceses detém a maioria das ocorrências, devido à sua maior área e formação vegetal mais complexa, contendo fisionomias diferenciadas, que proporcionam maior diversidade de habitats e espécies. As demais ilhas (Ilha do Meio e Ilha dos Cabritos) possuem menores dimensões e estão mais próximas do continente, consequentemente apresentam muitas espécies cosmopolitas, como Troglodytes aedon (corruíra), Columbina talpacoti (rolinha) e Athene cunicularia (Corujinha-buraqueira). Não foram observadas outras espécies de aves na Ilha Branca a não ser aves marinhas. A ausência de registros de espécies exóticas ou associadas à ocupação humana, pode ser considerada como um indicador de bom estado de conservação destes ambientes (Figura 41).

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Figura 41 - a: Athene cunicularia (corujinha-buraqueira); b: Vanellus chilensis (quero-quero); c: Turdus albicolis (sabiá); d: Schistochlamys ruficapillus; e: Amazilia fimbriata (beija-flor-degarganta-verde).

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Herpetofauna Foi realizada uma expedição científica com dois dias duração em cada uma das ilhas previamente selecionadas: Ilha dos Franceses, Ilha Branca, Ilha dos Cabritos e Ilha do Meio. Foram identificadas seis espécies de répteis terrestres (Tabela 2) e quatro espécies de répteis (quelônios) marinhos (Tabela 3). Nenhuma espécie de anfíbio foi encontrada nas referidas ilhas apesar da presença de muitas bromélias em algumas delas, como na Ilha dos Franceses.

Tabela 2 – Espécies de répteis terrestres encontradas nas ilhas da costa sul do Espírito Santo. Nome científico

Nome popular

Ilha dos Franceses

Ilha Branca

Ilha dos Cabritos

Ilha do Meio

Mabuya macrorhyncha

lagartinho-víbora

X

-

-

-

Tropidurus torquatus

calango

X

X

X

X

Hemidactylus mabouia

taruira-de-casa

X

X

X

X

Gymnodactylus darwinii

lagarticha-da-mata

X

-

-

X

Helicops carinicaudus

cobra-d’água

X

-

-

-

Bothrops jararaca

jararaca, preguiçosa

X

-

-

-

Tabela 3 – Espécies de tartarugas marinhas encontradas no entorno das ilhas da costa sul do Espírito Santo. Nome científico

Nome popular

Dermochelys coriacea

Tartaruga-de-couro

Eretmochelys imbricata

Tartaruga-de-pente

Chelonia mydas

Tartaruga-verde

Caretta caretta

Tartaruga-cabeçuda

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Répteis terrestres As espécies de répteis terrestres diagnosticadas nas ilhas são espécies comumente encontradas nas regiões costeiras do Espírito Santo. Todavia, as espécies coletadas estão em análise de comparação, morfológica e genética, com outros exemplares do continente (Grazziotin, Almeida & Gasparini, comunicação pessoal). É possível, devido ao isolamento das ilhas, principalmente a Ilha dos Franceses, que alguma destas espécies já possua diferenças genéticas evidenciando o processo especiação, o que aumentaria a relevância de conservação de suas populações nas ilhas. Das seis espécies de répteis terrestres, 4 (quatro) são lagartos e 2 (dois) são serpentes. Os lagartos estão distribuídos na família Gekkonidae (duas espécies): Hemidactylus mabouia e Gymnodactylus darwinii. Tropiduridae (uma espécie): Tropidurus torquatus e Scincidae (uma espécie): Mabuya macrorhyncha (Figura 42).

Figura 42 – a: Hemidactylus mabouia (taruira); b: Gymnodactylus darwinii (taruira-da-mata); c: Tropidurus torquatus (calango); d: Mabuya macrorhyncha (lagartinho-víbora).

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As duas serpentes encontradas são de duas famílias distintas: Colubridae, serpente não peçonhenta conhecida popularmente como cobra-d’água, Helicops carinicaudus e Viperidae, serpente peçonhenta conhecida popularmente como jararaca, Bothrops jararaca (Figura 43). Nos últimos anos houve um grande incremento no interesse e conhecimento da herpetofauna de ilhas costeiras no Brasil, incluindo a descrição de algumas espécies endêmicas de algumas ilhas do estado de São Paulo (Marques et al., 2002 e Brasileiro et al., 2007 a, b e c) e do Rio de Janeiro (Prado & Pombal-Jr, 2008). Além de um significativo aumento de informações a respeito da ecologia de anfíbios e répteis insulares brasileiros (e.g. Rocha et al., 2002; Gasparini, et al., 2007). A continuidade dos estudos nas ilhas costeiras do Espírito Santo poderá trazer novidades cientificas extremamente importantes e que ajudarão a somar ainda mais na conservação desses ambientes com enorme significância e singularidade.

Figura 43 – a: Helicops carinicaudus (cobra d’água); b: Bothrops jararaca (jararaca).

Tartarugas marinhas Quatro das cinco espécies de tartarugas marinhas conhecidas no litoral brasileiro utilizam de formas diversas as áreas adjacentes às ilhas estudadas. A tartarugas-de-couro ou tartaruga-gigante (Dermochelys coriacea) é relatada por algunas

pescadores

mais

antigos

como

ocorrente,

quase

sempre

pescada

acidentalmente em espinhel pelágico, nas águas mais afastadas da Ilha dos 67 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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Franceses. A tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) é naturalmente rara, mas há registros fidedignos da espécie se alimentando de esponjas ao largo da Ilha dos Franceses. A espécie Chelonia mydas, conhecida popularmente como tartaruga-verde, é de longe a mais comum, sendo registrada na forma juvenil em bancos de algas nas imediações das ilhas e até mesmo nos manguezais vizinhos. A tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) além de ocorrer na região, ainda se reproduz nas praias da região, acentuando o cuidado com esta espécie. Vale lembrar que as quatro espécies de tartarugas marinhas constam das listas internacional, nacional e estadual de espécies ameaçadas de extinção em diferentes status de ameaça. (IUCN, 2010; IBAMA, 2005; Almeida et al., 2007).

Mastofauna A importância ecológica do grupo Chiroptera destaca-se na Região Neotropical, onde o mesmo apresenta a maior diversidade biológica (Kunz, 1982) e desempenha processos ecológicos fundamentais do ecossistema como: dispersão de sementes, polinização e controle de populações animais (Gribel et al., 1990). Algumas espécies de morcegos polinizadores promovem fluxo de pólen entre plantas distantes até 18 km (Lowe et al., 2001), sendo fundamentais para a manutenção das populações de plantas em fragmentos florestais. Além do fluxo gênico promovido por Chiroptera, outras espécies do grupo são responsáveis pelo consumo de uma considerável biomassa de invertebrados predadores de óvulos, predadores de sementes, folívoros, fitófagos e parasitas (Cleveland et al., 2006). Sendo assim, a diversidade de morcegos pode ser um indicativo tanto da sensibilidade quanto da integralidade do ecossistema (Fenton et al., 1992). Apesar do aumento no número de estudos realizados sobre o grupo, o conhecimento produzido para regiões neotropicais ainda se encontra em fase inicial de descrição, via levantamentos faunísticos (Bergallo & Esbérard, 2003). Comparativamente o número de amostragens de morcegos realizadas no Espírito Santo é inferior aos demais estados do sudeste, de forma que novos estudos tendem a ampliar o número de espécies assim como a área de distribuição das espécies já relacionadas. 68 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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Quando se trata de inventários em ilhas, a grande maioria está restrita ao estado do Rio de Janeiro. No Espírito Santo o presente estudo corresponde à primeira iniciativa de inventariar a comunidade de quirópteros das ilhas da costa sul do Espírito Santo. Nesse contexto, o presente trabalho tem por objetivo fazer uma breve descrição da taxocenose de quirópteros registrados nas ilhas, visando aumentar o conhecimento da fauna de morcegos do estado, permitindo ainda, avaliar a potencialidade biológica das áreas e, conseqüentemente, o potencial das mesmas para a conservação. As coletas na Ilha dos Franceses foram realizadas durante cinco noites na estação chuvosa (11 a 16/12/2009). Para as amostragens foram utilizadas redes de neblina (“mist-nets”) de sete a 14 metros de comprimento, armadas ao nível do solo, verificadas a cada hora, durante seis horas por noite. A cada noite foram armados 78 metros de rede, totalizando 390m e 30 horas de esforço. A vegetação que circunda a ilha dos franceses é, em sua maioria, arbustiva e bastante densa. Essas características dificultam o acesso ao interior da mesma, onde está localizada a formação florestal. A ausência de clareiras e trilhas limitou as amostragens às bordas. As coletas na Ilha dos Cabritos e na Ilha do Meio foram realizadas durante duas noites na estação chuvosa. Para as amostragens foram utilizadas duas redes de neblina (“mist-nets”) de seis metros de comprimento, armadas ao nível do solo, verificadas a cada hora, durante cinco horas por noite. A cada noite foram armados 12 metros de rede, totalizando 24m e 10 horas de esforço. Os animais capturados foram identificados nas ilhas, com auxílio da chave de identificação própria (Vizotto & Taddei, 1973). Foi inventariado um total de três indivíduos da Família Phyllostomidae, pertencentes a duas espécies, Glossophaga soricina e Carollia perspicillata (Figura 44) (Tabela 4). O resultado obtido para o grupo Chiroptera pode estar intimamente ligado ao tamanho reduzido das ilhas, a ausência de água doce, ao tipo de vegetação e ao pequeno esforço de captura. Apesar do baixo sucesso de captura e riqueza, as espécies encontradas são as prováveis responsáveis pela manutenção da população de importantes espécies de plantas das ilhas. 69 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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Tabela 4 - Espécies inventariadas na Ilha dos Franceses (IF) e Ilha dos Cabritos (IC). Família

Subfamília

Espécie

Nº de indivíduos

IC

Caroliinae

Carollia perspicillata (Linnaeus,1758)

1

X

Glossophaginae

Glossophaga soricina (Pallas, 1766)

2

IF

Phyllostomidae X

Figura 44 – a, b: Glossophaga soricina capturado na Ilha dos Franceses, Itapemirim-ES; c: Carollia perspicillata capturado na Ilha dos Cabritos-ES.

A polinização por morcegos favorece a continuidade do fluxo gênico entre populações, mantendo a diversidade genética e, conseqüentemente, evitando a queda da produção de frutos por eventos de cruzamento entre indivíduos parentais (Loveless et al., 1998). 70 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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A dispersão de sementes por morcegos frugívoros auxilia os mecanismos de regeneração e sucessão secundária em áreas tropicais (Gorchov, et al., 1993), processo básico para evolução e manutenção da biodiversidade de plantas (Jordano, 1987). A espécie Glossophaga soricina é um dos mais importantes polinizadores de plantas

tropicais,

polinização

de

responsável diversas

pela

espécies,

promovendo fluxo gênico de longa distância. importantes

Ele

também

serviços

presta para

o

ecossistema podendo se alimentar de pólen, pedaços de flores, polpa de frutos e

artrópodes

(Zortea,

2003).

Figura 45 – Cereus fernambucensis (Cactaceae). Foto: Rodrigo Ciprinano.

Provavelmente G. soricina mantêm, como vetor de pólen, espécies da ilha que apresentam síndrome de quiropterofilia como as dos gêneros: Psidium (Myrtaceae), Passiflora (Passifloraceae) e Cereus (Cactaceae) (Figura 45). Morcegos desta espécie têm sido encontrados em cavernas, ocos em árvores, fendas em rochas, túneis, minas, casas abandonadas, interior de cisternas, ductos de ventilação, poços de elevador, sob pontes, telhas e forros e em vãos de dilatação (Perini et al., 2003). A grande plasticidade alimentar de G. soricina somada a sua versatilidade no uso de abrigos, podem ser preponderantes para sua dominância na Ilha dos Franceses. Essa espécie possui ampla distribuição por toda região neotropical (Simmons, 2005). No Brasil já foi registrada no AC, AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PB, PE, PI, PR, RJ, RO, RR, RS, SC e SP (Tavares et al., no prelo). Glossophaga soricina encontra-se classificada em baixo risco de extinção (IUCN, 2006). A espécie Carollia perspicillata é um importante dispersor de sementes. Na alimentação dessa espécie destaca-se a preferência por plantas da família Piperaceae, especialmente do gênero Piper (Peracchi et al., 2006). Em menor quantidade outros gêneros vegetais como Cecropia, Eugenia, Ficus, Passiflora, Solanum e Vismia, além 71 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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de insetos e néctar (Sazima, 1976) fazem parte da sua dieta. Colônias de C. perspicillata podem ser encontradas em cavernas, bueiros, galerias pluviais e edificações abandonadas (Lima, 2003). C. perspicillata tem uma ampla distribuição no Brasil com registros para os Estados: AC, AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PB, PE,PI, PR, RJ, RO, RR, RS, SC e SP (Peracchi et al., 2006). O estado de conservação da espécie é de baixo risco (IUCN, 2006). A existência de poucos recursos na ilha e a proximidade com o continente nos leva a crer que a espécie não seja residente, mas a presença das Famílias Sapotaceae e Solanaceae, que compõe parte da dieta de C. perspicillata, poderiam justificar o registro da mesma na Ilha dos Cabritos. Além dessas espécies registros passados relatam a existência de uma colônia de pelo menos 64 indivíduos do morcego piscívoro Noctilio leporinus, o qual residia na Gruta do Judeu (Ilha dos Franceses) até 1952, quando foram coletados por Augusto Ruschi e C. B. Cola e depositados no Museu de Biologia Melo Leitão, Santa Teresa, Espírito Santo. No entanto, a espécie não foi encontrada nessa ilha durante a realização desse e de outros trabalhos anteriores que buscavam especificamente por ela (Ana Carolina Pavan, comunicação pessoal). O baixo esforço de captura também pode ter influenciado no resultado obtido, entretanto, trata-se de uma avaliação ecológica rápida (AER). Mesmo limitadas as AER permitem inventariar espécies que desempenham papéis cruciais no funcionamento dos ecossistemas e que são considerados índices do grau de integridade dos mesmos (Cosson et al., 1999), como os morcegos. Ainda assim, esta iniciativa corresponde à primeira lista de espécies para ilhas do sul do estado, o que, diminui as lacunas no conhecimento e distribuição das espécies de morcegos no Espírito Santo. Além dos esforços amostrais sobre o grupo de morcegos, foram realizadas também metodologias para captura de mamíferos não voadores. Para a coleta desses pequenos mamíferos foram utilizadas 40 armadilhas do tipo Sherman de alumínio e 6 armadilhas do tipo Tomahawk, dispostas, sempre que possível, alternadamente, uma no solo e outra em galhos de árvores e com, espaçamento de 10 m uma da outra. As armadilhas foram instaladas no final da tarde e verificadas na manhã seguinte, por 2 (dois) dias consecutivos. 72 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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Apesar do esforço de captura de 276 armadilhas-noite, nenhum pequeno mamífero foi coletado nas ilhas do Meio e dos Franceses. Na Ilha dos Cabritos foi capturado um indivíduo de sagui do gênero Callithrix, que é provavelmente um híbrido entre duas espécies. Um pequeno grupo de três saguis também foi avistado nessa mesma ilha. Moradores locais também relataram a introdução de uma preguiça (gênero Bradypus) e de saguis nessa ilha. Entretanto, nenhuma preguiça foi avistada durante as expedições. Apesar de próximas do continente, as ilhas são pequenas e dificilmente teriam condições de abrigar populações estáveis de mamíferos em longo prazo, com exceção de morcegos.

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CONSIDERAÇÕES ACERCA DOS IMPACTOS AMBIENTAIS SOBRE AS ILHAS DA COSTA SUL DO ESPÍRITO SANTO.

As ilhas costeiras abrangidas neste estudo não possuem nenhum tipo de ordenamento sobre as atividades desenvolvidas em suas áreas, destacando-se a exploração de recursos naturais e a visitação turística, os quais representam riscos à conservação dos ambientes. Os visitantes chegam às ilhas principalmente através de alguns barcos de pescadores e escunas operantes na região, que na época do verão transportam grande quantidade de turistas. Não há limite nem controle do número de visitantes nas ilhas o que ocasiona claramente a extrapolação da capacidade suporte destas. As ilhas que mais recebem visitação turística são: Ilha dos Franceses, em Itapemirim e Ilha dos Cabritos, em Piúma. Ambas as ilhas apresentam apenas uma área propícia para visitação, que são as praias. Por terem pequenas dimensões, estas praias concentram muitos turistas e consequentemente os impactos gerados são grandes. Os principais impactos gerados são: acúmulo de lixo, abertura de trilhas e clareiras, além de pisoteamento de invertebrados e coleta de organismos diversos. Os visitantes desembarcam nas ilhas sem nenhuma orientação sobre segurança e cuidados para com a conservação dos aspectos naturais. Levam consigo alimentos em sacolas plásticas, copos plásticos, isopores, garrafas pet e de vidro, latas, cigarro, etc... No entanto voltam para o continente sem nenhum destes itens. Em algumas campanhas de educação ambiental desenvolvidas pela OSCIP Voz da Natureza na Ilha dos Franceses foram coletadas dezenas de sacolas de lixo durante os dias de maior visitação. Estas sacolas foram devolvidas aos mestres de embarcação das escunas e pescadores quando estes vinham buscar os turistas nas ilhas. Tal atitude teve o objetivo de despertar a consciência das pessoas sobre os impactos que a visitação vem gerando sobre esses ambientes, principalmente para aqueles que desejam explorar a área financeiramente através do turismo, que não tem sido nem um pouco sustentável. Na Ilha dos Franceses ocorrem três formações vegetais decorrentes de impacto antrópico (Áreas antropizadas, Mata de leucenas e Taquaral). Estas são caracterizadas 74 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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pela ocorrência de espécies exóticas e ruderais ou ausência de vegetação. A ocorrência destas alterações causa impactos diretos sobre as espécies nativas, como competição por espaço, por luz ou alelopatia (inibição do estabelecimento de outras espécies), além de alterar indiretamente a fauna, que é obrigada a se deslocar para outras áreas em busca de abrigo e alimentos. O capim-colonião (Panicum maximum), por exemplo, forma touceiras e adensamentos que impedem o desenvolvimento de outras espécies, além de representar alto risco de incêndios, já que é uma planta perene que seca nas épocas de calor e pouca pluviosidade. As áreas desprovidas de vegetação representam pontos críticos, visto que seu aumento vem sendo observado ao longo dos anos. A Ilha dos Cabritos, em Piúma, possui uma edificação que funciona como bar durante o verão. Devido à responsabilidade que cai sobre o encarregado deste estabelecimento o acúmulo de lixo na praia é menor, entretanto, ao longo das trilhas e costão rochoso o problema persiste, já que os turistas não são conscientizados. Esta ilha foi a que apresentou maior alteração dos aspectos naturais da vegetação e da fauna, sendo encontradas espécies exóticas, invasoras e ruderais. A fauna exótica foi introduzida a fim de tornar a ilha mais atrativa aos turistas, como por exemplo, a introdução de sagüis (Callithrix sp.), os quais causam sérios impactos devido a seus hábitos alimentares, que vão desde a herbivoria até a caça de répteis, ovos e filhotes de aves. Nas demais ilhas a visitação é caracterizada por pescadores e marisqueiros locais ou amadores. Apesar de ser em menor escala estes geram os mesmos impactos dos turistas em massa, além da pressão sobre os recursos naturais sobre que vem explorar. A Ilha Branca, por exemplo, apesar de não ser um dos destaques turísticos da região recebe muitos pescadores e marisqueiros, visto seu potencial pesqueiro. Os principais impactos sobre esta ilha são a coleta de invertebrados, lixo e desmatamento, que permite o desenvolvimento de espécies exóticas invasoras. Este fato prejudica diretamente a reprodução dos trinta-réis-de-bico-amarelo (Thalasseus sadvicencis), que dependem da vegetação original para fazerem seus ninhos e criarem seus filhotes, os quais se camuflam e se protegem em meio aos espinhos e galhos retorcidos da vegetação nativa. Ao serem ocupadas por touceiras de gramíneas, por exemplo, essas áreas tornam-se inóspitas à ocupação desses animais para fins reprodutivos. Apesar 75 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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de ser uma ilha de pequenas dimensões a Ilha Branca possui grande importância ecológica e consequentemente grande relevância para a conservação. Apesar de apresentarem alterações dos aspectos naturais, as ilhas foram consideradas pelos diagnósticos de biodiversidade como ambientes ainda conservados, mas em risco. São necessárias medidas de manejo e controle da visitação nas ilhas para que os impactos negativos sejam o máximo possível minimizados permitindo assim a gradativa recomposição da biota nativa. Destacam-se entre essas medidas instrumentos legais que respaldem a conservação desses ambientes, impedindo inclusive que empreendimentos de maior impacto sejam estabelecidos, como restaurantes ou outros “bares”. A inclusão das ilhas em áreas protegidas pelo estabelecimento de Unidades de Conservação pode ser uma excelente estratégia, que deve ser aliada a estudos de capacidade suporte das ilhas para visitação, sensibilização e capacitação técnica dos envolvidos com a exploração turística das ilhas e com a exploração dos seus recursos naturais, além de fiscalização e educação ambiental.

76 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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MAPEAMENTO DOS HABITATS MARINHOS DA COSTA SUL CAPIXABA

A região de estudo foi classificada em diferentes habitats para uma avaliação integrada dos parâmetros ecológicos e sociais. A distribuição dos habitats marinhos levantada nas oficinas de mapeamento do conhecimento tradicional dos pescadores é apresentada na Figura 46.

Figura 46 - Mapa do fundo integrado resultante dos mapas confeccionados durante as oficinas participativas.

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Este mapa foi validado e ajustado a partir do imageamento indireto do fundo marinho através do levantamento sonográfico, realizado com o equipamento sonar de varredura lateral. A Tabela 5 apresenta alguns exemplos da identificação das feições de fundo através do sonar de varredura lateral, fotos e descrição dos pontos amostrados.

Tabela 5 - Identificação dos pontos amostrados na sonografia e ilustração com foto

Descrição Sonográfica

Cabeço com fundo de areia biodetrítica no entorno.

Apresenta um fundo com uma reflexão baixa, caracterizando um sedimento de granulometria fina. Com a presença de Estruturas recifais de pequenas dimensões e espacialmente restritas, representada por poucas rugosidades.

Altos e Baixos

Fundo biogênico coberto de invertebrados.

Apresenta um fundo comum, de alta reflexão associada principalmente à presença de rodolito, invertebrados e sedimento de granulometria grosseira.

Fundo de areia fina e lama.

Possui um baixo retorno do sinal acústico e homogêneo, associado principalmente à presença de areia fina e lama.

Recifes biogênicos complexos com rodolito e areia biodetritica no entorno.

Forte reflexão do sinal, associada à presença de rodolito, e sedimento de granulometria grosseira. Com relevo positivo indicando estruturas recifais.

Nino

Descrição do Ambiente

Areal

Registro

Cabeço 2

Nome do Pesqueiro

subaquática.

Sonograma

Fotográfico

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Pedra do Mero

Pedra do lastro

Ilha Itapetinga

Ilha Branca

Caldeira

Cabeço 3

ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

Recifes biogênicos com rodolitos e areia biodetritica no entorno.

Forte reflexão do sinal, associada à presença de rodolito, e sedimento de granulometria grosseira. Com relevo positivo indicando estruturas recifais.

Fundo de recife coberto de algas com rodolitos e areia no entorno.

Fundo extremamemte rugoso, com alta reflexão do sinal, associada à presença de estruturas recifais complexas, rodolito, e sedimento de granulometria grosseira.

Recifes rochosos.

Fundo rugoso, com alta reflexão do sinal, associada à presença de estruturas recifais, rodeadas por rodolito, e sedimento de granulometria grosseira.

Recife rochoso, continuação do costão da Ilha Itapetinga.

Fundo rugoso, com alta reflexão do sinal, associada à presença de estruturas recifais, rodeadas por rodolito, e sedimento de granulometria grosseira.

Recifes biogênicos próximos uns dos outros rodeados por areia grossa biodetritica.

Forte reflexão do sinal, associada à presença de estruturas recifais com relevo positivo. Rodeada por sedimento de granulometria grosseira, indicado pela reflexão média a forte do sinal.

Recifes biogênicos e rochosos pequenos com fundo de areia.

Forte reflexão do sinal, associada à presença de estruturas recifais com relevo positivo. Rodeada por sedimento de granulometria grosseira, indicado pela reflexão média a forte do sinal.

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Vidal

Trajano

Pedra dos cabeços

ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

Recifes rochosos extensos com cobertura predominante de algas, intercalados por areia fina biodetritica.

Fundo extremamemte rugoso, com alta reflexão do sinal, associada à presença de estruturas recifais complexas, rodolito, e sedimento de granulometria variada.

Recifes rochosos de baixa complexidade coberto por algas.

Apresenta associada presença sedimento grosseira. recifais rugosidade positivo.

Recifes biogênicos pequenos rodeados por lama.

Reflexão baixa do sinal acústico associada principalmente à presença de sedimento de granulometria fina. Com estruturas recifais apresentando rugosidade moderada e relevo positivo.

uma alta reflexão principalmente à de rodolito e de granulometria Com estruturas apresentando moderada e relevo

Na Figura 47 está mostrado o mapa resultante desta interpretação, com os pontos mergulhados classificados de acordo com a característica predominante de cada local amostrado. A partir desse conjunto de informações espaciais, foi possível extrapolar os dados para as regiões não amostradas com uma precisão de excelente qualidade para a escala de 1:300.000. Essa extrapolação permitiu a identificação e o mapeamento dos grandes habitats marinhos da costa sul capixaba. Foram identificados 15 habitats que puderam ser agrupados em 4 classes de ambientes considerando a estrutura física e a predominância do substrato e dos organismos

bentônicos

incrustantes.

Os

tipos

de

ambientes

predominantes

encontrados foram: “Recifes rochosos”, “Recifes biogênicos ou “Cabeços”, “Fundo biogenico” coberto ou não por “Algas”, e “Fundos Inconsolidados”. A Figura 48 apresenta a distribuição dos habitats marinhos da costa sul capixaba.

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Figura 47 -: interpretação da área percorrida com o sonar de varredura lateral e localização dos pontos amostrados para caracterização in situ dos ambientes.

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Figura 48 - Distribuição dos Habitats marinhos da Costa Sul do Espírito Santo. Os ambientes foram classificados em: “Recifes rochosos”, “Recifes biogênicos ou “Cabeços”, “Fundos biogênicos”, “Algas” e “Fundos Inconsolidados”.

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CARACTERIZAÇÃO DOS AMBIENTES MARINHOS DA COSTA SUL CAPIXABA

Nesta seção são apresentados os resultados primários obtidos pelo diagnóstico ambiental para as ilhas costeiras e para os 20 pesqueiros avaliados in situ a respeito de suas comunidades de peixes e bentônicas. Os pontos foram classificados em um ou mais dos seguintes ambientes: “Recifes rochosos”, “Recifes biogênicos” ou “Cabeços”, “Fundos biogênicos”, “Algas” e “Fundos inconsolidados”. Esta classificação teve como objetivo simplificar as análises e facilitar o entendimento de seus aspectos ecológicos.

Recifes rochosos Descrição do ambiente Ambientes recifais são conhecidos por abrigarem um grande número de espécies, possuindo alta diversidade de nichos ecológicos (Longhurst & Pauly, 2007). Podemos encontrar nos recifes peixes de diferentes categorias tróficas, como herbívoros, piscívoros, carnívoros, onívoros, invertívoros e planctívoros (Ferreira et al., 2004). Os recifes rochosos, devido sua complexidade estrutural, disponibilizam refúgio, alimento e locais de deposição de ovos e assentamento larval para inúmeras espécies (Pinheiro et al., 2006; Floeter et al., 2006). No litoral do Espírito Santo, os costões e recifes rochosos predominam na região centro-sul do estado, onde se pode observar muitas ilhas e recifes costeiros. Os ambientes recifais do litoral sul do Espírito Santo abrigam uma das faunas de peixes recifais mais ricas já registradas na costa do Brasil (Floeter & Gasparini, 2000; Floeter et al., 2001), sendo encontradas mais de 300 espécies (Gasparini et al., em preparação). Na região de estudo, o ambiente “Recifes rochosos” (Figura 49) é encontrado na forma de costões, presentes na linha de costa e nas ilhas, e de recifes submersos, distribuídos principalmente próximos a costa. Os pontos avaliados pelo diagnóstico ambiental foram o Oeste dos Franceses (costão), o Baixio dos Franceses (recife submerso), a Ilha Itapetinga (recifes submersos), a Ilha Branca (costão), a Pedra do 83 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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Mero (recife submerso) e o Trajano (recife submerso) (Figura 49). No ponto Trajano foi realizado somente censos visuais qualitativos.

Figura 49 – Ambientes de costões e recifes rochosos do litoral sul do Espírito Santo.

A Ilha dos Franceses possui um perímetro de 1.700 m, seu costão rochoso percorre quase toda a borda da ilha, possuindo uma única praia de apenas 45 m de extensão (Figura 50). O costão possui uma enorme diferença de declividade e extensão entre suas faces. Na face oeste da ilha, abrigada de ventos e ondas, o costão possui uma curta extensão e uma alta declividade, atingindo apenas 5 metros de profundidade (Figura 50). O costão possui extensão e profundidade máximas na face leste, atingindo mais de 200 m de comprimento e 12 metros de profundidade (Figura 50). O mesmo diminui em extensão e profundidade rumo ao norte e ao sul da ilha. O infra-litoral de todas as faces do costão apresenta grande variação de complexidade estrutural em função da presença de grandes pedras e buracos. A ilha ainda apresenta recifes, expostos e submersos, em sua face nordeste. As pesquisas com os peixes recifais da Ilha dos Franceses iniciaram em 2002, com um levantamento da composição das espécies locais. Em 2004, com o intuito de colaborar com a primeira proposta de UC (Parque Nacional Marinho) feita para a região, foi composta a primeira lista de espécies da Ilha dos Franceses, a qual apresentava 74 espécies de peixes recifais. Naquele momento, o relatório encaminhado ao Núcleo de Unidades de Conservação do Espírito Santo chamava a atenção para a ocorrência de algumas espécies ameaçadas de extinção, como o mero Epinephelus itajara, o lambaru Ginglymostoma cirratum e o gramma Gramma 84 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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brasiliensis. Ainda em 2004 iniciava-se um projeto sobre distribuição espacial e conservação dos peixes recifais da Ilha dos Franceses (Pinheiro et al., 2006), financiado pela Fundação O Boticário, o qual colaborou para o aumento do conhecimento a respeito dos peixes da região. Atualmente, já foram levantadas ao redor da Ilha dos Franceses 212 espécies de peixes marinhos (Anexo 6). Destas, 180 ocorrem nos recifes enquanto outras 32 espécies somente ocorrem nos ambientes adjacentes de cascalho, areia e/ou lama. A família mais rica é Sciaenidae, com 19 espécies, seguida de Carangidae com 15, Serranidae com 11, Haemulidae com 9 e Scaridae com 7 espécies. Dezoito espécies se distribuem por todos os habitats (Anexo 6). A família Haemulidae é a mais abundante com cerca de 37% da abundância total, seguida de Acanthuridae (22%), Pomacentridae (14%) e Labridae (5%) (Figura 51) (Pinheiro et al., 2006). Vinte e oito espécies apresentaram 95% da abundância total. As outras 62 espécies somaram os 5% restantes. As dez espécies mais abundantes no estudo, em ordem decrescente, são: Acanthurus chirurgus, Haemulon aurolineatum, Stegastes fuscus, Orthopristis ruber, Anisotremus virginicus, Haemulon steindachneri, Acanthurus bahianus, Sparisoma axillare, Halichoeres poeyi e Abudefduf saxatilis representando 76,7% da abundância total.

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Figura 50 - Mapa dos pontos amostrados para censos visuais e foto-quadrats dos ambientes de Recifes Rochosos, presentes na costa sul do Espírito Santo.

A Ilha dos Franceses apresenta uma rica fauna de peixes recifais quando comparado a outras ilhas e ambientes recifais costeiros do Brasil (Rangel et al., 2007; Souza et al., 2007). Contudo, sua comunidade muda drasticamente entre as faces da ilha, entre os ambientes rasos e profundos e entre regiões de diferentes categorias de complexidade (Tabela 6). A diversidade é maior na zona exposta à ventos e ondas do que na região abrigada. Ao contrário, a abundância das espécies foi menor na região mais exposta. A profundidade, diversidade e riqueza de espécies são maiores nos ambientes mais rasos da ilha. A riqueza de espécies, diversidade e densidade de indivíduos também são significantemente maiores nos ambientes mais complexos estruturalmente, com muitas pedras e grandes buracos (Pinheiro et al., 2006). Em síntese, a Ilha dos 86 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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Franceses abriga uma grande quantidade de micro-habitats em seu redor, que consequentemente abrigam diferentes assembléias de peixes.

Figura 51 – Ambientes litorâneos da Ilha dos Franceses. A) Praia da ilha; B)Costão oeste; C)Costão leste.

Tabela 6 - Diferenças entre a riqueza, diversidade e densidade da comunidade íctica em relação às variáveis estudadas nos recifes rochosos da Ilha dos Franceses. Riqueza

Diversidade

Densidade (40m²)

Exposição

Al=M=B=Ab

Al≥M=Ab>B

Al=M=B=Ab

Profundidade

0-3=3-8>>8

0-3=3-8>>8

0-3=3-8=>8

Complexidade

Al>M>B

Al>M>B

Al>M>B

= representa p>0,05 e > representa p<0,05 (Anova e test Post Hoc de Tukey); Al=Alta; M= Média; B= Baixa; Ab= Abrigado (referente ao gradiente de exposição e complexidade do substrato)

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A distribuição da comunidade bentônica dos costões rochosos da Ilha dos Franceses foi estudada por Chimalli et al. (2005) (Figura 52). Na face leste, exposta a ventos e ondas, a transição da parte superior para a média do entre-marés é composta principalmente pelo crustáceo cirrípede Chthamalus e a porção média pelas espécies de gastrópode Nodilittorina ziczac, o bivalve Brachidontes e o cirrípide Chthamalus, espécies comuns de ocorrência nessa faixa (Figura 52). Entre as espécies de algas comumente encontradas na zona do médio-litoral destacam-se os gêneros de Amphiroa, Jania, Ceramium e Centroceras (Figura 52), que formam tapetes sobre o costão e servem de alimentos a caranguejos e diversos moluscos como Collisella, Acmaea e Fissurella (Figura 52), bem como coberturas de Dictyota, Enteromorpha, Ulva e Cladophora. Extensos bancos do mexilhão Perna perna também se distribuem por esta face exposta (Figura 52), ocupando a porção inferior do médio-litoral, bem como diversos ouriços Echinometra locunter que se encontra em fendas e buracos presentes nessa faixa, embora os ouriços sejam típicos do infra-litoral. O infra-litoral de todas as faces do costão apresenta grande variação de complexidade estrutural em função da presença de grandes pedras e buracos. Nesta faixa encontram-se algas calcárias incrustantes, especialmente em locais onde a herbivoria é intensa. Estas algas podem estar acompanhadas por tufos de alga dos gêneros Jania, Ceramium, Centroceras, Hypnea, Padina, Galaxaura e Sargassum, o qual provavelmente é o gênero de alga mais comum da região do infralitoral. Nesta zona também se encontram diversos herbívoros associados a este banco de algas, como a lesma-do-mar Aplysia (Figura 53), ouriços-do-mar do gênero Echinometra (Figura 53) e peixes do gênero Stegastes (peixe-donzela) e das famílias Acanthuridae e Scarídae. Nesta ilha também se encontram diversas espécies de cnidários, como as gorgônias Phylogorgia dilatata (Figura 53), popularmente conhecidas como orelhas-de-elefante. Na face abrigada e rasa do costão rochoso destacam-se os gêneros Zoanthus e Palythoa (Figura 53), entrecortados por manchas de tufos de algas filamentosas ou de calcárias incrustantes e o coral-de-fogo Millepora alcicornis Chimalli et al. (2005).

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Figura 52 – Estudo comunidade bentônica e organismos dos costões rochosos da Ilha dos Franceses. A) Metodologia de amostragem; B) Supra-litoral; C) Meso-litoral; D) Organismos incrustantes; E) Perna perna

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Figura 53 – Espécies encontradas nos costões rochosos da Ilha dos Franceses. A) Aplysia; B) Ouriço do mar; C) Phylogorgia dilatata; D) Palythoa; E) Zoanthus; F) Millepora.

As ilhas Branca e Itapetinga são pequenas, com perímetros de 605 m e 380 m, respectivamente. Contudo, ambas as ilhas possuem extensos costões e muitos recifes. Como a Ilha dos Franceses, estas ilhas apresentam algumas regiões de seu infra-litoral altamente complexas, com pedras de diferentes tamanhos formando grutas e buracos. 90 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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As ilhas de Piúma apresentam costões com estrutura muito similar a da Ilha dos Franceses. Um extenso recife coberto por macroalgas, denominado como Trajano, é encontrado a 9 metros de profundidade, rumo leste às ilhas de Piúma. Recifes rochosos submersos estão distribuídos principalmente nas zonas costeiras da área estudada. O recife Pedra do Mero é uma grande rocha situada a 11 metros de profundidade. Este recife atinge uma altura aproximada de 2 metros do substrato. Nas áreas ao redor deste recife rochoso são encontrados recifes do tipo “patch reef”, denominados de “cabeços”.

Comunidade de peixes Através do diagnóstico ambiental foi levantada a ocorrência de 78 espécies de peixes (76 considerando apenas os dados obtidos por censo visual quantitativo) no ambiente “Recifes rochosos”. As famílias mais especiosas foram Haemulidae (8 sp.), Serranidae (7 sp.), Carangidae (6 sp.) e Labrisomidae (5 sp.). Os gêneros mais diversos foram Haemulidae, Halichoeres, Serranus e Sparisoma, todos com 4 espécies (Anexo 7). O ambiente “Recifes rochosos” apresentou o maior índice de diversidade de Shannon (3,2) e somente a terceira maior abundância (171,9 ind./100m2) (Anexo7). A espécie mais abundante foi o peixe-donzela Stegastes fuscus (22,1 ind./100m2), seguido pelo peixe-piaba Pempheris schomburgki (17,9 ind./100m2), o cirurgião Acanthurus chirurgus (16,0 ind./100m2), as cocorocas Ortopristis ruber (15,2 ind./100m2) e Haemulon aurolineatum (11,9 ind./100m2), a sardinha Harengula clupeola (8,1 ind./100m2) e o salema Anisotremus virginicus (7,4 ind./100m2) (Anexo 7; Figura 54). Os peixes-donzelas são herbívoros territoriais, normalmente ocorrendo nas regiões mais rasas e abrigadas dos recifes enquanto os peixes-cirurgiões, também herbívoros, costumam ser vistos em cardumes e se alimentando das algas que crescem sobre os recifes.

As

cocorocas,

sempre

formadoras

de

cardumes,

são

encontradas

principalmente na região de interface do recife, forrageando sobre o fundo inconsolidado. O salema, que é visto tanto solitário como em cardumes, é encontrado principalmente nas regiões com maior quantidade de pedras e buracos.

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Figura 54 - Abundancia relativa das principais famílias encontradas nos recifes rochosos da Ilha dos Franceses. a: A. chirurgus; b: H. aurolineatum; c: S. fuscus; d: A. virginicus.

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Durante os levantamentos, foi detectada a presença de uma espécie ameaçada de extinção, o gramma Gramma brasiliensis (Anexo 7; Figura 56). Esta espécie foi registrada nas ilhas Itapetinga e Branca e em recifes como a Pedra do Mero. O gramma é encontrado principalmente em fendas e grutas de ambientes com alta e média complexidade estrutural, entre 3 e 15 m de profundidade. Apesar de não terem sido registrados neste estudo, outras quatro espécies ameaçadas já foram catalogadas para a Ilha dos Franceses: o gobi-neon Elacatinus figaro, o mero Epinephelus itajara, o lambarú Ginglymostoma cirratum e o cação-viola Rhinobatos horkelii. Os recifes da região e os costões rochosos das ilhas também abrigam espécies ameaçadas de

Nº de ind./100m²

40

30

20

10

0 S. fuscus

P schomburgki

A. chirurgus

O. ruber

H. aurolineatum

A. virginicus

Figura 55 – Espécies mais abundantes encontradas no ambiente “Recifes rochosos”. a: P. schomburgkii; b: H. aurolineatum.

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sobre-explotação como o badejo Mycteroperca bonaci e a cioba Ocyurus chrysurus (Figura 56). Os recifes isolados e as regiões mais profundas das ilhas são ambientes em que se podem encontrar grandes exemplares de badejos, enquanto que as áreas abrigadas e rasas das ilhas, principalmente a dos Franceses, servem de refúgio e abrigo para exemplares juvenis. Doze espécies alvo de pescadores profissionais foram registradas neste estudo: o sargo-de-beiço Anisotremus surinamensis e o sargo-de-dente Archosargus probatocephalus, os badejos M. acutirostris e M. bonaci, o xixarro Caranx crysos, o xerelete Caranx latus, o olho-de-boi Seriola rivoliana, o dentão L. jocu, a cioba O. chrysurus, o catuá Cephalopholis fulva e as cocorocas Haemulon plumieri e H. parra (Anexo 7; Figura 57). Os recifes submersos apresentam uma maior abundância de espécies alvo de pesca do que os costões das ilhas, enquanto as ilhas costumam abrigar grande quantidade de juvenis destas espécies. Os

pontos

que

apresentaram

as

maiores

abundâncias foram a Pedra do Mero (410,0 ind./100m2), o Oeste dos Franceses (213,8 ind./100m2) e o Baixio dos Franceses (210,0 ind./100m2). O ponto que apresentou a maior riqueza foi o Baixio dos Franceses, com 48 espécies obtidos

(considerando por

espécies Franceses

censo

mais

visual

abundantes

foram

aurolineatum,

somente

H.

os

os

dados

quantitativo). no

invertívoros plumieri,

Baixio

As dos

Haemulon Anisotremus

Figura 56 – Espécies ameaçadas de extinção e sobre-exploração encontradas nos recifes rochosos do litoral sul do Espírito Santo. A) G. brasiliensis; B) O.chrysurus; C) M. bonaci.

surinamensis, Halichoeres poeyi e Bodianus rufus e os planctívoros Decapterus spp. e 94 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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Myripristis jacobus, totalizando mais de 60 % da comunidade total. Os pontos que apresentaram o maior número de espécies alvo de pesca foram o Oeste dos Franceses e a Pedra do Mero, 7 e 6, respectivamente. O Gramma brasiliensis, espécie ameaçada de extinção, foi encontrado nos pontos Ilha Branca, Ilha Itapetinga e Pedra do Mero. O ponto onde foi encontrado o maior número de espécies ameaçadas de sobreexplotação foi o Oeste dos Franceses (n = 3).

Figura 57 – Espécies de importância comercial encontradas nos recifes rochosos do litoral sul do Espírito Santo. A) S. rivoliana; B) A. surinamensis; C) C. fulva; D) L. jocu.

Comunidade bentônica Os “Recifes Rochosos” constituem ambientes insulares com grandes formações coralinas (16,86%) e boa representação de algas carnosas (12,23%). A comunidade zoobentônica foi caracterizada pelo domínio do grupo Crinóide (Classe Crinoidea, Filo Echinodermata) com 11,58 % de cobertura, seguido por Esponja (Filo Porifera) com 9,95 % e Hidróide (Ordem Hydroida, Classe Hydrozoa, Filo Cnidaria) com 8,97 %. A cobertura de substrato não consolidado foi de 20,46% (Figura 58).

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Foram registradas na área três espécies ameaçadas de extinção: Cerianthus brasiliensis, Phillogorgia dilatata, Echinaster brasiliensis (Figura 59). Também foram observadas espécies de interesse comercial como as algas calcárias, Leptogorgia sp., Phillogorgia dilatata, Echinaster brasiliensis e Carijoa riisei (Figura 59).

Cobertura (%)

28

21

14

7

0 Alga calcaria Alga carnosa incrustante

Crinóide

Esponja

Alga em tufo

Hidróide

Figura 58 - Percentual de cobertura e desvio padrão dos grupos funcionais mais abundantes encontrados no ambiente “Recifes Rochosos”.

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Figura 59 – Espécies da comunidade bentônica ameaçadas de extinção e de interesse comercial encontradas nos ambientes de recifes rochosos do litoral sul do Espírito Santo. A) E. brasiliensis; B) P. dilatata; C) Cerianthus sp.; D)Leptogorgia sp.

De maneira geral os organismos bentônicos de costões rochosos do Brasil ainda não foram adequadamente estudados. A maior parte dos estudos está concentrada nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. O levantamento da fauna de invertebrados de costões rochosos do Espírito Santo se torna necessária para um maior conhecimento das comunidades (Coutinho, 2002). A conservação de recifes se torna cada vez mais importante diante da ameaça constante a esses ambientes. Organismos bentônicos são responsáveis pela manutenção das comunidades marinhas, sendo alguns organismos como as algas coralinas atuando no resgate de carbono ao construir sua estrutura calcária sob a forma de carbonatos, colaborando como uma ferramenta no combate do efeito estufa e aquecimento global. Foram observadas 112 lagostas, de ambas as espécies Panulirus argus e P. laevidauda (Figura 60), nos recifes rochosos estudados. Os recifes da Ilha Itapetinga, seguidos dos da Ilha Branca, apresentaram a maior quantidade de lagostas. Cabe ressaltar que ambas as espécies de lagostas encontradas são consideradas ameaçadas de sobre-explotação no Brasil. 97 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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Figura 60 – Lagostas (Panulirus laevicauda e P. argus) observadas nos recifes rochosos do litoral sul do Espírito Santo.

Fundos biogênicos Descrição do ambiente Ambientes recifais possuem diferentes formações e inúmeras características. Os ambientes recifais mais conhecidos são os recifes de coral, os recifes calcáreos e os recifes rochosos. O ambiente “Fundos biogênicos” também pode ser considerado como uma área recifal, possuindo como base formações de algas calcárias e sendo caracterizado pela rica cobertura de organismos bentônicos (Figura 61). Associada a essa base recifal é encontrada uma rica fauna de invertebrados sésseis (como lírios do mar, briozoários, anêmonas, esponjas, hidrozoários, octocorais, poliquetos, ascídias, entre outros) e móveis (como estrelas e serpentes do mar, caranguejos, camarões, gastrópodes e bivalves), além de uma flora (principalmente macroalgas) muito diversa (Figura 61). Esses recifes proporcionam uma alta complexidade estrutural, formando verdadeiros oásis em mar aberto, oferecendo abrigo e alimento para muitas espécies.

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Este ambiente está distribuído por uma extensa área do substrato marinho do litoral sul do Espírito Santo (Figura 62). Este ambiente recifal encontra-se distribuido por toda a área diagnosticada, atravessando todos os municípios estudados (Figura 62). Os pontos avaliados pelo diagnóstico ambiental incluídos dentro da categoria “Fundos biogênicos” foram Índio, Joaquim Antônio e Sudeste do Índio. No ponto Joaquim Antônio foi realizado censos nos bancos de areia adjacentes (dados incluídos no ambiente “Fundos inconsolidados”).

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Figura 61 – Ambientes de recifes biogênicos do litoral sul do Espírito Santo. A C F) Apresentam cobertura de algas; B) Recifes de Briozoários; D E) Predomínio de rodolitos.

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Figura 62 – Mapa da distribuição dos pontos amostrados para censos visuais e foto-quadrats dos ambientes de Fundos Biogênicos na costa sul do Espírito Santo.

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Comunidade de peixes No total, 42 espécies (30 considerando apenas os dados obtidos por censo visual quantitativo), distribuídas em 25 famílias, foram levantadas para o ambiente “Fundos biogênicos”. As famílias mais especiosas foram Serranidae (7 sp.), Labridae (3 sp.) e Gobiidae (3 sp.). Os gêneros mais diversos foram Serranus, com quatro espécies, e Halichoeres com três (Anexo 7). O ambiente “Fundos biogênicos” apresentou o terceiro maior índice de diversidade de Shannon (2,2) e a menor abundância (34,6 ind./100m2) (Anexo 7). As espécies mais abundantes foram a cocoroca Haemulon aurolineatum (10,2 ind./100m2), o sabonete Halichoeres poeyi (7,0 ind./100m2), o pargo-rosa Pagrus pagrus (6,9 ind./100m2), o peixe-borboleta Chaetodon sedentarius (1,6 ind./100m2), a mariquita Serranus baldwini (1,5 ind./100m2) e o michole Diplectrum formosum (1,2 ind./100m2) (Figura 63; Anexo 7). Todas estas espécies abundantes nos fundos biogênicos são carnívoras e invertívoras. Este ambiente é utilizado como uma importante área de recrutamento, refugio e alimentação para os peixes. Apesar de não abrigar espécies ameaçadas de extinção, esses recifes são o ambiente ótimo para uma importante espécie comercial ameaçada de sobre-explotação. São nos fundos biogênicos que encontramos as maiores abundâncias do pargo-rosa Pagrus pagrus (Figura 64; Anexo 7). A pescaria desta espécie é largamente disseminada no litoral sul do Espírito Santo, ocorrendo em todas as comunidades estudadas e envolvendo cerca de 150 pescadores (Martins et al., 2009a). Outras três espécies alvo de pesca, também de grande importância comercial, são encontradas nessa região: o peixe-pena Calamus spp., o peroá-preto Balistes vetula e o xixarro Caranx crysos (Figura 64; Anexo 7).

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O ponto que apresentou a maior abundância de peixes foi o Joaquim Antônio, com 65,2 ind./100m2, onde também foi encontrado o maior número de espécies (n = 20). Entre os pontos amostrados nos fundos biogênicos, este ponto foi o que apresentou maior complexidade estrutural. As espécies mais abundantes no ponto Joaquim Antônio foram a cocoroca Haemulon aurolineatum e o pargo-rosa Pagrus pagrus, totalizando mais de 60 % da abundância total. O pargo-rosa, espécie ameaçada de sobreexplotação, foi encontrada em todos os pontos. No ponto Índio foi encontrado o maior número de espécies alvo de pesca (n = 3).

Nº Ind./100m²

18

12

6

0 H aurolineatum

H. poeyi

P. pagrus

C. sedentarius

S. baldwini

D. formosum

Figura 63 - Espécies mais abundantes no ambiente “Recifes biogênicos”. a: H poeyi; b: S. baldwini; c: D. formosum; d: C. sedentarius.

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Apesar da grande importância ecológica e econômica deste ambiente, um grande impacto ecológico ocorre na costa sul do Espírito Santo. A exploração do fundo recifal calcáreo é permitida pela legislação ambiental brasileira. Atualmente uma empresa explora o substrato bentônico numa região situada a sudeste da área de estudo. Esta exploração destrói os fundos biogênicos, diminuindo o habitat essencial de espécies importantes sócio-economicamente. Muitos pescadores e empresários defendem a idéia de que o fundo recifal biogênico é um fundo de cascalho morto, incentivando a exploração. Porém, sabe-se que o crescimento dos organismos que formam estes recifes é lento (Villas Boas, 2004) e o dano causado por esta exploração pode ser irreversível.

Figura 64 – Espécies de importância comercial encontradas nos recifes biogênicos. a: P. pagrus; b: Calamus sp.; c: B. vetula; d: C. crysos.

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Comunidade bentônica Este ambiente constitui um fundo recifal com pequena cobertura de macroalgas carnosas (6,31 %), porém com boa formação de algas coralinas incrustantes formadoras de bancos recifais (12,49 %). Entre os zoobentos, Ascídia (Classe Ascidiacea, Filo Chordata) foi a mais representativa com 21,99 % de cobertura, seguida por Crinóide (Classe Crinoidea, Filo Echinodermata) com 10,70 %, Esponja (Filo Porifera) com 6,42 %, Briozoário (Filo Bryozoa) com 5,55 % e Octocoral (Subclasse Octocorallia, Classe Anthozoa, Filo Cnidaria) com 5,16 %. A cobertura de substrato não consolidado foi a menor entre os ambientes com 13,96 % (Figura 65). Varias espécies ameaçadas de extinção foram observadas neste ambiente: Cerianthus brasiliensis, Phillogorgia dilatata, Linckia guildingii, Narcissia trigonaria, Echinaster brasiliensis, Meandrina brasiliensis, Millepora alcicornis. Também foram registradas espécies de interesse comercial como as Algas calcárias, Plexaurella grandiflora, Leptogorgia sp., Meandrina brasiliensis, Palithoa caribaeorum, Actinoporus elegans, Echinaster brasiliensis, Linckia guildingii e Siderastrea stellata (Figura 66).

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Cobertura (%)

40

30

20

10

0 Ascídia

Alga calcaria incrustante

Crinóide

Alga em tufo

Esponja

Alga carnosa

Figura 65 - Percentual de cobertura e desvio padrão dos grupos funcionais mais abundantes encontrados no ambiente “Recifes biogênicos”. A) Gorgônia; B) Ascidia; C) Esponja; D) Briozoário.

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Figura 66 – Espécies da comunidade bentônica ameaçadas de extinção e de interesse comercial encontradas nos ambientes de recifes biogênicos. A) Meandrina brasiliensis; B) Plexaurella sp.; C) Linckia guildingii; D) Actinoporus elegans.

Recifes biogênicos ou Cabeços Descrição do ambiente Cabeços, termo utilizado vulgarmente pelos pescadores, são formações biogênicas do tipo “patch reef”. Esse ambiente possui composição biológica similar ao ambiente “Fundos biogênicos”, porém diferem quanto à estrutura do recife. Eles são compostos de pequenos recifes com formato arredondado ou oval e isolados por faixas de sedimento inconsolidado (Figura 67). Suas faunas possuem características peculiares devido à ampla faixa de contato (interface) entre o recife e os ambientes inconsolidados 107 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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adjacentes. Além disso, a disponibilidade de amplas áreas de fundo inconsolidado ao redor permite que espécies de peixes recifais que se alimentam de invertebrados associados a areia e/ou lama, como os haemulídeos, sejam particularmente abundantes. Os “patch reefs” em todo o mundo são tipicamente formados por corais, mas como no litoral sul do Espírito Santo a abundância de corais hermatípicos é baixa (Floeter et al., 2007), o substrato passa a ser composto principalmente por algas calcárias incrustantes e invertebrados bentônicos (Figura 67)

Figura 67 – Ambientes conhecidos como “cabeços” no litoral sul do Espírito Santo.

. Na área compreendida pelo presente estudo, cinco pontos do tipo “Cabeços” foram avaliados (Nino, Pedra do Mero, Vidal, Pedra do Lastro e Cabeço 2) (Figura 68). Esses recifes apresentam diferenças quanto ao tamanho das unidades recifais, profundidade e tipo de substrato ao redor. Enquanto os pontos Nino, Pedra do Mero e Cabeço 2 estão em áreas com predominância de areia (o ponto Cabeço 2 possui ainda áreas com rodolitos ao redor), o ponto Vidal está situado em uma área bastante lamosa. Nos pontos Nino e Pedra do Mero, foram realizados censos nas áreas arenosas adjacentes 108 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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(dados incluídos no ambiente “Fundos inconsolidados”). Os pontos Nino e Cabeço 2 são formados por apenas um grande “patch reef” cada, sendo que os demais são formados por vários recifes pequenos (o ponto Pedra do Mero possui, além dos pequenos recifes, uma grande pedra granítica a qual foi incluída no ambiente “Recifes rochosos”). Os pontos com maior profundidade foram Pedra do Lastro (20 m) e Cabeço 2 (17 m), seguido por Nino e Vidal (12 m) e Pedra do Mero (11 m).

Figura 68 – Mapa dos pontos amostrados para censos visuais e foto-quadrats dos ambientes de Recifes Biogênicos ou “cabeços” amostrados na costa sul do Espírito Santo.

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Comunidade de peixes No total foram registradas 82 espécies (75 considerando apenas os dados obtidos por censo visual quantitativo), pertencentes a 34 famílias. As famílias mais especiosas foram Serranidae (10 sp.), Haemulidae (7 sp.), Carangidae (4 sp.) e Sparidae (4 sp.). Os gêneros mais diversos foram Haemulon (4 sp.) e Acanthurus (3 sp.) (Anexo 7). O ambiente “Cabeços” apresentou o segundo maior índice de diversidade de Shannon (2,7 contra 3,2 no ambiente “Recifes rochosos”) e a segunda maior abundância (226,2 ind./100m2 contra 293,8 ind./100m2 no ambiente “Algas”). As espécies mais importantes foram o olho-de-cão Priacanthus arenatus (51,3 ind./100m2), as cocorocas Haemulon aurolineatum (44,8 ind./100m2), Orthopristis ruber (23,8 ind./100m2) e Haemulon steindachneri (18,1 ind./100m2) e a cavalinha Decapterus spp. (20,2 ind./100m2) (Anexo 7; Figura 69), representando 70 % da abundância total. As cocorocas são espécies que utilizam o recife como abrigo durante o dia, mas se alimentam principalmente de invertebrados bentônicos nos ambientes inconsolidados adjacentes, durante a noite. O fato dos “patch reefs” apresentarem uma grande proporção entre área de fundos inconsolidados e área recifal faz com que a capacidade de suporte para espécies que utilizam o recife apenas para abrigo (ou seja, não competem por alimento dentro dos recifes) seja grande, o que explica a abundância de cocorocas encontrada. O olho-de-cão e a cavalinha são peixes planctívoros. O primeiro procura abrigo nas fendas e cavernas durante o dia, saindo a noite para se alimentar, e o segundo possui hábito pelágico, permanecendo na coluna d’água durante todo o tempo. O ambiente “Cabeços” apresentou uma grande quantidade de espécies alvo de pesca (considerando apenas os dados obtidos por censo visual quantitativo), como os badejos Mycteroperca acutirostris e M. bonaci, o dentão Lutjanus jocu, a sirioba L. synagris, a cioba Ocyurus chrysurus, o catuá Cephalopholis fulva, o olho-de-boi Seriola rivoliana, a enchova Pomatomus saltatrix, o sargo-de-beiço Anisotremus surinamensis, o sargo-de-dente Archosargus probatocephalus, as cocorocas Haemulon parra e H. plumieri, o xixarro Caranx crysos, o xerelete C. latus, o peixe-pena Calamus spp., o olho-de-cão Priacanthus arenatus e o pargo-rosa Pagrus pagrus (Anexo 7; Figura 70). 110 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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Além disso, foi encontrada uma espécie ameaçada de extinção, o gramma Gramma brasiliensis, e quatro ameaçadas de sobre-explotação, o badejo Mycteroperca bonaci, a cioba Ocyurus chrysurus, o pargo-rosa Pagrus pagrus e a enchova Pomatomus saltatrix (Anexo 7).

Nº Ind./100m²

100

75

50

25

0 P.arenatus H.aurolineatum

O.ruber

Decapterus H.steindachneri spp.

H.poeyi

Figura 69 – Espécies mais abundantes encontradas nos “cabeços”, litoral sul do Espírito Santo. a: P. arenatus; b: H. steindachneri.

O ponto Nino apresentou a maior abundância total (644,3 ind./100m2) entre todos os pontos do ambiente “Cabeços”, sendo que 80 % dela foi causado por apenas duas espécies, o olho-de-cão P. arenatus e a cocoroca H. aurolineatum. Os demais pontos apresentaram abundância comparativamente baixa, sendo a maior delas (Vidal; 150,5 111 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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ind./100m2) mais de quatro vezes menor que a do Nino. Os pontos Pedra do Lastro e Nino apresentaram a maior riqueza (considerando apenas os dados obtidos por censo visual quantitativo), com 46 e 39 espécies, respectivamente, além do maior número de espécies alvo de pesca (8 e 10, respectivamente), ameaçadas de extinção (1 na Pedra do Lastro) e sobre-explotação (4 e 3, respectivamente).

Figura 70 – Espécies de importância comercial encontradas nos “cabeços”, litoral sul do Espírito Santo. a: C. latus; b: C. crysos; c: A. probatocephalus; d: L. jocu.

Comunidade bentônica Este ambiente apresentou a menor cobertura de macroalgas com destaque para 7,31% de algas calcárias incrustantes proporcionando também a formação de pequenas faixas de rodolitos. A comunidade zoobentônica foi caracterizada pelo domínio da cobertura por Crinóide (Classe Crinoidea, Filo Echinodermata) com 12,19 %, Ascídia (Classe Ascidiacea, Filo Chordata) com 8,18 %, Octocoral (Subclasse Octocorallia, Classe Anthozoa, Filo Cnidaria) com 4,70 %. A cobertura de substrato não consolidado foi a maior entre os todos ambientes, com 45,84 % de cobertura (Figura 71).

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Foram observadas na localidade duas espécies ameaçadas de extinção: Echinaster brasiliensis e Mussismilia brasiliensis, assim como espécies de interesse comercial como algas calcárias, Plexaurella grandiflora, Leptogorgia sp., Carijoa riisei, Mussismilia brasiliensis, Echinaster brasiliensis, Favia leptophylla e Siderastrea stellata (Figura 72).

Cobertura (%)

28

21

14

7

0 Crinóide

Ascídia

Alga calcaria incrustante

Alga em tufo

Alga carnosa

Octocoral

Figura 71 - Percentual de cobertura e desvio padrão dos grupos funcionais mais abundantes encontrados no ambiente “Cabeços”.

Figura 72 – Espécies ameaçadas de extinção da comunidade bentônica encontrada nos “cabeços”, litoral sul do Espírito Santo. A) Mussismilia brasiliensis; B) Carijoa riisei.

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O ambiente “Cabeços” foi o ambiente que apresentou a maior abundância de lagostas, sendo observados nos censos 147 indivíduos da espécie Panulirus argus. Contudo, um único cabeço pode apresentar mais de 500 lagostas, como visto no ponto Cabeço 2.

Fundo biogênico com cobertura de Algas Descrição do ambiente O ambiente “Algas” possui como característica marcante, como o próprio nome sugere, uma elevada abundância de algas, principalmente macroalgas e algas unicelulares coloniais, as quais recobrem fundos de rodolitos, recifes biogênicos e recifes rochosos (Figura

73).

formação

A e

manutenção destes bancos de algas bem como sua

dinâmica

temporal

não

puderam

ser

determinadas no momento devido ao curto período de levantamento dos dados. Uma vez

que

ambiente encontrado

este foi

Figura 73 – Ambientes de cobertura de macro-algas, litoral sul do Espírito Santo.

em

diversas escalas de distância da costa e próximos a áreas com abundância comparativamente baixa de algas, é improvável que sua ocorrência seja determinada somente pelo aporte de nutrientes provenientes da costa (Figura 74). 114 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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Figura 74 – Mapa dos pontos amostrados para censos visuais e foto-quadrats dos ambientes de Fundos Biogênicos com predomínio de algas, presentes na costa sul do Espírito Santo.

Sete pontos foram incluídos no ambiente “Algas”. Os pontos Cem Quilos e Cabeço 1 são formados por rodolitos intercalados por cascalho ou areia, enquanto os pontos Baixa de Fora, Baixa do Meio, Baixa Grande, Pedra dos Cabeços e Recife FrancesesContinente por recifes biogênicos. O ponto Cabeço 1 apresentou a maior profundidade (21 m) e o ponto Recife Franceses-Continente apresentou a menor profundidade (4 m).

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Comunidade de peixes No ambiente “Algas” foram observadas 76 espécies em 32 famílias, sendo que para 66 daquelas foram obtidos dados de abundância (observados nos censos quantitativos). As famílias mais especiosas foram Haemulidae (8 sp.), Labridae (6 sp.), Serranidae (5 sp.) e Labrisomidae, Pomacanthidae, Pomacentridae e Scaridae (4 sp.). Os gêneros mais diversos foram Haemulon, com quatro espécies, e Acanthurus e Sparisoma, com três (Anexo 7). O ambiente “Algas” apresentou a maior abundância total (293,8 ind./100m2) (Anexo 7), porém um baixo índice de diversidade de Shannon (1,5), ficando acima do ambiente “Areia” (1,3) apenas. As espécies mais abundantes foram as cocorocas Haemulon aurolineatum (194,7 ind./100m2) e H. steindachneri (29,8 ind./100m2), representando 76 % da abundância total, o sabonete Halichoeres poeyi (14,9 ind./100m2), o cirurgião Acanthurus bahianus (8,4 ind./100m2) e o peixe-donzela Stegastes fuscus (6,3 ind./100m2) (Anexo 7). As cocorocas, como mostrado para o ambiente “Cabeços” são particularmente abundantes em áreas recifais pequenas e adjacentes a bancos de sedimento inconsolidado, onde elas se alimentam de invertebrados durante a noite. O sabonete Halichoeres poeyi e os herbívoros Acanthurus bahianus e Stegastes fuscus provavelmente são abundantes nestes locais por se alimentarem diretamente das algas (herbívoros) ou de invertebrados associados a estas (sabonete). Entre as espécies alvo de pesca, foram detectadas no ambiente “Algas” (considerando apenas os dados obtidos por censo visual quantitativo) o peroá-preto Balistes vetula, os xixarro Caranx crysos, o xerelete C. latus, o olho-de-cão Priacanthus arenatus, as cocorocas Haemulon parra e H. plumieri, o peixe-pena Calamus spp., a cioba Ocyurus chrysurus e o pargo-rosa Pagrus pagrus, sendo que as duas últimas são ameaçadas de sobre-explotação. Uma espécie ameaçada de extinção foi detectada nos censos quantitativos, o gobi-neon Elacatinus figaro (Figura 75; Anexo 7).

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Figura 75 – Espécie alvo de pesca e ameaçada de extinção encontradas nos ambientes cobertos por algas, litoral sul do Espírito Santo. a: H. plumieri; b: E. figaro.

Apesar do ambiente “Algas” ter apresentado a maior abundância entre todos os ambientes analisados, apenas um ponto (Baixa do Meio) foi responsável por essa diferença, devido à grande abundância da cocoroca Haemulon aurolineatum, que em cardumes forrageavam na região. Enquanto a abundância total na Baixa do Meio foi de 1451,2 ind./100m2, a abundância de Haemulon aurolineatum foi de 1379,2 ind./100m2, o que corresponde a 95 % do total. O ponto que apresentou a segunda maior abundância foi a Pedra dos Cabeços (275,1 ind./100m2), valor ainda assim abaixo da média do ambiente. O ponto que apresentou o maior número de espécies foi a Pedra dos Cabeços (39 sp.). Apenas no ponto Baixa de Fora foi encontrada uma espécie ameaçada de extinção, enquanto espécies ameaçadas de sobre-explotação foram encontradas nos pontos Baixa de Fora (2 sp.), Baixa do Meio (1 sp.) e Recife Franceses-Continente (1 sp.). Os pontos que apresentaram o maior número de espécies alvo de pesca foram a Baixa de Fora e a Baixa do Meio, com cinco espécies cada.

Comunidade bentônica Este ambiente foi caracterizado pela grande cobertura de macroalgas (43,22 %), com destaque para o grupo de algas carnosas (22,00 %). Apresenta também grande cobertura de algas calcárias incrustantes caracterizando a formação de rodolitos em alguns pontos. O Espírito Santo é considerado o estado brasileiro com a zona costeira 117 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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mais rica em espécies de macroalgas (Pereira Filho, 2008). Entre os organismos zoobentônicos, Ascídia (Classe Ascidiacea, Filo Chordata) foi o mais representativo com 12,04 % de cobertura, seguido por Crinóide (Classe Crinoidea, Filo Echinodermata) com 8,17 %, Octocorais (Classe Anthozoa, Filo Cnidária) com 4,89 % (Figura 76). A cobertura da superfície de substrato não consolidado foi de 10,28 %.

Cobertura (%)

40

30

20

10

0 Alga carnosa

Alga calcaria incrustante

Alga em tufo

Ascídia

Crinóide

Octocoral

Figura 76 - Percentual de cobertura e desvio padrão dos grupos funcionais mais abundantes encontrados no ambiente “Algas”.

Na localidade foram observadas espécies ameaçadas de extinção, a saber: Phillogorgia dilatata, Linckia guildingii, Narcissia trigonaria, Echinaster brasiliensi; bem como de interresse comercial: algas calcárias, Plexaurella grandiflora, Plexauridae sp., Phillogorgia dilatata, lagosta, Actinoporus elegans, Leptogorgia sp., Linckia guildingii, Narcissia trigonaria, Echinaster brasiliensis, Palithoa caribaeorum, Carijoa riisei, Muriceopsis sulphurea, Siderastrea stellata. Foram avistadas 9 lagostas neste ambiente, sendo 6 Panulirus argus e 3 P. laevicauda. Ambas as espécies são consideradas ameaçadas de sobre-explotação.

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Fundos inconsolidados Descrição do ambiente Ambientes marinhos inconsolidados, como fundos de areia, lama e cascalho (Figura 77), são conhecidos por abrigarem faunas bastante distintas daquelas encontradas em ambientes recifais. No entanto, muitas espécies de peixes recifais forrageiam em áreas de fundo inconsolidado próximas aos recifes, principalmente durante a noite (Burke, 1995; Nagelkerken et al., 2000).

Figura 77 – Ambientes de fundo inconsolidado do litoral sul do Espírito Santo.

Ambientes costeiros de substratos inconsolidados constituem importantes habitats para diferentes fases da vida de varias espécies de peixes, sendo utilizados para alimentação, reprodução, crescimento e abrigo (Amara, 2003; Ruffino & Castello, 1993). As funções de alimentação e refúgio influenciam a utilização destes ambientes por peixes juvenis (Paterson & Whitfield, 2000), tanto de importância econômica como social. 119 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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Na área abrangida no presente estudo foram realizados censos visuais em fundos de areia próximos aos pontos Pedra do Mero, Nino e Joaquim Antônio. Estes ambientes são caracterizados por apresentarem fundos relativamente homogêneos e com baixa complexidade estrutural. Além destes pontos, fundos de areia e lama situados ao sul da Ilha dos Franceses foram estudados por Pinheiro et al. (2009a) e Pinheiro & Martins (2009). Esta região possui áreas onde o substrato apresenta a presença de rodolitos, o qual os pescadores chamam de cascalho (Figura 78).

Figura 78 – Mapa dos pontos amostrados para censos visuais e foto-quadrats dos ambientes de Fundos Inconsolidados, presentes na costa sul do Espírito Santo..

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Os ambientes de fundo lamoso e arenoso da região estudada por Pinheiro et al. (2009a) e Pinheiro & Martins (2009) apresentam uma riqueza relativamente alta quando comparada com outras regiões tropicais e subtropicais do Brasil (Santos, 2000; Bail & Branco, 2003). O estudo de Pinheiro et al. (2009a) registrou 57 espécies de peixes pertencentes a 26 famílias (Anexo 8). A família Sciaenidae obteve maior número de espécies (13), seguida de Carangidae (5), Clupeidae (4) e Tetraodontidae (4). Os gêneros de maior riqueza de espécies são Cynoscion, Sphoeroides e Stellifer, todos com 3 espécies cada. Entre as espécies mais abundantes destacam-se a olhuda Pellona harroweri, os cabeça-dura Stellifer brasiliensis e S. rastrifer, o peixe papel Chirocentrodon bleekerianus, o baiacu Diodontidae Cyclichthys spinosus, a arauja Isopisthus parvipinnis, a maria-luiza Paralonchurus brasiliensis, o peixe-relógio Larimus breviceps, a pescadinha Cynoscion jamaicensis e a fofa Ctenosciaena gracilicirrhus (Figura 79). Os cascalhos proporcionam um aumento da complexidade do substrato, influenciando a ocorrência de algumas espécies como a moréia Gymnothorax ocellatus, o peixe escorpião Scorpaena brasiliensis, o voador de fundo Dactylopterus volitans, o peixe morcego Ogcocephalus vespertilio, o michole Diplectrum formosum e a cocoroca Orthopristis ruber (Pinheiro et al., 2009a). Toda a região costeira de fundo arenoso/lamoso representa importante habitat para diferentes espécies de raias. Destaca-se a ocorrência da raia conhecida como caçãoviola, Rhinobatos horkelii, ameaçada de extinção (Figura 80). Outras 4 espécies de raias ocorrem na região: os cações viola Rhinobatos percellens e Zapteryx brevirostris, a raia borboleta Gymnura altivela e a raia manteiga Dasyatis guttata (Figura 81) (Pinheiro et al., 2009a). As raias, juntamente com os cações, têm sido ameaçadas em quase todos os ambientes do mundo. Características de seu ciclo de vida tornam estas espécies suscetíveis à sobre-pesca e extinção.

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Dez espécies de peixes que ocorrem nos ambientes de lama e areia da zona de estudo são classificadas como alvo de pescadores. Entre as espécies de alto valor econômico destacam-se as pescadas Cynoscion jamaicensis, C. leiarchus e C. virescens, a arauja Isopisthus parvipinnis, os cações viola R. horkelii e R. percellens, o xixarro Caranx crysos, o xerelete C. latus, o baiacu-arara Lagocephalus laevigatus e o peixe-espada Trichiurus lepturus.

Nº Ind./10.000m²

120

80

40

tr S. ife br r as ili en C .b si le s ck er ia nu C s .s pi no su I.p s ar vi pi nn P. is br as ili en si L. s br ev ic C ep .ja s m ai c C en .g si ra s ci lic ir r hu s

S. ra s

P. ha

rr ow er

i

0

Figura 79 - Espécies mais abundantes encontradas nas áreas de fundo de substrato inconsolidado do litoral sul do Espírito Santo. a: P. harroweri; b: P. brasiliensis; c: C. jamaicensis; d: S. rastrifer.

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Figura 80 - Espécies capturadas nas regiões de substrato inconsolidado que apresentavam “cascalhos” (presença de rodolitos e invertebrados bentônicos), litoral sul do Espírito Santo; a: G. ocellatus;b: Scorpaena sp.; c: D. volitans; d: O. vespertilio.

Figura 81 – Espécies de raias que ocorrem nos fundos de substrato inconsolidado da região sul do Espírito Santo. a: R. horkelii; b: D. guttata.

O estudo de Pinheiro et al. (2009a) mostra que muitas espécies de peixes reproduzem e recrutam nos ambientes costeiros de fundo lamoso e arenoso da região. O principal período de reprodução é no verão enquanto que o principal período de recrutamento ocorre nos meses de inverno. 123 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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Além de peixes, é encontrada nas áreas de fundo de areia/lama uma grande biomassa de camarões, caranguejos e siris (Pinheiro & Martins, 2009). Entre as espécies de crustáceos mais abundantes destacam-se os camarões sete-barbas Xyphopenaeus kroyeri e os camarões rosa Farfantepenaeus brasiliensis e F. paulensis (Figura 82), todos ameaçados de sobre-exploração.

Figura 82 – Camarão 7 barbas (a) e camarão rosa (b) encontrados nos fundos inconsolidados de areia e lama do litoral sul do Espírito Santo.

Comunidade de peixes Durante os levantamentos realizados por censo visual foram observadas somente sete espécies, pertencentes a seis famílias (Anexo 7). O ambiente “Fundos inconsolidados” apresentou o menor índice de diversidade de Shannon (1,3) e a segunda menor abundância (48,5 ind./100m2) (Anexo 7). As espécies encontradas neste ambiente foram a palombeta Chloroscombrus chrysurus,

o

voador-de-fundo

Dactylopterus

volitans,

a

cocoroca

Haemulon

aurolineatum, o sabonete Halichoeres poeyi, o linha-azul Ptereleotris randalli, o michole Diplectrum radiale e a mariquita Serranus atrobranchus (Figura 83). Todas essas espécies são consideradas como peixes recifais, porém, a palombeta, o voador-defundo, o linha-azul, o michole e a mariquita são típicos de ambientes inconsolidados ao redor de recifes. Tanto a cocoroca quanto o sabonete são peixes recifais que se alimentam de invertebrados bentônicos. O primeiro forrageia nos substratos inconsolidados adjacentes aos recifes durante a noite e o segundo no próprio recife durante o dia. As espécies mais abundantes foram a cocoroca (25,0 ind./100m2) e o 124 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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linha-azul (13,0 ind./100m2) representando quase 80 % da abundância total (Anexo 7). Nenhuma destas espécies é alvo de pesca ou ameaçada de extinção ou sobreexplotação.

Figura 83 – Espécies encontradas nos fundos inconsolidados de interface aos recifes rochosos e cabeços, litoral sul do Espírito Santo. a: P. randalli; b: S. atrobranchus; c: D. radiale; d: C. chrysurus.

O ponto Nino apresentou a maior abundância (70,8 ind./100m2), seguido pelo ponto Joaquim Antônio (27,5 ind./100m2). A cocoroca Haemulon aurolineatum foi encontrada somente no ponto Nino, onde apresentou uma elevada abundância (41,7 ind./100m2). O linha-azul Ptereleotris randalli, segunda espécie em abundância, foi igualmente abundante

nos

pontos

Nino

e

Joaquim

Antônio

(16,7

e

15,0

ind./100m2,

respectivamente) e ausente no ponto Pedra do Mero.

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Comunidade bentônica Os ambientes de fundo inconsolidado são caracterizados por substrato de areia e lama (Figura 84). A areia pode ser de composição terrígina ou bioclástica. Apesar deste tipo de ambiente ser caracterizado pela baixa complexidade, agrupamentos de invertebrados e rodolitos, estes últimos apresentando associações com macroalgas, proporcionam um aumento de habitats e complexidade para este ambiente

Figura 84 – Fundo de areia.

(Figura 77).

PESCA RECREACIONAL NAS ILHAS E RECIFES A pesca recreacional é um importante uso social e econômico dos recursos pesqueiros (Cooke & Schramm, 2007) e em muitas partes do mundo é apontada pela exploração de considerável proporção dos recursos pescados (Lappalaine & Ponni, 2000). Na região estudada, as pescarias recreacionais ocorrem nas ilhas, costões e recifes mais afastados (Figura 85). Existem aqueles casos em que os pescadores possuem embarcação própria, entretanto, a maioria dos pescadores amadores costuma pagar os serviços de pescadores profissionais para poder levá-los aos pesqueiros (recifes e cabeços). Em outros casos, pescadores recreacionais utilizam de escunas e embarcações que realizam o translado de turistas até as ilhas para pescar em seus costões.

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Figura 85 – Atividades de pesca recreacional realizadas nas ilhas e costões rochosos do litoral sul do Espírito Santo.

Um monitoramento das atividades de pesca recreacionais na Ilha dos Franceses, realizado entre 2005 e 2006, estudou as características e capturas de pescarias de linha e anzol e caça-submarina (Pinheiro et al., 2006). A atividade de caça submarina apresentou uma média de 0,9 ± 0,2 (EP) praticantes por dia, os quais praticavam cerca de 2,25 ± 0,4 horas de atividade por dia. A atividade de caça-sub capturou 17 espécies de peixes (Anexo 9), com uma média de 2,6 ± 1,1 peixes por hora (nº/h/homem) e que possuíram um tamanho médio de 32,7 ± 4,3 cm. Esta atividade capturou uma maior biomassa de peixes herbívoros, apresentando uma baixa seleção, preferindo capturar o recurso mais abundante (Figura 86). A atividade de pesca com linha e anzol apresentou uma média de 0,6 (0,3) praticantes por dia, os quais praticaram cerca de 3,05 ± 0,6 horas de atividade por dia. Esta atividade capturou 22 espécies de peixes (Anexo 9), com uma taxa média de 1,6 ± 0,5 peixes por hora (nº/h/homem) e que possuíam um tamanho médio de 20,4

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(± 2) cm. A atividade de pesca de

linha

e

anzol

capturou

espécies de alto nível trófico, como

peixes

% 90

Caça-submarina

piscívoros,

possuindo alta seleção por este

60

recurso (Figura 86). Contudo, os pescadores preferência

mostraram por

certa

30

peixes

invertívoros, capturando grande biomassa enorme

(relativa

a

quantidade)

uma deste

0 % 90

Pesca com linha e anzol

recurso.

Capturado

60

No geral, as atividades de caça

Biomassa disponivel no ambiente

30

submarina capturaram peixes maiores que a atividade de

de pescado e visando indivíduos topo de cadeia (principalmente piscívoros),

mesmo

que

de

pequenos tamanhos. A alta taxa de CPUEs das atividades de

Planctivoros

mantendo uma grande captura

Omnivoros

anzol,

Invertivoros

e

Herbivoros

linha

Piscivoros

de

Carnivoros

pesca

0

Figura 86 - Proporção da biomassa de cada grupo trófico presente no ambiente e proporção da biomassa capturada pelas atividades de pesca recreacional na Ilha dos Franceses.

caça pode ser explicada pela facilidade de escolha e captura do recurso quando comparado a outras atividades de pesca. Esta facilidade de visualização e captura do recurso pode reduzir a seletividade da atividade quando praticada por pescadores pouco experientes. A baixa seletividade de pescadores iniciantes, que capturam de tudo,

e

a

extrema

seleção

dos

pescadores

experientes,

que

capturam

preferencialmente as espécies suscetíveis a sobre-exploração, podem colaborar para a insustentabilidade desta atividade nos ambientes costeiros.

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A pesca de linha de mão, por sua vez, explora grande quantidade de predadores topo e invertívoros, ainda que muitos sejam juvenis. Com a falta de grandes serranídeos e lutjanídeos na região costeira, os pescadores direcionam os seus esforços para os pequenos carangídeos, haemulídeos e scarídeos, ainda presentes. Como apontado por outros autores (Westera et al., 2003), esta pesquisa mostra que mesmo a pesca recreacional por si só pode trazer impactos para a comunidade de peixes recifais.

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PADRÕES ESPACIAIS DE DISTRIBUIÇÃO DA COMUNIDADE DE PEIXES

Ambientes recifais geralmente possuem complexidade maior do que ambientes de algas e gramíneas marinhas e estes, por sua vez, possuem complexidade maior do que ambientes inconsolidados. A complexidade do ambiente exerce forte influência sobre as comunidades de peixes recifais, com habitats mais complexos tendendo a ter maior riqueza de espécies e abundância do que aqueles menos complexos. Desta forma, áreas formadas por um mosaico de diferentes tipos de ambiente provavelmente apresentam um padrão de distribuição das comunidades relacionado com a distribuição destes ambientes (Gratwicke & Speight, 2005). O litoral sul do Espírito Santo possui uma plataforma continental interna bastante diversificada, apresentando diferentes tipos de ambientes (“Algas”, “Recifes rochosos”, “Fundos biogênicos”, “Recifes biogênicos ou Cabeços” e “Fundos inconsolidados), os quais estão distribuídos irregularmente por toda a plataforma interna (Figura 87). Este complexo mosaico de ambientes suporta diversos tipos de pescarias, incluindo a coleta de mariscos e captura de invertebrados e peixes para fins ornamentais (Martins et al., 2009a). Os ambientes “Fundos biogênicos”, “Algas” e “Cabeços” apresentam ampla distribuição, abrangendo as porções norte, central e sul da área de estudo, bem como áreas próximas e afastadas da linha de costa. O ambiente “Recifes rochosos” ocorre na porção central da área de estudo e, com exceção do ponto Pedra do Mero, próximo à linha de costa. O ambiente “Fundos inconsolidados” avaliado nos mergulhos não são mostrados no mapa porque são encontrados na borda de outros ambientes. Porém, fundos de lama e areia avaliados em outros estudos, os quais estão indicados no mapa, são encontrados em toda extensão da área, principalmente em regiões mais costeiras A distribuição destes ambientes, com exceção do ambiente “Recifes rochoso”, é fortemente influenciada por forçantes hidrodinâmicas, como correntes de maré, correntes dirigidas pelo vento e exposição à ondas. Estas forçantes influenciam diretamente a quantidade de nutrientes e material particulado em suspensão na coluna d’água, o que, por sua vez, determinam as comunidades bentônicas que formam estes 130 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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ambientes. Floeter et al. (2007), por exemplo, mostraram que na região de Vila Velha e Guarapari, as comunidades bentônicas variam ao longo de um gradiente de distância da costa em função, principalmente, do grau de exposição à ondas. Neste trabalho foi encontrado que áreas mais afastadas da costa e, conseqüentemente, mais expostas, apresentam maior densidade de macroalgas e algas calcárias incrustantes, enquanto em áreas mais próximas da costa e, conseqüentemente, mais abrigadas, algas turf, zoantídeos e corais massivos dominam o ambiente.

Figura 87 - Distribuição espacial dos diferentes ambientes estudados (ver legenda no mapa).

A riqueza de espécies e a diversidade (Figura 88) tenderam a ser maior nos pontos mais próximos da linha de costa, exceto nos pontos Nino (riqueza de espécies) e 131 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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Cabeço 2 (diversidade), onde também foram elevadas. A abundância total de peixes não apresentou nenhum padrão espacial definido (Figura 88), com os maiores valores sendo encontrados nas porções central (afastado da linha de costa) e sul (próximo da linha de costa) da área de estudo. A distribuição da riqueza de espécies apresentou um padrão oposto ao descrito por Floeter et al. (2007), onde foi encontrado maior riqueza de peixes em áreas mais afastadas da costa. Da mesma forma, no estudo de Floeter também foram encontrados maiores valores de abundância de peixes em áreas mais afastadas da costa. Os fatores apontados como responsáveis por essas diferenças foram a exposição à ondas e a cobertura bentônica. Além desses fatores, a rugosidade (Luckhurst & Luckhurst, 1978) e a profundidade (Friedlander & Parrish, 1998) também possuem forte influência sobre as comunidades de peixes, determinando a disponibilidade de nichos e alimento. Duas espécies ameaçadas de extinção foram observadas nos mergulhos, o gramma Gramma brasilensis e o gobi-neon Elacatinus Fígaro, e uma nos ambientes costeiros de substrato inconsolidado (fundos de areia e lama, Pinheiro et al., 2009a), o caçãoviola Rhinobatos horkelii. Estas espécies são endêmicas da província biogeográfica brasileira e capturadas em larga escala para o comércio ornamental (o gramma e o gobi-neon) e pesca de arrasto (cação-viola). Estas espécies apresentaram ampla distribuição na área de estudo (Figura 88), principalmente nas regiões mais próximas da costa. Por outro lado, quatro espécies recifais ameaçadas de sobre-explotação foram encontradas durante os levantamentos (a cióba Ocyurus chrysurus, a enchova Pomatomus saltatrix, a garoupa Mycteroperca bonaci e o pargo-rosa Pagrus pagrus), as quais ocorreram em maior número nas áreas mais costeiras (Figura 88). As espécies alvo de pesca, 26 no total, foram ampla e homogeneamente distribuídas ao longo da área de estudo (Figura 88). Estas espécies incluíram todas aquelas ameaçadas de sobre-explotação, além de outros grupos importantes como os xixarros e afins, peroás, sargos, cocorocas e outros (Anexo 7).

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Figura 88 - Distribuição espacial da riqueza de espécies (número de espécies observadas nos censos visuais quantitativos), índice de diversidade de Shannon, abundância total de peixes (ind./100m2), peixes ameaçados de extinção, espécies de peixes sobre-explotados e das espécies de peixes alvo de pesca.

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INTER-RELAÇÃO ENTRE OS AMBIENTES MARINHOS: CONECTIVIDADE E DISPERSÃO

Definir a escala de conectividade entre populações marinhas e determinar os fatores que dirigem esta conectividade são fundamentais para entender as dinâmicas populacionais, estrutura genética e biogeografia de muitas espécies costeiras. Segundo Cowen et al. (2006), para várias espécies de peixes recifais, as distâncias típicas de dispersão larval variam entre 10 e 100 km. A região de estudo representa uma porção de 79 km da linha de costa, medindo 58 km de distância linear entre os extremos. Isto significa que a maioria das espécies de peixes recifais encontradas nesta área está conectada através da dispersão larval e, por isso, as comunidades presentes em cada ambiente são inter-relacionadas. Segundo Floeter et al. (2007), como na costa sudeste do Brasil não existe recifes de coral verdadeiros (ao sul da foz do Rio Doce), os recifes rochosos e biogênicos constituem os principais habitats para peixes e outros organismos recifais. Porém, na área abrangida no presente estudo, os recifes rochosos e biogênicos (cabeços), apesar de apresentarem elevados valores de riqueza e diversidade de peixes, representam apenas uma pequena área comparada com os outros ambientes recifais, formados principalmente por algas calcárias e briozoários (fundos biogênicos). Estes ambientes de fundo biogênico, por serem amplamente distribuídos, atuam como corredores ecológicos entre os recifes rochosos e cabeços, tornando efetiva a conectividade e interdependência destes. A conectividade entre os habitats proporciona algumas semelhanças entre os mesmos. Considerando um nível de similaridade de 60 % (índice de Bray-Curtis), o cluster elaborado com base na abundância das espécies indica a formação de três grupos (Figura 89). O primeiro reúne os ambientes “fundo biogênico com Algas”, “Recifes rochosos” e “Cabeços” e foi caracterizado por apresentar elevada riqueza de espécies e abundância. Os outros dois grupos foram formados pelo ambiente “Fundos biogênicos” e pelo ambiente “Fundos inconsolidados”, ambos com baixa riqueza de espécies e abundância. Além da conectividade larval, estes ambientes são conectados ao nível de população através de migrações. Estas migrações podem acontecer apenas uma vez durante a vida do indivíduo (migração entre áreas berçários e áreas 134 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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de vida dos indivíduos adultos), em uma base temporal (migrações reprodutivas) ou todos os dias (migrações para forrageamento). Os ambientes estudados, além de estarem conectados entre si, possuem conectividade larval e populacional com outros ambientes. Estes incluem tanto áreas costeiras, tais como praias arenosas e manguezais, os quais atuam como importantes berçários para os peixes recifais, quanto recifes profundos e ambientes pelágicos de mar aberto, cujas comunidades utilizam áreas rasas costeiras como locais de alimentação e reprodução.

Figura 89 - Cluster elaborado com base na abundância das espécies nos diferentes ambientes.

Entre os diversos tipos de migração entre ambientes, as migrações diárias para alimentação são comuns e facilmente observadas. As cocorocas, peixes da família Haemulidae, são conhecidas por procurarem abrigo nos recifes durante o dia e saírem à noite para forragear nos ambientes inconsolidados adjacentes (Ogden & Ehrlich, 1977; Burke, 1995; Nagelkerken et al., 2000). Esta característica é de grande importância para a manutenção da produtividade dos ambientes recifais, pois, ao se alimentar em outros ambientes e defecar nos recifes, estes peixes estão contribuindo para a entrada de energia e matéria orgânica (Meyer & Schultz, 1985). Além das cocorocas, os peixes piscívoros pelágicos também atuam como importantes links tróficos entre os diferentes ambientes, uma vez que eles possuem alta mobilidade e podem se deslocar rapidamente por longas distâncias. Estes peixes fornecem matéria orgânica para os recifes e controlam a abundância de outras espécies através da 135 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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predação, sendo muito importante na manutenção da estrutura da comunidade. A interdependência entre diferentes tipos de ambiente foi mostrada por Díaz-Ruiz et al. (1998), através do estudo da distribuição da comunidade de peixes em diferentes zonas de um recife de coral. Neste estudo foi encontrado que somente 39 % das espécies eram restritas a apenas um dos três ambientes definidos, os 61 % restantes realizava migrações para alimentação, reprodução e crescimento entre os ambientes. Esta interdependência entre diferentes ambientes tem fortes implicações para a conservação, uma vez que se apenas um ou poucos tipos de ambiente forem protegidos, os benefícios desta proteção não serão tão grandes quanto a proteção de pequenas parcelas conectadas de todos os ambientes que possam interagir.

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IMPORTÂNCIA AMBIENTAL, SOCIAL E ECONÔMICA DOS

ECOSSISTEMAS COSTEIROS

E MARINHOS DA REGIÃO

Extrativismo para alimentação O extrativismo realizado através da pesca, cata ou mariscagem é um serviço ambiental ao ser humano, onde a natureza oferece nutrientes e gorduras essenciais para o funcionamento do organismo. Um deles é um ácido graxo chamado Ômega-3 que o organismo humano não é capaz de produzir e tem que obtê-lo da alimentação. Os peixes, juntamente com verduras escuras, castanhas, nozes e óleos vegetais, são importantes fontes de Ômega-3 na dieta da sociedade em geral (Banco da Saúde, 2010). O consumo de recursos marinhos é uma atividade humana exercida no mundo todo desde os primórdios da humanidade. Hoje, a atividade pesqueira é exercida em diversas escalas de esforço, desde pescadores amadores, como veranistas, pescadores de barcos sem propulsão mecânica (remo ou vela), pescadores de barcos motorizados (com diversos graus de potência), até pescadores industriais que exploram extensões oceânicas em busca de grandes quantidades de pescado. De maneira geral, há duas classes que distinguem os tipos de atividade pesqueira em relação a escala de esforço e capacidade produtiva em que é praticada. A pesca tipo Comercial, que pode ser exercida de forma artesanal ou industrial, e a pesca do tipo Não Comercial, que abrange os pescadores que só exercem a atividade para o consumo familiar próprio. No Brasil, a atividade pesqueira, de acordo com o Art. 8° Capítulo IV da Lei No 11.959, de 29 de junho de 2009, é classificada em: I - comercial: a) artesanal: quando praticada diretamente por pescador profissional, de forma autônoma ou em regime de economia familiar, com meios de produção próprios ou mediante contrato de parceria, desembarcado, podendo utilizar embarcações de pequeno porte;

137 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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b) industrial: quando praticada por pessoa física ou jurídica e envolver pescadores profissionais, empregados ou em regime de parceria por cotas-partes, utilizando embarcações de pequeno, médio ou grande porte, com finalidade comercial; II - não comercial: a) científica: quando praticada por pessoa física ou jurídica, com a finalidade de pesquisa científica; b) amadora: quando praticada por brasileiro ou estrangeiro, com equipamentos ou petrechos previstos em legislação específica, tendo por finalidade o lazer ou o desporto; c) de subsistência: quando praticada com fins de consumo doméstico ou escambo sem fins de lucro e utilizando petrechos previstos em legislação específica.

Na região estudada, os quatro municípios (Anchieta, Piúma, Itapemirim e Marataízes) abrigam diversas comunidades de pescadores (Figura 90), que possuem tipos de pesca enquadrados em todas as classificações da legislação. A Tabela 7 apresenta alguns indicativos do desenvolvimento da atividade pesqueira para os municípios costeiros do Espírito Santo, segundo SEAG (2005). Nota-se que os municípios de Itapemirm e Marataízes apresentavam os maiores números de pescadores de todo o Estado, sendo 2305 e 1385, respectivamente.

138 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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Figura 90 – Mapa das Comunidades Pesqueiras.

Esses números fazem com que o município de Itapemirim (mais precisamente a localidade de Itaipava; Figura 91) seja reconhecido no cenário brasileiro como o local mais importante do Espírito Santo para o desembarque de pescado proveniente da frota industrial de espinhel, que visa principalmente atuns (Thunnus spp.), dourados (Coryphaena hippurus), tubarões (Prionace glauca, Sphyrna sp,) e Meca (Xiphias gladius). Esta importante atividade pesqueira de grande escala realizada no Estado é exercida ao longo da região oceânica desde Sergipe até Santa Catarina (Martins et al., 2009b). 139 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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Tabela 7 - Municípios costeiros, número de embarcações motorizadas, número de pescadores embarcados e infra-estrutura existente para o setor. Adaptado de SEAG (2005). Nº Município

Barcos Motorizados

Pescadores

Estaleiro

Fábrica de gelo

Empresa de Pesca

Nº de Peixarias

Conceição da Barra

123

620

2

3

1

52

São Mateus

49

120

-

-

-

8

Linhares

24

185

-

-

-

15

Aracruz

70

206

1

2

-

12

Fundão e Serra

62

205

-

2

1

25

Vitória

181

920

3

2

3

38

Vila Velha

110

508

2

3

1

18

Guarapari

256

772

6

4

1

43

Anchieta

111

541

1

2

3

15

Piúma

170

500

8

8

8

8

Itapemirim

297

2305

1

4

3

14

Marataízes

164

1385

6

4

1

28

2

28

-

-

-

-

1619

8272

30

34

22

276

Presidente Kennedy TOTAL

Figura 91 - Frota pesqueira e desembarque pesqueiro de Itaipava, litoral sul do Espírito Santo.

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No caso do município de Marataízes, o grande número de pescadores está relacionado com a ocupação histórica da foz do Rio Itapemirim por pescadores. A comunidade de Pontal do Itapemirim é hoje um bairro residencial de pescadores tradicionais que surgiu aproximadamente na década de 50, a partir de pequenas construções feitas por pescadores locais, já que o acesso ao mar era facilitado pela desembocadura do rio (Zanchetta, 2009). A pesca de lagostas (Panulirus argus e P. laevicauda) é exercida pela maior parte das embarcações do município, e pode ser considerada uma pescaria em larga escala, dentro do contexto nacional. Segundo Martins et al. (2009a) os números de pescadores estimados para as comunidades estudadas no diagnóstico da atividade pesqueira para criação da unidade de conservação no sul do Espírito Santo são os seguintes: •

Município de Anchieta - Anchieta Sede: 106; Ubú/Parati: 170;

Município de Piúma - Sede: 208;

Município de Itapemirim - Itaipava: 992; Itaóca: 94.

Município de Marataízes - Pontal: 764; Barra do Itapemirim: 260;

Dessa forma, o extrativismo de recursos marinhos para alimentação deve ser tratado de maneira distinta, de acordo com o grau de exploração, em relação à conservação e sustentabilidade dos estoques. É certo que toda forma de extrativismo sem uma divisão ou gerenciamento do espaço disponível para a atividade gera problemas ambientais de sobre-exploração com o passar do tempo, tal como ocorre com os recursos minerais e alguns recursos vivos em áreas continentais. O conceito de propriedade de uso comum ocasiona geralmente uma exploração insustentável dos recursos, gerando, em alguns casos um fenômeno exploratório conhecido como “nuvem de gafanhotos”, onde os pescadores tornam os recursos naturais de uma área exauridos e migram para novas áreas, reiniciando o ciclo de exploração (Monjardim, 2004). A gestão de áreas de pesca, por parte dos órgãos responsáveis, deve considerar toda atividade extrativista existente, buscando compatibilizar a tradição pesqueiras das 141 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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comunidades locais com as ações de recuperação e conservação dos ambientes. É de extrema

importância

que

as

atividades

extrativistas

mais

artesanais

sejam

consideradas como parceiras da conservação, claro que com o devido controle para manter os níveis apropriados da capacidade de suporte dos ambientes. A cultura associada a atividade pesqueira artesanal tradicional é um valor muito importante para as comunidades da região sul do Espírito Santo. Diversas iniciativas de conservação fluem naturalmente no meio pesqueiro, sendo que os saberes locais adquiridos com o passar dos anos e repassados entre as gerações possuem muita informação sobre os ciclos de vida dos recursos, assim como de épocas de migração e reprodução. Infelizmente, devido ao descaso e desinteresse por parte dos governantes em valorizar esse conhecimento e criar políticas públicas para o desenvolvimento sustentável de comunidades pesqueiras tradicionais, o saber local relacionado aos recursos extraídos do meio ambiente e a forma de extração está sendo utilizado de maneira errada. O valor dos produtos da pesca não considera a cultura da pesca artesanal, sendo que para o comércio e a cadeia produtiva, não importa como e onde os produtos são obtidos. Percebe-se que a gestão pesqueira brasileira está desigualmente mais voltada para a mecanização e instrumentação da pesca (aumento do esforço de pesca sobre os recursos) do que a valorização e adequação da cadeia produtiva. Torna-se, dessa forma, extremamente importante que o pescador deixe de ser o ator social que menos arrecada com a atividade, ficando injustamente atrás dos armadores de barcos e dos atravessadores, que compram muito mais barato dos pescadores e revendem aos comerciantes num preço bem mais caro. O valor final do pescado para o consumidor, ainda sofre mais aumentos nas peixarias, bares e restaurantes.

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Somente através de uma gestão compartilhada das áreas exploradas para pesca, é que se pode agregar valores culturais tradicionais aos preços do pescado, identificando sempre a origem e maneira tradicional em que é exercida a pesca. Através de uma unidade de conservação de desenvolvimento sustentável, pode-se organizar a cadeia produtiva para agregar valores no processamento, armazenagem e transporte de do pescado, aproximando mais o preço de primeira venda ao preço para o consumidor final.

Importância dos ambientes para o turismo A região litorânea do sul do Espírito Santo é muito procurada por turistas de diversos estados brasileiros e até de outros países. Lideram neste ranking os turistas provenientes de Minas Gerais, que todos os verões lotam as praias capixabas. Na região, algumas localidades desenvolveram meios de adquirir renda alternativa com o turismo durante o verão. No município de Piúma, por exemplo, a cata de conchas para artesanato decorativo tornou-se uma tradição e está cada vez mais organizado para atender as feiras e lojas da região (Figura 92).

Figura 92 – Coleta de conchas em Piúma, litoral sul do Espírito Santo.

Os empregos temporários que surgem nos hotéis e restaurantes durante o verão também são extremamente importantes para o complemento da renda das famílias. 143 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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Diversos pescadores, principalmente das localidades de Anchieta Sede, Piúma, Itaóca e Marataízes, realizam passeios de barcos para as ilhas e pesqueiros da região (Figura 93). Exemplos destes pescadores são: o Sr. Casimiro de Itaóca, que transformou sua embarcação numa pequena escuna e realiza o transporte de turistas para a Ilha dos Franceses constantemente; em Anchieta Sede, o atual presidente da Colônia de Pesca Sr. Jaldemar, também adaptou sua embarcação para levar pessoas num belo passeio no estuário do Rio Benevente; entre outros pescadores de Marataízes e Piúma que oferecem passeios para turistas pescarem no mar, em pesqueiros não muito longe da costa.

Figura 93 – Barcos de pesca adaptados ao turismo no litoral sul do Espírito Santo.

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Importância dos ecossistemas da região

• Restingas O ecossistema de restinga é protegido, de acordo com o código florestal brasileiro (Lei 4771/65), sendo parte integrante das Áreas de Preservação Permanente (APP). A praia de Itapemirim e a extensa área de restinga que a antecede, ao norte do rio, é uma área de treinamento da Marinha do Brasil, onde os fuzileiros navais realizam operações na restinga e Fragatas e Corvetas realizam manobras com veículos anfíbios que desembarcam na praia (Figura 94). A região é protegida no âmbito estadual pela APA de Guanandy, a qual também está contemplada pelo Projeto Corredores Ecológicos como uma das áreas, dentro do Corredor Central da Mata Atlântica, prioritárias para ações de conservação e implantação de corredores ecológicos.

Figura 94 – Área de restinga em Itapemirim (A) e atividades de treinamento da Marinha em Itapemirim (B), litoral sul do Espírito Santo.

Esta área apresenta diversos fragmentos em bom estado de conservação, por ter acesso restrito, o que impede a exploração e ocupação desordenada. Sabe-se, que apesar da lei proteger as restingas, a especulação imobiliária e as invasões são muito freqüentes ao longo da costa brasileira. Neste aspecto, a Marinha do Brasil estando presente na região, torna-se uma possível aliada para a conservação.

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• Manguezais O ecossistema manguezal é tido como uma zona de transição entre os ambientes terrestre e marinho, sendo característico de regiões tropicais e subtropicais. Possui intensa influência do regime de marés e sua vegetação é adaptada às variações de salinidade. Os sedimentos são constituídos de lama (lodosos) e geralmente possuem baixos teores de oxigênio (Schaeffer-Novelli, 1995). Segundo Soares et al. (2006), as principais funções do ecossistema manguezal são: proteção às florestas de mangue; fonte de nutrientes para os ambientes costeiros; fonte de carbono orgânico dissolvido; manutenção da diversidade biológica; área de alimentação de diversas espécies animais, incluindo aves migratórias; dentre outras. Possuindo a característica de berçário natural, os manguezais presentes nos estuários da região sul do Espírito Santo merecem atenção especial para conservação ambiental. As ações de conservação marinha na região devem integrar os manguezais no sentido de recuperá-los e de sensibilização/conscientização da sociedade. Uma unidade de conservação marinha não será efetiva por si só se não integrar o ambiente de manguezal, onde várias espécies, inclusive muitas de grande importância econômica, se reproduzem ou recrutam, passando por parte da fase de seu ciclo de vida. Na região sul do Espírito Santo encontram-se os seguintes manguezais e respectivos rios: • Manguezal do rio Benevente: Parte do Manguezal do rio Beneventes é uma Unidade de Conservação municipal denominada Estação Ecológica de Papagaios (Figura 95). Uma região muito bonita e de importância ímpar na conservação do ambiente marinho adjacente. Atualmente, encontra-se em fase de conclusão o plano de manejo da reserva. O rio Benevente sofre com o assoreamento causado pela perda de matas ciliares ao longo da bacia e, atualmente, está com uma pressão de industrialização no seu entorno, com a possibilidade de captação de água para uso industrial ou despejo de efluentes.

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É altamente necessário que se intensifique as ações de conservação deste importante ecossistema para a região marinha sul capixaba e seus recursos. O Comitê da Bacia Hidrográfica do Benevente está bastante articulado politicamente e atua com diversas ações de recuperação, em parceria com o governo do Estado.

Figura 95 – Manguezal do rio Beneventes, Anchieta, litoral sul do Espírito Santo.

• Manguezal do rio Piúma: O estuário do rio Piúma encontra-se num avançado estado de degradação, por receber muito esgoto doméstico proveniente das residências que ocuparam de maneira totalmente desordenada a faixa de mangue local. Este ecossistema necessita de medidas urgentes de recuperação e tratamento de efluentes domésticos. Os costões das ilhas de Piúma sentem essa degradação e a biota marinha associada a este ambiente podem apresentar contaminação, inclusive os mariscos que são extraídos para o consumo da população.

• Manguezal do rio Itapemirim: O rio Itapemirim é bastante extenso e possui um manguezal bastante considerável. A grande extensão da bacia hidrográfica do rio Itapemirim faz com que o acúmulo de poluentes e fatores degradativos no estuário seja mais intensificado. O Comitê da Bacia Hidrográfica do rio é um parceiro muito importante para as medida de recuperação e já atua em vários municípios do interior. 147 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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• Manguezal do rio Itabapoana: Apesar de estar fora de região de estudo, o rio Itabapoana, que representa a divisa entre os Estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro. ë um importante ecossistema que também está sofrendo com a ocupação desordenada, desmatamento, e alterações na planície de inundação para favorecimento da pecuária.

Ambientes costeiros e marinhos da Costa Sul Capixaba Os ambientes costeiros e marinhos da Costa Sul Capixaba são formados por ecossistemas interligados que compõem um conjunto de funções ambientais e sociais que está sobre constante risco ambiental pela falta de uma gestão adequada do espaço. As ilhas costeiras, compreendidas entre os municípios de Piúma e Itapemirim, constituem um importante componente da paisagem natural da Costa Sul Capixaba, contribuindo com a beleza cênica da região e com a biodiversidade local. As ilhas conservam remanescentes de vegetação, em sua maioria nativa e bem conservada, a qual esta associada ao ecossistema restinga e de costões rochosos litorâneos. São encontradas nesta vegetação diversas fisionomias que vão desde formações rupestres até formações florestais, abrigando consequentemente centenas de espécies, algumas inclusas em listas de espécies ameaçadas de extinção. Associados a esta vegetação estão os diversos grupos de fauna, como aves, répteis e mamíferos. As ilhas representam um refúgio para muitas espécies, visto o alto grau de degradação dos ambientes costeiros. Um exemplo de importância da conservação das ilhas são as diversas aves marinhas, que utilizam as ilhas como área de alimentação e pouso em suas rotas migratórias e como sítios de reprodução, a exemplo da andorinha-do-mardo-bico-amarelo (Thalasseus sadvicencis), que tem a Ilha Branca como um dos únicos sítios reprodutivos em todo o Brasil. Diversas espécies de peixes utilizam áreas distintas em diferentes fases do ciclo de vida, tendo os manguezais como berçários para desova e reprodução, os costões e recifes

submersos

(biogênicos

ou

rochosos)

como

áreas

de

recrutamento 148

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(assentamento de larvas) de espécies recifais, os fundos de invertebrados bentônicos e algas como áreas de alimentação para adultos e juvenis, e os "cabeços" que oferecem um excelente ambiente de refúgio e proteção para os peixes e favorecem a migração de lagostas. Os "cabeços" receberam este nome por pescadores locais e são formações construídas por corais antigos (paleorecifes) que foram recobertos por algas calcárias, invertebrados e algas. Merecem atenção especial, por compartilhar com os corais diversas funções ecológicas como a estrutura irregular e cheia de reentrâncias e perfurações que oferecem abrigo e proteção para os organismos marinhos. A região costeira de Marataízes possui uma extensa área de ocorrência dessas estruturas. Os pescadores locais conhecem bem a região e a localização desses recifes, e praticam a pesca de peixes ornamentais e lagostas. Intercalando os ambientes de recifes biogênicos e rochosos, estão faixas de areis e lama que concentram camarões, pescadinhas e peixes juvenis, que são explorados pelos pescadores de arrasto. Em Anchieta Sede, Piúma, Itaóca e Marataízes existem pescadores que praticam o arrasto de balão. O que torna este ambientes muito importante para a atividade pesqueira local, sendo responsável pelo sustento de várias famílias de pescadores. Em contradição com esta importante função social, está o alto poder degradativo que esta arte de pesca (arrasto com balão) possui. Por não ser uma arte de pesca seletiva, acaba capturando muitos peixes juvenis, crustáceos e outros organismos bentônicos que morrem e são descartados no mar por não possuírem valor comercial. Na região há ainda formações de fundo contínuo de incrustantes, onde a base são as algas calcárias recobertas por invertebrados (crinóides, esponjas e briozoários) e algas. Este ambiente possui uma alta complexidade bentônica e serve de alimento para diversas espécies de peixes, crustáceos e moluscos de grande importância comercial. O pargo e o polvo são os recursos mais explorados neste ambiente, são pescados com linha de mão e vários anzóis no fundo. Este tipo de pescaria é bem característico da região de Anchieta, principalmente nas comunidades de Ubú e Parati.

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Além da relevância social destes ambientes biogênicos, os organismos incrustantes

oferecem

serviços

ambientais como a filtração da água, e, juntamente com as algas calcárias, a fixação do CO2 dissolvido na água do mar (Pomar & Hallock, 2008). A ocorrência de bancos de algas calcárias

(fundos

biogêncos)

é

relativamente abundante ao longo da costa bresileira, conforme a Figura

Figura 96 – Atividade de arrasto de fundo no litoral sul do Espírito Santo.

96. Entretanto, ao se comparar com o resto do mundo, percebe-se que a costa brasileira representa a maior região contínua desses ambientes, o que agrega uma importância fundamental da costa brasileira para manutenção desses recifes em nível mundial. Segundo Metri (2006), a exploração dos amientes recifais com algas calcárias no Espírito Santo, nas ultimas décadas, chamou a atenção e mobilizou a opinião pública e a comunidade científica. O pouco conhecimento que se havia desses ambientes e a percepção de sua importância provocou um aumento nas pesquisas sobre essas formações do Brasil. Hoje, é reconhecido que os recifes formados por algas calcárias, invertebrados e briozoários, possuem indiscutível importância biológica, já que possuem uma grande diversidade de organismos associados, sendo comparáveis com os recifes de corais em termos de estrutura e diversidade de espécies. Dessa forma, qualquer atividade que provoque algum distúrbio na diminuição da qualidade dos ambientes e da quantidade de algas calcárias tem efeitos muito prejudiciais a fauna associada. Alguns efeitos humanos podem ser amenizados, como a distribuição de poitas fixas em substituição às âncoras nas regiões portuárias, e restrições aos mergulhadores autônomos para respeitarem certa distância do fundo (Metri, 2006). Entretanto, algumas atividades como a extração direta de calcário são extremamente nocivas a estes ambientes que oferecem refúgio e microhabitats a uma grande 150 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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diversidade de organismos. A particularidade da Costa Sul do Espírito Santo em relação a morfologia do fundo, que se apresenta bastante recortada e heterogênea, forma um ambiente muito importante para a manutenção da biodiversidade regional. As ações de conservação de bancos de algas calcárias devem ser intensificadas para que, juntamente com uma gestão adequada da pesca e outras atividades locais, este ambiente marinho e sua fauna (que inclui diversas espécies comerciais) possam se recuperar e manter-se funcional. As Unidades de Conservação federais são ferramentas governamentais que podem atribuir políticas exclusivas e regionais para áreas específicas, como a Costa Sul do Espírito Santo, unindo a preservação e o uso sustentável (pesca, mariscagem, turismo, etc) do meio marinho, garantindo a conservação ambiental, social e cultural da região.

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PROBLEMAS

E AMEAÇAS AOS RECURSOS NATURAIS E A CONSERVAÇÃO DA

BIODIVERSIDADE

Os efeitos das atividades humanas sobre os ecossistemas costeiros são uma preocupação mundial (Myers & Worm, 2003; Hall, 2001). No litoral sul do Espírito Santo, as principais ameaças aos recursos naturais são proporcionadas pela pesca, industrialização, turismo e crescimento desordenado.

Atividades pesqueiras A pesca é considerada pelos cientistas como uma das principais atividades capaz de desestruturar as comunidades de peixes, pois ela é amplamente difundida e tipicamente multi-específica, sendo praticada com uma ampla variedade de métodos (Roberts, 1995). Cerca de 1500 pescadores praticam sua atividade na zona costeira estudada (Martins et al., 2009a). Atividades de pesca pouco seletivas e de alto potencial destrutivo são consideradas as atividades que mais ameaçam a biodiversidade e manutenção dos ecossistemas (Hall et al., 2000). Neste ínterim, podemos citar as pescarias de arrasto de fundo, de arrasto de cerco e de rede de espera que ocorrem artesanalmente na região estudada (Figura 97) A pesca de arrasto de fundo, a qual visa a captura de camarões peneídeos, é largamente disseminada, possuindo grande importância para todas as comunidades da região de estudo (Pinheiro & Martins, 2009). Contudo, esta arte de pesca é considerada como uma das mais destrutivas, pois ao rebocar o petrecho arrastando no fundo, remove e destrói a complexidade estrutural tridimensional dos habitats bênticos (Turner et al., 1999; Cabral et al., 2002), colaborando para a diminuição da resiliência destes ambientes. Além disso, esta atividade é extremamente eficiente, capturando toda a comunidade de peixes e invertebrados bentônicos e demersais (Haimovici & Mendonça, 1996; Branco, 2001). Uma pesquisa recente realizada na região de estudo mostra que o total rejeitado (captura despejada de volta ao mar) por esta atividade pode chegar a 70% da biomassa total capturada (Pinheiro & Martins, 2009), e o recurso 152 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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alvo representa cerca de 25% do total capturado. O total de captura desperdiçada em um único pesqueiro pode chegar a 250 toneladas anuais (Pinheiro & Martins, 2009).

Figura 97 - Distribuição dos bancos de algas calcárias no mundo. A costa brasileira apresenta a maior faixa contínua de algas calcárias do mundo. Fonte: Adaptado de Foster, 2001.

A atividade de rede de espera também é largamente utilizada em todo o litoral sul do Espírito Santo (Martins et al., 2009b). Esta atividade é praticada por cerca de 900 pescadores de lagosta e 200 outros pescadores distribuídos nas 7 comunidades presentes na área de estudo. Esta atividade possui um alto impacto quando a rede é armada sobre os cabeços e recifes rochosos, locais que concentram a maior diversidade de peixes entre todos os ambientes da região, pois acabam capturando muitas espécies não comerciais (Figura 98). Alguns pescadores ainda direcionam seus esforços para a captura de elasmobrânquios, espécies altamente suscetíveis a sobrepesca em todo o mundo. A atividade de arrastão de cerco é praticada principalmente em Itaóca. Esta é uma atividade praticada há muitos anos na região – há relatos que esta atividade ocorre há mais de 70 anos – e ocorre principalmente no verão. Apesar do pequeno número de 153 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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Figura 98 – Atividades de pesca consideradas pouco seletivas no litoral sul do Espírito Santo.

grupos de pescadores que realizam esta atividade, ela possui um grande impacto quando realizada de cima da Ilha dos Franceses. Sobre a ilha, esta atividade acaba capturando grande quantidade de peixes recifais não aproveitados comercialmente, 154 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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além de espécies ameaçadas de extinção como a tartaruga verde Chelonia mydas, que utiliza a região como área de alimentação e descanso. Não só atividades pouco seletivas proporcionam ameaças aos recursos naturais. Atividades altamente seletivas como a pesca de lagosta com compressor e a caça submarina também oferecem uma grande ameaça às espécies alvo, principalmente quando exercidas nos rasos recifes costeiros, que servem de ambiente para o crescimento e recrutamento de muitas espécies. Além disso, atividades de coleta de invertebrados marinhos visando material para artesanato também podem causar sérios danos à integridade do ambiente. Existem muitos registros de coleta de gorgônias P. dilatata e estrela do mar O. reticulatus na Ilha dos Franceses e regiões litorâneas da região (Figura 99). Cabe ressaltar que ambas as espécies estão ameaçadas de extinção e continuam sendo coletadas indiscriminadamente.

Figura 99 – Coleta de gorgônias (A) e estrela do mar (B), espécies ameaçadas de extinção que ocorrem nos ambientes costeiros do litoral sul do Espírito Santo.

Industrialização Atualmente, existe um grande porto em Anchieta que pertence à empresa Samarco Mineração (Figura 100). Outras duas grandes empresas mineradoras e uma exploradora de petróleo projetam a construção de três novos portos no litoral sul do Espírito Santo. Estas empresas pretendem construir seus portos em Anchieta e Presidente Kennedy. A instalação e o funcionamento de atividades portuárias podem promover diferentes impactos, como: perda de habitats, alteração de comunidades 155 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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biológicas,

perda

de

espécies, contaminação

da

cadeia trófica e bioacumulação

(Nipper,

2000; Solis-Weiss et al., 2004; Cunha et al., 2007; Dauvin, 2008), além das restrições à navegação e pesca. A atividade portuária

Figura 100 – Porto da Samarco, Anchieta, litoral sul do Espírito Santo.

pode comprometer seriamente os ambientes marinhos de seu entorno em caso de vazamento de fluidos nocivos, perda de cargas tóxicas, contaminações crônicas e eventuais, pela drenagem de pátios, armazéns e conveses, lavagens de embarcações, perdas de óleo durante abastecimento, aplicação de tintas anti-incrustantes, à base de compostos estanho-orgânicos, lançamento de esgoto oriundo de instalações portuárias e embarcações (Guzman & Garcia, 2002). Ainda, existem vários exemplos das graves conseqüências do transporte de larvas ou de pequenos organismos junto à água de lastro das embarcações, inclusive no Espírito Santo e Brasil (Macieira, 2005; Blanchard et al., 2002; Aguirre-Macedo et al., 2008). Outra atividade industrial de grande impacto e ameaça à biodiversidade é a exploração de algas calcárias, os quais são utilizados para diversos fins, como a comercialização como “rochas vivas”, muito utilizadas em aquários marinhos (Simon et al., 2007). Esta atividade remove o diverso substrato recifal destruindo a complexidade do ambiente (Dias, 2000) e eliminando um importante habitat para espécies de grande importância econômica e social (exemplo do pargo e peroá). Alguns autores sugerem que o crescimento dos organismos formadores do recife (algas calcárias, briozoários, corais) ocorre de forma muito lenta (Villas Boas, 2004).

156 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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Turismo A atividade turística é uma das mais importantes atividades econômicas para as comunidades litorâneas do sul do estado do Espírito Santo, principalmente no verão (Pinheiro et al., 2009b). Contudo, esta atividade ocorre, na maioria das vezes, de maneira desordenada. As ilhas costeiras, apesar de não haver nenhuma estrutura para a visitação, recebem turistas durante todo ano, com maior número no verão (Figura 101). A visitação desordenada causa o acumulo de lixo, desmatamento, pisoteamento do ambiente recifal, sobre-exploração de recursos naturais (através da caça, pesca e coleta de estrelas e outros invertebrados) e depredação dos faróis.

Figura 101 – Visitação e atividades exercidas nas ilhas costeiras do litoral sul do Espírito Santo.

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Crescimento desordenado Existem inúmeros casos de problemas ambientais causados pelo crescimento desordenado das cidades na linha da costa (Sobhee, 2004). Os principais problemas são relacionados à ocupação desordenada, à sobre-exploração dos recursos naturais e diminuição da qualidade de vida das comunidades costeiras (Walmsley & White, 2003). A ocupação desordenada é responsável por parte da poluição, devido despejo de esgoto direto no ambiente, e perda de importantes habitats, como o mangue e a restinga (Figura 102). O aumento da demanda pelos recursos (eg. camarões e peixes) e do número de pescadores promove o aumento do esforço e uso de métodos destrutivos e insustentáveis, a fim de manterem o mesmo rendimento e taxas de captura. Este processo gera um ciclo de declínio e desestruturação dos estoques de recursos naturais. O aumento da poluição e aumento do esforço diminui a qualidade e resiliência dos ambientes costeiros, prejudicando a todos.

Figura 102 - Destruição da restinga (A) e Esgoto (B), resultados do crescimento desordenado no litoral sul do Espírito Santo.

158 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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CONSIDERAÇÕES

ACERCA DO ORDENAMENTO

E MANEJO DOS

RECURSOS

NATURAIS DA REGIÃO

Buscamos nesse capitulo apresentar as formas de ordenamento e manejo praticadas no litoral sul do Espírito Santo, tanto as impostas pelos órgãos gestores quanto às praticadas pelos próprios pescadores. Aproveitamos para citar alguns impactos do ordenamento imposto, hábitos de desrespeito às regulamentações por parte dos pescadores, além de enumerar alternativas de ordenamento e manejo que estão prosperando no Brasil e no mundo. Atualmente no litoral sul do estado do Espírito Santo, em relação à pesca, os métodos de ordenamento se baseiam em técnicas tradicionais, baseadas em leis e fiscalização. As leis, para algumas espécies alvo, regulamentam o tamanho mínimo de captura, períodos de defeso, áreas fechadas, espécies ameaçadas e o uso dos petrechos. A fiscalização, por sua vez, é deficiente na tentativa do ordenamento, muitas vezes devido à falta de funcionários e de um envolvimento eficiente com as comunidades. Aqui, chamamos a atenção à algumas regulamentações que possuem um grande impacto na região, que é a proibição da pesca de lagosta com o uso redes e compressores, proibição da pesca de polvos devida a não liberação de licenças e proibição da pesca de arrasto de fundo nas áreas até 500 metros da costa. As pescarias de lagosta e de arrasto de fundo envolvem um grande número de pescadores, em Marataízes e em toda a região, respectivamente, e a pescaria de polvo é uma atividade emergente na região de Anchieta. Apesar da necessidade de ordenamento, algumas regulamentações batem de frente com a realidade local, devido principalmente à tradição das comunidades. A falta de capacitação para as abordagens por parte da fiscalização, aumenta os conflitos e provoca um efeito contrário ao objetivo do ordenamento. Em Marataizes, o conflito entre pescadores e IBAMA é grande e intenso. Os pescadores, em forma de protesto, já incendiaram uma embarcação do IBAMA, fechando uma das principais rodovias da região. Com isso, os fiscais e representantes do IBAMA possuem extrema dificuldade de trabalhar na região. Consequentemente, os pescadores continuam pescando, na 159 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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ilegalidade, e não informam os dados sobre o desembarque de suas capturas (estatísticas pesqueiras). Além disso, é freqüente na região o desrespeito ao período de defeso do camarão, captura de espécies ameaçadas (como o mero e invertebrados marinhos) e o uso de petrechos de captura insustentáveis, como o puçá para a captura de peroás e a pesca com o uso de compressor. Algumas atividades pesqueiras das comunidades estudadas também apresentam certo tipo de ordenamento, ou manejo, dos recursos explorados, mesmo sem a existência de leis e regulamentações. É o caso da pesca de lagosta, onde os pescadores de Marataízes não pescam em regiões chamadas de matrizes, localizadas em regiões mais profundas, por afirmarem que á a região ode a lagosta se reproduz. Também, ao sul de Marataízes, pescadores locais que capturam a pescadinha com linha de mão, não deixam que outros pescadores de fora utilizem redes e arrastem em seus pesqueiros. Rodízios de práticas pesqueiras são praticados por muitos pescadores em todas as comunidades pesqueiras. Normalmente, os pescadores mudam a arte pesqueira enquanto a atividade principal encontra-se fechada, devido ao período de defeso, por exemplo. Rodízios de pesqueiros também ocorrem, como no caso da pesca de arrasto em Anchieta, onde os pescadores mudam de pesqueiro entre o verão e o inverno em busca do recurso alvo. Outros pescadores praticam mais de uma atividade de pesca, alternando redes de espera, arrastos, linha de mão e currico, por exemplo. Atualmente, técnicas tradicionais de ordenamento que visam a sustentabilidade ou proteção de recursos naturais específicos têm sido substituídas ou incrementadas com a proteção e manejo de comunidades naturais como um todo (Primack & Rodrigues, 2001), como através da criação de unidades de conservação (Pinheiro et al., 2009b). De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) do governo brasileiro (BRASIL, 2000), dentre as categorias possíveis de serem implantadas em uma área marinha estão as de proteção integral, como parque nacional (PARNA) e refúgio de vida silvestre (REVIS), e as de uso sustentável, como área de proteção ambiental (APA), reserva extrativista (RESEX) e reserva de desenvolvimento sustentável (RDS). 160 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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Áreas marinhas naturais protegidas são reconhecidas como excelentes ferramentas para a conservação e o manejo pesqueiro, por oferecer efetiva proteção para espécies exploradas, mantendo a integridade ecológica e função dos habitats e ecossistemas e providenciando recrutas e estoques pesqueiros para regiões adjacentes (Turner et al., 1999; Garcia-Charton et al., 2000; Tupper & Rudd, 2002). Porém, visando um manejo adequado, cada caso deve ser muito bem estudado sob uma perspectiva interdisciplinar, levando em consideração não somente informações sobre a relevância ambiental da área, como também o entendimento das relações entre os atores sociais envolvidos, e destes com o meio em que vivem (Adams, 2000). Propostas de criação de UCs que não levam em consideração as características dos usuários enfrentam dificuldades durante o processo de implementação, ordenamento das atividades e nos acordos de manejo (Kalikoski, 2007). Algumas Unidades de Conservação brasileiras que são estabelecidas em entendimento com os usuários (pescadores) e que estão dando certo são a RESEX de Corumbáu (BA), RDS Ponta do Tubarão (RN) e RESEX de Arraial do Cabo (RJ). Unidades de Conservação também podem colaborar com o ordenamento do turismo. Na região estudada, apesar da Marinha do Brasil não permitir o desembarque nas ilhas, todas as ilhas costeiras recebem grande numero de visitantes no verão (Pinheiro et al., 2009b). A visitação excessiva gera impactos já mencionados neste estudo. O único ordenamento é realizado pela Marinha do Brasil (Capitania dos Portos) ao fiscalizar, esporadicamente, embarcações de pescadores que trafegam com turistas para as ilhas. Nem toda a embarcação de pesca é adaptada a conduzir grupos de pessoas a passeio. Uma alternativa de ordenamento que vem crescendo no Brasil é o acordo de pesca. Acordos de pesca estão sendo propostos por pescadores aos quais pretendem criar um tipo de organização e ordenamento próprio, enquadrado na realidade local e que conta com o apoio de fiscalização dos órgãos gestores. Mesmo existindo áreas de APP (áreas de preservação permanente), como restingas, manguezais e estuários, distribuídas por toda a área de estudo, algumas áreas sofrem com a especulação imobiliária e industrial. Ainda não há acordos de pesca ou ordenamento para os setores pesqueiro e turístico. 161 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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Franceses já foram alvo de ações conservacionistas e são reconhecidas hoje como Patriônios Naturais. Além deste importante arquipélago, as ações de conservação também estão exemplificadas na APA de Guanandy (restinga do município de Itapemirim), a Estação Ecológica de Papagaios (Estuário do Rio Beneventes em Anchieta) e a APA da Guanabara para proteção das tartarugas marinhas ao sul do porto de Ubú, também em Anchieta. Entretanto, essas ações ainda estão longe de tornarem-se de fato efetivas para sustentação da biodiversidade e atividade pesqueira artesanal da região. Várias fragilidades e conflitos foram apontados nestes estudos complementares, indicando que há uma necessidade urgente de se realizar ações mais concretas que garantam a preservação do ambiente e a participação da comunidade nos processos de tomadas de decisão e políticas públicas para conservação. A preocupação com o contínuo aumento da degradação dos ecossistemas e com o crescimento, demasiadamente acelerado, da região, levou ao direcionamento de diversas pesquisas para chamar a atenção da opinião pública acerca da sensibilidade e riscos sócio-ambientais iminentes. No ano de 2003, algumas instituições locais apresentaram uma proposta de Parque Nacional Marinho que englobava as ilhas do município de Piúma e Ilha dos Franceses. Entretanto, os estudos prévios foram pouco abrangentes e concluiu-se que essa categoria seria inviável pelo desenho do polígono e as restrições que incidiriam sobre a atividade pesqueira. Pinheiro et al. (2009b) analisaram as características dos diferentes atores sociais que freqüentavam a Ilha dos Franceses e a Praia de Itaóca, bem como as formas de uso destes ambientes. Estes autores, levando em consideração a grande diversidade de habitats e espécies, além da importância do turismo e lazer que este ambiente oferece, concluíram que a redução da área de proteção integral sugerida em 2003 para o entorno da Ilha dos Franceses, num raio de 1 km, poderia ser uma alternativa viável e condizente com a realidade local. Entretanto, havia a necessidade de complementação dos estudos, com uma maior abrangência da área estudada e contando com a participação das comunidades pesqueiras que utilizam a área. A fim de suprir a demanda participativa, a metodologia adotada para o Diagnóstico pesqueiro (Martins et al., 2009a) foi muito bem aceita pelos pescadores em geral. A 162 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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confecção dos mapas mentais durante as oficinas participativas obteve êxito em garantir a abrangência e participação de todas as comunidades envolvidas com a região, além de um mapeamento eficaz das áreas de pesca e habitats marinhos (Teixeira, 2010) . A Figura 103 mostra que a região possui áreas altamente freqüentadas por pescadores, chegando a mais de 1000 pescadores nas regiões próximas aos municípios de Marataízes e Itapemirim. Este mapa representa a intensidade de uso das áreas, e pode auxiliar muito as análises dos possíveis conflitos com uma Unidade de Conservação de Proteção Integral.

Figura 103 – Mapa do somatório de pescadores atuantes na região costeria sul capixaba, resultado das oficinas com os pescadores.

Outra informação extremamente importante que foi coletada durante o Diagnóstico Pesqueiro (Martins et al., 2009) refere-se às áreas reconhecidas pelos pescadores como de “Relevância Ambiental”. Essas áreas foram apontadas durante as oficinas e entrevistas, identificando as regiões chamadas de “berçário”, “refúgio”, “criadouro”, concentração e reprodução de peixes, polvos, camarões e lagostas. 163 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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Este mapa também foi integrado e resultou num mapa contendo áreas sobrepostas (apontadas em mais de uma oficina), o que aumenta consideravelmente a importância da região, pois grupos de pescadores distintos a reconhecem como relevante ambientalmente. A Ilha dos Franceses e seu costão leste foi a única região apontada em três oficinas como área de relevância ambiental. A Figura 104 apresenta esta informação espacializada, com os devidos detalhes para percepção das áreas menores identificadas.

Figura 104 - Áreas de Relevância Ambiental identificadas durante as oficinas com os pescadores. As frases que identificam as áreas no mapa são originais e descritas pelos pescadores.

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Os conflitos existentes na região, que podem ser amenizados ou resolvidos definitivamente com ações de manejo costeiro, também foram identificados e mapeados durante as oficinas. Estes confllitos representam os entraves e as ameaças ambientais que atingem as comunidades pesqueiras. Ë possível perceber, através do mapa da Figura 105, que os conflitos vão desde atividades portuárias, até o turismo desordenado e a pesca predatória de barcos de fora (outros Municípios e Estados).

Figura 105 - Áreas de conflitos mapeadas durante as oficinas com os pescadores.

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Os parâmetros ecológicos avaliados através das amostragens de censos visuais e fotos-quadrats levantaram a estrutura da comunidade de peixes dos ambientes amostrados e dos habitats identificados na costa sul capixaba. O mapa resultante com o número de espécies de peixes de alta importância comercial está representado na Figura 106.

Figura 106 - Mapa com o número de espécies de peixes “alvos” das pescarias nos pontos amotrados e a média dos habitats mapeados.

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Outro nível de informação espacial extremamente importante é refernete à biodiversidade. Esta foi avaliada durante os censos visuais de peixes e foto-quadrats nos pontos amostrasdos e extrapolada em média para os habtats mapeados. O resultado é o mapa que segue na Figura 107.

Figura 107 - Diversidade de Shannon nos pontos amostrados e estimativas dos habtats mapeados.

Para avaliar conjuntamente todos estes níveis de informações espaciais, Teixeira (2010) utilizou um método denominado Processo Analítico Hierárquico - AHP (Analítical 167 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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Process Hierarquical) que consiste numa poderosa ferramenta para tomadores de decisão. Este método foi desenvolvido em 1971 pelo Dr. Thomas L. Saaty, e calcula o peso de cada critério a partir da construção de uma matriz de preferência/importância entre os critéiros. A matriz é preenchida avaliando-se comparativamente critério por critério e atribuindo valores de predominância entre os mesmos. Estes valores variam de 1 a 9, sendo que o valor 1 significa que os critérios tem a mesma preferência para a decisão final, e o valor 9 significa que o critério tem extrema preferência em relação ao outro. Os valores intermediários são gradientes de predominância entre os critérios. A Tabela 8 representa a escala da matriz de preferência para comparações binárias (Jordão e Pereira, 2006). Tabela 8 – Escala Fundamental de Saaty (de comparações binárias)

Valor

Grau de preferência (importância) entre os critérios para decisão

1

Igual

3

Moderada

5

Forte

7

Muito forte

9

Importância absoluta

2, 4, 6, 8

Valores intermediários

Definição As duas actividades contribuem igualmente para o objectivo. A experiência e o julgamento favorecem levemente uma actividade em relação a outra. A experiência e o julgamento favorecem fortemente uma actividade em relação a outra. Uma actividade é muito fortemente favorecida em relação a outra; sua dominação de importância é demonstrada na prática. A evidência favorece uma actividade em relação a outra com o mais alto grau de certeza. Quando se procura uma condição de compromisso entre duas definições.

O resultado da avaliação espacial das possíveis áreas de proteção integral está representado no mapa da Figura 108. Nesta avaliação, buscou-se dar preferência para os o critério do número de pescadores atuantes (67% em relação aos outros), haja visto que este é o principal fator que impede a criação de unidades de conservação mais restritas. As áreas de relevância ambiental, identificadas pelos pescadores, receberam 22% de peso, e o fator diversidade de peixes recebeu 11%. 168 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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Figura 108 - Mapa resultante do Processo Analítico Hierárquico das áreas mais susceptíveis a unidades de coservação de proteção integra. As letras identificam as regiões para discussão no texto.

A região identificada com a letra “A” refere-se à parte do habitat de recifes rochosos e biogênicos da Ponta dos Castelhanos. A região “B” foi apelidada por pesquisadores locais de “Jardim de Rodolitos” e de “corais” pelos pescadores de Ubú, e refere-se a uma parcela do habitat de fundos biogênicos (refúgio do Pargo e do Polvo). A Região “C” é referente ao entorno da ilha dos Franceses e parte do habitat dos Recifes 169 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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Biogênicos com presença de “Cabeços” que interligam diversas feições de fundo diferentes. A Região “D” representa a Ilha Branca (ou dos Ovos). A Região “E” é reconhecida pelos pescadores como berçário de lagostas e compreende o habitat de recifes rochosos. As regiões “G” e F” são merecedoras de mais estudos, pois foram pouco amostradas e apresentam conflitos diretos, como a extração de algas calcárias na área “G” e fundeio de navios na área “F”. Neste contexto, outro ensaio foi realizado por Teixeira (2010) para o cenário de Unidade de Uso Sustentável. Neste caso, além dos critérios de Diversidade (29% de peso), Áreas de Relevância Ambiental (12% de peso) e Número de Pescadores (13% de peso), também comporam as análises as informações coletadas do número de Espécies de Alta Importância Comercial (Espécies Alvo, com 20%) e a Sobreposição dos Conflitos apontados pelos pescadores (com 25%). O mapa de susceptibilidade a UC de Uso Sustentável para estes parâmetros está representado na Figura 109.

170 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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Figura 109 - Mapa resultante do Processo Analítico Hierárquico das áreas mais susceptíveis a unidades de coservação de Uso Sustentável. As letras identificam as regiões para discussão no texto.

A região identificada com a letra “A” representa uma área de recifes rochosos e “cabeços”, próxima das comunidades de Ubú e Parati. A letra “B” identifica a área de lama onde é realizada a pesca de arrasto das comundiades de Anchieta e Piúma. A região com a letra “C” refere-se aos recifes rochosos do entorno da Ilha Itapetinga. A letra “D” identifica a região entre a Ilha dos Franceses e o continente, área de atuação dos pescadores artesanais de Itaóca. A região “E” identifica a área de arrasto que vai

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da foz do Rio Itapemirim até a Ilha dos Franceses. A letra “F” representa uma parcela da região dos cabeços de Marataízes, onde é realizada a pesca de lagostas. Estes mapas mostraram que diversas áreas, não necessariamente nas dimesões apresentadas, são susceptíveis a criação de Unidades de Conservação Marinhas. Os órgãos gestores, terão condições e subsídios para discutir tecnicamente, com os demais atores sociais diretamente interessados, o interesse de cada região, buscando soluções de conservação integradas e participativas. Os resultados desta avaliação não demonstram polígonos de unidades de conservação ou categorias, mas fornecem elementos importantes para estas definições. Em relação às Ilhas costeiras, algumas considerações sobre a criação de áreas protegidas também merecem destaque, visto que o grau de utilização dessas áreas é alto e com diversos fins. A respeito da Ilha dos Franceses, os principais entraves levantados para a criação de uma Unidade de Conservação, identificados neste estudo, e que requerem atenção para evitar conflitos, foram relativos às seguintes atividades: •

Mariscagem. Em Itapemirim e Piúma existem marisqueiros(as) que retiram grande quantidade de mariscos dos costões da face leste da Ilha dos Franceses, principalmente na época da “semana santa”. As comunidades costeiras de Itapemirim e Piúma contam com cerca de 150 marisqueiros (as). Além da Ilha dos Franceses, estas pessoas exploram mariscos em diferentes costões do litoral de Itaipava e Piúma.

Pesca de currico. Principalmente no verão, pescadores artesanais de Itaoca e Itaipava costumam praticar a pescaria de currico entre os recifes e costões da face leste da ilha. Esta atividade ocorre com finalidade de subsistência e complementação de renda, podendo envolver 30 embarcações. Entretanto, são comumente avistados um número diário de até 5 barcos trabalhando na região, principalmente nos finais de tarde.

Pesca de arrasto com cerco. Dois donos de embarcação e pescadores, ambos de Itaóca, praticam esta atividade de cima do costão da face oeste da Ilha dos Franceses. Esta atividade ocorre principalmente no verão e conta com 172 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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pescadores profissionais e oportunistas em seus grupos. Este pequeno grupo de pescadores deverá ser consultado caso uma unidade restritiva seja criada na ilha. •

Pesca recreacional. Ocorrendo ao longo de todo o ano, mas principalmente no verão, diversos pescadores recreacionais praticam atividades nos costões e recifes das ilhas. Estes praticantes são principalmente turistas, mas também é possível ver pessoas das comunidades locais aproveitando desta atividade.

Turismo Apesar de não apresentar conflito direto com uma área de proteção integral, a visitação turística representa uma das formas de uso que mais se destacam na Ilha dos Franceses e é responsável por uma grande parcela dos impactos ambientais existentes, necessitando de medidas de manejo. Dentre essas medidas estão a proibição de acampamentos, fogueiras, churrasqueiras, corte ou pisoteamento da vegetação, coleta de espécimes da flora e fauna, introdução de espécies exóticas e acúmulo de lixo. Em períodos de maior visitação turística a única praia da ilha, de aproximadamente 45 m de extensão, e seu costão rochoso

adjacente

concentra

praticamente

todos

os

visitantes

e

consequentemente seus impactos, sendo necessários estudos de capacidade suporte deste ambiente e controle da visitação. Os resultados do presente estudo destacam, na Ilha dos Franceses, desde os ambientes terrestres até os ambientes marinhos adjacentes como detentores de alta biodiversidade, bom estado de conservação, presença de espécies ameaçadas de extinção, sítio de pouso, alimentação e reprodução de aves marinhas, além de alta vulnerabilidade à impactos antrópicos. Cabe destacar que a Ilha dos Franceses é um local que possui uma grande área de recifes rochosos, mantendo uma enorme biomassa de peixes recifais. O fato do redor da ilha ser cercado de cabeços e regiões de fundo biogênico proporciona um alto grau de conectividade entre os ambientes. Um exemplo disso é a captura de diferentes espécies recifais nas capturas de arrastão de cerco, realizada nas praias de Itapemirim, e nas áreas de arrasto de camarão (Pinheiro et al., 2009a). A conservação dos recifes da Ilha dos Franceses, aseguraria ambientes de berçário e reprodução dos peixes, abastecendo uma grande área, que 173 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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coompreende diferentes tipos de recifes e pesqueiros. Um padrão de conectividade similar ocorre na região da baixa grande, em Anchieta, que fica no centro de áreas de fundos biogênicos, cabeços, recifes rochosos e fundo inconsolidado. Tratando-se da Ilha Branca, a mesma não possui visitação turística considerável. Os visitantes que desembarcam nesta ilha são principalmente pescadores recreacionais e marisqueiros. Além destes, pescadores locais utilizam suas áreas de entorno para pesca de currico, rede de espera, linha de mão e pesca de lagosta. Destaca-se na Ilha Branca a ocorrência de nidificações do trinta-réis-de-bicoamarelo (Thalasseus sadvicencis), sendo esta ilha um dos únicos sítios reprodutivos desta espécie no Brasil. Para conservação deste sítio é necessário que se mantenham os aspectos naturais da ilha, principalmente a conservação da vegetação nativa, identificada no estudo botânico deste documento como “formação rupestre”. Para tanto é necessário a proibição de acampamentos, churrasqueira, fogueiras, corte ou pisoteamento da vegetação, introdução de espécies exóticas, além da restrição do desembarque na ilha nos períodos de reprodução dos trinta-réis. As ilhas de Piúma (Ilha do Gambá, Ilha do Meio e Ilha dos Cabritos), por estarem

mais

próximas

da

costa

recebem

grande

quantidade

de

turistas,

principalmente no verão. Além desses, as ilhas também recebem pescadores recreacionais e marisqueiros. Destaca-se na Ilha dos Cabritos a presença de um “bar”, que funciona no verão e de um cultivo de mexilhões a sudoeste da ilha. Mesmo diante desta alta influência antrópica, pode-se considerar que as ilhas conservam parcialmente seus aspectos naturais. Neste ínterim, a Ilha do Meio apresenta seus aspectos naturais mais bem conservados, possuindo inclusive espécies da flora ameaçada de extinção. As formações vegetais juntamente com espécies da flora decorrentes de impacto antrópico (exóticas e ruderais) e fauna exótica (introduzida) exaltam a necessidade de medidas de manejo para estes ambientes, como controle da visitação, formas de conduta dos visitantes, manejo da flora e fauna, proibição de acampamentos, churrasqueiras, fogueiras, corte da vegetação, introdução de espécies exóticas e depredação dos aspectos naturais. 174 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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As ilhas Itapetinga, por seu tamanho reduzido e dificuldade de acesso, não apresentam visitação turística, sendo que os possíveis desembarques são realizados por marisqueiros. Ainda, sua área de entorno é utilizada para pesca de linha de mão, pesca de currico, rede de espera e pesca de lagosta. Fora as atividades de pesca realizadas em seu entorno, não foram identificadas formas de uso dos ambientes terrestres conflitantes com a criação de uma UC.

São desprovidas de vegetação,

entretanto, representa um importante sítio de pouso e de alimentação de aves marinhas do litoral sul do Espírito Santo. Espera-se, a partir da rica contribuição informativa deste documento, que o processo de criação de Unidades de Conservação no litoral Sul Capixaba continue tramitando de forma participativa com as comunidades pesqueiras da região, e que as características específicas de cada área sejam criteriosamente avaliadas para que se defina a melhor categoria de proteção ambiental e social. Recomeda-se a utilização do recurso de gerenciamento costeiro integrado chamado de Mosaico de Unidades de Conservação, em que a gestão torna-se descentralizada e mais abrangente, visto que a extensão da região é bastante considerável e que as limitações de fiscalização e controle tornam-se mais amenas, além de se gerir a região com diversas categorias de Unidades de Conservação interligadas.

175 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO LITORAL SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

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192 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO LITORAL SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

ANEXOS

LISTAS FLORÍSITCAS Anexo 1 – Listagem florística com o hábito e formação vegetal de ocorrência das espécies na Ilha dos Franceses - ES. Ae: arbórea, At: arbustiva, E: escandente, H: herbácea, L: liana; A: regiões antropizadas, B: formação arbustiva, F: formação florestal, L: mata de leucenas, M: poça-de-maré, R: formação rupestre, T: taquaral. Adaptado de Ferreira et al. (2007). Família

Espécie

Hábito

Formação Vegetal

ACANTHACEAE

Indeterminada

H

F

AGAVACEAE

Furcraea foetida (L.) Haw.

H

R

AIZOACEAE

Sesuvium portulacastrum L.

H

B

AMARANTHACEAE

Alternanthera maritima (Mart.) A. St.-Hil.

H

B

AMARANTHACEAE

Blutaparon portulacoides (A. St.-Hil.) Mears

H

B

ANACARDIACEAE

Schinus terebinthifolius Raddi

At

R,B,T

ANNONACEAE

Annona acutiflora Mart.

At

B

APOCYNACEAE

Mandevilla hirsuta (Rich.) K. Schum.

L

F

APOCYNACEAE

Temnadenia stellaris (Lindl.) Miers

L

F

ARACEAE

Anthurium sp.

H

F

ARECACEAE

Alagoptera arenaria (Gomes) Kuntze

At

B

ARECACEAE

Desmoncus Mart.

At

F

ARECACEAE

Polyandrococos caudescens (Mart.) Barb. Rodr.

Ae

F

ARECACEAE

Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman

Ae

F

ASCLEPIADACEAE

Marsdenia sp.

L

F

ASCLEPIADACEAE

Oxypetalum banksii Schult.

L

R

ASTERACEAE

Emilia coccinea (Sims) G. Don

H

R

ASTERACEAE

Emilia sonchifolia (L.) DC.

H

R

H

R

H

R

ASTERACEAE ASTERACEAE

polyacanthos

var.

polyacanthos

Eupatorium sp. 1 Eupatorium sp. 2

193 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO LITORAL SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

ASTERACEAE

Eupatorium sp. 3

H

R

ASTERACEAE

Gamochaeta spicata Cabrera

H

R

ASTERACEAE

Porophyllum sp.

H

A

ASTERACEAE

Vernonia platensis (Spreng.) Less.

H

A

ASTERACEAE

Vernonia scorpioides (Lam.) Pers.

H

A

AVICENIACEAE

Avicennia schaueriana Stapf & Leechm. ex Moldenke

At

M

L

F

L

F

Ae

F

BIGNONIACEAE

Adenocalymna macrophyllum (Cham.) DC.

BIGNONIACEAE

Distictis stipularis Mart. ex Glaz.

BIGNONIACEAE

Tabebuia sp.

BORAGINACEAE

Cordia curassavica (Jacq.) Roem. & Schult.

H

B

BORAGINACEAE

Heliotropium indicum L.

H

B

BROMELIACEAE

Aechmea lingulata (L.) Baker

H

R

BROMELIACEAE

Bromelia antiacantha Bertol.

H

B,R,T,L

H

R,B

BROMELIACEAE

Neoregelia pascoaliana L. B. Smith

BROMELIACEAE

Quesnelia quesneliana (Brongn.) L.B. Sm.

H

B,R

BROMELIACEAE

Tillandsia gardneri Lindll.

H

F

BROMELIACEAE

Tillandsia stricta Sol. ex Sims

H

F

BROMELIACEAE

Vriesea procera (Mart. ex Schult.f.) Wittm.

H

B,F

CACTACEAE

Cereus fernambucensis Lem.

At

R

CACTACEAE

Coleocephalocereus fluminensis (Miq.) Backeb.

H

R

CACTACEAE

Pereskia aculeata Mill.

E

R

CACTACEAE

Selenicereus setaceus (Salm-Dyck ex DC.) Werderm

E

R

CAESALPINIACEAE

Senna bicapsularis (L.) Roxb.

E

B

CAPPARACEAE

Capparis flexuosa (L.) L.

At

B,L,T

CAPPARACEAE

Cleome spinosa Jacq.

H

F

CAPPARACEAE

Crataeva tapia L.

Ae

F

194 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO LITORAL SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

CELASTRACEAE

Maytenus obtusifolia Mart.

Ae

F

COMBRETACEAE

Laguncularia racemosa (L.) C.F. Gaertn.

At

M

COMMELINACEAE

Commelina erecta L.

H

B

COMMELINACEAE

Commelina sp.

H

R

COMMELINACEAE

Dichorisandra thyrsiflora Mikan

H

F

COMMELINACEAE

Tradescantia effusa Mart.

H

F

CONVOLVULACEAE

Ipomoea cairica (L.) Sweet

L

B,R

CRASSULACEAE

Kalanchoe sp.

H

R

CYPERACEAE

Cyperus ligularis L.M. Martins

H

R

CYPERACEAE

Fimbristylis cymosa (Lam.) R. Br.

H

B

ERYTROXYLACEAE

Erythroxylum passerinum Mart.

Ae

F

EUPHORBIACEAE

Dalechampia ficifolia Lam.

L

F

EUPHORBIACEAE

Sebastiania glandulosa (Mart.) Pax.

H

A

FABACEAE

Abrus precatorius L.

L

F

FABACEAE

Centrosema virginianum (L.) Benth.

H

R

FABACEAE

Centrosema sp.

H

R

FABACEAE

Desmodium sp.

H

A

FABACEAE

Dioclea sp.

L

B

FABACEAE

Indigofera suffruticosa Mill.

At

A

FABACEAE

Swartzia apetala Raddi

Ae

B

FLACOURTIACEAE

Indeterminada

H

A

HIPPOCRATEACEAE

Salacia sp.

Ae

F

LAMIACEAE

Hyptis cf. pectinata (L.) Poit.

H

R

LORANTHACEAE

Indeterminada

H

F

MALPIGHIACEAE

Heteropterys chrysophylla (Lam.) Kunth.

At

B

MALPIGHIACEAE

Stigmaphyllon ciliatum (Lam.) A. Juss.

L

B,R

MALVACEAE

Sida carpinifolia L. f.

H

R

MALVACEAE

Sida cf. cordifolia L.

H

R

195 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO LITORAL SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

MARANTACEAE

Ctenanthe glabra (Koernicke) Eichler

H

F

MARANTACEAE

Maranta divaricata Roscoe

H

F

MELIACEAE

Trichilia casaretti C. DC.

Ae

F

MELIACEAE

Trichilia sp.

Ae

F

At

B

MIMOSACEAE

Indeterminada

MIMOSACEAE

Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit

At

L,A

MORACEAE

Sorocea hilarii Gaudich.

At

F

MYRSINACEAE

Myrsine cf. guianensis (Aubl.) Kuntze

Ae

F

MYRSINACEAE

Myrsine umbellata Mart.

Ae

F

MYRTACEAE

Eugenia brasiliensis Lam.

Ae

F

MYRTACEAE

Eugenia cf. umbelliflora O. Berg

Ae

F

MYRTACEAE

Eugenia uniflora L.

At

R

MYRTACEAE

Indeterminada

Ae

F

MYRTACEAE

Marlierea grandifolia O. Berg

Ae

F

MYRTACEAE

Psidium myrtoides O. Berg

Ae

F

NYCTAGINACEAE

Guapira opposita (Vell.) Reitz

Ae

F

NYCTAGINACEAE

Guapira pernambucensis (Casar.) Lundell

At

B,R

OLACACEAE

Heisteria perianthomega (Vell.) Sleumer

Ae

F

OLACACEAE

Schoepfia brasiliensis A. DC.

Ae

F

ORCHIDACEAE

Catasetum sp.

H

F

ORCHIDACEAE

Cyrtopodium sp.

H

F

ORCHIDACEAE

Eltroplectris calcarata (Sw.) Garay & H.R. Sweet

H

F

ORCHIDACEAE

Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl.

H

F

ORCHIDACEAE

Vanilla sp.

E

R

PASSIFLORACEAE

Passiflora edulis Sims

L

A

PASSIFLORACEAE

Passiflora mucronata Lam.

L

A

POACEAE

Arundo donax L.

H

T

196 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO LITORAL SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

POACEAE

Dactyloctenium aegyptium (L.) Willd

H

A

POACEAE

Lasiacis ligulata Hitchc. & Chase

H

R

POACEAE

Panicum maximum Jacq..

H

A,L

POACEAE

Panicum racemosum (P. Beauv.) Spreng.

H

B

POACEAE

Paspalum sp.

H

R

POACEAE

Sporobolus virginicus (L.) Kunth

H

B

POLYGONACEAE

Coccoloba alnifolia Casar.

At

F

PORTULACACEAE

Talinum paniculatum (Jacq.) Gaertn.

H

B

RUBIACEAE

Chiococca alba (L.) Hitchc.

E

B

RUBIACEAE

Mitracarpus sp.

H

B

SAPINDACEAE

Allophylus puberulus (Cambess.) Radlk.

At

R

SAPINDACEAE

Cupania emarginata Cambess.

Ae

F

SAPINDACEAE

Paullinia racemosa Wawra

L

F

SAPINDACEAE

Paullinia sp.

L

F

SAPOTACEAE

Sideroxylon obtusifolium (Roem. & Schult.) T.D. Penn.

Ae

F

SIMAROUBACEAE

Picramnia bahiensis Turcz

Ae

F

SMILACEAE

Smilax sp.

L

F

SOLANACEAE

Solanum sp.

H

A

SOLANACEAE

Indeterminada

At

F

THEOPHRASTACEAE

Clavija cf. spinosa (Vell.) Mez

At

F

URTICACEAE

Indeterminada

H

A

VERBENACEAE

Lantana camara L.

At

B

197 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO LITORAL SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

Anexo 2 – Listagem florística com o hábito das espécies da Ilha do Meio, Piúma-ES. Hábito - Ae: arbórea, At: arbustiva, Ep: epífita, H: herbácea, L: liana. Formação vegetal - B: formação arbustiva, F: formação florestal, HP: halófila-psamófila, R: formação rupestre. Hábito

Formação vegetal

Agave angustifolia Steud.

H

R

AMARANTACEAE

Alternathera maritima (Mart.) A. St.-Hil.

H

HP

AMARANTACEAE

Blutaparon portulacoides (A. St-Hill.) Mears

L

HP

ANACARDIACEAE

Schinus terebentifolia Raddi

At

B

ASTERACEAE

Mikania sp

H

R

ASTERACEAE

Mikania c.f. argyreiae DC.

H

R

ASTERACEAE

Vernonia scorpioides DC.

H

R

ARECACEAE

Indeterminada

At

B

BOMBACACEAE

Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A. Robyns

At

R

BORAGINACEAE

Cordia curassavica (Jacq.) Roem. & Schult.

H

R

BROMELIACEAE

Aechmea lingulata (L.) Backer

H

R

BROMELIACEAE

Bromélia antiacantha Bertol.

H

R

BROMELIACEAE

Neoregelia pascoaliana L.B. Sm.

H

R

BROMELIACEAE

Quesnelia quesneliana (Brongn.) L.B. Sm.

H

R

BROMELIACEAE

Tillandsia stricta Sol. ex Sims

Ep

F

BROMELIACEAE

Tillandsia usneoides (L.) L.

H

F

CACTACEAE

Cereus fernambucensis Lem.

H

R

CACTACEAE

Coleocephalocereus fluminensis (Miq.) Backeb.

H

R

CACTACEAE

Pilosocereus arrabidae (Lem.) Byles & G. D. Rowley

H

R

CACTACEAE

Selenicereus setaceus (Salm-Dyck ex DC.) Werderm

H

R

CAPPARACEAE

Capparis flexuosa (L.) L.

Ae

B

CLUSIACEAE

Clusia sp

At

B

COMBRETACEAE

Terminalia catappa L.

At

F

CONVOLVULACEAE

Jacquemantia sp

L

B

Família

Espécie

AGAVACEAE

198 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO LITORAL SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

FABACEAE/Faboideae

Abrus precatorius L.

Ae

B

FABACEAE/Faboideae

Andira sp

Ae

B

FABACEAE/Mimosoideae Abarema sp

At

B

MALVACEAE

Pavonia malacophylla (Link & Otto) Garcke

L

R

MALVACEAE

Indeterminada

H

R

MARANTACEAE

Ctenathe glabra Eichler

H

B

MARANTACEAE

Stromanthe c.f. tonckat (Aubl.) Eichler

H

B

MELIACEAE

Trichilia casaretti C. DC.

At

F

ORCHIDACEAE

Brassavola sp

H

R

ORCHIDACEAE

Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl.

H

R

ORCHIDACEAE

Vanilla sp

H

R

PASSIFLORACEAE

Passiflora edulis Sims

L

B

PASSIFLORACEAE

Passiflora mucronata Lam.

L

B

POACEAE

Lasiacis ligulata Hitchc. & Chase

H

R

POACEAE

Panicum racemosum (P. Beauv.) Spreng.

H

HP

POACEAE

Panicum maximum (Jacq.)

H

R

POACEAE

Sporobolus virginicus (L.) Kuth

H

HP

RUBIACEAE

Chiococca alba (L.) Hitchc.

L

R

RUTACEAE

Pilocarpus spicatus A. St-Hil.

Ae

B

RUTACEAE

Zanthoxylum arenarium Engl.

Ae

B

RUTACEAE

Zanthoxylum rhoifolium Lam.

At

B

SAPINDACEAE

Paullinia racemosa Wawra

L

F

SAPINDACEAE

Paullinia weinmanniaefolia Mart.

L

F

SAPOTACEAE

Bumelia obtusifolia Willd. ex Steud.

At

F

THEOPHRASTACEAE

Jacquinia brasiliensis Mez.

Ae

B

199 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO LITORAL SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

Anexo 3 – Listagem florística com o hábito e formações vegetais em que ocorrem as espécies da Ilha dos Cabritos, Piúma-ES. Hábito - Ae: arbórea, At: arbustiva, H: herbácea, L: liana. Formação vegetal – A: área antropizada, B: formação arbustiva, F: formação florestal, R: formação rupestre. Hábito

Formação vegetal

Indeterminada

H

B

AGAVACEAE

Agave angustifolia Steud.

H

A

ANACARDIACEAE

Schinus terebentifolius Raddi

At

B

ANNONACEAE

Annona c.f. squamosa L.

Ae

F

ASCLEPIADACEAE

Himatanthus phagedaenicus (Mart.) Woodson

At

R

ASCLEPIADACEAE

Oxipetalum banksii Schult.

L

B

ASTERACEAE

Indeterminada

H

A

ASTERACEAE

Gochnatia polymorpha (Less.) Cabrera

At

R

ASTERACEAE

Vernonia scorpioides (Lam.) Pers.

H

A

BOMBACACEAE

Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A. Robyns

At

R

BORAGINACEAE

Cordia curassavica (Jacq.) Roem. & Schult.

H

B

BORAGINACEAE

Tournefortia bicolor Sw.

L

B

BROMELIACEAE

Aechmea lingulata (L.) Backer

H

R

BROMELIACEAE

Bromelia antiacantha Bertol.

H

R

BROMELIACEAE

Quesnelia quesneliana (Brongn.) L.B. Sm.

H

R

BROMELIACEAE

Tillandsia stricta Sol. ex Sims

H

R

CACTACEAE

Cereus fernambucensis Lem.

H

R

CACTACEAE

Coleocephalocereus fluminensis (Miq.) Backeb.

L

R

CACTACEAE

Selenicereus setaceus (Salm-Dyck ex DC.) Werderm

H

R

CAPPARACEAE

Capparis flexuosa (L.) L.

Ab

B

CLUSIACEAE

Clusia sp

Ab

B

EUPHORBIACEAE

Dalechampia sp

L

F

FABACEAE/Faboideae

Canavalia sp

L

R

FABACEAE/Faboideae

Centrosema brasilianum (L.) Benth.

L

R

Família

Espécie

ACANTHACEAE

200 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO LITORAL SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

FABACEAE/Faboideae

Cratylia sp

L

B

FABACEAE/Faboideae

Stylosanthes c.f. viscosa (L.) Sw.

L

F

FABACEAE/Mimosoideae

Mimosa quadrivalvis L.

L

B

FABACEAE/Mimosoideae

Senegalia sp

L

F

Indeterminada

Indeterminada

L

F

MALVACEAE

Indeterminada

H

R

MELASTOMATACEAE

Tibouchina sp

Ae

F

MELIACEAE

Trichilia casaretti C. DC.

Ae

F

MYRTACEAE

Indeterminada

Ae

F

NYCTAGINACEAE

Guapira pernambuscenses (Casar.) Lundell

At

B

PASSIFLORACEAE

Passiflora edulis Sims

L

B

PASSIFLORACEAE

Passiflora mucronata Lam.

L

B

POACEAE

Chloris c.f. barbata (L.) Nash

H

R

POACEAE

Dactyloctenium c.f. aegyptium (L.) Willd.

H

R

POACEAE

Lasiacis ligulata Hitchc. & Chase

H

R

POACEAE

Panicum racemosum (P. Beauv.) Spreng.

H

R

POACEAE

Panicum maximum (Jacq.)

H

A

POACEAE

Setaria c.f. geniculata L.

H

R

POLYGONACEAE

Coccoloba alnifolia Casar.

H

A

RUBIACEAE

Emeorhiza umbellata(Spreng.) K. Schum.

At

B

RUTACEAE

Esembeckia grandiflora Mart.

At

B

RUTACEAE

Pilocarpus spicatus A. St-Hil.

At

R

SAPINDACEAE

Allophylus c.f. puberulus Radlk.

At

B

SAPINDACEAE

Cupania c.f. scrobiculata L.C. Rich.

At

B

SAPINDACEAE

Paullinia racemosa Wawra

L

B

SAPOTACEAE

Bumelia obtusifolia Willd. ex Steud.

At

F

SMILACACEAE

Smilax syphilitica Griseb.

L

B

SOLANACEAE

Solanum americanum Mill.

H

R

201 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO LITORAL SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

SOLANACEAE

Solanum caavurana Vell.

At

F

SOLANACEAE

Solanum c.f. cordifolium Dunal

At

B

VERBENACEAE

Lantana camara L.

H

A

VERBENACEAE

Lantana c.f. fucata Lindl.

H

A

202 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO LITORAL SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

Anexo 4 – Listagem florística com o hábito e formações vegetais em que ocorrem as espécies da Ilha Branca, Barra do Itapemirim-ES. Hábito - H: herbácea. Formação vegetal – A: área antropizada, R: formação rupestre. Hábito

Formação vegetal

Sesuvium portulacastrum L.

H

R

AMARANTHACEAE

Alternathera maritima (Mart.) A. St.-Hil.

H

R

AMARANTHACEAE

Blutaparon portulacoides (A. St-Hill.) Mears

L

R

ASTERACEAE

Vernonia scorpioides DC.

H

A

ASTERACEAE

Indeterminada

H

A

CACTACEAE

Cereus fernambucensis Lem.

H

R

COMMELINACEAE

Commelina erecta (L.)

H

A, R

CONVOLVULACEAE

Ipomoea cairica (L.) Sweet

L

R

EUPHORBIACEAE

Indeterminada

L

R

FABACEAE/Faboideae

Canavalia sp

L

A, R

POACEAE

Dactyloctenium c.f. aegyptium (L.) Willd.

H

A

POACEAE

Lasiacis ligulata Hitchc. & Chase

H

A

POACEAE

Panicum racemosum (P. Beauv.) Spreng.

H

A, R

RUBIACEAE

Emeorhiza umbellata (Spreng.) K. Schum.

H

R

Família

Espécie

AIZOACEAE

203 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO LITORAL SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

Avifauna Anexo 5 – Lista das espécies de aves identificadas nas ilhas Franceses, Ilha do Meio e Ilha dos Cabritos, litoral sul do Espírito Santo. IC: Ilha dos Cabritos; IF: Ilha dos Franceses; IM: Ilha do Meio. Espécie

Família

Ilha em que ocorre

Ambiente

IF, IM

Formação arbustiva

Amazilia fimbriata

TROCHILIDAE

Aramides cajanea

RALLIDAE

IF

Floresta

Aramides mangle

RALLIDAE

IF

Formação arbustiva

Ardea alba

ARDEIDAE

IM

Costão rochoso

Athene cunicularia

STRIGIDAE

IF, IM

Costão rochoso

Ceryle torquata

ALCEDINIDAE

IF, IM

Áreas do entorno

Coereba flaveola

COEREBIDAE

IF, IM

Floresta, Formação arbustiva

Columba picazuro

COLUMBIDAE

IF, IM

Floresta

Columbina talpacoti

COLUMBIDAE

IF, IC, IM

Coragyps atratus

CATHARTIDAE

IF, IC, IM

Floresta, Costão rochoso

Crotophaga ani

CUCULIDAE

IF, IM

Formação arbustiva

Dacnis cayana

EMBEREZIDAE

IM

Formação arbustiva

Falco peregrinus

FALCONIDAE

IF

Formação arbustiva

Furnarius rufus

FURNARIIDAE

IF

Floresta

Guira guira

CUCULIDAE

IC, IF

Formação arbustiva

Laterallus viridis

RALLIDAE

IF

Floresta

Myiarchus sp

TYRANNIDAE

IC, IM

Formação arbustiva

Pitangus sulphuratus

TYRANNIDAE

IF, IC, IM

Formação arbustiva, Costão rochoso

Polyborus plancus

FALCONIDAE

IF, IC, IM

Floresta, Costão rochoso

Schistochlamys ruficapillus

EMBERIZIDAE

IC, IM

Formação arbustiva

Sporophila sp

EMBERIZIDAE

IC

Formação arbustiva, Costão rochoso

Formação arbustiva, Costão rochoso

204 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO LITORAL SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

Streptoprocne zonaris

APODIDAE

IF

Costão rochoso

Tangara cayana

EMBERIZIDAE

IF, IC, IM

Floresta, Formação arbustiva

Thlypopsis sordida

EMBERIZIDAE

IF, IC

Floresta

Todirostrum cinereum

TYRANNIDAE

IC, IM

Floresta

Troglodytes aedon

TROGLODYTIDAE

IF, IC, IM

Formação arbustiva, Costão rochoso

Turdus albicollis

TURDIDAE

IM

Floresta, Formação arbustiva

Tyrannus melancholicus

TYRANNIDAE

IC, IF

Floresta, Formação arbustiva

Vanellus chilensis

CHARADRIIDAE

IM

Costão rochoso

205 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO LITORAL SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

Ictiofauna Anexo 6 - Lista das espécies encontradas na Ilha dos Franceses (Pinheiro, 2010) Ordem Anguilliformes

Família

Espécie

Muraenidae

Gymnothorax funebris (Ranzani,1840) Gymnothorax moringa (Cuvier,1829) Gymnothorax ocellatus (Agassiz,1831) Gymnothorax vicinus (Castelnau,1855)

Ophichthidae

Myrichthys breviceps (Richardson, 1848) Myrichthys ocellatus (Lesueur, 1825) Ophichthus gomesii (Castelnau,1855) Ophichthus ophis (Linnaeus, 1758)

Beloniformes

Belonidae

Tylosurus acus (Lacepede, 1803) Strongylura marina (Walbaum, 1792)

Atheriniformes

Hemiramphidae

Hemiramphus balao Lesuer, 1823 Hemiramphus brasiliensis (Linnaeus,1758) Hyporhamphus unifasciatus (Ranzani,1842)

Beryciformes

Holocentridae

Holocentrus ascensionis (Osbeck,1765) Myripristis jacobus (Cuvier, 1829)

Clupeiformes

Clupeidae

Chirocentrodon bleckerianus (Poey,1867) Harengula clupeola (Cuvier,1829) Odontognathus mucronatus Lacépéde,1800 Opisthonema oglinum (Lesuer, 1817) Pellona harroweri (Fowler,1917) Sardinella brasiliensis (Steindachner,1789)

Engraulidae

Anchoa filifera (Fowler,1915) Anchoa spinifera (Valenciennes,1848) Anchoviella lepidentostole (Fowler,1911) Cetengraulis edentulus (Cuvier,1828)

206 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO LITORAL SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

Lycengraulis grossidens (Agassiz, 1829) Dactylopteriformes Elopiformes Gasterosteiformes

Dactylopteridae

Dactylopterus volitans (Linnaeus,1758)

Elopidae

Elops saurus (Linnaeus,1766)

Fistulariidae

Fistularia tabacaria (Linnaeus,1758)

Syngnathidae

SP não identificada Hippocampus reidi Ginsburg,1933 Oostethus lineatus (Kaup, 1856)

Gobiesociformes

Gobiesocidae

Gobiesox barbatulus Starks, 1913 Tomicodon fasciatus (Peters, 1859)

Lophiiformes Myctophiformes

Ogcocephalidae

Ogcocephalus vispertilio (Linnaeus,1758)

Synodontidae

Synodus intermedius (Spix & Agassiz, 1829) Synodus synodus (Linnaeus, 1758)

Orectolobiformes Perciformes

Ginglymostomatidae

Ginglymostoma cirratum (Bonnaterre,1788)

Acanthuridae

Acanthurus bahianus (Castelnau,1855) Acanthurus chirurgus (Bloch,1787) Acanthurus coeruleus (Bloch & Scneider,1801)

Apogonidae

Apogon americanus Castelnau, 1855 Phaeoptyx pigmentaria (Poey, 1860)

Blenniidae

Hypleurochilus pseudoaequipinnis Bath, 1994 Hypsoblennius invemar Smith-Vaniz & Acero P., 1980 Parablennius marmoreus (Poey, 1876) Parablenius pilicornis (Cuvier,1829) Scartella cristata (Linnaeus, 1758)

Carangidae

Carangoides ruber (Bloch, 1793) Caranx bartholomaei (Cuvier, 1833) Caranx crysos (Mitchill,1815) Caranx hippos (Linnaeus,1766) Caranx latus (Agassiz,1831) Chloroschombrus chrysurus (Linnaeus, 1766)

207 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO LITORAL SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

Decapterus punctatus (Cuvier, 1829) Oligoplites saliens (Bloch,1793) Pseudocaranx dentex (Bloch & Schneider,1801) Selene brownii (Cuvier, 1816) Selene setapinnis (Mitchill,1815) Selene vomer (Linnaeus,1758) Trachinotus carolinus (Linnaeus,1766) Trachinotus goodei (Jordan & Evermann,1896) Trachinotus marginatus (Cuvier,1832) Centropomidae

Centropomus parallelus Poey, 1860 Centropomus undecimalis (Bloch,1792)

Chaetodontidae

Chaetodon sedentarius Poey, 1860 Chaetodon striatus (Linnaeus,1758)

Echeneididae

Echeneis naucrates Linnaeus,1758

Ephippididae

Chaetodipterus faber (Broussonet,1782)

Gerreidae

Diapterus olisthostomus (Goode & Bean, 1882) Eucinostomus argenteus (Baird & Girard, 1854) Eucinostomus lefroyi (Goode, 1874) Eugerres brasilianus (Cuvier, 1830)

Gobiidae

Bathygobius mystacium Ginsburg, 1947 Bathygobius soporator (Valenciennes, 1837) Coryphopterus glaucofraenum Gill, 1863 Coryphopterus dicrus Böhlke & Robins, 1960 Ctenogobius saepepallens (Gilbert & Randall, 1968) Gnatholepis thompsoni Jordan, 1904

Gramatidae

Gramma brasiliensis Sazima, Gasparini & Moura, 1998

Kyphosidae

Kyphosus sectatrix (Linnaeus, 1758)

Labridae

Bodianus rufus (Linnaeus,1758) Doratonotus megalepis Günther, 1862

208 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO LITORAL SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

Halichoeres brasiliensis (Bloch, 1971) Halichoeres penrosei Starks, 1913 Halichoeres poeyi (Steindachner,1867) Thalassoma noronhanum (Boulenger, 1890) Labrisomidae

Labrisomus cricota Sazima, Gasparini & Moura, 2002 Labrisomus kalisherae (Jordan,1904) Labrisomus nuchipinnis (Quoy & Gaimard, 1824) Malacoctenus delalandi (Valenciennes, 1836) Malacoctenus aff triangulatus Paraclinus arcanus Guimarães & Bacellar, 2002

Lutjanidae

Lutjanus analis (Curvier,1828) Lutjanus cyanopterus (Cuvier, 1828) Lutjanus jocu (Bloch & Schneider,1801) Lutjanus synagris (Linnaeus,1758) Ocyurus chrysurus (Bloch, 1791)

Malacanthidae

Malacanthus plumieri (Bloch, 1786)

Mugilidae

Mugil incilis (Hancock, 1830) Mugil liza (Valenciennes,1836)

Mullidae

Pseudopeneus maculatus (Bloch,1793)

Pempherididae

Pempheris schomburgki (Müller&Troschel, 1848)

Polynemidae

Polydactylus oligodon (Günther, 1860)

Pomacanthidae

Holacanthus ciliares (Linnaeus,1758) Holacanthus tricolor (Bloch, 1795) Pomacanthus paru (Bloch,1787) Pomacanthus arcuatus (Linnaeus, 1758)

Pomacentridae

Abdufdef saxatilis (Linnaeus,1758) Chromis multilineata (Guichenot, 1855) Microspathodon chrysurus (Cuvier, 1830) Stegastes fuscus (Cuvier, 1830)

209 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO LITORAL SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

Stegastes variabilis (Castelnau, 1855) Haemulidae

Anisotremus moricandi (Ranzani, 1842) Anisotremus surinamensis (Bloch,1791) Anisotremus virginicus (Linnaeus,1758) Conodon nobilis (Linnaeus,1758) Haemulon aurolineatum (Cuvier, 1829) Haemulon parra (Desmarest, 1823) Haemulon plumiere (Lacepede, 1802) Haemulon steindachneri (Jordan & Gilbert, 1882) Orthopristhis ruber(Cuvier,1830)

Pomatomidae

Pomatomus saltator (Linnaeus,1766)

Scaridae

Cryptotomus roseus Cope, 1871 Scarus trispinosus Valenciennes, 1840 Sparisoma amplum (Ranzani, 1841) Sparisoma axillare (Steindachner, 1878) Sparisoma frondosum (Agassiz, 1831) Sparisoma radians (Valenciennes, 1839) Sparisoma tuiupiranga Gasparini, Joyeux & Floeter, 2003

Sciaenidae

Ctenosciaena gracilicirrhus (Metzelaar,1919) Cynoscion acoupa (Lacepede, 1802) Cynoscion jamaicensis (Valant &Bocourt,1883) Cynoscion leiarchus (Cuvier, 1830) Cynoscion virescens (Cuvier, 1830) Equetus lanceolatus (Linnaeus, 1758) Isopisthus parvipinnis (Cuvier, 1830) Larimus breviceps (Cuvier, 1830) Macrodon ancylodon (Bloch & Schneider, 1801) Menticirrhus americanus (Linnaeus, 1758) Micropogonias furnieri (Desmarest, 1823)

210 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO LITORAL SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

Nebris microps Cuvier, 1830 Odontoscion dentex (Cuvier, 1830) Paralonchurus brasiliensis (Steindachner,1867) Pareques acuminatus (Bloch & Schneider, 1801) Stellifer brasiliensis (Schultz,1945) Stellifer rastrifer (Jordan,1889) Stellifer naso (Jordan, 1889) Umbrina coroides (Cuvier, 1830) Scombridae

Euthynnus alletteratus (Rafinesque, 1810) Scomberomus cavalla (Cuvier, 1829) Scomberomus brasiliensis (Collette, Russo & Zavala-Camin, 1978)

Serranidae

Alphesthes afer (Bloch,1793) Diplectrum formosum (Linnaeus,1766) Diplectrum radiale (Quoy & Gaimard, 1824) Epinephelus itajara (Lichtenstein,1822) Epinephelus marginatus (Lowe, 1834) Mycteroperca acutirostris (Bloch,1793) Mycteroperca bonaci (Poey, 1860)

Serranidae

Rypticus bistrispinus (Mitchill, 1818)

Serranidae

Rypticus saponaceus (Bloch & Schneider, 1801) Serranus baldwini (Evermann & Marsh, 1900) Serranus flaviventris (Cuvier, 1829)

Sparidae

Archosargus probatocephalus (Walbaum,1792) Archosargus romboidalis(Linnaeus,1758) Calamus penna (Valenciennes, 1830) Calamus sp. Diplodus argenteus (Valenciennes,1830) Pagrus pagrus (Linnaeus, 1758)

Sphyraenidae

Sphyraena guachancho Cuvier, 1829

211 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO LITORAL SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

Sphyraena tome (Walbum, 1789)

Pleuronectiformes

Stromateidae

Peprilus paru (Linnaeus,1758)

Trichiuridae

Trichiurus lepturus (Linnaeus,1758)

Achiridae

Achirus declives Chabanaud, 1940 Achirus lineatus (Linnaeus,1758)

Bothidae

Bothus oscellatus (Agassiz,1831) Bothus robinsi Topp & Hoff, 1972

Cynoglossidae

Symphurus plagusia (Bloch &Schneider, 1801) Symphurus tessellatus (Quoy & Gaimard, 1824)

Paralichthidae

Citharichthys macrops Dresel, 1885 Paralichthys brasiliensis (Ranzani, 1842) Syacium cf.papillosum (Linnaeus,1758) Syacium micrurum Ranzani, 1842

Rajiformes

Dasytidae

Dasyatis guttata (Bloch &Schneider,1801)

Gymnuridae

Gymura altavela (Linnaeus,1758)

Myliobatidae

Aetobatus narinari (Euphrasen,1790)

Narcinidae

Narcine brasiliensis (Olfers,1831)

Rhinobatidae

Rhinobatos horkelii (Muller & Henle, 1841) Rhinobatos percellens (Walbaum,1792) Zapteryx brevirostris (Muller & Henle,1841)

Scorpaeniformes

Scorpaenidae

Scorpaena brasiliensis Cuvier, 1829 Scorpaena isthmensis Meek & Hildebrand, 1928 Scorpaena plumieri Bloch,1789

Siluriformes

Triglidae

Prionotus punctatus (Bloch, 1797)

Ariidae

Arius spixii (Agassiz, 1829) Sciadeichthys luniscutis (Valenciennes, 1840)

Syngnathiformes Tetraodontiformes

Aulostomidae

Aulostomus strigosus Wheeler, 1955

Balistidae

Balistes capriscus (Gmelin, 1789) Balistes vetula (Linnaeus,1758)

212 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO LITORAL SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

Diodontidae

Chilomycterus reticulatus (Linnaeus, 1758) Cyclichthys spinosus (Linnaeus, 1758) Diodon histrix Linnaeus,1758

Monacanthidae

Aluterus scriptus (Osbeck, 1765) Cantherhines pullus (Ranzani, 1842) Stephanolepis hispidus (Linnaeus,1758)

Ostraciidae

Acanthostracion polygonius (Poey,1876) Acanthostracion quadricornis (Linnaeus,1758)

Tetraodontidae

Lagocephalus laevigatus (Linnaeus,1766) Sphoeroides greeleyi (Gilbert,1900) Sphoeroides pachygaster (Müller & Troschel,1848) Sphoeroides spengeleri (Bloch,1785) Sphoeroides testudineus (Linnaeus,1758) Canthigaster figueiredoi (Moura & Castro, 2002)

213 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO LITORAL SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

Anexo 7 – Lista e abundância de espécies de peixes recifais levantadas pelo diagnóstico ambiental nos diferentes habitats amostrados. A Abundancia é expressa em números por 100 m². (x = registro de ocorrência qualitativa da espécie para o ambiente) Ambiente Família / Espécie algas

areia

invert

patch

recife rochoso

Acanthuridae Acanthurus bahianus

8,38 ± 16,69

0,38 ± 1,10

1,54 ± 2,79

7,06 ± 13,37

Acanthurus chirurgus

4,88 ± 16,27

0,30 ± 1,36

5,13 ± 9,35

16,01 ± 37,26

Acanthurus coeruleus

0,18 ± 0,64

0,06 ± 0,40

1,35 ± 5,35

Albulidae 0,06 ± 0,40

Albula vulpes Apogonidae

0,13 ± 0,56

Apogon americanus Balistidae 0,03 ± 0,27

Balistes vetula

0,30 ± 0,83

Blenniidae 0,03 ± 0,29

Hypsoblennius invemar 0,91 ± 2,07

Parablennius marmoreus

0,23 ± 0,73

0,83 ± 1,93

0,81 ± 2,11 0,03 ± 0,29

Parablennius pilicornis Callionymidae 0,09 ± 0,46

Callionymus bairdi Carangidae Caranx crysos

0,56 ± 3,39

Caranx latus

0,03 ± 0,27

Chloroscombrus chrysurus Decapterus spp.

x

0,61 ± 3,48

3,50 ± 7,83

0,13 ± 0,56

0,37 ± 1,53

2,37 ± 10,68

1,01 ± 8,72

0,58 ± 3,60

1,99 ± 14,59

20,19 ± 52,3

4,26 ± 21,52

214 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO LITORAL SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

0,14 ± 1,16

Selene vomer Seriola rivoliana

0,19 ± 1,20

0,20 ± 1,74

Chaetodontidae Chaetodon sedentarius

1,91 ± 11,59

1,59 ± 7,01

1,28 ± 2,74

0,41 ± 1,1

Chaetodon striatus

0,32 ± 1,01

0,15 ± 0,61

0,06 ± 0,40

0,30 ± 1,31

Cirrhitidae x

Amblycirrhitus pinos

0,03 ± 0,29

Clupeidae 8,11 ± 37,27

Harengula clupeola Dactylopteridae 0,03 ± 0,27

Dactylopterus volitans

0,50 ± 1,12

0,15 ± 0,61

x

Dasyatidae 0,13 ± 0,56

Dasyatis centroura Diodontidae

0,26 ± 1,26

Chilomycterus reticulatus

x

Chilomycterus spinosus Diodon hystrix

0,13 ± 0,56

0,07 ± 0,58

2,82 ± 11,59

0,07 ± 0,41

Ephippidae Chaetodipterus faber Gobiidae Coryphopterus dicrus

0,15 ± 0,8

0,68 ± 2,00

1,47 ± 3,38

0,71 ± 3,62

Coryphopterus glaucofraenum

0,18 ± 1,01

0,08 ± 0,44

0,06 ± 0,40

0,20 ± 0,80

Coryphopterus spp.

0,12 ± 0,85

0,08 ± 0,44

Elacatinus figaro

0,06 ± 0,54

Nid

0,03 ± 0,29

Grammatidae Gramma brasiliensis

x

0,06 ± 0,40

0,17 ± 0,76

Haemulidae Anisotremus moricandi

0,03 ± 0,27

0,37 ± 1,84

215 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO LITORAL SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

Anisotremus surinamensis

x 1,03 ± 2,74

Anisotremus virginicus

194,71 ± 870,16

Haemulon aurolineatum

25,00 ± 55,9

0,32 ± 2,00

3,07 ± 10,87

x

2,50 ± 4,52

7,43 ± 15,33

10,23 ± 29,56

44,81 ± 145,78

11,86 ± 32,97

Haemulon parra

0,12 ± 1,08

2,56 ± 15,61

2,09 ± 14,57

Haemulon plumieri

3,47 ± 9,15

5,13 ± 10,45

4,59 ± 16,20

29,79 ± 190,56

18,14 ± 39,17

6,96 ± 23,53

x

23,85 ± 51,42

15,24 ± 49,44

1,41 ± 3,66

0,20 ± 0,80

x

1,79 ± 4,76

1,45 ± 6,32

0,03 ± 0,27

0,06 ± 0,40

0,10 ± 0,50

Bodianus pulchellus

0,06 ± 0,38

0,32 ± 1,17

Bodianus rufus

0,68 ± 2,68

3,27 ± 5,26

2,67 ± 8,11

Doratonotus megalepis

0,03 ± 0,27

Halichoeres brasiliensis

0,26 ± 0,95

0,08 ± 0,44

1,22 ± 2,80

1,89 ± 4,09

x

x

6,97 ± 5,40

6,03 ± 7,38

Haemulon steindachneri Orthopristis ruber Holocentridae Holocentrus adscensionis Myripristis jacobus

2,00 ± 8,41

x

Kyphosidae Kyphosus spp. Labridae

Halichoeres dimidiatus x

Halichoeres penrosei

14,85 ± 9,88

Halichoeres poeyi

0,50 ± 1,12

6,99 ± 7,16

Labrisomidae 0,07 ± 0,58

Labrisomus cricota Labrisomus kalisherae

0,03 ± 0,27

0,03 ± 0,29

Labrisomus nuchipinnis

0,18 ± 0,64

0,71 ± 1,34

Malacoctenus delalandei

0,32 ± 0,93

0,08 ± 0,44

Malacoctenus aff. triangulatus

1,76 ± 3,11

0,61 ± 1,25

0,88 ± 2,13 0,38 ± 1,22

0,78 ± 1,37

Lutjanus jocu

0,32 ± 1,02

0,14 ± 1,16

Lutjanus synagris

0,06 ± 0,40

Lutjanidae

216 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO LITORAL SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

0,12 ± 0,53

Ocyurus chrysurus

0,45 ± 1,50

0,34 ± 1,51

Microdesmidae 13,00 ± 12,42

Ptereleotris randalli

0,15 ± 0,87

0,64 ± 1,69

Monacanthidae 0,32 ± 2,00

Aluterus monoceros Cantherhines pullus

x

Monacanthus ciliatus

0,06 ± 0,38

0,03 ± 0,29

x

Stephanolepis hispidus Mullidae Pseudupeneus maculatus

1,41 ± 8,19

0,08 ± 0,44

1,03 ± 2,05

0,44 ± 1,39

x

0,03 ± 0,29

0,32 ± 0,85

0,03 ± 0,29

0,32 ± 1,31

0,07 ± 0,41

Muraenidae Gymnothorax funebris Gymnothorax moringa

0,18 ± 0,64

Gymnothorax vicinus

0,09 ± 0,46

0,15 ± 0,61

Ogcocephalidae 0,03 ± 0,27

Ogcocephalus vespertilio Ophichthidae Myrichthys breviceps

x

Myrichthys ocellatus

x

Opistognathidae Opistognathus aff. aurifrons Opistognathus whitehursti

0,15 ± 0,61

0,06 ± 0,40

0,03 ± 0,27

Ostraciidae Acanthostracion polygonius

0,06 ± 0,38 0,15 ± 0,61

Acanthostracion quadricornis

0,06 ± 0,40

0,03 ± 0,29

0,06 ± 0,40

0,03 ± 0,29

Pempheridae Pempheris schomburgki

1,53 ± 13,56

17,91 ± 145,45

Pomacanthidae Holacanthus ciliaris

0,06 ± 0,38

0,45 ± 0,97

0,37 ± 2,14

217 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO LITORAL SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

Holacanthus tricolor

0,12 ± 0,76

x

0,32 ± 1,02

Pomacanthus arcuatus

0,03 ± 0,27

x

x

Pomacanthus paru

0,15 ± 0,71

1,09 ± 2,91

0,10 ± 0,50

0,27 ± 0,98

Pomacentridae Abudefduf saxatilis

0,12 ± 0,85

x 0,32 ± 1,64

Chromis jubauna Chromis multilineata

0,38 ± 2,02

Stegastes fuscus

6,26 ± 7,08

1,47 ± 3,33

0,57 ± 2,57 22,06 ± 37,80

0,45 ± 1,50

Stegastes pictus Stegastes variabilis

4,02 ± 8,50

1,74 ± 3,01

0,13 ± 0,56

1,28 ± 2,69

Pomatomidae 1,28 ± 8,01

Pomatomus saltatrix Priacanthidae Priacanthus arenatus

0,03 ± 0,27

51,35 ± 215,95

Scaridae Cryptotomus roseus

0,06 ± 0,54

x

0,51 ± 2,51

Sparisoma axillare

5,82 ± 20,45

x

0,45 ± 2,06

6,79 ± 14,5

Sparisoma frondosum

0,06 ± 0,54

0,77 ± 3,40

0,27 ± 1,35

Sparisoma radians

0,03 ± 0,27

0,07 ± 0,41 0,06 ± 0,40

Sparisoma tuiupiranga Sciaenidae Odontoscion dentex Pareques acuminatus

4,41 ± 28,17

0,45 ± 1,16

x

0,37 ± 2,40

3,65 ± 16,48

1,62 ± 4,13

Scorpaenidae Scorpaena plumieri

0,09 ± 0,46

0,07 ± 0,41

Serranidae Cephalopholis fulva Diplectrum formosum

1,56 ± 5,01

Diplectrum radiale

0,03 ± 0,27

5,00 ± 3,06

x

1,54 ± 3,01

0,03 ± 0,29

1,21 ± 2,80

0,06 ± 0,40

0,34 ± 2,39

0,15 ± 0,87

0,58 ± 1,34

0,61 ± 2,22

218 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO LITORAL SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

Mycteroperca acutirostris

0,06 ± 0,40

0,03 ± 0,29

Mycteroperca bonaci

0,13 ± 0,56

0,03 ± 0,29

0,06 ± 0,40

0,10 ± 0,50

0,03 ± 0,27

Rypticus saponaceus

1,00 ± 1,37

Serranus atrobranchus

x

0,13 ± 0,80

Serranus baldwini

0,35 ± 1,23

1,52 ± 2,57

0,19 ± 0,67

Serranus flaviventris

0,82 ± 1,78

0,98 ± 2,33

5,96 ± 7,36

0,08 ± 0,44

0,06 ± 0,40

Serranus phoebe

2,16 ± 4,12

Sparidae Archosargus probatocephalus Calamus spp.

0,21 ± 0,88

Diplodus argenteus

0,29 ± 2,71

Pagrus pagrus

0,41 ± 2,04

0,08 ± 0,44

6,89 ± 8,43

0,06 ± 0,40

0,03 ± 0,29

0,58 ± 2,18

X

0,51 ± 1,83

0,34 ± 2,63

0,77 ± 3,10

Synodontidae Synodus intermedius

0,09 ± 0,46

0,26 ± 0,77

0,17 ± 0,76

0,06 ± 0,40

0,03 ± 0,29

Tetraodontidae Canthigaster figueiredoi

0,03 ± 0,27

x

Sphoeroides spengleri

0,03 ± 0,27

0,08 ± 0,44

0,03 ± 0,29

Triglidae X

Prionotus punctatus 293,85 ± 1263,33

Total

48,50 ± 82,82

34,62 ± 78,29

226,22 ± 697,07

171,93 ± 598,87

Anexo 8 – Lista de espécies encontradas nos fundos inconsolidados de areia e lama do litoral sul do Espírito Santo. Adaptado de Pinheiro et al. (2009a). (A abundancia é expressa por números por 105m²) Família

Espécie

Ameaça

Captura

Abundancia média

Achiridae

Achirus declives

NA

CA

1,6

Achirus lineatus

NA

CA

3,9

219 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO LITORAL SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

Engraulidae

Anchoa filifera

NA

CA

3,2

Anchoa spinifera

NA

CA

1,1

Ariidae

Arius spixii

NA

CA

1

Bothidae

Bothus ocellatus

NA

CA

0,6

Bothus robinsi

NA

CA

1,8

Caranx crysos

NA

AL

0,1

Caranx latus

NA

AL

0,1

Cetengraulis edentulus

NA

CA

0,4

Ephippididae

Chaetodipterus faber

NA

CA

0,4

Clupeidae

Chirocentrodon bleckerianus

NA

CA

29,2

Chloroscombrus chrysurus

NA

CA

1

Haemulidae

Conodon nobilis

NA

CA

2,8

Sciaenidae

Ctenosciaena gracilicirrhus

NA

CA

10

Diodontidae

Cyclichthys spinosus

NA

CA

20,6

Cynoscion jamaicensis

NA

AL

14,1

Cynoscion leiarchus

NA

AL

0

Cynoscion virescens

NA

AL

0,3

Dactylopteridae

Dactylopterus volitans

NA

CA

0,4

Dasyatidae

Dasyatis guttata

SE

CA

0,1

Serranidae

Diplectrum formosum

NA

CA

0,5

Muraenidae

Gymnothorax oscellatus

NA

CA

1,7

Gymnuridae

Gymnura altavela

SE

CA

0,1

Carangidae

220 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO LITORAL SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

Harengula clupeola

NA

CA

0,1

Isopisthus parvipinnis

NA

AL

20

Lagocephalus laevigatus

NA

AL

0,2

Larimus breviceps

NA

CA

14,3

Menticirrhus americanus

NA

CA

2,4

Nebris microps

NA

CA

0,1

Odontognathus mucronatus

NA

CA

3,7

Ogcocephalidae

Ogcocephalus vispertilio

NA

CA

0

Syngnathidae

Oostethus lineatus

NA

CA

0,1

Ophichthidae

Ophichthus gomesii

NA

CA

0,3

Pomadasyidae

Orthopristis ruber

NA

CA

0,8

Paralonchurus brasiliensis

NA

CA

16,8

Pellona harroweri

NA

CA

79,9

Stromateidae

Peprilus paru

NA

CA

0,7

Polynemidae

Polydactilus oligodon

NA

CA

0,3

Triglidae

Prionotus punctatus

NA

CA

0,3

Rhinobatidae

Rhinobatos horkerii

EX

AL

0,1

Rhinobatos percellens

SE

AL

0,4

Sciadeichthys luniscutis

NA

CA

0,1

Scorpaena brasiliensis

NA

CA

0

Selene setapinnis

NA

CA

0,3

Selene vomer

NA

CA

0,7

Tetraodontidae

Scorpaenidae

221 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO LITORAL SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

Cynoglossidae

Trichiuridae

Sphoeroides greeleyi

NA

CA

0,3

Sphoeroides pachygaster

NA

CA

0,1

Sphoeroides testudineus

NA

CA

0,1

Stellifer brasiliensis

NA

CA

29,6

Stellifer rastrifer

NA

CA

41,2

Stellifer sp.

NA

CA

0,3

Symphurus plagusia

NA

CA

0,9

Symphurus tessellatus

NA

CA

2,9

Trichiurus lepturus

NA

AL

0,5

Umbrina coroides

NA

CA

0

Zapteryx brevirostris

SE

CA

0,1

Anexo 9 - Espécies capturadas pela atividade de pesca e caça submarina recreacionais exercidas na Ilha dos Franceses, ES.

Espécie

Grupo Trófico

Caça submarina

Pesca (linha e anzol)

%

CT médio (ep)

%

CT médio (ep)

Abundancia (nº/10m²)

Sparisoma axillare

HP

22,2

30,0 (1,8)

3

23,7 (1,4)

0,67

Anisotremus surinamensis

CIM

16,7

28,3 (2,8)

18,8

19,6 (1,3)

0,21

Caranx crysos

PI

8,3

36,0 (2,1)

1

33

0,11

Trachinotus goodei

PI

8,3

39,3 (5,7)

< 0,01

Chaetodipterus faber

OM

5,6

36,0 (2,0)

0,01

Lutjanus jocu

CA

5,6

32,5 (3,5)

0,01

Pomatomus saltatrix

PI

5,6

39,5 (3,5)

Não contado

Acanthurus bahianus

HP

2,8

17

1,12

Eugerres brasiliensis

CA

2,8

35

Não contado

222 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO LITORAL SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ESTUDOS COMPLEMENTARES PARA A CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MARINHA

Haemulon plumieri

CIM

2,8

20

5,9

19,8 (1,6)

0,11

Kiphosus incisor

HP

2,8

41

7,9

20,1 (2,2)

0,21

Mugil sp

HP

2,8

30

0,01

Oligoplites sp

PI

2,8

35

Não contado

OM

2,8

25

0,07

Scomberomorus brasiliensis

PI

2,8

40

Não contado

Selene vômer

PI

2,8

26

Não contado

Trachinotus carolinus

PI

2,8

43

Não contado

Caranx latus

PI

14,9

18,2 (0,5)

0,03

Haemulon steindachneri

CIM

9,9

22 (1,1)

1,31

Abdufdef saxatilis

OM

6,9

15,2 (0,9)

0,54

Anisotremus moricandi

CIM

5,9

16,5 (0,5)

0,07

Halichoeres poeyi

CIM

5,9

17,5 (0,3)

0,56

Anisotremus virginicus

CIM

5

19,3 (1,0)

1,49

Diplodus argenteus

OM

5

28,9 (1,4)

0,11

Holocentrus ascenciones

CIM

3

22,2 (1,7)

0,06

Chloroscombrus chrysurus

PL

2

20,1 (0,3)

Não contado

Halichoeres brasiliensis

CIM

2

28

0,29

Bodianus rufus

CIM

1

29

0,11

Diplectrum formosum

CA

1

16,2

Não contado

Sphyraena tome

PI

1

44

Não contado

Labrisomus nuchipinnis

CA

pnm

Lutjanus synagris

CA

pnm

pnm

< 0,01

Haemulon parra

CIM

pnm

pnm

0,06

Pomacanthus paru

0,27

223 ASSOCIAÇÃO AMBIENTAL VOZ DA NATUREZA – UFES – ICMBio


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