Morfologia Urbana e Desenho da Cidade José Lamas
FORMA URBANA E ELEMENTOS MORFOLÓGICOS DO ESPAÇO URBANO Wagner Lima Fernandes
ASSUNTOS A FORMA URBANA Forma e Contexto Forma e Função
OS ELEMENTOS MORFOLÓGICOS DO ESPAÇO URBANO O Solo O Edifício O Lote O Quarteirão A Fachada O Logradouro O Traçado e a Rua A Praça O Monumento A Árvore e a Vegetação O Mobiliário Urbano
FORMA URBANA
A FORMA URBANA A forma de um objeto refere-se a sua CONFIGURA-
ÇÃO OU APARÊNCIA EXTERIOR, e é um conhecimento gerado através de uma leitura predominantemente VISUAL;
FORMA URBANA corresponde ao MEIO URBANO COMO ARQUITETURA, a conjunção de FATOS ARQUITETÔNICOS entremeados por LIGAÇÕES ESPACIAIS no espaço físico; A forma urbana só pode ser definida e caracterizada através da ARQUITETURA DA CIDADE, sendo essa integrante de um sistema, principalmente espacial, mas também estilístico, economico, social e legislatívo;
A ARQUITETURA RESULTA NA CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO;
A FORMA URBANA A forma é resultado da definição e organização do elementos morfológicos no espaço urbano, materializados sobre quatro aspectos:
Funcional
Qualitativo
Quantitativo
Figurativo
Uso do solo urbano e atividades humanas;
Conforto e comodidade do espaço;
Volumes,
Paisagem,
Densidades e
Imagem e
Coeficientes;
Estética;
Elementos morfológicos devem ser considerados pela sua escala de leitura, já que as analises não serão as mesmas caso seja feita a leitura sobre a escala da rua ou sobre o bairro ;
A forma é um todo, é a reunião de leituras que podemos extrair e evidenciar aspectos e partes de sua leitura;
FORMA E CONTEXTO O contexto das formas arquitetônicas e urbanas englobam critérios FUNCIONAIS, ECONÔMICOS,
TECNOLÓGICOS e de natureza ESTÉTICA; A FORMA URBANA responde ao CONJUNTO DE
PROBLEMAS QUE O PLANEJAMENTO URBANO PRETENDE RESPONDER, devendo relacionar-se sempre através da arquitetura; A variação de contextos resulta em DESENHOS UR-
BANOS VARIADOS, mesmo utilizando ELEMENTOS MORFOLÓGICOS idênticos.
FORMA E FUNÇÃO Entre os critérios que influem sobre a forma urbana, a FUNÇÃO merece um olhar em particular, já que a relação entre FORMA e ARQUITETURA é prerrogativa presente ao longo de toda a história da disciplina; A partir do tratado renascentista “De A Edificatória”, de Albertir, a arquitetura passou a ser fundamentada por três princípios: a FUNÇÃO, a TÉCNICA e a INTENÇÃO ESTÉTICA; Cada uma assume um peso diferente no processo de concepção, podendo a FUNÇÃO assumir duas posições distintas: FUNCIONALISTA e ANTIFUNCIONALISTA;
FUNCIONALISTA
ANTIFUNCIONALISTA
FORMA SEGUE A FUNÇÃO, e adotado por todo
Defende a FUNÇÃO SE ADAPTANDO A
o movimento moderno;
FORMA;
FORMA E FUNÇÃO O urbanismo funcionalista, adotado na produção do movimento moderno, acabou por gerar ambientes urbanos monofuncionais e monotonos, que com o tempo mostraram-se inadequados ao cotidiano das cidades, anulando as considerações e contextos locais, e pela adoção de técnicas simplistas de zoneamento. Tais resultados fizeram com que o conceito funcionalista passe a ser firmemente negado pelos arquitetos de pensamento pós-moderno, contudo o pensamento funcionalista ainda é plenamente, pois todo usuário, antes de tudo, preza e busca príncipalmente o bom funcionamento de sua construção. O autor afirma ainda que não há arquiteto que pratique o funcionalismo em seu sentido restrito, ficando esse pensamento em sua maior parte, a tradução de uma imagem estética. Essa frágilidade ainda é comprovada através da observação de que uma mesma função pode existir em edificações de época distintas, com a reutilização e reconversão de construções.
ELEMENTOS MORFOLÓGICOS DO ESPAÇO URBANO
OS ELEMENTOS MORFOLÓGICOS DO ESPAÇO URBANO Os ELEMENTOS MORFOLÓGICOS DO ESPAÇO URBANO são os componentes integrantes da FORMA
URBANA; Sendo o espaço urbano essencialmente arquitetura da cidade, a leitura dos elementos morfológicos devem seguir a mesma metodologia aplocada sobre a analíse do fato arquitetônico, devendo ser considerado seu CONTEXTO e ESCALA DE LEITURA;
Escala da Rua
Escala do Bairro
Escala da Cidade
Edíficio
Traçados e Praças
Grandes Estruturas Viárias
Fachada e Planos Marginais
Lotes, Logradouros e
Zonas Verdes e Relações
Quarteirões
com a Geografia
Monumentos
Estruturas Físicas
A Árvore e A Vegetação O Mobiliário Urbano
Jardins e Áreas Verdes
da Paisagem
Como todo ELEMENTO MORFOLÓGICO, os constituintes do espaço urbano, de acordo com a maneira com que são ORGANIZADOS e POSICIONADOS, acabam por gerar desenhos diversos;
O SOLO - O teritório a qual se assenta a forma urbana
A leitura do solo parte da sua GEOFORMAÇÃO e
TOPOGRAFIA, ou seja, o território onde se DESENHA e CONSTRÓI a cidade; Cidades construídas em regiões serranas certamente terão uma forma urbana diferente daquelas levantadas sobre planices; Mas a leitura do solo não pode restringir-se apenas em seus ASPECTOS NATURAIS, mas também a FORMA
EM QUE ESSE É TRATADO: divisão do espaço, pavimentos, soluções de enfrentamento de desníveis.
O EDIFÍCIO -
da forma urbana
O elemento mínimo
O EDIFÍCIO é considerado o elemento mínimo da forma urbana, pois através de sua ORGANIZAÇÃO NO ESPAÇO, que é gerado os de mais componentes do desenho da cidade, como a rua, a fachada, a praça; O ESPAÇO URBANO depende da TIPOLOGIA EDIFÍCADA e de seu
AGRUPAMENTO, determinando essa, a forma urbana, e em uma relação dialética, a forma urbana passa a condicionar a tipologia edificada; No período entre guerras, diversas experiências ocorreram nas formação das tipologias habitacionais, que resultaram em FORMAS URBANAS
DISTINTAS; Logo, a forma urbana é resultado, e concomitantemente, geradora do tipo edificado;
O LOTE - A parcela fundiária O lote é a PARCELA DO SOLO QUE O EDIFÍCIO
OCUPA, e é elemento essencial na RELAÇÃO ENTRE O EDIFÍCADO COM O ESPAÇO URBANO; A forma do lote CONDICIONA tanto a URBANIZAÇÃO, quanto o objeto arquitetônico, e ainda é condicionador da DIVISÃO E DISTINÇÃO ENTRE ESPAÇOS
PÚBLICOS E PRIVADOS; A partir do movimento moderno e a difussão do uso do Pilotis, INTEGRANDO OS ESPAÇOS PRIVADOS e rompendo seus limites, o lote passou a exercer um papel de apenas assentamento da edificação e de cadastral;
O QUARTEIRÃO O quarteirão é o continuo de EDIFÍCIOS AGRUPADOS ENTRE SI, é o espaço delimitado por três ou mais vias, e subdivisivel em parcelas fundiárias (lotes), para a construção de edifícios; É o resultado da regularização e divisão fundiária, e da ordenação dos elementos morfológicos no espaço urbano; Hierarquicamente, enquanto o lote delimita a marcação do edifício, o quarteirão exerce a mesma função sobre a escala do bairro; É um instrumento urbanístico desde a produção da cidade tradicional, e objeto de diversas experiências ao longo da história, das quais o autor cita: as reformas de Hausmann em Paris, de Cerdá em Barcelona e de Ressano Garcia em Lisboa; Ao longo do movimento moderno, o quarteirão passa por sucessivas mudanças, ganhando outras caracteristicas no processo de pensamento e organização das cidades;
A FACHADA E a relação direta do EDIFÍCIO COM O ESPAÇO URBANO, e sua comunicação com o exterior; É a expressão das caracteristicas FUNCIONAIS E LINGUÍSTICAS (estética de sua época) ao ambiente urbano, e o grande cenário do espaço público; Exerce a TRANSIÇÃO do espaço coletico com o privado; No movimento moderno, com o desprendimento da forma edifícada e o desligamento de sua orientação condicionada ao lote, a fachada muda de função da forma urbana, passando a ser um plano marginal reflexo a planta e ao interior da edifícação;
O LOGRADOURO ESPAÇO PRIVADO não edifícado no lote, o RESÍDUO DA EDIFÍCAÇÃO no interior do mesmo; É através do logradouro que se torna possível a EVOLUÇÃO DA MALHA
URBANA, a densificação, reconstrução, e a ocupação de atividades que não encontram outro lugar na cidade; Com o logradouro que temos, parcialmente, a evolulção do elemento
QUARTEIRÃO ao BLOCO;
O TRAÇADO E A RUA Um dos elementos mais claramente identificáveis da forma urbana e de seu projetar; Assenta-se sobre o solo pré existente, regula a disposição do quarteirão, e liga os vários espaços da cidade; O gesto do traçado é encontrado em praticamente toda cidade projetada ou expontânea, sendo um ELEMENTO PERMANENTE e pratícamente impassível as transformações urbanas, sendo assim, ainda possível se identificar diversos traçados de cidades antigas nas organizações urbanas contemporâneas; Relaciona-se diretamente com o CRESCIMENTO e a EXPANSÃO URBA-
NA, de modo HIERÁRQUICO, em função de sua ordem de importância da mobilidade, de bens, pessoas e idéias;
A PRAÇA É um elemento morfológico típico das cidades ocidentais; Enquanto o traçado é o elemento de MOBILIDADE nas cidades, a praça é seu PONTO DE ENCONTRO e PERMANÊNCIA, e são desenhados para exercer tal função; Outros espaços, como os largos e encontros, não podem ser considerados como tal, mesmo adquirindo com o tempo características físicas equivalentes, pois são resultados acidentais de cruzamentos e alargamentos, não sendo pensados para o mesmo tipo de função que as praças;
O MONUMENTO Fato urbano SINGULAR, sendo elemento morfológico individualizado pela sua presença, configuração e posição na cidade; Junto ao traçado, é o elemento morfológico de maior PERMANÊNCIA E
ADESÃO no tecido urbano e impassível de transformações; São objetos MARCOS a paisagem, podendo ser SEM FUNÇÕES definidas, como estatuas e obeliscos, quanto EDIFICAÇÕES com VALORES
SOCIAIS E CULTURAIS; Por sua ambiência e força de irradiação, pode também passar de elemento único, para abranger CENTROS URBANOS COMPLETOS; Através do monumentos somos capazes de questionar as teorias fundamentalistas sobre a cidade, pois os mesmos extrapolam esses limites aos assumirem um carater unicamente estéticos e históricos, mesmo quando sua função original deixa de existir;
A ÁRVORE E A VEGETAÇÃO São elementos que, mesmo não possuíndo a mesma permanência que os elementos edifícaveis, são capazes de caracterizar a imagem da cidade, conferindo caracteristícas próprias a forma urbana; Além de imprimir IMAGEM PRÓPRIA a forma urbana, fortalece os
APECTOS QUALIFICATIVOS do ambiente urbano; Pode ser organizado de FORMA HIERÁRQUICA, por sua ordem de importância e presença, partindo de pequenos canteiros à grandes parques e maciços no ambiente urbano; Junto a edifícação, pode exercer a função de elemento CONDICIONADOR
DO TRAÇADO, uma rua totalmente arborizada terá outra imagem caso essa vegetação venha a ser removida;
O MOBILIÁRIO URBANO São elementos da forma urbana, IMERSOS principalmente sobre a ESCA-
LA DA RUA, resposável antes de tudo, por suas razões funcionais, pela QUALIFICAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO, podendo também imprimir certa característica da IMAGEM DA CIDADE; Podem ser esses elementos, desde itens EXCLUSIVAMENTE MONO-
FUNCIONAIS, como lixeiras e assentos, a PEQUENAS CONSTRUÇÕES, como abrigos e coretos; Outros elementos EFÊMEROS e PARASITÓRIOS na paisagem, como anúnicios, letreiros luminosos e outdoors, por sua quase nula adesão,
NÃO DEVE SER CONSIDERADO como mobiliário urbano e nem como elemento constituinte da forma, com excessão a casos excepcionais, como na cidade de Las Vegas, onde tal efêmeridade assume papel de grande relevância a constituição da imagem da cidade;