RAIO X - Henrique Germano e os Antigos Documentos de CoitĂŠ (Aratuba).
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RAIO X - Henrique Germano e os Antigos Documentos de Coité (Aratuba).
Parte I As pessoas de Aratuba sempre escutam que nossa historia não tem muitos registros e por isso é difícil reconstruí-la, embora isso contrarie a introdução do primeiro livro escrito sobre a história do município que diz “não foi difícil resgatar a história das origens de Aratuba, porque muita coisa ficou escrita e estudos foram
feitos
documentos...”
em E
cima
dos
realmente
temos
velhos vários
registros como os tomos paroquiais, o álbum do Congresso Eucarístico, documentos das CEBs, atas
e
registros
das
igrejas
evangélicas,
históricos, livros, trabalhos acadêmicos e até mesmo um site mórmon que contem os livros de batizados e casamentos de Coité entre janeiro de 1884 a janeiro de 1943 para quem quiser consultar na internet em https://familysearch.org. E se antes não tínhamos desculpa ao citar a ausência documental, agora com as novas descobertas de fontes escritas mais antigas é que não
temos
mesmo,
pelo
contrário,
somos
confrontados a vasculhar mais ainda nosso passado em busca de respostas do presente. Você ainda não sabe, mas o município serrano de Aratuba acaba de ter sua historiografia enriquecida
pela
surpreendente
descoberta de Carlos Henrique Germano
da
Silva,
escrevente
substituto do Cartório Reginatto Coelho
(antigo
cartório
Lima
Batista). Os documentos trazem a lume fatos relevantes de nossa história e servem como fontes de pesquisa professores, interessados
para alunos no
historiadores, e
cidadão
resgate
do
passado aratubense. Trabalhando _____________________________________________________________________________________________________ 2 Contatos com o colunista: ggalves1@hotmail.com Cel. (085)96638929
RAIO X - Henrique Germano e os Antigos Documentos de Coité (Aratuba). no cartório desde 1996, Henrique Germano, apaixonado por documentos antigos iniciou uma busca pelos seus antepassados a fim de conhecer melhor seus avós e bisavós. A pesquisa foi mais longe e ele chegou a construir uma arvore genealógica de seus antepassados. Os tomos do cartório o ajudaram muito já que datam de 1889, mas suas pesquisas foram mais além e estenderam-se até o ano de 1860. E ao chegar nessa data o interesse de Henrique Germano aumentou mais ainda com os boatos de que seu tataravô, Antônio Sypriano Rodrigues da Silva, havia participado da Guerra do Paraguai ou Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870) como um voluntário brasileiro, ao lado dos argentinos e uruguaios contra o Paraguai que foi vencido na batalha naval de Riachuelo. Afinal de contas Antônio Sypriano era pai de Germano Cipriano da Silva o responsável direto pela família Germano em Aratuba. E foi aí que ele para tirar suas dúvidas buscou no site da Biblioteca Nacional as informações sobre os “voluntários da pátria” que participaram do conflito. Nesse momento conforme ele mesmo disse “sem querer acabei descobrindo sobre Aratuba (ainda com nome de Coité). Fiquei muito alegre, porque continham relatos e informações daquilo, que só ouvia pelos mais velhos, sem muitas provas. Há informações de escravos fugindo, troca de delegado, horários e dias das malas postais (correios), nomeações de intendentes “prefeitos”, dramas, discórdias entre famílias, nomeações de professores, verbas cedidas para reformas e construções de estradas, descrições de pessoas importantes suas viagens a capital, e seus afazeres; quem eram os comerciantes, agricultores, produtores, criadores e construtores.” E dessa forma em busca de uma historia pessoal e familiar Henrique Germano descobriu numa feliz providência, os documentos até então mais antigos sobre a história de Aratuba quando ainda era Coité, uma vila de Baturité e por isso mesmo o Coité de Baturité. Ao todo são mais de 100 folhas de jornais com notícias, anúncios, artigos, cartas e notas que incluem nas colunas noticiarias fatos da vila coiteense. Entre os periódicos temos os jornais Constituição, Pedro II, O Cearense, Estado do Ceará, Gazeta do Norte e Libertador dentre outros, incluindo o Almanaque Administrativo e Industrial do Rio de Janeiro(1891-1940).
Família Germano
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RAIO X - Henrique Germano e os Antigos Documentos de Coité (Aratuba). Parte II
Nesses periódicos são mencionados fatos sociais, políticos, religiosos, jurídicos, criminais, econômicos e do cotidiano da vida de Coité. Alguns fatos são inéditos como a carta da escrava Anacleta Roza de B. Paiva, publicada no jornal Libertador em 4 de maio de 1886, dois anos antes da Lei Áurea e nela se dirige ao seu ex-senhor dizendo ironicamente que “em sua casa passei bem: almoçava pau, jantava peia, e merendava chiqueirador. Além disso você andou dando-me uns beliscões e me fazendo umas promessas que nunca cumpriu.” Na referida carta apesar de não registrar Coité do Baturité, mas apenas Coité, percebe-se pela menção de “terra do café” e a citação de frutas como bananas e abacates, que refere-se realmente a serra de Coité (Aratuba), conforme expressa seu final. E ainda sobre a escravidão em nossa terra temos um anúncio no jornal O Cearense do senhor Luiz Rodrigues Samico, afirmando que ninguém fizesse negócio com três escravas de Luiz José da Costa, morador do Coité de Baturité de nomes: Maria cabra, 17 anos; outra Maria cabra, 15 anos; e a escrava Gonçala criola de 13 anos. No anúncio ele diz que as mesmas foram hipotecadas ao anunciante desde 26 de julho de 1812 conforme escritura de cartório. Esse mesmo Sr. Luiz José da Costa é personagem de uma tragédia noticiada em outra edição do mesmo informativo no dia 15 de novembro de 1846 numa ocorrência de brigas e mortes dos envolvidos quando Luiz José Costa com dois filhos e um escravo ao tomarem satisfação com Ignacio Vietal de Negreiros, resultou na morte de seu escravo e de um irmão de Negreiros. E ainda nessa questão um filho de Luiz José foi vitima de um tiro quase mortal. O caso teve muita repercussão e solicitou-se reforço policial para Coité pois dizia-se que Luiz José ameaçava entrar na vila para matar seus desafetos. E em meio á escravidão o negro, por exemplo, era tão mal visto em Coité que numa carta anônima de um coiteense em 1887 ao defender um vereador de acusações ele diz que “só um negro de pé no chão mente assim.” Em outras palavras, muitos problemas sociais e políticos da antiga Coité são parecidos com a moderna Aratuba. Com esses novos relatos todos nós sabemos agora muito mais sobre a escravidão em nossa terra do que meramente dizer que 10 escravos chegaram aqui com a família Pereira em 1829, pois o citado Luiz José era um grande possuidor de escravos, hipotecando três deles em 1812. O interessante também é vermos nesses documentos a citação de nomes conhecidos da história aratubense como Leopoldo _____________________________________________________________________________________________________ 4 Contatos com o colunista: ggalves1@hotmail.com Cel. (085)96638929
RAIO X - Henrique Germano e os Antigos Documentos de Coité (Aratuba). Pereira Martins citado como arquiteto e armador funerário e da professora Maria Júlia de Barros responsável pela instrução particular. O Almanaque Administrativo Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro (1891-1940) que além de mencionar a riqueza natural diz-nos que no início do século passado nossa fauna tinha onças, raposas e veados e cita a maçaranduba, o bálsamo, pau de arco, aroeira e louro como
riquezas
de
nossa
flora.
Informa ainda que Coité tem 817 m de altitude do Monte Coco e que sua população
era
então
de
21.500
habitantes com 233 eleitores. Aliás em 09 de maio de 1890 no jornal Libertador saiu uma divulgação do alistamento eleitoral de Coité com 97 eleitores no ano de 1881 e dez anos depois em 1890 aumenta para 192 eleitores um pouco antes do período anteriormente
mencionado
cuja
população coiteense é quase o dobro da atual. Uma grande população para poucos
eleitores
no
Coité
ao
contrário de hoje em Aratuba. Esses alistamentos confusões
eram políticas
motivos
de
principalmente
nas eleições como relata uma carta divulgada no jornal Pedro II, no ano de 1889 quando aparece o nome do Pe. Sebastião Antônio de Menezes e mais 38 cidadãos coiteenses manifestando no abaixo assinado sua indignação da não realização da eleição em Coité devido os capangas do governo não fornecerem a nota dos eleitores alistados.
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RAIO X - Henrique Germano e os Antigos Documentos de Coité (Aratuba). Parte III E além de tudo já mencionado os
documentos
encontrados
na
Biblioteca Nacional tem uma enorme importância para nossa historicidade local, pois como disse o descobridor dos mesmos “precisamos conhecer melhor nosso passado, existem muitas lacunas, muita coisa boa que aconteceu, ruins também, mas é historia. Ficava muito triste com poucas informações que tínhamos. O que sabíamos sobre Aratuba era que um coronel chegou com uns 10 escravos e construíram uma casa, e alguém adoeceu e foi curado... Muito
vago,
espero
que
agora
venhamos
resgatar
mais
de
Coité.”
Concordo
plenamente.Todos os anos as escolas e os meios de comunicação contam sempre a mesma coisa sobre a historicidade do município de Aratuba sem uma fundamentação historiográfica ou contextualização apropriada, ficando na maioria das vezes no uso de termos vagos e imprecisos. É como se nossa história se restringisse apenas à Família Pereira, à Paróquia e aos Políticos. É incrível como os acontecimentos do cotidiano e o povo como protagonistas históricos ficam ausentes dos registros.
Apesar de falarmos contra uma história que privilegia heróis e defendermos a criticidade das fontes, metodologia e conclusões das pesquisas, ainda assim por desconhecimento ou medo não ultrapassamos os limites da historiografia oficial local e isso é claro, precisa mudar. Porém percebemos que pouco a pouco as mudanças estão acontecendo e agora quem sabe com as novas descobertas documentais do passado aratubense aumentará nosso desejo e necessidade de conhecermos mais nossas origens para compreendermos melhor nossa trajetória histórica. E sem sombra de dúvida o novo acervo historiográfico ajuda-nos a resgatar nossas memórias através de relatos históricos relevantes e cativantes de Coité, tais como: 01) A morte de um menino de uns 7 ou 8 anos no dia 22 de março de 1889 que acossado pela fome comeu uma raiz de mandioca. E em outro jornal de outubro do mesmo ano tem-se o informe de uma grande fome acompanhada dos constantes saques na região ao ponto de 76 sacos de gêneros que seguiam de Baturité para Coité serem tomados pelas pessoas, tamanha era a fome que assolava o povo; 02) O anúncio da lei nº 1.684 de 2 de setembro de 1875 que cria cadeiras _____________________________________________________________________________________________________ 6 Contatos com o colunista: ggalves1@hotmail.com Cel. (085)96638929
RAIO X - Henrique Germano e os Antigos Documentos de Coité (Aratuba). de ensino primário para o sexo feminino na povoação de Coité; e onze anos depois, em março de 1886 é concedida licença a dois professores de Coité para tratamento de saúde, no caso os professores João da Matta Cavalcante e Izabel Samico Cavalcante; ou ainda uma carta ofensiva a um professor de Coité escrita por Sabino Henrique de Pontes em 13 de maio 1885 por tê-lo comparado a um cachorro numa determinada acusação; 03) O decreto de nº 35 de 1º de agosto do governador do Ceará que eleva Coité a categoria de Vila exposto no jornal Libertador em 4 de agosto de 1890; 04) A eleição de Coité em 1891 que segundo consta já vinha com chapas nas urnas antes da votação dos eleitores; e 05) Um mapa do Ceará que mostra Coité como distrito de Baturité e ainda o decreto nº 69 de 13 de setembro de 1980 que estabelece os limites do município de Coité da comarca de Baturité dentre tantos outros dados importantes.
E para quem já teve suas belas fotos em exposição no município quem sabe futuramente Henrique Germano apresente também os documentos que descobriu. Seria um momento histórico e tanto. Mas as pesquisas de Henrique Germano não param e nós também não. Cada um deve fazer a sua parte. Só assim as peças do quebra-cabeça de nossa história se completa. Valeu Henrique. Parabéns! Aratuba agradece... .
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RAIO X - Henrique Germano e os Antigos Documentos de Coité (Aratuba). CONHEÇA O COLUNISTA DO RAIO X FRANCISCO GILDO ALVES GOMES, nasceu em Aratuba no dia 07 de abril de 1976. Filho de Gilvan Martins Gomes e Maria de Fátima Alves Gomes. Casado com Maria Neuridete Alves Pinheiro Gomes. Pai de Caio Gabriel e João Wesley. É protestante há 22 anos. Foi aluno da antiga CNEC e da Escola Joacy Pereira. Entrou no magistério em 1995 lecionando no extinto Instituto Pedagógico Professora Maria Júlia, uma escola particular administrada pelas professoras Léa Bernardino e Isaura Batista. Foi Assessor de Comunicação nas duas primeiras gestões do prefeito Júlio César (1997-2004) e no início da gestão de Wolner Santos (2005-2006). Foi o redator dos textos do jornal informativo de Aratuba e comandou por 06 anos o programa “Notícia do Dia”, um do dos mais ouvidos noticiário do meio dia na Fm Liberdade. É professor concursado do município e ensinou por mais de 12 anos na Escola Maria Júlia as disciplinas de Historia e Geografia. Atualmente exerce a função de PCA – Professor Coordenador de Área. É graduado pela UECE (2002) para atuar no Ensino Fundamental e especialista em História do Brasil pela UVA(2011). Em 1998 Gildo Gomes, lançou seu primeiro livro “Os Inimigos da Cruz de Cristo”; e no ano de 2007, escreveu a obra “Conhecendo a Bíblia”. Em junho de 2003, Gildo Gomes causou impacto e polêmica no município em seu programa radiofônico A Bíblia Responde quando abordou o tema do Corpus Christi. O programa chegou a ser censurado pela direção da rádio. Sua atuação na escrita já resultou na ação decisiva para que os vereadores rejeitassem o projeto de Lei nº 008/2004 que autorizava a oficialização do Hino do Município de Aratuba, reprovado por unanimidade em 22 de março de 2005.
Gildo Giomes
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Bibliografia E-mail de Carlos Henrique Germano recebido em 27 de novembro de 2012 Artigos de vários jornais sobre Coité da Biblioteca Nacional fornecidos por Henrique Germano
Este artigo é um encarte do portal www.aratubaonline.com
Aratuba - CE, 1º de dezembro de 2012. _____________________________________________________________________________________________________ 9 Contatos com o colunista: ggalves1@hotmail.com Cel. (085)96638929
RAIO X - Henrique Germano e os Antigos Documentos de CoitĂŠ (Aratuba).
Aratuba - Ce, 1Âş de dezembro de 2012.
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