MAG #05
Uma homenagem ao país de Carmen Miranda, Portinari e Raul Seixas. Da Amazônia, de Olinda, Foz do Iguaçu e de tantos outros.
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Shopping Park Europeu | Blumenau-SC
EDITORES
COLABORADORES WAZAP MAG #05
EDU BELTRAMINI FABI CENCI
TEXTO
DIRETOR DE FOTOGRAFIA EDU BELTRAMINI edu@wazapmag.com DIRETORA DE CRIAÇÃO FABI CENCI fabi@wazapmag.com EXECUTIVA DE CONTAS ALINE BONI aline@wazapmag.com MARKETING EVANDRO ALVES evandro@wazapmag.com REDAÇÃO MARIANA SPADACCI
ANDREAS PETER BÁRBARA ZANELLA BRUNNA ZURLO BRUNO VINÍCIUS CÁSSIA GUERRA DANIEL PHILIPI KNOP GREGORY MARTINS GUILHERME CARLOS SCHÄFFER HÉLION ROLOFF LUCIANA DA CUNHA MARIA FERNANDA VIEIRA MARIANA DE SOUZA RAFAEL BONA TRATAMENTO DE IMAGEM
GUILHERME CARLOS SCHÄFFER (BLAZÉ) ILUSTRAÇÃO BRUNA NEVES RAFAEL HOFFMANN STYLING ALINE KRAEMER FENILLI KATHERINE CORTEZ REBECCA GALVANI BELEZA
CAPA foto FABI CENCI styling ALINE KRAEMER FENILLI KATHERINE CORTEZ beleza INÊS CORTEZ E LUCIANA PEREIRA modelo IZABELLA IMIANOVSKY, ISADORA SOETHE, LUANA MEYER E BÁRBARA CICATTO
DISTRIBUIÇÃO BALNEÁRIO CAMBORIÚ BLUMENAU BRUSQUE GASPAR FLORIANÓPOLIS ITAJAÍ ITAPEMA JARAGUÁ DO SUL JOINVILLE
INÊS CORTEZ JIMMY NAKHLA LUCIANA PEREIRA SILVIA ILEANA STELLA MODELO BÁRBARA CICATTO ISADORA SOETHE IZABELLA IMIANOVSKY JHONY MONHOL LUANA MEYER RICARDO CARPENTIERI VINCENT SCHEDER BIESCHIN FOTÓGRAFO CONVIDADO DANIEL RODRIGUES
EDITORIAL TODA VEZ QUE GERAMOS A VERSÃO FINAL DA REVISTA, AO TÉRMINO DE CADA EDIÇÃO, É INEVITÁVEL QUE EXISTA AQUELE FRIOZINHO NA BARRIGA – AFINAL, SOMOS MEDIADORES DO IMPORTANTE TRABALHO DE TANTA GENTE QUE SE ESFORÇA MUITO PARA COLOCAR SUA IDENTIDADE NO PAPEL – SEJA EM FORMA DE TEXTO, PRODUÇÃO DE MODA, FOTOGRAFIA, ILUSTRAÇÃO E ÁREAS AFINS, O QUE AUMENTA AINDA MAIS A NOSSA RESPONSABILIDADE. NESSA EDIÇÃO, SOMAMOS À NOSSA HISTÓRIA CINCO PUBLICAÇÕES IMPRESSAS, QUINZE EDITORIAIS FOTOGRAFADOS E MAIS DE CENTO E CINQUENTA PESSOAS ENVOLVIDAS EM TODO O PROCESSO BIMESTRAL. E MESMO COM TANTOS DESAFIOS QUE O MERCADO EDITORIAL ENFRENTA QUASE QUE DIARIAMENTE, NOS MANTEMOS ONIPRESENTES EM TODOS OS PEDACINHOS CONSTRUÍDOS A PARTIR DO NOME WAZAP. PARA ESTA EDIÇÃO, QUE VEM COM UM SABOR SUPER DA CASA E RECHEADO DE BRASILIDADES, SOMOS UNÂNIMES AO ASSINAR A QUALIDADE DO MATERIAL CEDIDO POR NOSSOS COLABORADORES. PARECE QUE FALAR DO BRASIL É INSPIRADOR, MOTIVADOR E DIVERTIDO. PARECE SER UMA TAREFA FÁCIL SE ANALISARMOS A MAESTRIA COM QUE TODOS ALINHARAM SUAS OPINIÕES SOBRE DETERMINADOS ASSUNTOS. PERCEBEMOS QUE AQUELE PAPO DE QUE O BRASIL ESTÁ EM ALTA FAZ TODO O SENTIDO. NA VERDADE, O BRASIL SEMPRE ESTEVE EM ALTA. O BRASIL DE CARMEN MIRANDA, O BRASIL DE PORTINARI, DE TARCILA DO AMARAL, DOS PEDAÇOS DE TERRA MAIS COBIÇADOS DO MUNDO: A AMAZÔNIA. SOMOS RECONHECIDOS POR AQUILO QUE TEMOS E SOMOS – MESMO COM AQUELE PAPO TÃO DEMAGÓGICO DE QUE SOMOS ALVO DE PUROS INTERESSES COMERCIAIS. NÓS BRASILEIROS SOMOS DIFERENTES. NÓS BRASILEIROS NÃO PRECISAMOS BEBER EM OUTRAS FONTES PARA MOSTRAR O QUÃO FORTES PODEMOS SER. NUM BRASIL DE JOSÉ’S E MARIA’S, PROCURAMOS EXPRESSAR A EXCELÊNCIA DE TUDO AQUILO QUE FAZEMOS DE MELHOR: SERMOS BRASILEIROS. EDU BELTRAMINI E FABI CENCI
REPLY TWITTER @pauloo A @wazapmag #04 ficou incrivelmente linda, projeto gráfico, editoriais e as matérias claro rsrs. #tudidebao =D @maridsz Yeah, trabalho terminado! Agora é só esperar a próxima edição da @wazapmag e correr pro abraço (ou pras montanhas). \o/
@gregoymartins Terá matéria minha na @wazapmag #5. Logo logo chega nas bancas #empolgado @ninefenilli Festa de lançamento da #04 edição da @WazapMag!!! Parabéns por mais esse sucesso!!! A revista está um arraso!
EMAIL Luiz Vicentini ... tô passando pra parabenizar a todos os envolvidos nesse projeto recém-nascido, e que chega com jeito de gente grande, inspirando confiança e talento a cada página ... FACEBOOK “Deusa do ar, do fogo, da água e da terra. WAZAP #04” Nadi Koslowski: ficou um absuuuuuuurdo de lindo!
COLABORADORES RAFAEL BONA
CÁSSIA GUERRA
LUCIANA DA CUNHA
Neurótico por filmes, seriados e roteiros.
Sob os dizeres de seus pais “vive
Formada em Jornalismo e pós-
Sua neurose se resume em assistir o
criando moda”, idealizou e colocou
graduanda em Novas Mídias. Já
mesmo filme 512 vezes e depois tentar
no ar o portal WeFashionYou.com
atuou em Assessoria de Imprensa
reescrever os roteiros e pensar que
e, paralelo a isso, é redatora da
e TV, mas gosta mesmo é de falar e
sua vida é um filme. Nas horas vagas é
empresa Fresta, com publicações para
escrever sobre cinema. Blumenauense,
professor universitário de Audiovisual.
Imaginarium, Lez a Lez, RVB Malhas.
blogueira, metida a engraçadinha e
Mestre em Educação, Especialista em
Inclina-se drasticamente à coolhunter,
cantora de chuveiro.
Cinema e Fotografia e Graduado em
stylist, poeta & empresária. E, no fim,
Publicidade e Propaganda.
tudo se encaixa.
BRUNO VINÍCIUS
BRUNNA ZURLO
É estudante de Publicidade e Propaganda,
Redatora puclicitária que, não fosse
Nasceu com signo, lua e ascendente em
Mc (rapper), mas como paixão e profissão
por um “quase” insistente, já estaria
leão. Trocou Blumenau por São Paulo,
atua como cronista.
formada em Comunicação Social.
Publicidade por Jornalismo e Walter
Intensa, agridoce, cinéfila, gaúcha,
Mercado por Susan Miller. Tem sido feliz
aracnofóbica, mochileira, apaixonada,
desde então.
MARIA FERNANDA VIEIRA
artista e tatuada.
MARIANA DE SOUZA
GREGORY MARTINS
Estudante de Comunicação, semi-
Começou a ler sobre moda desde
publicitária, curiosa, comprida, serelepe,
que a camisa rosa entrou de vez
apaixonada e musical. Tem um caderninho
para o guarda-roupa de homens
de anotações inseparável; inventa rima,
conservadores. Blogueiro de moda
poesia e música sobre qualquer coisa.
masculina em portais e sites, além do
Adora livros de fantasia. Tem mania de
seu próprio. Viciado em café e inquieto
observar tudo e prefere salgados a doces.
com uma boa discussão.
Sangue latino, mas balança sem jeito. Sonhadora além da conta.
GUILHERME CARLOS SCHÄFFER
HÉLION ROLOFF
Passou a Infância brincando com a
Sou o tipo de homem que se me
antiga câmera fotográfica de seu bisavô,
fizerem uma pergunta e eu não souber
mas nunca imaginou que um dia isso
a resposta, vou dizer que não sei, mas
seria seu trabalho e paixão. Formado
sei como e vou encontrar a resposta.
em Publicidade e Propaganda, iniciou sua carreira há cinco anos como editor fotográfico, trabalhando com catálogos e editoriais de moda. Atualmente é certificado como Design Specialist pela Adobe e sócio do estúdio Blazé.
JÚLIA SCHÄFER DOURADO
BRUNA NEVES
DANIEL PHILIPI KNOP
Projeto de jornalista. Apaixonada por
Designer por profissão e ilustradora por
Desde a infância desenhava nos
música, literatura, cinema, moda e arte.
paixão, atua em Blumenau integrando
momentos livres e sempre pegava
Dependente de café e personificação da
a equipe de criação de uma importante
livros sobre os pintores famosos na
amnésia.
marca têxtil e também é freelancer.
biblioteca. Pensava que faria artes
Formada em Design Moda, e Especializada
até perceber que gostava de moda. É
em Gestão do Design, na UFSC, seu
fascinado por moulage, por design e
contato com moda já acontece desde os
pelas técnicas antigas de fazer a moda.
13 anos na empresa da família.
BÁRBARA ZANELLA
RAFAEL HOFFMANN
ANDREAS PETER
Bacharel em Moda, blogueira e sonhadora.
O Rahma Projekt (www.rahmaprojekt.
Filho de um Eslovaco, mas prefere o samba.
Gosta de fotografia, compras, Photoshop
com) é um projeto pessoal, conceitual
Filho de uma carioca, mas prefere a neve. Das
e Starbucks. Atualmente trabalha para o
e experimental. Uma válvula de escape
recordações de infância, playmobil e monareta.
blog da marca de roupas Emme e já teve
que junta duas das minhas paixões:
Skate na veia, arte no coração, amigos pelo mundo
seu trabalho publicado no livro “Style
design e rock’n’roll. O projeto nasceu
e com algumas histórias para contar. Decora seu
Yourself – Inspired advice from the world’s
pelo desejo de criar simplesmente pelo
espaço com móveis pés palito, cartazes de cinema
top fashion bloggers”, da editora Weldon
prazer de criar.
e fotos de lugares por onde caminhou. Publicitário
Owen da Califórnia.
de formação, documentarista por opção e contestador por natureza.
MODA
12 | WAZAP
MODA
BRASILIDADES DA
SPFW 16 | WAZAP
UMA CRÍTICA À SEMANA DE MODA MAIS ESPERADA E IMPORTANTE DO BRASIL. POR DANIEL PHILIPI
Fotos divulgação.
MODA
de Niemeyer, Bossa, Portinari... Mas esse é o meu Brasil, aquele que eu absorvi nesses anos. Aí chegam os desfiles da SPFW e o que vejo é uma lamentável vontade eterna de ser a velha e maçante Europa e beber nas suas fontes de inspiração. Parando para pensar sobre a silhueta curvilínea da mulher brasileira, sua altura e seu porte, é fácil perceber que não condiz com aquele porte esguio de uma übermodel da República Tcheca. A brasileira é bonita em sua protuberância, confiança e simplicidade. Nada mais condizente que assumir a beleza de cachos naturais, de tecidos agradáveis e passos rebolados. Se as coisas não condizem, se chocam, e sobra uma grande adaptação “euro-tupiniquim”.
NÃO HÁ COMO NEGAR QUE A MODA BRASILEIRA TEM SEUS NOVOS MÉRITOS E ANDA EVOLUINDO EM QUALIDADE E TÉCNICAS, INVESTINDO EM TENTATIVAS E EXPERIÊNCIAS. Engraçados esses dias da moda brasileira. Em meio ao trabalho de várias marcas, parece que surge uma vontade imensa
Não há como negar que a moda brasileira tem seus novos
de agradar a imprensa especializada - mais até do que o público-
méritos e anda evoluindo em qualidade e técnicas, investindo em
alvo de cada marca. Afinal, todos querem ver o show da moda,
tentativas e experiências. O Brasil talvez esteja vagarosamente
não é mesmo? Será? Será que queremos ver tanto teatro quando
mudando para um caminho mais sério, com olhar para o seu
uma marca é básica ou comum? Ou quando é jovem e arrojada
potencial artesanal - seu verdadeiro diferencial. Acho que
para se tornar cool por adequação? Aí - a meu ver – mora o perigo
chegará para as marcas um dia de escolha entre novo e brasileiro,
da representação de si mesma, pois esse cool quase sempre é o
ou o novo (nem tanto) europeu – e aí mora a diferença. O sim ou
mesmíssimo já presente entre as It Girls do Hemisfério Norte, e
não sobre o país. Já existem algumas mudanças boas, como ficou
tem como fonte blogs certeiros; ou seja, é garantia de venda de
claro nessa SPFW que, gradativamente, o bom senso aparece no
peças “originais” versão Brasil.
quesito inverno brasileiro: peças mais leves e menos impossíveis
Uma semana de moda importante como a São Paulo Fashion
de se usar nos levam a uma versão de inverno tropical, ganhando
Week (SPFW), por sua concepção, deve apresentar moda e design.
pontos em adequação. Há também uma menor formalidade nas
Ali está implícita certa responsabilidade sobre a moda brasileira,
peças, principalmente nas invernais, revelando uma postura
marcas e empresas do país, afinal, além de o mundo inteiro ter
arrumada, porém leve para a brasileira. Desfiles como Huis Clos
acesso ao conceito de moda brasileiro, o público local está se
parecem ajustar-se deliciosamente ao corpo, provando que
espelhando nisso e propagando a mesma ideia, certa ou errada.
conforto atrai compradores. Pontos também para o masculino
Se pararmos pra pensar no que é o Brasil, e no que temos de
de Alexandre Herchcovitch, que, além de inspiração interessante
potenciais criativos, a imagem que vem em minha cabeça é algo
sobre Judaísmo, trouxe peças refrescadas para o segmento
esperançoso e democrático, cheio de cor; vibrante e misturado
masculino. E - é claro! - Pedro Lourenço com sua visão impecável
a ponto de beirar o exagero. Ou aquele Brasil clean e chique
de estética, perfeição em acabamentos e, principalmente,
das pedras semi-preciosas, dos jardins projetados a partir da
contemporaneidade da época – algo tão importante para a moda
década de 50, da arquitetura geométrica dos centros urbanos,
brasileira. 17 | WAZAP
MODA
PS. I LOVE ZUZU POR BARBARA ZANELLA
Não é de hoje que moda se mistura com política e com as mais diferentes questões sociais. Os estilistas utilizam assuntos da atualidade como alavanca para processos criativos, e a moda se tornou uma forma de protesto, um espírito do tempo capaz de identificar quem nós somos, o que queremos e para onde vamos. Mas onde tudo isso começou? Apesar da alta costura comunicar (e muito!) sobre o estilo de vida das décadas, foi através do prêt-à-porter que os estilistas lançaram um olhar crítico, perceptivo e curioso sobre as ruas. Criar moda em série, especialmente no Brasil, não deveria ser tão fácil para uma sociedade formatada a acreditar nas tendências européias. E foi exatamente no Brasil que uma mineirinha de talento nato não só vestiu a classe média-alta do Rio de Janeiro com extravagância, como também abandonou tudo por pássaros engaiolados bordados em prenda simples. Zuzu Angel, a estilista que deu o pontapé inicial na consignação da moda genuinamente brasileira, foi a primeira a utilizar a passarela como protesto político. E não só o fez com extremo profissionalismo, mas também foi levada a sério na semana de moda de Nova Iorque quando protestou o desaparecimento de seu filho Stuart, torturado até a morte pela ditadura militar brasileira. Zuzu Angel foi responsável pela integração Brasil-Estados Unidos, arrastando ao chão seus longos florais e sua geometria (des)calculada, libertando o Brasil das amarras da Europa. Desde então a moda brasileira começou, aos poucos, a caminhar com as próprias pernas e adquirir notoriedade internacional crescente. Mais tarde, os florais de Zuzu ajudaram a financiar o movimento hippie, que tomou conta das ruas. E o mundo virou um só. Dizer que a moda brasileira depende da Europa é tão estúpido quanto acreditar na eficiência da democracia. O mundo é pangéia e somos partes de um todo. Permanecer dentro da gaiola, assim como só olhar para dentro dela, é um erro. Olhar só para fora também. E ninguém melhor do que Zuzu para exemplificar que o ser humano, por sua essência, é culturalmente rico, capaz de lutar e criar com suas próprias ferramentas. Mesmo que sejam tesoura e tecido. “A moda muda o mundo” Segundo a estilista, a moda deveria deixar de ser alegre para assumir papel político e de protesto durante a ditadura brasileira.
Blazer com bottons - Dress like a Nerd
Foto divulgação.
Top, saia floral e cinto - Acervo
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“Flower power brazuca” Os florais eram forte influência de Zuzu Angel, que misturava tudo sem medo de ser feliz. Ao mesmo tempo em que consolidava sua identidade multicor, desenvolvia os clássicos para as cariocas ainda conservadoras.
Vestido, blazer, lenço, anel e cinto - Acervo
“Abstrato” As estampas coloridas com temas abstratos, também exploradas pela estilista, caracterizavam uma moda autêntica e genuinamente brasileira.
Top - Iulka (www.iulka.com.ar) Saia, sapato, headband e cinto - Acervo
Ficha técnica: Produção e Texto: Barbara Zanella Produção e Fotografia: Ricardo Würges Créditos: www.naosousuaplaymobil.blogspot.com www.dresslikeanerd.tanlup.com www.iulka.com.ar
MODA
SUL FASHION WEEK
STREET STYLE POR WE FASHION YOU +
Fotógrafo: Magno Bottrel Proprietária e editora-chefe do We Fashion You: Cássia Guerra Parceira pontual: Glaucia Cechinel Colaboradoras We Fashion You: Claudia Bär e Ana Laura Rosa
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MODA
DESCONSTRUÇÃO À PORTER SPFW, BRASILIDADE E O QUE RESTOU DA MODA (E DE NÓS!) POR MARIA FERNANDA VIEIRA São Paulo vira quase uma poesia quando chega o São Paulo Fashion Week. Uma poesia concreta, é verdade, mas nem por isso menos inspiradora e sensual. O cinza dá lugar ao colorido e a cidade se deixa invadir pelas novas cores e shapes que vêm por aí. Uma atmosfera mágica mesmo para quem – como eu – entra na Bienal pela porta de serviço. Trabalhar por algumas horas é quase uma batalha épica. Minha concentração se dissolve a cada minuto com um vai-evem sem fim de looks que eu daria a vida para ter (ou não) no armário. Sou surpreendida pelos burburinhos que se formam de vez em quando. Tento adivinhar se o motivo de tanto frisson é a última celeb do BBB, a Luiza do Canadá ou o brinde da Melissa. No fim, chego à conclusão de que o verdadeiro desfile acontece mesmo é nas rampas e corredores do Niemeyer. Missão cumprida, dispenso o fotógrafo e decido ficar mais um tempo para conferir com calma o misterioso breu da expo Projeto Brasil 2, assinada por Graziella Peres. O acervo é nada menos que um arquitetônico quebra-cabeça com obras e depoimentos de estilistas, fotógrafos e artistas daqui. O ufanismo me invade. Finalmente, parece que o Brasil deixou de ser o tal país do futuro. 22 | WAZAP
MODA
Oskar Metsavaht, Pedro Lourenço e Clô Orozco me dizem que chegou a nossa hora. De repente, sou acordada desse transe: - Oi, você está sozinha? Me viro e vejo um adolescente hipster que, pelo que parece, não está querendo me vender nada e muito menos me cantar. Respondo com um “sim” sensivelmente reticente. Ele se desmonta. - Ufa!!! Também tô sozinho. Posso ficar aqui com você? Apenas três opções me parecem sensatas: rir, chorar ou sair correndo. Não consigo nenhuma delas e resolvo ficar quieta. Só me resta um diálogo autista. Não é por nada não, mas lembro que eu comecei a curtir moda bem antes de entender que ela era feita de todo esse mise en scène fashionista. Pra mim não existia glamour, fashion weeks e convites VIP. O que existia, na verdade, era uma chance de entender as pessoas e, acima de tudo, entender a mim mesma. Entender que a moda pode ser só mais um jeito de dizer quem você é, ao invés de quem você deveria ser. Que não conseguir sustentar um must have por menos de uma estação pode significar que o mundo anda bem mais louco do que a gente (já) acha. Que usar a exclusão como ferramenta principal para ganhar dinheiro pode ser um jogo bem sujo. Que “desconstrução” é um conceito bem legal pra construir roupas, mas não para destruir personalidades. Volto à expo. Paro no andaime do Ronaldo Fraga e olho toda aquela brasilidade já meio desconfiada. Talvez o que eu achava ser a nossa forma de contestar, seja mesmo só uma dor de cotovelo colonialista. Pode ser que o nosso statement tupiniquim seja a única forma que encontramos de entrar na festinha que nunca fomos convidados, ou que sempre fomos sozinhos e não encontramos companhia. Entro no táxi e volto para casa, vendo, pela janela, uma São Paulo de novo cinza.
Fotos divulgação.
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MODA
CASA PEITER:
DOS TEMPOS DA BRILHANTINA BLUMENAUENSE
Foto Revista do Sul - O Vale do Itajaí - Ano VI / Número 64
DÉCADA DE 40, ÉPOCA EM QUE OS PRODUTOS DA MODA NACIONAL AINDA NÃO HAVIAM CONQUISTADO CREDIBILIDADE, E O QUE VINHA DO EXTERIOR ERA VISTO COMO – INQUESTIONAVELMENTE - SUPERIOR, ESTILISTAS DA MODA INTERNACIONAL COMO DIOR, BALENCIAGA E GIVENCHY SERVIAM DE REFERÊNCIA PARA COSTUREIRAS E CLIENTES EM TERRAS “TUPINIQUINS”. EM MEIO A TODA ESSA REALIDADE CULTURAL E SOCIAL, SURGIU A MAIS IMPORTANTE CASA DE MODA E ALTA COSTURA DE BLUMENAU E SANTA CATARINA, A CASA PEITER. POR HÉLION ROLOFF
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Fotos Acervo do Arquivo Histórico de Blumenau
MODA
Em resumo, Richard Peiter assumiu, em 1925, uma casa
suas peças de gala, diferenciando-as do restante da sociedade.
comercial pertencente à empresa Kersanach & Cia. Com o rápido
Mulheres com menos condições confeccionavam seus modelos
crescimento do comércio, a possibilidade de Richard construir sua
em costureiras da cidade, já que, além do alto custo e sofisticação,
própria casa se tornou realidade, e a Casa Peiter se instalou na
os modelos da Casa Peiter seguiam a linha de alta costura prêt-
esquina da Rua XV de Novembro, travessa da Rua 4 de Fevereiro
à-porter, antes só encontrada em grandes centros. Essa novidade
(Hoje Rua Ângelo Dias). Richard faleceu em 1941, então, Sra.
veio revolucionar a vida das mulheres que necessitavam de
Irene B. Peiter, sua viúva, assumiu os negócios. E, em 1946 - na
longas viagens para comprar seus trajes.
esquina da Rua XV de Novembro com a Rua Floriano Peixoto –
Para Blumenau, promoveu a realização de elegantes
foi aberta uma filial, a Seção de Modas Casa Peiter, referência
acontecimentos sociais. Seguindo os rumos das grandes
blumenauense, catarinense e brasileira de roupas de luxo.
produções, estes eventos tornaram-se acontecimentos da elite
Irene Peiter esteve à frente de seu tempo. Com sua visão
e – naturalmente - um novo poder da moda estava estabelecido,
e pioneirismo, tornou-se a primeira fashionista de Blumenau.
com desfiles e animados bailes, envolvendo autoridades e
No momento em que abriu sua filial de modas, em 1946,
os mais influentes personagens da cidade, fazendo notável a
o empreendimento veio a ser uma referência de mercado,
colaboração que exercia para a moda da região. Além disso, eram
desfrutando de prestígio no sul do país. Conta-se que, na
realizados desfiles seguidos de leilões, arrecadando dinheiro
inauguração, o estabelecimento foi apontado como uma casa de
para ações sociais, o que contribuiu muito para a evolução do
requinte, gosto fino e ambiente de arte para a alta sociedade. Suas
município. A Casa Peiter teve reconhecimento nacional quando
instalações, modernas e inovadoras para a época, estimularam
ofereceu um coquetel no Hotel Quitandinha (Rio de Janeiro), em
a curiosidade dos convidados, que antes mesmo do horário
1955, em homenagem a então Miss Santa Catarina, Edith Donin.
de inauguração já ocupavam a frente do estabelecimento. A
A Casa também realizou ações de reconhecimento da fidelidade
renomada revista O Vale do Itajaí escreveu sobre o acontecido,
de seu público, como em 1966, quando sorteou ingressos para a
comentando que as instalações ficaram pequenas para tantas
Copa do Mundo de Futebol.
pessoas eufóricas com a pioneira da alta costura em Blumenau,
Toda a história de Irene Peiter e sua casa é de sucesso.
responsável por suprir os anseios e necessidades de sua
Infelizmente, ao final dos anos 80, após sua morte, o
diferenciada clientela.
estabelecimento foi fechado. Hoje, no prédio em que funcionava
Com destaque na valorização dos produtos e marcas, os
a Casa, se localiza a Blubel; na parte externa da loja, há uma
vestidos eram compostos de materiais nobres, seda pura, fios
placa notificando que a construção é um patrimônio da cidade,
dourados, nylon americano e partes bordadas em miçangas.
onde jaz - aos olhos dos saudosos - a eterna Casa Peiter.
Muitas das peças relembravam o New Look e vestidos Hollywoodianos, com cascatas e echarpes. Toda a indumentária, sinônimo de beleza e vanguarda, muito mais acessível. Na década de 50, a Casa Peiter vivia seu auge, e a vida social aparecia de forma impactante, juntamente com aumento da circulação das informações pela mídia impressa, aliada de Irene, que vestia toda a sociedade de destaque da região de Santa Catarina. As muitas fotografias em revistas mostravam as mais belas e elegantes mulheres do ano usufruindo de suas criações, já que apenas a elite possuía condições financeiras para adquirir
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MODA
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+ Imagens cedidas pelo Arquivo Histórico de Blumenau
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1 e 2: Desfile publicado na Revista O Vale do Itajaí. No dia 11 de novembro de 1955, número 106, página 11; 3: Irmgard Nienow veste modelo titulado “La vie en rose”, vestido composto de gaze de seda pura, cor de rosa com fios dourados, acompanhava combinação de tafetá da mesma cor. Vestido direcionado a bailes. Imagem publicada na Revista O Vale do Itajaí, ano de 1952, outubro/novembro, número 84; 4: Marilse Sada veste modelo chamado ‘París’. Vestido de gaze de seda pura, cor havana, constituído também por fios dourados. Saia de cascata, caindo pro lado esquerdo. Acompanhava uma estola, amarrada em ponta sobre o busto, toda forrada em faile amarelo, conforme fosse o tecido da combinação. Imagem publicada na Revista O Vale do Itajaí, ano de 1952, outubro/novembro, número 84; 5: Adelgunde Goeble veste modelo titulado ‘Florida’. Era um vestido de linho marinho e possuía bordados de margarida. Curiosidade: para a época, o decote era considerado sugestivo. Imagem publicada na Revista O Vale do Itajaí, ano de 1952, outubro/ novembro, número 84; 6: Marily Deeke veste modelo ‘Exótico’. Era considerado gracioso, já que o traje era composto de nylon americano da cor azul marinho e forrado de tafetá rosa. O corpete era todo em pregas sobrepostas e a saia em cascata. Esse modelo na época era considerado o último modelo em se tratando de eventos de cock-tail. Imagem publicada na Revista O Vale do Itajaí, ano de 1952, outubro/novembro, número 84; 7: Desfile publicado na Revista O Vale do Itajaí. No dia 11 de novembro de 1955, número 106, página 11;
MODA
BEAUTY
O CARNAVAL ACABOU, O ANO COMEÇOU E NÓS TROUXEMOS UMA SELEÇÃO DO QUE NÃO PODE FALTAR NA SUA HORA DA BELEZA.
Truth Or Dare - by Madonna Mix de protetor solar, primer, base e creme de tratamento com ativos clareadores e antiacne. Sua pele uniforme, radiante, protegida e bonita.
Perfume com uma fragrância floral assinada com uma dualidade notável.
Fotos divulgação.
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Batons e Brilhos labiais. Há cinco variedades, que vão de batons com muita cobertura, hidratantes e brilhantes.
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Textura suave que proporciona precisão na aplicação e secagem rápida. À prova d´água.
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fotografia Edu Beltramini e Fabi Cenci styling Aline Kraemer Fenilli e Katherine Cortez beauty Luciana Pereira e InĂŞs Cortez modelos BĂĄrbara Cicatto, Isadora Soethe, Izabella Imianovsky e Luana Meyer (Carlota Di Pietro)
Isadora veste Blusa Millésima Saia Le Lis Blanc
Na página anterior Luana veste Blusa Le Lis Blanc para Maina Bis Saia Millésima, Izabella veste Casaco Ésh Saia 284 para Maina Bis, Isadora veste Vestido Millésima, Bárbara veste Legging Millésima Blusa Carina Duek para Maina Bis
Luana veste Terno Bobstore para Maina Bis Hot Pant ร sh, Bรกrbara veste Vestido Le Lis Blanc
Luana veste Ponche Le Lis Blanc Saia Ésh , Izabella veste Camisa Le Lis Blanc
Na página ao lado Izabella veste Vestido Ésh, Bárbara veste Camisa Le Lis Blanc, Luana veste Vestido Tigresse para Maina Bis Nesta página Izabella veste Blusa Millésima Calça Le Lis Blanc
Luana veste Blusa Ateen para Maina Bis Saia Ésh, Isadora veste Vestido Nakisska
Luana veste Macac達o Bobstore para Maina Bis
BĂĄrbara veste Jaqueta de Couro Kalline para Maina Bis Saia MillĂŠsima, Izabella veste Casaco e Vestido Le Lis Blanc,
Bรกrbara veste Vestido Le Lis Blanc Colete Carina Duek para Maina Bis
BĂĄrbara veste Vestido Le Lis Blanc, Isadora veste Vestido artesanal Marilse de Salles Kraemer Fenilli, Luana veste Blusa MillĂŠsima
Agradecimentos Marcelle J贸ias
MODA
A GEOMETRIA DO SAMBA POR GREGORY MARTINS
Descendo a escadaria do convento de Santa Teresa está um mulato desfilando terno branco, chapéu de palha e sapato bicolor. A figura romântica do malandro carioca ganhou lugar cativo no hall de personalidades regionais. De grande irreverência e simpatia, esse membro do sistema complexo e bem articulado da malandragem retirou da moda elementos para sua expressão e os (re)inseriu na indústria como inspiração. Longe de enxergarmos o fim da discussão sobre a identidade da moda brasileira, notamos que nossa visão, enquanto imagem nacionalista, esbarra em estereótipos folclóricos. Detentor de um charme inegável, o malandro atingiu - nas décadas de 30 e 40 - seu auge na boemia carioca e integrou, de forma consistente, diversas áreas como as artes plásticas e a música popular. Suas ligações com o samba são praticamente impossíveis de se delimitar, e fazem desse homem um símbolo da liberdade e boa vida. A figura da malandragem tomou forma e ganhou um guarda-roupa bem definido no início do século XIX, tendo o bairro da Lapa como sua mãe acolhedora. O traje cotidiano era formado de sapato bicolor, calça de boca estreita e
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MODA
bolsos profundos, camisa e lenço de seda, paletó de linho branco S-120 e chapéu panamá. Diferente do folclore, o malandro obedecia, mesmo que por medo, a uma hierarquia e regras préestabelecidas sobre conduta, vestimenta e combate. As regras, passadas por maltas dos capoeiras, não autorizavam o uso de arma de fogo, apenas pastorinha (navalha sempre bem guardada no bolso) e petrópolis (semelhante a um bastão de madeira); nunca trabalhar em segundas-feiras - mesmo que para isso fosse necessário sacrificar alguns negócios - e nunca falar de perto com alguém, exceto em se tratando de mulheres. Sempre bem conectado à estética, o malandro mantinha a barba bem feita e utilizava seu vestuário como roupa de combate, dadas as recorrentes brigas de rua. Segundo suas regras, o chapéu deveria ser dobrado e usado como arma de defesa na mão esquerda, e a barra estreita da calça evitaria que fosse apanhado pelas pernas e derrubado. Sua camisa e lenço amarrado ao pescoço deveriam ser, impreterivelmente, de seda, graças às histórias espalhadas oralmente sobre o tecido cegar o fio da navalha. O “traje de combate” servia ao malandro como uma roupa habitável, munindo seu usuário de artifícios para todo o dia. Homem de grande estilo e apreciador do samba carioca, anos mais tarde, Hélio Oiticica transportaria, em seus parangolés, o literal conceito de “roupa habitável”, dependente do movimento para uma transformação da ação em anti-arte. Dono de uma visão vanguardista, o artista catalisador emprega caráter sensorial às formas geométricas de um colorido encantador. E, ao som do samba, o habitável se torna dançante e efêmero. Tal lapso temporal não pode ser comparado com a velocidade da moda. Oiticica, embora um dos idealizadores da anti-arte experimental do fim dos anos 60 - a marginalia -, é um artista cultuado e suas (anti)obras continuarão a transitar pelo tempo. A moda em seu ciclo cria, conceitual e comercialmente, coleções inspiradas no samba e em seus personagens. Como fez Ronaldo Fraga em sua coleção de Verão 2012, apresentando uma leitura sobre Noel Rosa e a malandragem defendida pelo sambista e compositor. Estampando para todos os olhos o “Pierrot Apaixonado” de Noel, Ronaldo utilizou das listras - elemento que chega ao malandro como uma alternativa à velha camisa de seda-, e do ar náutico do Cais do Porto, conhecido ponto de encontro de malandros e sambistas. Há na coleção certo aroma de Carnaval explorado a fundo pela Osklen para o Verão 2010. Entre franjas de canutilhos, o brilho das “maxilantejoulas” e as cores de tricôs leves, a Osklen desenhou um festejo popular e, sem dúvida, brasileiro por linhas contemporâneas e sofisticadas. A fascinação do Carnaval desenvolve no imaginário o frescor pelo malandro e coletividade exaltada, mesmo que a contragosto, após a instauração do Estado Novo de Getúlio Vargas, em 1937, e seu culto ao trabalho pondo em cheque a figura do bon vivant. Figura eternizada na vida carioca e na moda brasileira.
Fotos divulgação.
da liberdade e a exaltação da coletividade. Liberdade vivenciada
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MILAN MADE IN BRAZIL Catarinense, atualmente morando na Itália, Daniel Rodrigues é o primeiro fotógrafo convidado a ter um editorial exclusivo publicado na WAZAP Mag. No Brasil, Daniel trabalhou como designer gráfico e artista plástico participando de diversas mostras de arte, indivíduais e coletivas. Aos 28 anos, trabalha em Milão com fotografia de moda e juntamente com sua equipe, busca sempre um foco artístico e gráfico, alguma coisa de diferente e muitas vezes experimental. Para essa edição Daniel fotografou 3 modelos da Major Models Milan, todos brasileiros e que desfilaram recentemente na Milano Fashion Week Uomo 2012
fotografia e tratamento Daniel Rodrigues styling Rebecca Galvani make up artístico Silvia Ileana Stella cabelo Jimmy Nakhla modelos Jhony Monhol, Ricardo Carpentieri e Vincent Scheder Bieschin (Major Models Milan)
Na pรกgina anterior Ricardo veste Bermuda Calvin Klein Beachwear Relogio Swatch Vintage Nesta pรกgina Jhony veste Calรงa Versace para H&M Headphone WeSC
Na pรกgina ao lado Vincent veste Jaqueta Diesel ร culos Pull and Bear Nesta pรกgina Vincent veste Jaqueta Diesel Camisa Lacoste Calรงa Zara Sapato Ducal Relรณgio Swatch Vintage
Ricardo veste Jaqueta Hackett London Camiseta Feeldude Camisa Bagutta Cal莽a Jacob Cohen Sapato Ermenegildo Zegna Rel贸gio Swatch Vintage
Johny veste Camisa Levi’s Camiseta Diesel Black Gold
Nesta pテ。gina Vincent usa テ田ulos Police Vincent Na pテ。gina ao lado Vincent veste Camisa Etiqueta Negra Calテァa J.Crew Sapato Ermenegildo Zegna Relogio Swatch Vintage Chapeu Vintage
Agradecimentos Major Models Milan, Massimo Manfredini
ARTE
AMBIENTES INTEGRADOS COMPACTOS, MAS ACONCHEGANTES E CHEIOS DE PERSONALIDADE.
Fotos decorativehomeinterior.com
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ARTE
Morar sozinho em apartamentos não tão grandes é comum para quem dá o primeiro passo em busca da independência (saindo do conforto da casa dos pais), ou para quem precisa mudar de cidade por conta daquele emprego tão almejado. Imóveis com apenas um quarto e espaços limitados parecem não mais intimidar a criatividade de arquitetos e designers em busca da integração de pequenos ambientes, permitindo não apenas uma sensação de amplitude, como também de claridade e arejo. É possível integrar, por exemplo, no mesmo ambiente, o escritório, a sala de estar e o quarto. A distribuição dos móveis (poucos e bons) e o uso do branco como base permite incrementálo com os acessórios e detalhes de composição, atribuindo Manter a TV suspensa é uma solução que ajuda a ganhar espaço onde teria um rack, podendo ser aproveitado para decorar com um móvel de acordo com a sua preferência. O piso laminado de cor clara ajuda a manter o ambiente bem iluminado.
aconchego, toques pessoais e eliminando qualquer sensação de aperto ao apartamento.
IMÓVEIS COM APENAS UM QUARTO E ESPAÇOS LIMITADOS PARECEM NÃO MAIS INTIMIDAR A CRIATIVIDADE DE ARQUITETOS E DESIGNERS EM BUSCA DA INTEGRAÇÃO DE PEQUENOS AMBIENTES. No lugar das paredes, a ideia é utilizar os próprios móveis como divisórias. Outro recurso que surte resultado positivo é usar portas de correr, revestidas de espelho bronze, no armário do quarto, proporcionando acolhimento à ala íntima. Com a ausência de paredes para setorizar os ambientes, é possível utilizar rebaixos de forros e pisos como marcadores indiretos,
Um armário simples, com diversas divisórias para os materiais de escritório e abertura para o notebook, é suficiente para o espaço de estudo e adequa-se perfeitamente junto a sala de estar.
Fotos freshome.com
delimitando onde acaba um ambiente e inicia o próximo. Ambientes menores exigem mais cuidados e estudos no momento de elaborar uma transformação, além disso, não se esqueça: para usar o recurso de integração de ambientes deve-se respeitar os elementos estruturais originais de cada edificação.
Aqui o sofá serve de divisória, delimitando os ambientes sem a necessidade de paredes.
A mesa de modelo redondo e cadeiras com estofamento colorido - próximo a janela - garantem um local agradável para as refeições. 59 | WAZAP
MENOS
É
MAIS Definimos o minimalismo como uma série de movimentos artísticos, culturais e científicos que percorreram diversos momentos do século XX. Surgiu na década de 80 e foi, provavelmente, uma reação aos movimentos pós-modernos no design. Atualmente a preocupação é fazer uso de poucos elementos fundamentais como base de expressão, um conceito que apresenta grande resultado no aspecto visual, afinal, menos é mais. Contrapondo-se à grande variação cromática, formal e simbólica presente nos objetos projetados, o design minimalista acaba criando produtos baseados numa redução formal extremamente forte. E - como muitos devem pensar - uma criação minimalista não é tão simples quanto parece. Um projeto minimal , como é chamado, expõe uma ideia de forma limpa e direta. O processo de criação é complexo e o resultado incrível. O termo também é usado para descrever as peças de Samuel Beckett, os filmes de Robert Bresson, os contos de Raymond Carver e, até mesmo, os projetos automobilísticos de Colin Chapman. Encante-se com o minimal!
Fotos divulgação.
ARTE
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ARTE
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ENTREVISTA
Mareike Valentin
Teka Simon
Fotos: Divulgação.
Giana Cervi
Ana Paula da Silva
ONDE CANTA O SABIÁ POR MARIANA DE SOUZA
A música brasileira, a meu ver e de muitos mais, é dona de
alguns sem palco, mas com coração de artista; alguns engraçados,
um balanço singular. São ritmos que carregam culturas e histórias,
alguns bons e eternos; alguns nascendo e fazendo nascer a boa
cadências daqui, que fazem do nosso som um som só nosso. Nossa
canção.
graça é um gingado presente na música e no povo. De referências
Na região Sul do Brasil, terra de gente que tem coisas para
coloniais e batuques lá de longe, os brasileiros fizeram, sambando,
contar e cantar, como Elis Regina, Adriana Calcanhotto e Humberto
o sofrimento serenar, o casal se apaixonar e a roda rodar. Repertório
Gessinger, crescem algumas novas estrelas, daquelas que vêm
longo e valente, na mansão ou na favela. Gonçalves Dias, em sua
não pelo brilho, mas porque amam poder iluminar. De tempos
famosa Canção do Exílio, já expressava, em versos, os encantos e
em tempos, espaços vão sendo conquistados, músicas vão sendo
prazeres de sua terra, o Brasil, encontrados em nenhum outro lugar
compostas, portas vão sendo abertas e o brilho se espalha. Trago,
“minha terra tem primores, que tais não encontro eu cá; em cismar
aqui, sem contra-indicações, cantoras que estão imprimindo seus
- sozinho, à noite - mais prazer encontro eu lá”.
nomes na história da música catarinense. Mulheres que fazem a
Falar de música é como falar de um sentimento bonito,
nossa música. E fazem bem! São do Brasil e de seu balanço: Ana
que acalma, colore e não se pode descrever exatamente, apenas
Paula da Silva, Mareike Valentin, Teka Simon e Giana Cervi. Quatro
sentir. Por isso há uma legião de músicos e cantores no país,
personalidades diferentes, o mesmo amor pela música brasileira.
misturando costumes e crenças, trocando acordes e inventando rimas; alguns muito vistos e pouco aplaudidos criticamente;
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Com a palavra: as cantoras!
MAREIKE VALENTIN Nascida na Alemanha, com história em Santa Catarina, cantora e professora, lançará o primeiro CD, que traz o seu nome, no início do segundo semestre de 2012. O CD, produzido por Leandro Braga, no Rio de Janeiro, com participações especiais de Marcos Sacramento e Zé Renato, reflete a identidade da cantora com momentos de alegria e introspecção, fazendo com que o público se identifique com seu repertório cheio de Brasil. Ainda sem data definida para o show de lançamento, se prepara para participar do musical Orfeu, que estará em cartaz em Maio de 2012, envolvendo mais de 100 pessoas, entre artistas e equipe técnica. O musical comemorará os 150 anos do Teatro Carlos Gomes e contará com o apoio de várias empresas da região. Mareike atua como preparadora vocal do musical O Sonho do Cowboy, no Parque Beto Carrero World; leciona Canto Popular na Escola de Música do Teatro Carlos Gomes e mantém um projeto de música brasileira na região do Vale do Itajaí. Por onde ela estará: De 2 a 6 de Maio, no Teatro Carlos Gomes, com o musical Orfeu. Para saber mais: www.mareikevalentin.com.br Onde e quando começa a sua história com a música? Posso dizer que essa é uma herança que está no sangue. Minha mãe também é musicista. Uma baita cantora, violonista, regente e educadora musical. Lembro que em minha casa sempre ouvíamos muita música brasileira, e quando meus pais reuniam amigos e familiares, minha mãe sempre estava com seu violão, cantando por horas e horas... Sempre tive incentivo para música. Com 7 anos minha mãe me colocou na aula de piano, depois aprendi flauta doce; com 12 comecei a cantar em corais da minha região e assim por diante. O que é importante para você, no canto, além da voz? Acredito que é ter o que dizer. Me emociono muito mais com verdade do que com técnica (apesar de achar que técnica é importante, sim!). Ver um cantor no palco que se entrega ao que diz, e diz com paixão, vai muito além da voz, do corpo. Sobre suas influências, quais são elas? Acho que, musicalmente, minha mãe sempre foi uma grande influência. Através dela cresci ouvindo Milton, João Bosco, Elis, Chico, Gil, Geraldo Azevedo, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Boca Livre e outros tantos. Meu pai também curtia muito Sting, Crosby, Stills Nash & Young. São todos artistas cujo trabalho admiro muitíssimo! E o que não entra em sua coleção de maneira alguma? Procuro não ter preconceitos e ouvir/conhecer de tudo. Além de ser importante para minha bagagem como cantora, tem também o lado de professora de canto, e aí é fundamental ter os ”ouvidos bem abertos”, pois lido com todo tipo de aluno. Mas como estamos falando da minha coleção, acho mais fácil dizer o que entra: música brasileira, música étnica, música erudita - mas confesso que meu gosto é mais conservador; tem alguns compositores contemporâneos que tenho
dificuldade de entender! -, música instrumental e adoro música latina. Acho que é por aí. Como funciona o processo para a escolha das músicas do seu repertório? Sou muito ligada com a harmonia das músicas. Às vezes me encanto com uma música por causa de um acorde específico em determinada passagem da canção. Tenho que admitir que, num primeiro momento, a música me conquista por aí. Mas, de alguns anos pra cá, venho refletindo muito sobre o que quero dizer como cantora. Acho que a maturidade como mulher também traz isso, uma postura mais firme diante da vida, uma necessidade de dizer certas coisas. Então posso dizer que canto músicas que falem de coisas em que acredito, defendo, sinto e com as quais me identifico. Na sua carreira, qual foi o ponto mais difícil até agora? Foi decidir por ela, com certeza! Minha mãe sempre me incentivou a trilhar um caminho profissional na música e eu sempre resisti, por achar que não poderia viver confortavelmente só de música. Pode uma coisa dessas?! Cursei Turismo e Lazer, Administração e acabei me tornando bancária, mesmo nunca deixando minhas atividades com música. Acontece que chegou um momento em que se tornou inviável conciliar as duas coisas. Tinha que escolher. Foi a melhor coisa que fiz na vida! Além de me realizar pessoalmente e profissionalmente, foi essa escolha que me levou ao encontro do meu marido, meu filho, meu disco... Como é viver apenas de música? O retorno é suficiente para continuar? Não é fácil, não. Mas assim como em outras profissões, você precisa se dedicar, correr atrás, amar o que faz! Você precisa começar de algum ponto e ir conquistando o seu espaço. Acho perfeitamente viável viver de música. Agora, para a realização de projetos grandes, como a gravação de um disco, por exemplo, ainda sinto muita falta de mais apoio por parte do poder público. Existem editais de incentivo, mas num âmbito mais regional as verbas ainda são muito pequenas. Além de verba de edital municipal, para realizar a gravação do meu disco e lançamento do site, tive a parceria valiosa da Fujiro Ecotextil. Faço questão de citá-los sempre porque acho que nós, artistas, precisamos retribuir com muita dedicação o incentivo privado que recebemos. As empresas que nos patrocinam não têm essa obrigação, fazem isso porque acreditam no nosso trabalho e ajudam a viabilizá-lo. O que te motiva a cantar? É uma necessidade. Para mim, muitas vezes é mais fácil dizer as coisas através da música, mais fácil do que falar ou escrever. Um Sonho? Um sonho? Só um?! Poder cantar em outros estados, países. Ter, através da música, a oportunidade de conhecer lugares que ainda não conheço, com meus meninos,Gre e Tom, claro! Sou obrigada a citar outro sonho: poder remunerar de maneira justa os meus parceiros/amigos de música, que tocam comigo porque se divertem e acreditam no meu trabalho.
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ANA PAULA DA SILVA De Joinville, cantora, compositora e instrumentista, apaixonada pelo Jazz e pelo Samba. Traz na bagagem cinco CDs gravados, muitas viagens pelo Brasil e para fora dele, levando a música brasileira. Em 2011, fez turnê pelo Brasil e pela Argentina para o lançamento do seu CD mais recente, Pé de Crioula, em que apresenta e valoriza alguns novos compositores regionais. Ana faz música com os sons da nossa terra e as semeia nela. Realizou um trabalho com crianças de escolas municipais de Joinville sobre o Folclore: “O Brasil conhecendo o Brasil”, e apresentou-se em várias universidades com o projeto “Aos de Casa”, mais uma vez ajudando a espalhar a música de Santa Catarina. Ana Paula é referência quando o assunto é a música brasileira. Aqui e lá fora. Em maio, a cantora fará shows na Alemanha, Suíça e Áustria. Por onde ela estará: Teatro Carlos Gomes, em Blumenau, como convidada especial, no show de John Mueller, em 11 de Março de 2012. Para saber mais: www.anapauladasilva.com Onde e quando começa a sua história com a música? Em Joinville, em casa, quando meus pais me ensinavam músicas no cavaquinho (eu tinha seis anos de idade); profissionalmente, com 16 anos, quando fui com minha mãe ao antigo Bar PT, em Joinville, para encontrar algum músico que quisesse realizar um trabalho junto comigo. Dei uma canja e rolou o primeiro duo, eu e Juninho Salves (hoje atual músico da banda Dona Chica); depois com Edson Santanna (pianista, hoje vive em SP), e, por conta desse trabalho intimista e cuidadoso com Edson, surgiu o convite para o primeiro disco. E sigo até hoje O que é importante para você no canto além da voz? Luz, sentimento e verdade.
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Sobre suas influências, quais são elas? Várias. Nelson Cavaquinho, Cartola, Elis Regina, Luciana Souza, Maria João, Sérgio Santos, Jovelina Pérola Negra, Clara Nunes, Tom Jobim, Choro, Samba, cantar na noite, a vida, os amigos, as experiências... Tudo me influencia, rio, mar, riso, choro... Tudo! E o que não entra em sua coleção de maneira alguma? O que não me emociona. Como funciona o processo para a escolha das músicas do seu repertório? Amigos. Vou avisando “ó, tá rolando disco, me enviem músicas por favor”. Aí ouço e vejo o que posso fazer de melhor com o que me identifico. Na sua carreira, qual foi o ponto mais difícil até aqui? Tem tantas coisas na vida que podem ser difíceis e fáceis, depende do momento que estamos vivendo se estamos despertos ou não. Mas não fico com essa coisa de “o pior momento foi esse ou aquele”, não sou uma pessoa que se identifica com o pior acontecimento, sou fã do “levanta, sacode a poeira e dá volta por cima”! Tudo o que acontece no meu trabalho é resultado de muito trabalho diário, força, fé. Sou verdadeira com a música ela me retribui com muitas alegrias. Gratidão! Como é viver apenas de música? O retorno é suficiente para continuar? Maravilhoso! Faço o que sinto que vim para fazer. Sigo e sigo! O que te motiva a cantar? A vida! Um sonho? Um querido amigo (Pablo) me disse uma vez e senti que seria lindo seguir. Sou uma pessoa de pequenos sonhos, vários, e vou realizando todos, degrau por degrau.
TEKA SIMON De Criciúma, formada em Educação Física, cantora, compositora e instrumentista. Apesar de ter começado profissionalmente na música só aos 23 anos, acaba de gravar seu primeiro trabalho com o grupo Ozuê, em que traz a música brasileira e sua mistura de ritmos. A cantora começará a gravar, agora, seu primeiro trabalho solo, com jeito mais contemporâneo, uma mistura de Brasil com Reggae. O trabalho será apresentado ao público em Julho deste ano. Teka tem um projeto que começará a ganhar forma na metade deste ano. Partirá com três amigos em sua Kombi, registrará histórias, músicas e pessoas, para fazer um documentário sobre o Brasil. A primeira parada será no estado de Goiás, depois seguem para o Nordeste. Estão no roteiro: Pernambuco, Maranhão, Paraíba e Bahia. A ideia é mostrar a pluralidade da cultura no nosso país. Os quatro amigos contarão com o apoio de patrocinadores e a renda de eventos, principalmente de seu show, que será realizado em Julho de 2012. Todos os presentes no show contribuirão com o projeto. Por onde ela estará: No dia 23 de Maio, lançará seu CD com o grupo Ozuê, no Teatro Carlos Gomes, em Blumenau. Em 4 de Julho, também no Teatro Carlos Gomes, em Blumenau, apresentará seu primeiro trabalho solo ao grande público. Para saber mais: www.tekasimon.com Onde e quando começa a sua história com a música? Nos luais, na praia de Campo Bom, onde passava o verão na minha adolescência. Meu primeiro instrumento foi dado pelo meu pai aos 12 anos, e comecei a tocar as primeiras músicas com 16 anos. Só saiam reggaes! O que é importante para você no canto além da voz? Que esse canto seja o seu canto. É preciso conhecê-lo, e que seja sempre da forma mais visceral. Sobre suas influências, quais são elas? Tenho a música regional brasileira como grande influência. Ver a música que flui tão natural e simples, e assim se faz por uma questão cultural, é algo que me emociona muito. Antes disso, também tenho o reggae muito forte em mim. Falando em nomes, digo Bob Marley e Caetano Veloso, além de muitos outros artistas que gosto muito. E o que não entra em sua coleção de maneira alguma? Não gosto de falar sobre nenhum trabalho de forma negativa. Acredito que tudo tem um valor, ainda mais para quem faz. Mas, por gosto, não
botaria a Lady Gaga. Por mais que ache ela uma cantora fantástica, é um tipo de arte totalmente contrária do que me agrada. Como funciona o processo para a escolha das músicas do seu repertório? Eu começo escolhendo dentro do que eu gosto, depois vou abrindo, colocando músicas que o público conhece. Acho importante esse equilíbrio. E tudo pode ser feito de forma bem legal, assim o público se abre para o artista, que, consequentemente, pode mostrar seu trabalho autoral. Na sua carreira, qual foi o ponto mais difícil até agora? O mais difícil sempre é conseguir fazer seus trabalhos autorais, principalmente pelo fator financeiro, mas hoje existem muitas formas de conseguir realizar isso. Terminamos de gravar o CD do Ozuê com o apoio do Fundo Municipal de Cultura, e logo em seguida gravarei um Ep do meu trabalho solo. Como é viver apenas de música? O retorno é suficiente para continuar? É maravilhoso poder viver de algo que se ama! Digo que nós só estamos onde estamos porque queremos, então, não posso reclamar. Tenho muita gratidão por tudo isso. Às vezes pessoas me dizem assim: “um dia você vai dar certo!” e eu respondo: “já deu certo e está certo”. Não boto minha arte e minha realização a espera de um sistema de consumo que vai ou não comprar a minha música. O “dar certo” está em cada sorriso que recebo onde toco, em cada casamento que tenho o prazer de fazer parte, cada música que componho, cada momento que toco com meus amigos, nos trabalhos autorais que realizo... Trabalho para, cada vez mais, conseguir levar a minha música adiante. Ainda estou no começo de tudo, quero aprender muito mais dessa maravilha, e poder sempre mostrar da forma mais verdadeira. É nisso que acredito. O que te motiva a cantar? O amor e a beleza que a minha vida tem com a música. Hoje posso dizer que encontrei o meu laço com ela e cada vez mais me surpreendo. A música é puro encanto. Me entreguei para isso e sigo minhas vontades, principalmente nos meus trabalhos próprios. Um sonho? Que o nosso mundo se torne sempre mais harmonioso, como já é possível sentir. Estamos em um novo momento. O amor se mostra cada vez mais forte, o universo é amor e tudo sempre fluirá para isso.
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GIANA CERVI Nascida em Brusque, cantora, violonista e professora. Já foi selecionada e participou de um musical feito por Oswaldo Montenegro. Abriu shows de Renato Borguetti, Adriana Calcanhotto, Zélia Duncan, Gal Costa e Mônica Salmaso e João Bosco. Em seu segundo CD, Cirandinha, com pegada pop-MPB, interpreta músicas de compositores catarinenses e ainda outros. Gravou o DVD Cirandinha Ao Vivo, que traz as músicas do CD, mas conta com novos arranjos e participações especiais, como da cantora Leila Pinheiro. Em Maio, fará uma turnê por seis cidades de Santa Catarina, com apoio do SESC, para divulgar seu CD e DVD. Os shows acontecerão em Joinville, Jaraguá, Florianópolis, Criciúma, Lages e Chapecó. A cantora leciona técnica vocal para música popular na UNIVALI, no Conservatório de Música Popular Cidade de Itajaí e em escolas de música da região. Por onde ela estará: No mês de Maio estará em: Joinville, dia 03; Jaraguá, dia 04; Florianópolis, dia 05; Criciúma, dia 06; Lages, dia 08; Chapecó, dia 09. Para saber mais: www.gianacervi.com.br Onde e quando começa a sua história com a música? Gosto de cantar desde pequena. Lembro que quando criança eu dublava algumas músicas ouvindo LP, brincava de locutora de rádio, essas coisas. Mas foi na adolescência que a coisa ficou um pouco mais séria e o meu comprometimento passou a ser maior. O que é importante para você no canto além da voz? A interpretação. Acho incrível a possibilidade que o intérprete tem de cantar vários autores e conseguir se achar em cada história, em cada dor ou alegria de amor. Enfim, o cantor tem a possibilidade de mergulhar em milhares de universos diferentes, como faz um ator com seus diversos personagens. Sobre suas influências, quais são elas? Apesar de gostar muito de jazz, a música brasileira sempre me influenciou muito. A riqueza que nós temos, em termos de ritmos, harmonia, melodia e composição, é imensa, e isso certamente inspira e influencia qualquer um que goste de música. Talvez por ser uma cantora, as vozes femininas sempre fizeram parte do meu universo. Marisa Monte, Céu, Vanessa da Mata, Maria Bethânia, Adriana Calcanhotto, Leila Pinheiro, enfim, muita gente. A voz e a personalidade da Cássia Eller sempre me emocionaram muito também. Tem épocas que escuto mais uns compositores, e depois vou ouvindo outras coisas. Já ouvi muito Legião Urbana, depois curti as bossas novas, depois samba... Nossa, é muita coisa! Sou apaixonada pelo trabalho do Tom Jobim, do Chico Buarque e do Lenine. Às vezes também curto música pop. Minhas influências são bastante misturadas, até porque existe muita gente cantando e compondo muito bem.
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E o que não entra em sua coleção de maneira alguma? Músicas de sacanagem ou com conteúdos preconceituosos, eu não paro para ouvir de jeito nenhum. Fora isso, sou bastante eclética, tenho minhas preferências, é claro, mas eu acho que a música está muito ligada ao momento. Se a música está sendo bem executada e a situação combina, por que não curtir? Como funciona o processo para a escolha das músicas do seu repertório? Nesse caso, eu trabalho com dois tipos de repertório: o de bar e o do meu trabalho. Para o repertório de bar eu procuro algumas coisas que estão tocando na mídia, outras que eu gosto de cantar e outras que eu sei que as pessoas curtem. Para o meu trabalho eu ouço muita, muita coisa, até definir o repertório; até porque é o trabalho que vai trazer a minha identidade, então não dá para cantar por cantar. Eu preciso me identificar com a música, ela tem que me emocionar. Na sua carreira, qual foi o ponto mais difícil até agora? Acho que o começo é sempre mais difícil. As pessoas não te conhecem, você ainda está aprendendo muita coisa, ainda não está madura e, naturalmente, passa por todo aquele processo de cantar na noite, cantar em bailes... É um trabalho extremamente desgastante. Acho que é uma fase indispensável na vida de qualquer cantor, porque você aprende coisas que jamais vai aprender em uma sala de aula, mas também acho importante sair disso, ter seu trabalho próprio e batalhar por ele. Como é viver apenas de música? O retorno é suficiente para continuar? Hoje eu trabalho não só cantando, mas também lecionando técnica vocal para música popular. As oportunidades são diversas, mas não dá para se acomodar. Acho que o músico tem que estudar, buscar especialização, encontrar outras formas de viver de música. Depender apenas de show é meio complicado e você acaba virando das casas com música ao vivo se depender apenas de cachê. Por outro lado, existem os projetos culturais que viabilizam muitas coisas, mas essa é apenas uma parte do processo. Quando o músico estuda e se especializa, aí sim acho que dá para viver de música. O que te motiva a cantar? A emoção que eu sinto quando estou cantando é muito grande e até difícil de descrever. Por outro lado, é também indescritível a emoção de cantar para uma platéia e ser aplaudida por isso. A música é algo mágico, e tudo aquilo que ela proporciona faz com que eu queira cantar pra sempre! Um sonho? Ter meu trabalho ouvido e reconhecido!
FILME
FILME
SETE DIAS COM MARILYN
TOMBOY
DIRETORA Simon Curtis ELENCO Michelle Williams, Kenneth Branagh, Judi Dench, Emma Watson.
DIRETOR Céline Sciamma ELENCO Zoé Héran, Malonn Lévana, Jeanne Disson, Sophie Cattani.
Reino Unido
França
Drama
Drama
No início do verão de 1956, Colin Clark,
Laure (Zoé Héran) é uma garota de 10
de apenas 23 anos, recém-formado
anos, que vive com os pais e a irmã
em Oxford e determinado a fazer o
caçula, Jeanne (Malonn Lévana). A
seu caminho na indústria do cinema,
família se mudou há pouco tempo e,
trabalhou como assistente no set de
com isso, não conhece os vizinhos. Um
“O Príncipe Encantado”. O filme que
dia Laure resolve ir na rua e conhece
notoriamente uniu Sir Laurence Olivier
Lisa (Jeanne Disson), que a confunde
e Marilyn Monroe, que também estava
com um menino. Laure, que usa
em lua de mel com seu novo marido,
cabelo curto e gosta de vestir roupas
o dramaturgo Aurthur Miller. Quase
masculinas, aceita a confusão e lhe
40 anos depois, seu relato diário foi
diz que seu nome é Mickaël. A partir
publicado, mas uma semana estava
de então ela leva uma vida dupla, já
faltando e isso foi publicado alguns
que seus pais não sabem de sua falsa
anos mais tarde, como Minha semana
identidade.
com Marilyn - esta é a história dessa
PRECISAMOS FALAR SOBRE O KEVIN LIONEL SHRIVER 2012 Eva Katchadourian na verdade nunca quis ser mãe - muito menos a mãe de um garoto que matou sete de seus colegas de escola, uma professora, e um servente de uma escola dos subúrbios classe A de Nova York. Para falar de Kevin, 16 anos, autor desta chacina, preso em uma casa de correção de menores, a escritora Lionel Shriver arquitetou um thriller psicanalítico onde não se indaga quem matou. A trama se desenvolve por meio de cartas nas quais a mãe do assassino escreve ao pai ausente. Nelas, procura analisar os motivos da tragédia que destruiu sua vida e a de sua família. Ao procurar porquês, constrói uma reflexão sobre a maldade e discute um tabu: a ambivalência de certas mulheres diante da maternidade e sua influência e responsabilidade na
semana.
MÚSICA
LIVRO
criação de um pequeno monstro.
THE CRAMBERRIES
MÚSICA
Após um hiato de 6 anos e uma
Fotos divulgação.
COTIDIANO
LIVRO
UM DIA DAVID NICHOLLS 2011 Dexter Mayhew e Emma Morley se conheceram em 1988. Ambos sabem que no dia seguinte, após a formatura na universidade, deverão trilhar caminhos diferentes. Mas, depois de apenas um dia juntos, não conseguem parar de pensar um no outro. Os anos se passam e Dex e Em levam vidas isoladas — vidas muito diferentes daquelas que eles sonhavam ter. Porém, incapazes de esquecer o sentimento muito especial que os arrebatou naquela primeira noite, surge uma extraordinária relação entre os dois. Ao longo dos vinte anos seguintes, flashes do relacionamento deles são narrados, um por ano, todos no mesmo dia: 15 de julho. Dexter e Emma enfrentam disputas e brigas, esperanças e oportunidades perdidas, risos e lágrimas. E, conforme o verdadeiro significado desse dia crucial é desvendado, eles precisam acertar contas com a essência do amor e da própria vida.
MARK LANGEAN BAND
Candidato sério a uma das capas
década depois de lançar seu último
mais bonitas e um dos melhores
disco de estúdio, o Cranberries está
discos do ano, Blues Funeral é o mais
de volta com Roses, disco que será
novo trabalho do sempre excelente
lançado por diversos selos ao redor
Mark Lanegan.
do mundo incluindo o Lab344 aqui
Com músicas roqueiras e toques de
no Brasil.
blues que deixam seu potente vocal a
Prometendo falar de amor em todas
la Johnny Cash sempre em evidência,
as suas formas, o álbum já tem o
o disco foi feito em parceria com outro
primeiro single, “Tomorrow”, sendo
grande talento, Alain Johannes, e
tocado em rádios e programas de
ainda conta com Jack Irons, Greg Dulli
televisão nos Estados Unidos, além de também ter sido divulgado com um
e Josh Homme. Pra completar, a primeira faixa do disco, “The Gravedigger’s
sombrio videoclipe.
Song” ganhou um belo vidioclipe. 69 | WAZAP
COTIDIANO
TÍPICO DAQUI
SE QUANDO VOCÊ PENSA EM CHORO LEMBRA-SE APENAS DE DAIANE DOS SANTOS FAZENDO ACROBACIAS E DUPLO TWISTS CARPADOS AO SOM DE BRASILEIRINHO, ESTÁ PERDENDO UM PEDAÇO INTERESSANTE DA HISTÓRIA MUSICAL DO BRASIL. POR JÚLIA SCHÄFER DOURADO Também conhecido como chorinho, o gênero musical é típico
do país e surgiu no século XIX, no Rio de Janeiro. Brasileirinho, de autoria de Waldir Azevedo, é apenas uma das músicas que se destacou. Ainda assim, o chorinho não é um som comum em grandes festas, e você não conseguirá ouvi-lo em uma rádio comercial, tocando após qualquer música da Lady Gaga. “O choro não está ligado, necessariamente, à indústria cultural midiática. Ele
em especialização em Arte Contemporânea, explica que chorão é o
é uma manifestação musical humana que está aberta às músicas
nome que se dá aos músicos de choro, e que o costume é se reunir
de todas as épocas e de todos os lugares. Ele é democrático. O
informalmente para tocar. “Na verdade, o choro se caracteriza não
choro carrega a música em si”, afirma Leandro Gaertner, bacharel
como estilo puro, mas sim pela maneira mais solta de tocar, com
em flauta transversal, especialista em Educação Musical e Mestre
improvisações dos músicos, ornamentos, liberdade de brincar
em Música. Ele observa que houve um aumento na prática desse
com a música e a harmonia”, descreve. A facilidade de fusão com
gênero musical a partir dos anos 90, com a criação dos clubes
outros gêneros faz com que exista uma gama de misturas. Dayro
de choro e pela grande quantidade de publicações de partituras.
conta que o samba, a polca e a valsa são alguns dos ritmos que
Leandro estuda música desde pequeno, porém, há pouco mais
se misturam com o choro, e é assim que nascem o samba-choro e
de 10 anos, passou a estudar o choro com mais intensidade. “Foi
a valsa-choro, por exemplo. Entre os exemplos de músicas mais
quando entendi a profundidade e a importância dessa prática
famosas, ele cita Brasileirinho, Tico Tico no Fubá, Carinhoso e Odeon.
musical”.
LEANDRO, QUE JÁ MOROU NA FRANÇA, CONTA QUE LÁ O MOVIMENTO É FORTE E QUE ACONTECEM RODAS DE CHORO SEMANAIS. ELE CONSIDERA O CHORO UM MOVIMENTO CULTURAL FANTÁSTICO DE INTEGRAÇÃO ENTRE AS PESSOAS ATRAVÉS DA MÚSICA.
Dayro conta que o músico Joaquim Antônio Calado é considerado o pioneiro do choro por introduzir a flauta, cavaquinho e violões ao gênero carioca. Leandro comenta que a história dos instrumentos do choro é longa, mas que os mais tradicionais são violão, cavaquinho, pandeiro ou outras percussões; flauta, clarinete, sax, trompete, trombone e piano. “Porém não existem limites. Todos os instrumentos e a voz são sempre bem-vindos”.
O gênero brasileiro é bastante conhecido em vários cantos do mundo. Leandro, que já morou na França, conta que lá o movimento é forte e que acontecem rodas de choro semanais. Ele considera o choro um movimento cultural fantástico de integração entre as pessoas através da música. Tendo sido feita para ser tocada em conjunto, de fusão cultural, ele considera natural que músicos de diferentes lugares se identifiquem, emocionem e se apaixonem pelo gênero. Leandro comenta que o choro é forte no Japão e em várias cidades dos Estados Unidos, além de acontecerem rodas de choro regularmente em Paris, Londres, Turim, Roma, Barcelona, Lisboa, Madri, Kassel, Berlim, Toulouse e Rennes e Helsinque. “O público do choro é enorme, e o lindo é que não é necessária uma apresentação. Se a gente junta uma flauta e um pandeiro já pode rolar um choro. O choro é a música em recriação”, destaca Leandro. Dayro Bornhausen, graduado em Artes, com Habilitação em Música, formado em diversos cursos relacionados à arte, música e
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Quadro “Chorinho” de Cândido Portinari
ilustração por RAFAEL HOFFMANN | www.rahmaprojekt.com
COTIDIANO
ÀS VEZES QUE O HOMEM DOURADO SORRIU PARA NÓS: O BRASIL E O OSCAR POR RAFAEL BONA
É sempre comum e já faz parte da cultura audiovisual,
com um número musical. Mas foi em 1945 que, oficialmente,
todos os inícios de ano, após serem anunciados os indicados
um brasileiro foi indicado: o compositor Ari Barroso, juntamente
ou vencedores do Oscar, as bilheterias dobrarem. As locações
com o americano Ned Washington, concorriam com a música
de DVDs e Blu-Rays aumentarem e o bolso dos vencedores ou
Rio de Janeiro ao prêmio de melhor canção pelo filme Brazil
indicados também, e as produtoras de cinema faturarem alto.
(1944). O mesmo fato só veio acontecer novamente em 2012 (e,
O Oscar é famoso e conhecido, pois se trata da premiação mais
coincidentemente, com o Rio de Janeiro estampando).
antiga do cinema. Há muitas outras como o Festival de Berlim,
Em 1959, o filme Orfeu do Carnaval, baseado na obra de
Globo de Ouro e Festival de Cinema de Gramado. Todas elas,
Vinícius de Morais, com atores brasileiros e rodado no Brasil,
artisticamente falando, muito mais importantes e superiores
ganhou o prêmio de melhor filme estrangeiro. Mas o país que
ao Oscar, mas nada se compara à fama, ao glamour e ao poder
levou a estatueta foi a França, pois era produção do francês Marcel
exercido pelo homenzinho dourado em cima de um rolo de filme.
Camus, que havia comprado os direitos de adaptação da obra (os brasileiros nunca engoliram esse prêmio, fato que fez a Academia
A PRIMEIRA APARIÇÃO BRASILEIRA NUMA CERIMÔNIA DO OSCAR ACONTECEU COM CARMEM MIRANDA, PORTUGUESA, NATURALIZADA NO BRASIL, FAMOSA NOS ANOS DE OURO DO CINEMA MUNDIAL.
mudar algumas regras anos depois). O Pagador de Promessas, produzido, dirigido e escrito por Anselmo Duarte, em 1962, foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro com o título de The Given World. A trama contava com os atores Leonardo Villar, Glória Menezes, Dionísio Azevedo, Norma Bengel e Othon Bastos. Em 1978 ocorreu a primeira indicação para melhor documentário de
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A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de
longa metragem, da co-produção franco-brasileira Raoni, de Jean-
Hollywood, responsável pelo Oscar, anuncia, todos os anos, os
Pierre Dutilleux e Luiz Carlos Saldanha. O filme saiu vencedor no
finalistas de cada uma das 25 (em média) categorias. Sim, o
Festival de Cinema de Gramado no mesmo ano. Quem concorre
Brasil já esteve no Oscar algumas vezes. Itália e França sempre
nessa categoria é o produtor; no caso, concorreram os produtores
dispararam nos prêmios de Melhor Filme Estrangeiro. Até nossos
Jean-Pierre Dutilleux, Michel Gast e Barry Williams. Em 1981, o
amigos hermanos possuem duas estatuetas nessa categoria. Há
Brasil foi indicado na categoria de melhor documentário com El
pouco mais de duas décadas, se pensava que só teríamos chance
Salvador: Another Vietnam, de Glenn Silber e Tete Vasconcellos.
na categoria de Melhor Filme Estrangeiro - que os americanos
Em 1985, O Beijo da Mulher Aranha, uma produção brasileira e
mal conhecem ou não estão nem aí. Porém, com Central do Brasil
estadunidense, estava concorrendo a quatro prêmios, todos
(1998), Cidade de Deus (2002) e Rio (2011) conseguimos figurar
em categorias principais: melhor filme, melhor diretor - Hector
em categorias principais, e provar que o brasileiro sabe fazer
Babenco (argentino naturalizado no Brasil) -, melhor roteiro
muito bem na fita. Vamos aos fatos: a primeira aparição brasileira
adaptado e melhor ator - com o americano William Hurt. William
numa cerimônia do Oscar aconteceu com Carmem Miranda,
foi vencedor do prêmio e o dedicou aos brasileiros (pode-se dizer
portuguesa, naturalizada no Brasil, famosa nos anos de ouro do
que foi um segundo Oscar indireto, o primeiro fica com Orfeu).
cinema mundial; apresentou-se, na década de 40, na cerimônia
O filme foi rodado no Brasil e trazia Sonia Braga como atriz
COTIDIANO
coadjuvante, o que acabou sendo fundamental para o sucesso de
era homenageado. Em 2003, Caetano Veloso interpretou uma
Sonia e Babenco no exterior.
das cinco canções finalistas. Em 2004, Cidade de Deus (2002) -
Anos depois, logo após a retomada do cinema nacional, o
recusado no Oscar 2003 de melhor filme estrangeiro -, com uma
Brasil voltou a figurar entre as melhores produções estrangeiras
estratégia de marketing, consegue figurar em quatro categorias
lançadas nos Estados Unidos. Da Serra Gaúcha para Hollywood,
principais da premiação: direção (Fernando Meirelles), roteiro
em 1996, O Quatrilho, do diretor Fábio Barreto (que fez Lula, o
adaptado (Bráulio Mantovani), fotografia (Sérgio Charlone) e
Filho do Brasil), concorreu a melhor filme estrangeiro; e, em 1998,
montagem (Daniel Rezende). No mesmo ano, o diretor Carlos Saldanha (o mesmo que dirigiu A Era do Gelo e Rio) concorreu na categoria de curta de animação com Gone Nutty. Depois da lacuna de alguns anos, em 2011 concorremos com uma produção brasileira e inglesa: Lixo Extraordinário, que acompanha o trabalho de um artista plástico na periferia do Rio de Janeiro, em um dos maiores aterros sanitários do mundo: o Jardim Gramacho. Indicado ao Oscar de Melhor Documentário. Em 2012, a animação Rio, de Carlos Saldanha, entra na disputa pelo Oscar de melhor canção, com Carlinhos Brown, Sergio Mendes e Siedah Garret.
seu irmão, Bruno Barreto (de Dona Flor e Seus Dois Maridos e Bossa Nova), concorreu na mesma categoria com O Que é Isso, Companheiro? Um feito até hoje inédito na Academia: nunca dois irmãos chegaram a ser indicados nessa categoria. Opa! Nosso Fotos divulgação.
cinema começa a se fazer forte no exterior e o orgulho nacional começa a ficar latente. Ainda em 1998, outro filme começa a chamar a atenção do mundo. Uma história simples e comovente sobre uma professora que escreve cartas para analfabetos na Central do Brasil. O mundo começava a prestar atenção a um talento brasileiro: Fernanda Montenegro. Em 1999, portanto, com Central do Brasil, do diretor Walter Salles, começamos a perceber
Todas as indicações ao Oscar para um ator, diretor ou para um
que nosso cinema poderia concorrer, de igual para igual, com
país são muito importantes desde que não se leve para o espírito
qualquer um no mundo. O filme, além de ser indicado ao Oscar
de derrota. Ser indicado ao Oscar ou ganhar um Oscar é bacana,
de melhor filme estrangeiro, concorreu também na categoria de
mas não é o que vai indicar se o filme é vencedor em todos os
melhor atriz, com Fernanda Montenegro. Não vencemos, porém, a
quesitos de qualidade. Os críticos de cinema sabem que o Oscar
indicação da Fernanda já valeu por todas as indicações anteriores.
não deixa de ser um prêmio publicitário. Infelizmente, quem
A primeira atriz latino-americana no papel principal a figurar na
leva o prêmio para casa geralmente é quem faz ou fez a melhor
primeira fila desde a criação do Oscar.
campanha. Devemos, sim, torcer para que mais brasileiros passem
Na cerimônia de 2001, o Brasil concorreu na categoria de
pelo tapete vermelho, porém, acima de tudo, é importante que
melhor curta de ficção, por Uma História de Futebol (A Soccer
se façam filmes com o “olhar de dentro”. Fazer filmes e mostrar
Story), de Paulo Machline. No ano de 2002, foi exibida uma
sempre as coisas daqui e que geram alguma discussão, uma força
cena de Central do Brasil no momento em que Robert Redford
da identidade cultural. Não apenas para se ganhar um Oscar. 73 | WAZAP
COTIDIANO
MUITO ALÉM DO ZÉ PEQUENO SIM, É POSSÍVEL ACREDITAR NO FUTURO DO CINEMA NACIONAL. POR LUCIANA DA CUNHA
Cidade de Deus provavelmente será a resposta de qualquer estrangeiro se você perguntar o que ele sabe sobre o cinema brasileiro. Pode não ser uma unanimidade, mas é inegável o fato de que, quase dez anos depois de seu lançamento, o filme é uma de nossas melhores exportações. Apesar de não ter levado o Oscar, ganhou quatro indicações importantes e fez bonito em outras premiações. Quem mais se deu bem com isso foi o diretor Fernando Meirelles, que hoje assina produções estrelando atores de Hollywood. Meirelles não é o único talento “brazuca” que brilha muito nas telonas do mundo. Anos antes já exportamos Walter Salles - que também nos presenteou com boas indicações por Central do Brasil e hoje está dirigindo On the Road, adaptação da obra obrigatória de Jack Kerouac. Além dele, ainda temos Carlos Saldanha, responsável pela trilogia Era do Gelo e do queridinho da galera, Rio. Ok, nós temos talentos suficientes pra produzirmos, pelo menos, um Cidade de Deus por ano. Então, por que isso não acontece? A história do cinema por aqui tem praticamente a mesma idade do cinema mundial, no entanto, sempre enfrentamos desafios no que diz respeito à produção nacional. Boa parte das nossas tentativas de industrialização falhou antes de chegar aos pés do que sempre foi Hollywood. Isso acontece por um simples motivo: tudo é muito caro no Brasil, principalmente produção cinematográfica. Portanto, se você quiser embarcar em um projeto, vai precisar do dinheiro do Governo, de mil e um patrocinadores ou da Globo Filmes (ou dos três ao mesmo tempo, por que não?). Outra questão pertinente ao cinema nacional é o consumo. Não é exclusividade nossa tratar filmes como puro entretenimento. A diferença é que aqui esses filmes são os que fazem as maiores
está inserida nessas realidades, mas não podemos negar a
bilheterias (confira o Box Office), e pra um filme “se pagar” ele
existência delas. Nesse sentido, considero os documentários os
precisa de espectadores. Simples assim. O que não é ruim, já que
nossos maiores trunfos: Falcão – Meninos do Tráfico e Ônibus
o cinema atende às duas funções: arte e entretenimento.
174, que são apenas dois exemplos super competentes de como
No Brasil ainda podemos nos lembrar outra função para a
sabemos abordar tais assuntos de uma forma ainda mais crua.
sétima arte: social. É comum ouvirmos reclamações de pessoas
O último, inclusive, foi um degrau para José Padilha, que hoje
sobre as temáticas dos filmes nacionais: ou são sobre o sertão
conhecemos pelos dois filmes de Tropa de Elite, que também
nordestino e a pobreza, ou sobre a violência dos grandes centros.
abordam a violência nos grandes centros, mas sob uma ótica um
Isso provavelmente acontece porque boa parte do público não
pouco diferente.
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COTIDIANO
Fotos divulgação.
Mesmo sem a projeção de Cidade de Deus, Tropa de Elite é
do Ralo e À Deriva – este último contou com uma forcinha de
um bom motivo para sermos otimistas em relação ao cinema
Fernando Meirelles. Vale lembrar que, além dos novos talentos,
nacional. A qualidade da produção não perde em nada para
nós não estamos simplesmente exportando bons diretores. Tanto
muitos filmes de ação que vêm da nave-mãe Hollywood. José
Meirelles quanto Salles continuam envolvidos com a produção
Padilha só precisa de mais um empurrãozinho pra colher os
nacional, paralelamente aos seus projetos internacionais. Então,
mesmo louros que Fernando Meirelles.
sim, temos motivos pra nos orgulhar e esperar boas surpresas do
Outro diretor que mal posso esperar para que desponte logo
Brasil, tanto em casa quanto nos festivais de todo o mundo.
é o pernambucano Heitor Dhalia. Trabalhando com temáticas mais variadas, ele tem mostrado competência em O Cheiro
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COTIDIANO
CINEMA NOVO E PORNOCHANCHADA MADE IN BRAZIL Engana-se quem pensa que emprestamos toda a nossa técnica dos filmes de outros países. Ao longo da história, o Brasil construiu duas escolas de cinema que são estudadas até hoje em outras línguas.
atuais.Alguns dos cineastas mais expressivos dessa escola foram Glauber Rocha, Ruy Guerra e Cacá Diegues. Menos comprometidos com o papel social e direcionados às massas, os filmes da Pornochanchada contavam com influências da Chanchada (comédias musicais produzidas entre as décadas de 1940 e 1950) e certas doses de erotismo. O termo “pornô” se
à influência de Hollywood na indústria nacional. Conhecido
refere à classificação dada pelos censores, porque nem tinha
pelo slogan “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, foi
tanta sacanagem assim. De qualquer forma, eles eram comédias
a primeira escola a abordar de forma mais incisiva a pobreza
mais safadinhas que levaram muita gente às salas de cinema e
do Brasil. Apesar de ter enfraquecido ao longo dos anos, ainda
muitas aspirantes a atriz ao estrelato. Sabe a fase obscura da
percebe-se a influência do Cinema Novo na temática dos filmes
carreira da Xuxa? Então...
Fotos divulgação.
Influenciado pelo Neorrelismo italiano e pela francesa Nouvelle Vague, o Cinema Novo surgiu como um questionamento
BOX OFFICE BRASIL – 10 MAIORES BILHETERIAS NACIONAIS FILMES
PÚBLICO
FILMES
PÚBLICO
1. Tropa de Elite 2 (2010)
11.192.781
6. Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia (1977)
5.401.325
2. Dona Flor e seus dois maridos (1976)
10.735.524
7. Dois Filhos de Francisco (2006)
5.317.949
3. A Dama da lotação (1978)
6.509.134
8. Os Saltimbancos Trapalhões (1981)
5.218.574
4. Se eu fosse você 2 (2009)
6.137.345
9. Os Trapalhões na Guerra dos Planetas (1982)
5.089.869
5. O Trapalhão nas Minas do Rei Salomão (1977)
5.786.226
10. Os Trapalhões na Serra Pelada (1982)
5.051.963 Fontes: Ancine e Filme B
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COTIDIANO
EVA.
POR BRUNO VINÍCIUS O inimigo. Deve ser esse o pensamento que ela tem sobre
familiares: escorpiões, carrapatos e ácaros.
mim quando me vê chegando com a toalha em mãos, pronto
- Eva, eu sou apenas um escritor de coisas corriqueiras. Já
para tomar banho – faço isso com frequência e higiene, disso
você é bem mais importante, chegando a produzir teias 5 vezes
ela não pode falar. Confesso que já dormi algumas noites,
mais fortes do que aço do mesmo diâmetro, e que podem esticar
muito raríssimas, sem tomar banho, mas prefiro que ela pense
4 vezes mais que seu comprimento inicial. Minhas crônicas não
que tomei em outro lugar. Tenho certo sentimento de amizade
esticam tanto assim!
por esta aranha, que não sai de perto do chuveiro. Fez sua casa
Não sou um especialista em Aracnologia, mas suspeito
próxima à janelinha, enfeitada com teias e pó. O que para ela
que vocês tenham sentimentos. Mas, desta vez, preciso ignorá-
é um lar para muitos mosquitos é uma armadilha, já vi vários
los e vencer o drama. Numa chinelada só, Eva. Preciso dizer
morrendo enquanto me banhava; a freqüência é tanta que me
adeus. Pafttt!
considero um especialista em óbitos “mosquitais”. Já deveriam ter inventado faculdade desse tipo. Ela é pequena, não assusta ninguém, mesmo pessoas sem roupa, que aparentemente estão mais vulneráveis e parecidas com Adão. O nome dela é Eva. Ela não tem as pernas finas como a maioria de seu habitat, eu também não tenho a perna grossa como espera a maioria das mulheres. Tenho adiado o dia em que terei de matá-la. Questão estética. Visitas jamais entenderiam a presença de Eva em meu banheiro, que não é assim nenhum jardim do Éden. Poderia apenas jogá-la fora, como a gente faz com lixo na quinta-feira, mas receio que ela já tenha se acostumado com a temperatura agradável do meu banheiro, e, também, hoje não é quinta-feira. Não posso negar que passamos bons momentos juntos. Eva e eu. Houve dias em que, feliz, frente a um amor que nascia, cantei. Sei que Eva cantou também, em “araquinês” – língua oficial da Aranhanábia, país que deu origem a todos os aracnídeos que existem no hemisfério sul. Sei que ela não gosta muito dessa definição, mas não tenho como negar: Eva é um bicho com coração de gente – ela deve pensar que eu sou gente com coração de bicho. Tanto faz. As aranhas são humildes, porque mesmo seu corpo tendo apenas duas partes (cefalotórax e abdômen) nunca as vi reclamando ou tentando criar antenas. Já nós, humanos, não cansamos de tentar criar asas, e se não conseguimos corporalmente, fazemos isso de forma lúdica, dando asas à imaginação! Não sei se a Eva se dá bem com os outros membros da família, se conversa com alguém ou até tem um de mais apreço. Prefiro não saber. Mas nem tudo, incluindo meu banheiro, é corde-rosa, e lagartixas rondam pela noite, e minha mãe faz faxina pelo dia. Quando a encontrar sei que a matará com firmeza que até então não tive. “Uma simples aranha, ora!”. Às vezes, contrariando o Greenpeace, passo bastante tempo embaixo d’água, lembrando e sentido saudade de um amor que se foi ou de um tempo bom que passou. Imagino que Eva também sinta saudade, se não de um amor, talvez de seus
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COTIDIANO
SEM LUZ
PARA SE LER NA MELANCOLIA DE UM AMANHECER CINZENTO AO SOM DE TOQUINHO E VINICIUS. POR BRUNNA ZURLO - Espera aí. Aonde você vai?
Sabe, eu também não tenho jaquetas quentes pra um dia frio
- Vou passar a tarde em Itapuã.
como hoje. Todo esse frio não é comum por aqui. Imagina pegar
- Nossa, cara. Mas Itapuã é longe, você vai ter que pegar a BR,
a moto e...
e tá frio. Tá frio mesmo, não tô de brincadeira. Tu sabes bem como
- É que eu nunca fui a Itapuã.
sou resistente pra essas coisas. Não sou que nem a galera daqui
- Ah, mas tu não perdes nada. Sério. Não é tão bonito assim.
que dá qualquer ventinho e já tá vestindo outro casaco. Olha,
Num dia meio nublado e meio frio como hoje, vais é achar tudo
já não é cedo e se não esquentou até agora só tende a piorar.
meio sem graça. Não vais conseguir ver nem a beleza do lugar, ou,
Você vai chegar só lá pelas três da tarde e logo vai anoitecer.
pensando bem, a pouca beleza que tem por lá. Tem uns cachorros
Fica mais frio ainda quando anoitece, e tu nem vai conseguir
largados pelas calçadas e, da última vez que eu fui, vi até um
aproveitar bem o lugar. Eu, se fosse você, deixava essa ideia de
daqueles...
lado. Tem tanto lugar bacana aqui pertinho e eu podia até ir
- Tá, tá. Depois. Agora eu to indo passar a tarde em Itapuã.
junto. Podia pegar o carro. Acho que tu vais é congelar com essa
- Pra quê?
jaqueta fininha. Já não mandei comprar uma jaqueta decente? Tá, que jaqueta nenhuma seria boa o suficiente nesse frio todo, né?
- Pra ver o sol que arde em Itapuã. Sabe como é... Tô precisando muito de luz nessa vida.
Compra umas blusas de lã. Lã sempre funciona bem nesse frio. Fotos divulgação.
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ilustração por RAFAEL HOFFMANN | www.rahmaprojekt.com
COTIDIANO
JIVERLI, BRASIL POR ANDREAS PETER
Beograde, Klub Gradana Beograda. Chego ao pub sozinho, em
Estive numa festa na residência oficial do Embaixador
minha primeira noite na capital da Sérvia. Lugar lotado. Muita
Brasileiro na Sérvia - cheio de histórias e colecionador de álbuns
fumaça. Avisos lembram que não se pode fumar, mas quase todos
de bossa nova. Em meio a bossas e conversas, ele me contou que
fumam. E bebem Rakia, uma espécie de cachaça dos Balcãs. Vou no
durante a recente guerra entre Sérvia, Croácia e Bósnia, várias
embalo e peço uma de ameixa. Como não tenho com quem brindar,
embaixadas em Beograde foram invadidas por manifestantes,
proponho a menina do bar que brinde comigo. Atenciosa, Katarina
menos a embaixada brasileira. Somos uma nação muito querida
me ensina o cerimonial do copinho antes de beber... e... Jiverli.
no Leste Europeu.
Sento ao balcão e conheço duas figuras locais, produtores de
Ainda na Sérvia, fui à Mokra Gora, pequena cidade onde rola,
novelas. Comentam sobre a qualidade das produções brasileiras,
todo ano, o Küstendorf Film and Music Festival. Uma semana com
mas se empolgam mesmo é com a música:
filmes alternativos de todos os cantos do mundo e muita música
- Você conhece Bossacucanova? - um deles me pergunta.
boa. Após uma sessão de curtas mexicanos, um dos diretores, o
- Sim.
prestigiado ator Gael Garcia Bernal, conversa com a plateia. Cita
- Uma das melhores coisas do Brasil é a música, o outro emenda.
o cinema brasileiro como um dos seus preferidos, e os diretores
Eles eram informados sobre o Brasil. Que a economia caminha
Fernando Meirelles e Walter Salles como dois dos mais talentosos
mais estável, que existe cinema de qualidade e que as mulheres são tão lindas quanto as Sérvias!
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com quem já trabalhou.
COTIDIANO
TREM PARA ZAGREB
arde nos olhos. Chego de trem e procuro um táxi. Roberta, a garota que viajava ao meu lado desde Viena, me oferece carona. Recusa
Zagreb, perto do meio-dia. Caminho pela Pavla Radića, sentido Ban Josip Jelacic Square, um espaço que divide a cidade alta da cidade baixa, região central da capital croata. Uma grande praça cercada por prédios antigos e – claro! - um herói sobre o cavalo, erguendo sua espada.
os 10 Euros que saco da carteira para ajudar a pagar a condução. - Guarde o dinheiro, brasileiros são sempre bem-vindos por aqui. A noite cai às 4 da tarde. Vou para o hostel beber um chá quente. No saguão cheio, conheço Marcel, um guitarrista que faz
Embarco no tram rumo ao parque de Maksimir, nos arredores.
parte do staff. Em meio a mapas e dicas de passeios, ele me mostra
Percebo que esqueci o mapa e peço ajuda a uma garota. Descubro
clipes de sua banda. O mais cru metal berrado do leste europeu.
que seu nome é Josipa. Pergunto sobre o parque, e quando digo que
Chega minha vez de apresentar a musicalidade brasileira. Começo
sou brasileiro seus olhos brilham e ela resolve me acompanhar.
com Pata de Elefante, emendo Marcelo D2 e, quando chega a hora
Caminho contemplando o ambiente, as peculiaridades, a vida
de um de nossos gênios, alguém com inglês de sotaque carregado
daquele local. Ela ouve o álbum da banda Fino Coletivo no meu
grita, do outro lado da sala:
player. Curte o som. Comando o iPod, misturo samba de raíz, Manguebeat e Lenine. Sentamos para um café. Digo que é minha primeira vez no Leste Europeu e que passei pela Sérvia. - Sérvia?! (você tinha que ter visto a expressão indignada dela). Mas o que você foi fazer naquele lugar?
- Isso aí é música brasileira, isso é Tom Jobim! Esse alguém era um grafiteiro húngaro, que, além de uma lista considerável de música brasileira em seu player, é fã dos Gêmeos. Minha viagem pelo Leste Europeu prosseguiu por mais alguns países. Na Eslovênia conheci franceses que cantavam MPB na
- Tenho amigos de lá, fui visitá-los.
noite. Na Bósnia, cruzando uma ponte milenar sobre o rio Drina,
O tom amigável e gentil da croata mudou. Questões étnicas,
conversei com duas cineastas bielo-russas que diziam que Cidade
políticas e a guerra resultante viraram assuntos. E à medida que
de Deus e Estômago estão entre seus filmes preferidos. E tantas
ela falava, hiperativa, eu visualizava as crateras abertas pelos
outras pessoas que me abordavam para falar das belezas naturais,
TomaHawk americanos, expostas até hoje. Grandes feridas abertas
da comida e da fama de hospitaleiro do nosso povo. Muito além de
pela intolerância. Lembro de casa.
futebol e carnaval, estamos em alta nos Balcãs.
- Talvez o melhor do Brasil seja existirem todas as ascendências, sotaques, cores, culturas e credos. E todos vivermos em paz. Bratislava, capital da Eslováquia. 18 graus negativos, neve que
Fui recebido sempre com muito respeito e tenho a convicção de que o fato de ser tupiniquim me ajudou muito. E se viajar pelo mundo é bom, viajar sendo brasileiro é sensacional!
Fotos: Andreas Peter
Em sentido horário: . Tram em Zagreb; . A noite de Bratislava; . Workshop com Gael Garcia Bernal e Gerardo Naranja, Küstendorf 2011; . Blumenau marca presença na odisséia Küstendorf.
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COTIDIANO
DUFF BEER Teor Alcoólico: 4,7% Com base na cerveja icônica da série de TV de maior duração na história de scripts, esta cerveja é ideal para superfãs e relaxados e descuidados inspetores de segurança nuclear. Você deve apreciá-la no seu lugar favorito.
VODKA ABSOLUT Criativa ou não , as garrafas da Absolut sempre conseguiram criar uma vibração entre os amantes de vodka. Essa é mais uma das belas garrafas colecionáveis, mesmo depois de terminar aproveitando o espírito contido. Desta vez Absolut teve Jamie Hewlett para projetar a nova garrafa Absolut Londres. Edição limitada com apenas 50 garrafas, para destacar o espírito e design abrangendo os 200 anos.
VINHO MOTÖRHEAD SHIRA Z Quem teria acreditado que Motörhead roqueiros durões, um dia iriam dar o seu nome para algo tão maduro e civilizado como o vinho? Bem, não nós. Mas não há como negar que Motörhead Shiraz é uma mistura do clássico estilo icônico da banda com um vinho que é tão rico e deliciosa com pratos de carne ou queijos. Despeje-se uma medida generosa e aumente a sua taça de rock.
FEDERAL SUPPLEMENT Que tal um livro para incluir um whisky escondido top de 250 ml importado da Itália?
TODK A VODK A Teor Alcoólico: 26% Inteligentemente mistura de caramelo com vodka faz o gosto geralmente forte se tornar suave. É ótimo para uma rodada de shooters, mas vai igualmente bem com cerveja de gengibre, ou até mesmo misturado em um milkshake. Deliciosamente suave, caramelo banoffee e vodka com sabor de avelã. Made in Newquay, Cornwall.
GOUDEN CAROLUS CLASSIC Teor Alcoólico: 8,5% Cerveja elaborada na cidade de Mechelen, Bélgica, desde 1369. Produzida com ingredientes nobres e com lúpulos apenas de origem belga. Possui uma cor vermelho rubi, sendo muito saborosa. Seu colarinho é cremoso e denso, de cor bege. Tanto no aroma quanto no paladar, percebe-se notas de café, malte torrado e chocolate misturado com baunilha. A sensação, ao degustar, é um pouco aveludada, com uma textura cremosa e densa. No final, fica um paladar levemente amargo, predominando o café.
82 | WAZAP
Fotos divulgação
BONS DRINKS
ÂŽ
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