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Ministrando para um Cônjuge Enlutado
POR AUDREY ANDERSSON
Como indivíduos, fomos criados para viver um relacionamento com Deus e uns com os outros. O casamento é uma das expressões de relacionamento mais íntimas e belas. Quando esse vínculo é quebrado pela morte, a vida muda irrevogavelmente para o cônjuge sobrevivente. A morte pode ocorrer após uma vida longa e feliz, após uma doença, ou repentinamente, sem qualquer aviso. No entanto, quando chega as pessoas raramente estão preparadas para ela. Infelizmente, não existe um manual do luto, que nos ensina a maneira certa de vivenciar o luto, ou o que dizer e fazer em tempos de perda significativa. O fato é que cada um se relaciona de maneira diferente com a morte e vivencia o luto do seu próprio jeito. Parte disso será determinado pela cultura, pelas circunstâncias e quando a morte acontece. Em junho de 2020, o Ministério de Possibilidades Adventista criaou uma nova unidade de recursos: a força-tarefa para enlutados que perderam o cônjuge, refletindo o mandato bíblico de cuidar dos enviuvados. A maioria dos enlutados são mulheres. Os homens também experimentam a perda da esposa e não devem ser esquecidos ao considerar como cuidar dos enlutados. Eles têm necessidades bem distintas e diferentes das viúvas. O objetivo da força-tarefa é fornecer recursos para as igrejas locais que desejam ministrar com mais eficácia às pessoas que sofreram a perda do cônjuge. Embora os recursos se apliquem a este grupo, muitos serão relevantes para pessoas que experimentaram outros tipos de perdas significativas e luto. Estes recursos podem ser acessados em https://www.possibilityministries.org/. É difícil saber como apoiar o cônjuge enlutado enquanto ele reage à sua perda e segue em frente. O sentimento de impotência ao enfrentar a morte é comum. Os consoladores muitas vezes se
sentem desconfortáveis porque não sabem o que dizer ou como interagir. Existem passos simples que podem ser úteis. As seguintes estratégias são compartilhadas da perspectiva da perda do cônjuge.
ESTAR PRESENTE
Dependendo das circunstâncias de vida de uma pessoa, pode haver membros da família que estarão fisicamente presentes imediatamente após a morte. É importante entrar em contato com a pessoa e informar que você está à disposição. Se não tiverem família, certifique-se de que sabem que há pessoas que podem estar com eles quando necessário. Esta não é uma atividade única, mas algo que deve ser repetido em intervalos regulares, para que a pessoa saiba que não está sozinha. Muitos podem pensar nisso depois da morte e antes do funeral, mas é igualmente, se não mais importante, depois do funeral. Também é importante lembrar que a pessoa enlutada pode precisar de um tempo sozinha. Prover espaço também pode ser tão importante quanto estar presente.
OUVIR
Algumas culturas têm a tradição de sentar-se com o cônjuge enlutado e deixá-lo contar a história da pessoa, sua vida e sua morte. O mundo ocidental parece ter perdido essa arte, ouvir a pessoa enlutada falar da pessoa que morreu, sua perda, seus temores, seu futuro. A lista pode ser extensa. É fácil sentir que nós, que pensamos com mais clareza e fora da bolha do luto, sabemos o que é melhor para os enlutados. Nós não sabemos! Resista à tentação de cutucar, empurrar ou guiar, apenas ouça e apoie-os. A arte de ouvir pode ser curadora para os enlutados.
AJUDA PRÁTICA
No curto prazo, após um luto, pode ser necessário preparar refeições, levar a pessoa à casa funerária, ajudar no preenchimento de formulários. Existem muitas pequenas tarefas práticas que uma pessoa normalmente poderia fazer, mas ela pode precisar de ajuda para completá-las por causa do entorpecimento da perda e do luto. Quando alguém morre, pode haver tarefas de que alguém é capaz, mas não sabe como executá-las. A médio e longo prazo, encontre pessoas que possam ajudá-los a aprender o que precisa ser feito. Da mesma forma, haverá tarefas que eles não poderão realizar. Encontre alguém que possa ajudar. Três áreas comumente identificadas são finanças, tecnologia e segurança.
CONSTRUINDO PONTES
A perda de um cônjuge requer um período de ajuste e apoio. De repente, eles estão solteiros e sozinhos. Uma coisa que é particularmente difícil para muitos é ir à igreja sem o cônjuge. A família da igreja pode facilitar essa transição, com alguns passos simples:
• Oferecer-se para levar a pessoa à igreja • Convidar com antecedência para sentar-se com você • Em igrejas menores, onde todos se conhecem, os diáconos podem sugerir sensivelmente ou levar a pessoa a sentar-se com alguém • Uma ideia criativa adotada pela Igreja Adventista do Sétimo Dia de Sligo, em
Takoma Park, Maryland, é dar um pequeno broche, um tipo de crachá, para pessoas enlutadas e convidá-las a usá-lo na igreja. Esta é uma maneira discreta de informar aos diáconos que essa pessoa pode exigir alguns cuidados extras1.1
OCASIÕES ESPECIAIS
As tradições familiares variam. Algumas famílias têm grandes festas de aniversário; para outros, é o dia do Nome, dia de Ação de Graças ou Natal. Descubra quais eram as tradições da família, anote o aniversário da morte da pessoa, seu aniversário e faça contato nessas datas especiais. Embora o cônjuge que ficou possa estar muito sensível nessas ocasiões, saber que não se está sozinho ao se lembrar de seu ente querido diminuirá a sensação de perda.
COMPARTILHAR MEMÓRIAS E USAR SEU NOME
Quando alguém morre, há uma tendência de não mencioná-lo pelo nome, dizendo "sua esposa" ou "seu marido". Frequentemente, isso é feito por respeito ou medo de causar dor. Se o cônjuge menciona seu nome, pode haver um silêncio constrangedor, pois os outros não têm segurança de como reagir. Referindo-se a ele pelo nome, afirma-se que era real e que sua vida era importante. Compartilhar memórias pode proporcionar um conforto inimaginável. Nenhuma das opções acima é complicada ou cara. Quando colocadas em ação, elas podem aliviar a dor da perda, encorajar os enlutados e ajudá-los na transição para uma nova fase da vida.
NOTAS
1 A Igreja Adventista do Sétimo Dia de Sligo desenvolveu um ministério para aqueles que passam por luto devido à perda do cônjuge ou enfrentam o divórcio ou demência e que pode ser replicado em outras igrejas. Mais detalhes podem ser encontrados em: https://heartlifters.org/