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ARTIGOS REIMPRESSOS

HOMENS? VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA?

POR WILLIE OLIVER

O OUTRO LADO DE UM PROBLEMA SÉRIO

A violência doméstica (VD) se refere a uma mistura abrangente de atos violentos perpetrados por um membro da família contra outro. Frequentemente, descreve maus-tratos a uma criança, cônjuge, parceiro íntimo ou outro membro da família e pode incluir ferimentos físicos, intimidação, bem como abuso verbal, psicológico e sexual. A principal diferença entre VD e outras agressões é a relação entre a vítima e a pessoa responsável pelo abuso.

FOCO DO PROBLEMA

Embora as vítimas de VD sejam principalmente mulheres, um número notável de homens também sofre abuso físico, mental e sexual em relacionamentos domésticos heterossexuais e do mesmo sexo. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças sugere que a vitimização masculina é um problema significativo de saúde pública. Dados de sua ampla pesquisa nacional anual sobre violência por parceiro íntimo1 mostram que durante suas vidas: • aproximadamente um em cada 10 homens (9,6 por cento da população masculina – cerca de 10,6 milhões de homens) experimentou coerção sexual (por exemplo, sendo molestado por alguém que pediu sexo repetidamente; pressão sexual por causa de alguém usando sua

influência ou autoridade); • aproximadamente 20 milhões de homens relataram contato sexual indesejado (por exemplo, passar as mãos); • cerca de 2 milhões de vítimas masculinas de estupro concluído ou tentativa de estupro relataram que sua primeira experiência ocorreu antes dos 25 anos; • muitos homens vivem com medo hoje: um em cada 17 homens nos Estados Unidos (6,4 milhões) foi vítima de perseguição (assédio, intimidação, etc.), aproximadamente 41 por cento daqueles antes dos 25 anos e quase 13 por cento antes dos 18 anos; • nos Estados Unidos, um em cada três homens (33,6 por cento, ou 37,3 milhões) sofreu violência sexual de contato, violência física e/ou perseguição de um parceiro íntimo; para 14,9 por cento, a experiência constituiu violência física grave; • mais de um terço dos homens (34,2 por cento ou 28,1 milhões) sofreu agressão psicológica de uma parceira íntima.

SURPREENDENTE, TALVEZ

Dados sobre a atividade sexual quando o consentimento não é obtido ou dado sem reservas podem gerar sua própria surpresa quando se reconhece que 82 por cento das vítimas masculinas de coerção sexual relataram apenas perpetradores do sexo feminino, e 53 por cento das vítimas masculinas de contato sexual indesejado relataram apenas perpetradores do sexo feminino. A agressão feminina também é documentada em dados sobre perseguição (assédio repetitivo, desencadeando medo ou preocupações com a segurança), em que 46 por cento das vítimas do sexo masculino relataram ter sido perseguidas apenas por perpetradores do sexo feminino.

PROPÓSITO DESTE FOCO

Trazer a atenção para os números da agressão feminina não pode, com algum esclarecimento, ser visto como um abrandamento da realidade das taxas ultrajantes de violência doméstica contra as mulheres a cada ano, muito mais altas do que para os homens. Em vez disso, pretende-se iluminar uma discussão em expansão: é importante reconhecer que qualquer pessoa pode se tornar uma vítima da violência doméstica, que todos merecem ter acesso à proteção e que todos nós devemos fazer nossa parte para mitigar essas realidades. As congregações adventistas devem trabalhar com o objetivo de tornar nossas igrejas espaços

seguros.

As vítimas masculinas de violência doméstica, assim como suas contrapartes femininas, sofrem de grande ansiedade e insegurança antes de obter assistência. Eles têm medo de encerrar tais relacionamentos porque foram isolados de amigos e familiares, intimidados, controlados ou fisicamente e emocionalmente abatidos. Além disso, suas crenças religiosas geralmente exigem que fiquem com o cônjuge. Eles têm medo de que seus agressores os machuquem se denunciarem a

situação. Além disso, muitos vivem em negação sobre o que está acontecendo e acreditam que seus parceiros são boas pessoas que acabarão mudando se eles orarem bastante.

O QUE FAZER?

Quanto mais compreensão houver sobre a questão da violência doméstica, mais fácil será para as comunidades frearem a violência antes que ela comece. Além disso, os homens em relacionamentos abusivos precisam saber que não estão sozinhos e que essa experiência acontece independentemente de cultura, raça, ocupação ou status socioeconômico. Como a violência doméstica pode ter graves consequências físicas e emocionais para qualquer vítima, a primeira coisa que as vítimas podem fazer para se proteger e impedir o abuso é buscar ajuda. Eles devem estar dispostos a falar com um amigo, familiar, pastor, conselheiro ou alguém mais de sua confiança, ou ligar para um telefone de vítimas de violência doméstica. Reconhecer o problema e procurar ajuda não significa que a vítima falhou como homem ou como marido. Na verdade, compartilhar a realidade de seu abuso com a pessoa certa começará a oferecer a assistência muito necessária e uma sensação de alívio. Ao ler este conteúdo em uma publicação confessional, muitos podem pensar que tais abusos e violência podem estar ocorrendo longe de sua comunidade espiritual, certamente não em algum local perto deles, ou, Deus os livre, em sua congregação. Pode ser mais fácil questionar a confiabilidade e validade da pesquisa, e empurrar esses pensamentos revoltantes para o fundo de suas consciências, do que pensar sobre o que pode ser feito para tornar deliberadamente suas congregações em espaços seguros para as vítimas e ajudar os perpetradores a encontrarem transformação por meio da aceitação, cura e mudança. Como discípulos de Jesus, nossa tarefa é ser as mãos, os pés e o coração de Jesus para um mundo ferido por vitimização de todos os tipos. Afinal, o próprio Jesus, citando Isaías 61:1 das Escrituras hebraicas, declarou: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos” (Lucas 4:18).2 As congregações adventistas devem trabalhar com o objetivo de tornar nossas igrejas espaços seguros onde as vítimas possam compartilhar sua dor e ser ouvidas, e os abusadores possam falar sobre sua doença e encontrar apoio e cura. Como a igreja primitiva, nós também podemos surpreender os espectadores por sermos uma comunidade tão dedicada ao cuidado mútuo que pode ser verdadeiramente dito: "tudo, porém, lhes era comum” (Atos 4:32).

NOTAS

1 National Intimate Partner and Sexual Violence Survey: 2015 Data Brief. 2 Textos bíblicos creditados à versão Almeida Revista e Atualizada.

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