Revista Siderurgia Brasil

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Expediente

Editorial

A Reforma quase passou. E agora?

Edição 134 - ano 20 Julho/Agosto 2019 Siderurgia Brasil é uma publicação de propriedade da Grips Marketing e Negócios Ltda. com registro definitivo arquivado junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial sob nº 823.755.339. Coordenador Geral: Henrique Isliker Pátria Diretora Executiva: Maria da Glória Bernardo Isliker

HENRIQUE ISLIKER PÁTRIA EDITOR RESPONSÁVEL

TI: Vicente Bernardo Consultoria jurídica: Marcia V. Vinci - OAB/SP 132.556 mvvinci@adv.oabsp.org.br Editor e Jornalista Responsável: Henrique Isliker Pátria - MTb-SP 37.567 Repórter Especial: Marcus Frediani MTb:13.953 Projeto Editorial: Grips Editora Projeto Gráfico: Ana Carolina Ermel de Araujo Edição de Arte / DTP: Ana Carolina Ermel de Araujo Capa: Criação: André Siqueira Fotos: Montagem de André Siqueira com fotos da Shutterstock Impressão: Ipsis Gráfica e Editora A opinião expressada em artigos técnicos ou pelos entrevistados são de sua total responsabilidade e não refletem necessariamente a opinião dos editores. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS Rua Cardeal Arcoverde 1745 – conj. 113 São Paulo/SP – CEP 05407-002 Tel.: +55 11 3811-8822 grips@grips.com.br www.siderurgiabrasil.com.br Proibida a reprodução total ou parcial de qualquer forma ou qualquer meio, sem prévia autorização.

B

Boa parte dos brasileiros respirou aliviada quando, em sessão histórica, o painel da Câmara dos Deputados registrou 379 votos favoráveis à Reforma da Previdência, com 71 votos a mais do que o necessário. Agora, faltam as emendas e a passagem pelo Senado, que são etapas obrigatórias. Porém, ao que tudo indica, etapas superáveis, que, com ajustes e negociações, devem ser rapidamente concluídas. O governo tenta mitigar desconfianças e várias atitudes positivas já aconteceram. Mas, aqui no “varejinho” da economia, continuamos sofrendo com a falta de um mercado pulsante e ativo. As novas injeções de recursos anunciadas, entretanto, prometem iniciar uma recuperação mais rápida e sólida. Nesta edição da revista Siderurgia Brasil, que circula com o status de “Mídia Oficial” do Congresso Aço Brasil – evento que promete se aprofundar na discussão dos temas acima referendados –, a questão da tão esperada retomada do desenvolvimento é apresentada ao longo de várias entrevistas e matérias. Entre elas, destacamos a reportagem elaborada a partir dos dados fornecidos por Marco Polo de Mello Lopes, presidente executivo do Instituto Aço Brasil, bem como a entrevista exclusiva, repleta de entusiasmo e esperança, gentilmente

concedida por Sergio Leite, presidente da Usiminas e do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil, e, ainda, a análise crítica e as recomendações grafadas pelo jurista e professor Ives Gandra da Silva Martins, uma das mais respeitáveis personalidades atuais, tanto no Brasil quanto no mundo. Complementarmente, chamamos a atenção de vocês também para a análise do especialista no mercado de capitais, Pedro Galdi, valoroso parceiro da revista Siderurgia Brasil, que, como de hábito, sempre nos apresenta com precisão e isenção o cenário atual de oportunidades do setor siderúrgico, visto pelo prisma do mercado de capitais. E não poderíamos deixar de enfatizar a presença nesta edição da revista, do rico conteúdo técnico relacionado à indústria do aço, traduzido com a publicação da segunda e última parte do interessante artigo sobre a utilização de aços especiais na arte da Cutelaria. Por fim – e nem por isso menos importante – destacamos em nossas páginas as estatísticas e as principais notícias que estão movimentando o setor. Continuamos abertos para receber suas manifestações, sejam elas elogios, críticas ou sugestões, pois vocês, nossos leitores, são a razão de nossa existência. Então, boa leitura!

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Índice de matérias

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EDITORIAL A Reforma quase passou. E agora?

CONGRESSO DO AÇO • Ainda correndo atrás da retomada • Positivo e Operante • A siderurgia continua andando de lado • O aço, o Brasil e o mundo

O mercado de ações e a siderurgia

Interferências indesejadas

ARTIGO TÉCNICO Aços Utilizados na Cutelaria – Eng Antenor Ferreira Filho

ESTATÍSTICAS

VITRINE

ANUNCIANTES

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MERCADO DE CAPITAIS

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FUTURO

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Ainda correndo atrรกs da retomada

Congresso do Aรงo

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Setor do aço no Brasil tem poucos motivos para comemorar os resultados do primeiro semestre de 2019. Mas, ainda assim, procura manter o otimismo na retomada da economia nacional e anuncia investimentos de US$ 9 bi no país nos próximos cinco anos. Marcus Frediani

“A Foto: Tadeu Sakagawa

“A paralisia dos mercados e da economia resultou em um semestre muito ruim, frustrando todas as expectativas do setor produtivo. O índice de confiança dos empresários reduziu desde o início do ano e, consequentemente, as perspectivas de crescimento também. Ainda assim, estamos com um otimismo maior em relação ao segundo semestre, apoiados na retomada do setor econômico nacional.” Assim, curto e grosso, com essas três frases lacônicas e nada animadoras, Marco Polo de Mello Lopes, presidente executivo do Instituto Aço Brasil, resumiu o cenário atual do mercado de aço no Brasil, durante coletiva de Imprensa convocada pela entidade no último dia 25 de julho, em São Paulo para anunciar os resultados do setor no primeiro semestre de 2019. As más notícias, entretanto, não chegam a ser nenhuma novidade. Afinal, em evento semelhante para os jornalistas realizado no dia 21 de janeiro para divulgar os dados relativamente positivos da

indústria siderúrgica brasileira em 2018. Só para relembrar, à época foram computados +1,1% na produção de aço bruto; 3,3% a mais do que no ano anterior na produção de laminados; vendas no mercado interno 8,2% superiores a 2017; e 7,3% de aumento no consumo aparente nacional de produtos siderúrgicos no mesmo comparativo. E já naquele encontro de janeiro, o mesmo Marco Polo alinhava uma série de elementos condicionantes para o crescimento do setor no ano de 2019 que se iniciava, tais como a retomada dos investimentos na construção civil e em infraestrutura, o fomento às exportações e, ainda, as correções das assimetrias competitivas face à perspectiva de maior abertura comercial do país que já se insinuava em Brasília. Contudo, à época, o cenário parecia animador com a chegada do novo governo e a perspectiva das reformas para melhorar o ambiente de negócios para os grupos nacionais. “Com as expectativas otimistas em relação às medidas que

estão sendo anunciadas pelo futuro governo, as previsões do Instituto Aço Brasil para 2019 são de aumento das vendas internas de aço em 5,8%, totalizando volume de 20 milhões de toneladas. O consumo aparente de aço deverá subir 6,2% em 2019, indo para 22,4 milhões de toneladas”, projetava, na ocasião, o presidente executivo do Aço Brasil. Só que o tempo passou, muito pouca coisa boa aconteceu na economia brasileira, e o otimismo “miou”. “Consumo de aço e desenvolvimento econômico são indissociáveis, e a paralisia do mercado afeta diretamente o setor”, destacou o presidente executivo do Aço Brasil. Resultados e revisões Como resultado direto disso, a produção brasileira de aço atingiu 17,2 milhões de toneladas no primeiro semestre de 2019, o que representou uma queda de 1,4% em relação ao mesmo período de 2018. Já as exportações somaram 6,7 milhões de toneladas, performando uma

Consumo de aço e desenvolvimento econômico são indissociáveis, e a paralisia do mercado afeta diretamente o setor Marco Polo de Mello Lopes, presidente executivo do Instituto Aço Brasil

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Congresso do Aço

queda de 2,4% no quadro das estatísticas da indústria brasileira do aço. O lado positivo da coisa (se é que existe alguma coisa para comemorar nessa história) foi o pífio crescimento de 1,3% nas vendas internas, que bateram nas 9,2 milhões de toneladas nos seis primeiros meses do ano, além do recuo nas importações – fato esse também previsível face à atual pasmaceira que rondou a retomada do crescimento da economia e o desempenho da indústria brasileira do aço no primeiro semestre do ano – que ficaram praticamente estáveis, totalizando 1,3 milhões de toneladas, recuo de 0,6%. Ato contínuo, o Instituto Aço Brasil revisou suas expectativas para o ano de 2019. Ao final do mês de dezembro, a entidade espera um aumento das vendas internas em 2,5%, para 19,4 milhões de toneladas. Já a produção de aço deve se manter estável, com leve alta de 0,4%, totalizando 35,6 milhões de toneladas. Enquanto isso, o consumo aparente de aço deve subir 2,1% este ano.“Para as exportações, a expectativa é que as vendas caiam 7,3% este ano na comparação com 2018, face às condições adversas do mercado internacional e à perda de competitividade das empresas devido, principalmente, à cumulatividade dos impostos na exportação”, afirmou Marco Polo. Aspectos “inspiradores” Embora a frustração com os resultados do primeiro semestre de 2019 seja

evidente, praticamente zerando a perspectiva de crescimento para a produção de aço bruto no país no ano, o Instituto Aço Brasil deixa transparecer alguma nuance de otimismo em relação aos resultados da indústria siderúrgica daqui até o final de dezembro. E o motor que move essa premissa é, novamente, a aceleração da economia brasileira e, notadamente, com a retomada dos investimentos na construção civil e em infraestrutura, assim como nos projetos do setor de óleo e gás, nos quais a participação brasileira precisa ser estimulada, a fim de que se possa, pelo menos virtualmente, incentivar o consumo de aço no país. Em adição a esses tópicos, o Instituto Aço Brasil lista prioridades da indústria nacional como as correções internas miradas na regularização do abastecimento de minério de ferro e pelotas, a fim de conferir mais previsibilidade na produção ao setor. Dessa pauta, constam, ainda, algumas reivindicações já bastante conhecidas endereçadas ao governo, tais como a correção das assimetrias competitivas e a necessidade de uma atenção maior às práticas predatórias de mercado, dotadas com maior eficácia no âmbito da defesa comercial. Complementarmente, além da iminente conclusão da Reforma Previdenciária, existem aspectos“inspiradores”no radar em torno de medidas relacionadas a avanços na sistemática de ajustes fiscais, na Reforma Tributária e, ainda, na aprovação de medidas pontuais por par-

te do governo, que melhorem as condições de competitividade da indústria de transformação. E, claro, a ausência de um mercado interno demandante amplia extrema e substancialmente a necessidade de a indústria brasileira do aço exportar mais.“O problema é como e em que condições isso será feito, principalmente em função do cenário siderúrgico internacional, que vive um momento de condições bastante adversas (Veja o quadro na pág. 10), somado à perda de competitividade das empresas brasileiras devida a fatores complicadores, como a cumulatividade dos impostos na exportação”, enfatizou Marco Polo. Em linha com a proposta do otimismo e da confiança na retomada do mercado brasileiro, o Instituto Aço Brasil anunciou na coletiva de Imprensa do dia 25 de julho, que a indústria siderúrgica nacional pretende injetar investimentos da ordem US$ 9 bilhões no país nos próximos cinco anos. Mas há um “porém”: a indústria brasileira do aço opera com 67% de sua capacidade instalada. Assim, com um nível de ociosidade superior a 30%, investir em aumento da capacidade instalada não faz sentido. Calculamos que para o setor retomar o patamar ideal de utilização da capacidade produtiva, que é de 85%, será preciso aumentar a produção em cerca de 9,3 milhões de toneladas. Só para constar, a estimativa do Aço Brasil é de que esse aumento de produção elevaria a oferta de emprego no setor em quase duas vezes e meia. “Assim, o investimento de US$ 9 bilhões será destinado, basicamente, à melhoria de produção, os produtos e da área ambiental, sem esquecer da capacitação profissional das pessoas que atuam no setor, principalmente considerando a necessidade desta tendo como pano de fundo a Indústria 4.0. E, embora a indústria de aço no Brasil se encontra no ‘estado da arte’, pronta para atender a qualquer aumento imediato de demanda, parte desses recursos, muito em função também da chamada ‘Quarta Revolução Industrial’, serão destinados a aperfeiçoamentos nas áreas de tecnologia e automação”, destacou o presidente executivo do Aço Brasil.

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Congresso do Aço

Enquanto isso, no mundo... O excesso de capacidade do aço no mundo caiu, como mostram os quadros ao lado, que resumem a comparação de seus números em 2017 e 2018. Contudo, a Bloomberg L.P., empresa de tecnologia e dados para o mercado financeiro e agência de notícias operacional em todo o mundo com sede em Nova York, publicou, no dia 1º de agosto, uma nota preocupante, por meio da qual o setor siderúrgico envia uma mensagem pessimista sobre uma economia mundial. Segundo o texto, o setor do aço, espinha dorsal dos segmentos de construção e transportes, amargou uma desaceleração da taxa de câmbio ao longo de 12 meses e teve suas perspectivas de crescimento global comprometida mais uma vez. A perspectiva se torna ainda mais sombria com o comunicado feito na mesma data pela ArcelorMittal, dando conta de que a demanda global pode ser mais fraca do que a esperada anteriormente, em função dos baixos preços de aço e dos altos custos das matérias-primas. Dessa forma, a ArcelorMittal cortou as previsões de crescimento global da indústria do aço para possíveis 0,5%, abaixo da cifra anterior, anunciada em maio pela própria companhia, que era de 1%. “As condições de mercado no primeiro semestre de 2019 foram muito difíceis”, afirmou à Bloomberg o CEO da ArcelorMittal, Lakshmi Mittal. Ele pediu que os reguladores europeus tomem medidas e limitem as importações de aço, dizendo que a indústria precisa criar “condições equitativas”. Ainda de acordo com a nota, uma das vantagens do negócio da ArcelorMittal é que uma empresa produz parte do minério de ferro utilizado na produção do aço. Os

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lucros da divisão saltaram 87% no segundo trimestre, o que ajudou a companhia a compensar a demanda pela liga. E o Citigroup disse que os resultados foram obtidos em linha com as expectativas, sendo que os objetivos devem ser aprimorados. A ArcelorMittal também sinalizou que pode vender até US$ 2 bilhões em ativos nos próximos dois anos, viabilizando, inclusive, par-

ticipações minoritárias, sem, contudo, gerar riscos de afetar o negócio principal. Enfatizando o momento difícil vivido pela indústria planetária do aço, segundo a nota da Bloomberg, a Nippon Steel, outra gigante do setor, também registrou em comunicado distribuído à Imprensa que “as companhias continuam sob pressão”.

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Congresso do Aço

Positivo e Operante Usiminas apresenta avanços nos resultados do segundo trimestre de 2019 em todas as suas unidades de negócios e se diz preparada para o futuro. Marcus Frediani

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da companhia atingiu R$ 576 milhões, com uma alta de 18% se comparado com o primeiro trimestre do ano, quando o Ebitda Ajustado ficou em R$ 488 milhões. A elevação é associada, principalmente, aos maiores volumes de venda de aço e aos maiores preços de minério de ferro e aço. No segundo trimestre, as vendas totais de aço da Usiminas somaram 1,1 milhão de toneladas, com alta de 5% em relação aos primeiros três meses do ano. Foram 949 mil toneladas comercializadas no mercado interno, registrando uma alta de 7,2% ante o 1T19. Já para

o mercado externo, foram 110 mil toneladas, cravando redução de 7,5% no comparativo com o trimestre anterior. A empresa vem concentrando todos os seus esforços para continuar apresentando resultados sólidos, uma vez que os indicadores recentes da atividade econômica no país seguem em ritmo abaixo das expectativas. A recuperação da economia continua lenta, mas, mesmo nesse cenário, a Usiminas registrou uma produção de laminados nas usinas de Ipatinga e Cubatão de 1,1 milhão de toneladas, com alta de 5% em relação ao primeiro trimestre. “A nossa busca

Foto: Usiminas/Divulgação

Na última sexta-feira de julho, dia 26, a Usiminas, gigante do setor siderúrgico nacional, divulgou os resultados de seus negócios realizados no segundo trimestre de 2019. Em síntese, os números da companhia apresentaram avanços em todas as unidades de negócios, encerrando o período com uma elevação de 125% no lucro líquido. Foram R$ 171 milhões entre os meses de abril a junho, ante um lucro líquido de R$ 76 milhões no trimestre anterior. No mesmo período, o Ebitda Ajustado consolidado (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações)

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é pela superação dos resultados, independentemente das dificuldades e da complexidade do cenário econômico”, destacou o presidente da Usiminas, Sergio Leite, no comunicado à Imprensa e ao mercado, na ocasião do anúncio. Sergio Leite gentilmente atendeu à reportagem da revista Siderurgia Brasil numa brecha de sua atribulada agenda, para falar um pouco mais sobre esses resultados mais do que animadores da empresa e responder a algumas perguntas endereçadas a ele pelos leitores da publicação. Confira o que ele disse e inspire-se, porque, segundo o presidente da Usiminas, o Brasil está no caminho da retomada de sua economia. Siderurgia Brasil: Sergio, como você avalia a repercussão do anúncio dos resultados da Usiminas no segundo trimestre de 2019? A repercussão foi muito positiva. Os números foram muito bem recebi-

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dos tanto pelos acionistas, quanto pelo mercado financeiro, pelas comunidades, pelos clientes e pela mídia. E a grande característica desses resultados foi que as nossas cinco empresas – Usiminas, Usiminas Mecânica, Soluções Usiminas, Mineração Usiminas e Unigal Usiminas – tiveram, todas, no segundo trimestre de 2019, um resultado melhor do que o trimestre anterior. Seguramente isso não se deu em função de algum fenômeno benfazejo do mercado, que ainda continua arisco para o aço. Como foi, então, que vocês conseguiram esse desempenho? Bem, no caso específico da mineração, houve um impacto no preço do minério. Mas, de forma geral, isso se deve ao esforço da equipe Usiminas em todas as empresas, sintetizado na busca da eficientização de todos os nossos processos. A siderurgia, que é nossa principal empresa, a controla-

dora do grupo, foi uma das principais alavancas desses resultados, com um desempenho excelente. Aumentamos o volume de produção e o volume de vendas e reduzimos o custo em cerca de 1%. Além disso, aumentamos o preço médio em cerca de 30%. Então, com essa conjunção de fatores, o resultado só podia ser positivo. Em entrevista concedida em abril, você afirmou que a tragédia de Brumadinho, embora tivesse repercussões negativas para o setor de mineração, não havia afetado a operação da Usiminas e que o abastecimento estaria garantido para 2019. Mas, de que forma isso gerou impacto para a empresa e nesse aumento de preços? A tragédia de Brumadinho teve um impacto humano, social, ambiental e econômico muito grande no Brasil inteiro, principalmente em Minas Gerais. E foi um impacto negativo muito forte.

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Foto: Usiminas/Divulgação

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A Indústria 4.0 e a transformação digital são uma realidade no mundo e, como não poderia deixar de ser, no Brasil também. Portanto, também são uma realidade para nós aqui na empresa. Sergio Leite, presidente da Usiminas

O aspecto de preço a que referi se deve ao mercado internacional, com a influência na produção de aço na China, que subiu 10%, de problemas enfrentados na Austrália, em função da operação nas minas de lá, e, claro, também do problema de interrupção de produção de diversas unidades da Vale durante o primeiro semestre do ano. Em paralelo a tudo isso, a Usiminas concluiu recentemente o processo de precificação de títulos representativos de sua dívida emitidos no exterior, no valor de US$ 750 milhões. Quais foram os termos dele? Por meio dessa operação, colocamos bonds no mercado internacional, especificamente em Nova York, mas envolvendo investidores no mundo inteiro. A operação é mais um avanço importante para a empresa, que está adequando seu perfil de endividamento às perspectivas de curto, médio e longo prazos, preservando as capacidades financeira e operacional da Usiminas. Estamos readequando nosso endividamento, optando por um formato mais vantajoso, garantindo, principalmente, o alongamento do perfil da nossa dívida e elevando a flexibilidade financeira da companhia. Esse é mais um passo na busca pela perenidade da Usiminas. Emitimos esses US$ 750 milhões, com prazo de sete anos, com uma situação

de juros de 5,875% ao ano. Foi uma taxa excelente. E a procura pelos nossos títulos foi muito grande. O que isso significa no plano de amortização da dívida bruta consolidada da empresa, que, segundo divulgado na Imprensa, era de R$ 5,5 bilhões no final de março deste ano? Essa operação se insere no seguinte contexto: nós, em 2016, em função daquele momento que vivenciamos, renegociamos a nossa dívida para um prazo de dez anos, com três anos de carência. Nós assinamos esse acordo em setembro de 2016, e o nosso compromisso era de começar a amortizar em setembro de 2019, portanto, o mês que vem. Mas, nesses três anos, em dezembro de 2017 já fizemos uma amortização da nossa dívida, em janeiro de 2018 fizemos uma segunda, em março de 2018 fizemos uma terceira, e, em março de 2019, fizemos uma quarta amortização. Todas elas, juntas, somaram cerca de R$ 1,5 bilhão, antes do compromisso de começar a amortizar. E com essa operação de bonds de US$ 750 milhões, nós amortizamos toda a nossa dívida com bancos estrangeiros, basicamente com os bancos japoneses. Além disso, amortizamos a nossa dívida com o BNDES, e amortizamos parte das debêntures que nós havíamos emitido em 2011, e parte da nossa dívida com os bancos brasilei-

ros. Com isso, tínhamos um volume de vencimento de dívidas em 2020, 2021, 2022, 2023 e 2024 que está sendo reduzido. E, com esses bonds de sete anos, nosso compromisso de pagamento final vai vencer no dia 18 de julho de 2026. Então, nós alongamos o perfil da nossa dívida e reduzimos o custo dela, o que foi muito bom. É evidente que a atividade econômica está aquém do que o setor siderúrgico brasileiro esperava. Nesse contexto, como andam os planos para reativação da unidade da Usiminas de Cubatão/SP? Bem, esse é um projeto que nós estamos estudando, mas nada acontecerá antes de 2022. Não existe nenhuma decisão tomada. É um projeto que, hoje, não tem nenhuma perspectiva de data para ser implementado. O advento da chamada Quarta Revolução Industrial (Indústria 4.0) lentamente começa a se desenhar no cenário brasileiro. De que forma isso impactará – ou, eventualmente, já está impactando – as atividades da Usiminas? A Indústria 4.0 e a transformação digital são uma realidade no mundo e, como não poderia deixar de ser, no Brasil também. Portanto, também são uma realidade para nós aqui na empre-

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sa. Nós já estamos trabalhando nessa direção. Desde 2017, quando implantamos nosso Comitê Digital, a Usiminas vem concentrando esforços em torno do tema que agora começa a ser desdobrado de forma diferente por todos os níveis da companhia. Atualmente, estamos dando um enfoque muito grande na construção da perenidade da Usiminas. Este é um trabalho sem fim, que, daqui para frente, estará intrinsecamente associado ao nosso dia a dia. E um dos focos desse trabalho é a inovação. Tanto que, em 2019, criamos o Comitê de Inovação da Usiminas, e, agora, teremos uma Diretoria de Inovação na companhia. E como dentro da inovação entra toda a transformação digital e toda a Indústria 4.0, já temos vários projetos que em curso, num processo que tem como componente fundamental o envolvimento de todos os nossos colaboradores. Neste último mês de julho, recebemos uma premiação como

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uma das 50 empresas com maior envolvimento em startups, numa análise que avaliou o trabalho de 856 empresas. Assim, estamos trabalhando fortemente nesse campo, porque queremos deixar a Usiminas permanentemente preparada para o futuro. Um futuro que já é realidade no mundo e no Brasil. Falando em futuro, para finalizar esta entrevista, como você analisa o cenário da economia brasileira? E quais são as expectativas de fechamento de negócios da Usiminas daqui para o final do ano? Na minha visão, o cenário é positivo. O ano de 2019 está sendo um ano de preparação da decolagem do Brasil para o crescimento econômico. Na nossa visão, o Brasil decola para o crescimento econômico nos próximos 12 meses, o que significa que, nesse período, vamos atingir o ritmo de crescimento que, anualizado, nos

Revestimento Refratário

colocaria no patamar de crescimento de 2,5% do PIB. O Instituto Aço Brasil acaba de divulgar perspectivas para este ano no negócio de aço, com perspectiva do crescimento do consumo aparente de 2%, embora no início do ano a nossa perspectiva era 6%, fizemos, em abril, uma revisão para 5%, e outra agora para 2%, porque, no primeiro semestre o crescimento do consumo de aço no Brasil foi zero. Então, a expectativa da Usiminas é de que teremos um segundo semestre melhor do que o primeiro em termos de crescimento econômico e, principalmente, em termos de consumo de aço. Tenho ido muito a Brasília e percebo nos Ministérios e no próprio Planalto um trabalho com muito foco na construção do crescimento econômico do Brasil. O país precisa voltar a crescer economicamente. Os últimos dez anos foram praticamente perdidos. Agora, a gente tem que correr atrás.

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Congresso do Aço

A siderurgia continua andando de lado Últimos resultados apresentados colocam em dúvida a capacidade de recuperação no médio prazo. Henrique Pátria

da chamada Coalizão Indústria to há uma ociosidade em que estão reunidas as maiode mais de 30%. Histores e principais entidades reprericamente o ideal é que sentativas de várias atividades esta ocupação esteja empresariais dentre as quais: auem torno de 80%. tomobilística, química, construNa siderurgia munção civil, máquinas, têxtil e várias dial, há um excedente outras. O grupo de empresas de capacidade de 395 que forma a Coalizão Indústria é milhões de toneladas. responsável por 45% do PIB (R$ Este número já é me546 bilhões), por 65% da exporlhor e foi resultado de tação dos manufaturados (R$ Marco Polo de Mello um esforço mundial 167 bilhões), pela geração de 30 Lopes, presidente para regular a atividamilhões de empregos diretos e executivo do IABr de, pois no ano de 2017, indiretos e pelo pagamento de cerca de este excedente chegou a 545 milhões de R$ 250 bilhões de impostos anuais. toneladas. Há ainda o complicador da Foi medida a capacidade de funcio- guerra de mercado em todo o mundo. namento deste grupo de empresas e Trazendo para o campo doméstico o apurou-se que elas estão operando em IABr divulgou que no período de janeiro média com 67% da capacidade, portan- a junho de 2018, a produção brasileira do aço foi de 17,2 Mt, (-1,4%), em relação ao mesmo período de 2018, enquanto as vendas internas tiveram um aumento de 1,3% atingindo 9,2 milhões de toneladas de aço nesse período. O consumo aparente atingiu 10,4 Mt (+0,2%). Já as exportações somaram 6,7 Mt (-2,4%) e as importações ficaram praticamente estáveis, totalizando 1,3 Mt (-0,6%). Há ainda um problema de emocionalidade na liberação das minas envolvendo o fornecimento de matéria prima para as usinas. A Vale é a principal fornecedora mundial de minério de ferro e diante dos últimos acontecimentos amplamente divulgados que envolveram a empresa, há instalações embargadas e fechadas e os processos de liberação Foto: Tadeu Sakagawa

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O Instituto Aço Brasil convocou a última coletiva de imprensa antes da realização do seu já tradicional Congresso Aço Brasil, evento para o qual a revista Siderurgia Brasil está dando a mais completa cobertura e que promete reunir em Brasília, no início de agosto, as mais altas autoridades brasileiras além de empresários e executivos envolvidos com a siderurgia de todo o mundo. Segundo Marco Polo de Mello Lopes, presidente executivo do IABr, a não retomada do desenvolvimento econômico no Brasil – muito esperada por dez entre dez empresários – é o principal entrave para o baixo índice de atividade em praticamente todas as áreas produtivas no Brasil, incluindo a siderurgia. O IABr – Instituto Aço Brasil, em nome das usinas siderúrgicas, participa

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sem data definida para acontecer. Com isso a questão de abastecimento é uma das mais preocupantes para o setor da siderurgia neste momento. Diante deste quadro as expectativas para o segundo semestre, após

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sofrerem revisão por parte do Instituto Aço Brasil, apontam para o crescimento do mercado interno nos tímidos 2,5%, chegando a 19, 5 milhões de toneladas. Já a produção deve manter-se estável com crescimento

abaixo de 0,5%. As exportações devem recuar em mais de 7% pois o mercado internacional tem acumulado entraves ao aço brasileiro, além da perda de competitividade das empresas nacionais no mercado exterior. Ainda segundo Marco Polo sobre este assunto, os membros da Coalizão Indústria estiveram reunidos nos últimos dias com membros do governo e apresentaram alguns pleitos para estudo imediato visando a retomada dos negócios, como a adoção do Reintegra, o alongamento de prazos para pagamento de impostos, a flexibilização de crédito e a retomada imediata das 4.700 obras civis paralisadas, que imediatamente gerarão milhares de empregos diretos e indiretos. Estes temas certamente serão amplamente discutidos no próximo Congresso Aço Brasil agora no mês de agosto em Brasília. www.iabr.org.br

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Congresso do Aço

O aço, o Brasil e o mundo Edição 2019 do Congresso Aço Brasil discutirá temas quentíssimos e atualidades relacionados à dinâmica do setor no Brasil e no mundo. Marcus Frediani

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Com o objetivo de promover a análise e o debate de temas de grande relevância para a indústria do aço no Brasil e no mundo, o Instituto Aço Brasil promove, nos dias 20 e 21 de agosto, no CICB Centro Internacional de Convenções do Brasil, em Brasília/DF, mais uma edição do maior evento nacional da cadeia produtiva do aço, o Congresso Aço Brasil 2019. A cerimônia de abertura da 30ª edição do evento já tem as presenças confirmadas do presidente da República, Jair Bolsonaro; do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia; do presidente do Senado, Davi Alcolumbre; do ministro de Estado Chefe da

Casa Civil, Onyx Dornelles Lorenzoni; e do ministro de Estado da Economia, Paulo Guedes. Como acontece tradicionalmente, o Congresso Aço Brasil deste ano reunirá renomadas personalidades e palestrantes nacionais e internacionais relacionados ao setor, além de participantes de grande expressividade em suas respectivas áreas, que irão se revezar em painéis para tratar de questões em torno da indústria brasileira e mundial do aço, os entraves para o crescimento econômico, além da sustentabilidade do setor. Alguns dos destaques do encontro serão a conferência inaugural intitulada “Situação e Perspectivas da Indústria

Mundial do Aço”, a ser ministrada pelo chairman da Worldsteel Association, André B. Gerdau Johannpeter; o painel “A Indústria de Transformação é Estratégica para o País?”, moderado pelo conselheiro do Instituto Aço Brasil e presidente da ArcelorMittal Brasil, Benjamin Mario Baptista Filho; e a palestra “Futuro da Indústria Brasileira do Aço – A visão dos CEOs”, conduzida pelo presidente de Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil e diretor-presidente da Usiminas, Sergio Leite de Andrade. As inscrições para o Congresso Aço Brasil 2019 podem ser feitas pelo site até dia 16 de agosto de 2019. Após essa data, somente no local do evento, caso haja disponibilidade. Participe!

Fotos: FFoto ot s: Depos Depositphotos.com D epositph si oto os.co com o e Freeimages.com Freei r mage m s.co s.com m

SERVIÇO: CONGRESSO AÇO BRASIL 2019 Data: 20 e 21 de agosto de 2019 Local: CICB - Centro Internacional de Convenções do Brasil - Setor de Clubes Esportivo Sul, Trecho 02, Conj. 63, Lote 50 – Brasília/DF Horário Funcionamento Secretaria Executiva Congresso e Guarda Volume: 20/08 - 16h00 às 21h00 21/08 – 8h às 18h30 Inscrições pelo site: www.acobrasil.org.br Informações: Telefone: (21) 2524-6917 Fax: (21) 2262-2234 e-mail: eventos@acobrasil.org.br

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Congresso Aço Brasil 2019 – Programa Dia 20 de agosto (terça-feira) 18h00 Abertura PALESTRANTES Jair Bolsonaro Presidente da República Rodrigo Maia Presidente da Câmara dos Deputados Davi Alcolumbre Presidente do Senado Onyx Dornelles Lorenzoni Ministro de Estado Chefe da Casa Civil Paulo Guedes Ministro de Estado da Economia

MODERADOR Marcos Eduardo Faraco Wahrhaftig Vice-Presidente do Conselho Diretor do Aço Brasil/Diretor Executivo das Operações de Negócios Brasil, Argentina e Uruguai da Gerdau

16h05 Intervalo 11h35 Painel 2 – A Indústria de Transformação é Estratégica para o País?

Dia 21 de agosto (quarta-feira) 09h00 Conferência Inaugural – Situação e Perspectivas da Indústria Mundial do Aço

MODERADOR Benjamin Mario Baptista Filho Conselheiro do Aço Brasil / Presidente da ArcelorMittal Brasil

CONFERENCISTA André B. Gerdau Johannpeter Chairman da Worldsteel Association 09h45 Painel 1 – Competitividade e Abertura Comercial PALESTRANTES Antonio Corrêa de Lacerda Economista Marcos Prado Troyjo Secretário Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais Jorge Gerdau Johannpeter Presidente do Conselho Superior do Movimento Brasil Competitivo José Velloso Dias Cardoso Representante da Coalizão Indústria/ Presidente Executivo da ABIMAQ

MODERADOR Jefferson De Paula Conselheiro do Aço Brasil/CEO ArcelorMittal Aços Longos Latam

11h15 Intervalo

PALESTRANTES Carlos da Costa Secretário Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade José Ricardo Roriz Coelho Vice-Presidente da FIESP Luiz Carlos Moraes Presidente da ANFAVEA Fernando Figueiredo Presidente-Executivo da Abiquim

18h40 Coquetel

Magda Chambriard Consultora FGV/Energia

13h05 Almoço 14h05 Conferência Especial – Importância da Gestão Operacional de Risco CONFERENCISTA Shakeel H. Kadri Diretor Executivo e CEO do Centro de Segurança de Processos Químicos - CCPS 14h35 Painel 3 – Crescimento Econômico – Drivers de Consumo PALESTRANTES Tarcisio Gomes de Freitas Ministro de Estado da Infraestrutura Frederico Ayres Lima Conselheiro do Aço Brasil / Diretor Presidente da Aperam South America

16h25 Conferência – Capitalismo Consciente, o Modelo Econômico para o Século XXI CONFERENCISTA Thomas Eckschmidt Coautor do livro “Fundamentos do Capitalismo Consciente e cofundador do capitalismo consciente no Brasil” 16h55 Painel 4 - Futuro da Indústria Brasileira do Aço – A visão dos CEOs PALESTRANTES Sergio Leite de Andrade Presidente de Conselho Diretor do Aço Brasil / Diretor-Presidente da Usiminas Armin Andreas Wuzella Conselheiro do Aço Brasil / Diretor Presidente da Villares Metals Gustavo Werneck Conselheiro do Aço Brasil/Diretor-Presidente (CEO) Gerdau Marcelo Chara Conselheiro do Aço Brasil / Presidente Executivo da Ternium Brasil MODERADOR Marco Polo de Mello Lopes Presidente Executivo do Instituto Aço Brasil 18h25 Encerramento CONFERENCISTA Almirante Bento Albuquerque Ministro de Estado de Minas e Energia

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Mercado de Capitais

O mercado de ações e a siderurgia Para o setor siderúrgico, 2019 já “acabou” no mercado de capitais. Temos que olhar para 2020, pois, este ano, a atividade econômica ainda se manterá fraca. E espera-se que o “pulo” venha no próximo ano. Marcus Frediani

A Bolsa de Valores é para os fortes e para quem consegue manter o sangue frio, mesmo em cenários de grande adversidade econômica. Além de correr riscos, estar nela significa, sobretudo, ter paciência, e esperar por dias melhores. Basicamente, esse é o recado que Pedro Galdi, especialista no mercado de capitais e atual Investment Analyst da Mirae Asset Wealth Management (Brazil) C.C.T.V.M, dá aos players da Bolsa e leitores da revista Siderurgia Brasil nesta entrevista exclusiva. Confira!

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Foto: Divulgação

Siderurgia Brasil: Com o lamentável episódio de Brumadinho, o ano de 2019 começou, literalmente, de maneira trágica para os setores

de mineração e siderurgia no Brasil. Quais foram os impactos do ocorrido para eles na Bolsa de Valores? Pedro Galdi: O acidente na Vale trouxe forte impacto nas empresas que formam a cadeia do aço no mundo. A redução esperada de 50 milhões de toneladas em 2019 na produção/ vendas de minério de ferro da Vale criou uma distorção na relação oferta/ demanda desse produto no mercado transoceânico global e, com isso, observamos forte alta no preço do minério desde o acidente. Para ter uma ideia o preço pulou de US$ 65/tonelada em 24 de janeiro para os atuais US$ 122/tonelada. Claro que essa alta também teve influência de proble-

mas climáticos ocorridos na Austrália, que também gerou redução global na oferta de minério de ferro. E daqui para frente, o que podemos esperar? Para a Vale a queda no volume vendido será compensado com o maior preço praticado e será determinante para a apresentação de forte geração operacional de caixa nos próximos trimestres. No entanto, a tendência na linha final do DRE (relatório contábil) não se mostrará tão empolgante, visto à necessidade de baixa de valores associados ao acidente, sejam de multas, indenizações, como eventuais processos relacionados a investidores

Para as siderúrgicas no exterior, a alta do preço do minério de ferro vai continuar impactando seus custos de produção. Já para as siderúrgicas locais, o cenário é de pressão de custos. Pedro Galdi, especialista no mercado de capitais e atual Investment Analyst da Mirae Asset Wealth Management (Brazil) C.C.T.V.M

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No caso das siderúrgicas, tanto as globais quanto as locais, então, o impacto continuará sendo grande. Sim. Para as siderúrgicas no exterior, a alta do preço do minério de ferro vai continuar impactando seus custos de produção e vai testar as empresas buscando aumentar preços em um ambiente de excesso de oferta, o que minimiza a probabilidade de apresentação de maior lucratividade no setor para as empresas globais. Vale ainda destacar que a guerra comercial entre EUA x China também será fator negativo para o setor. Já para as siderúrgicas locais, o cenário para a alta do preço do minério de ferro é de pressão de custos, que em parte são minimizados pelo fato da Usiminas, Gerdau e CSN produzirem minério em nível suficiente para suprir

Foto: Depositphotos.com

estrangeiros que abrirem processo na SEC (U.S. Securities and Exchange Commission).

suas necessidades. No caso da CSN a situação é diferente, pois além de sua produção atender suas necessidades do minério, ainda se mostra com exportadora de excedentes, o que está fazendo

uma grande diferença nos resultados trimestrais deste ano. Sem problemas com redução de produção a CSN se mostra a grande vitoriosa com o momento atual. Essa condição de forte au-

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Mercado de Capitais

Foto: Depositphotos.com

do de forte recuperação. Aqui no final do ano passado, confirmado o novo governo, a expectativa que se formou foi da retomada. No entanto, o governo não conseguiu ter apoio para acelerar a Reforma da Previdência, primeira etapa fundamental para uma sequência de medidas. Em julho, o que tínhamos era um quadro de economia engessada e ciente de que a Reforma Previdência só seria aprovada para valer lá para setembro. Ou seja, o ano praticamente já foi. Contudo, não é “bye bye” e “luz no fim do túnel”, porque precisamos olhar para 2020. Apesar desse cenário, o que move a nossa Bolsa de Valores é expectativa e neste ano já temos 18% de valorização, um dos melhores retornos entre Bolsas de Valores no mundo, justamente pela visão de que vamos retomar.

mento de geração operacional de caixa será importante para a empresa buscar solucionar o seu elevado endividamento e é o fator que justifica a forte alta do preço da ação neste ano. Vale lembrar que a atividade siderúrgica no mercado doméstico está severamente sendo influenciada pelo engessamento em que a economia atravessa com a demora na aprovação das reformas. Em outras palavras, 2019 praticamente já “acabou” em termos de expectativas. Infelizmente, é verdade. Em relação às expectativas, temos que olhar para 2020, pois, em 2019, a atividade econômica ainda se manterá fraca. E espera-se que o “pulo” venha no próximo ano. Qual o cenário atual no mercado de capitais? Na medição do último dia 16 de julho, a evolução do preço das ações no acumulado do ano era a seguinte: CSN – CSNA3 = +107,34%; Usiminas – USIM5 = +3,79%; Met. Gerdau – GOAU4 = 10,35%; Gerdau – GGBR4 = +2,28%; Vale – VALE3 = +4,45%; e Ibovespa – Ibov = 18,42%. Em face disso, como o mercado de capitais responde a estas duas per-

guntas: 1) “Investir em mineração e siderurgia é, atualmente, um bom negócio? E 2) Por quê? A resposta é “sim” para ambas. Entendemos que deter ações da Vale, Usiminas e Gerdau seria estrategicamente interessante, considerando a retomada da economia para o próximo ano. No caso da CSN entendemos que a alta já confirmada para o preço da ação retira potencial de continuidade de valorização, considerando a comparação com o preço justo encontrado atualmente por analistas pelo método de FCD (Fluxo de Caixa Descontado). Após um período de euforia relacionado à entrada do novo governo Bolsonaro, a economia brasileira vive um momento de relativa frustração e um compasso de espera de mudanças, como é o caso da conclusão da Reforma da Previdência. Enquanto isso, o Ministério da Economia revisou para a metade a projeção de crescimento do PIB para 2019. Como isso vem repercutindo no mercado de ações? Confiança “bye bye” ou cenário de oportunidades, com “luz no fim do túnel”? Normalmente, quando finda um período de crise econômica em um país, na sequência acontece um perío-

Em abril, quando o governo Bolsonaro completou 100 dias, muito se falou na Imprensa acerca do fato de que as altas na Bolsa de Valores se deviam muito mais aos méritos e à condução da política econômica da equipe chefiada pelo ministro Paulo Guedes do que a fatores externos. Como você analisa essa afirmação? E como avalia esses “reflexos” e a posição do ministro Guedes hoje? Há cerca de um mês, por exemplo, as críticas que ele fez ao relatório da Previdência geraram instabilidade de mercado e derrubaram a Bolsa. Veja, o governo busca aprovar o mais rápido possível as medidas emergenciais para a retomada. Independentemente dos ruídos em Brasília, o processo segue. Vejo este novo governo com uma equipe forte, competente e técnica, o que vai ajudar na transição. Sobre instabilidade na B3 – a Bolsa de Valores oficial do Brasil –, não é isso que estamos vivenciando, pois o Ibovespa é o que mostra uma das melhores valorizações entre os pares globais. Por falar nisso, como você avalia o cenário do mercado de capitais após a iminente aprovação do texto da Reforma da Previdência? Com

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essa definição, os negócios de ações sairão fortalecidos? O cenário que está se materializando será muito positivo para o mercado de capitais, pois uma Selic na faixa de 5%, o IPCA em 4%, e dólar para baixo de R$ 3,80 irá mudar o retorno das diferentes modalidades de investimento. O que se espera é que com a queda do juro real (conforme premissas apontadas), o investidor pessoa física de fundos de RF (Renda Fixa) irá buscar risco e tende a migrar parcela dessa modalidade de fundo para o de RV (Renda Variável), injetando dinheiro novo na B3. Fundos de Pensão, visando a atingir meta atuarial, irão buscar mais exposição em RV em detrimento de RF. E os estrangeiros, que saíram com o aprofundamento da crise 2015/16, tendem a aumentar exposição no país em breve. Ou seja, em todos os casos é dinheiro novo na B3 e ai considerando a lei da oferta x procura. O sinal está dado.

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Bolsonaro foi eleito com a defesa de uma agenda liberal para a economia, com promessa de reduzir os gastos do governo federal e diminuir a interferência do Estado no mercado. Na prática, entretanto, o governo deu alguns sinais de que “a coisa não é bem assim”, como foi o caso, por exemplo, do “vai-e-volta”, em abril, na intervenção do presidente no preço do diesel, definido pela Petrobras, que, no dia seguinte ao anúncio, fez com que as ações da companhia despencassem 8%, segundo consta, gerando um prejuízo de R$ 32,4 por ação em termos de valor do mercado. Em sua opinião, o governo “aprendeu” com esse episódio, ou os players da Bolsa correm o risco de se deparar com outros capítulos dessa história mais para frente? Não considero que houve ingerência nesse caso da Petrobras. O que aconteceu foi, simplesmente,

uma falta de bom senso que partiu de “dentro” da Petrobras. Existem mecanismos de hedge (proteção contra oscilações inesperadas nos preços) que permitiriam realizar o ajuste de preços do diesel em um período maior/gradual, e não de uma vez, justamente em um momento em que estava se formando uma pressão de greve de caminhoneiros. Então o mecanismo deveria ter sido usado! A interferência foi correta, e isso levou o novo CEO da Petrobras a rever este modelo, que, por sinal, estava gerando muita discussão. Não é necessário aumento diário: a Ambev não muda o preço da cerveja todo dia, mas, sim, quando e sempre que for necessário para manter um escopo de margem. Neste novo governo, não aguardamos ingerência em estatais, como ocorria no passado. E, com o forte programa de privatização em andamento, esse temor desaparecerá.

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Interferências indesejadas

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Além da continuidade da guerra contra a corrupção, o Brasil precisa fazer a “lição de casa” e se debruçar de forma mais eficiente sobre a resolução das questões que atrapalham e atrasam o seu desenvolvimento. Marcus Frediani

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A burocracia atrapalha tanto a rotina das empresas quanto a do cidadão comum. E o Brasil precisa parar de trabalhar para sustentá-la. Esse alerta já foi dado inúmeras vezes pelo jurista, advogado, professor e escritor brasileiro Ives Gandra da Silva Martins. E, num persistente cenário de inversão de valores – no qual o poder público parece não ter obrigações, apenas direitos –, empresas, cidadãos e o próprio desenvolvimento do Brasil continuam a pagar a conta, distanciando o país do seu merecido lugar de destaque entre as grandes nações no mundo. Ícone da defesa da livre iniciativa, defensor ferrenho do capitalismo e adversário feroz do esquerdismo em qualquer tonalidade, nesta entrevista exclusiva à revista Siderurgia Brasil, o Dr. Ives Gandra opina sobre essa e outras assimetrias nas relações entre o Estado e os brasileiros, dando pistas importantes de como elas podem ser equacionadas. Leia e tire suas próprias conclusões. Siderurgia Brasil: Passado o mot ada do mento de euforia com a entrada mo o senovo governo Bolsonaro, como stitucionhor avalia – em termos institucioia – os nais, políticos e da economia resultados desses primeiross seis meses da gestão do novo presidente e de sua equipe? tins: Dr. Ives Gandra Martins: eria Tinha-se a impressão que seria remelhor a performance do presos sidente, pois escolhera diversos as especialistas nas diversas áreas essenciais do governo. Econo-mia, Justiça, Tecnologia, Agricultura, Infraestrutura, Casa Militar, Secretaria de Estado, Direitos Humanos etc.

De qualquer forma, os resultados não foram ruins. Houve a atração de capitais estrangeiros em níveis expressivos – o Estado fala da entrada de US$ 97 bilhões em 12 meses –, a inflação também abaixo do ponto médio de 4,25% preparada para o ano, a safra agrícola foi 5% superior à do ano passado, o saldo da balança comercial continua alto, os projetos de infraestrutura vão bem, e a proposta de Reforma da Previdência terminou por ser aprovada na Câmara, embora menor do que se esperava, mas mesmo assim bem melhor do que se conseguiu no regime anterior. Mas, houve erros também. No comparativo, o senhor acredita que o saldo foi positivo? Os desacertos decorrem da própria inexperiência de sua base parlamentar que, todavia, está aprendendo a andar de bicicleta, mas andando. As turbulências iniciais eram, portanto, previsíveis, embora não no nível em que ocorreram. Mas, estão sendo superadas. Houve, portanto, acertos e erros, mas os erros

foram menores que os acertos. É bem verdade que a Imprensa – que, como dizia um ilustre jornalista, “vive de exceções” – tem explorado cada aspecto negativo, em dimensão superior ao do próprio fato, visto que como também dizia Mark Twain,“a mídia separa o joio do trigo e publica o joio, pois trigo não vende jornal”. O Brasil ainda é conhecido como o “País da Burocracia”, o que exerce impactos diretos sobre o seu desenvolvimento enquanto nação. Por que ainda não conseguimos driblar esse entrave? Falta bom senso e/ou algo a mais? A burocracia, como venho dizendo há décadas, é o grande mal do Brasil. Nas audiências públicas da Constituinte, quando era presidente do IASP (Instituto dos Advogados de São Paulo) e conselheiro da OAB-SP, antes da Constituinte de 1988, eu afirmava, em tom jocoso, parafraseando Monteiro Lobato sobre a saúva, que “ou o Brasil mata a burocracia ou a burocracia mata o Brasil”. Indiscutivelmente, a burocracia brasileira é o grande entrave para o desenvo v volvimento, não só porque para que os buro burocratas se perpetuem no poder geram intermináveis exigências sobre o cid cidadão, além de se auto-outorgarem pr privilégios que não são encontrados e nenhum país civilizado, nos níem v brasileiros. Só que quando diveis z há três décadas, que a Federação zia, b brasileira não cabia no PIB (disse-o n audiência pública em conversa na c com os constituintes em 1987), não i imaginava que aquele Estado Fiscal o Burocrático de 1987 iria ainda ou s alargado consideravelmente nos ser anos subsequentes pela efetivação de celetistas na administração pública, bem como pela multi-

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Futuro

Hoje, pode-se afirmar que a carga tributária é definida pela carga burocrática, sendo insuficiente para atender ao pagamento de benefícios de toda a espécie que a burocracia das três esferas da Federação exige. Ives Gandra da Silva Martins, jurista, advogado, professor e escritor

plicação de departamentos, secretarias, ministérios, agências e obrigações fiscais para sustentar a máquina ciclópica do Estado. Hoje, pode-se afirmar que a carga tributária é definida pela carga burocrática, sendo insuficiente para atender ao pagamento de benefícios de toda a espécie que a burocracia das três esferas da Federação exige. Assim, o problema é menos de bom senso e mais de interesse. Vale dizer que a mentalidade de grande parte dos que entram no serviço público é muito mais ter segurança pessoal do que servir, razão pela qual a sociedade é que serve aos servidores públicos, muito mais do que estes à sociedade. Como o senhor analisa o atual nível das relações entre o Estado e a iniciativa privada no Brasil? Quais são os principais problemas que o senhor identifica ao longo dessa interação? Com Bolsonaro e Paulo Guedes tenderão a melhorar. O Estado empresário é um fracasso em todo o mundo. E, nos países socialistas, foi o que liquidou com o comunismo. É que as empresas estatais geram um mercado artificial e cativo, e como são as únicas, atrasam o desenvolvimento do país. Veja-se a Venezuela, com a maior reserva de petróleo do mundo, sendo um exportador pouco expressivo ao lado do Brasil: está em 13º lugar, e o Brasil em 15º no ranking dos exportadores. Seu parque extrati-

vo está absolutamente desatualizado e sem competitividade. As empresas, pela Constituição Brasileira, deveriam ser apenas da iniciativa privada (art. 173), só cabendo a presença de capital estatal em caso de segurança pública ou relevante interesse nacional. E até no serviço público, o constituinte permitiu a presença do segmento privado (art. 175). O que pretende o governo Bolsonaro é cumprir a Constituição, que foi neste ponto pisoteada pelos governos Lula e Dilma, visto que o setor estatal compartilhava seus lucros com os próprios dirigentes do país. Assim, a meu ver, voltar à lição clássica de que a sociedade sabe melhor desenvolver a economia do que o Estado, como ocorreu em todos os países que lideram o ranking mundial de progresso, é o único caminho. E, para tanto, há necessidade de se reconquistar competitividade. E como o senhor avalia as atuais interferências do Judiciário sobre os outros Poderes da Nação, considerada excessiva e/ou inconveniente por muitos analistas? Considero negativa a denominada corrente consequencialista, pela qual cabe ao Poder Judiciário atuar nos vácuos legislativos e orientar a atuação dos outros poderes. Pela Constituição, o Supremo Tribunal Federal é apenas um legislador negativo, não podendo nem

mesmo nas ações de inconstitucionalidade por omissão, legislar em lugar do Poder Legislativo (art. 103 § 2º). A intervenção do Judiciário nas funções próprias dos outros poderes fere a lei suprema. Poderá o legislativo reagir a tal intervenção, negando-se a obedecer a decisões que invadam suas competências (art. 49 inciso XI). E se houver uma crise entre poderes, quem caberá repor a lei e a ordem não será o STF, mas as Forças Armadas (art. 142). Grande parte da insegurança jurídica que vivemos decorre da atuação da Suprema Corte, na qual reconheço que os ministros, apesar de divergir de sua ação, são excepcionais juristas, grandes doutrinadores e merecem lá estar. Apenas não concordo com esses superpoderes que se auto-outorgaram e que a Constituição não lhes deu. Embora o embate político e a discussão de ideias antagônicas seja necessário para a construção de soluções, o Brasil vive um momento de polarização ideológica bastante acirrado, que, na prática, não vem convergindo para o vislumbre de algo efetivamente positivo ou que possa gerar avanços significativos. Como – se é que é possível – reverter esse quadro? Temos um confronto ideológico, mas a esquerda perde terreno por continuar a defender ideias do Século XIX num mundo que evolui em rapi-

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dez inacreditável. Pouco importa se os governos são de esquerda ou de direita, pois devem ser eficientes, e a eficiência implica em modernidade e competitividade, algo que a esquerda não propõe no momento, prisioneira da figura do ex-presidente Lula, sem qualquer proposta nova, a não ser a de continuar defendendo a luta de classes. Creio que se o país começar a se desenvolver – como começa a ocorrer na Europa, que principia a sair da crise financeira de 2008, nada obstante os destemperos de Trump e das reações da China –, a luta ideológica tenderá a diminuir, pois, como me disse Mário Soares, ex-presidente de Portugal, em palestra que demos juntos na Universidade de Coimbra, “o povo come pão e não ideologias”. Além da continuidade da guerra contra a corrupção – chaga que ainda denigre nossa imagem no panorama

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internacional, gerando, entre outras coisas, um triste e insidioso compasso de espera no que diz respeito aos investimentos internos e externos no País – quais são as outras lutas que, no seu entender, o atual governo deveria priorizar para o resgate da confiança e o estabelecimento de “ares” mais favoráveis e alentadores no Brasil, tanto no âmbito institucional quanto no econômico? A conclusão adequada das reformas que o País tanto precisa, sem dúvida, seria um primeiro passo positivo? Mas o que precisaria ser feito depois? Além da Reforma Previdenciária, precisaremos da Reforma Tributária – a meu ver mais de legislação infraconstitucional do que de legislação suprema –, bem como das reformas do Judiciário, a Política e a Administrativa. O combate à corrupção é importante, mas deve haver maior equilíbrio entre o direito de defesa e acusação. A Re-

forma do Judiciário é relevante para que seja um legislador negativo. Claramente tem o poder de decidir sobre as leis postas, mas não de gerar direitos novos ou interferir na competência de outros poderes. Politicamente, para que o país tenha uma Federação mais equilibrada, em que cada brasileiro valha o mesmo, e não como ocorre aqui em que uma cidadã de Roraima ou do Acre vale mais do que 13 cidadãos de São Paulo. E, na Reforma Administrativa, para que os burocratas não se sirvam da sociedade, mas sirvam à sociedade. O equilíbrio federativo se dá no Senado Federal, no qual cada Estado, independentemente da sua população, tem o mesmo número de senadores, e não na Câmara, que por ser a “Casa do Povo”, deveria dar a cada cidadão o direito de ser igualmente representado, e não como é hoje. São reformas que espero que o governo Bolsonaro comece, pelo menos, a implementar.

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Como dissemos na primeira parte do artigo  apresentada na edição 133, maio/junho 2019, da revista Siderurgia Brasil – o maior compromisso na fabricação de facas é equilibrar dureza com tenacidade. Nesta segunda e última parte, destacamos os tipos de aço utilizados na fabricação das peças: aços ao carbono e inoxidáveis. Eng. Antenor Ferreira Filho*

Foto: Depositphotos.com

Aços Utilizados na Cutelaria(*)

Artigo Técnico

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4. PRINCIPAIS AÇOS UTILIZADOS EM LÂMINAS/FACAS E SUAS CARACTERÍSTICAS:

• Permite ao fabricante produzir lâminas com baixo custo de produção.

4.1 – FAMÍLIA DE AÇOS AO CARBONO:

Tratamentos Térmicos: • Recozimento: 950°C. Para eliminar as tensões estruturais causadas por forjamento ou desbaste. Tempo ideal, 1 hora. • Têmpera: 820 a 850° C. Aquecimento lento e progressivo e resfriamento em óleo. • Revenimento: ~350° C, para espessuras de até 6,0 mm.

• AÇO CARBONO 1075 – EQUIVALÊNCIA: SAE 1075 / AISI 1075

COMPOSIÇÃO QUÍMICA TÍPICA (% em peso): C 0,70/0,80

Mn

P

S

0,40/0,70

<=0,040

<=0,050

Características gerais do aço: Aço com teor de carbono médio/elevado. Muito usado em construção mecânica em geral, sendo o aço inicial (mais básico) para uso em cutelaria. O nível do teor de carbono já é responsável por boa resposta a têmpera e revenimento, feita em óleo preferencialmente (têmpera em água já é muito severa para este material). Tratamentos Térmicos: • Forjamento: 900/1050° C, resfriando no forno. • Recozimento: 780/850° C, com resfriamento em forno. • Têmpera: 760/800° C, resfriamento em óleo. • Revenimento: 100/200° C Microestrutura final pós TR: Martensita revenida Dureza típica pós Têmpera: 54/56 HRC Dureza típica pós revenimento: 53/55 HRC • AÇO CARBONO 15N20 – EQUIVALÊNCIA: 15N20 é originário da marca comercial Uddeholm /aço DIN75Ni8 / WNr. 1.5634.

COMPOSIÇÃO QUÍMICA TÍPICA (% em peso): C 0,72/0,78

Mn

Si

Ni

0,30/0,50

0,15/0,35

1,90/2,10

Características gerais do aço: Este aço é usado principalmente em combinação com os aços 1095, 1075, O1 e 5160 na fabricação de“AÇO DAMASCO”. Suas principais características são: • Elevada tenacidade; • Microestrutura muito homogênea, com nível de inclusões extremamente baixo, o que proporciona grande resistência ao impacto e à fadiga; • Acabamento de superfície de excelente qualidade quando laminado a frio (brilhante), não apresenta falhas que poderiam concentrar tensões e servir como pontos de partida para a quebra por fadiga.

Microestrutura final pós TR: Martensita revenida Dureza típica pós Têmpera: 58/62 HRC Dureza típica pós revenimento: 55/59 HRC

• AÇO CARBONO 1095 – EQUIVALÊNCIA: SAE 1095 / AISI 1095

COMPOSIÇÃO QUÍMICA TÍPICA (% em peso): C 0,90/1,03

Mn

P

S

0,60/90

<=0,040

<=0,050

Características gerais do aço: Aço de alto teor de carbono. Muito usado em cutelaria para fabricação de facas tipo damasco ou mesmo em aço único, visto a excepcional propriedade de endurecimento. O alto teor de carbono propicia boa resistência ao desgaste e retenção de fio considerada boa para um aço carbono sem elementos de liga. Tratamentos Térmicos: • Forjamento: 900/1050° C, resfriando no forno. • Recozimento: 780/850° C, com resfriamento em forno. • Têmpera: 780/820° C, resfriamento em óleo. • Revenimento: 100/200° C. Microestrutura final pós TR: Martensita revenida + traços de Austenita retida Dureza típica pós têmpera: 56/58 HRC Dureza típica pós revenimento: 54/57 HRC

• AÇO CARBONO 5160 – EQUIVALÊNCIA: SAE 5160

COMPOSIÇÃO QUÍMICA TÍPICA (% em peso): C

Mn

Cr

1,0

0,35

1,45

Características gerais do aço: É um dos aços mais difundidos para uso em cutelaria devido à facilidade de ser JULHO/AGOSTO 2019 SIDERURGIA BRASIL 29

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Artigo Técnico encontrado, sobretudo em “desmanches” de carros, onde é muito usado para fabricação de feixes de molas e “facões” de suspensão de Fuscas e Kombis. Tem como características uma boa temperabilidade, alta resistência a tração e fadiga. Na condição temperado sua dureza alcança níveis de 58 HRC, o que o torna muito procurado para cutelaria. Tratamentos Térmicos: • Forjamento: 900/1050° C, resfriando no forno. • Recozimento: 760/820° C, com resfriamento em forno. • Têmpera: 820/840° C, resfriamento em óleo. • Revenimento: 100/300° C. Microestrutura final pós TR: Martensita revenida + traços de Austenita retida. Dureza típica pós Têmpera: 56/58 HRC. Dureza típica pós revenimento: 55/57 HRC.

4.2 – FAMÍLIA DE AÇOS FERRAMENTA: • AÇO 52.100 – EQUIVALÊNCIA: WNr. 1.3505 / AISI 52100 / DIN 100Cr6

COMPOSIÇÃO QUÍMICA TÍPICA (% em peso): C

Mn

Cr

1,0

0,35

1,45

Características gerais do aço: Aço com grande resistência para uso em ferramentas adequadas a trabalhos à frio. Usado também na confecção de pistas internas e externas de rolamentos. Apresenta excelente desempenho quando utilizado na produção de facas e lâminas. Tratamentos Térmicos: • Forjamento: 950/1150° C, resfriando no forno. • Recozimento: 800/850° C, com resfriamento em forno. • Têmpera: 840/850° C, resfriamento em óleo.

• AÇO CARBONO 6160 – EQUIVALÊNCIA: DIN 58CrV4

C 0,55/0,62

Mn 0,80/1,10

Cr

V

0,90/1,20

0,07/0,12

Características gerais do aço: Aço para confecção de peças de construção mecânica, largamente utilizado em diafragmas de embreagem em autos, pode ser usado com sucesso em cutelaria devido a sua boa resposta ao tratamento térmico proporcionado pelo elevado teor de carbono e presença de elementos de liga. O cromo atua como formador de carbonetos e como redutor na velocidade crítica de resfriamento na têmpera proporcionando boa resposta em meios como óleo. Já o vanádio, além de formador de carbonetos tem forte influência ao elevar a temperatura de crescimento de grão da austenita sendo, portanto um forte refinador de grão, o que reflete em uma melhor propriedade obtida durante tratamento térmico de têmpera e revenimento. Tratamentos Térmicos: • Forjamento: 900/1050° C, resfriando no forno. • Recozimento: 780/830° C, com resfriamento em forno. • Têmpera: 820/850° C, resfriamento em óleo. • Revenimento: 100/300° C. Microestrutura final pós TR: Martensita revenida + traços de Austenita retida. Dureza típica pós Têmpera: 56/58 HRC. Dureza típica pós revenimento: 55/57 HRC.

Microestrutura final pós TR: Martensita revenida. Dureza típica pós Têmpera: 63/65HRC. Dureza típica pós revenimento: 59/62HRC. Deve ser feito no mínimo dois revenimentos e entre cada um deles a peça deve ser resfriada em ar calmo até a temperatura ambiente. A dureza será reduzida conforme a temperatura usada no revenimento, como pode ser observada no gráfico a seguir: Revenimento duplo: conforme dureza desejada – figura 7:

Dureza (HRC)

COMPOSIÇÃO QUÍMICA TÍPICA (% em peso):

Recomendações: Antes de aquecer o aço até esta temperatura recomenda-se pré-aquecer o material a no mínimo 250/300° C lentamente. Durante resfriamento da têmpera a peça não deve ser resfriada até a temperatura ambiente. O resfriamento deve ser realizado até ~70° C e imediatamente deve-se efetuar o primeiro revenimento.

70 65 60 55 50 45 40 35 30 25 0

100

200

300

400

500

600

700

Temperatura de Revenimento (o C)

Figura 7 – Curva de revenimento aço 52.100

30 SIDERURGIA BRASIL JULHO/AGOSTO 2019

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COMPOSIÇÃO QUÍMICA TÍPICA (% em peso): C

Mn

Cr

W

V

0,95

1,25

0,50

0,50

0,12

Características gerais do aço: Aço de média liga temperável em óleo. Possui alta resistência ao desgaste proporcionando boa retenção de fio de corte. Tratamentos Térmicos: • Forjamento: 950/1150° C, resfriando no forno. • Recozimento: 750/820° C, com resfriamento em forno. • Têmpera: 790/820° C, resfriamento em óleo. Recomendações: Antes de aquecer o aço até esta temperatura recomenda-se pré-aquecer o material a no mínimo 250/300° C lentamente. Durante resfriamento da têmpera a peça não deve ser resfriada até a temperatura ambiente. O resfriamento deve ser realizado até ~60° C e imediatamente deve-se efetuar o primeiro revenimento. Revenimento duplo: conforme dureza desejada – figura 8: 68

Dureza (HRC)

65 62

Características gerais do aço: Aço com grande resistência a abrasão usado para confecção de facas e moldes cerâmicos. Tem excelente retenção de fio no caso de facas. Tratamentos Térmicos: • Forjamento: 950/1150° C, resfriando no forno. • Recozimento: 830/850° C, com resfriamento em forno. • Têmpera: 950/970° C, resfriamento em óleo. Antes de aquecer até esta temperatura recomenda-se pré-aquecer o material a no mínimo 250/300° C lentamente. Recomendações: Antes de aquecer o aço até esta temperatura recomenda-se pré-aquecer o material a no mínimo 250/300° C lentamente. Durante resfriamento da têmpera a peça não deve ser resfriada até a temperatura ambiente. O resfriamento deve ser realizado até ~60° C e imediatamente deve-se efetuar o primeiro revenimento. Revenimento duplo: conforme dureza desejada – figura 9:

Dureza (HRC)

• AÇO O1 – EQUIVALÊNCIA: WNr 1.2510; DIN 100MnCrW4

67 65 63 61 59 57 55 53 51 49 47 45

59

0

50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600

Temperatura de Revenimento (o C)

56 Figura 9 – Curva de revenimento aço D6

53 50 47

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Microestrutura final pós TR: Martensita revenida. Dureza típica pós Têmpera: 63/65HRC. Dureza típica pós revenimento: 59/61HRC.

o

Temperatura de Revenimento ( C)

Figura 8 – Curva de revenimento aço O1

4.3 – FAMÍLIA DE AÇOS INOXIDÁVEIS:

Microestrutura final pós TR: Martensita revenida. Dureza típica pós Têmpera: 62HRC. Dureza típica pós revenimento: 59/61HRC.

• AÇO D6 – EQUIVALÊNCIA: WNr 1.2436; AISI D6

COMPOSIÇÃO QUÍMICA TÍPICA (% em peso): C

Mn

2,10

0,30

Cr 11,50

W

V

0,70

0,20

• AÇO INOX 420 – EQUIVALÊNCIA: AISI 420

COMPOSIÇÃO QUÍMICA TÍPICA (% em peso): C

Cr

Mn

>=0,15

13,0

<= 1,00

Si <= 1,00

Características gerais do aço: O aço AISI 420 está na extremidade inferior do espectro de qualidade, mas ainda é perfeitamente adequado para aplicações de uso geral. Tem um JULHO/AGOSTO 2019 SIDERURGIA BRASIL 31

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Artigo Técnico teor de carbono relativamente baixo (geralmente menor que 0,30%), o que torna a lâmina mais macia e, como resultado, a tendência é que ela perca o “fio” mais rapidamente do que os aços mais nobres. As lâminas feitas de aço 420 perderão rapidamente sua borda afiada durante um período de tempo relativamente curto. Dito isto, é tipicamente difícil com alta flexibilidade e extremamente resistente a manchas, mas não é particularmente resistente ao desgaste. Como seria de esperar, as facas feitas com este tipo de aço são geralmente de baixo custo, produzidas em massa. Pode ser considerado como a porta de iniciação à cutelaria de inox. Tratamentos Térmicos: • Forjamento: 950/1150° C, resfriando no forno. • Recozimento: 840/880° C, com resfriamento em forno. • Têmpera: 990/1030° C, resfriamento em óleo. • Revenimento: 100/ 200° C – Pode-se obter uma melhora na dureza e tenacidade pós têmpera fazendo-se um tratamento sub-zero após a têmpera e antes do revenimento (aprox. -30° C)

mento sub-zero após a têmpera e antes do revenimento (aprox. -20° C). Recomendação: para o caso de não efetuar-se têmpera sub-zero, recomenda-se efetuar duplo revenimento após têmpera para garantir melhor tenacidade. PROCEDIMENTO DE T+R: O ciclo de tratamento térmico bem como as microestruturas e transformações típicas do processo, são apresentados a seguir: Ciclo de tratamento térmico esquemático em cutelaria Temperatura (°C)

1050 1000

austenisação

austenita + carbonetos não dissolvidos martensita + carbonetos + austenita residual

diminuição Ȗ r precipitação carbonetos

têmpera revenido

300 repouso

Microestrutura final pós Têmpera: Martensita + carboneto + austenita retida (sem sub-zero) e Martensita + carbonetos (com sub-zero ) Dureza típica pós Têmpera – sem sub-zero: 52/56HRC Dureza típica pós Têmpera – com sub-zero: 53/57HRC

• AÇO INOX 1.4116 – EQUIVALÊNCIA: WNr. 1.4116; DIN X50CrMoV15

COMPOSIÇÃO QUÍMICA TÍPICA (% em peso): C

Cr

Mo

V

0,5

14,5

0,50

0,15

Características gerais do aço: Aço inoxidável ao cromo de alto desempenho na cutelaria. O elevado teor de cromo, mais alto que o aço AISI 420 confere elevada resistência à corrosão. As adições de molibdênio e vanádio, fortes formadores de carbonetos propiciam elevada dureza, sendo que o vanádio atua principalmente como refinador de grão, propiciando estrutura refinada e excelente resposta ao tratamento térmico. Essa combinação proporciona elevada retenção do “fio” de corte proporcionando vida mais duradoura e menor necessidade de reafiações. Tratamentos Térmicos: • Forjamento: 950/1150° C, resfriando no forno. • Recozimento: 750/800° C, com resfriamento em forno. • Revenimento: 200/ 300° C – Pode-se obter uma melhora na dureza e tenacidade pós têmpera fazendo-se um trata-

-120

sub-zero

Tempos

Figura 10 – Ciclo de tratamento térmico inox 1.14116

O objetivo do tratamento térmico da têmpera e revenimento é fornecer ao aço inoxidável uma estrutura martensítica e uma dureza elevada. Consiste de um tratamento de austenitização a uma temperatura e tempo que possibilitem uma solubilização a mais completa possível do carbono e dos demais elementos de liga, seguido de um resfriamento rápido que resulte na transformação martensítica. Os parâmetros que mais influenciam na estrutura e na dureza obtida são, além da composição química, a temperatura e o tempo de austenitização, bem como a velocidade de resfriamento. A dureza passa por um máximo para temperaturas de austenização entre 1000 e 1100° C. Em temperaturas inferiores, ocorre a solubilização incompleta dos carbonetos que vai limitar o teor de C dissolvido na austenita e, portanto, o teor de carbono presenta na martensita resultante. Por outro lado, para temperaturas superiores a 1.150° C, a dureza pode cair devido à presença de ferrita delta que pode se formar em função da composição, ou devido à presença de austenita residual para os aços de maior teor de C, uma vez que em temperaturas elevadas mais carbono e cromo são colocados em solução sólida e consequentemente abaixam a temperatura de inicio de transformação (Ms). RECOMENDAÇÕES PRÁTICAS: • A peça NÃO deve estar em contato direto com a soleira ou outra região do forno, deve ficar suspensa ou apoiada em uma grade;

32 SIDERURGIA BRASIL JULHO/AGOSTO 2019

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• Aquecimento: A uma temperatura de Austenitização deve ser na ordem de ~1050° C (temperatura da peça). A temperatura da peça deve ser preferencialmente controlada/medida com um pirômetro;

Curva típica de revenimento pós- têmpera: No gráfico abaixo é possível ver a variação da dureza do material após têmpera e durante o revenimento. 65

• Tempo de encharque: Deve ser de aproximadamente 10 minutos após a peça atingir a temperatura de Autenitização (tempo estimado para um aço de espessura convencional para facas ~2,80 mm);

Dureza (HRC)

60

• Meio de resfriamento: Como meio de resfriamento pode ser utilizado ar forçado, desde que o ar soprado seja uniforme em toda superfície da peça;

Microestrutura final pós Têmpera: Martensita + carboneto + austenita retida (sem sub-zero) e Martensita + carbonetos (com sub-zero ). Dureza típica pós Têmpera – sem sub-zero: 55/57HRC. Dureza típica pós Têmpera – com sub-zero: 57/59HRC.

• AÇO INOX BOHLER N 690 – EQUIVALÊNCIA: DIN X105CrCoMo18-2 (1.4528).

50

45

• Por se tratar de um aço de alta liga, é inevitável a formação de Austenita retida, esta autenita pode ser minimizada com um tratamento suplementar sub-zero. • Revenimento: Na sequencia a peça deve ser submetida a um tratamento de alivio de tensões (Revenimento) a uma temperatura adequada;

55

0

100

200

300

400

500 °C

Temperatura de Revenimento (o C)

Figura 11 – Curva de revenimento aço BOHLER N690. Fonte de dados: MAXIME FERRUM + Catálogo BOHLER

Para obtenção dos maiores valores de dureza, o revenimento deve ser feito na faixa de temperatura de até 150° C. Deve-se evitar revenimentos na faixa de temperatura de 350/500° C, pois apesar de haver uma elevação na dureza ocorre a fragilização do material (dureza secundária).

• AÇO INOX BOHLER 440C – DIN X105CrCoMo17 (1.4525) Composição Química Típica (% em peso):

COMPOSIÇÃO QUÍMICA NOMINAL (% peso)

COMPOSIÇÃO QUÍMICA TÍPICA (% em peso):

C

C

0,99

1,08

Si

Mn

Cr

Mo

V

Co

0,40

0,40

17,30

1,10

0,10

1,50

Características gerais do aço: Aço inoxidável ao Cromo, martensítico e com adições de Molibdênio, Cobalto e Vanádio. Indicado especialmente para ferramentas onde são desejados endurecimentos para altos níveis de dureza. O elevado teor de Cromo proporciona excepcional resistência à oxidação principalmente se estiver na condição de lixamento fino ou polido. Este aço é especialmente indicado para ferramentas de corte com grande necessidade de retenção de fio como por exemplo: facas especiais, instrumentos cirúrgicos, facas rotativas para indústria de alimentos, etc. Microetrutura final após têmpera: Martensita + carbonetos Dureza típica pós-têmpera: 60/62 hrc Dureza típica pós-revenimento: 58/60 hrc

Si

Mn

P máx.

S máx.

Cr

Mo

0,48

0,37

0.032

0.0024

16,0

0,47

Caracterísiticas gerais do aço: Aço inoxidável ao Cromo, martensítico e com adições de Molibdênio. Indicado especialmente para ferramentas onde são desejados endurecimentos para altos níveis de dureza e resistência ao desgaste como rolamentos para alta resistência a corrosão. A combinação dos altos teores de Carbono e Cromo garante formação de carbonetos extremamente duros propiciando alta resistência a desgaste e retenção de fio Tratamentos térmicos: • Forjamento: 900/1150° C, resfriando no forno. • Recozimento: 780/840° C, com resfriamento em forno. • Têmpera: 1000/1050° C, resfriamento em óleo. • Revenimento: 100/200° C. • Microetrutura final após têmpera: Martensita + carbonetos • Dureza típica pós-têmpera: 61 hrc JULHO/AGOSTO 2019 SIDERURGIA BRASIL 33

Composição Química Típica (% em peso): artigo_tecnico3.indd 33

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Artigo Técnico • Dureza típica pós-revenimento: 59/60 hrc • Curva típica de revenimento pós-têmpera: No gráfico abaixo é possível ver a variação da dureza do material após têmpera e durante o revenimento. Para obtenção dos maiores valores de dureza, o revenimento deve ser feito na faixa de temperatura de até 150° C. Deve-se evitar revenimentos na faixa de temperatura de 350/500° C, pois apesar de haver uma elevação na dureza ocorre a fragilização do material (dureza secundária).

Tratamentos térmicos: • Recozimento: 750/800° C, com resfriamento em forno. • Têmpera: 1050/1080° C, resfriamento em óleo. • Revenimento: 150/ 250° C. • Sub-zero: após têmpera a – 20° C (não obrigatório). Recomendação: para o caso de não efetuar-se têmpera sub-zero, recomenda-se efetuar duplo revenimento após têmpera para garantir melhor tenacidade. Entre um revenimento e outro a peça deve resfriar-se até temperatura ambiente.

62

Microetrutura final após têmpera: Martensita + carboneto + austenita retida ( sem sub-zero)/ Martensita + carbonetos (com sub-zero) Dureza típica pós-têmpera sem sub-zero: 57/59 hrc Dureza típica pós-têmpera com sub-zero: 59/61 hrc. Dureza após revenimento No gráfico, figura 13 é possível ver a resposta de dureza deste material durante o revenimento. Com revenimento a 150° C a dureza medida cai para pouco mais de 60HRC e a 250° C a dureza obtida ainda é de 58HRC.

60

Dureza (HRC)

58 56 54 52 50

0

100

200

300

400

500

600

62

Temperatura de Revenimento

Figura 12 – Curva de revenimento aço inox BOHLER 440C. Fonte de dados: MAXIME FERRUM + Catálogo BOHLER

COMPOSIÇÃO QUÍMICA TÍPICA (% em peso): C 0,68

Cr 13,00

Dureza (HRC)

• AÇO INOX SANDVIK 13C26:

60 58 56

54 52

50 (120)

150 (300)

250 (480)

350 (660)

450 (840)

550 (1020)

Temperatura de Revenimento

Características gerais do aço: O aço Sandvik 13C26 é um aço inoxidável martensítico, que após tratamento térmico caracteriza-se por: elevada dureza, ótima resistência à corrosão e excelente resistência ao desgaste. Foi especialmente projetado para ser utilizado na fabricação de lâminas de navalhas, instrumentos cirúrgicos e também para diferentes tipos de facas industriais para processamento de alimentos. O alto teor de carbono foi especialmente balanceado para garantir estrutura formada por finos carbonetos secundários isenta, portanto dos grosseiros carbonetos primários que apesar de duros, são excessivamente frágeis. O elevado teor de carbono e a estrutura extremamente refinada proporcionam elevada retenção do fio de corte proporcionando vida mais duradoura à lâmina. Após tratamento térmico a estrutura é constituída de martensita, fina distribuição de carbonetos e cerca de 15% de austenita retida, proporcionando uma ótima combinação de dureza, resistência ao desgaste, ductilidade e resistência a corrosão.

Figura 13 – Curva de revenimento aço inox SANDVIK 13C26. Fonte de dados: Catálogo Sandvik.

• AÇO INOX SANDVIK 14CN28: Características gerais do aço: o aço 14C28N é um aço inoxidável martensítico ao cromo, fabricado na Suécia pela Sandvik, com a composição química otimizada para a máxima performance e para aplicação na fabricação de facas profissionais de alta qualidade. Sua composição química proporciona uma combinação única visando maximizar as seguintes características: • excelente retenção de fio • alta dureza • alta resistência à corrosão

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O Sandvik 14C28N é especialmente recomendado para aplicação em facas cujas aplicações exigem boa retenção de fio e estabilidade do mesmo (característica principal deste aço) como por ex.: canivetes de bolso, facas de“chef”, de caça e de pesca.

COMPOSIÇÃO QUÍMICA TÍPICA (% peso): C 0,62

é de 58,5HRC e a 250° C obtém-se dureza de aprox. 57HRC. (dados de uma espessura de 2,5 mm e tempo de revenimento de 30 minutos). Deve-se seguir estritamente a temperatura de austenitização para obter-se a correta estrutura. Nas figuras a); b) e c) pode ser verificada a importância da correta temperatura: a) Temperatura de têmpera muito alta:

Si

Mn

P

S

Cr

Ni

0,2

0,6

≤0.025

≤0.010

14

0.11

O teor de carbono irá proporcionar uma resposta à têmpera excelente, além de garantir a não existência de carbonetos grosseiros como existentes nos aços de teores mais elevados de carbono, que resultam em fragilidade, dificuldade de reafiação e arranchamentos (dentes no fio). O Nitrogênio irá proporcionar aumento da resistência mecânica e dureza, influenciando também decisivamente na resistência a corrosão. Condição de fornecimento: Chapas recozidas e decapadas nas seguintes dimensões: Espessuras: mínima 1,0 mm e máxima 4,5 mm Largura: 380 mm / Comprimento: de 0,5 a 4,0 metros Tratamento térmico: • Têmpera: • Não difere dos aços inoxidáveis martensíticos tradicionais: aquecimento a 1050° C, manutenção na temperatura por 5 minutos e resfriamento em óleo, tornando-o vantajoso em relação aos demais aços mais complexos. • Revenimento: O gráfico figura 14 mostra a resposta do 14C28N ao tratamento e revenimento após têmpera com a dureza obtida a cada temperatura de revenimento:

Temperatura alta de austenitização gerará estrutura grosseira com alto teor de austenita retida (cerca de 30%) e poucos carbonetos. Consequência: baixa dureza e péssima resistência ao desgaste (retenção de fio). b) Temperatura de têmpera baixa:

A baixa taxa de resfriamento após austenitização gerará precipitação de carbonetos nos contornos de grãos. Consequência: fragilidade e baixa resistência a corrosão. c) Temperatura correta de têmpera:

A correta temperatura gerará uma otimização do teor de austenita retida (aprox. 15%) e uma distribuição uniforme de carbonetos pela matriz. Consequência: melhor combinação possível de dureza, resistência ao desgaste, ductilidade e resistência a corrosão. A máxima dureza é obtida com o teor de austenita retida de cerca de 15%. Pode-se aumentar a dureza através de resfriamento sub-zero, porém o aumento não é tão significativo, sendo de aproximadamente 1 a 2 HRC.

62

Dureza (HRC)

60

58

56

54

0

100

200

300

400

500

600

Temperatura de Revenimento (o C)

Figura 14 – Curva de revenimento aço inox SANDVIK 14CN28. Fonte de dados: Catálogo Sandvik.

A partir de 100° C começa a haver uma queda na dureza inicial de 61HRC. A 200° C a dureza obtida após revenimento

*Antenor Ferreira Filho − Doutor em Engenharia Metalúrgica e Materiais pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP-2005). Mestre em Engenharia Metalúrgica e Materiais pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP-2000). Pós-graduado em Engenharia de Produção (FEI−1984); Engenheiro Metalurgista graduado pela Faculdade de Engenharia Industrial (FEI−1981); Técnico Metalurgista pela Escola SENAI de Osasco (1975). Consultor independente na AFF − Consultoria desde JAN/15. E-mail: afefilho_@uol.com.br

(*) Nota do Editor: A primeira parte deste artigo foi apresentada na edição 133 da revista Siderurgia Brasil. JULHO/AGOSTO 2019 SIDERURGIA BRASIL 35

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Estatísticas

Setor de máquinas tenta retomar fôlego Consumo interno vem segurando a produção, mas as exportações estão abaixo das expectativas. Segundo dados divulgados pela Abimaq no último dia 30 de julho, o setor de máquinas e equipamentos registrou retração nas suas atividades em junho de 2019. Em relação ao mês de maio/19 a queda nas vendas foi de 6,1% e em relação ao mesmo período do ano anterior, a queda foi ainda maior, atingindo 12,1%. O problema localizado é que apesar da demanda interna ter crescido em 10,2% no semestre, os esforços de exportações não têm alcançado os resultados esperados. Com os resultados de junho foi eliminada boa parte da taxa de crescimento acumulada no semestre pelo setor. Apesar da maioria das pesquisas apuradas mostrarem que a confiança do empresário havia voltado no inicio do ano, na prática tal cenário mudou um pouco e os dados mais recentes

S

mostram que houve uma desaceleração nas atividades econômicas e que este cenário está presente em quase todas as atividades. A desaceleração das vendas de máquinas e equipamentos no mercado interno e externo vem sendo demonstrada nos últimos resultados . Ainda que o semestre tenha encerrado com resultados acima dos observados em 2018, período cuja atividade foi influenciada negativamente pela paralisação dos caminhoneiros, esta melhora vem claramente diminuindo no mês a mês e já preocupa. As exportações novamente recuaram. Desta vez 8% em relação ao mês anterior e se considerarmos a amostra anual o recuo em valores atingiu 22,5%, passando de US$ 880 milhões em junho de 2018, para US$ 681 mi-

lhões agora em junho de 2019. Segundo interpretação da diretoria da Abimaq a acentuada desaceleração do comércio internacional, em razão das tensões entre EUA e China e a crise na Argentina ajudam a explicar a queda nas exportações de máquinas observada no primeiro semestre/19. Mesmo assim a ociosidade da indústria diminuiu e a capacidade instalada chegou a ser utilizada em 76%, pouco acima do que havia sido observado em período idêntico no ano passado. A carteira de pedidos pode ser considerada estável e a capacidade de utilização de mão de obra conta com 307.526 pessoas ocupadas com um aumento de quase 7.000 postos de trabalho no setor em relação ao ano de 2018. www.abimaq.org.br

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Distribuição de aço volta a ter dificuldades Observando os números, apesar do crescimento em relação ao ano passado, ainda não chegou o momento do crescimento contínuo.

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Segundo o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço – Inda, no último mês de junho o setor de distribuição de aços planos registrou queda em suas vendas na ordem de 8%, quando vendeu 247,5 mil toneladas contra 269,1 mil toneladas do mês anterior. Se for considerado o mesmo mês do ano

anterior houve uma alta lta de 21,9%, pois naquele período foram somente 203 mil toneladas. Por sua vez as compras registraram queda de 6,5% em relação a maio com um volume total de 230,1 mil toneladas. Em relação ao ano passado a queda apresentada foi de 15%, pois naquele mês as compras apuradas foram de 270,8 mil toneladas. Com este movimento o giro dos estoques subiu para 3,1 meses de venda, fechando o mês com 774,2 mil toneladas em mãos dos distribuidores.

Por sua vez as importações encerraram o mês t de junho com queda de 48,9% em relação ao mês anterior, com volume total de 64,7 mil toneladas. Comparando-se ao mesmo mês do ano anterior (128,4 mil ton.), as importações registraram queda de 49,6%. No tocante às importações de aços planos no período de janeiro a junho os números apresentados pelo Inda, mostram que do total do aço importado pelo Brasil, 58,9% foi proveniente da China, 15,6% veio da Rússia e a Coréia do Sul nos mandou 6,3% do total. O restante foi pulverizado por outros países. Segundo os dirigentes do Inda é esperado um reaquecimento para os próximos meses, pois tradicionalmente o segundo semestre tem um comportamento melhor. Já para julho as previsões são de que haja um crescimento ao redor de 8%. www.inda.org.br

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Ônibus articulados na República Dominicana, no Caribe Foto: Divulgação

A Volvo Buses Latin America anuncia que por meio de licitação feita pelo Operador Metropolitana SA, empresa pública que gerencia o transporte coletivo em Santo Domingo, capital da República Dominicana, ganhou o direito de fornecimento de 63% do lote de articulados para aquela cidade. Os 50 Volvo com 22 metros de comprimento receberam carroceria Comil Doppio, com ergonomia aprimorada para assegurar o conforto e a segurança dos passageiros. Outro destaque é o ar condicionado de alta eficiência, essencial numa cidade que tem elevadas médias de temperatura. Os Volvo B340M contam com motor eletrônico central dos chassis da marca, numa configuração que assegura melhor aproveitamento de espaço no salão. O motor central, abaixo do piso, garante também melhor conforto térmico e acústico, essenciais para veículos de alta capacidade. Além disso, os chassis têm altíssima tecnologia embarcada, com arquitetura eletrônica que integra todos os sistemas do veículo – motor, transmissão, freios, suspensão etc. Segundo assegura Fabiano Todeschini, presidente da Volvo Buses Latin America, os novos Volvo vão melhorar muito a mobilidade urbana desta que é uma das mais populosas metrópoles do Caribe. www.volvobuses.com.br

Foto: Divulgação

Aço usado em energia solar A Usiminas, em conjunto com a Soluções Usiminas (SU), garantiu a homologação do novo aço USI SAC Solar Power, material criado exclusivamente para estruturas de fixação de placas solares, atualmente é a única a produzir e disponibilizar este grau de aço específico para plantas fotovoltaicas. Capaz de atender requisitos estruturais e de vida útil da aplicação, o novo aço da Usiminas, em paralelo à homologação do material, já foi adquirido e tem uso programado para projetos em Minas Gerais. O primeiro fornecimento foi realizado em um projeto na Bahia, com capacidade de geração de 14MW. A expectativa da empresa é expandir a aplicação do novo USI SAC Solar Power e aumentar exponencialmente a utilização desse aço. Deste modo, a companhia contribui com soluções e estimula a implementação de energia solar, fonte limpa e renovável. www.usiminas.com

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Prêmio para embalagens metálicas A Abeaço − Associação Brasileira de Embalagem de Aço está anunciando que estão abertas as inscrições para o 5º Premio de Embalagens em Aço. Os prêmios serão concedidos nas categorias: Inovação, Praticidade, Design, Litografia, Aplicação diferenciada, Tampas para embalagens diversas, Sustentabilidade no ciclo de vida do produto e para o Jornalista Destaque que apresentar a melhor matéria sobre o uso de embalagens metálicas. Para participar, os candidatos devem solicitar até 23 de agosto a ficha de inscrição através do e-mail celita@abeaco.org.br que após o preenchimento deve ser enviada para a Abeaço, em São Paulo. A premiação ocorrerá no dia 23 de outubro de 2019 em São Paulo. Informações e regulamento: celita@abeaco.org.br e (11) 3842-9512. www.abeaco.org.br

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