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SUSTENTABILIDADE Sustentabilidade: a base de tudo

SUSTENTABILIDADE: A BASE DE TUDO

Vista aérea- Tubarão

SUSTENTABILIDADE:

Jorge Oliveira, CEO da ArcelorMittal Aços Planos América do Sul

A BASE DE TUDO

Em entrevista exclusiva, Jorge Oliveira, CEO da ArcelorMittal Aços Planos América do Sul, fala sobre a recente conquista da certificação ResponsibleSteel – inédita nas Américas e fora da Europa – pela unidade de Tubarão da empresa, e ainda sobre a crescente importância da ESG na indústria siderúrgica.

MARCUS FREDIANI

Uma das questões que mais tem chamado atenção da siderurgia mundial é a da conquista de modelos de operação mais sustentáveis dentro da proposta da ESG, as três letrinhas mágicas que dispõe sobre tudo aquilo que, de maneira geral, poderia ser considerado o corolário do “politicamente correto” em termos da adequação à cultura industrial mirada na conquista de um futuro mais sustentável.

Com efeito – e felizmente –, a busca incessante por uma atitude ambiental, social e corporativa que compõe o sentido da sigla em inglês do Environmental, Social and Corporate Governance já rompeu a barreira da dialética meramente filosófica, para se transformarem em iniciativas e ações materiais cada vez mais integradas ao mundo real, plasmadas não só sob a forma de soluções estrategicamente endereçadas não só à preservação ambiental do planeta e das pessoas que nele vivem, como também à evolução inteligente dos modelos econômicos e empresariais vigentes. Em suma, trata-se de uma verdadeira revolução em curso, que vai além do

papel das corporações para maximizar os lucros em nome de seus acionistas, cujos benefícios já se fazem sentir.

Nesse cenário, uma das empresas que mais tem sobressaído é a gigante ArcelorMittal, empresa líder mundial em produção de aço e mineração. Tanto que, globalmente, a empresa considera a questão da sustentabilidade como a base de gestão de seus negócios. E isso vem se traduzindo cada vez mais em ações concretas explicitadas pela companhia no âmbito do respeito aos preceitos da integridade e da boa governança, do uso racional dos recursos, do desenvolvimento de produtos e serviços inovadores, do controle dos impactos ambientais e do relacionamento responsável com empregados, fornecedores, comunidades, clientes e demais públicos.

E, no Brasil, o mais recente reconhecimento a esse diligente esforço foi a conquista de uma relevante e inédita distinção: a ArcelorMittal Tubarão passou a ser a primeira planta industrial nas Américas e fora da Europa a obter a certificação de sustentabilidade das suas operações pelos padrões da ResponsibleSteel, organização mundial referência para a produção de aço de maneira responsável. Para falar sobre ela, e ainda sobre outros temas ligados à proposta da ESG, a Revista Siderurgia Brasil foi conversar com Jorge Oliveira, CEO ArcelorMittal Aços Planos América do Sul. E dessa inspiradora interação, surgiu a entrevista exclusiva que você vai ler a partir de agora. Confira!

Foto: Shuttersctock

Siderurgia Brasil: Jorge, como você avalia a importância da conquista da certificação ResponsibleSteel pela ArcelorMittal Tubarão?

Jorge Oliveira: A ArcelorMittal Tubarão é a primeira planta industrial nas Américas a obter a certificação de sustentabilidade das suas operações pelos padrões da ResponsibleSteel, organização mundial referência para a produção de aço de maneira responsável. Essa conquista vem em consonância com a nossa busca constante por processos mais sustentáveis desde o fornecimento de matérias-primas até a venda das soluções para nossos clientes. Com a certificação, queremos que nos-

sos clientes da indústria e a sociedade tenham certeza de que o nosso aço é produzido com responsabilidade em todas as suas etapas.

Que outras unidades do grupo também já receberam essa distinção?

As unidades da ArcelorMittal na Europa já possuem a certificação. Quatro plantas industriais do grupo na Bélgica (Gent, Geel, Genk e Liége), três unidades de Luxemburgo (Esch-sur-Alzette, Differdange e Rodange) e duas na Alemanha (Bremen e Bottrop) também já a conseguiram em julho de 2021. E, atualmente, nossa planta localizada em São Francisco do Sul/SC – a ArcelorMittal Veja –, está passando pelo processo de certificação.

Objetivamente, como se deu o processo de certificação da unidade de Tubarão? Quais itens ou fatores foram avaliados ao longo de seu desenvolvimento?

A unidade de Tubarão, maior produtora de aço das Américas, situada no município de Serra/ES, passou por um rigoroso procedimento de auditoria. O ResponsibleSteel criou um padrão de sustentabilidade que conta com 12 princípios ambientais, sociais e de governança. Tais princípios estabelecem metas de sustentabilidade com relação à disponibilidade de recursos hídricos, saúde e segurança, demandas de stakeholders, direitos humanos e trabalhistas e redução de emissões de gases de efeito estufa, possibilitando que altos padrões de sustentabilidade na produção e consumo sejam atendidos. Realizado pela consultoria independente DNV Brasil, o processo de auditoria consistiu no

levantamento de informações aprofundadas sobre as práticas sustentáveis e trabalho de campo para recolher evidências com visita à planta industrial e entrevistas com stakeholders. A consultoria conversou com empregados e terceirizados, fornecedores, representantes de órgãos públicos, sindicatos e moradores do entorno da planta industrial.

E qual foi a abrangência desses levantamentos?

Foi bastante extensa. Apenas para dar um exemplo, 50 colaboradores da empresa e prestadores de serviço foram entrevistados diretamente pelos auditores. Uma lista com mais de 5 mil nomes foi disponibilizada pela empresa ao auditor responsável, que selecionou os empregados aleatoriamente. As questões focaram no ambiente de trabalho e relacionamento com colegas e gestores, saúde e segurança do trabalho, horário de trabalho e pagamento de salários e benefícios, plano de desenvolvimento de carreira, liberdade de filiação aos sindicatos, dentre outros assuntos.

Foto: Shuttersctock

Atualmente, quais são os principais compromissos no âmbito da Agenda ESG da ArcelorMittal mundo e no Brasil?

O Grupo ArcelorMittal lançou metas de reduzir suas emissões de CO₂ em 25% até 2030, e de se tornar carbono neutro até 2050. Globalmente, a companhia também já se comprometeu com investimentos de cerca de R$ 1,9 bilhão para o desenvolvimento de tecnologias de carbono neutro pelos Centros de Pesquisa & Desenvolvimento do Grupo ArcelorMittal. No Brasil, no âmbito ambiental, além da planta de dessalinização que entrou em operação em setembro do ano passado na ArcelorMittal Tubarão, a unidade firmou, no final de 2021, um convênio inédito no setor industrial capixaba: um Termo de Compromisso Ambiental (TCA) pioneiro oficializado com a Cesan, concessionária dos serviços públicos de saneamento básico do Espírito Santo. O acordo prevê a compra mensal, pela produtora de aço, de 540 m³/h (150 l/s) e água de reúso de esgoto sanitário para fins industriais. E, para elevar cada vez mais seu patamar de gestão

ambiental e ainda garantir a execução das metas e diretrizes previstas em termo de compromisso (TCA) firmado com o Poder Público, a unidade de Tubarão criou um programa, chamado “Evoluir”. Ele consiste em um conjunto de iniciativas próprias e que vão além do compromisso assumido e totalizam um total de R$ 1,8 bilhão em investimentos até 2023.

Na prática, o que tais iniciativas e investimentos irão contemplar?

Bem, no âmbito ambiental já estão em execução projetos que incluem a instalação de wind fences (barreiras para controlar a velocidade do vento e a poeira industrial) nos pátios de Carvão, Minério e Coprodutos, e o despoeiramento do Alto-Forno 1, Sinterização, Aciaria e pátio de Beneficiamento de Coprodutos. Também foi finalizada a instalação de uma quarta bateria na Coqueria. Além disso, uma série de ações e melhorias identificadas proativamente serão realizadas até 2023. Todos esses investimentos estão em aderência às melhores práticas mundiais em tecnologias disponíveis. Para dar transparência a esse conjunto de ações, foi desenvolvido um aplicativo de celular, o Evoluir ArcelorMittal, há dois anos, que permite à sociedade conhecer, de forma ágil, interativa e transparente, as ações empreendidas pela empresa em sua gestão ambiental e no cumprimento do TCA.

E de que forma essa dinâmica deverá se manifestar no âmbito social?

No que diz respeito às pessoas, a ArcelorMittal Brasil anunciou a meta de ter ao menos 30% de mulheres entre seus empregados até 2030. O desafio é para todas as unidades, incluindo Tubarão, e em todas as áreas, incluindo as atividades operacionais, administrativas e cargos de liderança. Atualmente, dos cerca de 16 mil empregados da ArcelorMittal Brasil, 17% são mulheres. Na área operacional, 7% são mulheres, e em cargos de liderança, 20%. Ainda em relação à gestão de pessoas, a ArcelorMittal adotou e mantém uma Política de Diversidade & Inclusão, que reforça o compromisso de

pavimentar um caminho de mais respeito dentro da empresa. Dentre as ações previstas no Programa está o Comitê de D&I que atua em quatro grupos de afinidades (equidade de gênero, diversidade racial, pessoas com deficiência e LGBTQIA+) e é responsável pela definição da estratégia, métricas e indicadores, além da revisão das políticas e planejamento de ações a serem implementadas em curto, médio e longo prazos. Todo empregado pode se inscrever em qualquer um desses quatro grupos e contribuir para a construção de um ambiente mais diverso e inclusivo.

Algo como um “Programa de Sugestões”?

Sim. Os grupos vêm se reunindo mensalmente para trabalhar a partir de pilares estratégicos de atuação, e são responsáveis por sugerir iniciativas e projetos a serem submetidos ao Comitê Nacional de Diversidade & Inclusão. Atualmente, 1,3 mil empregados atuam ativamente como voluntários e aliados, que com os líderes dos grupos de afinidade e promovem iniciativas que contribuam para a transformação cultural que a empresa vem buscando.

Foto: Shuttersctock

Sem dúvida, um conjunto de ações bastante produtivo, que pode inspirar muita gente a seguir o exemplo da empresa. Mas, de maneira geral, como você avalia a qualidade, o nível de adesão e de comprometimento da indústria siderúrgica no Brasil com relação aos esforços endereçados à conquista de melhores e mais consistentes resultados no campo da governança ambiental, social e corporativa?

Acredito que exista um consenso generalizado na indústria de aço brasileiro de que, se desejamos realmente contribuir para atingir as metas ambientais estabelecidas pelo Acordo de Paris, é pre-

ciso mais do que avanços em termos de eficiência nos processos produtivos para se produzir um aço limpo. O setor já entendeu que é necessário pensar proativamente e buscar tecnologias e soluções sustentáveis para isso. E não faltam bons exemplos de pesquisas e iniciativas nesse sentido por todo o país. Acho que isso demonstra o nível de envolvimento e engajamento das empresas nesse sentido e, certamente, logo vamos ver os bons resultados dessa mobilização.

Para finalizar, qual é a análise que você faz do texto da nova Carta de Sustentabilidade, divulgada pela Worldsteel no último dia 3 de março, cujo conteúdo, revisado e ampliado, está organizado em nove princípios com 20 critérios associados, que abrangem aspectos ambientais, sociais, de governança e econômicos da sustentabilidade.?

Sem dúvida alguma, a Worldsteel Association é uma das maiores e mais dinâmicas associações industriais do mundo. A ArcelorMittal é signatária da Carta de

Foto: Shuttersctock

Desenvolvimento Sustentável da Instituição e foi fundadora do grupo de trabalho em Sustentabilidade do WorldSteel em 2003. Além disso, a unidade de Tubarão sediou o encontro internacional do grupo, em 2005, no qual foram discutidos os indicadores mundiais de sustentabilidade do setor de produção de aço. Entendo a nova carta da Worldsteel como atual e oportuna, especialmente nesse momento mundial, mais focado na sustentabilidade. Seu conteúdo está totalmente alinhado ao que pensamos e desejamos para a nossa companhia. A ArcelorMittal é uma empresa empenhada no compromisso com o mundo em que vivemos, com toda a nossa cadeia de valor. E isso inclui a segurança e o bem-estar dos empregados e das comunidades as quais fazemos parte. Nosso propósito é produzir aços inteligentes para as pessoas e o planeta, uma abordagem de longo prazo e que representa a filosofia do nosso negócio. Por isso, vemos como natural a inserção desses princípios e critérios na nova Carta da Worldsteel.

ATUALIZADA NO PRESENTE, E 100% PREPARADA PARA O FU

ATUALIZADA NO PRESENTE, E 100% PREPARADA PARA O FUTURO

Modelo de competência na correta e, às vezes, complicada tarefa de equacionar lucros e sustentabilidade, a Aço Verde Brasil caminha firme e forte rumo a um futuro cada vez mais promissor.

MARCUS FREDIANI

AAço Verde do Brasil (AVB), empresa maranhense do Grupo Ferroeste, nasceu como um player competitivo de aço com a filosofia de sustentabilidade como carro-chefe de suas estratégias, sempre pautadas pela inovação e pela melhoria constante de produtos e processos, para assegurar operações livres de combustíveis fósseis (zero carbon footprint), graças à sua matriz energética 100% originada pelo uso do carvão vegetal, a partir de florestas plantadas e renováveis. E isso, entre outras distinções, lhe garantiu a expressiva conquista do título de primeira empresa do planeta a produzir aços sem a utilização das fontes energéticas convencionais, entre os quais aços longos, vergalhões, fio máquina, tarugo e ferro-gusa, perfazendo, em 2021, um total de 600 mil toneladas anuais.

“A sustentabilidade, realmente, está no DNA da Aço Verde do Brasil. É um compromisso que levamos muito a sério em todas as nossas operações. E temos orgulho de estar fazendo a nossa parte para a conquista da meta global do carbono neutro em 2050, um desafio que, sabemos, é muito grande para a indústria siderúrgica, atualmente responsável por 7% das emissões mundiais de carbono para a atmosfera. E nossa contribuição tem sido muito grande: temos uma emissão de carbono mais do que 50 vezes menor do que qualquer indústria siderúrgica do mundo”, destaca Sandro Marques Raposo, diretor industrial da AVB. Só para se ter uma ideia, segundo o último Relatório de Sustentabilidade apresentado pela AVB, o valor de toneladas de CO2 retiradas da atmosfera com o uso do carvão vegetal como matriz energética pela companhia equivale ao de uma frota de 100 mil carros por ano.

Foto: Divulgação

Para conseguir esse resultado, além de constantes aperfeiçoamentos das instalações e equipamentos de seu parque industrial, a empresa implementou um robusto sistema de gestão ambiental, que teve como passo emblemático a conquista da certificação ISO 14001, normatização mundial que exige que qualquer atividade produtiva da companhia cumpra seus rígidos protocolos, e que ela apresente regularmente provas da aplicação de controles ecossistêmicos, bem como de condutas de transparência e ética em suas operações. E, agora, a AVB está em processo de auditoria para a conquista de mais uma importante certificação de sustentabilidade no âmbito de suas operações: a da ResponsibleSteel, organização mundial referência para a produção de aço de maneira responsável.

INVESTIMENTOS NO SOCIAL

Mantendo sua proposta de proatividade, a AVB também foi uma das primeiras empresas a antecipar a implantação das recomendações da nova e mais recente versão da Carta de Sustentabilidade da

Sandro Raposo, diretor industrial da AVB

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Worldsteel, que já foi destaque em nosso portal, divulgada em versão revisada e ampliada no último dia 3 de março, com foco na agenda da ESG. O documento está organizado em nove princípios com 20 critérios associados, que abrangem aspectos ambientais, sociais, de governança e econômicos da sustentabilidade.

“Nossa filosofia de trabalho sempre incluiu as dinâmicas propostas que, agora, se encontram explicitadas na nova carta da Worldsteel, por meio da implantação, em amplo espectro, os conceitos da ESG, que além da responsabilidade ambiental, integram critérios superlativos de sustentabilidade social e de governança. Por exemplo, além de questões ligadas a uma política de segurança eficiente, entre outras coisas, a gente sempre se preocupou com o rastreamento e o cumprimento de tais compromissos ao longo de toda a cadeia de valor do aço que produzimos, estendendo-os tanto aos nossos fornecedores quanto aos clientes finais dos itens que entregamos ao mercado. Ou seja, não é importante só a AVB ser sustentável: todos os envolvidos na cadeia têm que ser”, explica Sandro.

“Nesse sentido, temos um trabalho muito forte de investimentos direcionados à questão da ESG, no amplo espectro da sustentabilidade. Por conta disso, sempre atualizamos e fazemos planejamentos antecipados contemplando a destinação desses recursos. Exemplo claro é que, agora em 2022, a gente já está mirando a conquista de objetivos nessa área para 2032, planilhando tudo que vamos investir em plantio de florestas, em preservação de reservas ambientais, quanto vamos investir na área social, contemplando desde o treinamento da nossa equipe de funcionários quanto ações endereçadas ao desenvolvimento das comunidades em torno da nossa usina”, destaca, por sua vez, Silvia Nascimento, presidente do Conselho da Aço Verde do Brasil.

E atestando o ganho de musculatura dessa sua política voltada à integração, na segunda quinzena do mês de abril, a companhia anunciou a criação de um Comitê

Silvia Nascimento, diretora do Conselho de Administração da AVB

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de Governança e Sustentabilidade, cujo objetivo é apoiar o Conselho de Administração da AVB no cumprimento de atribuições estratégicas relacionadas a ações de ESG. A proposta é que, em reuniões mensais, diretores e colaboradores internos e externos, juntamente com os conselheiros da empresa apresentem projetos e debatam práticas de governança ambiental, social e corporativa, indicar processos inovadores para os negócios e operações, sempre com foco na sustentabilidade, e ainda impulsionar e priorizar procedimentos de certificação importantes para a companhia.

“Isso, sem falar do projeto de criação do Instituto AVB, já em fase de edificação, que, por meio da utilização de benefícios fiscais calculados sobre um percentual de nosso faturamento líquido anual, nos permitirá direcionar verbas para ações de educação, amparo à criança e Lei Rouanet, entre outras inciativas de sustentabilidade social, naturalmente somadas às de sustentabilidade florestal já mapeadas, reservadas e rubricadas, com direcionamento claro em nossos balanços”, complementa Silvia.

APERFEIÇOAMENTOS TECNOLÓGICOS

Como já foi dito, com a sustentabilidade presente nas estratégias desde a sua concepção, a Aço Verde do Brasil está continuamente em busca da inovação e da melhoria de seus produtos e processos. Nesse sentido, os investimentos da empresa em tecnologias visando ao desenvolvimento sustentável não param. Prova disso são dois grandes projetos que já se encontram em fase final de implementação.

O primeiro deles, dentro do programa “Zero Resíduo até 2025”, é o briquete verde, que vai permitir o aproveitamento total dos resíduos do carvão vegetal utilizado na produção do aço, reciclados internamente, na fase atual em uma planta-piloto de testes, cuja eficiência, caso comprovada, já passará a funcionar em plena carga ainda este ano. E o segundo, é o desenvolvimento de uma patente própria da

Wallas Silva, superintendente florestal da AVB

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AVB destinada à construção de um forno de carbonização industrial, cujo objetivo é melhorar a queima (pirólise) da madeira utilizada para a produção do carvão vegetal, com o aproveitamento energético dos gases gerados no processo, embora estes não causem impacto ambiental.

“Para se ter uma ideia, no processo atual de carbonização da madeira, apenas 20% do volume queimado se transforma em carvão, um índice muito baixo de aproveitamento. E, se conseguirmos aumentá-lo, nem que seja de 20% para 30%, o ganho de eficiência, não só do ponto de vista econômico, como também – e o que é super importante – do ponto de vista ambiental, uma vez que essa simples diferença de 10% representa muita madeira e, claro, contribuirá para a preservação, embora temporária, de muitas das nossa mais de 7,3 milhões de árvores de eucalipto plantadas em nossa área de 65 mil hectares no Maranhão – sem contar com nossa área de preservação natural, que tem tamanho ainda maior –, promovendo um uso muito mais racional desses recursos. E é importante frisar que a floresta plantada de eucalipto é muito mais eficiente em termos de sequestro de CO2 da atmosfera do que uma floresta nativa”, explica Wallas Silva, superintendente florestal da AVB.

GOVERNANÇA CORPORATIVA

Na trilha, rumo ao aprimoramento da aplicação dos conceitos da ESG na companhia, a governança corporativa também tem lugar de destaque na pauta da Aço Verde do Brasil. Afinal, dada à sua importância como elo de ligação entre os outros dois pilares da sigla, ela é fator indispensável para a garantia da continuidade sustentável, em latu sensu, da jornada da empresa no futuro. Por conta disso, a criação de um ecossistema corporativo cada vez mais robusto para o desenvolvimento de negócios pioneiros, integrados e responsáveis é

tratado como prioridade absoluta na AVB. Assim, ela tem investido na implementação de um conjunto de mecanismos e processos transparentes, transformadores e seguros, capazes de garantir o equilíbrio entre os interesses da AVB e de todos os envolvidos nos ambientes em que ela opera, e que, certamente, irão ajudá-la no seu processo de crescimento ao longo dos próximos anos. Entre esses instrumentos de controle, além da contabilidade precisa e transparente, realizada por renomadas auditorias, e do sistema de Business Intelligence, capaz de acompanhar e proporcionar uma visão completa e confiável de resultados, outros destaques foram a estruturação do Conselho de Administração Consultivo,

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formado por membros independentes e diversificados, incluindo a contratação de consultores externos e a participação de membros não acionistas, e, ainda, a obtenção concessão de registro junto à Comissão de Valores Imobiliários (CVM), na “Categoria B”, que autorizou a empresa a emitir títulos de dívidas mais amplos, com exceção de ações, que a irá aproximar cada vez mais do mercado de investidores.

Mas, é claro, como a jornada da companhia no âmbito da governança corporativa ainda não está concluída, mantém-se viva a possibilidade de a AVB fazer uma oferta pública inicial (IPO), combinada a uma admissível internacionalização da empresa. E a empresa se diz plenamente preparada para isso quando e se esse momento chegar, seja no mercado brasileiro, seja no plano global.

AMPLIANDO AS FRONTEIRAS COMERCIAIS

Esforço brasileiro em aumentar o comércio internacional passa pela participação em eventos de grande porte como foi o 4º Global Business Fórum Latin-America (GBF), realizado em Dubai.

HENRIQUE PATRIA*

Sob os auspícios da Câmara de Comércio de Dubai (Dubai Chambers), foi realizada nos dias 23 e 24 de março no Centro de Exposições de Dubai nos Emirados Árabes Unidos em parceria com a Expo 2020 Dubai o 4º Global Business Fórum Latin-America (GBF) que discutiu as principais oportunidades e desafios visando fortalecer as relações bilaterais entre as duas regiões do planeta.

O evento reuniu chefes de estado, ministros dos Emirados Árabes Unidos e da América Latina, delegados e autoridades em um número superior a 2.000 delegados de 95 países diferentes.

AMPLIANDO AS FRONTEIRAS COMERCIAIS

Foto: Divulgação

Em seu discurso de boas-vindas, Abdul Aziz Al Ghurair, presidente do conselho da Câmara de Comércio de Dubai, revelou que as importações não petrolíferas de Dubai da América Latina ultrapassaram US$ 6 bilhões entre 2018 e 2020, enquanto os dados dos primeiros nove meses de 2021 mostraram que as importações atingiram US$ 4,8 bilhões. Ele observou que as importações de alimentos do mercado latino-americano ainda dominam o volume de comércio e que essa tendência continuará à medida que os Emirados Árabes Unidos e os países latino-americanos expandirem sua cooperação em segurança alimentar.

As exportações de Dubai para a América Latina e Caribe atingiram US$ 687 milhões entre janeiro e setembro de 2021, revelou ele, com o status do emirado como parceiro comercial da região que é forte e crescente, acrescentando que isso é um sinal de que mais empresas do Emirados Árabes Unidos estão aproveitando as oportunidades comerciais em toda a América Latina, com a grande maioria visando Brasil, México, Colômbia e Chile.

Por exemplo, o comércio de alimentos entre Dubai e Brasil continua sendo um fator importante na expansão dos laços das economias bilaterais. No primeiro semestre de 2021, apesar do impacto do bloqueio nas cadeias de suprimentos globais, ocasionado pela pandemia mundial, as importações de produtos brasileiros de alimentos e bebidas (A&B) por Dubai totalizaram mais de U$ 350 milhões. Um aumento de 48% se comparado com cerca de U$ 230 milhões registrados no primeiro semestre de 2020.

“Além do nível certo de investimento necessário para apoiar o desenvolvimento sustentável das empresas e economias latino-americanas, o emirado oferece uma vasta vantagem competitiva, como 100% de propriedade, residência de longo prazo, infraestrutura de classe mundial, zonas francas atraentes, e uma variedade de novos incentivos que impulsionaram sua proposta de valor entre investidores estrangeiros e empresas em todo o mundo”, disse o presidente da Câmara de Comércio de Dubai.

Durante o evento de dois dias, diversos porta-vozes do Brasil participaram de várias sessões, incluindo Jair Messias Bolsonaro, Presidente do Brasil, e vários empresários que fizeram parte da comitiva brasileira como Luiza Helena Trajano, presidente da Magazine Luiza, Marcos Troyjo, presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), Gustavo Montezano, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Fabricio Pezente, diretor executivo da TrAIve, Dyogo Oliveira, Ex-Presidente da Associação Nacional das Empresas Administradoras de Aeroportos (ANEAA), Lucas Fiuza, diretor de Negócios da

Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e outros. O presidente Bolsonaro, em seu discurso virtual, convidou empresas dos Emirados Árabes Unidos a investir no Brasil e explorar as atraentes oportunidades de negócios que estão surgindo em diversos setores econômicos. Destacou que nos últimos três anos, o governo brasileiro transferiu 131 ativos para o setor privado, com potencial para gerar mais de US$ 150 bilhões em investimentos e cerca de US$ 25 bilhões em taxas de concessão. Disse que a carteira do programa para 2022 é composta por 153 ativos, com investimentos previstos até US$ 60 bilhões.

“Estamos comprometidos com a abertura econômica do Brasil, que inclui uma inserção competitiva do nosso país no novo cenário que marcará o mundo pós-pandemia. Depois de todos os desafios dos últimos dois anos, que nos levaram a direcionar uma enorme quantidade de recursos para evitar uma recessão social e econômica mais severa, o Brasil voltou ao caminho do crescimento econômico. Após uma contração de 4,1% em 2020 – uma das menores entre todos os países afetados pela pandemia – nosso PIB cresceu 4,6% em 2021”, disse.

Concluiu “A necessidade de manter a inflação sob controle vai dificultar que tenhamos o mesmo resultado este ano. Todos sabemos muito bem que não há crescimento sustentado sem um controle rigoroso da inflação.

Temos trabalhado com a máxima cautela para garantir um crescimento contínuo ao longo dos próximos anos. Buscamos crescimento com oportunidades de curto, médio e longo prazo, não só para os empresários presentes neste fórum, mas também para toda a comunidade empresarial mundial. Estou aqui para tranquilizar a todos: não haverá formas perdulárias de irresponsabilidade fiscal”, afirmou.

Lucas Fiuza, participou do painel “Grow – Attracting Foreign Direct Investment”, com a presença de autoridades e líderes empresariais, entre eles o CEO da Agência de Investimento e Desenvolvimento de Dubai.

A temática focou no resgate das economias durante e no pós-pandemia, mas também abordou acordos bilaterais como o que o Brasil assinou em 2021 com os EAU para eliminar dupla tributação e esclarecer as regras para investimento direto.

Em seu pronunciamento Fiuza falou um pouco sobre os esforços nacionais para atrair mais investimentos. Segundo ele, o Brasil tem feito um “dever de casa” nos últimos anos para transformar o mercado e por isso tem promovido diversas reformas estruturais, como as de infraestrutura.

“Durante a pandemia, percebemos que as medidas que o Brasil vinha tomando tiveram um impacto positivo no mercado”, concluiu ele, reforçando que o país já retomou bons patamares de investimento direto e é um ambiente atrativo para negócios internacionais.

Outro ponto positivo apresentado no encontro foi a criação de diversas e interessantes conexões diretas entre as empresas. Mais de 300 reuniões bilaterais de negócios aconteceram à margem do fórum abrindo inúmeras expectativas de novos negócios.

As empresas brasileiras já representavam antes do encontro 36% das empresas associadas latino-americanas registradas na Câmara de Comércio de Dubai e esse número deve aumentar de forma constante à medida que a câmara venha expandir suas atividades no Brasil.

“Construir fortes laços econômicos com a América Latina sempre esteve em nossa agenda. Ao longo de décadas, Dubai se posicionou com sucesso como um centro comercial global, permitindo que comerciantes e investidores latinos utilizem as instalações de alto nível que Dubai está

oferecendo. Acreditamos que a integração regional entre os países pode trazer mais apetite por investimentos. Dubai pode conectar os mercados latino-americanos e vinculá-los aos mercados asiáticos”, disse Hamad Buamim, presidente e CEO Câmara de Comércio de Dubai.

Dentre as autoridades convidadas e presentes ao Fórum destaque ainda para Iván Duque Márquez, Presidente da Colômbia, Ariel Henry, primeiro-ministro do Haiti, Thani Ahmad Al Zeyoudi, ministro de Estado do Comércio Exterior dos Emirados Árabes Unidos, Omar bin Sultan Al Olama, ministro de Estado para Inteligência Artificial, Economia Digital e Aplicações de Trabalho Remoto e Presidente da Câmara de Economia Digital de Dubai, Abdul Aziz Al Ghurair, presidente do conselho da Câmara de Comércio de Dubai, Hamad Buamim, presidente e CEO da Câmara de Comércio de Dubai e vários outros ministros, delegados e altos funcionários do governo e líderes empresariais das regiões da América Latina e Caribe (ALC) e do Golfo Pérsico. Henrique Pátria Editor Chefe Portal e Revista Siderurgia Brasil

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