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EDITORIAL
MOMENTO DE DEFINIÇÕES
Adespeito de o Brasil estar passando por um momento de transição, uma vez que um novo governo está sendo formado e não existe claramente uma linha que possa definir o que vem pela frente, a verdade é que o país precisa trilhar o caminho do desenvolvimento econômico.
E, ao que parece, alguns passos já foram dados nessa direção, uma vez que, pelas informações que temos acompanhado, há uma expectativa muito forte de que fecharemos o ano com superavit primário nas contas públicas. Ou seja, arrecadamos mais do que gastamos. Com isso, é possível a projeção de mais investimentos nas áreas de infraestrutura, por exemplo, que movimentam a economia de qualquer nação, o que fará um bem imenso para o Brasil.
Há indícios de que a inflação vem recuando, mas já se tem notícias de que a primeira preocupação do governo que está por se instalar será furar o teto dos gastos, o que, em estrito senso, significa que voltaremos a gastar mais do que arrecadamos. Mas isso são somente conjecturas que iremos conferir nos próximos meses e anos.
No tocante à siderurgia, a Alacero acaba de fazer um grande encontro no México, reunindo os principais players do setor na América Latina, além de participantes de todas as partes do mundo, no qual se discutiu intensamente o futuro das nossas atividades. A indústria siderúrgica precisa rapidamente voltar ao centro das atenções no continente latino-americano, pois, apesar do importante papel que vem desempenhando, literalmente, na construção das economias da região, ainda apresenta níveis de produção abaixo do que ela pode oferecer, como, particularmente, comprova o atual e aquém do ideal consumo aparente de aço no Brasil, este um grande desafio a ser vencido.
Neste mês também comemoramos os 60 anos de entrada em operação de uma das gigantes nacionais na produção de aço: a Usiminas. Além de construirmos uma linha do tempo na qual destacamos os principais momentos da empresa, apresentamos uma entrevista exclusiva com o novo presidente da companhia, Alberto Ono, que substituiu recentemente Sergio Leite no cargo, que há muitos anos vinha ocupando o principal posto executivo da Usiminas. Veja quais são seus planos para o futuro.
Nesta edição, damos especial destaque à distribuição do aço, uma atividade fundamental para a cadeia do setor, uma vez que ela funciona como um bolsão facilitador
Foto: Divulgação
MOMENTO DE DEFINIÇÕES
HENRIQUE ISLIKER PATRIA EDITOR RESPONSÁVEL
que une suas duas pontas, a produção e o consumo final. E, para ilustrar a importância operacional dela, fomos conversar com um dos executivos-chave da rede de distribuição da ArcelorMittal, ainda trazemos também uma entrevista com Carlos Loureiro, presidente do INDA.
Complementarmente, não deixe de conferir na seção de “Estatísticas”, bem como os registros esclarecedores que trazemos em nossas páginas nos quais abordamos questões cruciais relacionadas à crescente preocupação com o meio ambiente, e às estratégias necessárias que precisam ser adotadas urgentemente para o Brasil se tornar mais competitivo no cenário mundial. Tudo em matérias especificas, especialmente selecionadas com exclusividade para você.
Agradecemos mais uma vez a sua presença e participação em nossas publicações, e permanecemos ao seu inteiro dispor para continuarmos recebendo suas sugestões, críticas, comentários e tudo mais que possa nos aproximar e gerar níveis ainda maiores de interação entre nós.
Boa Leitura!
Henrique Patria
henrique@grips.com.br
Ano 23 – nº 162 – Novembro de 2022
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UM BOM MOMENTO PARA A DISTRIBUIÇÃO
O setor da distribuição independente de aço no Brasil está bem “redondo” quando se fala de estrutura. Em termos de processamento, recebe contínuos investimentos. Com isso, prevê chegar ao final do ano com cifra de crescimento, na contramão da tendência de queda do consumo aparente.
MARCUS FREDIANI
Não se pode dizer que 2022 venha sendo um ano fácil para os operadores da distribuição independente de aço no Brasil. Mesmo assim, mês a mês, a compra de aços planos segue em ritmo de recuperação, na contramão da previsão anunciada pelas usinas de que o consumo aparente da liga no país deve apresentar uma significativa queda este ano.
UM BOM MOMENTO PARA A
Carlos Jorge Loureiro, presidente do INDA
Para falar deste e de outros importantes assuntos ligados ao setor que representa, a revista Siderurgia Brasil foi conversar com o presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (INDA), Carlos Jorge Loureiro. Confira!
Siderurgia Brasil: Loureiro, como você tem analisado o movimento de avanço das usinas no sentido de montar distribuidoras próprias de aço? Esse movimento é algo que preocupa ou tem potencial para prejudicar as operações dos distribuidores independentes?
Carlos Jorge Loureiro: A primeira observação é que isso não é nada novo. Estamos há mais de 30 anos nesse convívio, desde que as usinas passaram a atuar na distribuição a partir da privatização da Usiminas, em 1991, com movimento posterior quando a ArcelorMittal passou a controlar a antiga Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira, que já tinha a Distribuição Belgo em sua estrutura. Então, isso, na verdade, não é bom, nem ruim. É o que, vamos dizer, “acontece” aqui no Brasil, seguindo mais ou menos uma dinâmica que também aconteceu em outros países. Assim, é uma situação normal. É lógico que o ideal para nós seria ter a distribuição como foi no passado, quando as usinas não participavam, basicamente porque eram usinas do governo, e não havia esse tipo de concorrência. Mas não é nada que gere sérios conflitos de interesses, ou que abarque e/ou faça com que a distribuição independente de aço acabe.
OK! Mas, concorrência é concorrência. E as usinas têm suas metas de compliance. Então, vocês estão percebendo algum tipo de queda nas vendas a partir do adensamento da citada tendência?
Em termos de resultados, a distribuição independente vem caminhando de maneira bastante satisfatória. Os balanços que ela apresentou no ano passado são robustos, com a grande maioria dos distribuidores obtendo muitos bons resultados. Assim, o problema da rentabilidade da distribuição não está muito ligado à concorrência e, sim, à oferta e procura. Quando você tem muita oferta, de certa maneira todo mundo tenta baixar seus preços para conseguir vender. E, aí, pode ser que quem tiver o melhor preço acabe levando os pedidos. Então, eu diria para você que, hoje, a distribuição independente de aço está e vai caminhando muito bem, obrigado!
De qualquer forma, você acredita que toda essa movimentação pode levar ou vir a incentivar as distribuidoras independentes a aderirem mais à operação de prestação de serviços?
R. – Sem dúvida. Eu diria para você que essa é a grande tendência. Hoje você ser um simples distri-
Foto: Divulgação buidor – ou seja, por só comprar uma bobina, por exemplo, colocar no chão e vender – é uma atividade muito difícil, porque você precisa realmente agregar valor ou algum serviço. Você agregar simplesmente o serviço financeiro – comprar e depois revender pelo prazo –, isso hoje praticamente é algo que não tem muito sentido, a não ser no caso das empresas que atuam na distribuição de material importado, que fazem muito isso: compram e revendem o material pronto, do jeito que chega. Então, eu diria para você que, hoje, os distribuidores que estão em melhor situação normalmente agregam algum serviço, como rolo, blank. Em outras palavras, você vender um material como recebeu é muito difícil hoje. Assim, eu diria que a agregação de serviços é uma tendência interessante para a distribuição independente de aço, e é uma boa solução para as empresas desse setor conseguirem uma melhor rentabilidade.
Como se diz por aí, “a união faz a força”. E essa máxima tem um sentido todo especial para uma associação. O INDA tem realizado ações para atrair novos associados?
Esse é, definitivamente, um “trabalho de formiguinha”, de convencimento, que realizamos todos os dias, de maneira constante. Hoje, do total de players da distribuição independente de aço no Brasil, provavelmente 70% deles são associados ao INDA. E os 30% restantes, são compostos principalmente por importadoras, que, sem dúvida, também representam um segmento muito importante, dada a quantidade bem grande de aço que tem entrado de fora do Brasil ultimamente.
O que você pode dizer da atual estrutura da distribuição independente de aço? E os investimentos no setor: para onde estão sendo principalmente endereçados?
O setor está bem “redondo” quando se fala de estrutura. E, em termos de processamento, temos notado um contínuo investimento. Hoje em dia, grande parte desses recursos tem como destino ações de renovação tecnológica dos equipamentos das empresas. O empresário compra uma tesoura melhor, desenvolve algum programa de computação, e por aí vai fazer um upgrade nas suas atuais operações. E, apesar de esse ser um processo constante, não existe nenhum grande investimento a caminho.
Finalmente, em termos de resultados, qual a previsão do INDA para o fechamento de 2022 para o setor da distribuição independente de aço? Haverá crescimento? E para 2023: alguma previsão?
Eu diria que 2022 vai ser um ano com resultados menores do que aqueles registrados no ano passado. Dois mil e vinte e um foi espetacular, acredito que foi o melhor ano da distribuição. Agora, 2022 vai ser um ano mais dentro da normalidade, no qual, apesar de tudo, deveremos crescer algo em torno de 4,5% em relação ao ano passado, uma cifra, felizmente, bem diferente das projeções de consumo aparente das usinas, que deverá apresentar uma queda entre 12% e 13%.
ATENDIMENTO PERSONALIZADO
Por meio de sua rede de distribuição própria super azeitada, a ArcelorMittal Brasil oferece soluções de altíssima qualidade para todo e quaisquer tipos de clientes, dos pequenos até os gigantes.
MARCUS FREDIANI
Em seu modelo de operação, a ArcelorMittal Brasil considera toda a cadeia de valor, do fornecimento de insumos à entrega do aço ao cliente final, seja no ambiente B2B – que envolve grande parte das operações da empresa por meio da rede de distribuição –, seja no B2C, com rede de lojas próprias, e no e-commerce, plataforma inaugurada em 2015. Além de assegurar ampla presença do aço da companhia no país, esse padrão lhe garante custos competitivos, oferta de produtos com valor agregado e alta performance na entrega dos resultados, sempre integrado à gestão de pessoas aos métodos avançados de governança.
ATENDIMENTO PERSONALIZADO
Com operações industriais em cinco estados brasileiros – Bahia, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo –, a empresa oferece ao mercado produtos e soluções para os mais diversos clientes, produzindo aços longos e planos de alta qualidade para as indústrias automobilística, de eletrodomésticos, embalagens, construção civil e naval. Além disso, também atua em mineração, geração de energia, produção de biorredutor renovável e tecnologia da informação. Complementarmente, sua ampla rede de distribuição e serviços atende às demandas dos mercados doméstico e internacional.
Acerca da dinâmica dessa última área da companhia em terras brasileiras, o Portal e a revista Siderurgia Brasil foram conversar com um do profissionais que mais entendem do negócio na multinacional: René Kahler, diretor de Vendas Regionais ArcelorMittal Aços Longos LATAM. Veja o que ele nos contou nesta entrevista exclusiva!
Portal e revista Siderurgia Brasil: René, sabemos que a ArcelorMittal está posicionada como uma das produtoras mundiais de aços planos, longos e especiais. E com relação à distribuição e processamento, como
René Kahler, diretor de Vendas Regionais ArcelorMittal Aços Longos LATAM
está organizada essa divisão da empresa, e qual é sua cobertura atual no Brasil?
René Kahler: Em dimensão equivalente. Hoje temos a maior rede de distribuição e serviços, do segmento no país. A nossa cobertura é de 95% do território nacional, ou seja, em todo lugar onde há consumo de aço. E essa nossa presença se dá tanto no atendimento do atacado quanto do varejo.
Vocês mantém associações com outras distribuidoras já tradicionais e mais antigas?
Temos um bom relacionamento com os distribuidores. Nosso objetivo é agregar valor ao mercado de distribuição, compartilhando melhores práticas, respeitando sempre as práticas de compliance em parceria com nossa área Jurídica. Participamos ativamente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço
(INDA), fazemos parte da Associação do Aço do Rio Grande do Sul (AARS), e colaboramos com o desenvolvimento do setor no Brasil.
No Brasil, a ArcelorMittal opera no e-commerce pelo sistema omnichanel. Como ele funciona exatamente?
Sim. Fomos pioneiros no Brasil, sendo a primeira produtora de aço a ter um canal de e-commerce e também somos os vanguardistas ao lançá-lo no Grupo ArcelorMittal. No início, nós tínhamos muitas dúvidas se teríamos procura por produtos siderúrgicos nesse canal, mas temos vencido todos os desafios logísticos. Como você mencionou, na ArcelorMittal Brasil temos o conceito do omnichannel, pois acreditamos que o cliente tem o direito de escolher a maneira como quer se relacionar conosco. Nosso objetivo é melhorar a experiência do cliente durante a sua jornada de compras. Quem optar por esse canal pode acessar direto nossa loja.arcelormittal.com.br, e escolher os produtos. E, após adicionar o CEP de sua localização, o pedido será direcionado para a unidade mais próxima do cliente.
Hoje em dia, dentro da proposta de agregação de valor, a prestação de serviços se tornou necessidade básica para as empresas do setor, incluindo a distribuição de seus produtos. Que tipo de beneficiamento vocês agregam ao produtos que a ArcelorMittal Brasil comercializa atualmente?
Verdade. Na ArcelorMittal, temos a opção de fornecer nossos produtos no padrão ou customizados. Exemplo disso é fornecer todo o aço para uma obra já cortado, dobrado e até montado. Outro caso é oferecer as telhas na quantidade e comprimentos variados de acordo com o projeto. E diversos outros tipos de serviço podem ser agregados sob consulta. Possuímos ainda uma Central de Serviços dedicada à linha da indústria, por meio da qual podemos customizar nossos produtos conforme a necessidade de cada cliente. E, para isso, sempre podemos contar com o apoio de nossa força de vendas e de nossos técnicos.
Mas as vendas dos produtos de vocês realizadas pelos canais de distribuição são para todos os tipos de aços que a
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empresa produz atualmente, tais como planos, longos e especiais?
Sim. E outro conceito importante que adotamos desde o início de nossa rede foi o “One Stop Shop”, ou seja, poder oferecer todos os produtos desenvolvidos pela ArcelorMittal em um mesmo local.
E por meio desses canais são feitas vendas fracionadas para os pequenos consumidores como, por exemplo uma pequena construtora, ou até mesmo um serralheiro?
Sim. A estratégia da companhia é estar mais próxima do consumidor final, seja ele um pedreiro, um serralheiro, um arquiteto ou quaisquer pessoas que utilizam o aço para construção ou reforma de suas casas. E é importante frisar que entendemos as necessidades de cada um deles sem filtro. Atualmente, estamos preparados para atender a todos os perfis de clientes, dos pequenos e médios até os grandes, sendo que estes últimos, muitas vezes precisam de uma reposição rápida, ou de um serviço adicional. Seja como for, basta que eles definam o produto, o nível de serviço e o volume que precisam, que nós os atendemos dentro de suas necessidades.
A partir de que quantidade vocês entendem que é uma venda para ser efetuada diretamente pela usina. Acreditamos que não deve haver “concorrência” entre a distribuição da ArcelorMittal Brasil e a usina, até porque vocês são um braço comercial dela, Mas existe alguma regra definida para isso?
É muito importante entender o papel de cada canal, e ter regras para diferenciar quando um cliente será atendido diretamente por nossas plantas, ou por uma de nossas unidades de distribuição. Assim, além do volume, o que conta também para determinar o tipo de atendimento adequado do cliente é a urgência com que um cliente precisa e o nível de serviços esperados em um determinado tipo de produto. Em certos momentos, o volume pode até atender ao mínimo de vendas diretas. Porém, se o cliente estiver precisando de um nível de serviços que só podemos fazer pela nossa rede de distribuição, nós o direcionamos a ela, colocando sempre as opções e custos de forma transparente para os nossos clientes.
Como é a logística desse processo. Se as vendas forem via e-commerce, há
centros de distribuição específicos para atender às demandas locais? Onde eles estão instalados?
Contamos com uma área logística robusta, e que está se aprimorando ano a ano. Em relação ao e-commerce, estamos muito bem posicionados com unidades distribuídas pelo território nacional. E sempre que identificamos oportunidades, fazemos nossa expansão para estarmos cada vez mais próximos dos clientes.
E os preços: como são definidos? Em caso das vendas fracionadas, como eles são calculados?
Nossos preços são definidos conforme o mercado, observando, entre outras variáveis, o nível de serviços agregados. Como é essencial mantermos a nossa competitividade, trabalhamos fortemente a questão dos custos, a fim de garantir aos nossos clientes qualidade de produtos e serviços com preços justos.
As suas distribuidoras, só vendem aços produzidos por vocês, ou vocês comercializam os de outras bandeiras também? E os aços importados: também podem entrar no negócio?
Como eu disse aí atrás, nosso objetivo é o “One Stop Shop”. Quando é necessário, ad-
quirimos soluções de outros produtores visando a atender às necessidades de nossos clientes, sejam estas quais forem.
Como foi a receptividade inicial do mercado à proposta de vocês manterem a operação de distribuição própria, principalmente ante ao fato de que, há cerca de 15 anos, a distribuição independente predominava?
A rede de distribuição iniciou as operações no Brasil, em dezembro de 2000. Tivemos como desafio inicial mostrar que todas as nossas iniciativas eram endereçadas ao fortalecimento do canal, manifestando nosso interesse de aprender com eles e gerar mais competição e benefícios aos consumidores. E, com o passar do tempo, os próprios distribuidores independentes compreenderam que o sistema de distribuição do passado – ou seja, o modelo que não agregavam serviços – não poderia ser mais o futuro. Com isso, atualmente, a maioria dos distribuidores agregaram outros serviços aos clientes, promovendo ainda mais a competição saudável pelo mercado.
apresenta resultados independentes, ou eles entram integralmente, digamos, em um “pacote único da empresa”? Há metas a serem cumpridas?
É importante que a avaliação seja independente em cada fase. Por isso, acompanhamos os resultados de forma a garantir que sempre estamos agregando valor ao nosso negócio. Sim, possuímos metas a serem atingidas, sempre com intuito de buscar o desenvolvimento contínuo de cada unidade.
Por fim, já que estamos falando em metas, quais são os objetivos, planos e prazos de expansão da área de distribuição da companhia para os próximos anos?
Nossas metas estão sempre atreladas ao aumento do consumo aparente por região. Dessa forma, em determinados momentos temos que acelerar e, em outros, as dinâmicas de expansão ganham ritmo mais lento. Nosso objetivo é estarmos presentes em todas as regiões, para podermos oferecer a melhor experiência aos nossos clientes e, ainda, contribuir com o desenvolvimento do seu entorno.
Líder no mercado brasileiro de aços planos, companhia dona de um passado de vitórias, projeta um futuro ainda mais promissor.
MARCUS FREDIANI
Festa na siderurgia brasileira: no último dia 26 de outubro, a Usiminas comemorou 60 Anos de operações, uma linda história marcada pela superação, sucesso empresarial, trabalho contínuo e de compromisso com o futuro. E a Usiminas atinge esse marco emblemático com razões de sobra para festejar. Líder no mercado brasileiro de aços planos e um dos maiores complexos siderúrgicos da América Latina, ela hoje está presente em toda a cadeia siderúrgica, da extração do minério, passando pela produção de aço até sua transformação em produtos e bens de capital customizados.
Com unidades industriais e logísticas localizadas em seis estados brasileiros, possui ainda o maior e mais inovador Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em siderurgia da AL. O avanço registrado pela siderúrgica nos últimos anos garante inovação, tecnologia e qualidade em todas as linhas de produção, e permite à empresa oferecer ao mercado um portfólio diversificado, com destaque para produtos e serviços de alto valor agregado.
FOCO NOS CLIENTES
Ano a ano apresentando resultados robustos, a Usiminas é uma empresa totalmente preparada para o futuro. “Ao longo dessas seis décadas, ficamos honrados e orgulhosos em afirmar que sempre mantivemos foco constante nos clientes, moldando nossa trajetória com o compromisso de, dia após dia, nos tornarmos uma empresa cada vez mais inovadora, diversa, inclusiva, sustentável e socialmente responsável em cada ação que tomamos”, comemora Alberto Ono, novo presidente da companhia.
E, agora, é bola – ainda mais – para frente! Entre os grandes desafios da empresa no momento está a reforma do Alto-Forno 3 da Usina de Ipatinga. Um investimento da ordem de R$ 2,7 bilhões que, no pico das obras, deve gerar cerca de 8.000 vagas de trabalho. “É um investimento de extrema importância que vai exigir muita competência e disciplina das equipes envolvidas e que vai deixar a empresa ainda mais fortalecida e preparada para atender as demandas dos nossos clientes. Um projeto de muita relevância também para a região do Vale do Aço
pelo que representará de fomento à economia local”, destaca Alberto.
No âmbito da preservação ambiental, outro eixo de atuação prioritário para a Usiminas, a comemoração dos 60 anos de operações da empresa está sendo marcada, também, por iniciativas na pauta de ESG. Nos primeiros meses do ano, em um novo passo de sua agenda estratégica, a companhia assinou a nova Carta de Sustentabilidade da World Steel Association, se comprometendo com uma série de princípios que devem orientar suas ações e posicionamentos relacionados às questões de sustentabilidade na indústria do aço.
“Nossa meta é avançar com os objetivos da Agenda ESG e reforçar a atuação da Usiminas como agente de desenvolvimento nas comunidades. Os focos de atuação são cultura e o patrimônio, esporte e saúde e comunidades sustentáveis. Já são mais de dois mil projetos apoiados pela companhia ao longo de quase 30 anos, direcionando recursos para diversas ações locais”, sublinha Alberto Ono.
RESPONSABILIDADE SOCIAL
Sem esquecer a responsabilidade sociocultural, a Usiminas marcou a celebração de suas seis décadas de atividades com o lançamento do livro “Centro de Memória Usiminas – 60 Anos”. Por meio do acervo do equipamento – entregue à comunidade em outubro do ano passado, abrindo as comemorações pelo aniversário, a obra reúne, em imagens e textos, a história não só da empresa e da indústria brasileira, mas, também do Vale do Aço e de Ipatinga. A publicação integra o Projeto Implantação do Centro de Memória Usiminas, que tem o patrocínio da empresa por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Ato contínuo, a Usiminas promoveu ainda a abertura do “Centro de Memória” no prédio do Grande Hotel Ipatinga, um patrimônio histórico daquele município, com importantes iniciativas em áreas como a cultura, o esporte e o voluntariado.
E como forma de presentear todos aqueles que fazem parte da trajetória da Usiminas, e de reforçar o compromisso com a democratização da cultura, a Usiminas preparou uma programação completa com vários projetos que ocorrem por meio de Leis de Incentivo à Cultura entre os dias 7 de outubro e 14 de dezembro. Entre eles, exposições, shows musicais, sessões de cinema, e espetáculos de luzes de Natal.
LINHA DO TEMPO – USIMINAS 60 ANOS
A Usiminas está em festa! E nessa história, escrita ano após ano, no último dia 26 de outubro, a companhia escreveu o 60º capítulo dessa história. Relembre alguns fatos que marcaram essa trajetória!
DÉCADA DE 1960
1962 – Início das operações da Usiminas, em 26 de outubro de 1962, na Usina de Ipatinga, com o acendimento do Alto-Forno 1.
1965 – A usina passa a ter uma produção integrada, com a inauguração da Laminação de Tiras a Quente, da segunda bateria da Coqueria, da Linha de Acabamento de Tiras a Quente, do segundo Alto-Forno e da Laminação de Tiras a Frio.
1969 – A Usiminas já atendia a 50% da demanda nacional por chapas grossas. Criação também da Fundação São Francisco Xavier (FSFX), para gerir empreendimentos sociais junto às comunidades.
DÉCADA DE 1970
1971 – É inaugurado o Centro de Pesquisa da Usiminas, o maior em siderurgia da América Latina, consolidando seu diferencial tecnológico e de qualidade.
1974 – Mais uma inauguração. Dessa vez foi o Alto-Forno 3, proporcionando a Usiminas capacidade de produção de 3,5 milhões de toneladas de aço por ano.
DÉCADA DE 1980
1980 – A década de 80 começa com a inauguração da nova Sede da Usiminas, em Belo Horizonte.
DÉCADA DE 1990
1991 – No início desta década acontece a abertura da economia brasileira e a Usiminas é a primeira empresa escolhida a ser privatizada no país por ser considerada eficiente e melhor preparada.
1993 – A Usiminas adquire parte do controle acionário da Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa), instalada em Cubatão (SP). No mesmo ano é criado também o Instituto Usiminas, responsável pela gestão de projetos patrocinados e desenvolvimento de programas educacionais.
1996 – O cuidado da Usiminas com a preservação do meio ambiente é reconhecido com o certificado ISO 14001. A empresa é a primeira siderúrgica do Brasil e a segun-
da no mundo a conquistar a certificação.
1999 – Inauguração da mais moderna linha de laminação a frio do país – a Laminação a Frio 2, com capacidade para produzir 1 milhão de toneladas de aços laminados por ano.
NOVO MILÊNIO
2000 – É inaugurada em Ipatinga a Unigal, joint venture entre Usiminas e Nippon Steel Corporation. A parceria é responsável pela primeira linha de galvanização a quente (HDG), produto bastante demandado pelas montadoras.
2007 – A qualidade dos produtos Usiminas é mais uma vez reforçada com a certificação pelas normas europeias ELV e RoHS, de produção ecologicamente correta.
2009 – Nasce a Soluções Usiminas, reforçando a atuação em serviços, transformação e distribuição de aço.
DÉCADA DE 2010
2010 – É criada a Mineração Usiminas, em Itatiaiuçu (MG), joint venture entre Usiminas e Sumitomo Corporation. No mesmo ano é implantada a tecnologia CLC na Usina de Ipatinga, permitindo a fabricação de chapas grossas com características especiais para o mercado naval e de óleo e gás, entre outros.
2011 – A Unigal inaugura uma nova linha de galvanização por imersão a quente. O investimento duplica a capacidade de produção de aços galvanizados da companhia.
2012 – A Usiminas chega aos 50 anos de operações inaugurando uma nova Linha de Tiras a Quente na Usina de Cubatão, uma das mais modernas em operação no mundo.
2015 – A Usiminas é escolhida como principal fornecedora de aço para a fábrica da Jeep no Brasil, localizada em Goiana (PE). No mesmo ano, iniciamos o Mobiliza pelos Caminhos do Vale, responsável pela recuperação de mais de 2.600 quilômetros de estradas rurais a partir do uso de agregado siderúrgico.
2017 – Projeto Mãos Seguras é reconhecido internacionalmente pela World Steel Association na categoria Saúde e Segurança. Mobiliza pelos Caminhos do Vale também é
LINHA DO TEMPO – USIMINAS 60 ANOS
premiado pela instituição na categoria Excelência em Sustentabilidade.
2018 – Desenvolvimento do Usi Solar, aço exclusivo para o mercado de plataformas fotovoltaicas. Projeto Superar torna a Usiminas bicampeã em Saúde e Segurança no Steelie Awards, promovido pela World Steel Association.
2019 – Lançamento do InovaAí, plataforma para reunir as iniciativas, estratégias e ações da Usiminas com foco na inovação. Mais um prêmio em Saúde e Segurança da World Steel Association, dessa vez pelo Sistema Integrado de Saúde Usiminas (SISU). Somos tricampeões!
DÉCADA DE 2020
2020 – Pelo segundo ano consecutivo a Usiminas foi reconhecida no TOP 100 Open Corps, como uma das empresas que mais fazem inovação aberta com startups no país. Também tivemos o lançamento oficial da loja on-line da Soluções Usiminas.
2021 – Usiminas fecha o ano com recorde histórico nos resultados, cerca de 300% superiores ao contabilizado no ano anterior, com margem de Ebitda Ajustado de 38%, contra 20% de 2020, e lucro líquido de R$ 10,1 bilhões, 679% superior ao lucro líquido apresentado no ano anterior.
2022 – Anúncio da reforma do Alto-Forno 3 da Usina de Ipatinga, um investimento da ordem de R$ 2,7 bilhões que, no pico das obras, deve gerar cerca de 8.000 vagas de trabalho. Comemoração dos 60 Anos da Usiminas.
Alberto Ono, o novo presidente da gigante Usiminas, fala do passado, do presente e do futuro da empresa, que acaba de completar 60 anos de atividades.
MARCUS FREDIANI
Foto: Elvira Nascimento A o longo de sua trajetória de 60 anos, completada agora no dia 26 de outubro de 2022, o foco e a meta da Usiminas sempre foi avançar na entrega de bons resultados e gerar cada vez mais valor para todos os seus clientes, colaboradores, comunidades e para o país. E não há dúvida alguma que ela tem se mantido no caminho certo, como comprovam os últimos resultados divulgados pela empresa ao mercado.
Nesse processo, ousadia, administração competente, inovação tecnológica, respeito ao meio ambiente, trabalho social impecável realizado interna e externamente, além de investimentos contínuos no aperfeiçoamento de seus parques industriais alinham-se entre a constelação de fatores que levaram a Usiminas à sua posição de liderança não só em números de patentes registradas na siderurgia brasileira, como também no mercado brasileiro de aços planos, entre várias outras conquistas.
Nesta entrevista exclusiva ao Portal e revista Siderurgia Brasil, o engenheiro metalúrgico Alberto Ono, o novo presidente da Usiminas, que está na empresa desde 2009 conta alguns bons momentos dessa história e revela também algumas excelentes notícias sobre o futuro da empresa. Confira!
Portal e revista Siderurgia Brasil: Em outubro, a Usiminas comemorou 60 anos de atividades. Quais os pontos que você destacaria ao longo dessa produtiva trajetória?
São seis décadas de compromisso com o futuro, com as pessoas, com a segurança e com as comunidades. E, ao longo delas, em cada ação que realizamos, sempre mantivemos o foco constante nos clientes, na inovação, no desenvolvimento sustentável e na responsabilidade social. A Usiminas se orgulha de ter um histórico de contribuições para o Brasil, e continuará trabalhando fortemente para seguir nessa jornada.
Quais os fatores que ajudaram a operação da empresa a conquistar tanto sucesso, e ganhar tamanha notoriedade e reconhecimento ao longo desse período?
Bem, foram muitos. Uma das pedras angulares é o fato que a companhia sempre contou com uma equipe de profissionais altamente qualificados, que sempre buscou aprimorar produtos e processos, investindo em tecnologias e gerando soluções inovadoras, eficientes e sustentáveis nesse segmento. Temos exemplos práticos, como na construção civil, no qual o aço é amplamente utilizado por conta de sua durabilidade e flexibilidade, proporcionando ótimo aproveitamento dos materiais e menor prazo para conclusão das obras.
Sem dúvida, a indústria automotiva também sempre mereceu a atenção de vocês nesse processo, não é mesmo?
Sim. A indústria automobilística é a segunda que mais consome aço no Brasil, atrás apenas da construção civil. Assim, nossa preocupação foi sempre atendê-la à altura, e até em nível superlativo, realizando, por exemplo, a customização dos produtos e a transformação do aço sob medida para as montadoras.
Você poderia fazer uma síntese de como a Usiminas aplica a inovação para esse mercado específico em termos de produtos e serviços?
Seja para montadoras seja para o setor de autopeças e estamparia, a Usiminas busca desenvolver as soluções ideais e que se adequem às diferentes necessidades que o mercado automotivo exige. A companhia realiza a customização dos produtos e a transformação do aço sob medida para montadoras. Um exemplo disso é o processamento de chapas, em que a Soluções Usiminas corta o aço na forma de blanks regulares, angulares e figurados. Para atender às necessidades de redução do peso dos veículos e o aumento da segurança dos passageiros, a empresa desenvolve também novos tipos de aço, criados com o objetivo de obter materiais de resistência mecânica elevada, excelente ductilidade e resistência à corrosão.
E nos outros setores atendidos por vocês, quais são os destaques?
Tomando como base o fato de que a empresa é pioneira na indústria de aço no Brasil, um deles é o fornecimento de aço feito pela companhia para a estruturada cadeia
de produção e comercialização da linha branca, oferecendo soluções que atendem aos principais requisitos desse segmento, como resistência mecânica, limpeza superficial e planicidade. E destaque também é uma solução exclusiva da Usiminas para as estruturas metálicas de placas de energia fotovoltaica.
Como a Usiminas está estruturada hoje para oferecer essas soluções com alto grau de inovação?
De saída, contamos com o maior Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em siderurgia da América Latina. Nesse sentido, vale ressaltar ainda que a companhia é líder em números de patentes registradas na siderurgia brasileira, com mais de 500 delas concedidas ao longo desses anos. Nos últimos três anos, a Usiminas ficou entre as empresas mais inovadoras do país, de acordo com o ranking
“TOP 100 Open Corps”. Ao completar 60 anos de operações, a companhia, está presente em diversos lugares com seu aço, buscando sempre desenvolver soluções ideais que se adequem às diferentes necessidades do mercado. Além disso, vale destacar outro diferencial da companhia, que é o seu Centro de Pesquisa de Desenvolvimento Usiminas, localizado na Usina de Ipatinga, e considerado o maior do gênero na indústria do aço da América Latina. Com 50 anos de atividades, o espaço conta com uma equipe de profissionais altamente qualificados que tem sido responsável pelo desenvolvimento de aços de alto valor agregado para automóveis mais seguros e com menos impacto ambiental.
Como você situa o posicionamento empresarial da Usiminas no mercado nacional e internacional no momento atual?
A Usiminas atua como uma empresa âncora que estimula toda a cadeia de aço, com o desenvolvimento de novos projetos e tecnologias. A inovação e a sustentabilidade são essenciais para garantir a competitividade e a perenidade dos negócios. Por meio de um diálogo franco e aberto, características que prezo e valorizo muito, avançamos nos nossos temas prioritários, que vão desde a Agenda ESG à excelência operacional e de gestão, passando, naturalmente, por pessoas e inovação. E vamos seguir firmes no propósito e no compromisso de, cada vez mais, gerar valor para nossos colaboradores, clientes, acionistas, comunidades e para toda a sociedade.
No Congresso do Aço 2022, promovido em agosto pelo Instituto Aço Brasil, foi muito discutida a questão da descarbonização. Como a empresa está tratando esse assunto internamente, e quais são as metas que ela tem nessa direção?
A Usiminas está comprometida com a Agenda ESG. A empresa tem investido fortemente na redução das emissões e segue engajada em uma série de metas de sustentabilidade. Entre as diversas iniciativas recentes, destaco a parceria anunciada pela Usiminas neste ano para a geração própria de energia renovável com a Canadian Solar, uma das maiores empresas do setor no mundo. Com a parceria, haverá a autoprodução de 30 megawatts médios de energia renovável por 15 anos a partir de 2025, o
que representa cerca de 12% do volume de energia consumida pela companhia. Ainda nesse sentido, como destaque complementar, vale ainda mencionar a adesão da Usiminas, anunciada em 2021, ao Pacto Global da ONU, mais um passo importante na consolidação da estratégia de sustentabilidade. Ao completar seis décadas de operações, a Usiminas, a exemplo de toda a indústria do aço, está mobilizada na intensa inclusão desse importante tema de suas operações, realizando expressivos investimentos, a fim de tornar a empresa ainda mais preparada e fortalecida para se antecipar às demandas dos clientes e da sociedade.
Além da questão da busca de índices superlativos relacionados à sustentabilidade e à preservação ambiental, escopo no qual o tema da descarbonização está inserido, a dinâmica da ESG tem mudado o comportamento de grande parte das empresas no mundo todo no que tange aos aspectos sociais e de governança corporativa. Como você analisa essa proposta, e de que forma a mo-
bilização da Usiminas está dando nesse sentido?
O ano de 2020 foi importante para o aprofundamento da Agenda ESG na Usiminas, que prevê compromisso com os temas ambiental, social e governança. A empresa busca levar segurança aos investidores e acionistas, com uma gestão clara e transparente, por meio do cumprimento das exigências governamentais, bem como estabelece o comprometimento de toda a equipe Usiminas com o cumprimento da legislação vigente, assim como as normas internas e, ainda, os requisitos impostos pelo mercado. O Programa de Integridade, desenvolvido pela companhia, é uma forma de identificar e encontrar soluções para condutas que não estejam de acordo com os valores e regras. Os colaboradores e colaboradoras são encorajados a seguirem as regras estabelecidas, bem como a manter uma postura ética e respeitosa dentro da empresa. Outro ponto importante da Agenda ESG é sobre a diversidade e inclusão. A Usiminas tem trabalhado para se tornar uma companhia cada vez mais diversa e inclusiva. No Programa de Diversidade e Inclusão, um dos principais pilares é a equidade de gênero, que promove o empoderamento econômico e liderança das mulheres como base para um crescimento sustentável, inclusivo e equitativo. A meta ESG para esse tema é aumentar o percentual de mulheres na área industrial da empresa.
No âmbito da indústria siderúrgica, ainda no evento do Aço Brasil, foram também muito discutidas estratégias e soluções para questão do aumento o consumo de aço no Brasil. Como você analisa essa possibilidade? E o que a Usiminas está fazendo para colaborar com o atingimento dessa meta? A empresa já tem um programa especial em andamento nessa direção?
O Brasil tem enormes potencialidades, e nossa indústria siderúrgica está apta a atender às demandas que vão garantir o desenvolvimento econômico e social. O crescimento da indústria do aço está atrelado ao crescimento do país, e a Usiminas segue confiando em uma retomada econômica mais robusta. A empresa está investindo em uma grande reforma do Alto-Forno 3, com recursos estimados em R$ 2,7 bilhões, que vão gerar mais de 8 mil novas vagas de trabalho, e garantir uma empresa ainda mais forte e competitiva. Nesse cenário, o mercado in-
terno segue como nossa prioridade, e temos uma capacidade produtiva capaz de atender com qualidade à demanda do mercado.
E quais são os planos da Usiminas no campo do aperfeiçoamento tecnológico industrial e expansão de atividades? Há programações de expansões previstas? Qual o posicionamento da empresa nesse sentido?
A Usiminas é líder no mercado brasileiro de aços planos e um dos maiores complexos siderúrgicos da América Latina. A companhia conta com unidades industriais e logísticas localizadas em seis estados e está presente em toda a cadeia siderúrgica – da extração do minério, passando pela produção de aço até sua transformação em produtos e bens de capital customizados –, além de possuir o maior e mais inovador Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em siderurgia da América Latina. O avanço registrado pela empresa nos últimos anos reflete os investimentos em inovação, tecnologia e qualidade em todas
as linhas de produção, e permite oferecer ao mercado um portfólio diversificado, com destaque para produtos e serviços de alto valor agregado. Por sua gestão ambiental, a Usiminas foi a segunda siderúrgica do mundo certificada com a ISO14001. Outro ponto é que a Usiminas possui um dos equipamentos mais modernos do mundo, quando se fala em laminação a quente, o Laminador de Tiras a Quente 2 (LTQ2), como é chamado. Um dos diferenciais do LTQ2 para o negócio da Usiminas é a possibilidade de diversificar a produção de bobinas, com características bem específicas. No ano de 2021, o LTQ2 atingiu 2 milhões de toneladas em sua produção.
E nesse âmbito, qual vem sendo o foco da operação da unidade de Cubatão da Usiminas?
Ao longo dos dez anos de operação desse equipamento, o foco sempre foi o cliente. Tudo isso fez com que novos mercados fossem alcançados. Inclusive, alguns tipos de aço que, antes, precisavam ser importados do exterior, passaram a ser produzidos em Cubatão.
sultados divulgados pela Usiminas no Mercado de Capitais, e notamos que a empresa vem batendo vários recordes de vendas, produtividade e faturamento. Como a empresa enxerga os atuais cenários nacional e internacional para o mercado do aço? Novos recordes serão batidos?
Apesar do cenário desafiador tanto externa quanto internamente, a Usiminas caminha com boas perspectivas e há uma visão positiva do futuro. A empresa acredita em uma retomada mais consistente do crescimento econômico, e segue investindo na capacidade de produzir cada vez com mais excelência para atender às atuais e futuras demandas dos clientes e da sociedade. Nossa meta é seguir avançando e entregando bons resultados e gerando cada vez mais valor para todos os nossos clientes, colaboradores, comunidades e para o país.
Finalmente, Alberto, o que representa para você chegar à Presidência da empresa nesse momento emblemático de sua história?
A minha jornada na Usiminas começou há 13 anos e, agora, ganhou um novo e im-
portante capítulo. Certamente será a mais desafiadora e estimulante experiência dentre todas as outras que vivenciei ao longo da minha trajetória como engenheiro metalúrgico, e nas áreas de finanças e planejamento estratégico. Tive a honra de assumir a Presidência dessa companhia da qual tanto me orgulho. Nossa gestão tem a missão de elevar ainda mais o protagonismo da Usiminas no cenário nacional. E, como eu já citei, para conduzir todo esse trabalho, a empresa conta com uma equipe de profissionais de ponta, que se dedica diariamente a entregar – além de aço e serviços de alta qualidade –, o desenvolvimento econômico, social e ambiental.
Obrigado Usiminas, pelos 60 EXPERIÊNCIA QUE FAZ A DIFERENÇA anos
O “SUSTO BRASIL”
Em análise criteriosa feita junto a 15 países com os quais disputamos o mercado internacional, o Brasil tem carga tributária maior do que 12 deles. Pagamos ao Estado 33,4% do PIB no período, ante 26,4%, em média, nas nações incluídas no estudo.
RAFAEL CERVONE*
Seria fundamental que os candidatos à Presidência da República, governos estaduais, Senado, Câmara dos Deputados e assembleias legislativas dessem especial atenção ao crônico problema do “Custo Brasil”. Este problema, há tanto tempo apontado, está encarecendo nossos produtos manufaturados, em média, em 25,4%. O preocupante dado acaba de ser revelado em estudo do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP) e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP).
O trabalho das duas entidades mensurou o impacto do “Custo Brasil” nos preços, comparativamente a 15 dos principais parceiros comerciais (e concorrentes!) do nosso país, de 2008 a 2019: China, Estados Unidos, Alemanha, Argentina, Coreia do Sul, Japão, Itália, França, México, Índia, Espanha, Reino Unido, Suíça, Chile e Canadá. Este grupo responde por 75,7% da pauta de importados de bens industriais brasileiros e por 72% do PIB mundial.
Os impostos são o item com maior impacto, responsáveis por 13% do preço dos bens industriais que fabricamos. Seguem-se os juros (6,1%), matérias-primas e energia (3,7%), logística (1,5%), carga extra com benefícios (0,8%) e serviços non tradables (0,4%). Dentre os 15 países analisados, o Brasil tem carga tributária maior do que 12 deles. Pagamos ao Estado 33,4% do PIB no período, ante 26,4%, em média, nas nações incluídas
O “SUSTO BRASIL”
*Rafael Cervone, engenheiro e empresário, é o presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP).
Foto: Divulgação
no estudo. Aqui, a tributação dos lucros das empresas foi sete pontos percentuais maior e sobre salários, 15 pontos percentuais.
Quanto aos juros, já descontada a inflação, nossa taxa básica média, no período focado, foi de 4,2%, contra 0,2% das demais nações. Ah, e os spreads bancários com os quais arcamos, pasmem, são dez vezes maiores, considerando o total de crédito livre e direcionado para pessoas físicas e jurídicas. Ainda temos deficiências de infraestrutura logística, como rodovias, ferrovias e portos, custo da energia e carga extra com benefícios para os trabalhadores, já que muitas empresas têm de suprir o que seria responsabilidade do Estado em termos de educação e saúde. Há, também, o desalinhamento cambial.
Tudo isso explica a perda de competitividade da economia brasileira e está no cerne do processo de desindustrialização que temos sofrido nas últimas décadas. Quando insistimos numa reforma tributária eficaz e modernizadora, política de juros e câmbio mais equilibrada, segurança jurídica, menos burocracia e infraestrutura adequada, não se trata de retórica vazia. Não temos tempo para proselitismo, nem queremos benesses. Os industriais brasileiros desejam apenas o direito de trabalhar e produzir em condições de competitividade menos díspares em relação ao mundo.
É fundamental, portanto, que os próximos governos federal, estaduais e os respectivos parlamentos entendam, de modo definitivo, que sem solucionar esse crônico e basilar problema, continuaremos patinando, crescendo pouco e comendo poeira. Quem produz e trabalha não merece acordar todo dia sob o impacto do “Susto Brasil”, esse turbilhão de ônus que nos rouba oportunidades de desenvolvimento e faz definhar nossa competitividade.
FENATRAN MOSTROU A FORÇA DA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA
Com resultados que superaram R$ 9,5 bilhões em negócios fechados e realizada em área 20% maior do que a edição anterior, a feira alcançou grande sucesso na versão 2022.
HENRIQUE PATRIA
Realizada em São Paulo entre os dias 7 a 11 de novembro a 22ª Fenatran - Salão Internacional do Transporte Rodoviário de Cargas, recebeu a visita de 66 mil visitantes e mostrou o estágio avançado em que se encontra a indústria automotiva, na área de caminhões e transporte rodoviário de cargas e utilitários.
Foram reunidas mais de 500 marcas de produtos e que segundo os organizadores geraram volume total de negócios acima de R$ 9,5 bilhões.
A Fenatran foi realizada nas dependências da São Paulo Expo Exhibition & Convention Center, atualmente o mais importante centro de eventos da capital, por iniciativa da Anfavea e NTC Logistica, com apoio da Anfir e organização e promoção da RX Brasil.
Também, a área de exposição deste ano foi ampliada em 20%, totalizando 100 mil m2, completamente ocupada pelos estandes dos expositores cinco meses antes da abertura dos portões, sinalizando a grande expectativa e interesse das empresas.
As empresas aproveitaram a Fenatran para o lançamento de várias novidades das montadoras de caminhões e das empresas do setor de logística e implementos.
Para a gerente da Fenatran, Ana Paula Pinto, “a feira vem se consolidando cada vez mais com o melhor palco para os lançamentos e novidades da indústria, estreitando conexões e proporcionando oportunidades de negócios para toda a cadeia do setor, e o recorde que tivemos neste ano de marcas, público e volume gerado de negócios reforça o otimismo do mercado de transporte rodoviário de cargas e logística”.
Já para Marcio da Lima Leite, presidente da Anfavea, que além de ser um dos patrocinadores da feira, promoveu a tradicional reunião mensal com a imprensa nas dependências do pavilhão “Os recordes desta edição da Fenatran refletem exatamente o que vem ocorrendo com o setor de caminhões nos últimos anos, com crescimento consistente de produção, vendas e exportações, além de um salto tecnológico sem precedentes em termos de descarbonização, segurança, conforto, conectividade e redução de custos operacionais para o caminhoneiro e o frotista”.
“A Fenatran foi um sucesso, como já prevíamos. A RX, bem como todos os expositores realizaram um grande evento e com certeza os números mostram isso. Nós da NTC&Logística, ficamos muito satisfeitos de ver esse projeto a cada edição mais forte e relevante para o transporte rodoviário de cargas de todo o Brasil. Esperamos que em 2024 seja ainda maior e de outras grandes conquistas”, avaliou Francisco Pelucio, Presidente da NTC&Logística - Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística.
Dentre os vários destaques da feira, chamaram a atenção as 480 rodadas de negócios que promoveram a aproximação de empresários de vários países para negócios atuais e futuros. A Anfir divulgou que seus eventos realizados durante a feira deverão gerar exportações de US$ 18 milhões. Nos dois dias de encontros, 25 importadores de 10 países estiveram reunidos com representantes de 75 empresas do setor fabricante
de implementos rodoviários. Os países participantes da Rodada de Negócios na Fenatran foram Angola, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Panamá, Peru e Uruguai.
Segundo José Carlos Spricigo, presidente da ANFIR-Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários, as empresas do setor de implementos rodoviários deverão faturar R$ 3,5 bilhões em vendas ao mercado interno, como resultado de suas ações durante a Fenatran.
O portal e revista Siderurgia Brasil, assim como o portal Agrimotor, visitaram o evento e puderam constatar um futuro brilhante para esta área de atividade no Brasil.
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A INDÚSTRIA DO AÇO
MARCUS FREDIANI
Desafios não faltam. Mas também não falta a garra e a vontade de vencê-los. Esta foi a mensagem deixada aos participantes do ALACERO SUMMIT 2022, evento promovido pela Associação Latino-Americana do Aço (Alacero), que este ano aconteceu nos dias 16 e 17 de novembro, em Monterrey, no México, com a participação de tomadores de decisão de empresas como ArcelorMittal, DeAcero, Gerdau, Ternium, Vale, Autlán, Primetals, Danieli, ENEL e Russula, entre outras.
A INDÚSTRIA DO AÇO COMO PROTAGONISTA
Alejandro Wagner, diretor executivo da Alacero, abrindo os trabalhos do SUMMIT 2022 da entidade
A conferência representou uma oportunidade ímpar de se estabelecer networking entre os principais nomes do setor, personificando intensos debates sobre ideias transformadoras que envolvem esses atores – incluindo temas como megatendências, mercados e geopolítica e sustentabilidade –, posicionando a indústria do aço como protagonista dos desafios do futuro.
Entretanto, estes não serão pequenos. Dados da entidade mostram que as perspectivas de crescimento do setor na América Latina para o final de 2022 e início de 2023 são moderadas, em função do contexto de inflação global e da política monetária contrastiva, com bancos na América Latina e nos Estados Unidos apertando suas políticas monetárias. “A previsão é impulsionada pela menor demanda externa, enfraquecida por altas taxas de juros e queda do poder de compra. O mundo vive um processo inflacionário sem precedentes, amplamente distribuído entre os países”, analisou na ocasião Alejandro Wagner, diretor executivo da associação, que gera dados para o setor na região e atua como porta-voz da indústria.
Ainda segundo os dados apresentados por Wagner durante o ALACERO SUMMIT 2022, a desaceleração deverá se espalhar pela América Latina, somada aos desafios externos da conjuntura global – como a crise energética na Europa e a guerra na Ucrânia – àqueles de natureza local, como a inflação. O acumulado dos primeiros nove meses do ano registrou expressiva redução de 4,1% na produção de aço bruto, em relação ao mesmo período do ano anterior, registrando 46.862,5 mil toneladas. Os laminados apresentaram redução de 3,7% no mesmo período, com 41.033,8 mil toneladas.
ASPECTOS POSITIVOS
Contudo, ainda, segundo ele, alguns índices podem ser considerados inspiradores. Embora baixa, a previsão de crescimento para 2023 está acima do que é esperado na China e nos Estados Unidos, principais parceiros comerciais da região. Some-se a isso o fato de que a produção segue relativamente estável, impulsionada pelo expressivo volume das exportações da AL.
Em relação ao desempenho do setor entre janeiro e agosto de 2022, as exportações de aço no acumulado registraram alta de 47,3%, totalizando 7.740,7 mil toneladas.
O evento contou com a participação de tomadores de decisão de empresas da América Latina.
Assim, as exportações aumentaram 10,7% em agosto em relação ao mês anterior. As importações, por sua vez, sofreram redução de 12,5% no acumulado de 8 meses de 2022, em relação ao mesmo período de 2021, totalizando 16.871,1 mil toneladas. Em agosto, o valor foi 25,4% superior ao de julho.
“Apesar das previsões de desaceleração a curto prazo da indústria, o aço está forte e se mostra o protagonista dos desafios do futuro, não somente pela importância do material na transição energética, mas também pelas condições vantajosas da região da América Latina”, resumiu o diretor executivo da Alacero.
E QUAL O CENÁRIO NO BRASIL?
Durante o ALACERO SUMMIT 2022, dados da Alacero mostraram uma tendência de sobe-e-desce no Brasil. Em 2021, o país cresceu 4,6%, sendo que a expectativa de avanço é de 2,7% para 2022 e a estimativa para 2023 é de 0,6%. Dos setores demandantes de aço no Brasil, a construção retraiu 5,7% de junho a agosto de 2022, enquanto o setor automotivo cresceu 32% de junho a setembro do mesmo ano, máquinas mecânicas diminuíram 4% de junho a agosto de 2022 e uso doméstico caiu 16,7% no mesmo período. Em relação aos insumos demandados na produção de aço, o petróleo diminuiu 1,2%, o gás -0,1% e a energia 2,8%, todos os dados de junho a agosto de 2022.
Quanto às perspectivas de médio prazo, para a construção, o esperado é a recuperação: o setor privado deverá aumentar o investimento no próximo ano, em um contexto de inflação mais estável. Enquanto isso, o automotivo registra possível desaceleração no ritmo de crescimento da produção, devido a menores vendas locais e queda nas exportações para Argentina e Colômbia, sendo que o setor poderá ter um superávit de unidades em estoque.
Quanto à maquinaria mecânica, o esperado é o crescimento da demanda por máquinas agrícolas. Na mesma toada, o Brasil caminha para mais uma safra recorde de 200 MTn em 2023-2024, o que deverá continuar impulsionando a produção desse tipo de equipamentos. Já no uso doméstico, a expectativa é que o governo promova uma política de redistribuição de renda, estimulando a demanda e impulsionando a produção.
A ADAPTAÇÃO DO SER HUMANO ÀS MUDANÇAS DO CLIMA
A ADAPTAÇÃO DO SER HUMANO ÀS MUDANÇAS DO CLIMA
As mudanças do clima com variações acima do previsto, irão acelerar as migrações de populações inteiras entre agora e 2050.
RICARDO ASSUMPÇÃO*
Acapacidade de adaptação humana às mudanças climáticas não é ilimitada. Esse limite, aliás, já está sendo testado em diferentes locais do planeta. Cerca de 1,6 bilhão de pessoas enfrentam adversidades nessas áreas, que têm maior probabilidade de sofrer os efeitos adversos causados pelas mudanças climáticas. Esse número de atingidos deve dobrar até 2050. A mortalidade
nesses lugares mais sensíveis às alterações do clima é 15 vezes maior do que nos países menos vulneráveis a esses efeitos. Caso o planeta aqueça além do limite de 1,5°C definido no Acordo de Paris, ainda mais dramática ficará essa situação. Já existem previsões que indicam aumento da temperatura superior a 2°C. Essas informações estão no relatório “10 New Insights in Climate Science 2022”, elaborado pelas organizações Future Earth, The Earth League e World Climate Research Program (WCRP) e lançado na COP27, que reúne autoridades globais no Egito.
Esse ambiente inóspito para a vida fará com que aumentem os movimentos de migração. Ainda segundo o estudo, na ausência de ação efetiva em relação ao clima, as migrações vão acelerar entre agora e 2050 – populações inteiras saindo principalmente das áreas mais pobres e suscetíveis às mudanças climáticas, como é o caso da África Subsaariana. Essa onda de migração pode ser formada por algum número entre 78,4 milhões e 170,3 milhões de pessoas, o que exigirá política efetiva de acolhimento por parte de todos os países, especialmente dos mais ricos. Para o estudo, “deve haver uma política que promova a migração de forma ordeira como uma estratégia de adaptação do mundo às pressões climáticas. Para isso, é preciso desde já que os países preparem áreas de recebimento desses refugiados, o que inclui a criação de condições de trabalho e de moradia, além de esforços de integração cultural”.
Esse contexto de insegurança provocado pela escassez de recursos e pela perda da produtividade agrícola nas regiões mais vulneráveis pode aumentar as tensões dentro e entre comunidades, contribuindo para o surgimento de conflitos violentos. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente disse recentemente que “desde meados do século 20, pelo menos 40% dos conflitos entre Estados estiveram ligados à exploração de recursos naturais”. Por isso, para o estudo, é importante que a comunidade internacional reconheça que a segurança da humanidade requer segurança climática, e isso só será possível por meio de uma ação urgente da comunidade internacional e de uma abordagem voltada para o fortalecimento da resiliência.
SETOR FINANCEIRO E DESCARBONIZAÇÃO
Na visão do estudo, os mercados financeiros são cruciais para a transição para uma economia de carbono zero. Isso porque, por meio da sua atuação, podem elevar o desempenho em sustentabilidade dos setores econômicos que produzem fortes impactos climáticos, permitindo assim uma adaptação eficaz a essa realidade de
carbono zero para toda a economia global.
Ainda de acordo a pesquisa, as práticas de financiamento sustentável do setor privado ainda não refletem as profundas e rápidas transformações necessárias para cumprir as metas climáticas. E, por isso, um caminho possível e desejável é que os legisladores criem políticas nessa área voltadas para o setor financeiro, com dois objetivos principais: melhorar a transparência das emissões de carbono incorporadas em investimentos e garantir que os fluxos de capital estejam plenamente alinhados com as metas do Acordo de Paris para criar impactos reais nas emissões de carbono e na resiliência das economias.
OUTROS INSIGHTS CITADOS
Além dos insights já abordados, os seguintes foram mencionados pelo estudo: novas ameaças no horizonte das interações entre clima e saúde; uso da terra de forma sustentável é essencial para cumprir as metas do clima; perdas e danos – o imperativo urgente planetário; tomada de decisão inclusiva para o desenvolvimento da resiliência do clima; e quebrando as barreiras estruturais e os bloqueios insustentáveis. *Ricardo Assumpção, é sócio-líder de ESG para a América Latina Sul e Chief Sustainability Officer da EY Brasil. Crédito: Artigo fornecido pela AGÊNCIA EY- ey@fsb.com.br.