Roy Lichtenstein “A Cabeça” Barcelona
2 INTRODUÇÃO 4 BIOGRAFIA 6 CENÁRIO 8 ANÁLISE DE OBRAS 16 CONCLUSÃO 20 BIBLIOGRAFIA
MEIO E MENSAGEM.
Ao observarmos uma tiragem diária, o que estamos fazendo? Será que estamos formando nossa cultura ou perdendo o nosso tempo? Essa talvez tenha sido a conclusão de milhares, muitas, poucas ou uma só pessoa ao apreciar e concluir a priori a obra do norte-americano Roy Lichtenstein, pintor da pop-art muito renomado e objeto de pesquisa deste estudo. O método, técnica e poética do artista antecipam ao mundo uma descoberta feita por um conhecido midialogista, Marshall McLuhan, que teoriza em seus estudos a importância do meio na propagação e eficácia de uma mensagem em uma cultura de massa. Roy Lich, como era chamado por seus amigos, teve sem querer um grande papel nessa teorização e, portanto, o objetivo desta explanação será estabelecer este paralelo e verificar a questão da velocidade da informação e propagação do conteúdo.
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A ARTE INDUSTRIAL DE ROY LICHTENSTEIN.
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BIOGRAFIA O artista Roy Fox Lichtenstein nasceu a 27 de outubro de 1923 em uma família de classe média da cidade de Nova York. Em sua juventude, interessou-se pela arte, ingressando em cursos promovidos pela prefeitura, aprofundando-se mais ao ingressar em ateliês e estúdios de arte na Universidade Estadual de Ohio. Seus estudos foram interrompidos durante a 2ª Grande Guerra e retomados logo em seguida ainda em Ohio, agora sob a chancela de Hogt L. Sherman, artista de grande importância nos futuros projetos de Lichtenstein. A vida do artista toma novos rumos quando se casa e tem filhos com Isabel Wilson. O artista muda-se para Cleveland e após 6 anos, em 1957, retorna a Nova York, onde começa a lecionar, adotando o expressionismo abstrato como estilo, um importante passo na busca de sua personalidade única. A Família de Roy Lich foi determinante em sua busca artística. Em 1961, enquanto observava um
desenho
Lichtenstein
foi
animado, desafiado
por seu filho a desenhar um Mickey Mouse melhor do que o próprio Walt Disney. E assim o fez. Com a obra entitulada “Look Mickey”, o Look Mickey
artista inicia sua fase artística mais conhecida, classificada posteriormente, como o inicio de uma arte pop.
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Ganha fama notória com suas peças, porém ainda assim, Roy Lich não considera seus projetos como uma arte pop, mas sim, como ele costumeiramente dizia, arte industrial. Seus projetos eram baseados em apropriações de ilustrações de desenhistas da DC Comics e Marvel Comics. O artista comentava em entrevistas que seus projetos eram diferentes de histórias em quadrinhos e não considerava sua obra importante para a arte. Muito criticado no ínicio, todos julgavam sua originalidade, contudo Lichtenstein não se preocupava com as críticas e retrucava dizendo que quanto mais original e diferente fosse sua arte, mais difícil seria a compreensão da sua poética. Além de pinturas, ainda produz esculturas de metal e plástico e sua pintura entitulada “Torpedo...los” alcançou em 1989 uma das maiores somas de venda de uma peça com o artista ainda em vida: 5,5 milhões de dólares.
Nas duas imagens temos: Acima: ilustração de Robert Kanigher e Irv Novick Abaixo: Roy Lichtenstein
O artista morre em 1997 de pneumonia, pouco tempo depois de concluir sua última obra, o logotipo da DreamWorks Records.
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CENÁRIO Os anos 60 foi um tempo de grandes transformações em todos os âmbitos da sociedade. A ponta de todo este guarda-chuva de mudanças certamente foi a guerra fria entre americanos capitalistas e soviéticos socialistas. Munidos cada um com suas ideologias sobre questões político/econômico/social os dois
Marylin Monroe
países disputariam a hegemonia mundial. Essa guerra era travada em muitos campos como no espaço, nas novas descobertas, no cinema, na música, nas artes, em conflitos no Vietnã ou na Coréia, enfim, tudo era motivo para uma disputa. Nesse ínterim, quem detinha a
Buzz Aldrin
informação tinha também o poder, não só o de controlar o outro, mas também de transformar uma sociedade. A cidade de Nova York, segundo Walter Zanini, ganha maior relevância artística do
Martin Luther King Jr.
que a tradicional Paris, e a arte torna-se mais cosmopolita atingindo a sociedade através de novas mídias. A ascensão das empresas colabora também para o surgimento dessa nova arte pop, capaz de atingir a todos os segmentos.
John F. Kennedy
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Guerra do Vietn達
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ANÁLISE DE OBRAS Após apresentada a contextualização bibliográfica e o cenário em que Roy Lich estava inserido, serão analisadas duas obras do artista. A primeira será esta, Whaam! WHAAM! (1963) Tate Gallery (Londres) 4,0 X 1,7 mts. 8
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A imagem revela a cena de um ataque aéreo entre um avião P-52 Mustang norte-americano com a insígnia da aeronáutica (USAF) contra outro avião de guerra, aparentemente um Mig-15 soviético, em disputas ocorridas em conflitos da Guerra da Coréia. Há na tela a ação do disparo de um míssil contra o avião soviético que explode no céu. A tela remete bastante a uma cena de história em quadrinhos (HQ), utilizando-se de uma técnica gráfica de impressão com retícula em CMYK (Cyan, Magenta, Yellow e Black).
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Desta maneira, o artista consegue transmitir sua mensagem de indústria cultural baseada em uma cultura de massa, que são essas HQs, nada mais do que cenas instantâneas e típicas do cotidiano daquele tempo e porque não dos dias atuais também. A tela ainda possui um balão de texto com os dizeres: “I pressed the fire control and ahead of me rockets blazed trought the sky. Traduzindo: Eu pressionei o controle de disparo e foguetes cruzaram o céu à minha frente. Este balão está relecionado ao relato do piloto do Mustang. Ainda pode ser observada na tela a palavratítulo da peça: Whaam! Uma onomatopéia
Acima: Caça norte-americano P-52 Mustang com a insígnia da aéronautica (USAF). Abaixo: Caça soviético Mig-15.
referindo-se a explosão do avião Mig. Nesse tipo de comunicação de massa, a informação não é o mais importante, mas sim o meio, ou melhor, como ela foi transmitida. Isso garante que todos se intercomuniquem através de uma grande aldeia que, neste caso, foi retratada como uma cena comum vista de uma perspectiva artística voltada à produção em série. Acima: The Star Jockey por Robert Kanigher e Irv Novick Abaixo: WHAAM! por Roy Lichtenstein
O objetivo de Roy foi mostrar então que o mais importante é a velocidade de propagação dessa mensagem nem tanto o seu conteúdo.
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Como já mencionado, Lichtenstein observava sua arte como industrial:
TENTO USAR UM CLICHÊ BEM POTENTE E COLOCÁ-LO NUMA FORMA ORGANIZADA.
Roy Lich
O Artista amplia o quadrinho com um projetor e preenche o fundo com um reticulo muito dilatado, não tenta fazer disso um pontilhismo próprio, deseja mostrar de fato a massificação da informação, e, sobretudo a manipulação das necessidades das pessoas. O cartum para Roy Lich é uma espécie de um filtro mecânico que deixa transparecer sua pintura na história, com uma ironia fria e objetiva. 11
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A segunda análise será acerca da Logomarca Dreamworks Records (1996) O logo representa iconograficamente o que seu nome deseja salientar: os sonhos se tornando realidade e transformando os projetos da DreamWorks em cultura popular. A Dreamworks Records é uma gravadora americana fundada por David Geffen, Steven Spielberg e Jeffrey Katzenberg. Seus trabalhos consagraram bons artistas no mainstream musical como: Rufus Wainwright, George Michael, Randy Newmann, Nelly Furtado, Papa Roach e Lifehouse. O ícone representado pelo balão de pensamento faz alusão aos sonhos dos músicos que estão representados na logomarca pelo símbolo da colcheia musical. A Tipologia deseja transmitir o universo pop das HQs, com um formato casual e bem despojado. A Logomarca foi concebida por Roy Lichtenstein justamente porque a gravadora deseja fazer de seus álbuns, hits musicais na cultura pop da indústria cultural.
Indústria Cultural Difundida pelos filosofos Theodore Adorno e Max Horkheimer nos anos 20 para expressar o mercantilismo mundial voltado para suprir as necessidades do indivíduo a criação de novos mitos, que hoje são as marcas e empresas (Ex: Coca-Cola e o Cowboy da Marlboro).
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Por trás deste projeto de logo idealizado por Roy, existe um grande universo de estudos do consumidor, análises de mercado e tendências musicais, sobretudo para criar artistas, torná-los ídolos da noite para o dia, conquistando, como já dizia o artista Andy Wahrol, seus 15 minutos de fama e logo depois serão descartados para dar lugar a novos artistas.
Case Nelly Furtado Nelly Kim Furtado é uma cantora, compositora e atriz luso-canadense que tem em sua carreira 3 álbuns, sendo dois deles, os primeiros, co-produzidos e produzidos pela Dreamworks Records. Whoa, Nelly! O primeiro álbum da cantora, foi um dos mais vendidos
Nelly Furtado
da sua categoria (fora do mercado americano), com os singles “I’m Like a Bird” e “Turn Off the light”. Este álbum lhe valeu um Grammy por melhor cantora Pop. O segundo álbum de Furtado, Folklore, foi lançado em 2003. É o álbum mais alternativo e menos vendido da cantora, com elementos do folk, instrumentos indígenas canadenses, trechos em português e melodias menos convencionais.
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Tal resultado em vendas deixou a Gravadora Dreamworks descontente, que acabou por cancelar o contrato com a cantora. Nelly ficou abalada por este cancelamento de contrato, um dos muitos exemplos de descarte que ocorrem na cultura pop, onde a velocidade de informação e propagação não permitiu que Nelly mostrasse mais o seu lado musical devido a uma primeira impressão negativa de seu segundo disco. Infelizmente o mercado não perdoa tais repercussões. Nelly ficou dois anos sem gravadora e foi resgatada por um novo e grande produtor da musica pop, Timbaland. Com o apoio do novo astro pop do momento, Justin Timberlake, Nelly Furtado voltou a gravar novas músicas, porém percebe-se claramente as novas influências e tendências de mercado musical em seu terceiro álbum: Loose. O seu terceiro álbum, Loose, entrou nas lojas em meados de 2006. “Promiscuous” (autoria de: Justin Timberlake, Missy Elliott e Timbaland), “Maneater”, “Te Busqué” (com Juanes) e “No Hay Igual” são os primeiros singles extraídos do álbum. Loose veio com influência acentuada do hip hop e R&B (Rythim & Blues) e trouxe uma Nelly com uma imagem mais sensual, o que o deixou um pouco distante dos trabalhos anteriores da cantora, perdendo para alguns fãs, a sua identidade artística. No entanto, os singles desse disco alcançaram os topos das paradas, tanto norte-americanas, como européias, brasileiras e asiáticas. Veja no gráfico abaixo os números de vendagem da cantora de seus 3 albuns.
Fonte: Billboard. http://www.billboard.com/bbcom/index.jsp
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CONCLUSÃO Ao observarmos uma tiragem diária, o que estamos fazendo? Será que estamos formando nossa cultura ou perdendo o nosso tempo? Foi com esta frase que se iniciou a explanação sobre o meio e a mensagem, fazendo um paralelo com a arte de Roy Lichtenstein. É necessário dizer que a informação está mais volátil a cada dia, e somos bombardeados simultaneamente e seguidamente por novas mensagens, seja qual for o conteúdo. Podemos em um minuto discutir sobre a crise econômica mundial e, ao mesmo tempo, também ver o link de uma bizarrice qualquer na internet. Estamos online, on time, full time, isso é uma conquista para o homem. Como já dizia Marshall McLuhan, os novos meios de comunicação, sobretudo a internet e os celulares possibilitaram a pessoas comuns tornarem-se de e
opinião
influenciadoras, e
distribuidares
formadoras
principalmente, de
geradores
conteúdo.
Estamos
finalmente inseridos em uma grande aldeia
Marshall McLuhan
global teorizada pelo midialogista, embora sejamos somente 10% de nossa população mundial. Visualizamos este fenômeno da globalização acontecer segundo a segundo com postagens em blogs, you tube e sites de relacionamento. Cada um desses sistemas permite ao homem o que ele ainda não conseguia nos anos 60, deter a informação para si e ainda melhor, 16
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criar informação e propagá-la. Contudo, esse crescimento desorganizado também gera um revés.
“É possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade.” McLuhan era o estudiólogo mais querido entre os profissionais da Madson Avenue, em Nova York. Esta é a mais tradicional e conhecida avenida das agências de publicidade da cidade. É através da publicidade que podemos fazer um complemento para a obra de Roy Lich. No ano de 1987, a agência de publicidade brasileira W/Brasil fez um filme marcante para a história da propaganda mundial. A campanha foi premiada em todos os festivais que participou, inclusive em Cannes, o prêmio maximo da publicidade, com o Leão de Ouro daquele ano. A seguir há um storyboard do filme:
Locução:
Locução:
Locução:
“Este homem pegou uma
“Em seus quatro primeiros
“Este homem fez o produto
nação destruida, recuperou
anos de governo, o número
interno
sua economia e devolveu o
de desempregados caiu
102% e a renda per capita
orgulho a seu povo.”
de 6 milhões para 900 mil
dobrar.”
bruto
crescer
pessoas.” Ação: Há um zoom-out da câmera em relação a tela, revelando cada vez mais uma imagem mais uniforme. A sonoplastia é de tambores entre as falas do locutor.
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Locução:
Locução:
Locução:
“Aumentou os lucros das
“E
empresas de 175 milhões
inflação a, no máximo, 25%
música e pintura, e quando
para 5 bilhões de marcos.”
ao ano. ”
jovem imaginava seguir a
reduziu
uma
hiper-
“Este
homem
adorava
carreira artística.” Ação: Há um zoom-out da câmera em relação a tela, revelando cada vez mais uma imagem mais uniforme até revelar a figura do ditador alemão Adolf Hitler. A sonoplastia é de tambores entre as falas do locutor.
Locução: “É possível contar um monte de mentiras, dizendo só a verdade.”
“Por isso é preciso tomar muito cuidado com a informação e o jornal que você recebe. Folha de São Paulo, o jornal que mais se compra e o que nunca se vende.”
Roy Lich, representado nessa campanha com as retículas em preto foi o estopim para a discussão e criação dessas teorias da comunicação e aldeia global. Ele, antes de todos, intuitivamente já dizia que o meio é a mensagem, e de fato é. Contudo após novas conclusões, devemos também verificar e tomar sempre cuidado com a informação que é recebida. Assim como o comercial mostra o
inicial (reticula) de uma informação, é
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preciso verificar também todos os outros
de vista da informação,
um zoom geral e detalhado, para que no fim, seja possível formular uma opinião mais concreta e concisa sobre todos os assuntos que podem ou não ser de grande interesse. Podem ser assuntos bobos como uma piada, um vídeo no you tube engraçado, ou até questões sérias como a enchente no sul do país. Tudo isso é informação. Informação transforma as pessoas em propagadoras e geradoras de mais conteúdo. Quanto mais houver pessoas assim, melhor será o conteúdo da própria informação. Roy Lich disse que não achava sua arte importante. Será que ele ainda acharia isso?
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