algo detrás da porta

Page 1

algo detrรกs da porta

20 poemas de Whiron de Camargo (2015)


edição: whiron de camargo imagem de capa: paisagem lisérgica nº 09, 2015 (detalhe), caneta sobre madeira 12,2 cm x 35,7 revisão : whiron de camargo projeto: whiron de camargo

_________________________________________ Camargo, Whiron de, 1989 –. algo detrás da porta / Whiron de Camargo, 2015 edição do autor 24 págs. 1. Poesia Brasileira I. Título II. Título: algo detrás da porta

_________________________________________

contato no whiron@terra.com.br ou na página do livro breviário poético (www.facebook.com/breviariopoetico)


algo detrás da porta “Could – I do more – for Thee Wert Thou a Bumble Bee Since for the Queen, have I Nought but Buquet?” - Emily Dickinson


* das dores no peito – dores estas – que desconheço – como posso me precaver? trancafiar-me – entre quatro paredes – não parece uma solução – não das mais precisas. o que me parte ao meio neste – exato – momento – tem nome & mora longe – não posso medir tamanha distância – a minha - ou quão profunda seria em meu peito esta dor.

[01]


* algo detrás da porta [espera – para ser recolhido – por plumosas mãos não grite & nem se assuste caso encontre: apaixonado coração.

[02]


* neste momento – queria ser como – o vento sussurrando em seus ouvidos.

[03]


* vaza o mel da vida – pelo corpo-colmeia – beijar é – extrair o néctar d’alma alheia.

[04]


* no inverno – o tempo parece que não passa – do alvorecer ao anoitecer a hora fria parece – estática & não tão – exata quanto o fim & logo a mim – ela se abraça.

[05]


* a mulher é um ser – cheio de mistérios – cada qual em seu hemisfério confunde ao coração dos homens, – é claro, – tendo-os sempre aos pés & nas mãos, por vezes nos braços.

[06]


* veja – como outonam as verdes folhas & como reflorescem ano a ano, – o amor bem que poderia ser assim – sempre se renovando – para que nunca terminasse em pranto.

[07]


* enquanto você pensa – que eu lhe quero fisicamente – nem percebe que: já roubei algo de você – você olha preocupada – com a minha aparência não sabe mesmo de nada – não é questão de roupa, mas de alma.

[08]


* a morte persegue – com sorrateiros passos lado a lado caminha – sem que a percebamos como: sombra – com serena voz nos chama para – dormirmos em seus braços de: noite eterna.

[09]


* se for para brigar – sempre – é melhor ficar como está – contente – cada um no seu lugar.

[10]


* tivesse sede – infinita – seria apenas – eu sedento – por seus lábios-oásis.

[11]


* a fina-flor desabrocha sua reverĂŞncia estival Ă sua rainha primavera. a ti pudera assim eu-florescer.

[12]


* algo detrás da porta objeto talvez - pela sombra irreconhecível, - a fina-flor da solidão - se abre no - inverno de- meu peito, para-além da janela as borboletas com suas danças - de primavera - bailam.

[13]


* pra quê brigar? - só pra fazer as pazes & ter prazer - que poderíamos ter se nos poupássemos mais corpos exaustos & cabeças explodindo não vão implodir o único pilar que nos equilibra nas mãos.

[14]


* dancei a noite inteira - com o vento - no meu sonho vocĂŞ tinha perfume de - brisa & as flores - ficaram - aos teus pĂŠs.

[15]


* acendo um - cigarro - & o tempo vira fumaça & evapora para - o único sentido que a vida ruma - há um pasto deserto dentro de cada um na garganta-abismo ecoa - o grito pulsante de um coração sofrido.

[16]


* uma flor – inda em botão é a fina-flor - que dedico a você quando semeio as - palavras que não cabem no buquê.

[17]


* numa caixa - em formato de coração – guardei lembranças - de amor - & esqueci num canto - empoeirado na desmemoria - deste peito farto.

[18]


* eu espero pela noite & o cheiro – amarelado da memória – encontra-se: entre os dedos esfumaçados numa foto apontando o passado – nos meus olhos brilhava o futuro.

[19]


* ouvindo "just to be close to you" pensei nos seus olhos desaguei velhas l谩grimas tardias demais insossas demais & a dor apertou aquele n贸 que ficou na garganta eu te amo que faltou em coragem para saquear-te um sorriso minha mem贸ria me afoga agora -.

[20]


Whiron de Camargo nasceu em São Paulo a 22 de Setembro de 1989. Estreou na literatura com o seu livro Breviário Poético, em 2014, publicado pelo selo do Burro. Em 2013 participou da 1ª Mostra de Tuiteratura no Sesc Santo Amaro, em 2014 subiu ao palco da Virada Cultural da cidade de São Paulo com diversos coletivos de Saraus, participou do Encontro de Poetas no Circuito do Som em Pare-lheiros (extremo sul de São Paulo), teve poemas divulgados pelos coletivos virtuais Filosofão & Ex-Estranhos & Imersões & Poetas Ambulantes. Teve 02 poemas na antologia É Que Os Hussardos Che-gam Hoje, editora Patuá, 2014 e distribuiu 64 Zine artesanal Enquanto Caminho 01 Possível Delírio Me Atrai, 2014 que traz ilustrações do próprio autor.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.