Noivo

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O ano mais im portante na vida d e um liomem

ROBERT WOLGEMUTH & MARK DEVRIES


0 QUETODO c m jo

PRECISA SABER O ANO MAIS IMPORTANTE NA VIDA DE UM HOMEM

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Copyright © 2012 by Robert D. Wolgemuth and Mark DeVries. Revised and expanded from The Most Important Year in a M an’s Life. Copyright © 2003 by Robert D. 'Wolgemuth and Mark DeVries. Published by arrangement with The Zondervan Corporation L.L.C, a division of HarperCollins Christian Publishing, Inc. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Autor: DEVRIES, Mark; W OLGEMUTH, Robert. Título em português: O que todo noivo precisa saber — O ano mais importante na vida de um homem. Título original: What Every Groom Needs to Know — The Most Important Year in a Man’s Life. Rio de Janeiro: 2014. 240 páginas ISBN: 978-83-7689-380-6 1. Bíblia - Vida Cristã I. Título II. Gerência editorial e de produção Coordenação editorial Coordenação de comunicação edesign Tradução Revisão

Capa Diagramação Impressão e acabamento

Jefferson Magno Michelle Candida Caetano Regina Coeli Friedrich Gustav Schmid Maria José Marinho Paulo Pancotc Queila Memória Renato Manasses Julio Fado Gráfica Reproset

Ia edição: Maio/2014 I a reimpressão: Maio/2015 As citações bíblicas utilizadas neste livro foram extraídas da Versão Almeida Revista e Corrigida (ARC), salvo indicação específica, e visam incentivar a leitura das Sagradas Escrituras. E proibida a reprodução total ou parcial do texto deste livro por quaisquer meios (mecânicos, eletrônicos, xerográficos, fotográficos etc.), a não ser em citações breves, com indicação da fonte bibliográfica. Este livro está de acordo com as mudanças propostas pelo novo Acordo Ortográfico, que entrou em vigor em janeiro de 2009.

Editora Central Gospel Ltda. Estrada do Guerenguê, 1851 - Taquara CEP: 22.713-001 Rio de Janeiro - RJ Tel. (21) 2187-7000 www.editoracentralgospel.com


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Introdução.......................................................................... Capítulo 1.0

5

ano mais importante: proporcionando

felicidade à sua esposa .......................................

11

Capítulo 2.

Necessidades: a espiral do sim .............................

27

Capítulo 3.

Unidade espiritual: concentre-se no único jogo que interessa..............................................

Capítulo 4.

41

Família de origem: um rio passa por ela.................................................................

57

Capítulo 5.

Papéis: tentando decidir quem manda................

75

Capítulo 6.

Conversa: falando sobre as preliminares..............

91

Capítulo 7. Amizade:

o ingrediente secreto de todo

casamento feliz....................................................

107

Capítulo 8.

Conflito: só você pode evitar incêndios...............

127

Capítulo 9.

Dinheiro: o tigre e o dragão em crise..................

145

Capítulo io. Sexo: Capítulo 11.

tudo em cima .............................................

165

Os sogros: quem são e o que eles esperam de nós?................................................

Capítulo 12 . Socorro:

193

quando alguma coisaprecisa mudar....

211

Notas.................................................................................

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não faz a menor diferença como você conseguiu um exemplar deste livro. Pode ter sido um presente de casamen­ to para si mesmo ou para a sua noiva; pode ter sido presente de um amigo seu, de um pastor ou mesmo de um conselheiro pro­ fissional. O que importa mesmo é que ele está em suas mãos. Com certeza, você está ansioso para aprender tudo o que puder a fim de garantir que o seu casamento seja maravilhoso. Algumas pessoas chegam a perder o apetite ou até se esquecem de ver os jogos do seu time antes de o dia D chegar, de tão an­ siosas que estão. Outras, não.

Olhando em perspectiva Quando abri a caixa enorme que tinha acabado de tirar da mala do meu carro e a coloquei no chão da garagem, vi um pedaço de papel em cima de um monte de peças soltas. “Cuidado: M onta­ gem incorreta pode resultar em lesões graves” - era a mensagem que estava impressa em uma folha de papel verde-limão fosfo­ rescente. Bobbie, minha mulher, e eu tínhamos acabado de com­ prar uma daquelas churrasqueiras a gás gigantes. Eu adoro fazer churrasco, mas achei que finalmente havia chegado a hora de aposentar os sacos de carvão. Agora, eu queria tudo a gás!


O que todo noivo precisa saber

Na caixa estava escrito “Montagem necessária”. Mas foi quando eu abri a embalagem e li a tal mensagem no papel ver­ de-limão fosforescente, que me toquei de que era importante demais seguir as instruções. E foram justamente as palavras pode resultar em lesões graves que me chamaram a atenção. Imaginar bifes crus na grelha e um chef cozido “ao ponto” não era uma ideia que me agradasse. A sua certidão de casamento deveria conter um aviso semelhante impresso em letras garrafais: “Advertência: Não Prestar Atenção a seu Cônjuge no Primeiro Ano do Casamento Pode Resultar em Consequências Sérias e Permanentes — Leiase Infelicidade Eterna”. Por isso, encare este livro como um manual de montagem para o seu casamento — muito mais fácil de ler do que o que veio com a churrasqueira.

Quem são eles? O que querem? Este livro e sua cara-metade WhatEvery Bride Needs to Know (O que toda noiva precisa saber) são frutos do esforço colaborativo de dois casais — Mark e Susan DeVries, junto com Bobbie e eu, Robert Wolgemuth. Mark e Susan são amicíssimos nossos há anos. Nossas filhas, Missy e Julie, cresceram sob a orientação religiosa de Mark e Susan, que foram seus líderes e mentores. A partir de um determinado momento, elas começaram a prestar voluntariado em seu ministério. Na função de pastor, Mark já deu aconselhamento a cen­ tenas de casais comprometidos (às vezes, com a participação de Susan; outras vezes, sozinho), incluindo nossas duas filhas e seus respectivos noivos, Jon e Christopher. Ao ver em primeira mão o efeito do aconselhamento pré-nupcial de Mark e Susan sobre nossas filhas, decidimos que valia a pena publicar esses

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Introdução

insights importantíssimos, tornando-os disponíveis para outras pessoas — gente como você, que nunca teve a chance de conhe­ cer Mark e Susan pessoalmente. O fato de ser um fiel leigo durante mais de 40 anos também permitiu que me envolvesse com diversos casais que passaram por desafios conjugais. E acabei chegando à seguinte conclusão: Não existe nada mais importante na vida do que ter um casa­ mento maravilhoso. Os princípios de que falarei nas próximas páginas não foram transmitidos a mim em salas de aula, mas por intermédio de nossa própria experiência, especialmente pela imensa quantidade de erros que cometemos durante as quase sete décadas de experiência acumulada em nossos casamentos. Os dois livros falam sobre os mesmos assuntos em alguns momentos, mas sem jamais se repetir. Em O que todo noivo precisa saber, Mark e eu falamos sobre o “lado masculino” da relação; já no livro What Every Bride Needs to Know ( O que toda noiva pre­ cisa saber), Susan e Bobbie abordam o “lado feminino”. Aqui, o narrador sou eu; em What Evay Bride Needs to Know, sua esposa lerá as palavras de Susan. Entretanto, Mark e Bobbie — cujo estilo de redação os leitores não terão o prazer de conhecer, mas cujos nomes encontrarão no texto com muita frequência — estiveram o tempo inteiro na base do desenvolvimento dos manuscritos e na produção do texto de ambos os livros, desde o início.

Em que este livro pode ser útil para mim? O objetivo deste livro não é ajudá-lo a entender a “mulher co­ mum” — sabemos muito bem que a mulher com quem você se casou definitivamente não é uma pessoa comum. Este livro pre­ tende servir como ferramenta para ensiná-lo a cumprir a missão de se tornar um especialista em trazer felicidade a uma mulher


O que todo noivo precisa saber

em especial e, como recompensa, mostrar-lhe como aproveitar os benefícios dessa grande parceria. Apesar de muitos casais aproveitarem este livro de maneiras totalmente diferentes, eis algumas dicas para ajudá-lo a assi­ milar o que você lerá em cada capítulo, mostrando como essas lições devem ser aplicadas pelo casal para se conhecer melhor e fortalecer seu sentimento: Dando uma espiadinha: quando os manuscritos desses dois li­

vros ficaram prontos, pedimos que alguns voluntários da nossa turma de escola dominical dessem uma lida e dissessem o que acharam. Descobrimos que as esposas tinham o hábito engraça­ do de ler os livros dos maridos. E, uma vez ou outra, até mesmo o mais resistente dos homens dava uma olhadinha no livro da esposa. Isso é incrível! Alguns dos momentos de interação mais marcantes que você vivenciará acontecerão quando você e sua esposa lerem trechos dos livros de cada um e disserem “Esse sou eu” ou então “Não, eu não tenho nada a ver com isso!”. Perguntando ao especialista: algumas coisas que você lerá sobre as

“mulheres em geral” simplesmente não se aplicarão à sua mulher. Quando encontrar coisas desse tipo, pergunte à sua esposa: “É assim isso mesmo que você pensa?” ou “Você acha que isso está certo?”. Bancando o especialista: mesmo que já estejam casados há algumas

semanas, sua esposa pode ainda estar tentando adaptar-se. Alguns pesquisadores estimam que cerca de 90% das recém-casadas passam por uma espécie de depressão em seu primeiro ano de matrimônio.1 Quanto mais a sua esposa tiver a chance de sentir-se compreendida, quanto mais você prestar atenção à reação dela ao que está lendo, mais rapidamente o véu de incer­ tezas se dissipará.

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Introdução

Mais alguns detalhes O subtítulo deste livro, O ano mais importante na vida de um homem, é válido para os que optam pelo casamento. Se dissésse­ mos que o primeiro ano do casamento é o ano mais importante da vida de todo homem, alguém não menos importante que Je­ sus ficaria de fora do ano mais importante de sua própria vida. Já que somos pessoas casadas e como o primeiro ano de casa­ mento é tão importante na definição do futuro de uma união, estamos convencidos de que o subtítulo O ano mais importante na vida de um homem expressa perfeitamente a intenção princi­ pal de nossa mensagem. Alguns casais com anos de matrimônio que deram sua opinião sobre ambos os livros fizeram-nos a seguinte pergunta: “E muito tarde para vivermos o ano mais importante em nossa vida?”. Para falar a verdade, não. Se, depois de muitos anos de casamento, você e sua mulher acharem que chegou a hora de acordar e investir em seu casamento de uma maneira com­ pletamente nova, então, não será tarde demais. Por isso, se você está casado há 13 dias ou há 13 anos, fica aqui o nosso convite para você viver o ano mais importante da vida a dois. Só mais uma nota final: as histórias que você está prestes a ler são verdadeiras. Na maioria dos casos, os nomes e as cir­ cunstâncias foram modificadas, para proteger a identidade de seus protagonistas. Robert Wolgemuth Orlando, Flórida

Mark DeVries Nashville, Tennessee

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C A P ÍT U L O 1

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Se perseverança fosse a chave para o sucesso de um ca­ samento, a maioria dos casais estaria no Hall da Fama dos Casamentos Saudáveis. Jeff Van Vonderen, Farnilies Where Grace Is In Place



^ / t r e i n a d o r já não aguentava mais aquilo. Ele pediu um tempo e chamou o quarterback1para fora do campo. A situação estava muito ruim dentro das quatro linhas, e ele precisava ou­ vir o que o treinador tinha a dizer. Ignorar o problema levaria o time à derrota certa, e aquele jogo era muito importante para ser desperdiçado. Estamos acostumados a assistir a esse tipo de conversa tá­ tica à margem do campo pela televisão. Alguns quarterbacks são focados e prestam atenção ao que ouvem do treinador; outros olham para os lados enquanto o treinador lhes dá instruções. E tem ainda aqueles que simplesmente agem com indiferença, dando de ombros. E, quando isso acontece, o treinador fecha a cara, como se estivesse dizendo “Escuta aqui, moleque! Esse jogo depende de você fazer que eu tô dizendo.” Já vimos treina­ dores agarrarem seus comandados pelos ombros para ter certeza de que eles entenderam direitinho tudo o que foi dito. A quantos casamentos você já foi? A uns dez? Mais? E você prestou atenção à cara do noivo? Ela lembrava a do quarterba­ ck? Ele fica o tempo todo olhando para lá e para cá, fingindo que não está nem aí? O u ele está focado, prestando atenção a tudo o que é dito, como se o futuro dele dependesse daquilo? Com certeza, a maioria dos noivos tem um brilho quase imperceptível no olhar. E isso é normal. Mas o que eles podem não saber é que este é o primeiro dia do ano mais importante de sua vida.

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O que todo noivo precisa saber

Se ele náo conseguir dar a devida atenção aos aconteci­ mentos dos próximos 12 meses, o custo pode ser uma vida de frustração e infelicidade interminável. Mas, se ele aprender a fazer a coisa certa e adquirir os hábitos corretos, a recompensa será clara — e incrível! O objetivo deste livro é, em primeiro lugar, ensiná-lo a ficar focado. Em seguida, farei todo o possível para convencê-lo de que o primeiro ano da vida a dois é realmente o ano mais importante da sua vida.

Fazendo o investimento inicial Jerry dobrou o jornal, virou sua cadeira em direção à janela e reciclou-se. “Sou um milionário”, sussurrou. “Milionário!” Fe­ chou os olhos e adormeceu. Dez anos antes, um dos melhores amigos de Jerry do tempo da universidade lhe fez uma proposta. Depois do café da manhã, Clark Boyer contou a Jerry sobre sua ideia de criar um serviço de manutenção de computadores em domicílio. “Vamos chamá-lo de Compu-Calls”, disse ele. “Hoje em dia, a informática equivale ao que a indústria automobilística foi 40 anos atrás — tem muitos computadores em funcionamento e poucos prestadores de serviços confiáveis no mercado.” Jerry sabia que Clark era um sujeito acima da média na área de inteligência. Mas, o que era mais importante, ele não tinha medo de trabalho duro. E a Compu-Calls era uma ideia consistente. “Preciso de dez mil dólares”, disse Clark, bem quando chegou a refeição. Jerry pensou um pouco, concentrado no seu prato com ba­ con e ovos. Dez mil dólares era bastante dinheiro. Ele e Dianna

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O ano mais importante: proporcionando felicidade à sua esposa

haviam acabado de comprar seu primeiro imóvel, e ainda resta­ vam alguns pagamentos do financiamento do carro para quitar. Mas Clark era seu amigo, por isso Jerry ficou tocado com a proposta. Ele não era uma pessoa que costumasse arriscar-se, mas confiava em Clark. “Bem, por mim, estou nessa”, disse Jerry calmamente. “Dianna conhece e confia em você. Conversarei com ela antes de dar uma resposta definitiva, mas acho que ela também con­ cordará”, concluiu, com um sorriso começando a surgir em seu rosto. “Sei que você fará o negócio funcionar.” Nos dez anos que se seguiram, Jerry testemunhou como Clark se dedicava ao trabalho. A Compu-Calls contratou jovens recém-formados talentosos na universidade pública da cidade em que moravam, de modo que a empresa cresceu e pros­ perou. Depois de sete anos, Clark ganhou o prêmio “Jovem Empreendedor do Ano”, e diversas empresas de varejo de grande porte na área de informática começaram a lhe fazer propostas de aquisição. Clark sempre manteve Jerry informado sobre as ofertas. Três anos depois, Jerry lia no jornal a seguinte manchete do caderno de negócios: “Boyer vende Compu-Calls por 12 mi­ lhões”. Os dez mil dólares de Jerry’s lhe garantiram 15% da em­ presa de Clark e, agora, depois de passada uma década, seu investimento lhe rendeu mais de um milhão de dólares. Bem, surge, então, disso uma pergunta interessante: Qual é a chance de que a empresa que acaba de comprar a Compu-Calls consiga o mesmo retorno sobre seu investimento que Jerry obteve? Pouca.

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Por quê? A resposta se resume a uma palavra apenas: momento. O investimento de Jerry foi feito no momento inicial do plano de negócios de Clark. Dez anos depois, as oportunidades de dividendos náo são mais as mesmas. Dez anos antes, 15% da Compu-Calls custaram a Jerry dez mil dólares. Hoje custaram a alguém 1,8 milhão de dólares, quase 200 vezes o investimento de Jerry. E a nova empresa jamais proporcionará esse rendimento novamente.

Investindo durante o primeiro ano Este é um livro sobre o primeiro ano de um casamento — o primeiro ano do seu casamento. Que tal fazer de conta que você e eu estamos tomando café da manhã no mesmo restaurante e, antes de você provar os ovos mexidos, eu digo que tenho uma grande oportunidade de investimento para apresentar-lhe. “Você acaba de casar-se. Parabéns! Se fizer as coisas certas agora, posso garantir a você um substancial retorno em seu investimento.” Sua atenção está toda concentrada em mim. “Mas, se você decidir não fazer esse investimento”, incluo em seguida, “as chances de o seu casamento ser duradouro e feliz serão bem reduzidas. E, se ele fracassar, as consequências serão desastrosas — e dispendiosas.” Depois, como se estivesse entregando um prospecto de investimento de verdade, apresento os seguintes argumentos a favor: 1.

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As pessoas que desfrutam de casamentos bem-sucedidos vivem mais, gozam de melhor saúde e relatam um nível de satisfação muito alto com a vida em geral.2


O ano mais importante: proporcionando felicidade à sua esposa

2.

Homens casados apresentam mais relatos de profunda satisfação com a vida em geral do que homens soltei­ ros. Quarenta por cento dos casais alegam ser muito felizes, em comparação com 18% dos divorciados e 22% dos solteiros ou dos não casados que vivem em concubinato.3

3.

Apesar dos mitos sobre a vida de solteiro, os homens casados desfrutam do sexo com muito mais frequência (quase duas vezes mais) que homens solteiros.4

4.

Mesmo que você seja uma pessoa de baixa renda que precise prestar atenção a cada centavo, leia isto: Estatísti­ cas recentes mostram que os casais por volta dos 50 anos de idade têm, em media, um patrimônio líquido quase cinco vezes maior do que a média das pessoas divorcia­ das ou solteiras.5

5.

O divórcio aumenta drasticamente a probabilidade de morte prematura devido a acidentes vasculares cerebrais, hipertensão, câncer respiratório e câncer intestinal. E o que é mais surpreendente, ser um não fumante divorciado é apenas um pouco menos perigoso do que fumar um maço (ou mais) de cigarros por dia e per­ manecer casado! (as petições de divórcio também não deveriam vir com um alerta do cirurgião geral?).6

Pesquisas garantem que: Um casamento satisfatório pode lhe trazer mais felicidade, mais dinheiro, menos doenças e mais sexo. Acho que acabamos de redefinir o conceito de acéfalo.

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() <jue todo noivo precisa saber

Pague agora ou depois E comum as pessoas pensarem que casamentos fracassam por falta de investimento — seja de tempo, esforço, foco ou inten­ cionalidade. Isso é verdade, mas só em parte. Mark e eu conversamos com inúmeros casais cujos casa­ mentos estão instáveis — ou não. Muitos estão mais do que dispostos a trabalhar para melhorar a situação, e com bastante sacrifício. A propósito, algumas dessas pessoas que lutam por seus casamentos estão investindo exponencialmente muito mais energia, ansiedade e dinheiro tentando manter o relacio­ namento vivo em comparação ao que pessoas com casamentos saudáveis terão de investir durante suas vidas inteiras. A seguinte pergunta deve ser feita: se esses casais estão esforçando-se tanto, por que seus casamentos não melhoram? É exatamente o que Jerry descobriu com seu investimento de sucesso na Compu-Calls. É uma questão de acertar no timing. Casamentos fracassados não deixam de dar resultados por falta de investimento, mas sim pelo atraso nesse investimento. Já vimos isso acontecer muitas vezes. Alguns homens só vieram nos pedir ajuda somente depois de seus casamentos já estarem em apuros — em alguns casos, em rota de colisão com o divórcio. Os homens só costumam motivar-se para trabalhar por seu casamento quando ele já está em situação crítica. O esforço e os sacrifícios que eles fazem podem ser até heroicos. Mas, tragica­ mente, esses esforços costumam chegar muito tarde.

Em situação desesperadora Ele ligou para dizer que precisava conversar — imediatamente! “Becky me deixou. Ela não quer mais nem falar comigo. O que é que eu vou fazer?”

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O ano mais importante: proporãonando felicidade à sua esposa

Bill estava desesperado. Ele sabia que estava prestes a per­ der aquilo que mais importava mais na vida — a sua família. Durante o café, Bill admitiu que havia fracassado. Em meio a lágrimas, confessou que deixara a sua esposa de lado. E então ela resolveu ir embora. “Eu faço qualquer coisa”, disse Bill, ran­ gendo os dentes. “Faço qualquer coisa para tê-la de volta.” Nos meses seguintes, Bill começou uma escalada longa e difícil para reconstruir a confiança de Becky. Ela estava compreensivelmente cética. As cicatrizes emocionais eram muito profundas para uma solução rápida. Bill estava começando a perceber que, depois de passar 15 anos destruindo descuida­ damente o seu casamento, era improvável que ele pudesse ser restaurado em questão de meses. Se eu acho que o casamento de Bill pode ser salvo? Com certeza, especialmente se ele estiver disposto a dedicar-se ao tra­ balho duro que prometeu fazer — esforço que ele deveria ter feito 15 anos antes. Mas esse tipo de reconstrução pode ser des­ gastante. O desafio é, muitas vezes, tão exigente, tão humilhante e tão desconfortável — e os progressos são tão imperceptíveis — , que muitos simplesmente desistem. Quando Mark e eu decidimos escrever este livro, pensa­ mos em gente como Bill. Houve momentos em que me senti como se estivéssemos tentando salvar um homem em queda livre do alto de um penhasco. As coisas são difíceis para nós, mas o nosso desconforto não tem comparação com a agonia desses homens. Eu nunca conheci alguém que dissesse: “Eu estou cons­ cientemente escolhendo investir mal” — do ponto de vista financeiro ou no casamento. Mas muitos homens simplesmen­ te fazem isso. Seu patrimônio líquido reduzido é o resultado da sua negligência. Simples assim.

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Viver descuidadamente é fácil; mas é preciso um planeja­ mento consciente para investir com sabedoria.

E como isso acontece? Dado o inestimável valor de um grande casamento, náo faz sentido que os homens desprezem a ideia de fazer um bom in­ vestimento desde o início. No entanto, muitos cometem esse erro. Tenho duas teorias sobre o motivo pelo qual isso acontece:

O fenômeno da conquista

Alguns homens agem como se o seu trabalho fosse con­ cluído no momento em que a noiva diz “aceito”. É quase como se, no dia do casamento, eles pegassem a sua lista de coisas a fazer e marcassem como concluída a tarefa “encontrar uma es­ posa”. Então, depois da lua de mel, ele volta ao trabalho — e de volta à sua listinha — com muitas batalhas novas para vencer e mais itens para marcar como concluídos. Talvez a parte mais interessante desse fenômeno dos homens é que, enquanto eles se sentem como se estivessem che­ gando ao fim de mais uma tarefa, qual seja, cumprir o objetivo de consumar o casamento, as noivas encaram esse momento simplesmente como o começo.

Escolhendo não escolher

Este livro se baseia em uma única premissa funda­ mental: o seu casamento e a sua vida vão ser cem vezes mais gratificantes, duradouros e prósperos se você desenvolver

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O ano mais importante: proporcionando felicidade à sua esposa

intencionalmente os hábitos corretos no primeiro ano — mo­ mento em que o investimento é relativamente “barato”. Mas se você subestimar esse primeiro ano e adquirir maus hábitos, vai ser muito mais caro recuperar um casamento sólido mais tarde — ou esses hábitos podem, até, vir a destruir seu casamento.

Princípios testados pelo tempo À medida que você e eu começamos a explorar essa estratégia de investir no primeiro ano, aproveitarei para revelar um tesou­ ro de milhares de anos. Leia este incrível conselho, escondido no Antigo Testamento entre as instruções sobre o divórcio e as orientações para o uso adequado de mós ou pedras de moinho ao estabelecer um contrato de empréstimo (sem brincadeira): Quando algum homem tomar uma mulher nova, não sairá à guerra, nem se lhe imporá carga alguma; por u?n ano inteiro ficará livre na sua casa e alegrará a sua mulher, que tomou.

Deuteronômio 24.5 Embora as perspectivas de uma coisa dessas possam parecer engraçadas ou ultrajantes para você, existem alguns princípios de investimento interessantes escondidos aqui que você deveria levar a sério.

O princípio do desafio — "Por um ano inteiro"

A maioria dos homens adora uma competição. Vivemos em função delas. Bem, então, aqui vai um desafio incrível: Se

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O que todo noivo precisa saber

você quer vivenciar um excelente casamento, náo faça nada du­ rante um ano inteiro, exceto aprender a amar a sua esposa. Tenho certeza de que sei em que você está pensando. Va­ mos ld, seja razoável. Eu tenho muito trabalho pela frente. Se eu pedir uma licença de um ano inteiro, serei demitido imediatamen­ te — e isso não é nem um pouco interessante para o casal. Não se preocupe. Não estou defendendo o desemprego. Apenas a intenção. Sua tarefa no primeiro ano de casamento é tornar-se um especialista em uma determinada mulher — a sua esposa — e aprender, melhor do que ninguém no mundo, de que maneira “alegrará a sua mulher”. E o conselho do Antigo Testamento é que isso leva um ano, UM A N O INTEIRO. Um seminário de fim de semana ou um livro grosso sobre o assunto casamento náo seriam suficientes — nem mesmo o ciclo pa­ drão de cinco sessões de aconselhamento pré-nupcial. Não há outra maneira de dizer isto: é um grande investimento!

O princípio do TDA — "Não sairá à guerra, nem se lhe imporá carga alguma"

Como as pessoas que sofrem de Transtorno de Déficit de Atenção (TDA), o nosso problema, muitas vezes, é a simples falta de foco. Nós nos deixamos distrair por coisas que nossas esposas não enxergam — coisas com que elas sequer se preocupam. Como marcou a tarefa “casar” como concluída, você pode ser tentado a dar mais atenção a outras tarefas em aberto, como fazer pós-graduação, conseguir um bom emprego ou manter-se em forma. Mas agora que você é um homem casado, sua tarefa mais importante é trabalhar na construção desse relacionamen­ to com sua esposa.

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O ano mais importante: proporcionando felicidade à sua esposa

O princípio da reciprocidade — "E alegrará a sua mulher, que tomou"

Pode colocar a culpa em nossa natureza humana, mas a maioria de nós entende isso da maneira errada. Estamos sempre ansiosos para que as nossas esposas encontrem maneiras de nos fazer felizes. Meu amigo Gary Smalley conta a história de um casal de recém-casados que se mudou para uma residência do outro lado da rua de H ank e Edna. Logo Edna reparou que, quando o jovem noivo chegava em casa do trabalho, todos os dias, em vez de estacionar na garagem, parava o carro na entrada e cami­ nhava pela calçada até a porta da frente. Ela também notou que ele sempre tinha algo na mão — um presente bem embrulhado, um buquê ou algum outro item especial. Ele sempre tocava a campainha, e sua esposa ia atender a porta, e ele, então, lhe dava o presente, e os dois se abraçavam. Edna não se conteve. Uma noite, depois do jantar, ela disse a Hank tudo sobre o casal e sobre o que o jovem marido fazia a cada dia. “Por que você não começar a fazer isso, Hank?”, ela disse em tom de lamentação. “Bem”, Hank balbuciou: “Eu acho que eu poderia sim”. E então respirou profundamente e disse: “Eu poderia fazer isso sim — o problema é que ainda não conheço a moça”. Independentemente disso, Edna tinha razão. Era tra­ balho de H ank lembrar-se de como era quando eles estavam namorando. No início de nosso casamento, minha esposa, Bobbie, me disse o seguinte: “Eu só queria que, mesmo nos momentos em que você estiver ocupado, de vez em quando você parasse para pensar em mim”.

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() ífur tixfo noivo precisa saber

Ok, você pode estar pensando, mas o que a minha esposa pode fazer por mim? Essa é uma pergunta justa, e a resposta é preocupante. Essa advertência do Antigo Testamento não diz absolutamente nada sobre a função de sua esposa. Ela não dá nenhuma instru­ ção mesmo. Mas é aí que entra a reciprocidade. Quando você faz a felicidade da esposa sua prioridade, ela sente-se obrigada a fazê-lo feliz. Fazer todo o possível durante esse primeiro ano para tornar sua mulher feliz não é apenas uma demonstração de al­ truísmo. Ter uma esposa contente ao seu lado fará uma imensa diferença em sua própria felicidade. O livro de Provérbios afirma essa ideia com um toque de humor — de fato, exatamente estas palavras aparecem duas vezes em Provérbios: Melhor é morar num canto de umas águas-furtadas do que com a mulher rixosa numa casa ampla.7 Embora nem sempre seja esse o caso, esposas infelizes, irritantes, contenciosas e briguentas são, muitas vezes, casadas com maridos excessivamente ocupados, reticentes, preocupados e autocentrados. E, seguindo o método de tentativa e erro, essas mulheres aprendem que a única maneira de chamar a atenção de seus maridos é fazendo algo irritante. Seu desafio é fazer a escolha de prestar mais atenção à sua esposa durante o primeiro ano do seu casamento e dedicar me­ nos atenção ao carro novo do vizinho ou à final do campeonato de futebol na TV. Porque, quando você faz esse investimento durante o primeiro ano de seu matrimônio, terá um relacio­ namento muito mais gratificante para o resto de sua vida. Ele valerá milhões. Assim, antes de virar a página, decida agora o que fará nos próximos 12 meses, o ano mais importante de sua vida.

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O ano mais importante: proporcionando felicidade à sua esposa

1 No futebol americano, o quarterback é líder da linha ofensiva do rime. Ele é res­ ponsável por articular lançamentos, passes e avanços, e o sucesso ofensivo do time depende muito de seu desempenho. Sua posição é uma das mais populares nesse esporte. Ele também c responsável por repassar à equipe as orientações táticas do treinador. Ele também é im portante na defesa, porque lidera o bloqueio aos avan­ ços do time adversário (NT).

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C A P IT U L O 2

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Que a esposa faça seu marido feliz por voltar para casa e que lamente o momento da sua partida. Martinho Lutero, Reformador do Sécido 16



São sempre as mesmas palavras todo dia quando chega a casa, mas, dessa vez, o tom da sua voz faz com que sua esposa saiba que você teve um dia difícil. A única coisa em que pensou durante o caminho para casa foi pedir demissão. Quando entra em casa, você sente o aroma de algo mara­ vilhoso. Sua esposa ouve a sua voz e corre para recebê-lo. Antes de conseguir colocar sua pasta sobre a mesa da sala, ela o abraça e lhe dá um beijo. Sua esposa se aproxima de seu ouvido e sus­ surra algumas palavras íntimas sobre uma surpresinha que tem para você hoje à noite. Aí ela dá um passinho para trás e pega a sua pasta. Então, se aproxima de novo de você e afrouxa o nó da sua gravata. “Eu tenho a coisa certa para você”, ela diz, levando-o para a poltrona. Ao lado, há um copo gelado com sua bebida favorita, o jornal de hoje e o controle remoto da TV. “Relaxe um pouco. Servirei a refeição na mesa de jantar.” Quando esse cenário é apresentado em uma sala cheia de casais, não demora muito até que os homens comecem a fazer brincadeiras e a rir alto. “Ah, até parece” é o que dizem. “Queria que fosse assim lá em casa!” Para a maioria dos maridos, esse tipo de recepção é algo pelo que jamais esperariam. É uma coisa com a qual eles nem ousam sonhar.

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O que todo noivo precisa saber

Mas espere aí. Existem homens que vivenciam isso — não toda noite, é lógico, mas uma vez ou outra. E isso basta para concordarem, balançando a cabeça afirmativamente, e a se per­ guntarem o que fizeram para serem tão abençoados a ponto de merecer uma esposa assim. E a resposta certa nunca é: “Questão de sorte”. Não, coisas boas assim não ocorrem por acaso. Elas acon­ tecem quando as duas pessoas que formam o casal optam por tratar-se com afeto, buscando a satisfação ao atender, de ma­ neiras surpreendentes e criativas, às expectativas um do outro. Então — eis a questão: “O que leva uma mulher a tratar seu marido dessa maneira?”. Você já sabe qual é a resposta, não é? A esposa só tra­ ta seu marido assim se tiver sido bem tratada. A abundância do seu afeto é diretamente proporcional à disponibilidade para agradá-la demonstrada pelo marido quando atende às suas solicitações.Em um casamento saudável, o marido sente imensa satisfação em poder proporcionar alegria à esposa, e ela se realiza ao demonstrar, e diversas formas, seu amor por ele.

Provérbios 31, meu irmão! Desde tempos imemoriais, as pessoas confrontam as mulheres com a descrição da esposa ideal — que está mais para a Mulher Maravilha, diga-se de passagem — que podemos encontrar em Provérbios 31. Mas quando analisamos esses versículos em de­ talhes, vemos que eles foram escritos por um homem. É fato que, no contexto da cultura do Oriente Médio em que eles surgiram, era impossível para uma mulher casada vivenciar esse tipo de sucesso conjugal sem que seu marido fosse uma pessoa um tanto — se não bastante — liberal!

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Necessidades: a espiral do sim

O coração do seu marido está nela confiado, e a ela nenhuma fazenda faltará (Pv 31.11)

Você náo acha isso lindo? O homem de Provérbios 31 “está nela confiado”, ou seja, confia plenamente em sua esposa. Isso requer um bocado de maturidade — e equilíbrio — no relacionamento. Ele não trata a sua mulher como criança, nem muito menos como sua mãe. Ele a estimula em suas melhores habilidades, e ela, como botão de rosa, protegido na estufa, flo­ resce naquele ambiente favorável. Esse homem confia mesmo em sua esposa. Ele não se sen­ te ameaçado pelo seu sucesso ou por sua vida atarefada. A sua esposa gerencia o lar e conduz diversos empreendimentos. E ele concede a ela liberdade para investir, gerir os assuntos da casa, vender o que produz e ajudar os pobres e necessitados. Passados dez anos, m inha m ulher e eu nos dedicamos a analisar essa ideia de respeito m útuo. Conhecemos casais cujo marido era tão dom inante, que a esposa vivia com medo de cometer qualquer erro e de que seu marido o descobrisse. Ele se deixava aterrorizar pelo fantasma de um cheque sem fundos voltando do banco ou por um reles amassadinho no para-lama. Por outro lado, vimos casais em que a esposa era tão independente, que o marido nem tomava conhecimento do que ela decidia. Seus amigos, dia a dia e agenda ficavam em uma esfera completamente diferente da dele — e isso estava ok. Um marido como o de Provérbios 31 possui confiança plena na mulher, e fica bem claro que ele não se sentiria confor­ tável em nenhum desses dois cenários.

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Conhece-se o seu marido nas portas, quando se assenta com os an­ ciãos da terra (P v 3 1.23)

Alguns itens a considerar: Esse homem é respeitado por seus pares porque tem uma esposa que o respeita? Ou A admiração por parte dela proporciona ao marido níveis de sucesso e respeito próprio mais altos? ^ A esposa desse homem o respeita porque ele possui um caráter irrepreensível? Ou ^ A sua integridade está condicionada às suas altas expec­ tativas em relação a ele? A resposta certa a cada uma dessas perguntas é: sim.

Seu marido, que a louva (Pv 31.28)

A esposa de Provérbios 31 adquire autoestima automati­ camente a partir da reputação de seu marido. Quando é vista com ele em público, ostenta seu orgulho. A sua integridade se estende a ela! “[Seu marido,] que a louva” (31.28). Poucas coi­ sas são mais estimulantes para uma esposa do que palavras de sincera admiração vindas de seu marido. O homem de Provér­ bios 31 é liberal com tais expressões. Mais uma vez, voltamos à questão de quem nasceu pri­ meiro: o ovo ou a galinha: “O que vem primeiro — o louvor ou o sucesso?”. Sim, o louvor vem antes do sucesso. Como essa esposa é casada com um homem que confia nela, que a venera com belas palavras e que homenageia seu sucesso, a confiança dela aumenta e a torna cada vez mais com­ petente — o que produz mais elogios por parte do marido, os quais por sua vez dão destaque às suas realizações. Quando você

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Necessidades: a espiral do sim

vir uma mulher assim, pode ter certeza de que ela é casada com um cara bem legal!

Como ouvir sim Quando os cônjuges satisfazem as necessidades um do outro, atingem um conforto cada vez maior em seu diálogo, o que os leva a momentos de intimidade mais frequentes; isso, por sua vez, proporciona mais satisfação a ambos, o que, por sua vez, conduz os dois a mais motivação para satisfazer as necessidades um do outro — em um ciclo interminável. Chamamos esse ciclo de espiral do sim. Ela conduz o casal a se superar, buscando cada vez mais demonstrar seu amor. Veja como funciona: Você: “Oi, amor, cheguei”. Não se ouve resposta de sua es­ posa, apenas o bater de panelas na cozinha. “Que tal uma recepçãozinha para o rei do castelo?” O seu tom de voz deixa claro para ela que é uma brincadeira. Sua Esposa-. “Desculpe, não ouvi você entrar. Estava ocupa­ da com o jantar”. Ela se aproxima e o abraça pela cin­ tura. Olhando para você, ela lhe dá um longo beijo. “Olha, detesto ter de pedir isso a você no momento cm que está chegando em casa, mas não posso largar o fogão agora e acabo de descobrir que estão faltan­ do alguns ingredientes. Eu realmente preciso deles para preparar essa receita. Será que você poderia ir comprá-los?”. Você-. “Sim, claro! O que está faltando?”. Sua Esposa: “Você é um amor. A lista está aqui”.

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O que todo noivo precisa saber

Você: “Ah, já ia esquecendo. Enquanto eu der essa saidinha, você poderia ligar para os meus pais e perguntar a eles quando posso passar na casa deles para pegar aquela encomenda?”. Sua Esposa: “Claro que sim! Já não falo com sua mãe há alguns dias”. Você se aproxima da sua esposa e lhe dá um abraço. Sua Esposa: “Te amo tanto”. Você: “Saio para comprar ingredientes sempre que você quiser”. Sua Esposa: “Ei, moço, se voltar logo, podemos ter uma conversinha sobre alguns dos meus temperos mais apimentados”. Depois de você sair, ela estará balan­ çando a cabeça positivamente, sorrindo e dizendo para si mesma: “Você me faz feliz”. Isso por acaso parece uma conversa boba? Pode ser. Mas você percebeu quantas vezes um disse sim para o outro em um diálogo tão curto?12345 1. 2. 3. 4. 5.

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Ela disse sim quando você brincou pedindo uma recep­ ção calorosa. Você disse sim ao concordar em ir comprar os ingredien­ tes que estavam faltando. Ela disse sim quando você lhe pediu para ligar para seus pais e perguntar sobre uma encomenda. Você disse sim ao abraçá-la. Ela disse sim para a sua intenção de ter uma noite de intimidade com ela — e você nem teve de pedir verbal­ mente.


Necessidades: a espiral do sim

A cada afirmação — em palavras, gestos ou atitudes — o tom do seu sim se amplia, e o casal se sente mais próximo junto, mais disposto ao serviço mútuo, mais disposto a satisfazer as demandas um do outro, esposa e marido. Mas e se você e sua esposa escolhessem outro caminho: Você: “Oi, amor, cheguei”. Não se ouve resposta de sua es­ posa, apenas o bater de panelas na cozinha, “Que tal uma recepçãozinha para o rei do castelo?” O seu tom de voz deixa claro o sarcasmo. Sua Esposa: “Desculpe, não ouvi você entrar. Estava ocupa­ da com o jantar”. Ela permanece na cozinha e grita para você de lá. “Olha, detesto ter de pedir isso a você no momento em que está chegando em casa, mas não posso largar o fogão agora e acabo de descobrir que estão faltando alguns ingredientes. Eu realmente preciso deles para preparar essa receita. Será que você poderia ir comprá-los?”. Você (olhando a correspondência): “Por que você não com­ prou quando saiu? Já fui à mercearia ontem”. Sua Esposa: “Não me dei conta de que essa receita precisaria deles. Minha cabeça anda muito cheia de preocu­ pações, você sabe como é”. Seu tom voz é cortante. “Tome a lista.” Você: “Vamos comer sem os seus temperinhos hoje. Não pretendo sair mais. Não depois do dia que tive. E você, ligou para os meus pais para saber quando devo ir buscar a encomenda?”. Sua Esposa: “Você não disse que ia fazer isso? Eu sou uma só. Tenho emprego também, nPT. Você: “ Tá bom. Então, acho que vamos ficar sem a enco­ menda. Para mim não faz a menor diferença mesmo”.

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Sua Esposa\ “Desculpe-me. Eu preciso ir, então, à mercea­ ria. O jantar vai ter de atrasar um pouquinho hoje à noite.” Quase náo dá para ouvir o que ela diz entre os dentes enquanto caminha em direção à porta da rua — “Você me faz rir.” Qualquer um pode sentir a tensão no ar, não é? À medida que você e sua esposa dizem não às necessidades um do outro, diminui a vontade de dizer sim. A espiral do não, que gira para baixo, vai se afunilando cada vez mais. Você se sente tão encurralado, que cada vez menos se dis­ põe a ceder, ficando absolutamente sem interesse por satisfazer as necessidades de sua esposa. Pense no desperdício de energia comparando os dois di­ álogos. O primeiro flui naturalmente e sem desgaste, embora, às vezes, pareça ser necessário empenho adicional para fugir do convencional ao responder. Você não passa só a amar sua esposa mais ainda depois dessa troca rápida de palavras, mas de fato se sente melhor consigo mesmo. Já o segundo diálogo — bem, é muito desgastante, deixando-o simplesmente exausto.

"É claro que eu morreria por ela, mas..." Você pode estar pensando: Eu entendo como conflitos são mais desgastantes do que viver em paz — mas, e se eu não sentir vontade de atender ao que minha esposa quer que eu faça? Então, é hora de respirar fundo e fazer a pergunta que ninguém tem vontade de fazer: “Você está sugerindo que eu engula a minha falta de von­ tade e que vá à loja sem reclamar, mesmo que no fundo eu não esteja a fim?”.

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Necessidades: a espiral do sim

É isso mesmo que estou sugerindo. A recomendação bíblica é claríssima: “Maridos, amem suas esposas, como Cristo amou a igreja e se sacrificou por ela”8. O amor está sempre conectado à ação, mesmo que não perceba­ mos. Como você disse que ama sua esposa, sua escolha precisa ser sempre fazer aquilo que lhe agrada, independentemente de parecer algo puramente inconveniente. Em uma conversa no formato espiral do sim , você demonstra amor proativo, e os sentimentos fluem como conse­ quência. Você se sente realizado. Mas cm uma conversa do tipo espiral de não, você opta pelo que acha ter direito de fazer, aqui­ lo que você está a fim de fazer naquele momento. Mas na hora em que a sua mulher sai de casa enfurecida para buscar os tais ingredientes, você e ela se veem muito confusos. Você se sente certo em alegar que o fato de ter um dia difícil lhe dá o direito de não ir, mas ainda assim você se sente péssimo. Pergunte a um homem se estaria disposto a morrer por sua esposa; é bem provável que a maioria responda que sim. Podemos imaginar carrascos malvados nos dando a opção de escolher poupar a própria vida ou a vida de sua esposa, corajo­ samente daríamos a nossa própria vida para salvar a da esposa. “Leve-me no lugar dela”, seria a nossa resposta, com heroísmo abundante. Esse tipo de morte é a do tipo fácil — rápida, honrada, marcando uma clara opção pelo sacrifício em vez do egoísmo. Mas precisamos encarar os fatos — é muito pouco provável que isso aconteça na vida real. “Dar vida” é uma coisa que pode ser demonstrada de maneiras menos pomposas, mas também dignas de aplausos. Somos condenados a colocar sempre as ne­ cessidades da nossa esposa acima das nossas. Assim, o que ela

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O que todo noivo precisa saber

pede é mais importante que a exaustão que sentimos no fim do dia, naquela hora em que só pensamos em descansar. E é muito mais importante! “Mas e se for difícil satisfazer sua esposa?”, você pode per­ guntar-se. “Sou totalmente incapaz de atender ao que a minha esposa pede.” O u então: “Minha esposa sabe que eu não sei cui­ dar da casa”. Ou: “Sou um competidor por natureza, por isso respeitar os outros motoristas na estrada não representa bem quem sou, mesmo quando a minha esposa me implora para ir mais devagar”. Ok, esse tipo de comportamento não é fácil de ter. Mas você aprendeu a andar de bicicleta naturalmente ou teve de esforçar-se? E a nadar? O u ler? Usar computador? Tudo isso veio naturalmente ou você teve de aprender? E quanto custou até que você consolidasse essas habilidades? Isso é fácil de res­ ponder. Você teve vontade de dominá-las — e conseguiu.

Do que eia precisa? Certo dia, tarde da noite, um casal saiu para uma caminhada pelo bairro em que moram. Então, passaram por dois garotos que estavam ajoelhados sob a iluminação pública. Eles estavam procurando por algo na grama. Cuidadosamente, passavam as mãos pelo terreno, para lá e para cá. “Qual é o problema?”, o homem perguntou aos garotos. “Perderam alguma coisa?” “Perdemos sim”, um deles respondeu olhando para o ho­ mem. “Meu amigo perdeu seu canivete.” “Foi aqui mesmo que ele perdeu o canivete?” a mulher perguntou.

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Necessidades: a espiral do sim

“Não”, disse o garoto, voltando-se para a mulher. “Ele o perdeu um pouco mais adiante, mas a iluminação aqui está melhor.” Eu sei que essa foi uma piadinha sem graça, mas ela contém uma mensagem poderosa: às vezes, tentamos satisfazer as necessi­ dades de nossa esposa com base no que é mais conveniente para nós mesmos. Mas assim ficamos longe de conseguir ajudá-las a conseguir aquilo de que estão realmente precisando. Podemos até nos ocupar com isso, mas nosso esforço não ajudará em nada a en­ contrar o “canivete perdido” de que a nossa esposa tanto precisa. Quer uma sugestão? Em ordem de importância, anote cinco ou seis coisas que a sua mulher mais quer de você. Po­ dem ser coisas gerais ou específicas. Então, conte a ela que está preparando essa lista e peça-lhe para fazer uma também — sem que um veja a do outro. Em seguida, marque uma hora para vocês compararem as duas. Você pode começar a conversa con­ tando a piada dos dois garotos procurando pelo canivete no lugar errado. Isso a ajudará a entender o objetivo desse exercício. Quando a lista dela estiver pronta, faça a primeira coisa que ela pediu, e a diversão terá, então, começado.

Do que eu preciso? Jeremy entrou no escritório de Mark e desabou na cadeira estofa­ da que ficava no canto da sala. Mark desviou o olhar do trabalho e concentrou-se no sócio. Jeremy estava claramente irritado. “O final de um dia de cão”, começa Jeremy, “é a hora em que mais preciso da minha esposa ao meu lado. Mas eu simples­ mente não consigo dizer isso a ela. M inha vontade é contar a ela sobre as coisas de que preciso, mas me sinto incapaz de falar sobre o assunto — por isso acabo provocando uma discussão.”

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() que todo noivo precisa saber

“Olha, obrigado por me apoiar”, Jeremy acabaria dizendo a Cindy, com sarcasmo, frustrado porque ela não era capaz de ler sua mente. Aquela noite estava condenada a ser horrível para o casal Jeremy e Cindy. “Estou farto de noites tensas como essa”, Jeremy admitiu. “Será que existe alguma coisa que eu possa fazer?” Ok, então, deixe-me perguntar o seguinte: O que você diria a Jeremy? Como você o ajudaria a resolver esse problema? Sabemos que Cindy realmente ama Jeremy. No entanto, nos dias em que mais precisa dela, Jeremy não dá as informações de que Cindy precisa para poder ajudá-lo, não é mesmo? Em primeiro lugar, esse casal precisa recomeçar do zero. E isso só vai acontecer se o Jeremy for corajoso o bastante para admitir que o seu sarcasmo e suas estratégias agressivas são infantis e infrutíferas. Além disso, Cindy precisa de um alvo de­ finido — uma visão clara a respeito do que seu marido precisa que ela faça. Jeremy pode simplesmente refazer o exercício que propus na seção anterior, só que ao contrário, somente desta vez, ou seja, os dois criando listas das coisas de que o próprio Jeremy precisa. Acho que vale a pena dar uma olhada no livro What Every Bride Needs to Know (O que toda noiva precisa saber) — mais especificamente nas opiniões de especialistas sobre o que a maioria dos homens precisa que suas mulheres façam por eles. É necessária muita franqueza para admitir que você precisa de sua esposa e então de um pouco mais de esforço para conseguir ser honesto a respeito de quais são suas reais necessidades. Mas, se quiser mesmo encontrar aquele canivete, você precisará ir para lugares em que a busca não será tão fácil de fazer.

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C A P ÍT U L O 3

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O casamento é, para os cristãos, um sacramento contí­ nuo, um ato de louvor e obediência e um instrumento da graça em todos os aspectos “espirituais”, da mesma forma que tudo o que se passa em um monasterio, igreja ou missão religiosa, e em todos os aspectos tão importante (ou mais) do que qualquer outra “atividade” que possa ser realizada no mundo. Mike Masorn, Tt)e Mystery ofMarriage



e eu estávamos casados há menos de um ano. Ela estava tentando concluir a faculdade, enquanto trabalhava em meio expediente como auxiliar de dentista. Eu me dedicava ao trabalho com jovens, ganhando menos de um salário mínimo. Uma tarde, Bobbie e eu fomos a uma consulta com seu médico e descobrimos que ela estava— absolutamente — grávida. Fiquei entusiasmado com a vinda do bebê, mas aquela não era a hora planejada inicialmente. Nem estávamos em con­ dições financeiras de agregar mais um membro à nossa família, como eu ainda estava tentando descobrir quem eu era de verda­ de e como poderia me tornar um bom marido. Também estava tentando conhecer melhor a mulher com quem me casei, quando acabei me vendo no caminho da paternidade. “Desesperado?” — era pouco; eu estava bem além disso. Dirigimos para casa voltando do consultório do médico sem trocar praticamente uma palavra. Quando abri a porta do apartamento, fui tomado pela emoção. Lágrimas escorriam dos meus olhos. Entramos na cozinha, Bobbie puxou uma cadeira e sentou-se. Agachei-me diante dela e coloquei minha cabeça sobre os seus joelhos. Esse não era o meu comportamento nor­ mal. Meu pranto vinha de um lugar dentro de mim que ainda não conhecia. Bobbie ficou em silêncio, certamente pergun­ tando-se quem era aquele homem aos seus pés que chorava tão inconsolavelmente.

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O que todo noivo precisa saber

Depois de alguns minutos, consegui dizer algo. “Para mim, não vai dar” foram as únicas palavras que saíram da mi­ nha boca. “Não tenho condições.” Por mais estranho que pareça, foi só então que a perspectiva de me tornar um bom marido e um pai legal se transformaram em metas viáveis. Por quê? Porque, naquele exa­ to momento, tomado pelo pânico, pedi ajuda a Deus.

Despindo-me Tomar a iniciativa em relação a assuntos espirituais em seu casa­ mento não é nada fácil. E preciso esforçar-se, honestamente. E isso é particularmente verdade nos casos em que você não con­ segue lembrar-se de ter visto seus pais expressarem qualquer tipo de intimidade espiritual quando juntos. Por exemplo, muitos homens morrem de medo da situ­ ação embaraçosa de serem “espiritualmente expostos” quando são chamados a orar em público, especialmente se estiverem ao lado da esposa. Talvez você já tenha visto um homem muito se­ guro de si desmanchar-se como gelatina na hora cm que ouviu o pastor chamá-lo dizendo: “Então, meu querido João, por que você não encerra o nosso culto de hoje com uma oração?”. De muitas maneiras, podemos avaliar a qualidade da vida íntima de um casal simplesmente olhando para o seu nível de conforto quando conversam sobre dois assuntos: sexo e vida espiritual. O diálogo sobre intimidade física nos força a revelar segredos sobre a nossa mente e corpo; o diálogo sobre a intimi­ dade espiritual nos força a revelar a alma. Antes de continuar, preciso advertir meus leitores sobre assuntos que não tenho a intenção de abordar aqui. Intimidade

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Unidade espiritual: concentre-se no único jogo que interessa

espiritual não tem nada a ver com conhecimento teológico ou com a aceitação das mesmas doutrinas religiosas. Não que essas coisas sejam pouco importantes. Com certeza elas são. A ques­ tão é que meramente aceitar algumas ideias sobre Deus não é o suficiente, seja no seu relacionamento com Jesus ou com a sua esposa. Ambos os relacionamentos requerem um passo a mais: uma vontade genuína de revelar locais secretos, de conhecer o coração do próximo com curiosidade e satisfação, de dar fim a dúvidas e temores espirituais e de celebrar novos níveis de en­ tendimento — e fazer isso no contexto do dia a dia. “Está vendo aquela águia linda voando lá no céu?”, per­ gunto a Bobbie enquanto dirigimos pela rodovia, já perto de casa. “A obra de Deus não é impressionante?” “Venha ver o arco-íris”, ouço-a me chamando do portão. Esses fenômenos brindam os nossos olhos e enlevam o nosso coração. Amamos música, especialmente hinos tradicionais e composições clássicas. Adoramos jazz e alguns artistas cristãos contemporâneos. No carro, às vezes, ficamos em silencio e ouvimos o nosso CD favorito. Isso nos motiva muito. A música transporta o nosso espírito para outro plano, e viajamos até lá juntos. Da mesma forma, raramente deixamos de ir à igreja, não porque nos sintamos culpados por faltar, mas porque a ex­ periência de adorar ao Senhor nos leva à presença do Deus vivo. E quando estamos com Ele, tudo fica diferente. Temos um amigo aposentado. Não faz muito tempo, ele e sua esposa foram a um retiro para casais. Apesar de já terem chegado a comemorar suas bodas de ouro algum tempo atrás, estavam procurando por maneiras de aprimorar seu casamento. Ele nos contou que se orgulhava do profundo conhecimento

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( >tfuc toílo noivo precisa saber

que possuía a respeito de sua esposa e do fato de ter construí­ do um casamento bem-sucedido (o fato de eles terem sido táo bem-sucedidos nas ocasiões anteriores, eram chamados para palestrar em vários retiros). Mas, nesse final de semana, como participante, meu amigo descobriu uma coisa em sua esposa que jamais havia visto. No retiro, um dos exercícios propostos era a esposa fazer uma lista com as maneiras mais significativas de o seu marido demonstrar o amor que sente por ela — e ele deveria fazer o mesmo em relação a ela. Com um sorriso absolutamente since­ ro, nosso amigo explicou que, depois de décadas de casamento, ele não esperava mais nenhuma surpresa na lista de sua esposa. Mas, quando ela entregou a lista a ele, o primeiro item surpre­ endeu-o. Fde esperava que ela dissesse alguma coisa sobre como apreciava sua prestatividade em ajudar a limpar a casa, ou talvez o quanto ela gostava da sua noite de namoro semanal. Mas o item número um da lista de “coisas mais significativas que o meu marido faz para demonstrar o seu amor por mim” era: “Quando ele ora comigo e toma a iniciativa a respeito de nossa vida espiritual”. Nosso amigo sempre considerou a prática de serviço espi­ ritual em casa um dever cristão. Nunca lhe ocorreu que isso era uma maneira poderosa de expressar seu amor pela esposa. Na cabeça dela, estava em primeiro lugar.

Mas como conseguir isso? Certamente você concorda que essas coisas são importanres — e muito, por sinal. Você tem certeza de que a sua esposa quer conhecer o que se passa em seu coração, e não apenas o que

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Unidade espiritual: concentre-se no único jogo que interessa

acontece na sua mente e com o seu corpo. Você sabe que, à medida que se aventuram pelos assuntos espirituais e se põem diante da presença de Deus, o melhor lhes sucede. Mas a per­ gunta que permanece é: “Como conseguir isso?”. Saber o seguinte pode pesar em seu favor: quando foi per­ guntado a um grande número de líderes cristãos o que cada um fazia em seu casamento para cultivar a intimidade espiritual, as respostas foram totalmente diferentes umas das outras. Prati­ camente cada um dos casais respondeu de maneira diferente.9 Quando Mark se encontra com os noivos antes do casa­ mento, ele indica a abordagem K.I.S.S.' — cuja tradução light se aproxima de algo como Não Complique — , para estabelecer um padrão de intimidade espiritual no matrimônio. Ele dá a simples sugestão de que os casais comecem com pelo menos um hábito: orar antes das refeições ou antes de dormir, frequentar a escola dominical ou mesmo ler um devocional juntos. Mark pede ao noivo e à noiva que adotem uma prática que não os deixe esquecer de que fazem parte de um casamento cristão. Basta vermos como o Antigo Testamento descreve a inti­ midade espiritual: Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu cora­ ção, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder. E estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; e as in­ timarás a teusfilhos e delasfalarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te.10 Ame ao Senhor seu Deus: a proposta de casamento que você fez à

mulher com que se casou começou com um aprendizado e com um desejo que evoluiu até se tornar uma decisão — “Q uer casar comigo?” Da mesma maneira, seu relacionamento com Deus

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O que todo noivo precisa saber

começa com a compreensão de quem Ele é, passando à experi­ ência de um profundo senso de desorientação quando você está longe de Sua presença e progredindo até esta resolução: “Quero seguir-te”. já mencionei nossas experiências de observar uma águia ou um arco-íris espetacular. Assistir a eventos como esses e dizer “A obra de Deus não é impressionante?” nos faz lembrar que, por intermédio de Sua voz, pura e simples, o Senhor criou cada uma dessas coisas maravilhosas. Não há necessidade de adicionar nada a mais para tornar esses eventos mais “espirituais”. Não é necessário dizer: “Lembra? Foi o que o pastor João disse hoje no culto da manhã”. Com o passar dos anos, em ocasiões especiais, ou por cau­ sa de situações incomuns que, às vezes, enfrentamos, Bobbie e eu encontramos tempo para orar em voz alta antes de dormir. Não há nada demais nessas orações. Elas são apenas uma chan­ ce de nos comunicarmos com o Nosso Pai celestial como se Ele estivesse ali, bem diante de nós, no quarto. E, verdade seja dita, Ele está mesmo! Fale nisso quando estiver em casa:

Pontos de articulação e ganchos de oração

Por tratar-se de “momentos de mudança” em seu dia, Mark e Susan se referem ao ato de sentar-se, levantar-se ou ir dormir como “pontos de articulação”, os locais mais apropria­ dos para estabelecermos uma conexão espiritual com alguém. Susan pode, por exemplo, ao passar por Mark quando estão acordando de manhã, dar-lhe um beijo no rosto e dizer “Deus é magnífico”. À noite, Mark pode resolver segurar a mão de

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Unidade espiritual: cojicentre-se tio único jogo que interessa

Susan antes de adormecerem, quando já deitados. “Você quer orar hoje à noite?” O horário das refeições pode ser outro ponto de articulação para você e sua esposa. Uma pausa, estar de mãos dadas ou abençoar alguém sáo um ponto de articulação natural. E isso é uma coisa que se faz sem alarde, sendo que nenhuma preparação ou treinamento são necessários. O objeti­ vo é conectar momentos previsíveis em nossa caminhada com Deus, transformando momentos do dia a dia em elementos es­ pirituais. Bobbie e eu também compartilhamos um mesmo concei­ to, que chamamos de “ganchos de oração”. Trata-se de lugares, coisas ou situações familiares que intencionalmente associamos ao ato de orar. Por exemplo, quando estamos dirigindo até a igreja pela Interestadual 4 e começamos a desacelerar para entrar na rua Anderson, passamos por um gancho de oração. Então, oramos (continuando a dirigir e, é claro, sem fechar os olhos) pelo culto de adoração matinal de domingo e da escola dominical. Pedimos a Deus que fale conosco nesse momento em Sua casa. A primeira coisa que faço de manhã, quando acendo as luzes do meu escritório e vejo a cadeira verde no canto da sala, também é um gancho de oração. É como se a cadeira falasse comigo e me convidasse a ajoelhar e orar. Outros dos meus ganchos de oração estão conectados com algumas coisas bem mundanas, mas funcionam. Por exemplo, quando uso o meu protetor labial de certa marca, oro pelo meu afilhado Christopher, porque ele também adora usar o produto da mesma marca para a proteção dos seus lábios. Q uando levo o lixo para fora, oro pelo meu afilhado Jon. Ele me ensinou a guardar sacos de lixo adicionais na lata de lixo, por isso, quan­ do vejo os sacos de lixo vazios lá, eu me lembro de orar por

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ele. Certo dia, meu amigo Jake me contou mais uma de suas curiosidades. Segundo ele, macacos descascam bananas de bai­ xo para cima, porque acham mais fácil dessa maneira. Então, adivinhem para quem eu oro toda vez que descasco uma bana­ na de baixo para cima? Há muitos outros exemplos, mas acho que já deu para vocês entenderem. Era isso que o autor do livro Deuteronômio (do Antigo Testamento) tinha em mente. Intimidade espiritual com Deus consiste simplesmente em incluí-lo em seu dia a dia — espe­ cialmente nas pequenas coisas.

Tornando-se uma noiva fiel No início da vida de casado, é interessante notar que uma das palavras que Deus usa na Bíblia para representar seu relacio­ namento com Ele é precisamente aquilo que você começou a vivenciar — o casamento. Mas, nesse caso, ele é o noivo e você, Sua noiva! Porque, como o jovem se casa com a donzela, assim teus filhos se casarão contigo; e, corno o noivo se alegra com a noiva, assim se alegrará contigo o teu Deus. Isaías 62.5 Madre Teresa compreendeu isso perfeitamente. Ela es­ tava ensinando a Palavra de Deus a algumas famílias quando um estranho levantou-se e desafiou-a com a seguinte pergunta: “Com o devido respeito, Madre Teresa”, ele disse, “como al­ guém como a senhora — que jamais foi casada — pode querer ensinar maridos e esposas a conviver?”

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Unidade espiritual: concentre-se no único jogo que interessa

Revoltada com a audácia daquele homem, a pequenina freira de Calcutá respondeu — com faíscas nos olhos. “E aí que o senhor se engana”, disse ela. “Sou casada sim. E, muitas vezes, é bem difícil conviver com Jesus!” Então, homem voltou ao seu lugar, em silêncio. A questão aqui é clara: O que você pode aprender a partir de seu relacionamento com Deus, com o Noivo perfeito, sobre o significado de caminhar ao lado de sua esposa como seu noivo fiel? Veja alguns exemplos a seguir.

Deus é atento

Dá para imaginar estar casado com alguém que jamais deixa de ouvi-lo? Dia e noite, a qualquer momento — Seus ou­ vidos estão atentos a qualquer solicitação que você faça. Deus está em comunicação constante com você. Às vezes, essa “co­ municação” não se dá por palavras. Ele está sempre conectado a você, simplesmente por intermédio de Sua presença. Uma vez ou outra, Ele “fala” com você nas circunstâncias da vida, sejam elas livros, ou mesmo através da voz de pessoas. E, é claro, Ele se manifesta claramente quando lemos a Bíblia. A atenção de Deus está em atividade plena todo o tempo. Isso não é sensacio­ nal? Dá para imaginar como a sua esposa ficaria feliz com um marido como esse?

Deus é confiável

Um dos maiores mistérios a respeito de Deus é o fato de Ele ser composto por três pessoas — Pai, Filho e Espírito Santo. E essas três entidades funcionam em sincronia perfeita. Nada

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acontece sem a supervisão e a permissão de cada uma delas. No caso desse Noivo, sua confiabilidade é absoluta.11 Apesar de Bobbie e eu termos morado em diversas cidades desde que nos casamos, sempre fiz o possível para participar de grupos de homens cristãos — na verdade, amigos — com quem eu pudesse estudar, orar e ser honesto a respeito de meus defei­ tos e vitórias. Mark fez o mesmo. Para falar a verdade, alguns grupos são muito específicos quanto ao quesito confiança no casamento. Em um deles, todos os maridos concordaram em seguir um plano de treinamento. O que você acha dele?

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Eu orarei por minha esposa pelo menos uma vez por dia. Eu orarei por minha esposa pelo menos uma vez por semana. Eu farei algo todos os dias para fortalecer minha fé. Eu concordarei em responder de maneira absolutamente honesta a tudo o que qualquer pessoa deste grupo me perguntar. “Prefiro não falar sobre isso agora” jamais será uma resposta aceitável. Se em algum momento a totalidade dos membros do gru­ po concordar que preciso mudar de comportamento cm relação a algum hábito que considerem destrutivo para o meu casamento, minha família ou minha integrida­ de, concordo que farei tudo o que puder para modificar imediatamente tal comportamento. Eu atenderei às necessidades de minha esposa com um sim absolutamente honesto e incondicional e por inter­ médio de minhas palavras, atitude e ações.

Pelo que podemos ver, esses homens são sérios. E, agora, gostaria de perguntar a você uma coisa: Você acha que a sua esposa gostaria de ser casada com um homem assim?

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Unidade espiritual: concentre-se no único jogo que interessa

Deus é humilde

Deus visitou o planeta Terra na pessoa de Jesus Cristo. Se jamais houve alguém que pudesse “dar uma de superior”, essa pessoa seria Jesus. Tudo o que foi criado — bilhões de galáxias, o núcleo do átomo de carbono, as pererecas — veio à luz por intermédio do simples soar de Sua voz. E com essa mesma voz, ele man­ tém a unidade de tudo o que existe. Mas Ele se recusou a usar esse poder diretamente. Muito pelo contrário: Ele preferiu abrir mão desse direito e, sim, agir tomando a form a de servo.12 Ele escolheu a humildade. A arrogância é uma enfermidade estranha. Ela deixa a todos doentes, com exceção da pessoa que padece dela. Com certeza ninguém tem o menor interesse em se casar com alguém assim. Muito menos a sua esposa. Sem dúvida, ela preferiria estar casada com um homem que lhe servisse com gentileza do que com um tolo autocentrado e convencido. Pelo menos provavelmente.

Deus é íntegro

Quantas mentiras um homem tem de contar para tor­ nar-se um mentiroso? Quantas vezes alguém precisa trair para tornar-se um adúltero? Quantos objetos alguém precisa rou­ bar antes de ser considerado um ladrão? A resposta para essas perguntas é a mesma: apenas uma. Isso é cruel, mas é a pura verdade. O noivo fiel já aprendeu a lidar com suas paixões, com o seu caráter, com sua mente e com seus atos, já sabendo como combiná-los de maneira coerente. Nenhuma área da sua vida

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fica de lado. Uma câmera oculta não revelaria nenhum segredo. Deus é desse tipo de Noivo, e todos nós sabemos o que significa ser “a noiva” de um Homem assim.

Entrando no jogo — como ser forte e atingir seu objetivo Taylor e Laurie estavam pensando em se casar, mas não se acha­ vam prontos. Eles queriam ver se antes daria para construírem uma unidade espiritual. Tentaram fazer isso orando juntos e reservando meia hora por semana para um ato devocional. De­ pois de algumas semanas, Taylor já estava prestes a abandonar aquilo. A coisa não estava funcionando. Na sua ânsia de fazer algo, Taylor estava simplesmente copiando uma história da Bí­ blia e repetindo-a como em um sermão longo. Já Laurie queria realmente praticar o bem, mas estava sentindo-se mais como uma aluna da escola dominical. Quando ela confessou a Taylor como se sentia a respeito de suas “palestras”, ele pensou em “jogar a toalha”. Mas Taylor não era uma pessoa que desistisse facilmente. Então, ele fez o que você e eu odiamos ter de fazer. Parou para pedir a ajuda a alguém em quem confiava. E então ele tentou novamente, tendo em mente desta vez o princípio K.I.S.S., agindo com simplicidade. Taylor dividiu suas lições de meia hora em pequenas leituras de salmos que não levavam mais de cinco minutos e então conversava com Laurie sobre o seu significado. Ocasio­ nalmente, liam um devocional e então discutia o tema com ela. Agora, em vez de Laurie sentir que seu noivo havia se tornado um Pregador 24 horas, ela descobriu nele uma alma gêmea. Um par espiritual.

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Unidade espiritual: conce?itre-se no único jogo que interessa

Deus em momento algum concebeu nossos casamentos como simples uniões de pessoas que moram no mesmo ende­ reço, para praticar sexo, compartilhar interesse por esportes ou outras atividades ou mesmo dividir crenças. A vida é muito mais do que isso. A intimidade espiritual proporciona ao casal uma união plena entre essas duas pessoas. Ela é capaz de estabelecer uma conexão entre você e Deus e de abrir uma nova dimensão em seu casamento. É como apertar o botão Surround do seu equipamento de som - a intimidade espiritual torna o seu ca­ samento mais magnífico do que você jamais poderia imaginar. E é exatamente isso que você e sua esposa estão procu­ rando.

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CAP ÍTU LO 4

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Dizemos que “os dois se tornam um”. Tudo bem, mas o perigo é que, na verdade, seis pessoas estejam casando-se e que eventualmente a casa fique um tanto lotada. Afi­ nal, são os pais dos noivos e seus dois filhos, crianças do passado. David Seamands,

Putting Aiutiy Childish Things



'sv__ ^ /o i a viagem mais longa que fiz sem dormir. Em 1973, 13 jovens ainda no ensino médio e quatro líderes (eu era um deles) alugamos um trailer e uma picape e dirigimos sem escalas de Chicago, em Illinois, a Denver, no Colorado. Então, embarcamos em um ônibus escolar e dirigimos direto até Ouray, em Utah, de onde partimos para um rafting pelas águas revoltas do rio Green.13 A viagem atravessando o país - fui eu quem mais dirigiu - levou 26 horas, de modo que ficamos completa­ mente exaustos. Um pouco antes de embarcarmos em um dos maiores bo­ tes de borracha que jamais vimos na vida, o guia nos advertiu sobre os riscos da viagem que íamos começar a fazer. “Desliga­ dos” seria a palavra que melhor poderia descrever seus ouvintes, que estavam ainda ofegantes e exaustos por causa da fadiga da viagem. Ele nos falou da força da correnteza na cabeceira do rio e nos trechos mais abaixo. O guia disse que em alguns momen­ tos alguns de nós daríamos “mergulhos sem querer”. E então explicou o que fazer e o que não fazer quando isso acontecesse. “Mantenha suas pernas para cima,” ele ensinou. “Se vocês ficarem com elas para baixo, seus pés podem ficar presos nas pedras, o que costuma ser fatal.” Sua objetividade fez alguns de nós levantarmos as pálpebras. E então disse o seguinte: “O rio por si só já parece perigoso. Mas o perigo que a gente pode ver nem se compara com o que acontece embaixo d’água — sob a superfície”.

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O que todo noivo precisa saber

Nos quatro dias seguintes, os conselhos do guia se com­ provaram. Muitos de nós deram “mergulhos sem querer”. Os maiores — em geral jogadores de futebol americano e lutadores — que pensaram que o guia estava exagerando no que dizia sobre a correnteza descobriram que as advertências eram reais. O momento mais memorável foi num final de tarde, quando nosso bote foi direto a um “buraco” em que a água es­ pumava em fúria. Naquela hora, Bill Jackson, talvez o cara mais atlético da excursão, pulou que nem um míssil guiado — da popa do bote, ele voou e caiu a uns cinco metros atrás da gente, espirrando muita água. Durante os cinco minutos de violência aquática que se seguiram, agarramos as cordas nos abaixamos, tentando evitar o mesmo destino. Jax manteve as pernas para cima e conseguiu ficar junto a nós, parecendo mais uma rolha do que um garoto. À noite, brincamos muito a respeito do as­ sunto, mas quando aconteceu de verdade ninguém conseguiu rir. Ainda bem que todos nós conseguimos chegar ao fim daquela aventura. Alguns levaram para casa hematomas e arra­ nhões, mas podemos dizer que a missão foi cumprida.

Casamentos atuais O casamento é como descer as corredeiras de um rio encachoeirado num bote. A cada curva do rio, enfrentamos uma aventura diferente. Mas as lembranças que trazemos para o nosso casa­ mento da família em que crescemos atuam como as poderosas correntezas sob a superfície. Em alguns momentos, aproveita­ mos as corredeiras que nos impulsionam rio abaixo. Mas, outras vezes, as correntezas nos puxam por baixo para áreas perigosas e

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destrutivas — especialmente quando nos engolem como ondas traiçoeiras. Q uando Bobbie e eu nos casamos, nossa vida foi tomada por pontos de vista diferentes ligados a como a família dela fazia as coisas em comparação com a minha. Certa noite, depois do jantar, Bobbie perguntou se eu queria uma taça de sorvete. “Claro”, respondi, “será ótimo”. Pouco depois, ela me trouxe uma travessa com sorvete. Quando digo uma travessa, quero dizer uma TRAVESSA, e das grandes. “Isso dá para uma família de seis pessoas,” disse eu brincando, sem perceber que estava sendo desrespeitoso e arrogante. Bobbie não gostou nem um pouquinho do meu co­ mentário. Cresci em uma família na qual a frugalidade e a sim­ plicidade eram a norma. Mesmo sendo a quarta geraçáo de americanos de origem alemã, um povo sério e sensível, o gosto por tudo “alinhadinho” e a implicância com aqueles que correm nos locais inadequados estava gravada nos meus cromossomos. Quando minha mãe nos dava sorvete, era numa tacinha. Se nós tivéssemos nos comportado muito bem, e o papai estivesse via­ jando, quem sabe ganharíamos uma tacinha e meia. Já a família de Bobbie, por outro lado, não fazia menor ideia a respeito desse tipo de restrição. Assim, para Bobbie, uma TRAVESSA de sorvete era algo absolutamente normal. E eis que surge a palavra mais importante deste capítulo: Normal. O normal para Bobbie não era uma tacinha. Uma travessa de sorvete era simplesmente uma travessa de sorvete. Aquilo era normal. Já o normal para mim era outra coisa. E eu trouxe muito da minha cultura familiar para o nosso casamento.

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Meu pai não prestava muita atenção à vizinhança. Não que ele fosse rude ou desagradável em relação a eles. A questão é que papai não se dava ao trabalho de falar com aquelas pessoas ou de preocupar-se em conhecê-las. Participar de festas com os vizinhos devia ocupar uma posição inferior a gargarejar com gasolina na sua lista de atividades preferidas. Para mim, o nor­ mal era o comportamento do meu pai, comprometido a passar o maior tempo possível com sua família, e dedicando aos vizi­ nhos nada mais que um alô ao encontrar casualmente com eles ao ir e vir — nada mais que isso. Da primeira vez que visitei a casa de Bobbie, na Virgí­ nia, ela estava na cozinha, dando os toques finais em um lindo bolo de aniversário. Embora ainda fosse um momento inicial do nosso relacionamento, já éramos namorados — o que já era alguma coisa, por assim dizer. “Para quem é?”, perguntei. “General Illig”, ela respondeu alegremente. “Quem é o General Illig?”, perguntei, tentando não pare­ cer ciumento. “Ele é o nosso vizinho de porta”, disse. Lembro que fiquei totalmente chocado. Não sabia se ele era um cara legal, mas não entendia por que gastar um bolo daqueles com um vizinho? Para mim, normal seria nem sequer saber a data do ani­ versário de um vizinho. Além disso, o normal para mim nem incluiria a compra de um cartão de aniversário. E certamente eu jamais compraria um bolo de aniversário para ele - e fazer um, nem pensar! O que era normal para Bobbie me parecia uma completa perda de tempo e energia. Um bom vizinho, para mim, é uma pessoa que não é meu irmão, que cuida da pintura da sua casa, que mantém a grama aparada e que remove ao máximo as ervas daninhas.

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Mas, aí vai uma coisa muito im portante a respeito dessa questão da “normalidade”. A maior parte dos conceitos de normal que trazemos para o nosso casamento não tem uma carga moral — ou seja, não são nem bons nem maus, nem certos nem errados. Eles são simplesmente as coisas com que nos acostumamos ao crescermos — não questionamos essas coisas porque elas eram tudo o que conhecíamos do mundo. Podemos apostar com segurança que a maioria do que acha­ mos que é normal é diferente do que nossas esposas chamam de normal. Alguém disse uma vez que todos nós entramos no casa­ mento com os nossos “dez mandamentos” sobre o que é normal. Mas a única vez em que esses mandamentos aparecem é quando o nosso cônjuge viola um deles. Antes disso, eles permanecem no nível do nosso subconsciente. As nossas duas filhas e seus respectivos noivos foram alunas de M ark e Susan no aconselhamento pré-nupcial. Julie e Missy nos disseram que, sem dúvida, o exercício de aconselhamento pré-nupcial mais produtivo (e mais per­ turbador) pelo qual passaram abordava essa questão da normalidade. Utilizando um genograma — um tipo especial de árvore genealógica que começa nos avós de alguém — Mark e Susan conseguem rastrear informações que lhe permitem estabelecer padrões de normalidade. Eles fazem perguntas do tipo: “O que uma criança crescendo nesse sistema aprenderia sobre como deve ser um marido normal? Uma esposa normal? Como deve ser um casamento normal? Um conflito normal? Uma vida espiritual normal?”.

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O que todo noivo precisa saber

Criando seu próprio genograma

Para criar seu próprio genograma, você e sua noiva podem começar desenhando, cada um, sua árvore genealógica, que de­ verá ter mais ou menos a seguinte aparência: Mãe do

Mãe da minha

Quando Mark e Susan completam seu trabalho sobre o genograma com um casal, eles pedem à noiva ou ao noivo uma breve descrição de cada pessoa em seu próprio genograma. Essas descrições pode variar muito entre comentários muito específicos — “presidente da IBM”, “dona de casa” ou “tempo de serviço” — para palavras gerais como “educador”, “estrito” ou “um néscio”. Quando os casais compartilham essas infor­ mações, Mark pede que digam a primeira coisa que lhes vêm à mente, e não para pensar muito antes de responder. As respos­ tas rápidas e imediatas são as que garantem as melhores dicas sobre o senso de normalidade de cada um.

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Depois de que essas notas descritivas são obtidas, Mark pede mais informações sobre pais e avós — sempre fazendo as seguintes perguntas: O que você sabe sobre o casamento deles? Como eles lidavam com conflitos? Como era a sua vida espiritual?

Mark e Susan também perguntam aos noivos se há gran­ des modelos de casamento na sua família. Em seguida, eles tentam levantar informações sobre tensão entre os membros de cada uma das famílias. Com base nessas informações, Mark redige um “Relatório de Normalidade”, que fornece aos noi­ vos um retrato do que uma pessoa típica crescendo em sua família entenderia como normal. Esse relatório responde a cinco perguntas:12345 1. 2. 3. 4.

5.

O que uma pessoa que crescesse nesse sistema familiar entenderia como um marido normal? O que uma pessoa que crescesse nesse sistema familiar entenderia como uma esposa normal? O que uma pessoa que crescesse nesse sistema familiar entenderia como um casamento normal? O que uma pessoa que crescesse nesse sistema familiar entenderia como uma maneira normal de lidar com conflitos? O que uma pessoa que crescesse nesse sistema familiar entenderia como uma vida espiritual normal para um casal?

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O que todo noivo precisa saber

Quando M ark e Susan conversam com os casais sobre as respostas dadas às perguntas que fizeram, o resultado é surpre­ endente. A grande maioria de casais entende bem o mecanismo do genograma. Eles saem da reunião com os olhos bem abertos, compreendendo que precisam começar o casamento prepara­ dos para fazer mais do que somente “o feijão com arroz do dia a dia”. E prestem atenção a isto: embora se possa conseguir mais informações com a análise de um genograma e a ajuda de con­ selheiros especializados, podemos fazer descobertas incríveis, identificando os nossos próprios padrões de normalidade, e usando o mesmo processo em relação a si mesmo.

"Dez mandamentos" de padrão de normalidade Depois de criar seu genograma, pode ser útil preparar uma lista de “dez mandamentos”. Para ajudá-lo a começar, eis uma lista de “mandamentos” que observamos. Quantos você identifica como normais?1234567 1. 2. 3. 4.

5. 6. 7.

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Mulheres casadas só trabalham até ter o primeiro filho. A partir daí passam a ficar em casa. A alegria da manhã de natal é dormir até tarde. Sexo é um assunto que não deve ser discutido. A alegria da manhã de natal é acordar cedo e vestir-se formalmente para tomar um café da manhã especial com a família. Duas pessoas que se amam de verdade não devem jamais discutir. Nenhum lar não está completo sem um gato. A infantilidade não deve ter espaço.


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8. 9. 10. 11. 12. 1314. 1516. 17. 18. 1920. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30.

Os homens sempre dirigem. Duas pessoas que se amam sempre discutem. Os maridos sempre planejam as férias. O limite são dois filhos. Chegar atrasado é legal. Homens não precisam se envolver em discussões apro­ fundadas. Isso não é algo natural. Chegar na hora é fundamental. Os homens sempre tomam a inciativa no sexo. Mulheres cujos pais não conversam de maneira aprofun­ dada têm a liberdade de dizer isso a seus amigos. A vida é algo agradável. A quantidade de filhos que um casal tem é da vontade de Deus. Armários de cozinha com portas são um contrassenso; é por isso que devem ser deixados abertos. As mulheres escondem dos maridos as suas bolsas. Homens não devem fazer serviços domésticos. O álcool, em qualquer apresentação, não deve ser consi­ derado uma má ideia. Com exceção da ira, homens não expressam seus sen­ timentos. A casa deve ser sempre imaculada. Carros devem ser idolatrados e mantidos sempre limpos. Jantar não é jantar sem uma taça de vinho. Futebol não é futebol sem uma lata de cerveja. Carros são meios de transporte. Ponto parágrafo. Orar antes das refeições é inegociável. Até no McDonalds. Os maridos devem assinar os cheques. Os homens devem fazer tarefas domésticas sem que nin­ guém peça.

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31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. 43. 44. 4546. 47. 48. 49. 50.

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O marido deve sempre segurar a porta para a esposa. Sanduíches devem ser sempre feitos com páo branco. Mulheres fazem a contabilidade da família. Não é necessário agradecer antes das refeições. Deus sabe que lhe somos gratos. Sentar-se para ler um livro é um total desperdício de tempo. A mulher não deve ganhar mais que o marido. Um lar só está completo com um cachorro — dos gran­ des. Um café da manhã quente só existe se pusermos um fós­ foro aceso nos nossos cereais. Um marido amoroso deve fazer vista grossa se a sua espo­ sa engordar. Quanto ao resto, tudo é amor condicional. Assistir esportes pela TV é uma completa perda de tempo. As esposas são responsáveis pela paixão e pelo carinho no relacionamento. Jamais devemos consultar nossos parentes. Uma tabela de basquete na entrada da garagem é um equipamento padrão para toda casa. Gritar c sempre a pior ideia. Jamais subimos o nosso tom de voz. Nunca gritamos. As esposas devem estar prontas para mudar-se a fim de acompanhar as carreiras de seus maridos. Homens cuidam do jardim. Casais jamais devem pedir dinheiro emprestado a seus parentes. Segurar a porta para uma mulher é um comportamento machista. Engordar é um sinal claro de que você não liga mais para a sua esposa. Seu casamento é para o resto da vida, por isso está fora de discussão.


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Você pode querer anotar em um pedaço de papel os seus próprios conceitos de normalidade que náo fazem parte dessa lista. Vá em frente — registre no papel também alguns concei­ tos de normalidade na visão de sua esposa.

Possuindo suas regras tácitas Quanto mais você estiver a par dessas regras tácitas — o seu próprio conceito de normalidade — , mais as dominará. Em vez de atribuir valores morais a eles e constranger sua mulher se ela não adequar-se, você terá a oportunidade de simplesmente reconhecer que sua familiaridade com elas vem da sua criação. E muito comum que, no momento em que os profissio­ nais de aconselhamento confrontam seus clientes em respeito a seus padrões de normalidade, eles, os clientes, se mostrem céticos. “Isso deve ter sido normal na minha família”, alegam os clientes, “mas com certeza é algo que não me afeta”. Se esti­ véssemos lidando com a verdade, é claro que não. Analisemos os seguintes fatos — de certa forma assustadores — sobre esses padrões:

Os padrões não se manifestam antes que marido e esposa comecem a estabelecer seu próprio sistema

Como essas regras tácitas sobre o que é normal são quase sempre invisíveis para a pessoa que aceita, elas não se revelam antes de os noivos se casarem e se mudarem para a sua nova casa. Durante o meu noivado, eu tinha um carro que estava meio desalinhado, com um leve desvio para direita. E como

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eu tinha mais força do braço direito do que na minha carteira, “deixei a coisa pra lá”. Depois de algum tempo, passei a nem mais notar. Quando nos casamos, Bobbie um dia teve de usar o meu carro, porque o dela estava na oficina. “O seu carro quase me jogou para fora da estrada,” ela reclamou quando chegou em casa. “E podia ter morrido!” (Pelo que me lembro, minha resposta foi dizer que eu havia me esquecido do problema — o que era verdade, pelo menos até aquele momento — e desde­ nhei da sua reação excessiva.) O normal para mim era o meu carro sair para a direita, e até que o estilo seguro de direção de Bobbie encontrar-se com o meu, eu jamais havia refletido sobre o meu padrão de normalidade.

Esses padrões surgem principalmente quando estamos passando por uma situação estressante

Para muitos casais, o matrimônio produz ansiedade emocional logo após a lua de mel acabar. Solidão, depressão e frustração por causa de uma surpreendente falta de comunica­ ção podem acometer a noiva ou o noivo muito antes de todos os cartões de agradecimento de casamento terem sido escritos. Por causa desse estresse, você e sua esposa acabam baixando a guar­ da e expondo os seus conceitos de normalidade imediatamente. Certa noite, eu estava em um ônibus escolar da igreja re­ pleto de crianças. Estávamos indo para uma excursão — boliche, minigolfe e coisas assim. O motorista teve de dar uma freada de repente para evitar baterem um carro que tinha avançado o sinal em um cruzamento. Um adolescente chamado Bubba (estou falando sério!), que estava em pé no corredor, foi pego

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de surpresa e levou um tombo daqueles. Ao cair, ele soltou um palavrão a plenos pulmões. O ônibus ficou em silêncio imedia­ tamente. “Não sei de onde tirei isso”, ele disse com um olhar angelical. Como você e eu, Bubba possuía padrões de normalidade que conseguia manter sob controle em determinadas circuns­ tâncias e outros padrões a que ele recorria quando estava sob estresse. Ele pode até “não saber de onde tirou aquilo”, mas você e eu temos uma boa ideia.

Interpretar o seu genograma é como avaliar um raio X — pode crer!

Quando interpreta genogramas de casais em processo de aconselhamento, ele costuma dizer: “Estou avaliando o seu raio X”. E, como um raio X de verdade, os genogramas são capazes de mostrar um problema que não apresenta sintomas visíveis. Um de meus amigos mais próximos recentemente se sub­ meteu à bateria de exames que faz todo ano. Uma das enzimas em seu hemograma indicava a possibilidade de câncer. Tes­ tes complementares confirmaram o diagnóstico de leucemia. Quando ele me contou essa história, perguntei se ele havia per­ cebido algum sintoma, como dor ou desconforto. “Nenhum” foi a sua resposta. “Absolutamente nada.” Mas meu amigo acreditou no relatório e agora se encontra em um rigoroso processo de tratamento. Não apresentar sinto­ mas pode ser algo traiçoeiro.

Às vezes, identificamos padrões ao reagir a eles

Nosso destino não é repetir o padrão de normalidade do nosso sistema familiar — mas é possível assumirmos uma

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postura que tenta nos afastar o máximo possível dos padrões que herdamos. Mark me contou uma vez que, na sua família, os homens eram dados ao rigor e à seriedade. Quando ele se deu conta da­ quele padrão, decidiu que seria diferente. Ele seria uma pessoa feliz, custasse o que custasse! Ele passou muitos dos seus anos de juventude forçando-se a ser uma pessoa feliz, tentando tornar todos à sua volta felizes também. Pensando que havia declarado independência em relação ao seu sistema familiar, Mark acabou descobrindo que ainda era controlado por aquele sistema.

Os casais geralmente brigam por causa daquilo que combatem

Você pode achar que sua noiva e você estão enfrentando um conflito envolvendo dinheiro, sexo, parentes ou compro­ missos, entre outros assuntos polêmicos. Mas quase todos os conflitos no casamento — especialmente os destrutivos — vêm de uma origem diferente da que os produziu. Na maioria das vezes, esses conflitos surgem de um embate entre o seu padrão de normalidade e o dela. O valor de começar a definir os padrões de normalidade do seu próprio sistema familiar no início de seu casamento é que, ao conhecê-los, você poderá evitar que determinados atri­ tos produzam uma explosão. Para evitar um desastre, eis uma coisa que vale a pena dizer: “Quer saber? O razão de ter dito isso a você foi que, quando eu era criança, não era assim que a gente fazia. O que você fez não foi ruim; é só que eu não estava acostumado”. Você consegue imaginar como seria entrar na batalha que estava prestes a começar?

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Ser precavido é melhor que ser indiferente

O segredo para interpretar o seu genograma é concentrar o foco nos pontos problemáticos em potencial — nos locais em que os problemas subliminares estão se movendo em direções conflituosas e potencialmente destrutivas. Um guia de rafting que conhece bem o rio não perderá tempo falando sobre os pontos em que a correnteza é tranquila. Ele apontará as zonas de perigo. O propósito de identificar esses padrões de normalida­ de no seu casamento é preparar-se para os locais em que você enfrentará os maiores desafios. Na verdade, estar preparado sig­ nifica transformar perigo em aventura. O que você precisa ouvir é “Isso pode acontecer” ou “Esse pode ser um problema com que você terá de lidar”. Em muitos casos, a área potencialmente problemática não se chegará sequer a tornar-se um problema — e o casal ficará agradavelmente sur­ preso. É melhor ser precavido que ser indiferente. Uma severa advertência sobre um perigo que nunca se materializa é muito melhor que discutir despreocupadamente como as águas calmas serão — e infinitamente melhor que afogar-se nas corredeiras.

Trabalhando em, não apenas em Q uando abri minha empresa em 1986, meu sócio e eu conhe­ cemos um livro chamado TheE-Myth, de Michael Gerber. Esse livro nos deu alguns conselhos incríveis — e o mais impor­ tante deles foi: não basta trabalhar em sua empresa. O autor queria fazer seus leitores entenderem que não deviam deixar que as pressões de produção e de arcar com os pagamentos os distraíssem de que era preciso efetivamente dedicar-se ao trabalho pela empresa.

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Isso significava que meu sócio, Mike Hyatt, e eu pre­ cisávamos nos reunir periodicamente para fazer as perguntas desagradáveis sobre os rumos da empresa. Termos uma “semana produtiva” ou um “mês de sucesso” não era suficiente. Preci­ sávamos garantir que nossas decisões e atividades estavam nos levando na direção que fosse coerente com a nossa visão. Nós nos forçamos a parar e conversar sobre nossa empresa, para não nos deixarmos afogar pelo dia a dia do trabalho. Algumas vezes, essas conversas acabavam gerando atrito entre Mike e eu, envolvendo a contratação de alguém para pre­ encher uma determinada vaga — ou continuarmos a cobrir essa carência nós mesmos. “Mas não seria melhor deixar isso como está?” alguém poderia perguntar. “Sabe como é, não mexe com o que tá quieto...”? Você e eu enfrentamos situações idênticas no casamento. Existe uma infinidade de atividades a cumprir no dia a dia, coi­ sas que nos ocupam. Mas será que estamos nos dedicando ao nosso casamento da maneira que devemos ou estamos apenas vivendo neles? Mark e eu já conhecemos milhares de casais. A maioria desses casais conseguirão descer o rio normalmente. Muitos curtirão a viagem. Mas você e sua esposa não vão querer ape­ nas chegar ao final, mas sim prosperar. Você quer que o seu casamento seja o melhor de todos. A diferença entre os bons casamentos e os melhores é: Todos trabalhamos no nosso casa­ mento, mas poucos de nós trabalhamos pelo nosso casamento. E o seu casamento pode ser um dos melhores. Aproveite a viagem!

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C A P ÍT U L O 5

^PwjveÁA:

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Nenhum casamento pode ser bem-sucedido se não for permeado, saturado, pelo espírito de concórdia, de generosidade contínua, de compatibilidade desinteres­ sada e consensual. Mike Mason,

7he Mystery o f Marriage



/empre me senti atraído por esportes coletivos. Cada membro do time desempenha o seu papel, e se o fizer bem, as chances de a equipe ganhar aumentam incrivelmente. Há poucas oportunidades para um linebackef médio conduzir a bola ou para um quarteback interceptar um passe. Esses joga­ dores têm responsabilidades características de sua posição, e é assim que eles jogam. O mesmo acontece no hóquei, basquete, futebol e beisebol. Já o casamento não é como um esporte coletivo. A sua função de hoje pode passar para a sua esposa amanhã. A tarefa dela pode vir para você no dia seguinte. Dependendo do padrão de normalidade com base no qual você foi criado — as respon­ sabilidades de seus pais e avós devem ter sido bem definidas — , isso pode ser uma grande mudança para você. Cinquenta anos atrás, quando um homem voltava para casa vindo do trabalho, ele esperava que o jantar fosse feito pela esposa. Agora, quando você volta para casa, não há nada sendo preparado no forno (sua esposa pode estar ainda no trabalho), você abre o freezer, a geladeira ou, se você for uma pessoa legal, escolhe uma receita no livro e prepara um prato gostoso para o casal. Não há mais lugar para você fingir que não viu aquela pilha de roupas para lavar, esperando que um dia ela sumis­ se. Nada disso, você separa as roupas brancas das coloridas e

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coloca tudo na máquina de lavar com bastante sabão líquido e amaciante. O seu casamento não é como o futebol americano, o hóquei, o basquete e o futebol. Ele se parece mais como uma regata com dois tripulantes. Seu objetivo é ir de um ponto a ou­ tro, e o que precisar ser feito o será por quem estiver disponível no momento. Não existe mais a desculpa de dizer coisas do tipo “Presta atenção, pôr a água para fora não é tarefa minha — eu manejo o leme.” Dá para imaginar isso?

Três papéis que toda esposa precisa que seu marido desem­ penhe Os papéis que você desempenha no seu casamento são muito mais importantes - e estratégicos - que completar duas listas de tarefas: papéis que você desempenha e papéis que sua esposa desempenha. E os seus papéis não se limitam ao que você faz na casa. É claramente uma questão de quem é você.

Você é um líder

Você deve ter enchido o peito quando leu as palavras: “Você é um líder”. “Um líder?” Você pode estar pensando. Ago­ ra sim! Já era hora de eu ser colocado no papel que mereço aqui. A liderança de que estou falando não é aquela do tipo que você costuma ver. Essa liderança é de outro tipo. Por quê? Por­ que jogos de intimidação, poder, controle e manipulação são absolutamente ineficazes no casamento. Um líder que deseja ser levado a sério só porque ocupa a posição em que está é um líder muito fraco.

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Papéis: tentando decidir quem manda

O primeiro exemplo de um homem assumindo um papel de liderança no casamento a que você teve acesso foi o de seu próprio pai. Se ele fosse um exemplo perfeito, você teria sido abençoado. Tudo o que você pode fazer agora é seguir seus pas­ sos. Do contrário, terá de procurar por outro modelo. A geração de seu pai produziu exemplos de marido como Ward Cleaver, cuja voz, quando falava com June, nunca atin­ giu um volume mais alto que o de um pedaço de marshmallow caindo no chão." Ward foi um sujeito bacana mesmo. Tinha também o Archie Bunker111, que sempre falava com Edith gri­ tando — e, independentemente do volume, sua voz era sempre cheia de tolerância e sarcasmo extremo. Dentre outros exemplos contemporâneos, podemos citar os personagens Al Bundylv e Homer Simpson, cuja “liderança” se limitava a eles mesmos. Eles viviam em seus próprios reinos de poder imaginário. Mas para Peggy Bundy, Marge Simpson e o resto de suas famílias, eles eram fracassados — alvos de uma infinidade de piadas que merecidamente os ridicularizavam. E ainda podemos citar Raymond Baronev— mais interessado em seu próprio conforto e em viver sem ser importunado do que em efetivamente liderar e amar sua família. Mas existem outros exemplos — um deles é o de Jesus Cristo. O apóstolo Paulo escreveu esta descrição de perseve­ rança: N a d a façais p o r contenda ou p o r vanglória, mas por hum ildade; cada u m considere os outros superiores a si mesmo. N ão aterite cada u m para o que é propriam ente seu, mas cada q u a l tam bém para o que é dos outros. D e sorte que haja em vós o mesmo sentim ento que houve ta m ­ bém em Cristo Jesus, que, sendo em fo rm a de Deus, não teve p o r usurpação ser igual a Deus. M as aniquilou-se a si

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mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhon-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz. Filipenses 2.3-8 Jesus é Deus. Ele possui mais poder do que qualquer um que tenha habitado a terra, mas, ainda assim, sua vida aqui foi um exemplo perfeito do tipo de liderança de que você precisa para conviver com sua esposa. A propósito, disso, Jesus deu a seguinte instrução: Então, Jesus, chamando-os para junto de si, disse: Bem sa­ beis que pelos príncipes dos gentios são estes dominados e que os grandes exercem autoridade sobre eles. Não será assim entre vós; mas todo aquele que quiser, entre vós, fazer-se grande, que seja vosso serviçal; e qualquer que, entre vós, quiser ser o primeiro, que seja vosso servo, bem como o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e para dar a sua vida em resgate de muitos. M ateus 20.25-28 (grifo do autor)

O ato de servir é, portanto, o coração da liderança em seu casamento. Os maridos que exigem que suas esposas se submetam a eles não compreenderam o significado da liderança em si mes­ ma. Eles são como o rei das histórias em quadrinhos que fica gritando “Sou eu quem manda aqui!” ao redor do castelo. H o­ mens que se comportam assim só estão revelando sua própria insegurança. Eles têm medo de que, se não fizerem demandas agressivas, não serão seguidos por ninguém. “Não será assim entre vós”, disse Jesus.

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O papel mais importante que você deve desempenhar é o de amar sua esposa da mesma maneira que Jesus amou Seus se­ guidores. E como Ele fez isso? Servindo. Sacrificando-se. Abrin­ do máo de seus direitos de líder. Morrendo. A Palavra de Deus para nós é esta: Vós, maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela.14 É assim que esse tipo de liderança pode funcionar no seu casamento: Você e sua esposa estão indo jantar. Você nem sequer discutiu o assunto com sua esposa, e simplesmente pegou o caminho do seu restaurante me­ xicano favorito. O dia inteiro sonhou com enchiladas de queijo. E esse restaurante faz as melhores enchiladas deTijuana. Você pergunta para a sua esposa e, esperando por um “sim”, dispara: “Aonde você gostaria de ir jantar hoje?”. “Que engraçado”, ela diz. “Eu não paro de pensar em comida italiana desde o café da manhã.” Aonde os dois irão para jantar? Você está voltando da garagem quando sua esposa re­ clama da bagunça que reina lá dentro. Não é a primeira vez que ela pede a você para dar um jeito naquilo. Você sabe que ela está certa; o lugar está uma bagunça mesmo — mas a primeira coisa que vem à sua cabeça é a quanti­ dade de potinhos e produtos de beleza que se acumulam no seu banheiro. O que você diz? Ironicamente, ser um líder no seu casamento implica ser o primeiro em tudo. Significa ser o primeiro a ajustar sua

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conduta, para demonstrar o amor por sua esposa. Quer dizer servir em primeiro lugar, ser o primeiro a perdoar e a flexibilizar suas conveniências. (Para pensar: Oficiais do exército são os primeiros a acor­ dar de manhã e os últimos a ir dormir.) Os Conceitos de Liderança Cristã (CLC, do inglês Chris­ tian Leadership Concepts) são um programa de estudo bíblico para homens que está sendo cada vez mais adotado nos dias de hoje. Criado por Hal Haddon, um empresário de Nashville, esse curso com duração de dois anos inclui uma unidade que tem como objetivo ajudar homens a compreender seu papel no lar. As esposas desses alunos do curso adoram quando eles pas­ sam por essa seção. Por quê? Será porque seus maridos chegam em casa e começam a dizer a elas como ficarão depois de passar pelo programa? Claro que não. Elas adoram esse componente porque seus maridos passam a amá-las da mesma maneira radi­ cal e sacrificial que Jesus praticava. Quando Mike Hyatt e eu estávamos assinando os docu­ mentos corporativos com a Wolgcmuth & Hyatt Publishers, decidimos — a partir de uma expressa recomendação de nosso advogado — estabelecer a propriedade da empresa na propor­ ção 51/49, e não 50/50. Como eu era um pouco mais velho e tinha alguns anos a mais de experiência editorial, Mike suge­ riu que eu assumisse o percentual mais alto da propriedade. E eu concordei. Mas, naquele momento — jamais me esquecerei daquilo — tomei silenciosamente a decisão de em hipótese alguma colocar-me na posição de fazer os meus 51% preva­ lecerem sobre os 49% que meu sócio- possuía. Minha missão seria cuidar de algumas das tarefas mais espinhosas da empresa e ajudá-lo a desenvolver suas habilidades e talentos. Nunca lhe falei sobre essa decisão. Meu sucesso seria fazer com ele fosse uma pessoa bem-sucedida.

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Você é o líder — “proprietário” de 51 % — do seu casa­ mento. Esse é o seu papel. É o que sua esposa também escolheria. Agora, a sua primeira tarefa já deve estar bastante clara.

Você é um guerreiro

Quando era criança, meus pais adotaram um política estritamente “contrária a armas de fogo”. Eu e meus irmãos nunca éramos vistos com cartucheiras nos nossos cintos. Mas o que meu pai e minha mãe não perceberam é que podíamos usar uma banana, uma vareta, um lápis, um telefone, um pouco de macarrão cru, um gato adormecido, nosso irmão caçula, meu dedo ou mesmo um animal empalhado como arma — deu para entender, correto? A vontade de agredir está registrada indelevelmente em todo homem. Adoramos fazer conquistas. Esse desejo de guer­ rear se manifesta de diferentes maneiras. Podemos passar a vida galgando posições em nossa carreira empresarial, derrotando um oponente nos tribunais, vencendo um torneio de tênis ou combatendo a doença em uma sala cirúrgica. Mas os homens que não dão vazão ao seu papel de guerreiros de maneira sau­ dável, na maioria das vezes, descobrem que estão lutando nas batalhas erradas.

As batalhas erradas

Kimberly entrou na sala do profissional de aconselha­ mento e começou a contar sua história de solidão e frustração. Apesar de estar casada há somente poucos meses, ela chorava ao falar sobre como Ryan passava duas

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a três horas por dia na academia, mas nenhuma fração de seu tempo dedicando-se a trabalhar pelo seu casamento. Will nem pensa antes de investir quinze horas por sema­ na e milhares de dólares por ano em seu jogo de golfe. Betty fica furiosa e confusa quando, toda semana, Will dizia que eles não tinham dinheiro para jantar fora e ir ao cinema. Mitch prefere dedicar-se ao voluntariado na igreja a pas­ sar tempo com sua esposa, Cindy. Uma vez, em vez de servir o café da manhã para a sua esposa no dia de seu aniversário, ele foi à igreja fazer panquecas para o café da manhã de oração semanal. Esses guerreiros estão lutando nas batalhas erradas. E, mesmo que eles não estejam conscientes de que estão destruin­ do seu casamento com “fogo amigo”, é exatamente isso que está acontecendo. Kimberly, Betty e Cindy anseiam por maridos que sejam suficientemente fortes para cumprir o que prometem e corajosos o bastante para lutar contra os hábitos e atitudes que ameaçam destruir seu casamento. Você e eu descendemos de uma longa linhagem de homens fortes que abdicaram de suas vidas pessoais para com­ bater tudo que ameaçasse seu casamento. Essa é uma tradição que remonta ao tempo de Adão. Muitas vezes, em estudos bíblicos sobre Gênesis, alguns dizem que foi Eva que cedeu à tentação e comeu do fruto proibido. Mas vale a pena olhar mais de perto. O nde estava Adão quando a serpente abordou Eva? Ele estava bem ao lado dela. E o que ele fez quando ela deixou-se enganar pela mentira de Satanás? Nada. Pro­ tótipo clássico do homem passivo, Adão simplesmente se omitiu. Apesar de poder ter combatido por sua companheira e a

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defendido contra o que ambos sabiam que era errado, seus lábios se calaram definitivamente. Fomos feitos de mais do que isso. Sua esposa pode náo ser uma donzela que precisa ser resgatada da prisão na rorre, mas isso não quer dizer que não haja uma batalha a ser travada e vencida em seu benefício. Essa luta é ainda mais desafiado­ ra que modelar a sua barriguinha, aprimorar a sua habilidade esportiva ou servir café da manhã na igreja. E é muito mais recompensadora que todas elas.

Você é um amante

Viver na Flórida significa estar cercado por muitas pessoas que falam outro idioma que não o inglês — na sua maioria, o espanhol. Pode ser muito frustrante — para eles e para mim — tentar entender o que cada um de nós está dizendo. As vezes, as palavras que digo à minha esposa são mal­ entendidas. É como se eu estivesse usando o dialeto errado. Precisamos nos concentrar na “nossa linguagem do amor”.15 Acho que o meu amor por ela é mais bem expressado de uma maneira — presentes, viagens, compras — mas minha esposa vê isso de uma maneira completamente diferente. Meu amor por ela se expressa de maneira mais intensa quando eu lhe de­ dico tempo, carinho e atenção total — nos momentos em que reconheço que sou parte vital da nossa “regata” a dois. Patrick Morley, autor do best-seller The Man in the Mirror, fala de sua luta para aprender sobre a linguagem do amor de sua esposa. Uma noite, depois do jantar, em vez de arranjar uma desculpa para ler jornal, Patrick aventurou-se no “vernácu­ lo” de Patsy. Ele agradeceu pelo jantar delicioso que ela serviu,

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levantou-se e começou a tirar a mesa. Em seguida, ofereceu-se para guardar as sobras na geladeira, não saindo da cozinha até que tudo estivesse limpo e arrumado. Patrick não fez nenhu­ ma propaganda daquilo. Ele simplesmente trabalhou ao lado de sua esposa, continuando a conversa do jantar até que tudo estivesse concluído. Na noite seguinte, ele fez exatamente o mesmo, sem vangloriar-se. Durante duas semanas, Patrick repetiu esses gestos. Nenhum dos dois, a esposa e ele, disse nada a respeito do que estava acontecendo. Um dia de manhã, quando foi ao banheiro para barbear-se, viu no espelho um Post-it amarelo dizendo: “Patrick, obrigada por ser o meu melhor amigo: te amo, Patsy”. Patrick havia, então, aprendido a falar a língua dela — e adotou o hábito de lavar a louça ao lado da esposa. Muitos anos antes, Bobbie começou a usar uma expres­ são quando eu fazia algo que ela achasse legal. “Essa contou”, dizia sorrindo. Ao lembrar-me das coisas que mereceram essa observação, descobri algo muito interessante sobre como ser um amante. M inha maneira de contar o que vale a pena é total­ mente diferente de como a minha esposa as avalia. Como homem, meu jeito de calcular o valor de cada coisa funciona mais ou menos assim: levar o lixo para fora — 0,05 ponto bater papo de manhã tomando uma xícara de café — 6 pontos jantar e cinema — 50 pontos flores no dia do aniversário — 125 pontos fim de semana no Ritz em Nápoles — 2.000 pontos joias — 1 ponto por dólar gasto

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Bobbie ama tudo isso — como eu digo, elas “contam”. Mas o seu sistema de contagem de pontos funciona de outra maneira:

®“

levar o lixo para fora — 1 ponto bater papo de manhá tomando uma xícara de café — 1 ponto jantar e cinema — 1 ponto flores no dia do aniversário — 1 ponto fim de semana no Ritz em Nápoles — 1 ponto joias — 1 ponto, independentemente do preço

Outro dia, ouvi falar de um marido que aprendeu o que era esse sistema de pontos da maneira mais difícil. Certa ma­ nhã, quando saía apressado para o trabalho — mais cedo que o normal — sua mulher interrompeu-o para perguntar se eles não iam tomar sua tradicional xícara de café juntos. Ele disse que havia um projeto importante que não conseguira concluir no dia anterior e que tinha urgência de finalizar antes de uma reunião importante às 9h00. “Mas sempre começamos o dia juntos”, ela disse. “Veja só”, ele respondeu, “você e eu teremos um excelente fim de semana só para nós muito em breve. Ficaremos juntos então.” O marido imaginou que um fim de semana extravagante em um hotel fabuloso — seis semanas depois desta manhã em particular — compensaria aquele xícara de café perdida. O mo­ tivo dessa falha de interpretação é o seu sistema de marcação de pontos estar desconfigurado.

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Esta seria a configuração real: ®"

fim de semana em um resort na praia — 1 ponto quinze minutos de bate papo com minha esposa antes de ir para o trabalho — 1 ponto

Tornando-se fluente Depois de dez anos de casados, com três filhos, o autor de best-sellers John Ortberg conta como descobriu uma nuance da linguagem do amor de sua esposa, Nancy. Na hora de dormir, John tomou para si a tarefa de dar banho nas crianças. Isso não representou apenas um alívio muito conveniente para uma mãe bastante cansada; além disso, Nancy confessou que ver seu ma­ rido sentar-se ao lado da banheira ajudando as crianças a tomar banho foi algo muito motivador para ela. “Meus filhos”, John disse com um sorriso enorme, “eram as crianças mais limpas da vizinhança.” Se pretendemos ser grandes amantes, a mais poderosa demonstração de nosso amor estará sempre na habilidade que desenvolvemos de comunicá-lo na linguagem que a nossa es­ posa compreende — seja em coisas grandes ou pequenas. E quando aprendemos com a nossa esposa a medir os resultados, podemos começar a avaliá-los, exatamente como ela faz. Ser um parceiro sexual atraente é apenas uma parte bem pequena do que significa ser um amante que saiba satisfazer a sua esposa. Para que ela acredite que está casada com um grande amante, é preciso conhecer bem sua esposa.16 E preciso tornar-se fluente em sua linguagem própria. Criada à imagem do Senhor, sua esposa — assim como Deus — ama ser procurada, ser sa­ tisfeita, ser almejada. Ela ama saber que é uma pessoa que é

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atraente, protegida e escolhida, e não somente por ser conside­ rada “uma batalhadora” ou “confiável” ou mesmo “esforçada”. E a meta dela é ser única e exclusiva somente para você, a fim de que a reconheça dessa maneira. E você sabe que pode, marujo!*i

i Linebackers são os defensores que têm como função fornecer proteção adicional contra infiltrações ofensivas ou passes, dependendo da jogada de defesa em execução. ii Ward Cleaver é um personagem fictício do seriado de televisão norte-americana Leave It to Beaver. Ward e sua mulher, June, são frequentemente associados à ima­ gem arquetípica dos pais suburbanos da geração babyboomer nos Estados Unidos da década de 1950. hi Archibald “Archie” Bunker é o protagonista da série norte-americana da década de 1970 A ll in the Family, interpretado por Carroll O ’Connor. Bunker é um veterano da Segunda Guerra Mundial, reacionário, conservador, operário e pai de família. iv Al Bundy é um personagem fictício e protagonista essencial da série tie televisão norte-americana Married... With children, interpretado por Ed O ’Neill. v Raymond Albert “Ray” Barone (Ray Romano) é o protagonista do seriado Every­ body Loves Raymond. A maioria das histórias da série gira em torno dele, daí o título do show.

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C A P IT U L O 6

^aX a/aclo bolym qa jvrdÀ/mÀ/viwvvA

A chave para reviver ou blindar um relacionamento contra o divórcio não está na maneira como você lida com desentendimentos, mas sim em como os cônju­ ges vivem um com o outro quando não estão brigando. Quando o casamento “se estabiliza” em um determina­ do grau de positividade, muito mais negatividade será necessária para causar dano ao seu relacionamento do que se ele estivesse “estabilizado” em um nível inferior. John gottman, lhe Seven Principies fo r M aking Marricige Work



Allen Lange dirigiu até o aeroporto após o almoço para dar uma voltinha com seu avião. Cam inhando ao redor do Cessna 182 para desafivelar as amarras de segurança, Allen examinou cuidadosamente a aeronave. Embora só tivesse 18 anos de idade, ninguém jamais poderia acusá-lo de ser descui­ dado com a segurança. Com tudo em ordem — inclusive com os tanques de combustível com carga completa — Allen en­ trou na cabine, apertou o cinto de segurança, colocou o fone de ouvido e puxou o afogador. “Ignição”, sussurrou, girando a chave. Em menos de três minutos, a torre avisou que o avião de Allen Lange podia decolar. Ganhando velocidade, ele enfim ganhou altura. Era um dia perfeito para voar. Quando estava a menos de três minutos do aeroporto, ouviu um ruído de ex­ plosão vindo do painel de instrumentos, bem em frente a ele. Começou a sair fumaça de algum local atrás do painel, bem acima dos seus joelhos. Allen instintivamente quebrou o vidro de sua janela, para que a fumaça pudesse sair e para que pudesse levar o avião de volta para a pista. Tentando alcançar os botões de controle do rádio, bem acima, Allen chamou a torre: “Cessna 5J644 para torre de Jackson. Responda, Jackson, Jackson — incêndio a bordo. Res­ ponda, Jackson.” Sem resposta.

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Allen ajustou a frequência do rádio. Uma rajada de vento desviou o avião levemente para a esquerda, e Allen puxou o manche para compensar. O cheiro de material eletrônico em chamas invadiu a cabine. Allen mudou a frequência do rádio. “Cessna 5J644 para torre de Jackson. Responda, Jackson. Cessna 5J644 para torre de Jackson. IN C ÊN D IO A BORDO. RESPONDA, JACKSON.” Allen estava perdido. A fumaça náo o deixava enxergar os instrumentos. E o pior era o silêncio. Ele tentou de tudo para sintonizar a frequência da torre, mas nada dava certo. “Fale comigo”, Allen gritou, olhando para um rádio inerte. “FALE CO M IG O !”, repetia gritando. “EU V O U M ORRER AQUI!”

Podemos conversar? Neste capítulo, você e eu falaremos sobre como conversar. Antes de prosseguirmos, contudo, é preciso confessar algumas coisas. Em primeiro lugar, você e eu provavelmente não somos muito bons em conversar. Para falar a verdade, é bem provável que sejamos bem fraquinhos nesse fundamento. Além disso, se a sua esposa é uma pessoa próxima do normal, ela, às vezes, se sentirá como Allen Lange a 700 m de altitude. Ela estará de­ sesperada e na iminência de morrer em meio ao silêncio. Na semana passada, descobri este teste simples de certo ou errado.17 Era dirigido às mulheres, mas, antes de dá-lo à sua esposa, tente adivinhar como ela responderia cada uma das perguntas a seguir:1 1.

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Sei mais a respeito da vida das anémonas do que sobre os sentimentos do meu marido. C ou E


Conversa: falando sobre as preliminares

2. 3. 4. 5. 6.

As prioridades do meu marido parecem ser trabalho, es­ portes, seu carro, o jardim, a igreja e, depois, eu. C ou E Meu marido prefere fazer higiene bucal com “linha chilena”1a conversar sobre o nosso casamento. C ou E Meu marido preferiria bater a cabeça em um lápis afiado a frequentar aconselhamento matrimonial. C ou E As vezes, sinto-me sozinha em meu casamento. C ou E Quase sempre me sinto sozinha em meu casamento. C ou E

7. 8. 9.

10.

Não consigo descrever o quanto me sinto sozinha em meu casamento. C ou E Gostaria muito que meu marido mudasse em alguns as­ pectos. C ou E Meu marido é uma pessoa ótima, e eu o amo, mas es­ tou frustrada porque não sinto que estejamos na mesma equipe. C ou E Estou disposta a tudo para transformar o nosso relacio­ namento em algo melhor. C ou E

Leia a lista novamente. Você acha que a sua esposa pode marcar Certo em alguma dessas afirmações? Em mais de uma? Em quantas?

Fugindo de tudo

Scott e Monica apaixonaram-se na faculdade. Scott descendia de uma longa linhagem de pessoas circunspectas e contemplativas — pessoas objetivas, por assim dizer. “Deixa de enrolação” era um slogan gravado no seu DNA. Monica era bela, calorosa, entusiasmada, com iniciativa e comunicativa

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— características que Scott amava em Monica — e Monica dizia a seus amigos que Scott era do tipo forte e quieto — um homem que sabia exatamente quem era e que tinha consciên­ cia de seu destino. Mas não levou muito tempo de casamento para que es­ sas duas qualidades se chocassem. Monica passou por um “momento de frustração” em sua lua de mel. As respostas monossilábica de Scott a tudo que lhe perguntava contaminou-a com uma estranha sensação de solidão. Vinte e cinco anos depois, liguei do meu telefone numa tarde de quinta-feira para falar com Scott. Fomos vizinhos quando jovens, na cidade do estado de Illinois em que cresce­ mos, e nossa amizade se manteve desde então. Eu gostava dele como irmão, enquanto Bobbie e Monica se tornaram grandes amigas, por isso você entenderá porque as palavras a seguir me deixaram desolado. “A Monica está na iminência de me abandonar”, Scott disse em tom de derrota. “Andrew [o caçula de quatro irmãos] terminou o ensino médio na segunda. Fizemos uma festa para ele na terça, e eu acho que ela me deixará hoje.” A previsão de Scott se realizou. Quando chegou em casa do trabalho, a garagem estava vazia e havia um bilhete na mesa da cozinha. Dois anos antes, na trigésima reunião de ex-colegas do ensi­ no médio, Monica reencontrou-se com seu primeiro namorado, Brent. Os dois, na companhia de outros colegas, conversaram até tarde da noite. Scott havia decidido não ir à reunião. Ele não tinha a menor vontade de passar a noite conversando com estranhos. Antes de irem embora, Monica e Brent trocaram te­ lefones e e-mails.

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Conversa: fala?ido sobre as preliminares

Naquela tarde de quinta, quase quatro meses depois, Monica fez as malas, levando tudo o que podia em seu carro — inclusive o cachorro — e dirigiu 800 Km para ir morar com Brent. Monica era cristã. Professora de ensino fundamental altamente qualificada, tratava-se de uma pessoa que praticava voluntariado servindo inúmeras vezes na creche durante os cultos, que ensinava na escola dominical durante anos. Ela lia histórias bíblicas para seus dois filhos e duas filhas e brincava com eles antes de dormir desde pequenos. Ela se aproximava da perfeição como mãe. Um ano antes de fazer as malas e levar seu cachorro, ela comemorou seu 50° aniversário. Mas hoje, com um comportamento desafiador e típico de um adolescen­ te, Monica resolveu fugir de tudo. “Minha família acha que eu fui visitar minha cidade na­ tal por uns dias”, ela nos avisou por e-mail uma semana antes. “Mas a verdade é que me mudei para a casa do Brent. E não pretendo voltar. Nunca mais.” E, com exceção do dia em que veio pegar as coisas que não foi capaz de carregar em seu pequeno carro da primeira vez, Monica manteve sua palavra. Ela jamais voltou. Desde o seu primeiro ano de casamento, Monica vivenciou a experiência de Allen Lange a 700 m de altitude em uma aeronave descontrolada. Sua cabine estava cheia de fu­ maça — e durante a maior parte dos 25 anos de união ela não conseguiu contato com a torre. Scott não tinha a intenção de estar distante. Ele realmente amava sua esposa. Ele sim­ plesmente não era uma pessoa que soubesse conversar. E, por causa de seu silêncio, Monica estava morrendo nas alturas do isolamento. Até onde saibamos, fugir era a sua única alternativa de sobrevivência.

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Conversar, e não negociar Ele deixou uma mensagem desesperada na minha secretaria ele­ trônica. “Preciso muito falar com você”, disse. “E rápido!” Stan e eu conversamos muitas vezes pelos corredores da igreja, em recepções de casamentos e em funerais. Mas, mesmo não sabendo por que Stan havia ligado, tinha certeza de que, enquanto dirigia até a cafeteria para a nossa reunião de emer­ gência, que essa conversa seria diferente. Apesar de ser um respeitado advogado, naquele dia Stan não desempenhou esse papel. Seus olhos estavam vermelhos e inchados, seu cabelo estava despenteado e suas roupas pareciam ter saído da máquina de lavar direto para o guarda-roupa. Ele me disse que estava separado de Jill fazia um mês. No início, ele achou que poderia simplesmente superar aquela situação. Até aquele momento, ele nunca havia perdido uma discussão com sua esposa, e estava certo de que era questão de tempo até ela que ela “começasse a usar a razão”. Mas Stan estava errado, e isso o deixou desesperado. Ele explicou que, embora ainda tivesse as chaves da casa e pudes­ se entrar e sair durante o dia, ele não tinha mais a chave do coração de Jill. Stan tinha certeza de que ela havia mudado o segredo. Para sempre. “Acho que a perdi”, foi o que ele me disse. Nesse momento, a expressão de seu rosto se modificou. Um rio de lágrimas desceu de seus olhos. “Fui um idiota”, confessou en­ quanto descrevia como poderia ter sido o casamento. Stan falou sobre como havia, seguidamente, humilhando-a com suas pala­ vras, sempre “ganhando” todas as discussões com uma postura de superioridade que provocava culpa e raiva em sua esposa.

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Sua experiência como advogado especializado em litigância fez com que Stan aplicasse essa habilidade no lar. E, no final das contas, quem perdeu foi ele mesmo. Analisando a situação, ele reviu todas as oportunidades perdidas. Stan se lembrou de ocasiões em que Jill se apro­ ximava dele para falar de sua profunda preocupação com a “dificuldade de comunicação” que havia entre os dois. Nesses momentos, Stan a ridicularizava. Depois, passava a ignorá-la. Nos momentos em que ela sugeria que procurassem aconse­ lhamento matrimonial, Stan dava um gelo na esposa durante dias e noites. Quando ela carinhosamente propunha que eles apenas “conversassem”, ele respondia com sarcasmo: “Ok, co­ mece você”. Seu ânimo finalmente esmoreceu, e ela então se afastou. Jill não discutia mais. Ela percebeu que não valia a pena tentar negociar com alguém que ganhava milhares de dólares por ano ganhando esse tipo de jogo. Por incrível que pareça, Stan con­ tabilizava esses acontecimentos como vitórias. Mas agora, depois de um mês separados, Stan percebeu com desconcertante clareza que sua esposa havia se tornado uma estranha. Ele sabia que estava tão distante da reconciliação neste momento quanto estava na época em que resolveu sair de casa. Seu casamento e seus filhos estavam indo embora de sua vida. Ele não sabia o que fazer, porque sua recusa habitual de conversar com a esposa havia destruído a ponte necessária para que a comunicação se restabelecesse. Stan era como Allen Lange a 700 m de altitude, procuran­ do desesperadamente pela frequência de rádio certa — o fato é que ele estava morrendo ali. E o pior é que Stan era o responsá­ vel por aquela emergência — e ele sabia disso.

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O que todo noivo precisa saber

Porto seguro Pediram ao autor Leo Buscaglia para que fosse juiz em um concurso que premiava crianças por suas boas açóes. Uma mãe enviou a história sobre seu filho de quatro anos de idade que, na época, era vizinho de porta de um senhor idoso. Alguns dias antes, a esposa do idoso falecera, e o menino foi à casa do vi­ zinho pensando em consolá-lo. Quando encontrou o velhinho sentado em uma poltrona na sala de estar, o menino subiu no seu colo e pôs a cabeça sobre o seu peito. O homem estava chorando. Quando o garoto voltou para casa, a máe perguntou “O que você disse ao nosso vizinho?” “Nada”, ele respondeu. “Só fiquei ao seu lado enquanto ele chorava.” As vezes, o segredo para manter um bom nível de conversação com sua esposa é saber quando ficar em silên­ cio. Uma de suas funções como marido é garantir à sua esposa segurança — um local em que ela possa sentir-se abrigada da fraqueza e do medo. Às vezes, basta ficar ao seu lado enquanto ela chora.

O reconhecimento Praticamente todas as esposas que conheço adoram ouvir seus maridos elogiando-as espontaneamente quando estão conver­ sando com terceiros e elas se encontram presentes. Anos atrás, nossa filha Missy contou-nos sobre uma con­ versa entre seu marido, Jon, e o tio dele, Tom. A esposa do seu tio Tom havia perdido uma batalha contra o câncer, deixando-o responsável por criar, sozinho, duas crianças pequenas. Empresário bem-sucedido, Tom decidiu contratar ajuda em tempo integral para ajudá-lo a tomar conta das crianças.

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“Contratei uma babá”, Tom disse a Jon. “E ela é incrí­ vel. Não apenas as crianças estão contentes, mas, quando chego em casa do trabalho, encontro a casa em ordem. O jantar está pronto, a cozinha está limpa, até mesmo a minha roupa de bai­ xo e meias sumiram da cesta de roupa suja e reapareceram nas gavetas do meu guarda-roupa.” O olhar de Jon então se desviou de Tom. Ele olhou para Missy e então voltou a prestar atenção em seu tio. “Sei exata­ mente do que você está falando”, disse sorrindo. “Eu tenho essa sensação todo dia. Na minha casa reina esse mesmo espírito.” Missy me contou, mais tarde, que essas palavras não saí­ ram de sua cabeça durante meses. Aquilo deu a ela motivação quando se viu envolvida com tarefas do dia a dia, como lavar roupa. Ela se sentiu inspirada a não achar-se inútil ou menos importante por estar cuidando de tarefas domésticas. Apesar de aquelas palavras não serem endereçadas diretamente a ela, o discurso de reconhecimento de Jon invadiu o coração de Missy e aumentou seu amor pelo marido. Charlie Shedd, autor de diversos best-sellers sobre sexo e casamento,18 foi um dos homens mais felizes com o casamento que já encontrei na vida. Seu segredo era muito simples. No iní­ cio de seu casamento, Charlie desafiou-se a dizer algo agradável — alguma coisa que nunca tivesse dito antes — a M artha todos os dias. Seus comentários eram agradecimentos, palavras gentis sobre sua bondade para com as pessoas, declarações de como apreciava seu amor por Deus ou um comentário de satisfação a respeito de algo que ela tenha feito ou dito. Q uando conheci Charlie e M artha, eles estavam bem, vivendo sua terceira década de casamento. M artha me disse com um sorriso que houve “m uito poucas ocasiões” em que

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Charlie deixou de cum prir sua promessa. Ela amava esses gestos diários de reconhecimento. E ela adorava o fato de ele ter assumido esse compromisso. Charlie era um hom em bem casado, porque escolheu para sua esposa uma mulher bem casada.19 O reconhecimento realmente funciona.

Conversa sem propósito definido Você sabia que as mulheres não precisam de motivos objetivos para telefonar umas para as outras? É verdade. E elas não apenas telefonam, mas conversam por meia hora, mesmo sabendo que não há nenhum assunto pendente entre si. É algo tão incrível para você como é para mim — mas é verdade. Você e eu, por outro lado, raramente fazemos coisas as­ sim. Até com os nossos pais, é difícil, porque nunca se pode saber aonde uma conversa de família pode nos levar. Muito frequentemente, minhas conversas sempre têm um objetivo. Ligo para o meu barbeiro para marcar uma sessão. “Terça que vem? Às 16h30? Anotei. Obrigado.” Na minha em­ presa, ligo para clientes sempre com uma agenda em mente: “Você e eu sabemos que há trabalho pela frente. Vamos direto ao ponto. Esta não é a única ligação que temos a fazer hoje”. Não dizemos isso com essas palavras, mas na maioria das vezes é o que está acontecendo. Mas agora você é um homem casado. E precisará aprender que a pessoa mais importante em sua vida pode estar querendo conversar sobre algum plano estratégico que tenha em mente. Ela pode estar precisando de uma conversa com propósito mais amplo.

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Exemplo 7: conversa com propósito definido

Sua Esposa: “Você tem estado tão ocupado ultimamente, que parece que não nos falamos mais como costu­ mávamos. Nunca paramos para sentar e conversar. Parece que você só conversa com outras pessoas, mas não comigo”. Você: “Tem razão. Vamos conversar. Escolha um assunto, para que possamos conversar sobre ele”. Sua Esposa: “AAAHHHH! Eu não devia ter chamado você para conversar. Sou sua mulher. Antes de nos casarmos, ficávamos acordados até de manhã só con­ versando. Hoje eu mal consigo tirar um grunhido de você”. Você: “Será que não entende o que está acontecendo? Eu nunca estou certo. Quando não converso com você, fico na berlinda. Quando tento conversar com você, idem. Eu nunca estou certo!”. O problema aqui é que sua esposa não quer conversar sobre um assunto que vá criar algum “comprometimento”. Ela não pretende alugar um carro ou reservar um quarto em um hotel. Essa conversa não tem um fim definido. Ela só quer conversar.

Exemplo 2: conversa sem propósito definido

Imagine uma estratégia diferente para usar: Sua Esposa: “Você tem estado tão ocupado ultimamente, que parece que não nos falamos mais como antes. Nunca

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paramos para sentar e conversar. Parece que você só conversa com outras pessoas, mas não comigo”. Você: “Tem razão. Tenho estado tão preocupado, que não tenho prestado muita atenção em você ultimamente. Você me perdoa? Queria lhe contar sobre tantas coi­ sas, mas por que você mesma não começa? Conte-me como foi o seu dia”. Sua Esposa-, “AAAHHHH! Eu não devia ter de pedir! — Espera aí. O que você disse?”. Você-, “Eu disse, ‘Você está certa, e eu quero ouvir mais so­ bre o seu dia”’. Sua Esposa: “Tá bom, ok. H m m m — bem, tudo começou hoje de manhã quando estava me aprontando para sair de casa e ir ao trabalho. A lata de lixo saiu do lu­ gar — não dava para acreditar — mas espera aí, tem certeza de que quer ouvir sobre isso?”. Você: “Com certeza!”. Depois de sua mulher acabar de falar, ela então pergunta como foi o seu dia. Você responde: “Foi legal. Sabe onde está o jornal?”. Não! A resposta certa é “Bem, encontrei Ralph no café esta manhã. Ouvi dizer que Jimmy vai para a UVA no se­ gundo semestre. Ele está concorrendo a uma bolsa em música na Julliard, mas eles não acham que ele será aceito, por isso é provável que seja a UVA. Quando cheguei ao escritório, a má­ quina de café vazou e inundou a sala. Nancy já tinha chamado a manutenção, mas a água estava se infiltrado no carpete da recepção. Stephanie anunciou que está grávida e que, a partir do momento em que o bebê nascer, ficará em casa.” Pegou a ideia? Para a sua esposa, não importa o que você está dizendo, mas o fato de estar falando de algo é que faz diferença.

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Conversa: falando sobre as preliminares

Um dos motivos de evitarmos conversas sem assunto de­ finido é temos medo de não ter nada importante a dizer. Algo profundo (como uma mudança nos padrões climáticos) ou algo atual (como o resultado do jogo de ontem). Para falar a verdade, conversas sem assunto definido podem ser maravi­ lhosas. Elas são como aqueles sujeitos que ficam andando pela praia com detectores de metais. Nunca se sabe quais tesouros encontrarão. A outra razão para aprender como satisfazer as necessida­ des da sua esposa em relação a uma conversa saudável é que ela está absolutamente desesperada por isso — exatamente como Allen Lange estava quando não conseguia entrar em contato com a torre de controle de tráfego aéreo. Para ela é praticamen­ te uma questão de vida ou morte. Bobbie e eu estamos trabalhando na nossa quarta década de casamento. E cu gostaria de poder dizer a todos que essas conver­ sas sem assunto definido são algo natural. O fato é que não são. Por outro lado, hoje é mais fácil começar uma do que antes. Se você estender-se nelas, certamente ficará cada vez mais fácil.

E o que aconteceu com o Allen? “Cessna, aqui fala a torre de Jackson, câmbio! Você está no nos­ so campo de visão. As luzes para aterrissagem estão acesas.” A conexão foi restabelecida. Finalmente, Allen está a salvo.

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C A P ÍT U L O 7

ÇEÚwwMJüde,: o vM Jj/vwlvwv\jò í^eoEoto <bò todo GOÁamvçmt(> j/ei/ho

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Q ue haja m om entos em que a conversa não tenha de ser “profunda”. Isso raram ente é um a perda de tem po. Isso é o casamento. E sem ela o casamento começa a morrer. Walter Wangerin, As fo r me and my bouse



era tarde. Quando fiz a curva com o carro para entrar na garagem, com os faróis iluminando a fachada da casa e re­ petindo o movimento de uma grande onda, notei que uma das lâmpadas da sala estava acesa. Só faltava essa, ingenuamente pensei com os meus botões, Bobbie ainda deve estar acordada. Queria muito contar-lhe o que tinha acabado de acontecer. Depois de estacionar na garagem, anexa à nossa casa, saí do carro com pressa, corri pela calçada, entrei em casa e fui para a sala de estar. Como havia imaginado, Bobbie estava sentada no canto do sofá, ao lado do criado-mudo e do abajur ligado. O fato de ela nem estar assistindo TV ou lendo algo deveria ter me chamado a atenção. Mas estávamos casados há poucos meses, de modo que eu não estava muito acostumado a interpretar sua linguagem não verbal. Aproximando-me dela, comecei a contar o que havia acontecido naquela noite. Naquela época, eu trabalhava em um ministério inter­ nacional para a juventude. Era responsável por trabalhar com estudantes em três escolas de nível médio. Coordenava as reuni­ ões do clube que eram realizadas nas casas dos alunos e prestava muito aconselhamento individual. Naquela noite em particu­ lar, eu estava entusiasmado com a notícia de que um dos “meus garotos” decidira mudar de vida completamente. Ele era uma pessoa com alta dependência do consumo de drogas, e seus pais

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O que todo noivo precisa saber

o haviam ameaçado de que o internariam a qualquer momento para desintoxicar-se. Mas eu intervim, tornei-me amigo dele e consegui, pela graça de Deus, motivá-lo a ficar definitivamente limpo das drogas. E então prossegui, contando essa história a Bobbie. Mas o foco deveria estar no tema casamento. Não notei que Bobbie não estava entusiasmada com as boas novas. A ener­ gia positiva que emanava dela, sentadinha no canto do sofá, devia ter significado algo para mim, mas eu só me importava comigo mesmo e com a minha história, de modo que a contei até o fim. Esperei por algum comentário dela. E nada. Só então olhei em seus olhos e me dei conta de que ela podia estar ouvindo as minhas palavras, mas sem estar realmente prestando atenção ao que eu estava dizendo. Apesar de isso ter acontecido há muito tempo, posso repetir exatamente o que ela me disse quando terminei. Estas foram suas primeiras palavras — sem qualquer alteração em sua expressão facial — após eu terminar minha narrativa sobre o sucesso que alcancei: “Isso não me interessa”. Fiquei chocado. “Isso não me interessa?”, eu disse no tom o mais possível repreendedor, querendo que ela se sentisse culpada pelo que me respondeu. “Você não se interessa?”. “Não, não mesmo”, disse, confirmando sua certeza com seus olhos verdes metálicos. “Você está atrasado”, continuou. “Disse que chegaria em casa às 9h00 e sequer teve a considera­ ção de me ligar avisando. Você gasta todas as horas úteis do dia com essas crianças, e não é a primeira vez que você chega em casa mais tarde do que prometeu. E eu, como fico?” Eu não disse nada. Era hora de ficar calado.

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Am izade: o ingrediente secreto de todo casamento feliz

“Você fica por aí tentando salvar o mundo. E eu fico em casa sozinha, esperando por você — isso está me deixando furiosa!” Não há palavras capazes de expressar minha profunda vergonha naquele momento. Nunca havia ouvido uma espo­ sa falar assim com o seu marido (não era algo adequado aos meus padrões de normalidade). Lembro-me de ter pensado — porque nem quis pensar na possibilidade ser o erro ser meu — que havia cometido um terrível erro ao me casar com aquela mulher. Mais de 30 anos se passaram desde aquela noite terrível. Bobbie e eu aprendemos a escolher palavras com mais clareza e menos agressividade. Mas sei exatamente o que ela queria dizer. Era, com certeza, uma verdade muito simples — uma realidade que não tinha nada a ver com os jovens com quem eu trabalha­ va (ela os amava tanto quanto eu) ou com sua espiritualidade (ela ama a Deus e é o exemplo vivo de Sua graça aonde quer que vá). Mas Bobbie queria me dizer algo. E uma coisa impactante e suficientemente importante para justificar porque aquela noite foi um dos momentos mais revolucionários e importantes em nosso casamento: “Sou sua esposa. Mas também sou sua amiga. Você jamais trataria um amigo dessa maneira”. É lógico que levou anos (literalmente) para que Bobbie se livrasse daquele sentimento. Mas também sou grato por ela ter mostrado a coragem, tão cedo em nosso casamento, de tentar dizer-me a verdade — e de deixar claro as suas expectativas — sobre o nosso relacionamento. Ela não queria ser somente mi­ nha esposa. Bobbie esperava que fôssemos amigos. Algumas vezes, a “caminhada da vida” transforma o marido e a esposa de bons amigos em apenas amantes. Essa mudança é no mínimo perigosíssima — e, em todos os casos, é uma ameaça ao relacionamento.

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O que todo noivo precisa saber

Uma verdade profundamente simples Durante a década passada, o Dr. John Gottman, professor da Universidade de Washington, reuniu uma grande quantidade das mais amplamente aceitas afirmações sobre o casamento e transformou-as em algo completamente novo. Ele é um dos únicos pesquisadores na área do matrimônio que aplicou o ri­ gor dos métodos científicos à análise dos elementos que fazem casamentos darem certo ou que os fazem dar errado. Após entrevistas detalhadas com um casal, o Dr. Gottman submete-os a observação no que ele chama de “laboratório do amor”. De maneira precisa, Gottman e seus colegas desenvol­ veram um processo de observação de casais que registram uma série de comportamentos específicos. Cada casal é autorizado a “conviver normalmente” em um apartamento bem decorado com câmeras de vídeo escondidas, um espelho falso e microfones em todos os cômodos, come exceção do quarto de dormir e do banheiro. Cada um usa equi­ pamento para monitoração Holter.:i) Depois disso, das 9h00 às 21h00, eles são cuidadosamente observados. Após anos de monitoramento e análise de centenas de ca­ sais, Gottman afirma ser capaz de prever o sucesso ou o fracasso de um casamento com uma precisão superior a 90%. E normal­ mente suas conclusões são tiradas com base em apenas cinco minutos de observação.21 Você, com certeza, está pensando em como ele faz isso. O Dr. Gottman identificou comportamentos específicos que são destruidores de casamenros e outros que são protetores de ma­ trimônios. De longe, o maior protetor de casamentos se resume em uma única palavra (você está pronto para se espantar?): ami­ zade. Não é o dinheiro, nem programas caros ou muito menos

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Amizade: o ingrediente secreto de todo casamento feliz

encontros amorosos suntuosos. Não, somente amizade. Gottman fez a seguinte observação a respeito: O fator determ inante em se as esposas sentem-se satis­ feitas com sexo, romance e paixão no casamento é de­ terminada, em 70% dos casos, pela qualidade da ami­ zade entre os cônjuges. N o caso dos hom ens, o fator determ inante é tam bém , em 70% dos casos, essa mesma qualidade da amizade entre os cônjuges. Dessa forma, conclui-se que hom ens e mulheres vêm do mesmo pla­ neta. .. A amizade alimenta a chama do romance, porque proporciona a melhor proteção contra a adversidade no relacionamento.2"

Nessa descoberta, há boas notícias para todos nós. Um ca­ samento bem-sucedido pode não fazer com que seja necessário aprender coisas novas. Construir uma amizade com sua esposa no início do casamento é uma questão de pôr em prática habi­ lidades aprendidas na juventude. Você conhece as regras. Sabe o que é preciso para fazer um amigo e manter essa amizade. Basta aplicar esse conhecimento ao relacionamento mais importante que você tem.

Mais controle do que pensamos Imaginemos que você e sua esposa estejam no meio de uma discussão acalorada. As palavras são ditas em volume alto e soam espinhosas. E possível que escorram algumas lágrimas. Então, toca o telefone. Você atende. “Alô”, sua voz é amigável, de modo a fazer a pessoa do outro lado da linha pensar que você estava assistindo a um jogo de futebol na TV antes de

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O que todo noivo precisa saber

receber a ligação. É um amigo próximo. Parece que a conversa será longa, e embora a sua esposa não consiga ouvir a pessoa do outro lado da linha, ela presta atenção ao tom de sua voz. Ela então percebe como você foi rápido em mudar o timbre da sua voz quando percebeu quem estava ligando. Você mudou de tom instantaneamente — e de atitude — simplesmente porque decidiu que seria assim. Alguns maridos e esposas partem do pressuposto de que, quando se trata de conflitos mútuos, “não podem evitar” um diálogo desrespeitoso e rude. Mas isso não é verdade. Podemos evitar isso. Sempre conseguimos aplicar os recursos certos para poder falar com respeito e gentileza com aqueles cuja amizade ou relacionamento profissional valorizamos — e isso inclui, ob­ viamente, nossa esposa. Porém há mais coisas envolvidas na amizade do que sim­ plesmente evitar o diálogo negativo.

Apenas coisas normais Tratar sua mulher como uma amiga envolve conversar em tom normal, sem dramas. Observe este exemplo: Você entra na co­ zinha de manhã cedo num dia frio de outono. Sua esposa já acordou, e está olhando pela janela segurando uma xícara de chá. Você vê o jornal na mesa, senta-se e se serve de café. Sua Esposa (olhando pela janela): “Olhe aquelas folhas. Não são incríveis?”. Você (olhando por cima dojornal e olhando pela janela): “São mesmo”. (Seu comentário é seguido por uma interjei­ ção bovina, um som de “hmmm” afirmativo.)

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Amizade: o ingrediente secreto de todo casamento fe liz

Sua Esposa (ainda olhando pela janela): “Essa é a minha época favorita do ano”. Você (olhando para ojornal): “Ouça isto!”. Sua Esposa (virando-se e caminhando até a pia): “Ouvir o quer . Você: “Os Johnsons vão finalmente vender a loja”. Sua Esposa (abrindo a porta do armário): “Tá brincando? Pensávamos que eles jamais a venderiam”. Você (ainda olhando para o jornal): “Acho que alguém lhes fez uma oferta irrecusável”. Sua Esposa (caminhando até uma luminária mas parando antes de chegar ao interruptor): “Podemos ir à loja de ferragens hoje de manhã? Precisamos de lâmpadas”. Você: “Â-hã”. Você percebeu alguma representação teatral, tensão, paixão? Você está certo. Não havia nenhuma. Nenhum drama. Nada de heroísmo. Mas é esse tipo de intercâmbio que pode fazer maravilhas para a construção de uma amizade capaz de proteger o casamento. Gottman chama esse processo de “vol­ tando-se um para o outro”. E ele afirma que esses gestos simples de atenção — envolvendo trocas casuais — praticados milhares de vezes ao longo do casamento são capazes de criar uma ami­ zade confortável que pode proteger seu casamento contra tudo o que poderia destruí-lo facilmente. O tipo de diálogo apresentado acima pode ocorrer entre amigos sem nenhum esforço. Por exemplo, você e seus amigos mais próximos viajaram para um fim de semana de golfe. Ao tomar café da manhã um dia cedo, todos reunidos e sentados à mesa, teriam vivenciado uma conversa como essa sem esforço algum. Vale a pena repetir: a construção de uma amizade que você deve aplicar ao seu casamento consiste em habilidades que você já possui em seu repertório.

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O que todo noivo precisa saber

Compare o padrão de conversação de “voltarem-se um para o outro” com o do marido que ignora a mulher continu­ amente. Eles falam um do outro, um sobre o outro, na cara um do outro, pelas costas um do outro — mas raramente um com o outro. Mas uma amizade consistente exige mais do que somente conversação. As vezes, ela afeta a sua agenda.

Tempo Algo que trouxe uma enorme ameaça ao nosso casamento foi desperdiçar o tempo para ficarmos juntos. O exigente e im­ previsível ritmo da nossa vida tornou difícil encontrar tempo suficiente para estarmos juntos. E, diante das pressões — a maioria delas urgentes — da minha vida, era muito mais fácil presumir que Bobbie pudesse esperar. A ligação não podia espe­ rar; o voo não podia esperar; a conferência em Dallas não podia esperar. Mas Bobbie — ela podia. Sem coragem para enfrentar o problema e sem vontade de dizer não a uma série de boas oportunidades, Bobbie e eu podíamos ter nos afastado perigosamente. A decisão de rever seriamente a minha agenda foi motivada pela insistência de Bobbie. Instintivamente ela sabia que a distância arrasaria o nosso relacionamento. Ela enxergou os perigos em potencial e decidiu-se a não se deixar desviar do objetivo de encontrar tempo para ficarmos juntos. Algumas vezes, ela criava um jogo com isso — preparando uma cesta de piquenique e trazendo-a ao meu escritório quando eu tinha de ficar até tarde. Quem podia resistir à toalhinha xadrez vermelha e branca aberta no chão do escritório? Sanduíches, salada de batata, ice tea — e

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Amizade: o ingrediente secreto de todo casamento feliz

nenhuma formiga. Sou grato a ela, porque sei que a amizade de que desfrutamos hoje é resultado de sua incansável intervenção em minha agenda.

O sistema de slo ts 1

A história de Mark e Susan é muito parecida com a nos­ sa. Mas a sua abordagem para reservar mais tempo um para o outro foi mais bem calculada. No início de seu casamen­ to, Susan e M ark iniciaram uma longa caminhada que, de acordo com Mark, colocou-os em um curso que salvou o seu casamento. Susan estava preocupada com o efeito negativo que as demandas incessantes do ministério podiam exercer em seu casamento. E assim, antes de a caminhada terminar, ela apresentou-lhe um plano — uma estratégia simples para proteger seu casamento dos efeitos corrosivos de ficarem se­ parados durante muito tempo. M ark foi apresentado ao que eles agora chamam de sistema de slots. A verdade do mecanis­ mo aqui era a seguinte: sem planejamento, o seu casamento seria governado (ditatorialmente) pela sua agenda em vez de a agenda ser controlada por ele. Desde o dia dessa conversa, Mark notou dois resultados mensuráveis: (1) Como o sistema de slots era muito eficiente, seus conflitos sobre tempo passado juntos tornaram-se raros, e (2) Mark e Susan ensinaram esse sistema a centenas de casais — com elogios. Quando eles ensinam esse sistema, começam segmentan­ do uma semana típica em vinte e um slots. Fica mais ou menos assim:

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O que todo noivo precisa saber

Domingo

Segunda

Terça

Quarta

Quinta

Sexta

Sábado

Cada dia tem três slots — manhã, tarde e noite. Mark e Susan chegaram à conclusão de que eles precisavam estar juntos em pelo menos seis slots em uma semana normal. Cada divisão inclui uma refeição e um bloco de tempo. A divisão da manhã começa com o café da manhã e termina antes do almoço. A divisão da tarde começa com o almoço e termina por volta das 17h00. O jantar fica na divisão da noite, que se encerra na hora de dormir.

0 sistema de slots — Quadro A

Vejamos como o sistema de quadros funcionou paraTodd e Melanie. Mark celebrara seu casamento dois anos antes, e eles agora estavam retornando para vê-lo novamente. Esse casal contraiu matrimônio com os olhos bem abertos. Eles traziam a vontade de fazer “o que fosse preciso” para que seu casamento desse certo. Uma das coisas que combinaram desde o aconselha­ mento pré-nupcial foi que, se o seu relacionamento em algum momento deixasse a categoria de “excelente”, eles procurariam por Mark — eis o porquê de estarem no escritório dele hoje. Quem começou foi Melanie. “Está faltando alguma coisa.” Todd fez um gesto concordando. “Nós nos casamos por­ que queríamos dançar”, continuou. “Mas parece que estamos tropeçando ao tentar fazer a nossa vida juntos dar certo.”

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Amizade: o ingrediente secreto de todo casamento feliz

“É como se o motor do nosso carro não estivesse fun­ cionando plenamente”, Todd explicou. “Como se as rodas do nosso carro não tivessem rolamentos.” Quando Mark perguntou a Todd e Melanie como eles es­ tavam indo em reservar tempo um para o outro, os dois riram — o que é quase sempre um bom sinal em aconselhamento matrimonial. “O que é tão engraçado?”, Mark perguntou. “Agora tudo está uma loucura”, disse Todd. “Como es­ tou começando um novo empreendimento, trabalho até tarde quase toda noite. Normalmente chego em casa por volta das 20h00. Estou sempre exausto. E é nesses momentos que temos as nossas piores discussões.” Mark então pergunta sobre os finais de semana. Melanie explicou que Todd estava trabalhando pratica­ mente todos os sábados. Aos domingos, Melanie dirigia o coro infantil da igreja, enquanto Todd cuidava do grupo de jovens à tarde. “Temos conseguido reservar as noites de sábado para o nosso encontro romântico”, completou. “Mas ultimamente tem havido muita tensão, mesmo quando estamos nos diver­ tindo.” Todd e Melanie haviam se esquecido de um nutriente que o seu casamento mais precisava: passar tempo juntos. Devida­ mente programada, a quantidade de tempo que o casal passa junto funciona no casamento como o óleo em um automóvel; ele garante que todas as peças do motor funcionem suavemen­ te, com o mínimo de desgaste. Mark pegou um formulário de sistema de slots e pediu a Todd e Melanie que dessem uma olhada no que fariam na semana seguinte. “Preencham os slots com os compromissos já

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O que todo noivo precisa saber

marcados”, Mark disse. “Então, encontrem seis slots em que vo­ cês possam ficar juntos, mesmo que tenham de fazer algumas mudanças nas coisas que lhes ocupam. E não encarem esses slots como espaços românticos. Eles podem ser considerados esca­ padas para o casal, como assistir a TV, tirar uma soneca, jantar com amigos ou simplesmente não fazer nada em casa”. Enquanto Mark explicava o processo, Todd e Melanie engoliram em seco. Elas sabiam que as agendas deles não se adaptariam facilmente a esse tipo de demanda. Enquanto pen­ savam, Mark fez algumas sugestões a Todd. “Se tiver de traba­ lhar até tarde, fique até mais tarde um dia, por exemplo, 22h00, e no dia seguinte chegue mais cedo, lá pelas 17h30. Isso lhe dará uma divisão com Melanie. O u então, cm vez de trabalhar das 10h00 até às 16h00 no sábado, saia mais cedo e volte para casa na hora do almoço. Isso lhe dará dois slots com Melanie aos sábados.” Surpreendentemente, depois de negociar por apenas dez minutos, Todd e Melanie chegaram ao seguinte plano para a semana seguinte: Domingo

Segunda

Terça

Quarta

Quinta

1. Café da manhã e igreja juntos

TRA

B

A

LHO

O

2. Grupo jovem em nossa casa

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TRA

B

A

LHO

o oo 3. Jantar em casa

Sexta

1

1

4 Jantar com John e Louise

O Sábado

5. Projetos para me­ lhoras na casa

6. Noite ro­ mântica


Amizade: o ingrediente secreto de todo casamento feliz

Depois de escolherem seus seis slots e numerá-los de 1 a 6, Mark desenhou seis círculos no quadro. “Parte da beleza desse sistema”, explicou, “é que ele não só proporciona ao casal uma quantidade adequada de tempo para passarem juntos, como também oferece bônus de liberdade para cada um realizar suas próprias atividades — sem se sentirem culpados ou pressiona­ dos a implorar por permissão um ao outro.” Os círculos nesse quadro representam os momentos em que você e sua mulher estão livres para trabalharem algumas horas a mais ou planejar uma atividade independente — ir a um evento esportivo com seus amigos, participar de uma aula de artes, entre outras opções. Com esse plano, o casal conse­ guirá estabelecer um equilíbrio entre o tempo que passaram juntos e o tempo que passaram separados sem culpa. Cada um se sentirá protegido de se ver sufocado pelo excesso de tempo passado com o cônjuge ou de sentir uma perda por não ter tempo suficiente. Sempre que Mark ensina a usar o sistema de slots, sempre tem alguém querendo saber se separar seis slots por semana não seria simplesmente impossível — viagens de negócios, crises imprevistas em seu emprego e coisas do gênero. Ele entende que isso acontece com ele regularmente. Apesar disso, fitz uma afirmação fundamental — à qual todos devem prestar atenção. Mark e Susan resolveram que seis slots para o casal seria a sua norma, e que seu casamento estava suficientemente bem pre­ parado para lidar com as situações em que não seria possível atingir esse número em uma determinada semana. “Optamos”, explicam, “ajustar o botão padrão em seis, de modo que seja normal termos o tempo suficiente juntos e anormal ficarmos afastados durante uma semana inteira”.

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O que todo noivo precisa saber

Mas preste atenção ao seguinte. Leia o que Mark conside­ ra a coisa mais importante sobre o sistema de slots: “Desista do mito do tempo de qualidade passado com a sua esposa. Tentar extrair qualidade de uma hora ou duas por semana será um exercício condenado à frustração. Mas definir blocos específi­ cos de tempo de qualidade é a maneira mais produtiva de fazer aumentar o tempo de qualidade em seu casamento”.

A política do segredo zero a casa dos meus avós tinha um cheiro próprio. Não era um odor acentuado; mas sim o suficiente para ser notado pelos visitan­ tes, como se fosse um anfitrião antipático. Quando meus avós se mudaram para uma casa de repouso, os novos donos da casa fizeram uma reforma completa — e eu tenho certeza de uma das razões foi livra-se daquele cheiro. Segredos não revelados frequentemente se tornam algo parecido, que infesta a estrutura do nosso casamento. Não con­ seguimos vê-los, mas marido e esposa sabem que há algo de podre no seu reino. Ensinamos aos casais jovens que, se eles não conseguem abrir o jogo em relação a eventuais segredos quando estão vivendo a fase de romance do casamento, certamente não conseguirão fazê-lo quando a proteção natural que circunda o seu casamento estiver menos efetiva. As sementes que podem vir a germinar e destruir seu casa­ mento geralmente se escondem em segredos deste tipo:

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você tem uma amiga no trabalho a quem faz confissões você perdeu um emprego porque foi pego roubando você tem um endereço de e-mail secreto que sua esposa não conhece


Amizade: o ingrediente secreto de todo casamento feliz

você colou para passar na escola você bebe quando ela não está por perto você assiste a pornografia regularmente Quando sugerimos que os casais adotem a política do se­ gredo zero, um dos cônjuges (geralmente o homem) costuma perguntar “Você está dizendo que eu tenho que avisar à minha esposa sempre que eu achar outra mulher atraente?” A resposta é um ressonante: “Mais ou menos”. Sua esposa náo precisa receber um catálogo de todos os pensamentos de luxúria que passaram pela sua cabeça, mas di­ zer a ela que isso é algo que você combate, ajudando a esclarecer e a liberar isso do seu banco de memória — e também criará um ambiente de responsabilidade. Vinte anos atrás, trabalhei no segundo andar de um pré­ dio de escritórios novo. Minha mesa ficava diante da janela frontal, com vista para o estacionamento. Um dia cedo, olhei por acaso da minha mesa e vi uma mulher caminhando de seu carro até o edifício. Ela parecia uma modelo. Seu rosto e seu corpo eram perfeitos. Seu andar era suave e decidido. Meu coração disparava à medida que eu a seguia, até que desapare­ ceu quando entrou no prédio, bem abaixo da minha janela. “Uau”, pensei, “quem era ELA?” Na manhã seguinte, quase por acidente, algo me chamou a atenção de novo. Olhei e vi a mesma mulher saindo de seu carro. Meus olhos não desgrudaram dela até que novamente sumisse. Nas manhãs seguintes, ela deixou de ser uma surpresa. Eu a acompanhava. Esperava por ela. Fiquei perto da janela para ver melhor. Durante o dia, minha mente sempre a tra­ zia de volta. Comecei a pensar em como encontrá-la — quem sabe esperar por ela e agir como se estivesse saindo do prédio

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O que todo noivo precisa saber

quando ela estivesse se aproximando. Havia permitido que a minha imaginação fosse longe demais. Ultrapassei o limite, e tinha consciência disso. “Eu preciso contar a você uma coisa”, disse a Bobbie no fim de semana seguinte. “Tem uma mulher que eu vejo entran­ do no prédio todo dia...” Nos cinco minutos que se seguiram, expliquei o que havia acontecido e como aquela mulher misteriosa havia capturado a minha imaginação. O fardo de manter aquilo em segredo de Bobbie é maior do que a minha vontade de carregá-lo. Disse a ela que sentia muito e que precisava do seu perdão por minha infantilidade. Ela me agradeceu por ter-lhe contado me per­ doou prontamente. A propósito, embora eu tenha notado a mulher na segun­ da de manhã, meu olhar se esqueceu dela antes que entrasse pela porta da frente do prédio. Como me confessei a Bobbie, a tensão em observá-la se foi. Segredos escondidos podem se complicar e transformar-se em uma séria infecção em seu casamento. Eles têm o poder de arruinar o seu casamento. Eles precisam de ar puro para se tornar inofensivos.

Mais uma última palavra sobre segredos

Sua esposa pode também ter segredos próprios que preci­ sem ser compartilhados com você. Esses são segredos sobre os quais não deseja saber nada, mas tratam-se de segredos que ela pode precisar dividir com você. Contar-lhe sobre eles também abreviará o fardo que ela tem carregado — o fardo de esconder

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Amizade: o ingrediente secreto de todo casamento feliz

coisas de você. Quando ela abrir-se com você, precisará de suas palavras de reconhecimento, de seu perdão e de seu afeto — mas não do seu julgamento.

1 Abertura estreita; um sulco ou fenda: a ranhura para as moedas em uma máquina de venda automática, um slo t de correio. Disponível em: <http://www.thefreedic tionary.com/slot>. Acesso em 17 de janeiro de 2014 às 15hOO.

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C A P IT U L O 8

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ju x le çamjÍ'a/v- i/m^mxlioA

Aravis e Shasta ficaram tão acostumados a brigar e a se re­ conciliar, que decidiram se casar, por questão de praticidade. C.S. Lewis, Crônicas de Ni.rnia, v. 3 — O cavalo e seu menino



< ? 2mbora o quartel do corpo de bombeiros ficasse no centro

de Wheaton, Illinois, ouvi as sirenes assim que elas começaram a soar. Acho que os meus ouvidos estavam especialmente aten­ tos naquela tarde, porque os caminhões do corpo de bombeiros estavam vindo justamente em minha direção. Q uando era pequeno, muito antes do conceito de re­ ciclagem surgir, já separávamos o lixo. O objetivo não era o reaproveitamento propriamente dito, mas sim sua incineração! Havia duas caixas para máquina de lavar imensas na garagem — uma para latas e recipientes de vidro e outra para “itens incineráveis”. Por isso, a cada duas ou três semanas, um dos rapazes da casa — um dos meus três irmãos ou eu mesmo — recebia a missão de colocar o conteúdo dessa caixa de itens incineráveis na nossa station wagon' vermelha para a viagem até o local em que seria queimado (para falar a verdade, dife­ rentemente de aparar a grama ou limpar o porão, esse não era um trabalho de que eu gostava). Nesse dia em especial, meu irmão — eu tinha 12 anos e ele estava com cinco — veio junto comigo. Era bom que alguém ajudasse a estabilizar a enorme caixa naquela nossa pe­ quena station wagon. Quando chegamos ao local em que costumávamos quei­ mar o lixo, meu irmão Danny e eu a viramos e despejamos seu conteúdo ali. Nós não nos demos conta do vento até que

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O que todo noivo precisa saber

acabamos de esvaziar a caixa e tivemos de catar alguns pedaços de papel que foram parar no matagal seco. Pedi a Danny para ficar de olho e avisar se o vento levasse algum pedaço de papel queimando para aquela área, e então ateei fogo no lixo. Até ali, tudo bem. Mas, quando o fogo pegou e engolfou tudo, comecei a pensar no que poderia acontecer, se eu fizesse mais uma fogueira perto do mato. “Não faça isso”, Danny disse quando eu já estava fazendo. O que os irmãos menores entendem da vida? pensei. “Você vai provocar um incêndio”, ele disse, abrindo os olhos. “Vou contar para a mamãe” (esse foi o último aviso do meu irmãozinho). Nem liguei para o que ele falou — e assim, por causa do vento e da baixa umidade, o que vimos foi um incêndio flo­ restal surgir rapidamente. No começo, o fogo no matagal não era muito intenso, nem chegava a ser suficiente para queimar o nosso lixo. Então, eu puxei o meu irmão para trás por um mo­ mento, esperando o fogo pegar para valer. Dito e feito. Mas aí chegou o momento em que percebemos que havíamos perdido o controle da situação. Vendo as chamas pela janela da cozinha, minha mãe cha­ mou o corpo de bombeiros — o papel com o número estava convenientemente colado na base do telefone (é bom lembrar que quatro meninos moravam naquela casa). Então, ela pegou um balde embaixo da pia, encheu-o rapidamente e correu para o campo em chamas. Para ir mais rápido, ela abraçou o balde em vez levá-lo ao lado do corpo, e a água saltava para o ar agi­ tadamente, quase derramando-se. Na hora em que vi minha mãe correndo na minha direção, ela tropeçou em um galho e caiu. O balde bateu violentamente no chão, e a água espirrou para cima como um géiser, molhando a minha mãe toda.

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Conflito: só você pode evitar incêndios

Apesar de o meu pai ganhar a vida viajando pelo mundo, dessa vez ele não tinha viajado para um país suficientemente dis­ tante — acho que estava na Grécia — para eu fugir do castigo merecido que ele me deu assim que voltou para casa. E poderia ter escapado das palmadas, por causa do vento e da pouca umi­ dade, não fosse o meu írmãozinho Danny contar tudo. Minha tentativa de suborná-lo só tornou as coisas piores (a propósito, quando contei a minha história ao Mark, ele riu e me falou sobre quando os bombeiros foram chamados para apagar o seu primeiro incêndio acidental — na época, ele tinha dez anos de idade. Afinal, qual é o problema entre garotos e fósforos?).

Onde há fumaça... Provavelmente não levou muito tempo até você e sua noiva se casarem e aprenderem algumas lições sobre o matrimônio. As discussões não acabam depois do casamento. Vocês tiveram al­ gumas quando eram noivos e esperavam que, ao se casar, elas fossem acabar — pelo menos em frequência e intensidade. E não poderiam estar mais enganados, não é? Os dois foram capazes de controlar alguns desses conflitos, mas como acontecia com as nossas experiências piromaníacas da infância, algumas fugiram completamente do controle. A fumaça podia ser vista a quilômetros. E quando isso acontece, você e sua esposa podem assumir as características de um dos cinco animais a seguir. Será que conseguem se identificar com algum deles?

Avestruz

Quando o conflito vai além de um desentendimento do dia a dia, o avestruz enfia a cabeça na areia. “Isso não está

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acontecendo”, mente para si mesmo enquanto se afasta da es­ posa. O marido pega o controle remoto, liga a TV e procura algo que abafe o som da voz de sua esposa — especialmente se ela for uma pessoa do tipo...

Tigre

Esse é o tipo de cônjuge que vence todas as guerras. No primeiro sinal de conflito, ela ameaça o oponente com as presas poderosas e mostra as garras afiadas. O segredo para a vitória nesse tipo de luta é ferir seu oponente; e quanto mais longo for o casamento, mais ela saberá como usar as palavras certas para humilhar o marido. E claro que ignorar uma tigresa só aumenta a sua fúria, como acontece se ela for casada com uma pessoa do tipo...

Tartaruga

Para quem não conhece, esse tipo de marido parece um avestruz, mas não se engane. Sua cabeça só sai da carapaça no momento certo, para dizer palavras duras e cáusticas. Quando sua esposa pensar em reagir, sua cabeça já terá sumido. É claro que, mesmo que ela esteja protegida dentro da carapaça, não haverá muito conforto se for casado com uma pessoa do tipo...

Gambá

Ágil e perspicaz, esse tipo de combatente — com ou sem intenção — é capaz de começar uma discussão e depois esguichar sobre o oponente uma carga de generalizações hediondas e

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quase sempre sem fundamento. O gambá costuma tentar evitar discussões, batendo a porta na cara do seu cônjuge, ou mesmo gritando de outro cômodo da casa, mas o seu comportamento tem um pouco de competição. É como se ele gostasse do mau ambiente que cria. É claro que a única maneira de fazer uma pessoa do tipo gambá se sentir culpada é se ela for casada com uma pessoa do tipo...

Cachorrinho

O ódio é algo que praticamente não se vê no menu de emo­ ções desse tipo de pessoa. Suas respostas favoritas são “que seja” ou “deixa pra lá”. Ele sempre tenta evitar problemas dizendo coisas que acha engraçadas. As pessoas do tipo cachorrinho odeiam discussões e fazem de tudo para manter as coisas em equilíbrio, mas, às vezes, provocam confusões que precisam ser corrigidas por terceiros. Mesmo que signifique levar a culpa sozinho, seu objetivo é evitar que as diferenças entre as pessoas se transformem em conflitos.

Transformando conflitos em pontos de partida Após muitos anos de casamento, de observação do compor­ tamento de diversos casais e de vivenciar experiências de aconselhamento, desenvolvemos estratégias que tem ajudado a domar esses animais perigosos — ou, para usar o exemplo anterior, algumas táticas para evitar que os alarmes de incêndio disparem. Elas não são capazes de evitar que surjam tempesta­ des no nosso caminho uma vez ou outra; mas certamente elas têm evitado que esse tipo de evento cresça a ponto de o nosso lar — e os nossos vizinhos — se verem ameaçados.

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Para falar a verdade, essas estratégias funcionam com alguns maridos, transformando situações de adversidade em ca­ minhos suaves, ajudando-os a levar seu casamento de um nível mediano para um nível de excelência.

Estratégia de controle de incêndios 1: reconheça sua imperfeição

O fundamento dessa estratégia começa com uma falsa ex­ pectativa. Você a teve quando se casou, e a sua esposa também percebeu isso. Não se preocupe, é uma esperança compartilhada por quase todos os noivos: “Amo tanto essa pessoa, mas existem algumas coisas na sua personalidade e nos seus hábitos que pre­ cisam ser ajustadas. Conseguirei isso assim que nos casarmos.” Ah, e aqui vai outro destruidor de sonhos: “Nós nascemos um para o outro. Deus fez com que nos encontrássemos — por isso, quando nos casarmos, jamais brigaremos”. Se você teve a sorte de casar-se com uma mulher perfeita e sem pecado, suas expectativas podem ter se tornado realidade. O u se ela teve a sorte de casar-se com uma versão perfeita de você, seus sonhos também poderão ter se realizado. Mas não aconteceu nem uma coisa nem outra. Você e sua noiva fazem parte do mundo da imperfeição, e os dois se casaram comparti­ lhando esse mesmo legado. A maior parte da minha vida profissional se passou na área editorial, o que significa que li — ou pelo menos dei uma vista d’olhos — em milhares de manuscritos nos últimos 30 anos. Uma das coisas que percebi foi que o meu foco imediato está concentrado nos erros no trabalho, e não nas virtudes que ele apresenta. Ser um editor experiente é algo muito bom para mim do ponto de vista pessoal. Mas no casamento, manter

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o foco nos problemas de m inha esposa e apontá-los — es­ pecialmente usando uma caneta vermelha — produz muitos problemas. Ironicamente, após 20 anos nessa área, resolvi sair um pouco dela para escrever meu primeiro livro. E quando recebi meu manuscrito de volta do editor, vi emendas em tinta ver­ melha nele todo. Naquele momento, percebi a minha própria necessidade de ser editado e a dor que o meu hábito de editar as pessoas certamente lhes causou. Da mesma maneira que também podemos perceber a imperfeição em nós mesmos (pelo menos, espero que você con­ siga), essa estratégia pode ser mais bem implementada com o reconhecimento não verbal de que estar casada com alguém como você deve ser difícil. Como todos nós lutamos contra o nosso autocentrismo, isso é algo saudável de admitir. Mas, depois de se dar conta dos seus próprios defeitos, fica mais fácil admitir que os possui e comunicar isso à sua esposa, mesmo que seja durante uma discussão. “Você está certa”, podemos dizer quando ela nos acusar de ter feito tudo errado. “Tem razão, eu não deveria ter feito — ou dito — aquilo.” As pessoas não fazem ideia de como esse com­ portamento pode ser eficiente ao ajudar a pôr fim em princípios de incêndio. O Dr. Henry Brandt, um dos pioneiros no campo do aconselhamento cristão, descobriu uma arma secreta para ajudar casais a lidar com suas inevitáveis diferenças. Brandt começava a sessão inicial fazendo uma pergunta simples ao marido e depois à esposa: “Antes de começarmos a listar suas queixas sobre seu parceiro, gostaria de saber o seguinte — o que você precisa confessar?”.

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O reconhecimento de suas próprias imperfeições abre a porta para compreender as falhas de sua esposa. Acredite se qui­ ser, quando você assume esse desafio, pode se sair melhor do que ela; por isso, é melhor ser o primeiro. Não sou um navegante, mas aprendi uma das leis básicas para evitar tragédias no mar: o navio que pode manobrar com mais facilidade deve ser conduzido com mais cuidado. A medi­ da que você começa a conhecer suas imperfeições, sua mulher passa a se sentir mais à vontade para revelar as dela.

Estratégia de controle de incêndios 2: é possível discordar sem brigar

Só porque é natural — e saudável — que você e sua es­ posa vivenciem conflitos e que discordem de muitas coisas, não significa que eles devam se transformar em brigas. O Dr. John Gray, do famoso MarsVenus.com, afirma que discussões inflamadas não são uma maneira saudável de lidar com pontos de vista diferentes. O problema é que a briga ocupa o foco da questão, transformando-a em uma competição e afastando o casal da solução do conflito. Durante o nosso primeiro ano de casamento, Bobbie e eu descobrimos que havia coisas que dizíamos em nossas dis­ cussões que imediatamente enfureciam um ao outro, fazendo a nossa briga transformar-se em um incêndio florestal fora de controle. Por isso, resolvemos dar um passo além. Durante uma discussão leve depois de uma dessas batalhas, chegamos a um acordo sobre as nossas próprias “regras de discussão”.

Aconvenção de Genebra

Em 24 de junho de 1859, Henri D unant23 testemunhou a batalha de Solferino, no norte da Itália. Ao presenciar aquele

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banho de sangue, D unant imediatamente começou a recrutar camponeses da regiáo para carregar os feridos do campo de ba­ talha para igrejas locais, onde médicos tentavam abreviar seu sofrimento. Profundamente abalado pelo tratamento desumano dado aos soldados feridos, Dunant e quatro outros homens organiza­ ram uma conferência internacional de 13 nações em Genebra, na Suíça, com o objetivo de discutir maneiras de transformar a guerra em algo mais “humano”. No final da conferência, em 22 de agosto de 1864, os representantes assinaram a Conven­ ção de Genebra. Esse acordo tornou possível a neutralidade das ambulâncias e dos hospitais militares, a proteção às pessoas que cuidavam dos feridos e o retorno de prisioneiros a seus países. Também foi adotada a bandeira branca com uma cruz vermelha em hospitais, ambulâncias e centros de evacuação — cuja neu­ tralidade era reconhecida por causa desse símbolo. Embora a Convenção de Genebra tenha passado por di­ versas alterações nos últimos 150 anos — inclusive a denúncia do uso de armas químicas — , ela serviu de sentinela durante centenas de batalhas. E dezenas de milhares de soldados foram salvos por causa de sua proteção. Durante o nosso primeiro ano de casamento, Bobbie e eu concordamos que os confrontos inevitáveis deveriam ficar sob a proteção da nossa “Convenção de Genebra”. E também estabe­ lecemos os seguintes itens não negociáveis — situações durante as quais jamais faríamos mal a “feridos” ou nas quais usaríamos “gás mostarda”:1 1. Jamais criticaremos um ao outro em público (inclusive — um dia — na presença de nossosfilhos). Quando um de nós tiver se sentido insultado pelo outro, a vítima

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deverá procurar o seu cônjuge, assim que possível e em particular, para explicar sua perspectiva. Diga sempre (ao voltar para casa de uma festa): “O que você falou para as pessoas sobre meus hábitos ali­ mentares realmente me machucou. Foi injusto e me deixou com muita vergonha”. Jamais diga para a sua esposa (na presença de seus amigos durante uma festa): “Esta já não é a terceira vez que você vai ao bufê? Ainda não ficou satisfeita?”. 2. Jamais abordamos áreas de divergência quando estamos passando por um dia ruim. Bobbie e eu aprendemos que discussões sérias raramente acabam bem quando chegamos exaustos ao fim de um dia de trabalho ou quando não estamos nos sentido bem — emocional ou fisicamente. Nosso estado de saúde normalmente transforma uma conversa tensa em algo frustrante, de modo que raramente se chega a uma solução. Nesse caso, diga sempre: “Estou querendo muito falar sobre isso assim que possível, mas estamos muito can­ sados agora. Não acho que seja uma boa ideia lidar com esse assunto no momento. Podemos conversar sobre ele no café da manhã? Não se esqueça de que te amo — mas neste momento precisamos descansar”. Ejamais diga: “Não estou nem aí para como você está se sentindo. Está na Bíblia: Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira.'1 Bem, o sol já baixou, e eu estou irritado. E, já ia me esquecendo: vê se para de chorar!”. 3. Jamais recorreremos a xingamentos. E isso inclui envolver os nomes dos nossos pais (talvez você já tenha percebi­ do que sua mulher guarda algumas semelhanças com a mãe dela, e que isso faz você ficar muito frustrado).

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Diga sempre: “Fico muito incomodado quando você fala assim”. Nunca diga: “Muito bem, continue assim!”. 4. Jamais, durante um conflito, usaremos, um contra o ou­ tro, informações compartilhadas em momentos de sincera vulnerabilidade. A partir do momento em que você e sua esposa decidem que o casamento será o seu futuro, vocês passam a ter conversas íntimas sobre seus piores medos, arrependimentos e fracassos. Nas discussões, as fronteiras para que essas informações sejam ressus­ citadas e regurgitadas costumam ser desrespeitadas. Diga sempre: “Sei que isso deixa você louca. Desculpe-me por fazê-la sentir-se assim”. Jamais diga: “O que mais esperar da neta de um alco­ ólatra?”. 5. Jamais usaremos nossas características físicas como mu­ nição durante discussões. Como no caso de segredos íntimos ou de comparações injustas com familiares, co­ mentários hostis sobre a nossa aparência são proibidos. Diga sempre... Pensando bem, é melhor não dizer ab­ solutamente nada sobre o assunto. Ejamais diga: “Vê se não mete o seu focinho empina­ do na minha vida”. Esses são os artigos da nossa “Convenção de Genebra”. Se você resolver usar alguns deles ou criar as suas próprias regras, com certeza elas o ajudarão a manter suas batalhas sob controle. Digo isso porque, como homem, sei que somos condiciona­ dos a competir e vencer, por isso, às vezes, fica difícil não usar “todos os meios” de que dispomos. Mas não vale a pena ser vencido por essa tentação. Eles são como armas químicas. Por favor, não os use.

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Éassim que monitoramos anossa “Convençãode Genebra”: se violamos alguma de suas regras, o infrator é imediatamente declarado perdedor da discussão. Ela acaba na hora — e ali mesmo. Sugiro que você adote essa mesma conduta em seu casamento.

Estratégia de controle de incêndios 3: leia o manual de instruções

A Bíblia nos dá algumas poucas instruções específicas e bem claras. A obediência a elas fará milagres ao evitar que as nossas discussões acabem arruinando o nosso “primeiro ano de casamento”. 1. [...] Coabitai com ela com entendimento,24 Seguir estri­ tamente essa instrução, dirigida especificamente aos homens, significa evitar que algo terrível nos aconteça se a desobedecer­ mos, mais especificamente, que as nossas orações deixem de ser atendidas. E incrível, mas é verdade. Quando desrespeitamos a nossa esposa, é como se uma redoma fosse colocada sobre as nossas orações. Parece que a “sintonia” entre nós e Deus fica desconfigurada, prejudicando a Sua orientação em outras áreas da vida. Imagine as consequências devastadoras de não conseguir ouvir a voz de Deus quando Ele fala com você por intermédio das circunstâncias da vida, de outras pessoas ou da Sua Palavra. Essa passagem de 1 Pedro chama a sua parceira de vaso mais fraco. Que imagem interessante! Vejamos seu significa­ do: a palavra fraco não tem nada a ver com a força física ou a disciplina de sua esposa, ou com sua posição diante de Deus. Ela se refere ao seu valor, sua delicadeza e sua sensibilidade própria.

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Por causa desses dons, que pertencem somente a ela, a instrução dada a você é que seja cuidadoso. Gentil. Solícito. Por exemplo, é como se você transferisse uma partida de futebol, com todos os seus amigos de final de semana, para uma loja de porcelana repleta de antiguidades fragilíssimas e de valor inestimável. Como você está consciente do estrago que um simples passe causaria, é preciso jogar de um jeito diferente. 2 . [...] Não vos irriteis contra elaP Eu estava em uma via­ gem a negócios, tomando o café da manhã e me deliciando com uma tigela de cereal. Folheando um exemplar do USA Today, fui interrompido por um grito masculino. Olhando por cima do jornal, vi um homem jovem — aparentemente um pai — gritando a plenos pulmões, cara a cara, com seu filho. Fiquei sem palavras. Além de mim, todas as pessoas do restaurante que presenciaram aquilo fizeram silêncio. Antes de contar o que pensei na hora, é melhor dizer o que não me passou pela cabeça: Uau, aquela criança deve ter feito alguma coisa muito grave, para ser punida daquele jeito. O u então: Pobre pai, tendo de aguentar tanta falta de discerni­ mento e desobediência de seu filho. Agora parece que o menino entenderá a mensagem. Mas o que eu pensei na verdade foi: O que há de errado com esse cara? Ele devia ser preso por tratar seu filho dessa ma­ neira! E que impressão causa aos outros quando um marido trata a sua esposa de maneira desrespeitosa? Mesmo que este­ jam em ambiente privado, longe do julgamento público, é algo muito feio. É uma atitude injustificável. Quando o homem fala de maneira áspera com sua esposa, ele passa a estar errado. In­ variavelmente.

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Seu tom de voz tem tudo a ver como que acontece du­ rante uma discussão. Você já deve ter percebido que a maneira como você fala com a sua esposa é tão im portante — tanto do ponto de vista positivo como no negativo — quanto o que você diz a ela. Alguns maridos se defendem com a desculpa de que “não estão sendo rudes; ela é que é sensível demais”. As suas desculpas soam tão vazias como as que aquele pai no restaurante daria. Lembre-se de que a delicadeza de sua esposa é um “item de série” de toda mulher. Ela sempre será muito sensível ao som da sua voz. É a natureza dela que determina isso, e essa é uma das razões pelas quais Deus a concedeu a você. Ela é a pessoa ideal para ser sua parceira.

Estratégia de controle de incêndios 4: quando Deus diz algo à sua esposa, preste atenção

O marido, extremamente elegante, chega à sua mansão de milhões de dólares todo dia às oito da noite. Ele vem para casa nesse horário diariamente porque tem um compromisso com Leonard, seu garçom. “Chegaria em casa mais cedo”, diz à esposa, “mas o meu trabalho é tão estressante que, sem a ajuda da bebida, a vida seria impossível”. Quando ele abre a porta, uma incrível refeição preparada ao estilo gourmet já o espera. Seus filhos, que jantaram já faz uma hora, sabem que devem ficar quietinhos e se comportar. Se um deles estiver assistindo a um programa na TV de tela grande do papai, ele manda o filho direto até outra sala, para que possa baixar outro jogo na TV por assinatura. Ele despreza profundamente a capacidade da esposa de criar seus filhos, dizendo que o mau comportamento deles é

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culpa da mãe — afinal, ele nunca está em casa. O marido vigia todos os movimentos da esposa. Ela vive constantemente com medo. E ele passa seus dias em uma infelicidade mortal. “Logo quando nos casamos”, ela confessa, “senti vontade de dizer-lhe como me sentia por sua causa. O fato é que o pai dele tratava sua mãe exatamente assim — e a ele também. Esse homem só está reproduzindo um comportamento que apren­ deu na infância.” Embora sejam casados há quase 20 anos, a esposa tenta comunicar-se com o marido de maneira gentil. Discutir está fora de questão; ela tem muito medo disso. Seus amigos mais próximos são testemunhas do amor e carinho com que se dirige ao marido. E a incapacidade dele — e falta de vontade, para falar a verdade — para atender aos apelos da esposa é uma coisa que se acumula dia a dia. O fato de não ouvir o que sua esposa tem a dizer é justamente aquilo que o levará — e a ela também — ao fracasso no casamento de uma maneira ou de outra. Ao lermos as biografias de grandes homens, descobrimos que, por trás deles — quase sem exceções — , está a força e a sabedoria de suas esposas. Essas mulheres não foram apenas companheiras e mães dos filhos desses grandes homens. Elas se tornaram suas valiosas conselheiras, juízas e advogadas. Algumas chegaram a ser reconhecidas publicamente por seus esforços, mas a maioria ficou no anonimato, de modo que sua imensa contribuição se foi com seu desaparecimento. Desde o início de seu casamento, não há ninguém na his­ tória de sua vida que não deseje mais do que a sua esposa poder testemunhar o seu sucesso. À medida que você transforma esse relacionamento em um excelente casamento, tem de enfrentar conflitos e até mesmo brigas ocasionais. Isso é inevitável. Mas não se esqueça do seguinte: o mesmo fogo que ameaça o mato

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alto e seco dos campos pode ser usado para purificar metais pre­ ciosos. Quando você aprende a lutar de maneira justa e a nunca parar de ouvir o que ela tem a dizer, essas explosões entre você e sua esposa poderão ser a fonte de energia que Deus usará para moldar os seus 51% de um casamento esplêndido.

' Também conhecida no Brasil como ‘perua’ ou ‘wagon. Um automóvel com um interior estendido, contando com um terceiro assento ou plataforma de bagagem e uma porta traseira (NT). “ Efésios 4.26 (NT).

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C A P ÍT U L O 9

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Se marido e esposa não se comunicam a respeito de suas finanças, é sinal de que não estão se comunicando sobre nada. Larry Burkett,

Consultorfinanceiro



'em dias em que o Discovery Channel é a única coisa que vale a pena assistir na TV. Pensando nisso, Bobbie e eu passamos a assistir a um programa chamado Big Cats at Home.1 Existem muitas pessoas nos Estados Unidos que gostam de­ mais de grandes felinos, especialmente leões e tigres. E elas re­ solveram levar grandes felinos para sua casa, tratando-os como animais de estimação normais. Os vídeos dessespets são incríveis. Os “gatinhos” fofinhos, brincalhões e inofensivos invadiram a nossa sala de estar com seus donos. Mas um dia esses bebês crescem. “Fofinhos, brincalhões e inofensivos” não é mais uma classificação que os descreveria corretamente. Brincar atrás das cercas de um jardim pode ser bonito de se ver pela TV, mas o tamanho de suas garras, o rangi­ do de seus dentes e o mistério do seu ânimo fariam você mudar de ideia se tivesse de morar ao lado de seus donos. Vizinhos com medo tentaram forçá-los a se livrar dos felinos, mas, por incrível que pareça, não existe legislação nos Estados Unidos que proíba as pessoas de criar um leão ou um tigre em casa (no programa, vimos alguns desses “felinos de estimação” que pesa­ vam mais de duzentos e cinquenta quilos! Que bonitinhos...). Evidentemente, o programa também incluía algumas histórias bastante macabras sobre tais felinos — especialmente os tigres — , os quais, sem serem provocados e sem dar qual­ quer sinal, atacavam seus vizinhos ou mesmo os seus donos.

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O Discovery Channel exibiu impressionantes fotografias, no estilo antes e depois, mostrando pessoas que haviam sido ataca­ das. Muitas delas foram mortas. Os produtores do programa apresentaram por fim a se­ guinte advertência ao público: se você escolher ser dono de um tigre — ou de qualquer outro grande felino — trate-o com o maior respeito. E mantenha-o sempre atrás das grades. Lembre-se de que um tigre pode atacar a qualquer momento e sem aviso — e, quando isso acontecer, você certamente vai se ferir.

Atenção: dinheiro — lide com ele por sua própria conta e risco Tigres e dinheiro têm muito em comum. Os dois são muito atraentes. As pessoas param e “babam” diante do que eles são capazes de fazer — acrobacias com aros em chamas ou a mágica de fazer aparecer na sua garagem o mais moderno carrão impor­ tado alemão. Os dois são muito sedutores, mas ambos podem ser muito perigosos se não estiverem devidamente sob guarda. E uma das razões que um livro sobre o primeiro ano do seu casamento deve discutir as maravilhas e os perigos do di­ nheiro é que existe uma grande possibilidade de que você e sua esposa tenham visões completamente diferentes sobre ele:2ft Aposto que aquele tigre é capaz de caçar um veado e acabar com ele em menos de um segundo. “Que fofinho! Vem aqui, gatinho.” Você certamente acha que conseguirá domar esse tigre. Mas acredite: nem em sonhos isso acontecerá! A sua missão no seu primeiro ano de casamento não é domesticar esse

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Dinheiro: o tigre e o dragão em crise

felino chamado dinheiro, mas sim capturá-lo. E é muito mais fácil capturar um tigre antes de ele crescer m uito a ponto de ficar perigoso. Depois de capturá-lo, você e sua esposa poderão passar o resto de seu casamento em segurança admirando a sua beleza e seu poder.

A falsa promessa do dinheiro O que há de atraente no dinheiro é aquilo que achamos que ele pode fazer por nós. Por causa disso, muitas pessoas lotam ôni­ bus de excursões para ver as casas dos ricos e famosos. Podem-se ouvir “Oohs” e “aahs” a cada nova paisagem. “Olha o tamanho daquela propriedade!” alguém diz. “Você viu os carros na garagem?” outra pessoa pergunta. Fico me perguntando o que essas mesmas pessoas dizem de suas casinhas modestas quando voltam dirigindo seus carros de 12 anos atrás. “Ah, se pudéssemos dirigir um carro novo e morar em uma casa como as que vimos na excursão”, eles cievem pen­ sar. “Se pudéssemos ter tudo aquilo, aí sim seríamos felizes.” Esses mesmos “turistas” frequentam filas de mercado toda semana. Enquanto esperam, folheiam as capas de suas revistas semanais favoritas. Toda vez que fazem isso, veem fotos desses mesmos “ricos e famosos” deprimidos, em situação lamentável. As manchetes falam de “divórcios” e “acordos judiciais”, “rea­ bilitação” e “crises de depressão”. Eles protestam sobre “abuso” e “discriminação”. Fulano comprou um avião; cicrana ganhou uma casa em Angra. Ele importa carros; ela esbanja com joias. Não sabemos bem quem cuida dos seus filhos. Se são felizes, não se sabe.

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No início do nosso casamento, o Pr. Richard Freeman, da igreja que frequentamos, pregava sobre dinheiro em certa manhã de domingo. Ele estava prestes a falar da “campanha de comissariado” para o segundo semestre, quando seria pedido à congregação que “contribuísse para o orçamento anual”. N a­ quele momento, todos viram que era hora de “apertar os cintos de segurança”. Mas o reverendo Freeman nos surpreendeu nesta manhã com uma verdade que se encontra gravada no meu cérebro de agora em diante e para sempre. “Eu sei onde encontrar uma lis­ ta com as coisas mais importantes da vida”, confidenciou. “Eu tenho uma cópia dela aqui comigo.” Fiquei fascinado com esse pensamento. Mostre, então, te­ nho certeza de que disse isso em silêncio. Aí o reverendo. Freeman tirou algo do bolso. Era o seu talão de cheques. Virando-se para o caixa, ele abriu o talão e mostrou-o. “Sei onde suas prioridades estão”, ele disse, “porque aqui tem uma lista das prioridades que Lois Marie e eu temos.” Nunca havia pensado naquilo dessa maneira, e sabia que ele estava certo. A maneira como gastamos nosso dinheiro mos­ tra quais são as nossas prioridades.

Normal... Novamente No capítulo 4, falamos sobre estruturas familiares — sobre o que você e sua esposa aprenderam que era normal enquanto cresciam. Todo tipo de discussão sobre dinheiro precisa envolver isso também. Se os seus pais discutiam por causa de dinheiro, então, isso será uma coisa normal para você. Se o seu pai pa­ gava as contas da casa porque não confiava na sua mãe para

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administrar o talão de cheques, então, isso será uma coisa normal para você. Se o seu pai tiver comprado um carro “de surpresa”, sem consultar sua mãe antes; se a sua mãe fazia das compras um hábito diário, mesmo não precisando de nada; se os seus pais conviviam com dívidas de crédito pesadas; se os seus pais tentavam esconder seus gastos um do outro; se os seus pais esperavam pela oportunidade de comprar algo à vista — então, tudo isso será uma coisa normal para você. E você her­ dará esse legado e o trará gratuitamente para o seu casamento.

O tigre A outra razão pela qual estamos falando de dinheiro é que, quando perguntamos a casais que ainda não se casaram se eles acham que dinheiro será um grande problema, a maioria dirá que não. Eles costumam responder: “Não estamos preocupa­ dos com dinheiro. Estaremos vivendo o nosso amor”. E como esse tigre, até agora, ainda não causou problemas consideráveis ao casal, os noivos típicos não se preocupam muito com ele. Ao longo de seu namoro, seu noivado, sua cerimônia matrimonial e sua lua de mel, o tigre hiberna. Não é preciso enjaulá-lo. Mas depois de alguns poucos meses de casamento, o ga­ tinho acorda, e aí as coisas começam a mudar. Drasticamente.

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“O sofá que a vovó nos deu está em péssimas condições. Precisamos de um novo.” “Um título de sócio do clube de golfe seria uma ótima opção para eu levar meus clientes. Precisamos de um.” “Meu guarda-roupa está acabado. Preciso de novas rou­ pas para trabalhar.”

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“Não estou com a menor vontade de cozinhar. Vamos sair para jantar de novo?” “Ei, dê uma olhada nisto. Sem entrada — e zero de juros!” Para conseguir capturar seu tigre antes que ele se torne indomável durante o primeiro ano do casamento, adquira os “Hábitos por Trás das Grades” que já ajudaram muitos casais que queriam fazer a coisa certa com o seu dinheiro mas que não sabem como conseguir.

A verdade por trás das grades 1: faça um orçamento e viva dentro desse limite

Jamais me esquecerei do primeiro seminário sobre fi­ nanças a que assisti quando jovem. O líder era um homem chamado Ron Blue. Entre os seus clientes estavam os meus atle­ tas profissionais favoritos, além de importantes líderes cristãos. Ron caminhou até o microfone, agradeceu ao anfitrião e nos cumprimentou. “Querem saber o segredo do sucesso finan­ ceiro?” Então, ele mesmo respondeu. “Você atingirá o sucesso se ganhar mais do que gasta e conseguir fazer isso durante bastante tempo.” Alguns alunos riram, mas Ron se manteve sério. Ele pros­ seguiu explicando que problemas financeiros começam quando as pessoas gastam mais do que possuem. “Acontece toda hora”, disse. “Acontece com pessoas ho­ nestas — pessoas como você e eu, pessoas que não se decidiram a viver com aquilo que ganham.” Alguns séculos atrás, gastar mais do que você ganha era algo impensável. Dá para imaginar um pioneiro usando o seu MasterCard para comprar um cavalo a crédito? Mas, toda vez

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que você recebe a fatura do cartão, ele informa qual é o seu “limite de crédito”. “Ora, vamos lá”, parece que ele está implo­ rando. “Pense nas coisas maravilhosas que você poderia comprar com este dinheiro disponível. Yá em frente. Para que esperar?” Gastar mais do que você ganha viola a regra simples de Ron Blue. A consequência é a impossibilidade de obter sucesso financeiro. A maneira mais simples de vocês se manterem dentro dos seus limites é organizar um orçamento juntos —juntos. Como queria que Bobbie e eu tivéssemos feito isso anos atrás. A partir do momento em que começamos a manter um orçamento jun­ tos, nossas frustrações e discussões sobre dinheiro reduziram-se radicalmente. E mais: ao criarmos um orçamento juntos, pas­ samos a ter uma contabilidade mútua. Com o passar dos anos, percebi que o marido que se recusa a ser responsável em relação à sua esposa do ponto de vista financeiro é sempre um homem que evita ser responsável — cm qualquer nível — a todas as pessoas com quem se relaciona. A beleza da responsabilidade em relação a seu orçamento pessoal está no fato de que, pelo menos em um aspecto, quando você permite que o seu orçamento determine suas decisões de gastos, assim evita conflitos. O que acontece de fato é que o orçamento passa a ser o juiz de suas decisões. Se você precisa de ajuda para criar um orçamento (ou o que pode ser chamado de plano de gastos), existem softwares que você pode adquirir para gerenciá-lo mês a mês.27

A verdade por trás das grades 2: lembre-se de que a sua esposa tem percepções valiosas sobre dinheiro

Estava claro para ela que, pelas atitudes do seu futuro ma­ rido, ele já havia ultrapassado seus limites. Ele estava prestes a

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casar-se com uma moça brilhante, talentosa e rica, formada pela Ivy-League, mas, quando os dois entraram na sala do conse­ lheiro pré-nupcial, ela percebeu que o noivo queria assumir o controle das finanças no lar. Ele se dirigiu à noiva num tom perigosamente próximo ao de um pai irritado repreendendo seu filho. Quando explicou como era o seu planejamento financeiro, usou palavras que chegaram a assustar o conselheiro pré-nupcial. “Ela precisa entender algumas coisas a respeito de di­ nheiro.” “Darei a ela uma mesada. Quando acabar, acabou.” “Depois de nos casarmos, ela não vai poder simplesmen­ te torrar dinheiro como faz agora. Já conversamos sobre isso — e ela entendeu.” Parece que nunca ocorreu a esse jovem que sua noiva pos­ suía uma perspectiva e conhecimento a respeito de dinheiro que precisava ser valorizada. Parece que nunca ocorreu a esse jovem que suas palavras eram uma tentativa velada de controlar sua noiva. E parece que nunca ocorreu a esse jovem que seu controle obsessivo em breve a afastaria dele — provavelmente para um novo lar, do qual ele não faria parte. Há poucos locais em que jovens maridos cometem mais erros do que no campo do dinheiro. É sempre bom lembrar-se desta regra: Se você conversar com a sua esposa achando que ela é uma criança, ela vai achar que a sua preocupação com dinhei­ ro é maior que o seu amor por ela. No início do seu casamento, Bobbie e eu nos envolvemos em um terrível conflito sobre dinheiro. Eu recebia o salário de um trabalhador jovem, enquanto ela cresceu em um lar em que o dinheiro era gasto livremente.

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Dinheiro: o tigi-e e o dmgão em crise

“Não temos como pagar por isso” era uma coisa que eu dizia a toda hora. Não era o caso de Bobbie estar intencional­ mente desafiando-me; o fato é que ela realmente não conseguia entender a nossa situação financeira. Então, decidimos que Bobbie passaria a cuidar do talão de cheques. Em vez de colo­ car-me na posição de ter de dizer a ela o que a gente podia ou não pagar, ela veria por si mesma. Essa decisão foi sensacional. Bobbie se engajou tanto, que agora controla as minhas despesas como um falcão. Nossa grande briga no primeiro ano de casamento — de longe — foi quando comprei um disco do James Taylor sem a sua permis­ são. Foi um aperto!

A verdade por trás das grades 3: tome cuidado quando pedir dinheiro emprestado aos seus pais

São boas as chances de que os seus pais e os dela tenham mais dinheiro que os recém-casados. E é provável que eles os amem e que desejem a vocês dois o melhor. Essa é a razão de surgirem oportunidades em que os seus pais terão vontade — independentemente de vocês pedirem ou não — de emprestar-lhes dinheiro. Muita calma nessa hora. Preste bastante atenção. Imaginemos que você tenha um círculo de amizades bem restrito. Suponhamos que um deles — vamos chamá-lo de Haroldo — trabalha como analista de crédito em um banco. Vocês sempre foram grandes amigos. Você sempre se sentiu bem na companhia dele, e a recíproca é verdadeira. Um dia você decide comprar um carro novo e, como não tem dinheiro suficiente, procura Haroldo. Algumas horas mais

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O que todo noivo precisa saber

tarde, você vai até o banco pegar o cheque. O Haroldo está esperando em seu escritório e lhe entrega o cheque assim que você chega. Haroldo está muito satisfeito pelo fato de você ter feito o empréstimo com ele, e você, por sua vez, está certo de que pagará as prestações em dia. Mas, assim que você assina a papelada e o cheque passa da mão dele para a sua, você sente algo estranho. Passam-se algumas semanas para entender o que está errado, mas quando o encontra de novo, você entende: H a­ roldo fo i um excelente amigo. Não havia nada mais entre vocês dois do que o genuíno prazer de passar o tempo juntos. Mas agora você é um devedor em relação a Haroldo. E ele tem um documento com o seu nome escrito, e você portanto lhe deve uma quantia em dinheiro. Goste ou não, seu relacionamento com Haroldo mudou — pelo menos até que o empréstimo seja pago. Ou talvez para sempre. Vocês, pura e simplesmente, foram amigos. Agora você é um devedor. O rei Salomão, personagem importante da histó­ ria de Israel, definiu a situação muito bem: O rico domina sobre os pobres, e o que toma emprestado é servo do que empresta.2* Estabelecer um relacionamento consistente e sem restri­ ções com os pais de sua esposa é um objetivo importante e, às vezes, desafiador. E sua esposa quer o mesmo com os seus pais. É possível pedir dinheiro a eles e isso não afetar o seu relaciona­ mento. É possível que mudar o seu status de genro para devedor também não mude nada. Mas é provável que sim. Se você optar pelo caminho de pedir dinheiro emprestado a eles — como última opção — organize um plano de paga­ mento por escrito e cumpra-o. E liquide o empréstimo assim que puder. Fale a respeito do assunto quando estiverem juntos. Se você não fizer isso, essa dívida poderá literalmente corrom­ per o seu relacionamento.

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Dinheiro: o tigre e o dragão em crise

E tem mais um detalhe sobre o dinheiro de seus pais. Se eles oferecerem a você dinheiro, é bom ter cautela. Tenho um amigo muito chegado que recebeu um cheque de sua sogra no natal. “Seu sogro e eu queremos lhes dar uma nova T V em co­ res”, dizia o bilhete dentro do envelope. Isso foi na década de 1970, quando as TVs em cores custavam cerca de 500 dólares. Mas o valor do cheque era de 100 dólares, bem menor que o preço da TV. Aquele presente de Natal custou caro ao meu amigo! E se você acha que ele se sentiria confortável se não tivesse uma TV em cores na pró­ xima vez que os sogros os visitassem, está enganado. Presente de grego, não é? O pensamento de Ron Blue sobre pais dando presentes para filhos casados é m uito interessante. O presente, segun­ do ele, não pode obrigar o casal a fazer algo com que eles não podem arcar. “N unca dê dinheiro que afete o estilo de vida de alguém”, diz. O u seja, não permita que os seus pais lhes deem dinheiro que os obrigue a assumir um estilo de vida que esteja além da sua capacidade financeira. Dar um cheque de 100 dólares para alguém comprar uma TV que custa 500 dólares é um exemplo clássico; outro é a prestação de uma casa enorme por cuja manutenção você nem tem como pagar. Ron e sua esposa, Judy, presentearam seus filhos casados com eletrodomésticos (quem não quer uma boa máquina de lavar e uma secadora?). Seu conselho aos pais é que ajudem seus filhos casados com dinheiro para amortizar a entrada de seu financiamento habitacional ou que abram uma caderneta de poupança e façam um depósito inicial para ajudar na educação dos netos. Essas são ótimas ideias.

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O que todo noivo precisa saber

A verdade por trás das grades 4: trate a sua esposa como sua sócia

Independentemente de a sua esposa assumir o controle do talão de cheques, eis um fato: Você não estará apenas lhe dando a honra de fazer parte da sua estratégia financeira, como tam ­ bém estará fazendo um grande favor a si mesmo. A percepção dela será extremamente importante. Quando Mike Hyatt e eu fundamos a nossa editora em 1986, pedimos empréstimos e hipotecamos tudo o que a em­ presa possuía. Era estranho pensar que, dali para a frente, cada um de nós jamais poderia referir-se aos ativos da empresa como “meu dinheiro”. Agora eles eram “nossos”. Tomávamos todas as decisões financeiras juntos. Se eu qui­ sesse procurar um especialista em marketing ou investir em um novo hardware sem a permissão de Mike, estaria passando para ele a seguinte mensagem perturbadora: “Apesar de você ser meu sócio, tomarei decisões importante sem a sua participação”. Trate a sua mulher como parceira de negócios. Pense es­ trategicamente em despesas e investimentos ao seu lado. Tente sempre evitar falar em “meu” dinheiro e em “seu” dinheiro.29 No futuro, caso vocês tenham filhos e sua esposa decida tornar-se uma dona de casa, você poderá ser forçado a tratar o dinheiro como “nosso”. Não consigo me lembrar de nenhum bom motivo para deixar essa “parceria” para depois.

A verdade por trás das grades 5: ofertas devem fazer parte do seu orçamento

A maneira como uso o meu dinheiro reflete o que é real­ mente importante para mim. Olhando apenas uma vez, posso saber o que valorizo mais. Poderia achar que fazer ofertas à mi­

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Dinheiro: o tigre e o dragão em crise

nha igreja ou a outras obras é algo que pode esperar até que eu ganhe mais, mas sei por experiência que, se Bobbie e eu não tivéssemos adquirido o hábito de sermos generosos logo cedo, seria impossível adquiri-lo mais tarde. A prática da caridade foi uma coisa que meus pais me legaram como uma bênção. Esse é um dos meus padrões de normalidade. Meus pais eram dizimistas — eles doavam pelo menos dez por cento do que ganhavam por ano. Por isso, uma das primeiras decisões financeiras que Bobbie e eu tomamos foi nos certificarmos de que, no final do ano, nossas doações totalizassem pelo menos dez por cento da nossa renda. Não fizemos isso para obrigar Deus a nos abençoar de alguma ma­ neira especial; a razão foi termos aprendido que essa era a coisa certa a fazer. E também descobrimos que o ato de servir era em si mesmo recompensador, confirmando o que a Bíblia diz: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber:30 A oferta que tínhamos dificuldade em fazer em nosso primeiro ano tornou-se um padrão de generosidade pelo qual somos gratos. Afinal de contas, é mais fácil tomar decisões es­ tratégicas sobre doar dinheiro quando você acabou de se casar e vive com pouco do que quando você consegue acumular um patrimônio. É mais fácil dar dez centavos de cada dólar do que cem mil dólares de cada milhão! Se você parar de pagar as prestações de sua casa, será des­ pejado. Se for negligente com o pagamento das parcelas do financiamento do seu carro, o banco enviará um guincho para retomá-lo. Mas se você parar de contribuir para a sua igreja, ela sofrerá em silêncio. Segurar o dinheiro com a mão aberta servirá como um lembrete para você de que ele é, em primeiro lugar, uma dádiva. É por isso que a sua igreja normalmente se refere ao departa-

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mento que cuida da sua arrecadação financeira como tesouraria. Um tesoureiro nunca é “dono’’ de nada. Pelo contrário, ele é encarregado de tomar conta da propriedade alheia. A sua mão aberta sempre o lembrará de que o dinheiro é uma bênção a ser compartilhada, e não um ativo a ser guardado. Além disso, manter a mão fechada fará com que você dei­ xe de receber muitas bênçãos.

A verdade por trás das grades 6: definir um limite de gastos com entretenimento

Estava falando ao telefone com um negociante que res­ peito muito. Ele é responsável por uma grande divisão de uma corporação multinacional com 150 anos de mercado, e é muito bem-sucedido. Meu antigo ama o seu trabalho, e me lembra disso sempre que conversamos. Durante a nossa conversa, ele mencionou seu limite de gastos. Estávamos falando de um investimento que achava ser uma boa ideia para a sua divisão. “Precisarei conversar com o C EO ”, ele disse. “Cem mil dólares são uma quantia que está além do meu limite.” Meu amigo é feliz no trabalho, porque, dentro do seu “limite de gastos”, tem liberdade para tomar decisões. Seus instintos empresariais — aplicados dentro desses limites — tornam seu trabalho estimulante e motivador. No início de seu casamento, você e sua esposa deveriam estabelecer um limite de gastos sem necessidade de permissão. Pode ser de dez dólares, cem dólares ou mais. Além disso, vocês podem definir um “limite de periodicidade” — uma vez por semana, duas vezes por mês ou o que for melhor para os dois.

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Dinheiro: o tigre e o dragão em crise

Esse dinheiro dará a cada um a sensação de liberdade sem com­ prometer o orçamento. Quando vir algo que esteja dentro do limite combinado do seu orçamento, é só comprar. Mark e Susan aconselham os recém-casados a adotarem uma abordagem semelhante. Eles a chamam de Prêmio de Segu­ ro de Casamento (MIP, do inglês Marriage Insurance Premium) — que é uma determinada quantia em dinheiro separada a cada mês para você gastar com a permissão da sua mulher. Possuir um MIP cria uma margem de liberdade para cada um de vocês, um espaço em que você pode tomar suas decisões financeiras de ma­ neira adequada ao seu estilo e personalidade. Sem ele, você e sua esposa podem logo sentir-se limitados e enganados.

A verdade por trás das grades 7: buscar a felicidade

No inicio do meu casamento, se alguém me dissesse que ganhar muito dinheiro não me tornaria uma pessoa feliz, eu daria uma sonora gargalhada. E claro que eu tinha noção do clichê sobre dinheiro e felicidade, mas sabia que aquilo era algo tolo e duvidoso. Com o passar dos anos de vida juntos, Bobbie e eu vimos alguns de nossos amigos ficarem ricos. Em alguns casos, muito ricos. Assim, fizemos muitas amizades com “pessoas abastadas”. Em alguns casos, muito abastadas. E observamos o seguinte — o que, até hoje, não deu lugar a exceções: Se essas pessoas eram felizes antes de enriquecer, elas continuavam assim. E se elas eram infelizes antes de ganhar muito dinheiro, não seria isso que mudaria sua situação. Quando tinha 20 anos de idade, atravessei — com mais 39 amigos — os Estados Unidos de bicicleta. Havia três obstá­

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culos de três mil metros entre o Pacífico e o Atlântico no nosso caminho. Uma coisa de que me lembro sobre a subida dos acli­ ves da face Leste dessas montanhas era que, ao percorrermos as curvas da estrada — pensando que já tínhamos chegado — , notávamos que ainda havia mais subidas para vencermos. Che­ gar ao topo parecia uma tarefa inatingível. Sacrificar o caminho percorrido pensando na felicidade futura náo vale a pena. Quando você finalmente pensar que conseguiu “aquilo que tanto almejava”, sua bicicleta faz a curva e, voilà, a estrada recomeça, com mais um “se eu conseguisse aquilo que tanto almejo” esperando por você. O fato é que as­ sim você jamais chegará ao topo. Então, o que fazer? Respire fundo e perceba que a escala­ da em direção aos seus objetivos é mais parecida com aquelas rodas para ratinhos engaiolados do que com um objetivo a ser atingido. Você está mais para ficar girando na rodinha mesmo. Entender isso — e acreditar na sua validade — o ajudará muito em sua jornada na direção da felicidade.

A verdade por trás das grades 8: dinheiro é uma substância neutra

Você pode ir a uma livraria e encontrar livros sobre dinheiro aparentemente escritos a partir de uma perspectiva cristã. Alguns desses livros dirão que o dinheiro — especialmente quando te­ mos muito — é uma coisa ruim; por outro lado, você vai ser capaz de encontrar livros dizendo que ter muito dinheiro é a ma­ neira pela qual Deus optou para recompensá-lo pela obediência. Você consegue entender posições tão opostas — ambas alegando representar uma perspectiva cristã? Veja onde estamos querendo chegar. O ponto central da questão é o seguinte: Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda

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espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da f é e se tras­ passaram a si mesmos com muitas dores.31 A água é uma substância neutra. Ela pode salvá-lo matan­ do a sua sede depois de um jogo de basquete ou de uma corrida pela vizinhança. Mas uma pessoa também pode se afogar nela. Um taco de beisebol também é uma substância neutra. Um rebatedor pode usá-lo para fazer uma jogada decisiva e ganhar o jogo para a sua equipe, ou um bandido pode usá-lo para matar uma vítima inocente. O dinheiro também é uma substância neutra. Ele pode ser usado para o bem, ou pode levar uma pessoa à morte. A variável não é o dinheiro em si, mas como ele é usado. As proi­ bições não negociáveis sobre o dinheiro são as seguintes:

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Não se apaixone por ele; use-o, mas com sabedoria. Não gaste mais do que ganha — com exceção de um financiamento em condições razoáveis, evite dívidas. Compartilhe decisões financeiras com sua esposa. Oferte tanto quanto possível.

Em respeito ao que ele pode fazer por você — de bom e de ruim — , segure o seu dinheiro, independentemente da quantia, com a mão aberta. Esse tigre atrás das grades é algo belo de se ver.

'Grandes Felinos em Sua Casa. Tradução liv re (NT).

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eoco: l u x l a m v i o À / m c i

H á três coisas que m e m aravilham, e a quarta não a conheço: o cam inho da águia no céu, o cam inho da cobra na penha, o cam inho do navio no meio do m ar e o cam inho do hom em com um a virgem. Provérbios 30.18,19



/ /

f< .U quero que vocês fechem os olhos e pensem em tantas fantasias sexuais um com o outro quanto conseguirem.” Embora Mark e Susan tenham feito aconselhamento pré-nupcial com mais casais do que conseguem lembrar-se, eles nunca se esqueceram do momento em que esta instrução lhes foi dada em sua própria preparação antes do casamento. Ela não foi uma surpresa completa, já que o ministro que a fez costumava trafegar no terro do inusitado. Era um homem que tinha uma incrível capacidade de trazer Jesus para os lugares mais improváveis nas formas mais inesperadas. “Darei a vocês 60 segundos”, disse o ministro. Mark, feliz em obedecer a seu pastor, fechou os olhos e começou a pensar. O que Susan pensaria respeito daquilo não era sua preocupação imediata. “Acabou!” o ministro anunciou com um gesto. Mark olhou para ele, sentindo-se um pouco reticente sobre o que ha­ via acabado de fazer enquanto estava sentado na igreja — na sala do pastor! “Agora deixe-me contar a vocês o que aconteceu”, disse o ministro, liberando Mark de ter de anotar o que havia acabado de se passar por sua mente. Apontando para Mark, o ministro continuou: “Este jo­ vem só pensava em vinte ou trinta possibilidades diferentes. Mas sua futura esposa ainda está tentando pensar em uma

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() ejue todo noivo precisa saber

dessas possibilidades”. Mark olhou na direção de Susan. Seu rosto corado e o riso tímido nos lábios confirmaram as palavras do pastor. Naquele momento, Mark percebeu o que eu e você já sa­ bemos. As diferenças anatômicas entre maridos e esposas não se comparam com as imensas diferenças que existem nos lugares que jamais veremos — o nosso cérebro e o nosso coração.

Prazer, Sr. Ingenuidade! Anos mais tarde, Mark estava sentado em frente a um jovem ca­ sal com apenas três meses de casamento. Por causa de confusões no agendamcnto, o casal só conseguiu completar quatro das cinco sessões pré-nupciais antes do casamento. Assim, a quinta e última sessão está ocorrendo agora, poucos meses após o ca­ samento. Nesta sessão, Mark normalmente discute o processo (e o poder) de construir uma vida sexual mutuamente satisfatória. “Os homens têm uma tendência a interpretar mal as necessida­ des de suas esposas quando se trata de sexo”, disse Mark. “Eles, muitas vezes, acham que, porque estão satisfeitos, as esposas também devem estar.” Enquanto ele falava, a noiva acenou com a cabeça em concordância. Ela sabia exatamente o que Mark estava dizendo. O noivo, por outro lado, foi tornando-se cada vez menos aten­ to, e os seus olhos examinavam fotografias de família na mesa de Mark e os comentários da Bíblia que estava na mesa. A esposa estava farta daquilo. “O senhor está vendo só?”, perguntou, aumentando o tom de voz o suficiente para deixar o marido saber que ela não estava satisfeita com a sua atitude.

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“Ô, amor”, o jovem respondeu, com um traço distinto de gozação em sua voz. “Você realmente acha que precisamos de ajuda nessa área?” Seus olhos se moveram de sua esposa para Mark, e a arrogância em seu olhar aumentou. Suas próximas palavras confirmaram que ali estava um homem em vias de tornar-se completamente estúpido por sua própria virilidade. “Eu diria que nós dominamos perfeitamente essa parte da nossa vida.” A jovem noiva endireitou-se em sua cadeira e olhou nos olhos de seu marido. “Você certamente já descobriu como tornar-se feliz, meu caro”, retrucou, “mas ainda tem uma ou duas coisas para você aprender sobre mim.” O silêncio que se seguiu foi pesado e intencional. Mark queria que as palavras da esposa mergulhassem profundamente na mente de seu marido. O rubor de seu rosto revelou que o seu comentário forte tinha atingido o marido como um soco.

Leve-me ao jogo Convenhamos, relação sexual é relação sexual. Fazer as partes certas dos nossos corpos se encaixarem não é nada muito com­ plicado. A mensagem “Não necessita de montagem” poderia também constar em nossas certidões de casamento. Mas, para sua esposa, isso não é suficiente — não chega nem perto. Fazer as conexões emocionais e físicas de maneiras completamente satisfatórias para ela é um desafio totalmente diferente... F uma coisa totalmente nova. Desde a época em que éramos jovens — sexto ano, quan­ do toca o sino — nós e nossos amigos começamos a falar sobre “correr até as bases.” E eu não estou falando de beisebol. Você

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se lembra de ouvir os colegas dizendo piadas sobre ir até a pri­ meira base com uma garota — e então chegar à segunda base, e assim por diante? E particularmente não me recordo de nin­ guém dando nomes especiais para esses momentos, mas acho que assumimos que andar de mãos dadas e trocar beijos foram incluídos na primeira base. Beijo de língua poderia estar no percurso da primeira base para a segunda, e as carícias acima da cintura definitivamente anunciavam a chegada à segunda base. Quando você atingia a terceira base, significava que já rolavam carícias no corpo inteiro — tudo menos relação sexual propria­ mente dita. E, é claro, alcançar a HomeBase era o máximo. Você se lembra como foi cada um desses momentos? Para a maioria dos homens, independentemente da sua idade ou fa­ çanhas sexuais ao longo da vida, esses “primeiros” momentos são inesquecíveis. Tenho notado algumas coisas interessantes sobre como a maioria dos meninos fala sobre essas conquistas durante a sua adolescência.

Conquistas inesquecíveis

A primeira vez é uma experiência incrível — mesmo a da primeira base. Como meu pai foi pastor, sentar no banco da igreja era tão comum para a nossa família como sentar à mesa na cozi­ nha. Então, é claro, os meus primeiros encontros com garotas que não pertenciam à nossa família aconteciam lá. Qualquer coisa remotamente parecida com “interação social” na escola não passa de uma vaga lembrança, mas na igreja era diferente. Lembro-me de olhar para as meninas durante meus anos de escola dominical na adolescência, principalmente porque elas

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sempre se sentavam umas com as outras e sofriam de acessos de riso terminais. Eu estava sentado ao lado dela na igreja na primeira vez em que fiz contato com a mão de uma menina. Estávamos de braços cruzados, o que permitiu que nossas mãos se tocassem. E foi o que aconteceu. Meu coração disparou. Tenho certeza de que minhas orelhas ficaram vermelhas. Meu corpo inteiro formigava. Eu me senti como Kirk Gibson' no primeiro jogo da World Se­ ries de 1988. O pastor podia estar exercitando a sua oratória mais brilhante, mas eu estava completamente longe dali. Foi um momento incrível. Senti-me mais vivo do que nunca.

Fadiga de continuar

Eu treinei a minha primeira equipe Little League no se­ gundo semestre do ano 2000. Aprendi que, mesmo para os mais jovens, chegar à primeira base pode ser uma emoção e tanto, mas quem quer ficar só por lá? Saber dançar conforme a música para avançar alguns poucos metros em direção à segunda base é uma forma de arte. Claro, o objetivo é forçar uma tentativa de recepção na esperança de que o lançamento seja suficientemen­ te forte para que se possa correr até a segunda base. É uma coisa muito simples. Assim que chegar a uma base, o seu interesse não é mais ficar lá, mas sim seguir em frente. Ficar na mesma base por muito tempo é — bem, é um tanto chato.

Correndo para a base

Depois de passar algum tempo na primeira base, da pró­ xima vez em que você correr para uma base, você deixa a sua

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base atual para trás, a percorrer o caminho para a próxima. Eu estive lá, sei como é. Quando nossas filhas fizeram 16 anos, receberam a nossa permissão para um marcar um encontro — para sair à noite com um rapaz. Os jovens estavam conscientes dessa nossa “regra de namoro aos 16 anos”, de modo que quando os aniver­ sários das meninas se aproximaram, Bobbie e eu não pudemos deixar de notar que os meninos começaram a estar por perto. Tínhamos outra regra, além do limite mínimo de idade. Os meninos que estivessem interessados em levar nossas meni­ nas para sair teriam de ser entrevistados por mim.32 O encontro da nossa segunda filha seria com um menino mais velho. Ele tinha 18 anos. Durante a entrevista, perguntei a Steven se ele já havia tido um relacionamento de longo prazo antes. “Sim, senhor”, ele disse. “Quanto tempo vocês namoraram”, perguntei. “Oh, cer­ ca de um ano”, foi sua resposta. Como essa era a primeira experiência de namoro para Julie e como Steven era uma espécie de veterano, adverti-o suavemen­ te sobre a sua sede de ir ao pote. “Não parta do pressuposto”, disse — enquanto gotas de suor se formavam nas suas têmporas — “de que você pode ir rapidamente até onde já esteve com sua outra namorada. Esta é a primeira experiência de Julie.” “Sim, senhor”, ele disse de novo, com os lábios ficando roxos por causa da privação de oxigênio.

Aprendendo a falar de sexo Vários anos atrás, um casal mais velho entrou no escritório de Mark. O que o marido disse nos primeiros minutos teria sido

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ridículo, se não fosse tão trágico. “Faz anos — talvez dez — desde a última vez em que minha esposa e eu temos tivemos algum tipo de intimidade física”, confessou. “A coisa chegou a um ponto tão ruim, que eu decidi que precisávamos de acon­ selhamento.” A desintegração do casamento começa geralmente em lu­ gares secretos — lugares que ninguém mais pode ver, lugares que os maridos e as esposas evitam. E a intimidade sexual é um dos temas mais frequentemente evitados. Muitos casais apren­ dem a magia do diálogo aberto sobre todas as dimensões de suas vidas juntos — cada uma das dimensões possíveis, com exceção do sexo. E, por causa dessa negligência, o sexo, muitas vezes, torna-se uma área de frustração total e fracasso retumbante. No início de seu casamento, você precisa aprender a ex­ pressar suas necessidades de forma clara, e sua esposa precisa fazer o mesmo. E eu não estou falando de comentários sarcásticos durante o sexo. “Posso pegar algo para /cr?” não é algo que deva ser considerado uma conversa tão produtiva sobre esse assunto. “Eu realmente quero fazer amor com você esta noite” — um marido precisa sentir-se livre para dizer isso gentilmente a sua esposa no café da manhã. “Quando você faz isso comigo, fico louca”— uma mulher deve ser capaz de dizer isso a seu marido, sem inibição. Quando mencionamos a necessidade deste tipo de aber­ tura — especialmente para solteiros em um relacionamento — , muitas vezes, ouvimos um sonoro (ou não verbalizado) “Eu JAMAIS poderia dizer isso!” Então, nós fazemos o casal re­ cordar-se do desafio do Antigo Testamento de concentrar nossos esforços durante todo o primeiro ano em aprender a proporcionar prazer à nossa esposa. E como pode um marido pode aprender a agradar sua esposa se não falar sobre o que lhe agrada?

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Para chegar à resposta, começamos mais uma vez com a nossa família de origem — os nossos padrões de normalidade. Se os seus pais não mostravam afeição física em sua presença, isso virou um padrão de normalidade. Se você nunca os viu trocan­ do carinhos com ternura, pode ter se convencido de que eles o encontraram na bolsa da cegonha, uma vez que nunca teriam feito AQUILO com o objetivo de trazê-lo para a sua família! Se os seus pais falavam sobre o sexo como algo sujo e ter­ rível, esse passou a ser o seu padrão de normalidade. Se os seus pais andavam pela casa em suas roupas íntimas (ou sem elas), se você viu seus pais flertarem com outros adultos em público, mas não um com o outro, se você nunca recebeu uma única pa­ lavra de aconselhamento sobre sexo quando você era pequeno e, por fim, se você tinha a certeza (e ainda tem) de que sua mãe seria incapaz de pronunciar a palavra coito — todas essas coisas passaram a ser normais para você. Seu desafio é reconhecer o seu padrão de normalidade sexual e celebrá-lo, porque é muito saudável, ou aprender superá-lo, se não for. Então, você poderá começar a sentir-se livre para conversar sobre o assunto com sua esposa. As chances são melhores do que 50/50 de que ela está ansiosa para falar sobre isso com você.

Saindo da base e correndo até o p la y g ro u n d Aprender sobre sexo fazendo um paralelo com o beisebol é algo que certamente não se aplicaria ao nosso dia a dia na época do sexto ano. No beisebol você “rebate, arremessa, corre, pisa, anota, aquece, vira — e vence”. Então, você pode concluir que o sexo é algo que você faz. Você pisa na base, ou você corre e entrega. Você faz algo com alguém.

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Estaríamos muito melhor se tivéssemos usado um play­ ground como metáfora da nossa imagem sexual. E isso que a metáfora proporciona e que o beisebol deixa passar.

Variedade

Tenho certeza de que você nunca viu um playground com apenas um tipo de estrutura para brincar. Você consegue ima­ ginar como seria absurda uma escola só com gangorras e nada mais? O u então apenas com gira-giras ou só com escorregas? O beisebol tem regras — centenas de regras. Só porque um jogador decide que é mais divertido atirar-se para pegar uma bola do que arremessá-la, isso não muda a regra. Três strikes significam sempre um out. Não há espaço para a flexibili­ dade. De fato, alguns espíritos livres perguntam por que aquilo é chamado de “jogo”. A diversão do playground é o prazer da variedade. Q uando se trata de relações sexuais com a sua esposa, encare a experiência como se estivesse no recreio e não entre as quatro linhas do campo de jogo. Alterar as definições, os momentos do dia, as posições e os locais — tudo é perfeitamente legal. Você não será acusado de errar por causa da sua criatividade. Claro, e como é um jogo, não se esqueça de que a sua companheira está se divertindo também. Isso é profundamente importante para ter em mente.

Espontaneidade

Eu realmente não sei por que eles fazem isso, mas os jo­ gos de beisebol quase sempre começam em horários fixos —

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coisas do tipo 13h05 ou 19h20. No início de cada temporada, os atletas sabem exatamente por qual time e onde jogarão nos próximos seis meses. Mesmo entre os jogadores individuais, rigorosos esque­ mas de treinamento são realizados diariamente. Um jogador, só porque quer, não pode decidir treinar rebatidas antes do café da manhã ou levantar peso durante a sexta entrada. Simplesmente não há espaço para impulsividade ou espontaneidade. Mas a intimidade com sua esposa é muito diferente do beisebol. Não é algo que tenha de seguir uma agenda. Você in­ clusive não tem direito de fazer quaisquer exigências inflexíveis com relação à frequência, nem ela tem o privilégio garantido de entrar em greve.

Riso

Não há praticamente nada que possa ser considerado en­ graçado em um jogo de beisebol. Você ouve aplausos, vaias, gritos, insultos e referências às progenitoras dos árbitros. Há muito pouco riso, a menos que o humor seja dirigido a uma trapalhada envolvendo algum jogador. Mas se você abrir a jane­ la perto de um playground em uma pracinha de bairro cheia de crianças, você ouvirá gritos de alegria e risos. Um dos indicadores mais visíveis de um casamento sau­ dável é a capacidade de rir. Assistir a filmes bobos e contar de piadas um para o outro são coisas tão importantes quanto uma relação sexual de arrepiar. Algumas mulheres dizem que, de fato, uma coisa leva à outra. Mark e eu temos uma amiga cristã em comum que é te­ rapeuta sexual. Ela diz: “Existem 150 posições para a relação

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sexual, e apenas duas delas podem ser realizadas com sucesso sem rirmos”.

Todos saem ganhando

Você consegue imaginar uma criança reclamando para sua mãe que “perdeu na brincadeira do balanço” ou que “foi derro­ tada no gira-gira”? A beleza do playground é que a brincadeira em si é o objetivo. Para que haja sucesso, um grupo não precisa esmagar o nariz de outro, impondo a eles uma derrota desagra­ dável. Porque a brincadeira em si é o único objetivo, e os dois lados ganham. “Hoje à noite eu estou completamente ao seu serviço”, um marido pode dizer à sua mulher antes de dormir. “Seu dese­ jo é uma ordem — o que você quiser será o meu prazer.” Podem chamar essa cara de “perdedor” no beisebol, mas, na vida amo­ rosa, ele ganhou o prêmio Cy Young, a coroa dos rebatcdores e o MVP numa noite só. Claro, sua cerimônia de premiação é comemorada algu­ mas noites mais tarde, quando sua esposa fizer a ele essa mesma oferta incondicional. Acho que nós acabamos de definir como são as coisas quando os dois lados ganham.33

Missão possível: aprender os segredos do sexo com a sua esposa Existem diferentes tipos de momentos emocionantes no bei­ sebol. Certamente, o home run do rebatedor é o melhor deles — como o de Kirk Gibson em 1988. O no-hitter e o triple play são surpreendentes e extremamente raros. Mas um dos meus

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momentos favoritos no beisebol é o inside-the-park home run. Na verdade, com o tamanho reduzido de muitos dos novos es­ tádios, eles são cada vez mais frequentes. Mesmo que você não seja um grande fã do beisebol, pro­ vavelmente já sabe que quando um jogador lança para fora do campo de jogo, ele deve correr para fazer o home run", tocando em todas as bases. Se ele não fizer isso, a equipe adversária po­ derá protestar — e ele será eliminado. Ok, então, você já sabia disso. Mas você sabia que, mesmo que a bola ultrapasse a cerca, ele ainda tem de tocar em todas as bases, ou o seu esforço não contará como um home rurü. Robin Ventura reaprendeu essa regra em 1999 no campeona­ to da National League Championship Series contra o Atlanta, quando fez um home run imponente nas arquibancadas centrais à direita com a bases ocupadas. Seus companheiros de equipe correram do banco e o cercaram. O jogo acabou, e os Mets haviam vencido. Mas, como Robin não chegou a tocar as bases, ele recebeu o crédito de ter conseguido um grand-slam single“'. Agora que você é casado e “chegar à home platd’" é algo normal, pode sentir-se tentado a fazer uma curva à esquerda imediatamente na base do rebatedor, simplesmente correndo até a terceira base e voltando. Na verdade, você pode até mesmo sentir-se tentado a ficar ali na homeplate. Ei, todos os rebatedores estão por cima. Certo? Bem, na verdade, não. E isso é exatamente o que a jovem noiva estava tentando dizer a seu noivo no escritório de Mark naquele dia. Se o seu marido não se lembrar de suas habilidades de baserunning e praticá-las regularmente, ela perderá o inte­ resse por ele rapidamente. Para um homem, a emoção do sexo é chegar ao destino. Mas, para sua esposa, tudo o que importa é a viagem até lá. No

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que diz respeito a ela — mesmo que seja casada e que o placar nunca fique no zero a zero — , se ele “não tocar todas as suas bases”, a relação sexual não ganhará nenhum ponto. Então, quais são os segredos para uma relação sexual de alto nível com a sua esposa? O que significa “tocar todas as bases”? Se você tem acesso ao livro What Every Bride Needs to Know [O que toda noiva precisa saber], consulte o capítulo 10. Aprenda o que as mulheres pensam sobre como esse “jogo de beisebol” deve ser jogado.

O toque

Lembram-se do quadro de parede em tamanho natural na aula de biologia que mostrava como é o nosso sistema nervoso? Saindo do cérebro havia linhas que pareciam rios e afluentes, ramificando-se, até que cobrissem todo o seu corpo. Tente lembrar-se de onde você viu a maior aglomeração — a maior concentração — de terminações nervosas. Um capí­ tulo sobre o sexo pode mandá-lo para o lugar errado, porque a resposta é — nas pontas dos dedos. Não há palavras para descrever o poder do toque, espe­ cialmente para uma mulher. É quase como se houvesse um nervo que corresse em linha reta de seus dedos para o coração. Muitos maridos acomodam-se ao padrão de nunca aca­ riciar suas esposas, exceto em um contexto sexual. E esses homens se perguntam por que suas esposas têm pouco entusias­ mo com seus carinhos. A verdade é que os lugares em que ela quer ser tocada, muitas vezes, nem sequer aparecem em nossas “linhas de base”. Um dia, ela pode querer que você escove os seus cabelos. No outro, ela pode precisar de uma massagem no

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pescoço. Depois, ela pode sentir enorme prazer se você esfregar seus pés. Se o único jogo sexual que você conhece é o beisebol, você provavelmente atacará. Então, quando você está sentado ao lado dela em um show ou dirigindo, segure a mão dela. Quando estiver caminhando do estacionamento para o shopping, pegue na mão dela. Quando se sentar em frente a ela em um restaurante, esperando por seu prato, acaricie a mão dela enquanto conversam. Você provavel­ mente fazia isso quando namoravam — e não há nenhuma boa razão para parar agora!

O beijo

Não sou especialista nas regras que as prostitutas seguem, mas há uma que é universalmente conhecida. Quando elas estão com um cliente, não há absolutamente nada que seja inaceitável — fora dos limites. Todas as posições possíveis ou fantasias que o cliente tiver fazem parte do jogo. E por elas que o cliente está pagando. No entanto, o beijo é algo fora de ques­ tão. Esse ato comunica um nível de amor e intimidade que nem mesmo as formas mais bizarras de sexo são capazes de acolher. Você não acha isso incrível? Muitos casais param de se beijar depois do casamento. Mesmo que você esteja casado há pouco tempo, talvez já tenha notado isso. Eu me casei com uma mulher que gosta de beijar. Fico cansado só de pensar nisso, mas, quando estávamos noivos, podíamos ficar literalmente — eu não estou inventando isso — nos beijando, só nos beijando, horas a fio. Às vezes, a gente parava (para recuperar o fôlego) e falava sobre como seria bom quando estivéssemos casados.

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“Poderemos nos beijar a noite toda”, dizia Bobbie. Não era exatamente o que eu tinha em mente, mas eu a deixava aproveitar essa ideia. A próxima vez que vocês estiverem fazendo amor, pare e dê um beijo longo e apaixonado na sua esposa. Faça como no dia em que lhe pediu para casar-se com você. Depois me diga se eu estava certo.

A conversa

E voltamos novamente ao mesmo ponto — falar sobre falar. Mas aqui o assunto sexo não é o tema. Meu foco não está em comentários do tipo “o que lhe dá prazer é o que também mc dá prazer” ou “preciso fazer amor com você hoje à noite”. Não, esse tipo de conversa é tão importante para uma mu­ lher como qualquer tipo de preliminares poderia ser. A ideia é falar com delicadeza, palavras positivas, conversar sobre assuntos agradáveis, como quando você estava tentando conquistar seu coração. Estes são os enunciados que ela precisa ouvir novamente em um cenário tranquilo e propício a um bate papo agradável: ^ ^ ^

“Adoro o seu jeito de sorrir.” “Sou a pessoa mais sortuda do mundo, por causa de você.” “Você tem os olhos mais bonitos que eu já vi.”

Normalmente nossa vida está muito ocupada de enuncia­ dos relacionados a tarefas do dia a dia: “Pode pegar a roupa na lavanderia?” “Que horas é o jantar?”

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“Você viu meu Palm topT “Ei, hoje é quinta-feira. Você se importaria de tirar o lixo?” As palavras de carinho que tenho em mente, no entanto, têm como destino unicamente o seu coração. Não há uma meta a atingir; meu objetivo é simplesmente lembrá-la de que, se tivesse que fazer tudo de novo, faria. Todas essas coisas — tocar, beijar e falando (e talvez um pouco mais que você e sua esposa possam descobrir juntos) — garantirá a você home runs como os que aparecem no livro dos recordes.

Pressão e rejeição: desligando o ciclo O padrão mais comum — e destrutivo — que um casal pode experimentar é o ciclo desnecessário de pressão e rejeição. Se ainda não aconteceu com você, aguarde, porque vai. Haverá momentos em que um de vocês estará particular­ mente interessado em fazer amor, no exato momento em que o outro parecer estar indiferente. Como resultado, o este último se sentirá pressionado, e o primeiro se sentirá rejeitado. Essa não é definitivamente uma cena legal de se ver. Se for deixada de lado, essa situação pode degenerar-se e provocar um ressen­ timento cáustico capaz de contaminar o seu relacionamento. Embora esse padrão não seja nem um pouco surpreen­ dente, o que é notável é o fato de alguns casais nunca falarem sobre ele, e muito menos implementar os cenários possíveis para melhorar a situação. Muitos casais simplesmente cruzam os dedos e esperam que as coisas funcionem por conta própria.

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É uma estratégia que pode levá-los para uma vida de frustração. E, apesar do estereótipo de perseguidor e perseguido, não é sempre o homem que é o agressor (você não acha surpre­ endente que o estimulante sexual mais popular da história — Viagra — seja um produto para homens?). Aqui vão algumas ideias que podem ser úteis. Se parecer coisa de criança, pode ser porque não são nada mais do que ins­ truções — regras são para o esporte, lembra? Elas podem ajudar você e sua noiva a desfrutar do jogo sexual sem magoar um ao outro. Embora nenhuma das seguintes ideias seja perfeita, elas funcionam melhor que as superstições do dia a dia, tipo bater na madeira etc., as quais muitos casais recorrem no desespero.

O "quase nunca diga não" ideal

Porque a maioria dos casais concorda que o sexo é quase sempre uma boa ideia, aqui vai um padrão sexual para você: “Se estiver realmente com vontade, eu posso acompanhá-la”. E pense só, você provavelmente pensará no que acabou de vivenciar e, independentemente de quem estava a fim, acabará admitindo que fo i rcalmente uma boa ideia. Agora, no início de seu casamento, você pode querer ado­ tar a política de “quase nunca dizer não”. Não, isso não é uma regra sem exceções. A questão é você decidir que será sempre a sua prioridade tentar atender às necessidades de sua esposa. A ideia desse padrão não é diferente do que ocorre quando sua esposa lhe diz: “Ei, eu adoraria fazer uma caminhada hoje à noite”. Mesmo que não esteja a fim de caminhar, você respira fundo e calça seu par de tênis. Você responder com um sim condicional, dizendo: “Eu adorarei caminhar com você, mas

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se estiver tudo bem, vamos dar apenas uma volta no quarteirão desta vez? Estou exausto”. Da mesma forma, o cônjuge convi­ dado para o ato sexual não programado pode dizer: “Olha, acho não que estou pronto para um evento de trinta minutos, mas se você estiver a fim de alguma coisa rápida, quero me inscrever”. Quando você for a pessoa que estiver fazendo a pergunta, talvez seja bom lembrar que o desempenho de sua esposa nes­ se momento pode não qualificá-la como uma das finalistas ao Oscar. Dizer “Poxa, senti você totalmente distante” é uma coisa que poderá colocá-lo em uma posição de negociação muito di­ fícil no futuro.

Uma coisa pela outra

Independentemente das melhores intenções de “nunca dizer não” por parte dela, haverá momentos em que sua esposa não dirá “sim”. Como você está em seus domínios e não no Yankee Stadium, deixe isso para lá. Acredite se quiser, haverá momentos em que não dará para você conseguir o que quer, e precisará de uma boa dose de compreensão por parte de sua esposa. Apesar de desencorajar a instalação de um placar eletrôni­ co na parede do seu quarto, achamos legal que você mantenha o controle informal de suas respostas afirmativas e negativas. Não há nada errado quando dizemos “Ei, isso não deu certo no meu plano para a noite de ontem e, mesmo que eu ainda não esteja me sentindo como Cleópatra — com certeza, vamos lá”. O mais importante nas horas do “Hoje não, amor” é deixar claro que a rejeição ao ato de fazer amor não significa que você ou sua esposa, de repente, contraíram lepra terminal.

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A falta de vontade da sua parte ou da parte dela significa só isso. Nada mais. Se é você que está recebendo a recusa, não leve isso para o lado pessoal. Se você é que estiver rejeitando sua esposa, um pouco de ternura acompanhando o “não, obrigado” fará uma diferença enorme. Além dessas duas orientações, você e sua esposa podem ter alguns princípios próprios para “brincar no playground’. Conhecemos um casal que joga “pedra, lápis, tesoura” quando não conseguem tomar uma decisão sobre algo. E o que perder pode apelar para uma “melhor de três”, se o assunto fo r sério. O segredo é discutir esses princípios do uso do playground antes que a situação surja, aproveitando a presença da harmonia e do pensamento racional. Quando as pessoas serenas estão engajadas na resolução de seus problemas, ideias construtivas são geralmente o resul­ tado natural.

Feitos um para o outro Uma das coisas que Deus colocou cm seu casamento e na união sexual é o mistério da interdependência. Vocês começam a lite­ ralmente precisar um do outro. Deixe-me explicar. Bobbie e eu estávamos jantando com a nossa filha, Missy, e seu marido, Jon. Desde a época em que Missy começou a cuidar de seu recém-nascido, ela havia programado o passeio com a babá, para que o bebê não precisasse ser alimentado antes de voltar. O serviço do restaurante era muito lento, por isso a nossa experiência de jantar juntos demorou mais do que espe­ rávamos. Apesar de Missy não estar sentido dores — para mim,

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é fácil dizer! — , ela estava começando a ficar um pouco des­ confortável. “Eu vou precisar amamentar logo”, ela disse (você reparou que ela disse que precisava de uma enfermeira?). Então, um bebê começou a chorar em um canto do res­ taurante. “Tadinho”, disse Missy, rapidamente levantando o guarda­ napo para proteger-se. Como o corpo de Missy estava preparado para amamentar, o som de um bebê chorando desencadeava a liberação do seu leite materno, molhando seu vestido. Jon rapi­ damente cobriu-a com seu casaco esporte. Não é incrível como Deus conecta a mãe e seu bebê dessa maneira? Quando o bebê nasce, não há nada mais gratificante do que o gosto do leite de sua mãe. E uma vez que esse processo começa, uma mãe passa a ter a mesma necessidade de doar o leite que o seu filho tem de receber. É a interdependência em operação. A analogia deveria ser óbvia. Quando você e sua esposa se casam e começam a praticar relações sexuais regulares, seus corpos passam a “precisar” um do outro — para, literalmente, ansiar pela presença do outro num espírito de interdependência.

O lado sóbrio dessa verdade

Na história de Missy e seu bebê, imaginemos que o bebê tenha acordado e que estivesse chorando por algo para comer. Em vez de esperar pela mãe, a babá preparou um composto para bebês e alimentou a criança. Como mágica, o bebê tomou uma mamadeira com o composto e voltou a dormir. Então, suponha que Missy chegue e pergunte “Como está o bebê?”, ela pergunta à babá.

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“Ótimo. Ele acordou cerca de uma hora atrás e começou a chorar. Então, eu lhe dei uma mamadeira do composto, e agora ele está dormindo de novo. “ Isso pode ter sido bom para o bebê, mas a mãe sentiu-se infeliz.34 Nessa incrível relação entre a criança e a mãe, Deus deu a ambos uma unidade — nesse caso, a fome — a ser forma­ da um pelo outro. Você sabe onde isso vai dar, não é? “Que tal?” Entre você e sua esposa é mais do que apenas uma questão de desfrutar de uma brincadeira lúdica em uma colina gramada. É mais do que apenas realizar uma daquelas fantasias de que Mark falou durante o seu próprio aconselhamento pré-nupcial. A relação sexual é, literalmente, a satisfação de um desejo que Deus lhe deu na pessoa de sua esposa. E a relação também sacia um de­ sejo que sua esposa tem por você. A realidade é esta: vocês precisam sexualmente um do outro.

Mimando o seu apetite E fisiologicamente possível aliviar sua necessidade reprimida por sua esposa sem a presença dela — para mimar o seu ape­ tite, por assim dizer. E claro que a infidelidade faz exatamente isso. Tão culpado quanto estaria se roubasse o novo carro do seu vizinho e saísse dirigindo-o por aí, você está roubando da sua esposa o que pertence a ela. Sim, seu coração pertence a ela. Sim, o futuro pertence a ela. Mas seu corpo e o que ele oferece a ela — a saciação de seu desejo — também lhe pertencem. E como o sexo de alto nível é mais do que apenas estar em casa, qualquer tipo de atividade do tipo baserunning com qualquer outra

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pessoa que não seja a sua esposa é uma ideia realmente ruim por pelo menos duas razões importantes: 1.

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1. Ele rouba da sua esposa o que pertence exclusivamente a ela. O dano sofrido cria uma cicatriz para a vida intei­ ra— e em muitos casos isso significa o começo do fim. 2. Você e sua esposa tornaram-se hábeis em fazer amor por tentativa e erro e, portanto, a sua nova experiência não será tão boa. Isso pode vir como uma surpresa para você, mas é quase sempre verdade.

O psiquiatra e terapeuta familiar Frank Pittman, após aconselhamento a milhares de casais que tiveram casos extraconjugais, concluiu: “A maioria dos casos consiste em um pouco de sexo ruim e muitas horas no telefone”35. Outro estu­ do confirmou a avaliação de Pittman, citando números reais: enquanto 67% dos homens e 55% de mulheres consideram o sexo conjugal muito agradável, apenas 47% dos homens e 37% das mulheres descrevem o sexo extraconjugal como muito prazeroso.36 Mas, mesmo diante dos dados estatísticos, muitos ho­ mens ainda se encontram envolvidos em casos extraconjugais. E quase 100% desses homens praticam relações ilícitas apenas conversando, fazendo carícias e beijando (está vendo como essas coisas são poderosas?). Alguns homens com quem conver­ samos ainda declararam que tiveram muito mais liberdade para orar com seu novo amor do que com sua esposa. Eles insisti­ ram que, nas fases iniciais, não havia “nada de sexual” em seu relacionamento. No entanto, se esse tipo de caso “não sexual” não for encerrado, ele acabará por levá-lo à relação sexual — lembra-se dos Pequenos Leaguers fazendo aquelas coreografias típicas fora do tom?

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Além do mais, só porque um homem é casado e sexual­ mente satisfeito, não há nenhuma garantia de que ele não é um candidato a ter um caso. No aconselhamento, alguns homens chegaram mesmo a dizer: “Isso é apenas o meu corpo, mas eu ainda amo a minha esposa” — uma desculpa comum que tem um resultado previsível. Mesmo os casais que se recuperam da infidelidade carregam cicatrizes profundas para o resto de suas vidas. Converse com alguém com uma dessas cicatrizes. Ele vai dizer o mesmo que eu estou dizendo a você: Não vale a pena! A tentação à infidelidade será um adversário implacável por toda a sua vida. Então, fique de guarda. Aja como um alco­ ólatra em recuperação, com muito dinheiro no bolso, que mora bem em frente a uma loja de bebidas. Ele pode atravessar essa rua a qualquer momento — o homem pode até querer atraves­ sá-la, mas sabe que “um único gole” acabará com ele. Assim, permanece exatamente onde está e confia na sua sobriedade. “Um dia de cada vez”, diz o adesivo. O seu compromisso com a fidelidade sexual tem de ser o mesmo. Nunca baixe a guarda achando que você é à prova de balas. Você não é.37

Casos virtuais

A verdadeira infidelidade não é a única maneira de o seu corpo ser roubado de sua esposa. Você pode fazê-lo também virtualmente. Todo homem pode se lembrar da primeira vez que viu uma imagem pornográfica. No meu caso, eu estava no segundo ano da faculdade. Para a minha sorte, não havia inter­ net em 1967. Hoje em dia, a pornografia ocupa amplamente o cibe­ respaço e é tão disponível como a minha escova de dentes.

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Quase todos os dias, sou convidado para ver “jovens gostosas” ou “vagabundas famintas” no meu computador. Como o meu software de e-ma.il me mostra as primeiras linhas de cada men­ sagem antes de baixá-la, sinto-me ainda mais atraído para ver logo o que está esperando por mim. Toda vez que vejo esses convites lá, esperando por mim, meu coração pula. Toda vez, minha pulsação se acelera. Eu sempre serei um bêbado olhando para o bar no outro lado da rua, e eu estou consciente disso. O que também sei é que, se eu ceder, serei culpado de cometer roubo. Minha es­ posa, que confia em mim, perderá algo precioso por causa da minha insanidade. Mas a questão é que eu tenho vontade. Na verdade, eu gostaria muito. Tenho muita curiosidade de ver o que está lá esperando por mim. Respiro fundo e pressiono a tecla Del. E você deve fazer o mesmo. Perdoe-me por soar tão dogmático, como o professor de ensino fundamental, mas não há nenhuma margem de manobra nessa situação, simplesmente não existe um meio termo. Eu já comprovei pessoalmente — e na vida de amigos mais próximos — o que essa “droga” faz com a alma de um homem.38 Por favor, pressione a tecla Del. Tecle com for­ ça. Não é por mim — faça isso por sua esposa e por si mesmo. Se você ceder, aquilo o arruinará.

Basta uma olhada

Como eu viajo muito, costumo frequentar aeroportos. Por causa da maneira como são projetados, uma pessoa pode cuidar de seu condicionamento físico ao percorrer distâncias enor­ mes entre terminais para pegar uma conexão de um avião para outro. Em cada evento de que participo, conheço muita gente

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interessante. Algumas são mulheres, e algumas delas realmente não deveriam estar usando em público o que estão vestindo. Eu realmente não tenho controle sobre a primeira olhada. Mas prometi a mim mesmo — e à minha esposa — que eu não olharia de novo. Quando meus olhos enviam um sinal ao meu cérebro indicando “seios realmente grandes à esquerda” ou “saia curta e apertada à direita”, escolho não olhar de novo.39 Não é que, na verdade, eu esteja com medo de que vá fazer algo ilícito ali mesmo no aeroporto. Só o que eu sei é que estou diante de uma possibilidade de caso virtual. Se eu atravessar esse portal, estarei lesando — e desonrando — a minha esposa. Por isso, eu jamais dou uma segunda olhada. Não é fácil. Mas eu me acostumei.

O mármore da glória Adoro ver atletas celebrando grandes vitórias. Um jogador de golfe abraçando seu caddie ou um jogador de beisebol sendo cumprimentado na horne plate depois de fazer um horne run e vencer o jogo, muitas vezes, traz-me lágrimas aos olhos. Como a minha capacidade atlética nunca atingiu proporções de notoriedade, não tenho que compreender o que significa para alguém ser vitorioso em uma competição numa escala tão gran­ de. Ou posso? Orei Hershiser, o melhor arremessador de 1988, ven­ cedor por unanimidade do prêmio Cy Young e do Most Valuable Player da National League Championship Series e da World Series, foi perguntado a respeito de como se sentiu como vencedor diante todo o mundo. Sua resposta pode surpreendê-lo: “E claro que eu estava emocionado, além das palavras.

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Completamente pasmo. Mas esse sentimento não é diferente de quando você participa do hall da fama ou vê a sua noiva cami­ nhar até o altar ou segura o seu bebê pela primeira vez ou fecha um grande negócio. Você conhece a sensação”40. E verdade que cada uma dessas coisas é uma emoção diferente. No entanto, como eu o conheço pessoalmente, sei que há mais uma coisa que Orei poderia acrescentar à sua lista: a satisfação da fidelidade. Ganhar no desafio de intimidade com sua esposa e superar as tentações de ceder à infidelidade traz uma satisfação ainda maior do que vencer a World Series, a Stanley Cup ou o Masters. Sua disciplina, trabalho duro e abnegação terão valido a pena — e você se divertirá mais no playground do que jamais poderia ter imaginado.

i

Kirk Harold Gibson é um ex-jogador da Major League Baseball americana que, no momento, atua como gerente do Arizona Diamondbacks. Como jogador, Gibson foi um outfielder que rebatia pela esquerda (NT). ii H om e ru n é toda a rebatida na parte válida que ultrapassa os limites do campo, indo para a arquibancada. Nesse caso, tanto o rebatedor como os corredores (se houver) anotam corridas automaticamente. iii Uma referência ao b it que terminou o jogo 5 da Liga Nacional 1999 Cham­ pionship Series entre os New York Mets e um de seus rivais, Atlanta Braves. O jogo foi disputado cm 17 de outubro de 1999 no Shea Stadium. iv E a 4a base no beisebol. v No beisebol, é o ato de correr em torno das bases.

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Q uan d o um pai acom panha a sua filha até o altar e a entrega ao hom em com quem ela se casará, está entre­ gando um Stradivarius valiosíssimo a um gorila. J a y kcslcr,

Presidente emérito, T a y lo r U n iv e rs ity



i sou um sogro. Tornei-me um quando acompanhei cada uma de minhas filhas — Missy em 1994 e Julie em 1999 — até o altar na Primeira Igreja Presbiteriana em Nashville, no Tennessee. A sensação que tive durante cada uma dessas longas caminhadas foi idêntica. Deixe-me ver se consigo descrevê-la para você: Essas duas mulheres entraram na minha vida em 1971 e 1974, respectivamente. Momentos após o seu nascimento, meu presente foi poder carregá-las, tão pequeninas, no colo. Olhei seus rostinhos. Beijei-as. Seus olhos reviravam, tentando con­ centrar o foco em mim; seus bracinhos e perninhas se mexiam, agitados. O sentimento que emanava do fundo do meu coração era o de admiração e felicidade. “Papai”, eu sussurrei para elas. “Eu sou o seu papai.” Aqueles bebês tornaram-se mulheres. Suas mãos repousa­ ram sobre o meu antebraço direito, e nós caminhamos, como em uma procissão, acompanhando a gloriosa música para órgão que preenchia a capela como uma névoa espessa, penetrando em cada canto, em cada fresta. Eu estava entorpecido, da cabeça aos pés. Enquanto caminhava lentamente pelo corredor ao lado de cada uma daquelas noivas, gostaria de poder dizer-lhes que o meu sentimento era o do mesmo arrebatamento que vivenciei quando dei nelas os primeiros beijinhos no hospital. Mas não

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era verdade. Esse não era um casamento, e sim um funeral. E, no fundo da minha alma, eu sabia disso.

Mas aquele também foi outro nascimento Você está chocado por eu ter dito algo assim — comparan­ do os casamentos de nossas filhas com um funeral? Primeiro, deixe-me assegurar-lhes — sem nenhuma hesitação — que os homens que escolheram as nossas filhas para casar são incríveis. Jon e Christopher são as respostas para as orações que fazíamos ajoelhados ao lado das camas de nossas jovens filhas: Senhor, por favor, abençoe os meninos com que Missy eJuíie se casarão. Por favor, proteja-os. Ajude-os a serem obedientes a seus pais. E ensine-os a amar. Amém. As meninas também oravam por aqueles meninos — aon­ de quer que elas fossem: “Ajude-os a não caírem da bicicleta e a se machucarem”. Nossas preces foram atendidas. Não poderíamos ter ficado mais felizes com os jovens que estavam no final do longo corredor. Bobbie e eu os amávamos e estávamos muito satisfeitos com as escolhas feitas por Missy e Julie. Mas o meu sentimento de tristeza não era por não gostar de alguma coisa em Jon ou em Christopher. O que eu sabia, no entanto, era que naquele momento marcava o fim de algo — e o nascimento de outra coisa. Até ali, eu havia sido o homem mais importante de suas vidas — papai, “O Maioral”. Como seus pais, Bobbie e eu fo­ mos os incentivadores de todas as decisões que elas tomaram, das pequenas às grandes. Nossa casa era a sua casa. Mas, neste dia — em um instante — , tudo aquilo acabou.

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Os sogros: quem são e o que eles esperam de nós?

“Quem traz esta jovem para se casar com este homem?” Mark DeVries me perguntou. Seus olhos e os meus estavam cheios de lágrimas. O que nasceu naquela cerimônia foi a figura de uma nova referência, a do novo homem “mais importante” da família, de um novo “cara com mil e uma habilidades”, e também de um novo lar — e de uma nova união. E em ambos os casamentos, outras novas figuras surgiram — papéis que Bobbie e eu nunca havíamos desempenhado: o de sogros. Os anos de relaciona­ mento com as nossas filhas foram imediatamente relegados a segundo plano. Nos dois casos, entrou em cena um novo pro­ tagonista. Só então percebi inteiramente o que fizera aos pais de Bobbie quando me casei com ela, transformando-os em sogros. Estou dizendo isso para ajudá-los a entender por que seus so­ gros podem habituar-se a agir de forma estranha em relação a você. Mas, como disse, agora o responsável por esse relaciona­ mento é você, apesar de ser justamente um novato na família.

Alinhe-se com sua esposa A primeira lei do relacionamento com seus sogros, parentes por afinidade, é: sempre se alinhe com a sua esposa em primeiro lugar. Louis e Joanna estavam casados há menos de um ano, quando ela se esqueceu do aniversário de sua sogra. Digo “Joan­ na se esqueceu” — porque tanto Louis como Joanna cresceram em lares nos quais a regra tácita e inquestionável para datas especiais era a seguinte: a mulher assume a responsabilidade de lembrar-se dessas datas importantes e de cuidar dos presentes relacionados a figuras de ambos os lados da família.

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Mesmo assim, o ataque direto de seu sogro pegou-a com­ pletamente desprevenida. Ele ligou para Joanna no trabalho, deixando de lado a habitual cordialidade. Notava-se um senti­ mento de raiva assertivo e intenso enquanto ele falava: “Como você pôde esquecer-se do aniversário dela? O deste ano, de to­ dos os anos — uma pessoa que fez tanto por você!” Devemos abstrair o fato de que Louis, marido de Joanna — e filho único da aniversariante — também havia se esqueci­ do da data. E também é preciso deixar de lado que, durante os três primeiros meses de casamento, a esposa recém-casada tem uma quantidade suficiente de providências a tomar. O fato é que o sogro se excedeu e comportou-se de maneira agressiva, julgando, de modo errado, a pessoa de Joanna por causa de um erro insignificante. Horas mais tarde, quando Joanna e Louis se encontraram em casa no fim do dia, ela ainda estava sob o efeito daquele trauma. Louis percebeu que a esposa havia chorado. “Qual é o problema?”, perguntou, esperando que ele não fosse o responsável pela tristeza de sua mulher. Joanna abriu o coração e contou a Louis a respeito do telefonema que recebeu. Ela, então, começou a chorar, pedindo desculpas por ter se esquecido do aniversário da sogra. Louis se levantou e, calmamente, atravessou a sala até che­ gar ao telefone. Sem dizer uma palavra a Joanna, discou um número no teclado. “Oi, mãe, sou eu”, disse. Joanna prendeu a respiração. “Olha, eu sinto muito por ter me esquecido do seu aniversário. Espero que tenha sido um dia maravilhoso ontem. Enviarei um daqueles cartões de que você gosta logo que eu puder. Antes tarde do que n u n ca...”, brincou, com voz amável. E fez uma pausa.

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Os sogros: quem são e o que eles esperam de nós?

“Posso falar com o papai?” Depois de alguns instantes, Joanna ouviu seu marido di­ zendo: “Oi, pai, sou eu”. Joanna presumiu que o silêncio significasse um “alô” do outro lado. “Pai”, Louis continuou com firmeza: “Eu soube que você ligou para a Joanna hoje e reclamou por ela ter se esquecido do aniversário da mamãe. Isso não é obrigação dela, e foi errado culpá-la. Eu o amo, papai, mas isso foi inaceitável. Ela não é sua filha, é minha esposa. Espero que você nunca mais fale com ela assim de novo”. Louis parou de falar. Joanna imagina que seu pai estivesse justificando-se. “Não, senhor”, Louis interrompeu, com a voz ainda cal­ ma e forte. “Isso não está em discussão, pai. Sinto muito.” Mais uma vez, Louis ouve e, então, responde. “Gostei do que você disse. Obrigado pela compreensão! Tchau, pai.” Para Louis e Joana, essa conversa fez mais para prevenir futuros conflitos entre parentes por afinidade do que anos de terapia poderiam conseguir. O que Louis fez naquele dia foi declarar — a seus pais e sua esposa — para onde sua lealdade fundamental penderia. E, ao fazer isso, ele criou uma sensação de segurança para ela. Depois daquele dia, Joana praticamente nunca mais passou por qualquer tipo de tensão com seus so­ gros. A solidariedade de Louis para com ela em seu casamento não estava em questão. Vale a pena repetir as palavras da Escritura: Portanto, dei­ xará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne.41

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Espero que você nunca precise ter uma conversa assim com o seu pai. A transição de pai para sogro em seu casamento pode acontecer sem problemas. Mas, se você encarar o que Louis enfrentou e não tomar esse tipo de ação decisiva — se você não “deixar” a sua lealdade de filho a seus pais para “apegar-se” à sua esposa — , ficará em sérios apuros. Sua negligência colocará sua mulher e seus pais — especialmente sua mãe — em rota de colisão. Se você não traçar uma linha como limite, essas m u­ lheres passarão o resto de suas vidas competindo pelo seu afeto. “Ele é meu”, uma dirá. “Não, ele é meu”, a outra reagirá. Por mais cruel que possa parecer, você não tem opção que não seja escolher o seu casamento em detrimento de sua lealdade para com os seus pais. Se você fizer o que Louis fez, sobreviverá. Se não, então, prepare-se para uma “guerra”!

Estabelecendo limites claros para os seus pais Crescer vendo um pai alcoólatra abandonar sua família foi algo que teve um impacto forte sobre Doug. E apesar de a mãe ter ficado arrasada com o comportamento de seu marido, ela sa­ crificou tudo pelo bem-estar de seu filho. Sua mãe chegou a ter três empregos para conseguir pagar as contas. E assim, quando a nova esposa de Doug, Lisa, começou a perceber uma tensão com sua sogra, Doug imediatamente alinhou-se com a mulher que sempre ocupou o lugar de hero­ ína na sua vida — a mãe. Ela frequentemente partilhava suas “preocupações a respeito de Lisa” com Doug. Como ele amava e respeitava muito a sua mãe, acreditava que seus conselhos, embora nem sempre apresentados nos termos mais corteses, fossem dados “para seu próprio bem”.

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Ao longo dos anos, Doug tentou dar toques sutis — e, às vezes, nem tanto — em Lisa sobre as mudanças que ela deveria fazer em seus hábitos, seu comportamento ou sua personalida­ de. Cada vez mais, Lisa suspeitava que seu marido estava apenas repetindo as preocupações de sua mãe. Lisa tornou-se dia a dia mais defensiva, resistindo até mesmo às mínimas sugestões. E o clima de indiferença entre ela e sua sogra começou a minar o próprio casamento. Doug sabia que precisava fazer algo, então, passou pelo escritório de Sam quando voltava do trabalho para casa. Apesar de Sam ser alguns anos mais velho, havia uma sólida amizade entre eles — e Doug respeitava muito a sua opinião. Em poucos minutos, Doug fez uma pergunta que cha­ mou a atenção de Sam: “O que posso fazer para convencer a Lisa a aceitar as mudanças razoáveis que minha mãe sugeriu?” A cadeira de Sam rangeu quando ele se inclinou, cruzan­ do as mãos atrás da cabeça. “Parece-me que você precisa sair de casa”, disse Sam, com um sorriso gentil. Doug ficou chocado. “Sair de casa?” Em seguida, Sam recitou de cor: Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne. E continuou: “Você está tentando viver em duas casas, Doug. Quando se casou, você pode ter levado seus bens e ido morar com Lisa, mas o seu coração continuou morando em outro lugar — ele nunca deixou sua mãe. O problema está em você, meu amigo, e não em Lisa. Até que você deixe a sua mãe e assuma integralmente sua vida com ela, nunca conseguirá que esse problema seja resolvido”. O sol havia acabado de desaparecer no horizonte quando Doug voltou para a estrada a caminho de casa, mas o fim do dia para ele era mais como um novo alvorecer. Doug estava indo

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fazer uma mudança. A partir daquele momento, ele havia de­ terminado que, sempre que Lisa e sua mãe estivessem em lados opostos de um problema — qualquer que fosse ele — , ficaria ao lado de Lisa. Depois de algumas semanas, Doug percebeu que colocar em prática o seu plano seria mais difícil do que pensava. No iní­ cio, sua mãe se conteve diante da lealdade do filho a Lisa. Mas quando essa lealdade se tornou um padrão consistente, a mãe começou a verbalizar contra aquilo. Doug se manteve firme, o que se tornava ainda mais difícil por causa do ceticismo de Lisa. Nos dois primeiros meses, a mãe de Doug apelou para a raiva, as lágrimas e a culpa — e até mesmo a uma “intervenção” surpresa, com a leitura de uma carta de doze páginas no escritó­ rio de Doug. Ele fez o possível para entender a dor de sua mãe. De maneira suave e carinhosa, mas sem vacilar, Doug explicou a ela que havia emocionalmente saído de casa e ido morar com Lisa. Competir com Lisa seria uma batalha perdida para a sua mãe. Quase cem dias após a reunião de Doug com Sam, Lisa começou a ceder. Ela ouviu Doug conversando ao telefone com sua mãe. Lisa ouviu-o defendê-la severamente, pedindo a sua mãe para mudar de assunto. Depois de meses, Doug finalmente havia saído da casa de sua mãe. Temos visto muitos “Dougs” que flutuam entre sua mãe e sua esposa, na esperança de que nunca venham a precisar da declarar lealdade total a qualquer dos dois lados. Esses homens tentam ao mesmo tempo moldar sua esposa e consolar sua mãe. Isso nunca funciona. Durante seu primeiro ano de casamento, em vez de ne­ gociar uma solução pacífica entre sua mãe — ou pai — e sua esposa, não se esqueça de deixar bem claro que a sua lealdade

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fundamental nunca estará em questão. Você sempre se alinhará com a sua esposa. É a única chance que você tem de salvar o relacionamento de sua esposa com seus pais.

Nossas e x e outros estranhos Betsy e William faziam parte do grupo semanal de casamento de Susan e Mark. Era o segundo casamento de Betsy, e como teve dois meninos em seu primeiro casamento, ainda tinha contato regular com seu ex. Q uando o grupo falou sobre prin­ cípios de relacionamentos saudáveis com os sogros, Betsy disse, com um ar de compreensão em seu olhar. “Como vocês sabem, parece que muitos desses princípios funcionam bem em um relacionamento com um ex-cônjuge”. Embora alguns no grupo tenham rido alto, Mark percebeu, pela sua expressão, que ela não tinha a intenção de ser engraçada. Então, ele a encorajou a explicar-se. “Eu percebi há muito tempo”, continuou, “que preciso seguir em frente e perdoar meu “ex” por tudo o que ele fez co­ migo. Se não agir dessa maneira, me tornarei voluntariamente em um refém da amargura. É como quando uma pessoa não consegue perdoar seus pais ou sogros — eles ficam presos às mesmas pessoas das quais está tentando afastar-se.” Betsy tinha toda a atenção do grupo quando terminou seu comentário: “Quando nos mantemos amarrados ao nosso ex’ é como se existisse um cabo de ressentimento, fica quase impossível evitar que o ressentimento invada também o nosso casamento”. Betsy estava certa. Não podemos deixar que o nosso co­ ração endureça por causa da amargura. O ressentimento se infiltra em nosso casamento, inadvertidamente envenenando-o.

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O cabo de guerra de fim de semana Se você ainda não passou por um feriado de cabo de guerra, sua hora chegará. E o nascimento de seus filhos só aumenta a probabilidade de você vivenciar essa experiência. Aqui estão algumas coisas para se lembrar sobre esse jogo:

Você e sua esposa estão no comando

O dia de Ação de Graças e o Natal são os principais. E, apesar das maneiras mais ou menos diretas que os dois casais de pais usarão para tentar influenciar suas decisões, não se deixem controlar. Com base na plena cooperação de sua esposa, decida como posicionar-se. Muitos casais alternam as rotinas — Ação de Graças com seus pais este ano e com os dela no ano que vem. Outros reve­ zam Ação de Graças com o Natal, mas certificando-se de que ambos estarão sempre em ordem alternada — Ação de Graças com sua família este ano e Natal com a dela, fazendo, então, o contrário no ano seguinte. Alguns casais fazem um rodízio de três anos com as férias, reservando o terceiro ano para si mesmos — algo que será ainda mais importante no caso daqueles que têm filhos.

Sem tempo para surpresas

O que quer que você e sua esposa decidam sobre feriados, não mantenha a decisão em segredo de sua família. Informe isso a eles com bastante antecedência. Surpresas só são uma boa ideia na árvore de Natal, de modo que é fundamental que todos saibam onde você estará durante as celebrações dos feriados.

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Você pode não querer fazer planos com mais de um ano de antecedência, mas manter todos no circuito quando você fi­ nalizar seus planos reduzirá, por parte de seus pais, a frustração de expectativas não cumpridas.

Planejamento com flexibilidade; justo, mas desigual Haverá m omentos em que, devido a circunstâncias especiais, como parto, doença grave ou morte, vocês dedicarão mais atenção aos pais, os seus ou os dela. E porque m uitos casais vivem muito mais perto de uns dos pais de um do que dos pais do outro, é praticam ente impossível dedicar o mesmo tempo a cada um. Desistam dessa ilusão e concedam um ao outro uma boa dose de compreensão quando esse tipo dc desigualdade acontecer. Então, no mom ento anterior a isso acontecer, determinem que tudo ficará bem. Eventos não planejados são suficiente traumáticos por si sós, de modo que não vale a pena que você e sua esposa briguem no estilo “estamos gastando m uito mais tempo com seus pais do que com os meus”. Esteja ciente, também, de que pode haver boas razões para passar mais tempo com a família de um do que com a do outro. Descobrimos que as mulheres, muitas vezes, precisam passar mais tempo com suas famílias do que os homens. Claro, existem exceções para essa regra. Independentemente disso, é fundamental que você e sua esposa discutam abertamente a sua necessidade de passar mais tempo com suas próprias famílias, bem como quaisquer preocupações que possam ter sobre passar o tempo com os pais de seu cônjuge.

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O que todo noivo precisa saber

Vamos combinar uma coisa? Em uma sessão de aconselhamento com Mark, uma partici­ pante frustrada de nome Regina disse a seu marido, Bruce, que não havia gostado de sua atitude em presença de sua família. Ela explicou a Mark que, quando estavam com seus pais, Bruce costumava isolar-se, muitas vezes, concentrando-se na leitura de um livro ou vendo televisão. Diante desse quadro, Mark desafiou Bruce a assumir um compromisso simples. “Eu prometo estar totalmente presente e ser agradável à família de Regina durante sete dias por ano”, disse Bruce, levantando ironicamente a mão direita. “Ela pode escolher os dias e pode contar com a minha colaboração.” A definição de um limite para o número de dias eliminou a obrigação de “ser legal o tempo inteiro” que soava como uma sentença dc prisão perpétua para Bruce. E deu certo. Na verda­ de, a promessa foi capaz de mudar a atitude de Bruce quando ele estava com a família de Regina. Bruce realmente passou a viver momentos melhores.

Arranjem logo um bebê As probabilidades são bastante pequenas de que vocês tenham um bebê em seu primeiro ano de casamento, mas pode acon­ tecer. A maioria dos casais concorda que os preparativos para a gravidez e o nascimento de seu bebê eram muito mais impactantes do que as alterações pelas quais eles passaram ao se casar. Quando, e se, você tiver filhos, será um pai dedicado, as­ sim como foi um marido dedicado. E como o nascimento de seu filho muda o estado dos seus pais para um novo patamar desconhecido, justamente o de serem agora avós, eles também passarão por ajustes. Na verdade, você começará a ouvir os seus

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pais dizem: “Bem, quando você era um bebê, eu fiz desse jeito”. Lembre-se de dar-lhes reconhecimento. Algum dia você vai fa­ zer o mesmo com seus filhos. Mais uma vez, como nas suas relações com pais e sogros, honre-os, mas seja senhor dos seus atos e ouça atentamente a sua esposa. Seu casamento é a sua primeira prioridade; e agora a sua família também é. Uma vez ou outra lembrar os seus disso também é uma boa ideia. “Mãe”, você pode dizer, “Eu sei que você não amamen­ tou seus bebês, mas Cindy decidiu ir por esse caminho. E vou apoiá-la.” “Pai, eu sei que você esperava que déssemos o seu nome ao nosso filho”, você pode gentilmente dizer ao seu pai. “Mas decidimos chamá-lo de Amadeus. Você sabe o quanto eu amo a música clássica.” Lembre-se que é tarefa sua sair da casa dos seus pais. Você tem a sua própria família para estabelecer. Reúna o máximo de conselhos de que vai precisar, mas tome suas decisões com confiança. Fazer o contrário é optar pelo caos. Ah, e a propósito, quando o bebê passa a acompanhá-los, não se esqueça de que a força de seu sólido relacionamento com sua esposa vai ser a coisa mais importante na saúde emocional do seu filho. Quando você chegar em casa, apesar da tentação de ir direto paparicar o hebê, cumprimente primeiro a sua espo­ sa. E não tenha medo de ocasionalmente contratar uma babá, para que sua esposa sinta que ela é e sempre será a número um. Pode haver momentos em que você sinta que perdeu sua esposa, que não pode competir pela atenção dela com um bebê recém-nascido. Nesses momentos, procure ter a iniciativa de participar ativamente ao lado dela no processo de paternidade. Por favor, perceba que usei o termo participar. O retorno sobre esse investimento é altíssimo!

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Lembre-se: sogros também são gente Aqui está uma boa notícia sobre sogros: eles podem funcionar como um fator de estabilização incrivelmente importante em seu casamento. De fato, em algumas culturas europeias, a taxa de divórcio é baixa, devido, em grande parte, à existência de uma família extensa e participativa capaz de acolher os casais com amor e incentivo. As relações com os sogros são mais sau­ dáveis quando eles evitam os extremos de envolvimento ou de distanciamento. Comecei este capítulo, confessando o que senti ao tornar-me um sogro. Como foi doloroso — mesmo sob as melhores circunstâncias — ver minhas filhas saírem da nossa casa. Não há dúvida de que eu era totalmente insensível quando me casei com Bobbie. Simplesmente tive a presunção de colocar alguns anos de namoro acima de mais de duas décadas de criação e formação proporcionadas a ela por seus pais. Eles haviam sa­ crificado muito mais do que eu, mas a minha sensação era a de estar “vencendo-os”. Eu sabia que meu casamento era mais importante do que o relacionamento dela com seus pais — e que o meu relacionamento com os meus pais. Mas essa fase foi a de uma grande mudança para todos nós. Eu deveria ter sido mais compassivo. Quando pedi a seu pai permissão para casar-me com sua filha, ele disse: “Sim”. E então — como eu estava morando em Chicago e ela em Wa­ shington D C — ele acrescentou: “Eu sinto muito que você a esteja levando embora”. Eu disse que entendia, mas estava mentindo. Eu não tinha como compreendê-lo. Mas hoje tenho como, e um dia muitos de vocês também terão.

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Seja gentil com os pais de sua esposa. E não seja duro com os seus próprios pais. Essas pessoas amaram você por um longo tempo, e realmente querem o que é melhor para a sua vida. Independentemente de qualquer outra coisa de que eles possam ser culpados, sogros também são gente.

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C A P IT U L O 12

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casamento é a jornada da hum ildade. Bill e Lynne Hybels, Autores de F it To Be Tied



v^VÍint era um homem de negócios muito experiente. Becky, sua esposa, era o seu “troféu”. Aonde quer que chegassem jun­ tos, todos os notavam. Eles tinham tudo o que o dinheiro podia comprar, mas estavam perdendo aquilo que ele não era capaz de conseguir. Becky dedicava-se a associações de caridade e a educar seus filhos. Clint raramente ficava em casa, mas, quan­ do chegava, não conseguira desviar a sua atenção do próximo grande negócio. Ela estava cada vez mais distante, e ele cada vez mais irritado. Não demorou para Clint, pai de dois filhos pequenos, envolver-se em um caso. Como era vaidoso, não se preocupava em aparecer em lugares públicos com sua nova paixão. Embora sua amante não chegasse aos pés de Becky em termos de beleza, ela estava ao seu lado — sem pedir nada a ele e sem esperar nada dele. Se você tivesse de acompanhar essa história verdadeira até o fim, aonde você acha que ela iria levar? Você provavelmente iria presumir que Clint finalmente deixou Becky e que ela, por sua vez, contratou um advogado durão para tirar o máximo possível de Clint. E você acha que essa batalha pela custódia durou meses, dando assunto para fofocas em todas as festas da cidade? Nada disso. Veja como a coisa terminou: hoje, menos de dez anos de­ pois daquele evento, Clint e Becky estão envolvidos em um

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O que todo noivo precisa saber

ministério especial em sua igreja. Toda semana, eles dão aulas e aconselhamento a casais cujo matrimônio está correndo algum risco (não estou brincando. Isso realmente está acontecendo). Clint e Becky descobriram um processo de cura que m ui­ tos consideraram milagroso. E esse mesmo processo — que eles agora ensinam a jovens casais — , que se for praticado a tempo, pode salvar qualquer casamento conturbado. Na verdade, ele é capaz de salvar um casamento antes mesmo que ele fique em sérios apuros.

Você se casou com um e x p e r t Durante os anos em que ministrou uma grande quantidade de aconselhamentos, o autor best-seller Gary Smalley e sua equipe tiveram a oportunidade de ter o seguinte tipo diálogo — ou algo próximo a isso — com milhares de casais: Gary diz ao casal depois de ouvir os detalhes de seus problemas conjugais: “Parece que vocês ainda têm algumas coisinhas a resolver”. O casal balança a cabeça, concordando. Gary fala então para o marido: “E então, Dave, o que você acha que os dois precisam fazer para resolver esses problemas?”. Silêncio. [Nem encostando o ouvido em uma concha, o Dr. Smalley e a esposa de Dave conseguiriam escutar alguma coisa. Com exceção de um olhar distante e de uma expressão

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próxima ao pânico, Dave não dizia nada. Depois de um minuto de silêncio, ele abaixou a cabeça, de tanta vergonha]. Gary se volta para a esposa e diz: “Ok, Shelly, o que acha que você e Dave poderiam fazer para restaurar o seu casamento?”. Shelly recapitula alguns dos problemas que ela e Dave vêm tendo e, em seguida, apresenta uma série de soluções razo­ áveis . Gary concorda com o que Shelly diz. Ele não se mostra surpreso com sua perspicácia e sabedoria. Dave, por outro lado, fica atordoado e espantado. As chances são de mais de 50/50 de que Dave e sua esposa tenham algo em comum (verdade seja dita, as chances são bem maiores.) Instintivamente, intuitivamente, a sua esposa é uma especialista nesse assunto, incluindo o relacionamento e os pa­ péis que você e ela devem tomar para garantir um casamento bem-sucedido. Como um “pássaro-mãe” protegendo seu ninho dos ataques do gato do vizinho, ela está programada para fazer tudo o que puder a fim de proteger o seu casamento contra todos os inimigos — os grandes e os pequenos. Quando você chega em casa tarde para o jantar ou quan­ do se esquece de limpar a garagem depois de prometer que faria aquilo ou quando você promete passar mais tempo com ela e não cumpre, sua esposa reage. O u melhor, ela surta. Por quê? Porque ela sabe que essas “pequenas” ações podem significar a fermentação de grandes problemas, e por isso ela chama tanto a sua atenção para elas. Sua esposa fará o possível e o impossível para evitar que elas se acumulem ou se compliquem. Pequenas decisões que envolvam negligência podem acabar com casa­ mentos. Sua esposa sabe disso, e é por isso que ela tende a dar muita importância a pequenas coisas.

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Aprenda a reconhecer os sinais precoces — e a levá-los a sério Meu voo estava programado para I6h35 e era o último voo sem escalas do dia partindo de Orlando para Los Angeles. Às lô h l 0, não vi nenhum esforço sendo feito para começar o embarque de passageiros. Notei que o agente do portão estava perdendo muito tempo ao telefone. Às I6h20, ainda não havia nenhuma atividade — ninguém estava embarcando. “Estamos com problemas”, falei em tom alto o suficiente para o cara ao meu lado ouvir e olhar para mim. Às I6h30, recebemos o seguinte anúncio do agente. “Senhoras e senhores”, disse ele naquela voz padrão, calmo e amigável: “Recebemos da tripulação de voo a notícia de que há uma luz piscando no painel de instrumentos, indicando um avi­ so”. Ouviu-se um murmúrio em meio aos passageiros na área de espera. Um jovem viajante tentou fazer uma piada sobre quan­ tos pilotos é preciso para trocar uma lâmpada, mas ninguém riu. “Contatamos uma equipe de manutenção. Vários diagnósticos foram realizados. Continuaremos a monitorar a situação. Não acreditamos que esse imprevisto resulte em um atraso considerável — talvez 20 ou 30 minutos — , mas man­ teremos todos informados.” Então, ele disse as minhas quatro palavras de ficção favoritas — puro faz de conta: “Obrigado por sua paciência”. Alguns dos passageiros começaram a andar em círculos, outros aumentaram o tom, com raiva. Mães se atrapalhavam com suas bolsas, procurando novos passatempos para manter ocupados seus filhos inquietos. Peguei meu celular e liguei para a companhia aérea. Eu já conhecia muito bem essa história de “20 ou 30 minutos”.

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Alguns minutos mais tarde, eu tinha uma reserva de se­ gurança para um voo de conexão por Dallas. Eu havia marcado uma reunião importante com um cliente na manhã seguinte, em Los Angeles. Não comparecer simplesmente não era uma opção aceitável. Toda vez que isso acontece comigo, eu me pergunto: será que chegaríamos vivos em Los Angeles se o capitão resolvesse ignorar a luz de aviso? O que você acha? Com todos os sistemas redundantes instalados nos aviões, a probabilidade de que consigamos chegar lá com segurança é muito grande. Na verdade, se os membros da tripulação man­ tivessem a boca fechada, nenhum de nós teria sequer precisado saber do problema. Poderíamos estar normalmente saboreando salgadinhos e tomando refrigerante a uma altitude de dez mil metros se eles tivessem apenas se esquecido do problema e nos deixado embarcar no avião. Afinal, a maioria dos sistemas esta­ va funcionando muito bem. Mas a verdade é que os pilotos podem perder a licen­ ça para voar se ignorarem essas advertências. Eles sabem que, mesmo que as chances de se tratar de problemas sérios sejam minúsculas, essa luz indicadora significa algo. Os passageiros, impacientes ou não, não irão a lugar algum antes que o defeito seja reparado. E consertar itens avariados com agilidade tam­ bém é muito importante quando seu casamento está no início. “O que há de errado?”, você pergunta à sua esposa. Dá para ver que alguma coisa a está incomodando. “Nada”, ela responde, enquanto o seu olhar frio mostra que ela está ignorando a luz acesa no painel de instrumentos. Você provavelmente já participou de uma conversa desse tipo. O que Clint aprendeu quando se recuperou de sua expe­ riência de “quase-divórcio” com Becky — e com o que Dave

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aprendeu enquanto ouvia as palavras de Shelly — foi que no início de seu casamento havia uma abundância de luzes de ad­ vertência que deveriam ter sido vistas — luzes que suas esposas enxergaram claramente. Quando falam francamente, a maioria dos homens admite que também as viu. Mas eles simplesmente optaram por ignorá-las. Nenhum casamento éperfeito, racionali­ zam tolamente. Nós vamos superar isso no momento certo.

Chame o pessoal da manutenção

Os pilotos passam anos em treinamento. Eles se preparam para as emergências mais horríveis nos simuladores. Toda vez que o trem de pouco perde o contato com a pista na decola­ gem, os pilotos sabem que detêm unicamente em suas mãos a responsabilidade pelas vidas de centenas de passageiros. Mas os pilotos não consertam o que é indicado pelas luzes do painel. Eles chamam a manutenção. Admitir que precisa de ajuda é a parte que a maioria dos homens odeia — e essa rejeição é quase universal. E um hábito que se manifesta com mais frequência em nossa incapacidade — falta de vontade, na verdade — de parar e pedir informa­ ções. Estamos tão perdidos quanto o coelhinho da Páscoa no dia das Mães, já passamos pelo mesmo posto de gasolina quatro vezes, nossa esposa não para de chorar (de gritar, na verdade), porque estamos atrasados para um casamento, mas temos cer­ teza de que o caminho é aquele mesmo. “Eu sei que a igreja é logo ali”, dizemos com total con­ fiança. A maioria dos casamentos decola sem planos de con­ tingência a bordo. Ninguém faz a seguinte pergunta: “O que

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faremos quando uma luz de aviso aparecer? Como resolver essa situação, e quem chamaremos, se não conseguirmos?”. Assim, os homens costumam iniciar uma empreitada sem contar com uma estratégia para lidar com eventuais problemas e sem a compreensão de como ou a quem pedir ajuda quando se virem diante de problemas reais. Como já dissemos, na maioria dos casos, a sua esposa tem um olho melhor para luzes de advertência do que você. A pesquisa mostrou que as mulheres são mais propensas que os homens a perceber problemas no casamento.42 Mas eu e você somos estranhamente mais propensos a desconectar a lâmpada (ou a simplesmente destruí-la com um martelo) e pegar o avião para Los Angeles como se nada estivesse errado nela. E a coisa mais trágica que pode acontecer é que o nosso voo aterrisse sem problemas. Por quê? Porque a experiência de sucesso sim­ plesmente nos leva a pensar que devia ter algo de errado com a lâmpada e não com o avião. Quando as luzes de advertência da nossa esposa se acen­ dem, conseguimos a munição de que precisamos para nos convencer de que o único problema que temos são justamente as nossas próprias esposas e seus sistemas de alerta excessiva­ mente sensíveis. Certa tarde, a esposa de um ministro quase literalmente arrastou o marido até o escritório do conselheiro. As primeiras palavras que saíram da boca do ministro foram: “Eu não faço ideia do motivo pelo qual estamos aqui. Nosso casamento vai bem”. Esse homem, profissionalmente treinado para aconselhar a outros, estava completamente cego diante das preocupações desesperadas de sua própria esposa. Durante o primeiro ano de seu casamento, você precisa manter seus olhos no painel de instrumentos. Se você acha que

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está vendo alguma coisa, pergunte a sua esposa para confirmar. Se a luz de alerta estiver acesa, discuta a situação com ela. Não tente agir como um engraçadinho. Casamento não é lugar para comédia. E se você não conseguir conversar sobre o assunto de modo a garantir a satisfação de ambos, chame o pessoal da manutenção. “O pessoal da manutenção” pode ser um amigo mais ve­ lho de sua confiança, um ministro, ou um conselheiro treinado. Deve ser alguém que leve a sua luz de advertência a sério.

Instale uma rede de segurança

Em janeiro de 1933, a construção da ponte Golden Gate, na Califórnia, foi iniciada. Quatro anos e meio depois, o presi­ dente Franklin Delano Roosevelt enviou uma mensagem tele­ gráfica diretamente da Casa Branca, anunciando ao mundo que a ponte estava sendo inaugurada. Durante a construção da ponte, que custou 35 milhões de dólares, apenas 11 trabalhadores morreram. Digo apenas, por­ que o normal em uma construção como essa era de um homem morto para cada milhão de dólares gastos. A razão para um nível de segurança tão alto era muito simples. Os contratantes investiram 135 mil dólares em uma rede de segurança que se estendia por baixo da ponte ao longo de todo o trajeto entre San Francisco e Marin County. Enquanto a ponte estava sendo construída, 30 homens caíram, mas 19 foram apanhados pela rede e se salvaram. Repórteres dos jornais locais apelidaram os sobreviventes de “Clube dos que quase foram para o inferno”. A rede de segurança sob o seu casamento começa com um acordo para protegê-lo dos perigos com que nos deparamos no dia a dia. E, como a Convenção de Genebra do capítulo 8, você

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e sua esposa devem decidir — agora, antes de entrar no calor da batalha — se investirão nessa rede. Adotar esta rede de segurança também implica que você estabelecerá suas armas. Você começa a construir essa rede de segurança ao concordar em nunca empregar itens projetados somente para destruir e não para construir. Armas como: defensivismo — “Agora a culpa é só minha?” desdém — xingamentos, sarcasmo ou olhares de des­ prezo acompanhados de comentários do tipo: “Então, o que é que você vai fazer, me processar?”, monopolizar sua atenção — uma muralha impassível e insensível que o coloca em uma posição de poder, fcchando-se e ignorando a sua esposa em tudo. ataques pessoais — em vez de pedir ao seu cônjuge para limpar a bagunça que ele ou ela deixou na cozinha, você prefere dizer: “Você não se preocupa com ninguém, só consigo mesmo, não é?”43 Usar essas armas só transforma as divergências em discus­ sões, as discussões em brigas, as brigas em uma guerra e uma guerra em tragédias — com feridos ou mortos. A rede de segurança pressupõe não somente que você não usará esses tipos de armas, mas que também aderirá a um tra­ tado de não agressão, estipulando que o cônjuge desarmado sempre terá o direito de exigir a desativação de uma dessas ar­ mas no momento em que aparecer. “Ei, nós prometemos não fazer isso”, disse o cônjuge que estava sob a mira. O infrator de arma em punho deve colocá-la de volta no coldre. Eles haviam feito um acordo. Não há outra escolha possível.

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O utra rede de segurança pode ser um casal ou um gru­ po de amigos próximos que estejam de plantão para o caso de emergências. Um casal que conhecemos chama essas pessoas de seu “Grupo 190”. Eles fizeram um pacto entre si para garantir que, dia e noite, estejam sempre disponíveis e prontos a fazer companhia um ao outro, sempre em prol do casamento. Randy e Tiffany criaram uma rede de segurança ampla no início de seu casamento. Depois de estarem casados há alguns meses e de terem enfrentado a experiência traumatizante de quase cair nas águas da bacia de San Francisco algumas vezes, eles se sentaram à mesa da cozinha uma noite depois do jantar. Randy pegou seu laptop e, juntos, fizeram uma lista de coisas para incluir na sua rede de segurança. Como eles eram muito exigentes, além de adotar alguns dos procedimentos para uma emergência da rede de segurança descritos anteriormente, Randy e Tiffany adicionaram medidas preventivas — as quais evitariam a sua queda na rede. Randy digitava à medida que Tiffany dava suas sugestões: Um jantar à luz de velas uma vez por mês. Randy é res­ ponsável em prepará-lo, mesmo que tenha de comprar comida chinesa e colocá-la em tigelas de porcelana. Bate-papos de 15 minutos no café da manhã todos os dias da semana. Mais longos nos finais de semana. Dançar a “nossa” música ou assistir ao “nosso” filme uma vez por mês. Randy também deu algumas sugestões para Tiffany: Rir quando eu disser algo engraçado. Acompanhar-me nas festas da empresa em que trabalho. Tomar a iniciativa no relacionamento íntimo.

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Enquanto você lê estas linhas, por favor, evite cair na ten­ tação de revirar os olhos e concluir que criar esse tipo de lista é prescindível. Você pode achar que é o Sr. Espontaneidade e que não precisa ser tão mecânico. Eu possofazer essas coisas acontecerem na hora H. Vá em frente, mas você estará apostando contra as proba­ bilidades. As estatísticas não estarão do seu lado, a menos que você esteja querendo fazer parte do “Clube dos que quase foram para o inferno”.

Podemos conversar? Fran Tarkington, frequentador do Hall of Fame do beisebol mundial, um dos melhores quarterbacks da história do esporte, teve de responder à seguinte charada: Pergunta: “O que a vida e um jogador de linha defensiva que pesa trezentos quilos têm em comum?”. Resposta: “Ambos punem aqueles que não estão dispostos a se mover”. Se você adaptar essa pergunta e colocar a expressão “de casado” após a palavra “vida”, a resposta ainda seria a mesma. A falta de vontade de ajustar a vida conjugal é severamente punida. Você e eu temos isto em comum: preferimos não dar com a cara no chão. Faremos todo o possível para evitar que isso aconteça. Como você não sabia que um atacante desembestado invadiria o seu casamento, não tomou medidas para proteger-se antes de entrar na igreja. Mas desde o dia em que você e

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sua noiva se casaram, já teve a oportunidade de, algumas vezes, sentir-se esmagado por seu peso. Por incrível que pareça, esse monstro pode manifestar-se de uma destas maneiras: cjr car

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Como você poderia saber sobre os seus hábitos desagra­ dáveis? E como ela poderia não ter sabido dos seus? Você pensou que tinha visto o seu temperamento quan­ do estava namorando, mas não era nada assim! Ela pensou que você gostava da mãe dela. E você pensou que ela gostava de seu pai. Você odeia tinta verde. Ela adora tinta verde. Ele odeia tecido xadrez em mobiliário. Você ama tecido xadrez em mobiliário. Ela se mexe enquanto dorme à noite como se estives­ se lutando com um jacaré, enquanto você praticamente não se move. Infclizmente, você tem sono leve. Ela deixa as portas dos armários da cozinha baterem quando você está tirando um cochilo na sala de estar. Sujeira no carro é algo invisível para você. O aviso “Pane iminente no motor” exibido no painel de instrumentos é invisível para ela. Seu hálito pela manhã é capaz de matar uma mosca vare­ jeira. Você está com gases e se coça demais.44

Como o casamento é uma novidade para você, essas coi­ sas lhe podem ser desconhecidas. Mas, espere. Tão inevitável quanto é o amanhecer, coisas como essas — ou parecidas — acontecerão. E, quando chegar a hora, como você se comporta­ rá? Como lidará com a angústia que nasce dentro de si quando elas surgem?

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Socorro: quando alguma coisa precisa mudar

Você já pode ter ouvido especialistas dizerem: “Um ho­ mem jamais conseguirá fazer a sua esposa mudar”. O u então “É preciso que os dois cônjuges estejam empenhados em fazer uma mudança real no casamento”. Os especialistas estão ape­ nas parcialmente certos. Um número incontável de maridos e esposas foi capaz de exercer uma profunda influência um sobre o outro. Em outras palavras, você pode, sim, realizar mudanças em sua esposa. E aqui estão os três princípios para o sucesso. O primeiro, à luz do que acabei de dizer, irá surpreendê-lo:

Princípio #1— Desde o início, abandone a ilusão de fazer a sua esposa mudar

Este pode ser o princípio mais difícil de entender, porque parece não fazer sentido. “Eu achei que você tinha dito que eu poderia mudar a minha esposa. Agora você está dizendo que eu deveria desistir?“ Exatamente. Por mais irônico que possa soar, o primeiro e mais po­ deroso passo a tomar na mudança de sua esposa é não ter a intenção de tentar mudá-la em tudo. Seja o seu peso, o jeito de cuidar da casa, o fato de estar sempre atrasada, sua relu­ tância em fazer amor ou o seu hábito de chatear você, quanto mais você empenhar-se em mudar o jeito de ser dela, mais frus­ trado você ficará. Essa mulher com quem você se casou é imperfeita. Mui­ tos maridos são surpreendidos e se sentem arrasados com essa descoberta. Então, quando essa imperfeição é exposta, alguns homens a usam para justificar seu comportamento rude. Você provavelmente já ouviu um homem racionalizar e dizer: “Mas você nem imagina de que jeito ela sempre...”.

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O que todo noivo precisa saber

Alguns maridos transformam suas esposas em seu projeto número um de melhoria da casa. Assim, eles se tornam um verdadeiro repositório de comentários “úteis”: ^ Csr

“Quantos quilos você pretende engordar este ano?” “Você fala demais.” “Quando nos casamos, eu nunca imaginei que eu teria que dar um duro tão grande para conseguir um pouco de carinho de você.”

Se você perguntar a esses homens sobre seus comentários, eles dirão que estão apenas tentando ajudar suas esposas, ou talvez até tentando fazer seus casamentos melhorarem. Suas es­ posas entendem isso de uma forma bem diferente, é claro. No aconselhamento, um marido pode fazer o que alguns chamam de “confissão detalhada dos pecados de sua esposa”. Naturalmente, ele pode incluir uma confissão superficial de sua autoria, como, por exemplo: “Ok, eu reconheço. Não sou perfeito também. Mas não é tudo culpa minha. E até que ela admita que teve um papel ativo nisso...”. Se isso soa mais como uma justificativa do que uma confissão, é única e exclusivamen­ te porque você está prestando atenção. E fácil deixar o amor que você sente por sua esposa desaparecer quando o seu foco está em corrigi-la — sem mencionar que suas tentativas de mudar sua maneira de ser quase sempre não darão em nada no longo prazo. Mesmo que possa haver ajustes de comportamento no curto prazo, sua exigência por mudanças em seu modo de ser terão o que chamamos de “efeito de quimioterapia”. Em seu esforço para remover as coisas de que não gosta, você pode inadvertidamente destruir algumas das qualidades que o atraíram nela quando a conheceu.

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Socorro: quando alguma coisa precisa mudar

Sua pressão para forçá-la a “parar de falar demais” pode eliminar a espontaneidade do seu “primeiro am or”. Sua vi­ gilância constante e excessiva sobre seus hábitos alimentares pode criar um sentimento incalculável de insegurança e minar sua autoestima. O fato de você exigir que ela esteja sempre disponível para fazer amor pode simplesmente destruir sua espiritualidade. Quando um homem fica obcecado pelos defeitos de sua esposa, a consequência trágica é que perde seu poder de real­ mente amá-la, que é o único jeito de provocar qualquer tipo de mudança real nela. Um homem que tenta desesperadamente mudar a maneira de ser de sua esposa está realizando uma autoafirmação da sua impotência. A mudança em sua mulher será sempre um subproduto de seu amor por ela, e não um resultado de demandas diretas e implacáveis.

Princípio #2 — Criar um ambiente favorável à mudança

O seu casamento é um organismo vivo. E assim em to­ dos os seus momentos, quer esteja crescendo ou morrendo. E crescimento significa sempre mudança. Como você está progra­ mado para melhorar a vida da mulher que ama, poucas coisas podem ser mais desanimadoras do que sentir que ela está agin­ do com indiferença em relação a você — não importa o que diga ou faça. Peter entrou no escritório de Mark e sentou-se em uma cadeira no canto da sala. Sua linguagem corporal mostrou um homem que havia acabado de levar uma surra, mas o olhar feliz em seu rosto mostrava algo diferente. Via-se que Peter havia usado toda a sua energia física para tomar a decisão mais im­

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0 que todo noivo precisa saber

portante da vida em relaçáo à sua nova esposa. Seu rosto refletia o quão satisfeito ele estava com aquela decisão. “Eu jamais criticarei Katie novamente”, disse. Mark olhou para ele, esperando uma explicação. Ele conhecia o casamento de Peter e Katie — da sua amargura que o impregnava, da frustração total de Katie com o julgamento do marido. Mas em uma frase Peter resumiu tudo o que tinha vindo dizer. Seis meses mais tarde, Mark esbarrou com Katie na igreja. Seu rosto havia se transformado. Um brilho invadiu os seus olhos quando Mark perguntou como ela e Peter estavam indo. Quando Peter fez aquela promessa, aconteceram duas coisas em seu casamento: Katie começou a confiar nele e sentir-se segura ao seu lado e, convencida de que não estava mais sendo vigiada e criticada, ela começou a correr o risco de realizar mudanças em seu próprio comportamento. A cultura da mudança jamais cresce em um ambiente de críticas. Tente fazer uma experiência para comprovar o que eu estou dizendo. Peça a sua esposa para enfrentá-lo. Levante as mãos com as palmas voltadas para ela e peça-lhe para fazer o mesmo, encostando as suas palmas nas delas. Então, lenta­ mente, empurre as mãos. Sem qualquer instrução, a resposta que ela dará para a pressão que você estará fazendo é com­ pletamente previsível: Ela reagirá empurrando suas mãos no sentido contrário. A última coisa que você e sua esposa desejam em seu casa­ mento é passar o resto de seus anos empurrando-se um contra o outro. A mudança só é possível quando a pressão para fazer as coisas acontecerem é substituída por ternura e graça.

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Socorro: quando alguma coisa precisa mudar

Como um jardineiro que não pode forçar uma semente a germinar, você não pode forçar o pequeno broto verde a crescer, mas pode fornecer um ambiente que acolhe o seu desenvol­ vimento — que encoraje esse processo e que depois espera pacientemente para que ele se realize.

Princípio #3 — Tome a única decisão que provavelmente trará mudanças

Apenas duas palavras: modificar-se. A ferramenta mais poderosa para fomentar a mudança no modo de ser de sua es­ posa é concentrar-se nas áreas em que você precisa mudar. Quando você faz isso, começa a perceber como é difícil mudar padrões arraigados — e isso o ajudará a desenvolver sua paciência. Em seguida, ao provocar mínimas mudanças em si mesmo, você evitará sentir-se como uma vítima em seu casa­ mento — achando-se impotente pelo fato de sua esposa não mudar. Finalmente, nada motivará mais sua esposa a mudar do que sentir-se amada incondicionalmente por um homem disposto a mudar seu próprio comportamento. Aqui está um exemplo de como esse princípio pode ser desrespeitado: suponha que sua esposa lhe peça para ir mais devagar quando você está dirigindo. Ela pede mais de uma vez. Suponha também que você opte por ignorá-la. Na verdade, em um momento no qual está sentindo-se particularmente cora­ joso, você a desafia afundando o pé no acelerador quando ela pede de novo. O resultado é que você está sendo bem-sucedido em criar um ambiente de hostilidade à mudança para sua es­ posa. E cada vez que isso — ou algo parecido — acontece, o ecossistema de seu casamento se torna cada vez mais rígido e inflexível.

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O que todo noivo precisa saber

Vejamos um exemplo de como esse princípio deve fun­ cionar: Suponha que sua esposa lhe peça para ir mais devagar quando você está dirigindo. Ela pede mais de uma vez. Supo­ nha que você resolva desacelerar — crédito extra para você, porque pediu desculpas sinceramente ao tirar o pé do acelera­ dor. Você ganhou. Sua esposa náo está mais irritada, e que você comunica o seu amor por ela de uma forma muito objetiva (por falar nisso, você já notou o custo do excesso de velocidade nas multas de hoje?). E eis mais um motivo para celebrar: sua esposa também ganha! Ela sente que pode fazer a diferença no seu compor­ tamento. E, mais importante, seu casamento ganha, porque a fonte de tensão constante é removida. A partir do que você fez, um padrão de mudança começa a ser estabelecido, no qual a in­ tenção de mudar consiste simplesmente em uma demonstração de “como fazemos as coisas por aqui”. Você deve ser o primeiro, porque o seu desejo sincero é o de agradar sua noiva, e não de manipulá-la a fazer o mesmo. Essa é a única maneira de incentivar sua esposa a fazer mudan­ ças na sua própria vida.

Interrompendo os atuais procedimentos de divórcio...

Você já ouviu a história de um homem que estava tão cheio de amargura para com sua esposa, que decidiu que somente um processo de divórcio não resolvería a situação? Então, ele procurou o seu advogado buscando aconselhamento sobre como proporcionar à sua esposa a pior experiência de divórcio litigioso de todos os tempos. O advogado do homem sugeriu um plano brilhante.

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Socorro: quando alguma coisa precisa mudar

“Durante os próximos 30 dias”, disse, “trate a sua esposa com tanta bondade a ponto de fazê-la começar a acreditar que você realmente se importa com ela. Então, quando nós emitir­ mos os papéis do divórcio, ela vai sentir-se totalmente arrasada.” O marido concordou que a sugestão era engenhosa, e en­ tão colocou o plano em ação. Em cada um dos 30 dias seguintes — ele: trouxe para esposa presentes de surpresa escreveu cartas de amor apaixonadas levou-a a encontros em lugares especiais ouviu seus conselhos com respeito e fez mudanças no seu próprio comportamento falou com palavras realmente tão amáveis, que poderia ter ganhado um Oscar por sua performance — de me­ lhor ator coadjuvante Pouco antes de o período de 30 dias terminar, o homem recebeu um telefonema de seu advogado. “Os documentos es­ tão prontos para você para acionar a sua esposa”, disse. “Você está brincando?” O marido respondeu. “Esqueça os papéis. M inha esposa e eu estamos vivendo a melhor fase do nosso casamento!”45

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1. PAUL, Pamela; NISSINEN, Sheryl; REAL, “Terry. What Happens after the Wedding?”. The Oprah Winfrey Show. 28 de outubro de 2002. NISSINEN, Sheryl. The Conscious Bride. Oaldan, Calif.: New Harbinger, 2000. p. 176. 2. GOTTMAN, John M. The Seven Principles f o r M a kin g M arriage Work. Michigan: Three Rivers Press, 2000. p. 5 3. WAITE, Linda J.; GALLAGHER, Maggie. The Case fo r M arriage: W hy M a rrie d People A re Happier, Healthier, a n d B etter-O ff Financially.

Nova Iorque: Doubleday, 2000. p. 67.

4. Ibid. 5. Ibid. 6. YANCEY, Philip. F in d in g G od in Unexpected Places. Nashville: Moorings, 1995- p. 82. 7. Provérbios 21.9; 25.24. 8. Efésios 5.25. 9. PARROTT, Les e Leslie. Becoming S o u l M ates. Grand Rapids: Zondervan, 1995. 10. Deuteronômio 6.5,7. 11. Ver 1 Corindos 12.3-6. 12. Filipenses 2.7. 13. O rio Green é amplamente conhecido como um dos mais perigosos fluxos de água em ravina do mundo. Há alguns anos, a Pepsi veiculou um comercial filmado lá, mostrando um grupo fazendo rafting e vivendo inúmeras aventuras.

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14. Efésios 5-25. 15. VerCHAPMAN, Gary. The Five Love Languages. Chicago, Northfield, 1992. 16. Náo é nenhuma surpresa que algumas traduções da Bíblia descrevam a relação sexual usando o verbo conhecer — E conheceu A dão a Eva, sua mulher, e ela concebeu, e teve a Caim, e disse: Alcancei do S E N H O R u m varão

(Gn 4.1).

17. FABRY, Chris. Focus on the Fam ily M agazine. Fevereiro de 1999. p. 3. 18. Entre os clássicos mais vendidos de Charlie Shedd estão Letters to Karen e Letters to Phillip. 19. Charlie adotou a seguinte máxima: “Se a mamãe não está feliz, então, ninguém mais deverá ficar feliz”. 20. O monitor Holter é um dispositivo que registra uma gravação contínua com eletrocardiograma de uma pessoa (ECG). Ele permite o reconhecimento de quaisquer alte­ rações do ritmo cardíaco que podem ocorrer durante as atividades diárias. 21. Para mais informações, ver Gottman, Seven Principies fo r M a k in g M arriage Work.

22. GOTTMAN. Seven Principies f o r M a k in g M arriage Work. p. 1 7 , 2 0 .

23. Por seus esforços em iniciar o processo que resultou na Convenção de Genebra, Henri Dunant recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1901. Inspirado nas vidas de três notáveis mulheres — Harriet Beecher Stowe, Florence Nightingale e Elizabeth Fry —, Henri Dunant escreveu: “A influência das mulheres é um fator essencial para o bem-estar da hu­ manidade, e se tornará mais valiosa à medida que o tempo

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Notas

avançar”. Ele também foi o fundador do Comitê Interna­ cional da Cruz Vermelha. 24. 1 Pedro 3.7. 25. Colossenses 3.19. 26. Mark DeVries e eu não pretendemos ser especialistas em suas finanças pessoais. Existem, no entanto, muitos livros úteis escritos por Larry Burkett, Ron Blue e David Ramsey — bem como uma série de excelentes aulas que você pode frequentar em sua igreja (como as produzidas pela Crown Ministries, por exemplo). 27. O meu favorito é o QuickBooks. 28. Provérbios 22.7. 29. Na maioria dos acordos judiciais, o dinheiro de um casal é tratado como “deles”, não “seu” ou “dela”. É entendimento legal que o dinheiro é seu coletivamente, de modo que é boa ideia pensar assim. 30. Atos 20.35 (A Mensagem). 31.1 Timóteo 6.10. 32. Desenvolvi esse tema em detalhes nas páginas 35-38 do livro She Calls Me Daddy. Colorado Springs: Focus on the Family, 1996. 33. Eis algumas sugestões de: Tomar banho juntos à luz de velas, fazer massagem com óleo perfumado um no outro, passear de trenó, fazer aulas de dança de salão, visitar os recém-nascidos no hospital (esse programa é demais, confie em mim!), fazer piquenique no campo, brincar no balan­ ço em um playground, planejar um encontro secreto, lutar com pistolas de água, orar de joelhos ou observar as estrelas à noite.

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34. Eu poderia falar a ela sobre bombas de sucçáo de leite ma­ terno, mas não farei isso. Alguns de vocês podem aprender sobre elas em breve. 35. Citado em RAINEY, Dennis. Fam ily Reformation. Lide Rock, Ark.: Family Life, 1996. p. 94. 36. Citado em BLITCHINGTON, Peter. Sex Roles a n d the Christian Family. Wheaton, III.: Tyndale House, 1985. p. 165. 37. Jerry Jenkins escreveu um livro brilhante a respeito desse assunto chamado Loving Your M arriage Enough to Protect. Chicago: Moody Press, 2000. 38. Recomendo veementemente o livro Every M a n s Battle , de Stephen Arterburn e Fred Stoeker, com a participação de Mike Yorkey (Colorado Springs: WaterBrook, 2000). 39. Os autores de Every M a n ’s B attle chamam esse compor­ tamento de “o quique”. Seus olhos, como uma bola de borracha, “batem” no objeto e então quicam, afastando-se. E eles não voltam, evitando uma nova olhada — o que é uma excelente ideia! 40. Orei Hershiser, com a participação de Robert Wolgemuth, Between the Lines. Nova Iorque: Warner Books, 2001. p. 144. 41. Gênesis 2.24. 42. Ver Gottman, Seven Principlesfo r M a k in g Marriage, p. 114. 43. John Gottman registrou algumas dessas ideias em seu li­ vro W hy M arriages Succeed or Fail. Nova York: Simon & Schuster, 1994. 44. Uma das razões pelas quais alguns casais optam por viver juntos antes de se casar é para evitar serem surpreendidos por esses incômodos depois do casamento. No entanto, os

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Motas

casais que decidem viver juntos antes de se casarem têm maior probabilidade de se divorciar do que aqueles que es­ peram até estarem casados antes de morar juntos. Citado em PAUL, Pamela. The Starter Marriage. Nova Iorque: Villard Books, 2002. 45. Adaptado da obra de WARREN, Neil Clark. Catching the Rhythm o f Love. Nashville: Nelson, 2000. p. 28-30.

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Seu guia para todas as coisas que acontecem depois do "Aceito”. O primeiro ano do casamento pode não ser o mais difícil, mas é o mais importante. Nos 12 meses seguintes ao "Aceito”, o casai estabelece os hábitos — bons e ruins — que definirão o restante de sua vida de casados. Este guia prático e cristão que dá conta de todas as situações que podem acontecer depois do "Aceito" ajudará você a: - Tornar-se um especialista naquilo que realmente faz a sua esposa feliz e a aproveitar os benefícios de uma grande parceria. - Dar uma boa olhada na sua família de origem, incluindo os seus códigos de comportamento, como eles moldaram a sua maneira de ser e como isso afeta o seu relacionamento conjugal. - Aprender a falar a "linguagem" um do outro e apreciar as qualidades que cada um dos noivos trouxe para o casamento. Robert Wolgemuth e Mark DeVries proporcionam ao leitor uma abordagem consistente a respeito de habilidades de comunicação, segredos para uma vida sexual incrível, finanças, relacionamento com sogros, superação de tempos difíceis e muito mais. Acima de tudo, você cultivará uma unidade espiritual que deixará vocês dois mais juntos de Deus. Este livro pretende tornar o seu primeiro ano como esposo e esposa naquilo que ele deve ser: o ano mais importante da sua vida.

DR. R O B ER T WOLGEMUTH foi presidente da Thomas Nelson Publishers. Ele é proprietário da Wogelmth & Associates, uma agência literária que representa com exclusividade as obras de mais de oitenta autores. Dr. Wolgemuth é palestrante e autor best-seller de mais de vinte livros, incluindo She calls me daddy, Men of the Bible e Couples of the Bible. Robert e sua esposa, Bobbie, são pais de duas filhas adultas e avós de cinco netos. R EV . MARK D E V R IES é fundador do Youth Ministry Architects e do Childrens Ministry Architects. um serviço de coaching aplicado para igrejas. Graduaou-se com louvor como Associate Pastor for Youth and Their Families na First Presbytarian em Nashville em 1986. Mark é palestrante e autor de diversos livros, dentre eles Family-Based Young Ministry e Sustainable Youth Ministry. Mark e sua esposa, Susan, são pais de três filhos adultos e têm dois netos.

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