BRASIL_0616_COVER_KID_409_COVER 6/13/16 11:49 AM Page 2
TVBRASIL
WWW.TEVEBRASIL.COM
JUNHO/JULHO 2016
EDIÇÃO ABTA
Visão dos Líderes / Gerhard Zeiler da Turner / Alberto Pecegueiro da Globosat / Nancy Dubuc da A+E
SPREAD TEMPLATE_Layout 1 6/13/16 11:01 AM Page 1
SPREAD TEMPLATE_Layout 1 6/13/16 11:01 AM Page 2
BRASIL_0616_TOC_ASP_1206_MANSHA COLUMN 6/13/16 1:10 PM Page 1
4
TV BRASIL
NESTA EDIÇÃO
Crescendo na Crise Para esta edição especial da revista TV Brasil, distribuída no congresso da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura em junho de 2016, entrevistamos três presidentes e diretores-executivos de algumas das maiores empresas de televisão por assinatura no país: Gerhard Zeiler, presidente da Turner International; Alberto Pecegueiro, diretor executivo da Globosat; e Nancy Dubuc, presidente e diretora-executiva da A+E Networks.
Ricardo Seguin Guise Diretor-Geral Camila Viegas-Lee Editora da TV Brasil Gabriele Branco Subeditora Simon Weaver Diretor Online Victor L. Cuevas Diretor de Arte Dana Mattison Gerente Sênior de Vendas e Marketing Elizabeth Walsh Gerente de Vendas e Marketing Andrea Moreno Gerente de Negócios
Ricardo Seguin Guise Presidente Anna Carugati VP Executiva e Diretora Editorial do grupo Mansha Daswani Publisher Associada e VP de Desenvolvimento Estratégico TV Brasil Marca registrada da WSN INC. 1123 Broadway, Suite 1207 New York, NY 10010 Estados Unidos Redação: (212) 924-7620 Fax: (212) 924-6940 E-mail: noticias@tvlatina.tv
No geral, ainda não há clareza sobre as tendências de desenvolvimento da indústria de mídia. Mas é possível fazer algumas apostas informadas. A boa notícia é que mesmo com a crise econômica, a TV por assinatura registrou a maior audiência de sua história no Brasil no primeiro trimestre de 2016, ultrapassando a marca de 2,2 milhões de telespectadores conectados por minuto (de acordo com pesquisa do Kantar IBOPE Media). O vice-presidente de Vendas da Discovery e coordenador do Comitê de Publicidade da ABTA, Roberto Nascimento, acredita que mais pessoas estão optando pela TV por assinatura como forma acessível de informação, cultura e entretenimento. “A TV paga tem programação diversificada e de qualidade, variedade de canais e conteúdos relevantes.” Nascimento diz que o principal atrativo é a capacidade de criação de conteúdos, formatos de transmissão e curadoria. “Temos colocado cada vez mais programas da TV por assinatura em diferentes plataformas, acompanhando e influenciando a mudança de hábito de consumo, por meio de diversos dispositivos e horários mais adequados.” Sem dúvida, empresas produtoras de conteúdo próprio estão mais bem posicionadas na nova indústria de TV paga porque podem servir melhor à audiência – quando e onde esteja. No Brasil, porém, a programação linear ainda é a principal forma de assistir à televisão. No mês passado, durante discurso para assumir o Ministério da Cultura, Marcelo Calero anunciou uma gestão eficiente de recursos, mas enfatizou a importância da internacionalização da cultura, ressaltou que meios digitais permitem esse movimento e que é preciso de apoio do Estado, referindo-se especialmente a serviços audiovisuais. Tudo indica que, para operar no Brasil, as exigências e incentivos para o setor audiovisual, sobretudo da Lei 12.485 (SeAC), continuarão as mesmas. Para Mauro Garcia, diretor executivo da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Televisão, "a manutenção desses mecanismos é fundamental para o contínuo crescimento do setor, em escala e qualidade, sobretudo quando o novo discurso reforça a necessidade de empregabilidade, rentabilidade”. Por Camila Viegas-Lee
ESPECIAL
8 A VISÃO DOS LÍDERES Executivos da TV paga explicam suas estratégias para lidar com os desafios da atualidade no Brasil e no mundo e garantir um bom desempenho.
ENTREVISTAS
11 Gerhard Zeiler Turner International
12 Alberto Pecegueiro Globosat
14 Nancy Dubuc A+E Networks
www.tevebrasil.com
EL PROVEEDOR LÍDER DE NOTICIAS EN ESPAÑOL EN LA INDUSTRIA DE MEDIOS GLOBAL. Para una suscripción gratis, visite www.suscripcion.tv
BRASIL_0616__Layout 1 6/13/16 10:52 AM Page 1
BRASIL_0616_UPS_Layout 1 6/13/16 11:59 AM Page 1
6
TV BRASIL
A+E Networks Gigantes do Brasil / Minha Vida Com Síndrome de Down Com a maior parte da programação formada por produtos originais, a A+E lançou em junho Gigantes do Brasil. A minissérie do HISTORY é a primeira produção nacional com dramaturgia da rede. Gigantes narra a história de grandes empreendedores que transformaram a indústria brasileira a partir do século 19, como Francesco Matarazzo, Percival Farquhar, Giuseppi Martinelli e Guilherme Guinle. No A&E, o reality tocante e inovador Minha Vida com Síndrome de Down trata da síndrome de forma natural. A estreia mostra perspectivas inusitadas da vida de sete jovens adultos, dividindo sonhos e paixões na produção que foca na carreira, nas amizades e na vida amorosa do grupo.
Gigantes do Brasil
Globosat Jogos Olímpicos / Unidade Básica Os Jogos Rio 2016 mobilizarão em peso a rede Globosat: o SporTV, que hoje conta com três canais, deve somar 13 canais extras para dar conta da cobertura, além de 24 canais extras na internet, totalizando 40 canais online voltados ao megaevento. A expectativa é transmitir ao vivo 96% da programação dos jogos, que iniciam em agosto no Rio de Janeiro. O Universal Channel traz a série Unidade Básica, ambientada numa favela paulistana. Além de tratar de diagnósticos – receita de sucesso de séries médicas americanas –, a estreia mostra também a realidade do sistema de saúde brasileiro, centrada no embate entre um médico experiente e uma novata que precisa lidar com o choque entre a faculdade de Medicina e a realidade de uma unidade básica.
Unidade Básica
Turner International Wabbit / A Lei / The Last Ship Focada em transformar o Boomerang no segundo maior canal internacional de TV por assinatura para crianças, a Turner International traz Wabbit, uma nova produção da Looney Tunes, impulsionando o crescimento do canal que atingiu 300% em 2015 no Brasil. Prevista para estrear em 2017, A Lei é a segunda grande produção brasileira do canal SPACE. O drama baseado em fatos reais conta a história de Silas Campello, um apresentador de TV carismático e inescrupuloso que guarda um terrível segredo. Já a TNT traz a terceira temporada de The Last Ship para o Brasil, com a tripulação de um navio de guerra que tenta achar a cura para uma epidemia responsável por dizimar a população mundial.
A Lei
BRASIL_0616__Layout 1 6/13/16 10:59 AM Page 1
BRASIL_0616_FEATURE_DOC_0407_NIGHT 6/13/16 11:50 AM Page 2
8
TV BRASIL
Em A Garota da Moto, estreia da Fox, uma motociclista decide se arriscar como motogirl nas ruas de São Paulo.
BRASIL_0616_FEATURE_DOC_0407_NIGHT 6/13/16 11:56 AM Page 3
TV BRASIL
A VISÃO DOS
LÍDERES Parte das estratégias da indústria da TV paga no Brasil é fortalecer equipes e encontrar as oportunidades. Por Camila Viegas-Lee iderança, persuasão, capacidade de assumir riscos e energia para trabalhar muito por longos períodos são algumas das características comuns a presidentes e diretores-executivos de empresas multinacionais. No caso das empresas de televisão por assinatura, calma e autoconhecimento devem ser acrescentados à lista. A tarefa de promover crescimento internacional com produtos culturais e de entretenimento requer uma ampla compreensão do negócio e, ao mesmo tempo, bons insights sobre o comportamento humano. A World Screen entrevistou diretores executivos das maiores TVs por assinatura internacionais presentes no Brasil para essa edição especial da revista TV Brasil distribuída durante a Feira e Congresso ABTA 2016, sobre as principais estratégias de suas empresas para garantir um bom desempenho faça chuva ou faça sol. Gerhard Zeiler, presidente da Turner International, que apresentou um aumento de receita de dois dígitos percentuais e um enorme salto no lucro operacional em 2015, diz que o sucesso da empresa é sustentado por quatro pilares: estratégia, eficiência, alinhamento e retenção de talento. A estratégia global de oferecer duas marcas infantis, a Cartoon Network e a Boomerang, por exemplo, possibilita a exposição de um maior número de programas de entretenimento. A redução da burocracia, a cooperação entre os diversos setores da empresa e o empoderamento dos funcionários também contam. “Ainda estou fascinado pelo Brasil, nosso mercado em crescimento mais importante”, diz Zeiler. “Sem dúvida [o país] está passando por dificuldades políticas e macroeconômicas, mas isso faz parte do negócio na América Latina. Você ainda sente um otimismo incrível das pessoas, então ainda acredito muito no Brasil.” A TNT, um dos canais da Turner, lançou um concurso inédito de roteiros para curtas-metragens em parceria com a Casa Redonda que elegerá seis projetos em setembro. Os curtas vencedores serão produzidos pela Movie&Arte e exibidos em horário nobre na grade do canal. Rogério Gallo, vice-presidente dos canais de entretenimento da Turner do Brasil, diz que o objetivo do Festival de Curtas TNT é reconhecer, potencializar e premiar o talento de jovens cineastas brasileiros que trazem a pluralidade e a diversidade de temas relevantes do cotidiano. “Escolhemos a TNT para esta iniciativa, pois queremos destacar ainda mais o canal como centro de grandes produções e premiações de Hollywood, e
L
que agora também será a casa de cineastas talentosos, dispostos a produzir conteúdos inovadores de qualidade.” Os roteiristas e os diretores vencedores firmarão contrato de cessão de direitos e prestação de serviços da obra audiovisual no valor de R$ 5 mil e R$ 10 mil com a produtora Movie&Art. O contrato inclui participação na obra audiovisual produzida com direito ao percentual de 25% da Receita Líquida do Produtor. Mas o grande prêmio, obviamente, é a produção dos curtas-metragens vencedores e a sua exibição na TNT. “Meu trabalho na Turner está voltado a criar uma ótima experiência para nossa audiência, seja com novas estreias globais, menores intervalos comerciais ou produções nacionais de alta qualidade”, diz Gallo. “E todo este esforço tem sido recompensado com ótimos índices de audiências que já tivemos neste ano.” Ele cita a estreia do novo seriado DC’s Legends of Tomorrow na Warner Channel, que levou o canal ao primeiro lugar de audiência na categoria de Filmes e Séries em fevereiro, e o Oscar® 2016 na TNT, cuja transmissão ao vivo e na íntegra teve um aumento de 98% em sua audiência comparado a 2015.
TRANSMISSÃO SIMULTÂNEA Estreias globais e a transmissão de megaeventos também fazem parte da estratégia do FOX Network Group. Peter Rice, presidente e diretor executivo do grupo, tem apostado em lançamentos simultâneos em cinema, DVD e vídeo sob demanda ao redor do mundo. “A vantagem [desse tipo de lançamento] é que, como a comunicação hoje em dia é instantânea, você pode aumentar as expectativas em relação à chegada de um programa e atendê-las simultaneamente em todos os lugares”, diz Rice. “Os nossos parceiros na distribuição de programação de vídeo multicanal também ficam muito empolgados com a nossa capacidade de lançar um programa em escala global desta maneira. Além de ser uma ótima proteção contra a pirataria.” Sobre o sucesso do portfólio de canais de esporte da Fox, Rice diz que é preciso ter uma relação excelente com ligas e times para poder comprar os direitos de transmissão de eventos importantes como o Brasileirão e os Jogos Olímpicos do Rio. “Além disso, adoramos inventar coisas novas em produção esportiva e acho que as pessoas sentem isso quando assistem a uma produção da FOX Sports”, diz. “E, nos lugares do mundo onde a TV paga tem menos penetração, há uma oportunidade excelente de trazer a qualidade e a inovação da Fox às transmissões internacionais.”
9
BRASIL_0616_FEATURE_ALT_DOC_0407_NIGHT 6/13/16 1:50 PM Page 4
10 TV BRASIL
Uma das estratégias mais recentes do grupo nos Estados Unidos é a criação de pacotes magros para manter os clientes que estão consumindo entretenimento cada vez mais em celulares, tablets, computadores portáteis e consoles de videogames. “Estamos caminhando tranquilamente em direção ao que chamamos de um pacote essencial”, diz. “Estamos muito bem posicionados nessa área por meio da FOX Broadcasting Company, FOX Sports, National Geographic, FX e FOX News, marcas que têm bastante significado para os consumidores.”
PACOTES SOB MEDIDA
A série Mr. Robot, no SPACE, conta a história de um jovem que leva uma vida dupla: é especialista de segurança durante o dia e atua como um justiceiro virtual à noite.
Analistas estimam que os consumidores de 2 a 3 milhões de domicílios nos EUA com TV por assinatura – cerca de 2% a 3% do total – reduziram o número de canais que recebem ou cancelaram o serviço completamente desde 2012. E novos pacotes estão surgindo. A Dish Network, por exemplo, lançou este ano o Sling TV, um serviço de streaming para quem nunca teve cabo. O pacote “Best of Live TV” inclui Disney Channel, ESPN, ESPN2, Food Network, Cartoon Network e CNN por R$ 70 ao mês. HBO pode ser adicionado por R$ 50 ao mês e há outras combinações. “Eu me divirto com o debate nos EUA, hoje em dia, sobre o conceito de pacotes magros”, diz Alberto Pecegueiro, diretor-executivo da Globosat. “É algo que começou no Brasil já na década de 90. É interessante que o mercado mais desenvolvido do mundo só chegou a essa conclusão agora.” Pecegueiro pondera que as particularidades da economia brasileira sempre tornaram o crescimento da indústria no país mais difícil. E, portanto, distribuidores brasileiros sempre estiveram mais abertos à ideia de oferecer pacotes mais baratos. “Acho que foi por nossa causa que as camadas superiores foram desenvolvidas [no resto da América Latina]. A oferta à la carte brasileira é muito mais diversificada que a argentina, mexicana, colombiana ou venezuelana porque começamos a lançar pacotes de futebol em 1998”, explica. “Depois passamos a pacotes especiais para filmes, lutas de boxe, conteúdo adulto e ofertas interativas.”
A economia brasileira, para ele, está afetando todo mundo, mas há uma grande surpresa: a TV por assinatura foi o único meio de comunicação a aumentar sua quota de mercado de publicidade em 2014 e 2015. “De todos os outros meios – não estou me referindo a Google ou Facebook, porque eles não divulgam seus números, mas revistas, jornais, rádios ou cartazes de rua –, o único a ver crescimento foi a TV por assinatura.” Uma das maneiras de abordar a questão é produzir o próprio conteúdo, garantindo que esteja presente onde e quando a audiência queira. “Somos donos de nossa própria biblioteca e por isso podemos oferecer a melhor experiência ao usuário em nível de conteúdo e marca em múltiplas telas”, diz César Sabroso, VP sênior de mercados da A+E Networks Latin America. “Isso se aplica não apenas à produção original na América Latina, mas a todo nosso conteúdo.”
CONTEÚDO PRÓPRIO Gigantes do Brasil, por exemplo, é a maior produção do HISTORY no Brasil e a primeira nacional com dramaturgia. A minissérie resgata a trajetória de quatro empreendedores que transformaram o Brasil rural em potência industrial a partir do século 19. “Hoje, que o Brasil está experimentando circunstâncias únicas em sua trajetória, lançamos esta produção para lembrar que não há crise que o espírito valente, inteligente, ousado e audacioso dos brasileiros não possa vencer”, diz Sabroso. “A história se repete e, assim como [Giuseppi] Martinelli ou [Francesco] Matarazzo, o brasileiro tem a oportunidade e a obrigação de construir algo melhor para si e para o Brasil. Trata-se de uma história inspiradora, ambiciosa e motivadora em mais de um nível. Isso é o mais importante que um meio de comunicação pode fazer.” Em janeiro, a Viacom International Media Networks (VIMN) também abriu um estúdio próprio e, no fim do ano, deve filmar a primeira produção para audiências globais do Nickelodeon. Além disso, Robert Bakish, presidente e diretor executivo da empresa detentora das marcas MTV, Nickelodeon, Comedy Central e Paramount Channel, diz que está desenvolvendo e transmitindo sete programas originados no exterior para audiências globais do Nickelodeon. “A produção do Nickelodeon é incrível, mas, para mim, é ainda mais animador o fato de que a VIMN está produzindo cada vez mais conteúdo internacionalmente”, conta. Bakish diz que apesar da economia brasileira estar “um pouco mais abalada no momento e haver alguns problemas políticos” a rede obteve um bom desempenho no Brasil. “O que provavelmente é mais contraintuitivo é que os países considerados mais maduros estão crescendo muito bem. No ano passado, tivemos o melhor ano da nossa história no Reino Unido. Na Itália, estamos ótimos. Na Espanha, estamos vendo um ótimo crescimento”, diz. “Isso nos diz que é possível proporcionar crescimento numa variedade ampla de situações econômicas desde que se tenha um ótimo conteúdo, que se ajuste à estratégia de distribuição e que se concentre na execução. Para mim, crescimento não tem a ver com os países do BRIC, [tem a ver com] fortalecer equipes para encontrar oportunidades em todo o mundo, e essa foi a nossa experiência em 2015.”
BRASIL_0616_ZEILER_ALT_DOC_0407_NIGHT 6/13/16 12:07 PM Page 1
TV BRASIL 11
Os canais Cartoon Network e CNN, da Turner International, estão entre os mais distribuídos no mundo. Eles têm como alvo principal telespectadores mirins e viciados em notícias. O presidente da Turner International, Gerhard Zeiler, explica como essas marcas, ao lado de dezenas de outras, têm mantido suas audiências lineares ao mesmo tempo em que aumentam fortemente suas ofertas digitais. TV BRASIL: Comparado ao tempo em que assistir à televisão era uma atividade passiva, como os telespectadores se relacionam com o conteúdo hoje em dia? ZEILER: Marcas fortes com identidade clara nos ajudam a criar conexões com o público. Os telespectadores sabem quem somos e esperam conteúdo inovador, fácil de usar, em qualquer tela. Se continuarmos a combinar conteúdo de qualidade com novas tecnologias e desenvolvermos ofertas acompanhando mudanças de hábito, estaremos bem posicionados para continuar oferecendo experiências únicas. Lançamos aplicativos de TV Everywhere na América Latina e o sucesso digital da CNN é excepcional. TV BRASIL: A Turner International apresentou um aumento de receitas e um crescimento do lucro operacional em 2015. O que tem influenciado esse desempenho? ZEILER: Tivemos um bom 2015, com aumento de receita da ordem de dois dígitos percentuais e um enorme salto no lucro operacional em moeda constante. A boa notícia é que isso não ocorreu apenas na América Latina; vimos crescimento muito forte também na Ásia e em toda a Europa. Nosso sucesso é sustentado por quatro pilares. Primeiro, estratégia. Ter duas marcas infantis [Cartoon Network e Boomerang] já tem mostrado resultados. Temos investido num maior número de programas de entretenimento. Estamos colocando maior foco em novos mercados, licenciamento e merchandising, produção digital e de conteúdo. Segundo, eficiência. Reduzimos a burocracia e simplificamos a organização. Terceiro, alinhamento. A cooperação tem aumentado nas várias vertentes da empresa. E nosso pessoal. Junto a meus colegas presidentes, tento fazer com que todos se sintam fortalecidos. Todos têm responsabilidade e todos contam. TV BRASIL: Como você tem expandido os negócios? ZEILER: Produtos de consumo, licenciamento e merchandising sempre foram bons para a Turner, mas dependiam de uma marca, uma franquia. Hoje, temos Hora da Aventura, que é sucesso em todo o mundo. Temos O Incrível Mundo de Gumball. Estamos trazendo de volta As Meninas Superpoderosas, ressuscitando Ben 10 e temos Ursos Sem Curso. Só essas cinco franquias são ativos enormes e queremos, pelo menos, triplicar as receitas de produtos de consumo nos próximos três anos. Mas essa é apenas parte [da expansão]. A segunda é entretenimento baseado em localização. Temos um parque aquático do Cartoon Network na Tailândia. O Cartoon Network também vai desempenhar grande papel num parque temático em Dubai. Temos projetos na Malásia, China e Sudeste Asiático. E o jogo tem ganhado força. Em 2015, na Ásia, lançamos 69 jogos digitais, e 40 na América Latina. TV BRASIL: Você não está apenas aumentando o seu portfólio organicamente, mas também está lançando marcas novas. ZEILER: Sim. Lançamos 21 canais infantis, esportivos, de entretenimento e notícias ano passado. Foram introduzidas cinco marcas novas para mercados diferentes: Adult Swim, WB-TV, truTV, Oh!K e World Heritage Channel. Em termos gerais, [expandimos] em três categorias. Primeiro, internacionalmente. Cartoon Network e CNN estão em quase todos os países, então nos concentramos no
GERHARD ZEILER TURNER INTERNATIONAL Boomerang, relançado na América Latina, onde já está batendo o Nickelodeon em vários mercados. As séries da TNT viraram panregionais na América Latina. Segundo, temos investido em marcas locais. Por exemplo, lançamos Toonami na Índia e na Tailândia, Oh!K na Malásia e Indonésia e, em breve, o lançaremos em Hong Kong. Terceiro, entramos na arena de esportes com a aquisição da Esporte Interativo, canal especializado em futebol, e dos direitos da Liga dos Campeões para o Brasil. Enriquecemos a oferta não apenas com canais internacionais, mas também locais. TV BRASIL: Onde você vê crescimento no futuro? ZEILER: Vejo evolução real em todas as regiões. Ainda estou fascinado pelo Brasil, nosso mercado em crescimento mais importante. Sem dúvida [o país] está passando por dificuldades políticas e macroeconômicas, mas isso faz parte do negócio na América Latina. Você ainda sente um otimismo incrível das pessoas, então ainda acredito muito no Brasil e também na Argentina. [Também vejo crescimento na] Ásia, especialmente Índia e China. Estou animado com as possibilidades na África e no Vietnã, onde as pessoas adoram os EUA e produtos americanos. TV BRASIL: Um dos casos de maior sucesso em 2015 foi a estratégia das marcas Cartoon Network e Boomerang. Como foi o reposicionamento do Boomerang? ZEILER: Uma de nossas estratégias mais importantes é a promoção do Boomerang como segundo canal internacional de TV por assinatura para crianças. Em outubro de 2015, a marca foi reposicionada como um canal de animação para a família. Um bom exemplo está na América Latina, onde o Boomerang foi o canal infantil que cresceu mais rápido em 2015, com um crescimento de 83% na região, superando concorrentes bem estabelecidos em oito países.
Por Anna Carugati
BRASIL_0616_PECEGUEIRO_ALT_DOC_0407_NIGHT 6/13/16 12:01 PM Page 1
12 TV BRASIL
PECEGUEIRO: Não sei. Como se costuma dizer: não se conserta o que não está quebrado! A televisão por assinatura tem vivido uma história importante nos EUA, e agora os desafios da indústria estão forçando as operadoras de cabo e de satélite a pensar em novas ideias. As particularidades da economia brasileira, comparativamente, sempre tornaram o crescimento dessa indústria mais difícil. Portanto estávamos mais abertos à ideia de oferecer pacotes mais baratos. Acho que foi por nossa causa que as camadas superiores foram desenvolvidas [no resto da América Latina]. A oferta à la carte brasileira é muito mais diversificada que a argentina, mexicana, colombiana ou venezuelana porque começamos a lançar pacotes de futebol em 1998. Depois passamos a pacotes especiais para filmes, lutas de boxe, conteúdo adulto e ofertas interativas. TV BRASIL: A desaceleração da economia brasileira tem afetado a indústria de TV por assinatura? PECEGUEIRO: Sim, está afetando todo mundo, mas há uma grande surpresa. A TV por assinatura foi o único meio de comunicação a aumentar a sua quota de mercado de publicidade em 2014 e 2015. De todos os outros meios – não
ALBERTO PECEGUEIRO
GLOBOSAT Por Anna Carugati
Em 1991, quando foi lançada, a Globosat teve que comercializar seus canais num Brasil de altos níveis de desigualdade de renda. No início, a empresa de TV por assinatura desenhou uma estratégia orientada a consumidores de maior poder aquisitivo. Mais adiante, com o crescimento da economia brasileira e o aumento da classe média, a Globosat começou a variar sua oferta com pacotes mais básicos por preços menores para atrair esses novos consumidores. Em entrevista exclusiva a World Screen, o diretor-executivo da Globosat, Alberto Pecegueiro, diz que oferecer escolhas aos assinantes e inovar continua a ser fundamental para o sucesso da empresa.
TV BRASIL: A Globosat tem entrado em acordo com operadoras de cabo e de satélite para criar pacotes que permitam o acesso à TV por assinatura de pessoas fora das classes A e B. PECEGUEIRO: Desde cedo percebemos que deveríamos oferecer produtos diferentes para alvos diferentes. Então, junto com as operadoras, fomos capazes de desenvolver essa estratégia. Eu me divirto com o debate atual nos Estados Unidos sobre o conceito de pacotes magros. É algo que começou no Brasil já na década de 90. É interessante que o mercado mais desenvolvido do mundo só chegou a essa conclusão agora. TV BRASIL: Talvez porque o mercado mais desenvolvido do mundo seja o mais ganancioso!
estou me referindo a Google ou Facebook, porque eles não divulgam seus números, mas revistas, jornais, rádios ou cartazes de rua –, o único a ver crescimento foi a TV por assinatura, o que é uma grande realização.
TV BRASIL: Isso se deve à força da oferta de programação? PECEGUEIRO: Acho que é uma combinação da programação, do crescimento acumulado na base de assinantes vistos nos últimos anos e o ganho de quota de audiência da TV por assinatura. Uma vez que os assinantes recebem televisão por assinatura em casa, levam algum tempo para mudar seus hábitos de assistir exclusivamente a redes de transmissão aberta, se acostumar com a oferta de outros canais e identificar o tipo de conteúdo que realmente gosta. Por isso, apesar do número de assinantes [permanecer igual], ainda estamos vendo um crescimento muito sólido na quota agregada dos canais a cabo. E os anunciantes reconheceram isso. TV BRASIL: Os Jogos Olímpicos estão chegando ao Rio de Janeiro. Que tipo de cobertura seus canais vão oferecer? PECEGUEIRO: Brasileiro está sempre dizendo que tem o melhor e o maior do mundo! Acompanhei o que a BBC fez com os Jogos Olímpicos de Londres em 2012 e posso dizer que faremos algo, no mínimo, semelhante. No cabo e em Direct to Home (DTH, digital via satélite) vamos disponibi-
BRASIL_0616_PECEGUEIRO_ALT_DOC_0407_NIGHT 6/13/16 11:54 AM Page 2
TV BRASIL 13
lizar 16 canais em HD 24 horas por dia, sete vezes por semana. A SporTV, que atualmente tem três canais, vai adicionar 13. A maioria das operadoras já concordou em nos dar espaço extra para acomodar esses 13 canais. Além disso, o nosso produto de TV Everywhere terá mais 24 canais. Dessa maneira, através da internet, os nossos assinantes terão a opção de escolher entre 40 canais quando e onde quiserem assistir. De acordo com os nossos cálculos, vamos transmitir ao vivo 96% de tudo o que vai acontecer durante os Jogos Olímpicos no Brasil, mesmo esportes de muito nicho. TV BRASIL: Por falar em TV Everywhere, como é que a Globosat oferece programação em diferentes telas e dispositivos, e quanta demanda existe para esse tipo de conteúdo entre seus assinantes? PECEGUEIRO: A demanda é enorme. Desde 2012, estamos desenvolvendo o nosso conteúdo cada vez mais para consumo sob demanda. Isso acontece de maneiras diferentes: através de menus interativos das operadoras ou através das versões on-line dos nossos canais, incluindo sob demanda e streaming. Fiquei um pouco surpreso quando participei da NCTA nos EUA em 2013. Na época, ouvi a maioria das operadoras de cabo reclamar que queria dar várias opções de visualização a seus assinantes, mas estava enfrentando uma enorme resistência por parte dos canais em relação a questões de direitos de autor. A maneira pela qual adquiriam direitos não complementava a oferta online ou as programadoras tinham medo de que sob demanda e streaming tirariam o público de seus canais lineares. No Brasil, a situação era a oposta. Já estávamos oferecendo um monte de conteúdo de muitas maneiras diferentes e eram as operadoras que não estavam prontas naquele momento. Ou elas não estavam prontas para autenticar nossos streams ou não tinham opções interativas para seus assinantes. Foi um conflito interessante, mas finalmente foi resolvido e agora temos uma oferta muito forte. Todos os nossos canais estão disponíveis para streaming no modo autenticado pelos assinantes através da maioria das operadoras. Temos o nosso produto Globosat Play disponível através da internet para o consumo móvel e para o computador. E agora estamos discutindo passar alguns de nossos produtos primeiro na internet e depois nos nossos canais lineares. Temos sido muito ativos e vamos continuar sendo enquanto pudermos. TV BRASIL: Que impacto a Netflix está tendo no mercado de TV por assinatura? Certamente na Europa a Netflix é considerada um vilão perigoso! Essa é a imagem que ela tem no Brasil? PECEGUEIRO: Ainda não deu para sentir o impacto da Netflix no Brasil. Assim como em outros países, ela está conseguindo uma boa taxa de crescimento, mas até agora não parece ser um substituto para a televisão por assinatura. Ela é considerada mais um produto complementar. Se você quer assistir à TV por assinatura, você pode pagar R$ 18 por
mês, que é o preço da Netflix no Brasil, ou R$ 60 por mês, que é o preço do pacote básico, ou R$ 100 por mês, que é o preço do pacote expandido. Há diferentes preços para produtos de televisão no Brasil e, no nível em que a Netflix opera, a TV paga não foi prejudicada. Percebemos que as pessoas se inscrevem, consomem uma grande quantidade de conteúdo no primeiro mês, e se por um lado as crianças assistem ao mesmo conteúdo repetidas vezes, os adultos acabam o deixando de lado. Eles não se preocupam em cancelar porque é muito barato e é debitado diretamente de seus cartões de crédito. Eles assistem de vez em quando e quando sai um novo produto original, eles assistem até o fim. Neste momento, não é algo que vemos como uma ameaça para a TV paga. TV BRASIL: Em que áreas você vê crescimento para a Globosat nos próximos dois anos? PECEGUEIRO: Estamos com uma série de projetos em desenvolvimento. Temos novos canais sendo criados porque as operadoras não têm mais escassez de capacidade. Novos satélites estão sendo lançados para o Brasil. As operadoras de cabo estão ampliando sua capacidade, então tivemos um par de ideias divertidas para novos canais. Somos a primeira empresa a ter um caminhão de produção 4K no Brasil, então vamos aumentar a produção de conteúdo 4K. Assim que as operadoras avisarem que estão prontas para lançar um canal 4K vamos ter um [canal] pronto esperando. Estamos investindo forte em nossa oferta sob demanda, incluindo um produto que será oferecido sob demanda pela primeira vez. Estamos também em fase avançada para lançar tecnologia de anúncios programáticos para o ambiente de cabo. Também estamos operando na frente internacional. Estamos muito felizes com a joint venture que formamos com a Caracol para lançar um canal latino-americano nos EUA.
Ayrton - Retratos e Memórias, do Canal Brasil, conta a trajetória do mito do automobilismo.
BRASIL_0616_DUBUC_DOC_0407_NIGHT 6/13/16 12:01 PM Page 1
14 TV BRASIL
TV BRASIL: A audiência de todos os canais a cabo nos EUA está diminuindo. Ao que você atribui essa queda, e o que fazer para atrair telespectadores e permanecer relevante? DUBUC: Muita tecnologia incrível tem surgido – o que resultou em mudanças dramáticas para a TV linear, não apenas a cabo. A introdução de serviços OTT e o aumento do uso de DVRs, vídeo sob demanda e dispositivos móveis têm impactado a visualização ao vivo. Precisamos olhar de uma nova maneira. A medição precisa e a monetização são algumas das questões mais importantes que a nossa indústria está lidando no momento. TV BRASIL: O ambiente da televisão tradicional está servindo mal a geração Y? Se esse é o caso, que oportunidades existem e como a A+E Networks pode tirar proveito delas? DUBUC: Em média, a geração Y está consumindo cerca de 18 horas de conteúdo de TV tradicional por semana. Isso me diz que há um forte apetite por excelente conteúdo de vídeo. Uma das principais diferenças entre esses consumidores é como e quando consomem conteúdo, seja de streaming, de deslocação temporal ou em dispositivos móveis.
NANCY DUBUC A+E NETWORKS Por Anna Carugati
A A+E Networks cresceu de dois canais lançados em 1984 a um grupo de mídia global adaptando-se às constantes mudanças da indústria da televisão e aos hábitos de consumo da audiência internacional. Com marcas que incluem a A&E, HISTORY e Lifetime no Brasil, além de LMN, FYI e a recém-lançada VICELAND nos EUA, a rede atinge 335 milhões de domicílios em 200 territórios por várias plataformas. Nancy Dubuc, presidente e diretora-executiva da A+E Networks, trabalha na empresa há 15 anos. Antes de assumir a presidência, em 2013, Dubuc supervisionou a criação da programação de realities do A&E, a revitalização do HISTORY e a mudança de marca do Lifetime. Hoje, o A&E e o HISTORY estão entre as marcas de entretenimento mais reconhecidas da TV por assinatura no mundo. O A&E produz séries nacionais como Desaparecidos e realities americanos como Quem Dá Mais. O HISTORY acaba de estrear a produção nacional Gigantes do Brasil, além de outras como O Último Reino. O Lifetime, marca líder entre a audiência feminina, apostou recentemente numa nova abordagem com UnREAL, uma ficção sobre os bastidores de um reality de namoro. A aposta valeu a pena – recebeu elogios da crítica e retorna para a segunda temporada, prevista para chegar no Brasil no segundo semestre. Há muito tempo, a A+E Networks adotou a estratégia de possuir a maior parte de sua programação. O A+E Studios, criado em 2013, tem sido fundamental para apoiar essa estratégia com séries roteirizadas. Entre os destaques de produção do estúdio este ano está Roots (Raízes), um remake da minissérie de 1977 sobre um escravo levado da África aos EUA. Roots estreou na A&E, HISTORY e Lifetime nos EUA em maio. No Brasil, Raízes deve estrear no segundo semestre. Em entrevista à World Screen, Dubuc conta o que canais de TV por assinatura devem fazer para permanecerem relevantes, como alimentar a demanda da geração Y e a demanda pelos canais da A+E em diferentes regiões do mundo.
TV BRASIL: Qual é a demanda das marcas da A+E Networks internacionalmente? Que regiões geográficas estão mostrando o maior potencial de crescimento? DUBUC: Se incluirmos os EUA, temos 84 canais diferentes em mais de 200 países, atingindo mais de 330 milhões de assinantes em 29 idiomas. Nosso portfólio internacional é composto por seis canais. Nosso objetivo é ter um portfólio de três a seis canais em todos os mercados. Há uma série de mercados emergentes para crescer, incluindo a Índia, a África e a China. Há desafios nesses territórios, mas com as economias crescendo e o surgimento de novas plataformas, vemos oportunidade. TV BRASIL: Qual é a missão da Lifetime hoje e como a sua programação responde a essa missão? DUBUC: A marca Lifetime sempre foi sinônimo de empoderamento de mulheres. Em toda a indústria, apenas 7% dos filmes foram dirigidos por mulheres [em 2014], enquanto na Lifetime, quase 30% de nossos filmes foram dirigidos por mulheres. A contratação de mulheres faz sentido para os negócios – os cinco filmes originais da Lifetime que mais fizeram sucesso em 2015 foram dirigidos por mulheres. TV BRASIL: Séries roteirizadas estão muito populares hoje. Que oportunidades há nesse contexto para shows sem roteiro? DUBUC: Agora estamos vendo documentários tradicionais voltando com força. A programação sem roteiro tem sido a base de nossas redes. Acho que há muita oportunidade no espaço factual; entretanto, temos que desenvolver ideias novas e originais. Temos séries instigantes e inovadoras em desenvolvimento, e estou animada para ver como os nossos telespectadores vão reagir. TV BRASIL: Até onde você está lançando a rede para buscar ideias novas e vozes novas para o próximo reality show? DUBUC: Obtivemos muito sucesso com realities que são diferentes de qualquer outro programa de televisão, como Alone, no HISTORY e a nova série da A&E Fit to Fat to Fit. Mas também estamos trabalhando com experientes produtores, como Jon Murray. Jon nos trouxe uma série inovadora chamada Minha Vida com Síndrome de Down, que acompanha um grupo de jovens adultos com síndrome de Down. É uma série incrível que dá voz a esses indivíduos extraordinários e a seus pais.
LAT_0516_LAT_SCREEN_Layout 1 6/13/16 1:08 PM Page 1
CIENTOS DE SCREENING ROOMS MILES DE VIDEO CLIPS EL ÚNICO DESTINO
TVLATINAScreenings.TV El portal de video en español para la industria del entretenimiento.
BRASIL_0616__Layout 1 6/13/16 10:57 AM Page 1